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CUIDADOS DE ENFERMAGEM O QUE É A SÍFILIS É uma doença sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum. Pequenos cortes na pele ou mucosas permitem que a bactéria entre na corrente sanguínea. A sífilis é uma doença que costuma ser transmitida pela via sexual nos adultos e através da placenta nos fetos. As manifestações clínicas que a bactéria Treponema pallidum provoca nos adultos são bem diferentes daquelas que surgem nos fetos e nas crianças infectadas. . Como é transmitida a Sífilis congênita? A chance de transmissão do Treponema pallidum para o feto é maior se a grávida estiver nas fases de sífilis primária ou secundária. Estudos mostram que uma grávida com sífilis primária ou secundária, que não tenha sido tratada, apresenta os seguintes riscos: 25% de risco de morte fetal durante a gestação. 14% de risco de morte do recém-nascido. 41% de risco de dar à luz uma criança viva, mas com sífilis congênita. 20% de chance de dar à luz uma criança viva e não infectada. Por outro lado, grávidas com sífilis tardia, ou seja, com infecção não tratada adquirida há mais de dois anos, apresentam os seguintes riscos: 12% de risco de morte fetal durante a gestação. 9% de risco de morte do recém-nascido. 2% de risco de dar à luz uma criança viva, mas com sífilis congênita. 77% de chance de dar à luz uma criança viva e não infectada. A transmissão da bactéria pode ocorrer em qualquer fase da gestação, mas ela é mais comum a partir do 4º mês de gravidez. Quais são os sintomas da Sífilis congênita? Geralmente, há quatro estágios: primário, secundário, latente e terciário. Os primeiros sintomas são feridas indolores que podem estar nos órgãos sexuais e que desaparecem cerca de 4 a 6 semanas depois, mesmo sem tratamento. Nos bebês com sífilis congênita precoce, as primeiras manifestações clínicas geralmente aparecem até os três meses de idade, na maioria das vezes, nas primeiras cinco semanas. Mais de 60% dos bebês com sífilis congênita são assintomáticos ao nascimento. Os principais alterações da sífilis congênita precoce são: •Rinite. •Erupção cutânea – rash. •Febre. •Hepatomegalia (fígado aumentado de tamanho). •Icterícia (pele amarelada). •Anormalidades esqueléticas •Rinite. •Linfadenopatia generalizada (linfonodos palpáveis por todo o corpo). •Meningite. Alterações no fígado O aumento do tamanho do fígado ocorre em mais de 70% dos lactentes com sífilis congênita. A hepatomegalia costuma estar associada à icterícia. Nos exames laboratoriais é comum haver sinais de falência hepática, com elevação das transaminases, fosfatase alcalina e bilirrubinas https://www.mdsaude.com/gastroenterologia/ictericia-adulto/ O estágio secundário acontece com dores musculares, febre, dor de garganta e dificuldade para engolir. Esses sintomas podem sumir sem tratamento e a bactéria volta a ficar dormente. Também podem ser registrados vermelhidão na pele, ínguas, aumento de fígado e baço. O período latente pode durar anos, sem sintomas. Os pacientes podem ficar vários anos, inclusive décadas, na fase latente da sífilis. Cerca de 30 a 40% dos pacientes não tratados acabam desenvolvendo a sífilis terciária, que é a forma mais grave. Além de grande úlceras de pele que podem causar graves deformidades A fase terciária é devastadora, com comprometimento do sistema nervoso central, sistema cardiovascular, lesões extensas na pele e nos ossos. O que é sífilis congênita? É quando a mãe transmite a doença para o bebê durante a gravidez ou na hora do parto. Boa parte dos bebês infectados não têm sintomas, mas alguns podem apresentar rachaduras nas palmas das mãos e pés. Os problemas mais sérios aparecem mais tarde – surdez e dentição deformada são alguns. Como é o tratamento de Sífilis congênita? Tratamento da sífilis na grávida O tratamento da sífilis nas gestantes é o mesmo dos adultos: Sífilis primária, secundária ou latente precoce: Penicilina benzatina G, 2,4 milhões de unidades IM em dose única. Sífilis terciária, latente tardia ou de duração desconhecida: Penicilina benzatina G, 7,2 milhões de unidades no total, administradas como três doses semanais de 2,4 milhões de unidades IM. As manifestações mais típicas da sífilis congênita tardia incluem: •Alterações faciais: protuberância na região frontal (“fronte olímpica”), nariz em sela, maxilar curto (“face de buldogue” ) e mandíbula protuberante. •Olhos: ceratite intersticial, glaucoma secundário, cicatriz corneana e atrofia ótica. •Orelhas: a perda auditiva geralmente surge subitamente entre os 8 e os 10 anos de idade. As frequências mais altas são afetadas primeiro; tons de conversação normais são afetados mais tardiamente. •Orofaringe: dentes permanentes hipoplásticos, entalhados e amplamente espaçados (“dentes de Hutchinson”), mau desenvolvimento dos primeiros molares (“molares em amora”) e perfuração do palato duro. •Cutâneo: fissuras periorais, aglomerado de cicatrizes que irradiam em torno da boca e gomas na pele e mucosas. •Neurológico: deficiência intelectual, hidrocefalia, paralisia de nervos cranianos. •Esqueleto: tíbia em “lâmina de sabre”, aumento da porção esternoclavicular da clavícula (sinal de Higoumenakis) e artrite indolor dos joelhos (“articulações de Clutton”). Tratamento da sífilis congênita em bebês com menos de 1 mês de idade Sífilis congênita comprovada ou altamente provável •Penicilina cristalina G, administrada como 50.000 unidades/kg/dose IV a cada 12 horas durante os primeiros 7 dias, seguido de 50.000 UI a cada 8 horas entre o 7º e o 10º dia. •Penicilina procaína G 50.000 unidades/ kg/dose IM uma vez por dia, durante 10 dias. * O esquema em dose única só é aceitável se o bebê tiver sido submetido a uma avaliação rigorosa, com exames do líquido cefalorraquidiano, hemograma completo e radiografias de ossos longos, e os resultados tiverem sido completamente normais Sífilis congênita pouco provável •Penicilina benzatina G 50.000 unidades/kg/dose IM em dose única*. meses durante 6 meses. * Outra abordagem possível envolve não tratar a criança e manter acompanhamento serológico a cada 2 ou 3 sífilis congênita improvável Nenhum tratamento é necessário, mas as crianças com VDRL ou RPR reativos devem ser seguidas sorologicamente para garantir que o teste vai se tornar negativo com o passar do tempo. Prognóstico O tratamento adequado durante a gravidez cura a mãe e o feto em praticamente todos os casos. Porém, se o tratamento antibiótico só for instituído nas últimas 4 semanas de gravidez, é possível que o bebê ainda esteja contaminado no momento do nascimento. O tratamento ainda na gravidez não só impede a sífilis congênita nos bebês, como também reduz o risco de complicações obstétricas, como parto prematuro, abortos e fetos natimortos. A penicilina é eficaz em praticamente 100% dos casos de sífilis congênita. O objetivo é não só curar a infecção, mas também evitar que o bebê desenvolva complicações permanentes, motivo pelo qual a instituição precoce do antibiótico é importante. O tratamento da sífilis congênita precoce nos primeiros três meses de vida previne algumas, mas não todas as manifestações tardias da sífilis congênita. A ceratite intersticial e a curvatura anterior da tíbia (tíbia em “lâmina de sabre”) podem surgir mesmo nos bebês tratados adequadamente. Esses são apenas alguns exemplos! É de extrema importância ressaltar que a Sífilis Congênita também pode levar a abortos espontâneos e à morte fetal. Veja como os números são assustadores: •O aborto espontâneo, natimorto ou morte perinatal ocorre em aproximadamente 40% das crianças infectadas a partir de mães não tratadas. •Mais de 50% das crianças infectadas são assintomáticas ao nascimento, com surgimento dos primeiros sintomas, geralmente, nos primeiros 3 meses de vida. Por isso a importância de se realizar o teste durante a gestação!ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SÍFILIS NA GRAVIDEZ •Contato precoce da gestante para a realização em tempo hábil do pré- natal; •Atendimento de no mínimo, seis consultas, com atenção integral qualificada; •Realização do VDRL no primeiro trimestre da gestação, idealmente na primeira consulta, e de um segundo teste em torno da 28a semana com ações direcionadas para busca ativa a partir dos testes reagentes (recém-diagnosticadas ou em seguimento); •Tratamento e orientação personalizada a gestante e do(s) seu(s) parceiro(s), abordando os casos de forma clínico- epidemiológica; •Registro documentado dos resultados das sorologias e tratamento da sífilis na carteira da gestante; •Notificação dos casos de sífilis congênita.
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