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NOVAIS, Fernando A A Crise do Antigo Sistema Colonial Cap II

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NOVAIS, Fernando A. A Crise do Antigo Sistema Colonial. Cap. II
“Se, na realidade, a posição relativa de Portugal e do Brasil no quadro das relações internacionais do fim do século XVII, permite-nos começar a perceber o modo especifico de como são envolvidos pela crise do Sistema Colonial e do Antigo Regime, é claro que precisamos agora explicar a natureza e os mecanismos dessa crise em si mesma.” (P. 57).
O sistema colonial apresenta-se em um primeiro momento como um conjunto das relações entre as metrópoles e suas respectivas colônias, num dado período da história da colonização.
Nem toda colonização se processa, efetivamente, dentro dos quadros do sistema colonial, pois a colonização se dá nas mais diversas situações históricas.
A colonização européia, entre os Descobrimentos Marítimos e a Revolução Industrial, foi caracterizada pelo sistema colonial do mercantilismo.
Ao longo do século XVI, XVII e XVIII é notória a presença de diversos tipos de relações metrópole–colônia, mas há certos denominadores comuns que as caracterizam:
“Legislação Ultramarina das várias potências colonizadoras.” (P. 59).
“Comércio e vinculações político-administrativas.” (P. 59).
Enquanto se desenrola o processo de colonização, os corifeus da economia mercantilista teorizam a posição e função das colônias no quadro da vida econômica dos Estados europeus; fixam, assim, os fins e objetivos visados nos empreendimentos coloniais. A legislação tem o objetivo de levar à prática os princípios formulados pela teoria mercantilista.
Modelo típico das relações e do funcionamento do pacto colonial da política econômica dos estados colonizadores formulado por Posrlethwayt - As colônias devem: dar a metrópole um maior mercado para seus produtos, dar ocupação a um maior número dos seus (da metrópole) manufatureiros,artesões, marinheiros, fornecer-lhe uma maior quantidade dos artigos de que precisa. Em suma, as colônias deviam ser um fator essencial do desenvolvimento econômico da metrópole.
Mercantilismo: corpo da doutrina política e econômica que se desenvolvia e predominava na Europa entre os Descobrimentos e a Revolução Industrial. Caracteriza-se pela idéia metalista, ou seja, a identificação de nível da riqueza com o montante de metal nobre existente dentro de cada nação.
A idéia básica metalista como orientadora da política econômica supõem que os lucros se geram no processo de circulação de mercadorias, isto é, configuram vantagens como prejuízo do parceiro.
O mercantilismo visa o desenvolvimento nacional a todo custo. Toda forma de estímulos é legitimada, a intervenção do estado deve criar todas as condições de lucratividade para as empresas poderem exportar excedentes ao máximo.
As colônias garantiam a auto-suficiência metropolitana, meta fundamental da política mercantilista, permitindo assim ao Estado colonizador vantajosamente competir com os demais concorrentes.
A política colonial das potências visava enquadrar a expansão colonizadora com a política mercantilista.
Relação política ente metrópole e colônia: havia um centro de decisão (metrópole) e seu subordinado (colônia). A vida econômica da metrópole era dinamizada pelas atividades coloniais.
“A expansão ultramarina e a colonização do Novo Mundo são traços marcantes da história dos séculos XVI a XVIII. Contemporaneamente, a política absolutista e a sociedade estamental estão em vigor. No plano econômico, entre a paulatina estrutura feudal e a eclosão da produção capitalista, surge o capitalismo mercantil.” (P.63).
Acumulação Primitiva do Capital:
Podemos encontrar diversos similares históricos destas sociedades na utilização do Estado como alavancador do capital. As sociedades mercantilistas buscavam a criação do que Marx chamou de "acumulação primitiva". A acumulação primitiva foi interpretada muitas vezes como um período unicamente de crescimento do volume de produção. Porém, a principal característica da acumulação primitiva é a dissociação dos trabalhadores dos objetos e instrumentos de trabalho; em suma, um processo social de concentração e controle da produção. Na França, onde a terra não se concentrou tão rapidamente em poucas mãos como na Inglaterra, surgiu o pensamento fisiocrata que viu como condição da superação do atraso a expropriação dos pequenos arrendamentos, a ampliação da exploração do trabalho e a concentração da terra. Todas estas medidas eram vistas como uma tentativa de elevar a produção e a produtividade, mas sua substância social era a liberação das forçasprodutivas para a produção de valores, ou seja, a constituição efetiva do modo de produção capitalista, o capital como relação social de produção.
O sistema colonial é o conjunto de relações entre as metrópoles e suas respectivas colônias em uma determinada época histórica. O sistema colonial que nos interessa abrangeu o período entre o século XVI e o século XVII, ou seja, faz parte do Antigo Regime da época moderna e é conhecido como antigo sistema colonial. Segundo o seu modelo teórico típico, a colônia deveria ser um local de consumo (mercado) para os produtos metropolitanos, de fornecimento de artigos para a metrópole e de ocupação para os trabalhadores da metrópole. Em outras palavras, dentro da lógica do “Sistema Colonial Mercantilista” tradicional, a colônia existia para desenvolver a metrópole, principalmente através do acúmulo de riquezas, seja através do extrativismo ou de práticas agrícolas mais ou menos sofisticadas. Uma Colônia de Exploração, como foi o caso do Brasil para Portugal, tem basicamente três características, conhecidas pelo termo técnico de “plantation”:
Latifúndio: as terras são distribuídas em grandes propriedades rurais. Monocultura voltada ao mercado exterior: há um “produto-rei” em torno do qual toda a produção da colônia se concentra (no caso brasileiro, ora é o açúcar, ora a borracha, ora o café...) para a exportação e enriquecimento da metrópole, em detrimento da produção para o consumo ou o mercado interno.
Mão-de-obra escrava: o negro africano era trazido sobre o mar entre cadeias e, além de ser mercadoria cara, era uma mercadoria que gerava riqueza com o seu trabalho.
O sentido da colonização – A atividade colonizadora européia aparece como desdobramento da expansão puramente comercial. Passou-se da circulação (comércio) para a produção, No caso português, esse movimento realizou-se através da agricultura tropical. Os dois tipos de atividade, circulação e produção, coexistiram. Isso significa que a economia colonial ficou atrelada ao comércio europeu. Segundo Caio Prado Jr., o sentido da colonização era explícito: "fornecer produtos tropicais e minerais para o mercado externo".
Assim, o antigo sistema colonial apareceu como elemento da expansão mercantil da Europa, regulado pelos Interesses da burguesia comercial. A conseqüência lógica, segundo Fernando A. Novais, foi a colônia transformar-se em instrumento de poder da metrópole, o fio condutor, a prática mercantilista, visara essencialmente o poder do próprio Estado. 
As razões da colonização – A centralização do poder foi condição para os países saírem em busca de novos mercados, organizando-se, assim, as bases do absolutismo e do capitalismo comercial. Com isso, surgiram rivalidades entre os países. Portugal e Espanha ficaram ameaçados pelo crescimento de outras potências. Acordos anteriores, como o Tratado de Tordesilhas (1494) entre Portugal e a Espanha, começaram a ser questionados pelos países em expansão.
A descoberta de ouro e prata no México e no Peru funcionou como estímulo ao início da colonização portuguesa. Outro fator que obrigou Portugal a investir na América foi a crise do comércio indiano. A frágil burguesia lusitana dependia cada vez mais da distribuição dos produtos orientais feita pelos comerciantes flamengos (Flandres), que impunham os preços e acumulavam os lucros.
Mercantilismo: como conduzir políticas para o enriquecimento do Estado? Através de um estado autoritário com regulamentação intensa (riqueza – quantidade de metais preciosos).
Manter uma balança comercialfavorável (superávit – exportações> importações). A balança comercial superavitária é desejável porque gera riqueza.
Medidas: incentivar a importação de matérias primas baratas e promover a exportação de manufaturados, enfatizarem o aumento da população para manter salários baixos.
Comércio internacional - jogo de soma zero – enriquece empobrecendo seu vizinho- enriquecer as custas dos outros, se alguém tem superávit o outro tem déficit, por isso a grande disputa por mercados.

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