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LE GOFF, Jacques A História Nova

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LE GOFF, Jacques. A História Nova. São Paulo, Martins Fontes, 1990. 
 “A afirmação da ciência, seja francamente novas, seja surgidas há varias décadas, mas que atravessam então o limiar da divulgação universitária: sociologia, demografia, antropologia. A renovação, seja em nível da problemática, seja em nível de ensino – ou dos dois – de ciências tradicionais, mutação essa que se manifesta em geral, pela adjunção do epíteto “novo” ou “moderno”.” (p. 25)
 “A interdisciplinaridade, que traduz no surgimento de ciências compósitas que unem duas ciências num substantivo e num epíteto: história sociológica, demografia histórica. Essa interdisciplinaridade chegou a dar nascimento a ciências que transgridem as fronteiras entre ciências humanas e da natureza ou biológicas: matemática social, psicofisiologia, sociobiologia.” (p 26).
 “Toda forma de história nova – ou que se faz passar por nova – e que se coloca sob bandeira de um etiqueta aparentemente parcial ou setorial, quer se trate da historia sociológica de Paul Veyne, que da historia psicanalítica de Alain Besançon, é a verdade, uma tentativa de historia total, hipótese global de explicação das sociedades grega e romana.” (p. 28).
 “A história nova nasceu em grande parte de uma revoltar contra a história positivista do século XIX, tal como havia sido definida por algumas obras metodológicas por volta de 1900.” (p. 28).
 “A história nova ampliou o campo do documento histórico, ela substituiu a historia de Langlois e Seignobos, fundada essencialmente em textos, no documento escrito, por uma história baseada numa multiciplidade de documentos: escritos de todos os tipos, documentos figurados, produtos de escavações arqueológicas, documentos orais, etc.” (p. 28).
 “A história nova já tem uma tradição própria, a dos fundadores da revista “Annales d’histoire économique et sociale”. Quando Lucien Febvre e Marc Bloch lançaram em Estrasburgo, em 1929, uma revista que retomava, modificado, um velho projeto de Lucien de um revista internacional de historia econômica que abortara, suas motivações eram de varias ordens.” (p 29).
 “Primeiro a luta contra a historia política, a pedra no sapato de Lucien e Marc, sobretudo sob sua forma diplomática, cujo modelo maçante era para eles o “Manual de política estrangeira” de Emile Bourgeois (1892). Essa historia política é de um lado narrativa e por outro de acontecimentos.” (p. 31).
 “Mais do que nunca, os “Annales” querem fazer entender. Colocar os problemas da história: “proporcionar uma História não automática, mas problemática.”. E mais do que nunca, os problemas de uma história para o tempo presente, para nos permitir viver e compreender “num mundo em estado de instabilidade definitiva”.” (p. 34).
 “De um lado, recusar o “ídolo das origens”, porque, de acordo com um provérbio árabe, “os homens se parecem mais com seu tempo do que com seus pais”. De outro, estar atento as relações entre presente e passado, isto é, “compreender o presente pelo passado”, mas também “compreender o passado pelo presente” – donde a necessidade de um método “prudentemente regressivo”. (p. 34).
 “História econômica, demográfica, historia das técnicas e dos costumes, não apenas historia política, militar, diplomática. Historia dos homens, de todos os homens, não unicamente dos reis e dos grandes. Historia das estruturas, não apenas dos acontecimentos. Historia em movimento, historia das evoluções e das transformações, não história estática, história das evoluções e das transformações.” (p. 28).
 “Historia global de novo, onde o econômico, o artístico, o antropológico ocupam o primeiro plano. História dos preços e da economia política (e não história política). Historia “filosófica” isto é, problemática e explicativa.” (p. 39).
 “O ídolo político, isto é, o estudo dominante, ou pelo menos a preocupação perpetua com a historia política, os fatos politicos, as gueras etc., o que leva a dar a esses acontecimentos uma importância exagerada.
 O ídolo individual, ou o habito inveterado de conceber a historia como uma historia dos indivíduos, e não como um estudo dos fatos, habito que ainda conduz comumente a ordenar as pesquisas e os trabalhos em torno de um homem, e não em torno de uma instituição, de um fenômeno social, de uma relação a ser estabelecida.
 O ídolo cronológico isto é, o habito de se perder em estudos de origem, em investigações de diversidades particulares, em vez de estudar e compreender primeiro o tipo normal, procurando-o e determinando-o na sociedade e na época em que ele se encontra.” (p. 42).
 “Por outro lado, a tradição historiográfica na França protegeu-se mais ou menos contra duas influencias que, alias, na Alemanha, na Itália e especialmente nos paises anglo-saxões, mais ou menos subjulgaram-na, esterilizaram-na ou, em todo caso, desviaram-na dessa historia do cotidiano e do concreto em que a historia nova bebeu sua melhor inspiração.” (p. 43).
 “A mais fecundada das perspectivas definidas pelos pioneiros da história nova foi a da longa duração. A historia caminha mais ou menos depressa, porem as forças profundas da história so atuam e se deixam apreender no tempo longo. Um sistema econômico e social so muda lentamente.” (p. 45).
 “A historia a curto prazo é incapaz de apreender e explicar as permanências e as mudanças. Uma história política que se pauta pelas permanências e as mudanças. Uma historia política que se pauta pelos mudanças de reinado ou governos não apreende a vida profunda.” (p. 45).
 “A segunda via é a do encontro da historia com as ciências exatas, em particular com a matemática social, mas a sua utilidade tem sido ate hoje mais clara para a sociologia, a psicologia, a lingüística e a geografia, do que para a história.” (p. 48).
 “A explosão documental é, em parte, resultado do desejo do historiador de se interessar, de agora em diante, por todos os homens. Contudo, o historiador novo não deve nem forçar o computador a contar o que não pode ser contado, seja em razão do estado da documentação, seja da natureza do fenômeno, nem negligenciar o que não é quantificavel.” (p. 50).
 “A penetração da historia nova no setor contemporâneo é limitadíssima. O prestigio da historia factual e da historia política permanece grande nesse setor. A historia do presente não raro é mais bem feita pelos sociólogos, certos grandes jornalista, do que por historiadores de oficio.” (p. 50).
 “Marx, sob vários aspectos, é um dos mestres de uma historia nova, problemática, interdisciplinar, ancorada na longa duração e com pretensões globais. A periodização (escravidão, feudalismo, capitalismo) de Marx e do marxismo, ainda que não seja aceita dessa forma, é uma teoria de longa duração.” (p. 52).
 “A colocação, em primeiro plano, do papel das massas na história pode coincidir com o interesse da história pelo homem cotidiano, que também é um homem socialmente situado. Contudo, o primado grosseiro do econômico na explicação histórica, a tendência a situar nas superestruturas as mentalidades, cujo luga, sem ser o de um nível fundamental de causalidade, é mais central na historia nova.” (p. 52).
 “Demolir a idéia de um tempo único, homogêneo e linear. Construir conceitos operacionais dos diversos tempos de uma sociedade histórica – com base no modelo da multiplicidade dos tempos sociais.” (p. 54).

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