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Capacidades de idosos

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Artigo Original
Capacidade de idosos da comunidade para desenvolver
Atividades de Vida Diária e Atividades Instrumentais
de Vida Diária
Elder's community capacity to develop Daily Life Activities and Daily Instrumental
Life Activities
Capacidad de los ancianos de una da comunidad en desenvlover Actividades de Vida Diaria y
Actividades Instrumentales de Vida Diaria
Efraim Carlos Costa1, Adélia Yaeko Kyosen Nakatani2, Maria
Márcia Bachion2
RESUMO
Objetivos: Identificar algumas características sociais e demográficas de idosos de uma comunidade em Goiânia (GO); avaliar a capacidade
dos mesmos para as atividades de vida diária (AVD) e atividades instrumentais de vida (AIVD). Métodos: Estudo transversal, envolvendo
95 idosos da comunidade de uma área de abragência do Programa Saúde da Família, em Goiânia. Foram realizadas: entrevista e avaliação
de AVD e AIVD. Resultados: Participaram 95 idosos, com predomínio da faixa etária de 60 a 69 anos (60%), sexo feminino (60%), estado
civil casado (49,5%), religião católica (54,7%) renda menor ou igual a 1 salário mínimo (45,3%) e moradia própria (89,5%). Foram
identificados independência máxima nas AVD (57,9%) e comprometimento nas AIVD (72,6%). Conclusão: Os participantes apresentaram,
predominantemente, independência para as atividades no domicílio e dependência para as atividades fora dele.
Descritores: Saúde do idoso; Cuidados primários de saúde; Enfermagem geriátrica; Programa saúde da família
ABSTRACT
Objectives: To identify social and demographic characteristics of elderly people and to measure their capability to perform activities of daily
living (ADLs) and instrumental activities of dalily living (IADLs). Methods: This was transversal study, involving 95 elders from the Family
Health's Program at Goiânia, Brazil. Data were colleted thought interviews and evaluations of the elderly capability to perform ADLs and
IADLs. Results: Participants had an age between 60 and 69 years old (60,0%), were women (60,0%), married (49,5%), Catholic (54,7%),
home owners and had income bleow or equal to a basic minimum wage (89,5%). Participants had maximal independence in the ADLS
(57.9%) and IADLs (72.6%). Conclusion: Most of the participants were cpable to perform indendently ADLs and IADLs.
Keywords: Aging Health; Primary Health Care; Geriatric nursing; Family Health Program.
RESUMEN
Objetivos: Identificar algunas características sociales y demográficas de ancianos de una comunidad, en Goiânia (GO); evaluar la capacidad
de los mismos para actividades de la vida diaria (AVD) y actividades instrumentales de vida (AIVD). Métodos: Estudio transversal que
involucró a 95 ancianos de la comunidad de uan área de competencia del Programa Salud de la Familia, en Gioânia. Fueron realizadas:
entrevista y evaluación de AVD y AIVD. Resultados: Participaron 95 ancianos, con predominio del grupo etáreo de 60 a 69 años (60%),
sexo femenino (60%), estod civil casado (49,5%), religión católica (54,7%) ingreso menor o igual a 1 salario mínimo (45,3%) y morada
propia (89,5%). Fueron identificados independencia máxima en las AVD (57,9%) y compromiso en las AIVD (72,6%). Conclusión: Los
participantes presentaron, predominantemente, independencia para las actividades en el domicilio y dependencia para las actividades fuera
de él.
Descriptores: Salud del anciano; Atención primaria de salud; Enfermería geriátrica; Programa salud de la familia.
Autor Correspondente: Adélia Yaeko Kyosen Nakatani
R. Platina, 135 Qda. 87 Lote 02 - Jardim Guanabara - GO
CEP. 74675-670 E-mail: adelia@fen.ufg.br
Artigo recebido em 18/03/2005 e aprovado em 31/01/2006
Acta Paul Enferm 2006;19(1):43-35.
1 Enfermeiro.
2 Doutora em Enfermagem. Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás - UFGO - Goiânia (GO), Brasil.
44 Costa EC, Nakatani AYK, Bachion MM.
Acta Paul Enferm 2006;19(1):43-8.
INTRODUÇÃO
Diante do envelhecimento populacional, a meta no
atendimento à saúde deixa de ser a de apenas prolongar
a vida, mas, principalmente, a de manter a capacidade
funcional do indivíduo, de forma que esse permaneça
autônomo e independente pelo maior tempo possível.
Para que isso ocorra, o sistema de saúde precisa garantir
o acesso universal aos cuidados progressivos de saúde e
as políticas públicas devem enfatizar a promoção de
saúde e a prevenção de doenças. Além disso, o idoso
deve ser avaliado de forma holística, com o objetivo
principal de manutenção da capacidade funcional(1).
Para mensurar a capacidade do idoso em relação à
autonomia e à independência, existe um conjunto de dados
clínicos, testes e escalas denominadas de Avaliação
Funcional. Uma avaliação funcional simples deve conter
avaliações: do equilíbrio e mobilidade, da função
cognitiva, da capacidade para executar a atividade de vida
diária (AVD) e as atividades Instrumentais de Vida Diária
(AIVD)(2).
As AVD são as tarefas que uma pessoa precisa realizar
para cuidar de si, tais como: tomar banho, vestir-se, ir ao
banheiro, andar, comer, passar da cama para a cadeira,
mover-se na cama e ter continências urinária e fecal. As
AIVD são as habilidades do idoso para administrar o
ambiente em que vive e inclui as seguintes ações: preparar
refeições, fazer tarefas domésticas, lavar roupas, manusear
dinheiro, usar o telefone, tomar medicações, fazer
compras e utilizar os meios de transporte(2).
Diversos estudos têm projetado um grande crescimento
da população idosa funcionalmente incapacitada, sendo
que o número de pessoas idosas dependentes nas AVD
dobrará na segunda ou terceira década deste século. Para
aumentar as chances de um envelhecimento saudável, as
políticas sociais e de saúde devem promover a habilidade
funcional e construir um sistema adequado de suporte social
para a população idosa(3).
O envelhecimento é um processo multifatorial e ocorre
de forma distinta, considerando as diferentes regiões
geográficas. Nesse contexto, as habilidades para realização
de AVD e AIVD podem apresentar-se de forma bastante
diversificada.
O atual sistema de saúde focaliza a expansão da Saúde
da Família. Para atender a população idosa é necessário
que a equipe de saúde da família conheça o perfil sócio-
econômico-demográfico, bem como a capacidade
funcional da população idosa da sua região, para que possa
planejar e implementar ações de promoção da saúde,
prevenção e tratamento de agravos e reabilitação. Em
Goiânia, informações nesse sentido são escassas e
dispersas, dificultando o planejamento de ações de maior
resolutividade coletiva.
Acreditamos que, o presente estudo poderá contribuir,
direcionando o atendimento à população, criando
subsídios para o ensino de gerontogeriatria e pesquisas
futuras, em prol de um envelhecimento saudável.
OBJETIVOS
- Caracterizar o perfil dos idosos atendidos por uma
equipe de PSF de Goiânia (GO) quanto a: sexo, idade,
estado civil, religião, escolaridade, renda e moradia;
- Avaliar a capacidade desses idosos para desenvolver
atividades de vida diária e atividades instrumentais de
vida diária.
MÉTODOS
Trata-se de pesquisa descritiva realizada no Distrito
Sanitário Leste do Município de Goiânia (GO), na sua
mais recente área de implantação de PSF, na região, que é
a equipe dois do Recanto das Minas Gerais.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa (COEP) da Universidade Federal de Goiás e
pelo Gestor da área de abrangência onde foi realizada a
pesquisa.
A população local de idosos totalizou 116 indivíduos
com idade igual ou superior a 60 anos, dos quais 95
(81,9%) foram incluídos na amostra. Todos foram
informados sobre a natureza do estudo e ao
concordarem em participar, assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, atendendo aos
aspectos éticos de pesquisa com seres humanos(4). O
número de idosos que não aceitaram participar foram
16, e 6 não foram encontrados nos respectivos domicílios.
A coleta de dados foi realizada no domicílio do idoso,
no ano de 2004. O protocolo incluiu itens de
identificação: sexo, idade, estado civil, religião,
escolaridade, renda e tipo de moradia.Além disso, foi
utilizada a escala de Barthel(2), para mensurar a capacidade
em desenvolver as Atividades de Vida Diária (AVD), e a
escala de Lawton(2), para mensurar a capacidade em
desenvolver as Atividades Instrumentais de Vida Diária
(AIVD).
Para análise dos resultados foram utilizados
procedimentos de estatística descritiva (freqüências simples
e percentuais).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A faixa etária predominante foi de 60 a 69 anos (60%),
seguindo a dos 70 a 79 anos (31,6%) e a dos 80 a 89 anos
(8,4%). Considerando as duas primeiras faixas etárias,
pode-se dizer que este perfil foi semelhante ao da
população brasileira, em que o grupo de 60-69 anos soma
56,3% e o de 70-79 anos totaliza 31,1%(5). Em relação à
faixa etária de 80-89 anos foi encontrado um percentual
45Capacidade de idosos da comunidade para desenvolver Atividades de Vida Diária e Atividades Instrumentais de Vida Diária
Acta Paul Enferm 2006;19(1):43-8.
menor que o existente, nos idosos, na população
brasileira, que representa 10,8%(1). Nessa área, não foram
identificados idosos, com mais de 90 anos, o que existe
na população brasileira, com uma freqüência de 1,8%(5).
O perfil desta área geográfica apresenta características de
uma ocupação recente.
Quanto ao sexo, 60% eram mulheres e 40% homens.
Estes achados foram spróximos ao perfil do território
nacional. De acordo com censo demográfico de 2000,
no país, 55,1% da população idosa foi do sexo feminino
e 44,9% do masculino(5).
Em relação ao estado civil predominaram os casados
(49,5%) e viúvos (34,7%). Os resultados do censo 2000
demonstraram que os idosos casados da população
brasileira totalizavam 51,8% e os viúvos 28,5%(5).
Referente à religião 54,7% eram católicos, 38,9%
evangélicos, 1,1% espíritas e 5,3% não pertenciam a
nenhuma religião. Percebeu-se menor percentual de
pessoas da religião católica em relação à população
brasileira, em geral, (77,8%) e maior número de
evangélicos (12,4%)(5).
Quanto à escolaridade, mais da metade dos idosos
pesquisados eram alfabetizados (53,7%) e possuíam o
ensino fundamental incompleto. Os idosos analfabetos
somavam 46,3%. O acesso à escola, para este grupo foi
menor que o da população brasileira, em geral, em que
os idosos alfabetizados representavam 64,8% e os
analfabetos 35,2%(5). A escolaridade dos idosos foi
bastante variada, tanto no Estado de Goiás como no
Brasil e no mundo(6-7). Considerando a população mundial
e a própria população brasileira, geralmente nas áreas mais
pobres e menos desenvolvidas, a escolaridade é menor.
O quadro se repete, considerando as micro-regiões dentro
do mesmo município. Mapear estas realidades auxilia no
planejamento de estratégias de educação de adultos e de
educação em saúde.
No grupo estudado foi identificado que 45,3% tinham
renda igual ou menor que um salário mínimo, 44,2% de
um a três salários e 10,5% acima de três salários. A renda
desses idosos era menor, em comparação a média
nacional, em que 27,4% recebiam até um salário mínimo,
14,4% de um até três salários e 58,2% mais que três
salários(5).
A maioria dos idosos possuía moradia própria (89,5%)
e o restante (10,5%) morava em casa alugada. Trata-se de
uma região caracterizada por movimentos de invasão,
com posterior regularização da situação, mediante
interferência dos órgãos públicos.
Com relação à capacidade para realizar as AVD, foi
identificado que 57,9% dos idosos eram independentes,
37,9% dependentes para a minoria das AVD e 4,2%
dependentes para a maioria destas atividades, perfazendo
42,1% os que apresentavam algum grau de dependência.
Estes dados foram semelhantes aos encontrados em
área geográfica próxima a esta região de Goiânia(6).
Entretanto, no sudeste do Brasil o percentual encontrado
de independência para AVD foi menor(8-10), talvez pela
maior longevidade dos idosos, daquela região.
O comprometimento na independência para realizar
as AVD antes dos 70 anos, no grupo de idosos
pesquisados, revela um envelhecimento mal sucedido,
provavelmente devido às condições sociais e econômicas
adversas, que influenciaram negativamente no estado de
saúde.
Mesmo no envelhecimento saudável, a partir dos 80
anos se espera algum grau de comprometimento
fisiológico na capacidade de realização das AVD. A
intensidade e a freqüência deste comprometimento são
muito variadas, dependendo das condições gerais de
saúde, ao longo da vida, e do modo de vida das pessoas
em cada contexto sócio-econômico-histórico-cultural.
No estudo realizado na cidade de São Paulo, apenas 15%
dos idosos com idade superior a 80 anos não
necessitavam de auxílio de outras pessoas, enquanto 28%
eram incapazes de desenvolver pelo menos cinco
atividades da vida diária(9).
Em relação à dependência, conforme mostra a Tabela
1, os idosos precisavam de ajuda, principalmente para
usar escadas (45%), banhar-se (15%), deambular (10%),
comer (7,5%), vestir-se (7,5%), passar da cama para a
cadeira (7,5%) e mover-se na cama (5%).
As atividades para as quais alguns idosos eram
totalmente dependentes incluíam: usar escadas (10%);
banhar-se (7,5%), vestir-se (7,5%), usar o vaso sanitário
(7,5%), passar da cama para cadeira (5,0%), deambular
(2,5%), comer (2,5%) e mover-se na cama (2,5%).
Ainda com relação à dependência para realizar as AVD,
pode ser observado nesta Tabela que 77,5% dos idosos
apresentaram algum tipo de incontinência para as micções
e 27,5% para as evacuações.
Essa ocorrência pode ser considerada alta em relação
aos dados disponíveis na literatura(11-12). Ao mesmo tempo,
é preocupante, uma vez que a falta de controle dos
esfíncteres pode levar ao isolamento social, alterações na
auto-estima e auto-imagem, podendo influenciar também
nas atividades instrumentais de vida diária.
A prevalência de dependência para a realização das
AVD (42,1%) foi semelhante a encontrada na região
próxima cuja ocorrência foi de 40,9% de idosos(6). No
Estado de São Paulo esse comprometimento foi maior(8,
10), provavelmente como já afirmamos anteriormente, pela
idade mais avançada dos idosos, daquelas cidades.
A mobilidade articular permite a realização de
atividades comuns da vida diária e, freqüentemente,
encontra-se diminuída nos idosos sedentários, levando à
diminuição de flexibilidade. Neste sentido, o
comprometimento das AVD, pode ser evitado ou
revertido se o idoso for orientado por um profissional
46 Costa EC, Nakatani AYK, Bachion MM.
Acta Paul Enferm 2006;19(1):43-8.
competente, e iniciar um programa de atividades físicas,
com objetivo de melhorar a mobilidade articular e força
muscular.
Com relação à capacidade de realizar as AIVD, foi
identificado que 27,4% eram independentes, 68,4%
apresentavam dependência parcial, sendo considerados
limítrofes e 4,2% apresentavam dependência total,
perfazendo 72,6% de idosos com dificuldades para
administrar o ambiente em que viviam e lidarem com a
vida social de forma autônoma. Esse grau de dependência
para as AIVD foi bem maior do que o identificado em
área geográfica próxima(6) na qual foi observado que
58,0% dos idosos eram dependentes em uma ou mais
atividades.
As três AIVD nas quais os idosos tinham mais
dependência, necessitando de ajuda, foram: manuseio de
dinheiro (73,9%), uso de meios de transporte (72,5%) e
trabalho doméstico (40,6%). As três atividades em que
os idosos tinham maior dependência total incluíam: lavar
qualquer peça de roupa (30,4%), realizar trabalho
doméstico (26,1%) e utilizar o telefone (20,3% ), conforme
pode ser observado na Tabela 2.
A dependência funcional pode levar à perda de
autonomia. Na medida em que um idoso demonstra
algum grau de dependência, para administrar seus recursos
financeiros ou adquirir alimentos e bens de consumo
básico, pode ter sua autonomia prejudicada. Às vezes,
torna-se necessário a ajuda de outras pessoas para gerir
seus bens financeiros, fazer suas compras e realizar os
afazeres domésticos(13).
A incapacidade na realização de uma dessas atividades
instrumentais de vida diária, além de prejudicar a vida
social do idoso, potencialmente implica em transtornos
paraele e sua família, a qual, dependendo da atividade,
terá que mobilizar maior tempo disponível, energia e
recursos financeiros para suprir as demandas existentes.
Algumas incapacidades se associam à falta de
escolaridade como: manusear dinheiro, tomar medicação,
usar o telefone, fazer compras e utilizar meios de
transporte, segundo relataram os idosos entrevistados. Tais
incapacidades comprometem sobremaneira a socialização
dos mesmos, diminuindo sua autonomia. É preciso tomar
providências em relação a esta situação, proporcionando
adaptações que favoreçam condições de acesso aos
conhecimentos e recursos, que poderão torná-los
autônomos e independentes.
Em qualquer contexto de atendimento a idosos, seja
no PSF ou em um hospital, é preciso que os profissionais
de saúde, e em especial da enfermagem, estejam atentos
para esta avaliação, na perspectiva de identificar problemas
dos idosos para a sistematização da assistência de
enfermagem(14).
CONCLUSÕES
O perfil do grupo de idosos da área pesquisada
revelou uma população predominantemente feminina,
casada, na faixa etária dos 60 a 69 anos, católica,
Dependência para realizar as Atividades de Vida Diária* N %
Precisa de ajuda para usar escadas
para mover-se na cama
para comer
para se vestir
para o banho
para deambular
para passar cama / cadeira
18
2
3
3
6
4
3
45,0
5,0
7,5
7,5
15,0
10,0
7,5
Totalmente ependente para o banho
para se vestir
para comer
para deambular
para usar escadas
para passar cama / cadeira
para mover-se na cama
para usar o vaso sanitário
3
3
1
1
4
2
1
3
7,5
7,5
2,5
2,5
10,0
5,0
2,5
7,5
Incontinência ocasional para micções
para evacuações
30
10
75,0
25,0
Incontinência para micções
para evacuações
1
1
2,5
2,5
*Dos 40 idosos dependentes para a realização das AVD, muitos são dependentes em mais de uma atividade
Tabela 1: Distribuição de 40 idosos segundo a dependência para realizar AVD de acordo com a escala de Barthel.
PSF. Equipe 2/ Recanto das Minas Gerais, Goiânia, 2004.
47Capacidade de idosos da comunidade para desenvolver Atividades de Vida Diária e Atividades Instrumentais de Vida Diária
Acta Paul Enferm 2006;19(1):43-8.
alfabetizada, com baixa renda mensal e residente em
moradia própria.
Foi observado que 57,9% dos idosos eram
independentes para as AVD. As áreas em que estas
atividades estão comprometidas, parcialmente, em ordem
decrescente de freqüência foram: controle dos esfíncteres
urinário e anal, usar escadas, banhar-se, deambular, comer,
vestir-se, passar da cama para cadeira e mover-se no leito.
As atividades em que foi identificada dependência total
incluem: usar escada, banhar-se, vestir-se, usar o vaso
sanitário, passar da cama para a cadeira, comer, deambular
e mover-se na cama.
Com relação ao desenvolvimento de atividades
instrumentais de vida diária a maioria (72,6%) era
dependente parcial ou totalmente, precisando de ajuda,
principalmente para: o manuseio de dinheiro, a utilização
de meios de transporte, realizar compras, realizar trabalho
doméstico e lavar roupa. Eram totalmente dependentes
para: lavar roupas, usar telefone, preparar refeições e
realizar compras.
Tendo em vista que a capacidade funcional do ser
humano declina com a idade, é necessário planejar
estratégias que melhorem o estilo de vida dos idosos dessa
região, principalmente em relação a programas que
proporcionem: promoção e melhoria da força muscular
e de articulação; promoção, tratamento e reabilitação da
capacidade funcional dos esfíncteres urinário e intestinal;
integração social dentro e fora do contexto familiar;
Dependência para realizar as AIVD N %
Preparar as refeições
incapaz de preparar as refeições 14 20,3
necessita de ajuda para preparar as refeições 7 10,1
Trabalho doméstico
capaz de realizar apenas trabalho doméstico leve 28 40,6
incapaz de realizar qualquer trabalho doméstico 18 26,1
Lavar roupa
capaz de lavar peças pequenas 24 34,8
incapaz de lavar qualquer peça 21 30,4
Tomar medicação
necessita de lembretes para tomar a medicação 20 30,0
incapaz de tomar medicação 9 13,0
Utilizar o telefone
necessita de ajuda ou de aparelho especial para discar 27 39,1
incapaz de usar o telefone 14 20,3
Manuseio de dinheiro
necessita de ajuda com cheques e pagamentos de contas 51 73,9
incapaz de lidar com dinheiro 10 14,5
Compras
necessita de supervisão para fazer compras 27 39,1
incapaz de realizar as compras, mesmo com supervisão 13 18,8
Uso de meios de transporte
necessita de ajuda quando viaja de ônibus, trens, metrôs e táxi 50 72,5
incapaz de utilizar qualquer meio de transporte 10 14,5
construção de um sistema adequado de suporte ao idoso;
educação permanente ao longo da vida e valorização do
processo de envelhecimento individual e populacional.
Tais ações possibilitariam minimizar a dependência nas
AVD e as AIVD, proporcionado assim, um
envelhecimento com autonomia e independência às
pessoas idosas.
Acreditamos que estudos dessa natureza sejam
necessários nas micro-regiões, em cada área de abrangência
de equipes de PSF, para que se possa obter um panorama
mais próximo das micro realidades de saúde da
população, objetivando assim, bases mais seguras e
concretas, para o atendimento integral à saúde.
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Tabela 2: Distribuição de 69 idosos segundo a dependência para realizar as Atividades Instrumentais de Vida Diária
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48 Costa EC, Nakatani AYK, Bachion MM.
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