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Demonstrações Financeiras Suplementares Demonstrações Financeiras Básicas - Uma breve retomada Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Alexandre Saramelli Revisão Textual: Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos 5 As demonstrações financeiras são uma forma de comunicação das empresas com a sociedade, uma verdadeira linguagem que usa a contabilidade, a linguagem universal dos negócios para se expressar. Mas, como qualquer “língua”, para melhor entendê-la e expressá-la, é importante estudar e ter contato com os conceitos que cercam as demonstrações financeiras. Dessa forma, nesta unidade, você irá recordar os principais conceitos que envolvem o Balanço Patrimonial, a Demonstração dos Resultados do Exercício e a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. É muito importante que você leia e interaja com os materiais disponibilizados nas unidades de conhecimento. Conhecer esses conceitos é imprescindível para a sua carreira profissional. Retomar saberes prévios do aluno sobre o Patrimônio e o Resultado Contábil, que foram estudados em outras disciplinas e/ou para o qual o aluno já tenha conhecimento tácito. Demonstrações Financeiras Básicas - Uma breve retomada · Introdução · Arte e Tecnologia · O Balanço Patrimonial · Demonstraçâo das Mutações do Patrimônio Líquido 6 Unidade: Demonstrações Financeiras Básicas - Uma breve retomada Contextualização Fábrica W Química Interior do Brasil Hoje aconteceu uma explosão aqui na W Química em um dos silos. Um funcionário ficou levemente ferido. A empresa enfrenta dificuldades financeiras severas. Por favor, Dona Lurdinha, desculpe acordá-la. Chame imediatamente o Mauro, a Bernadete e todos os integrantes do Comitê de crise. Estou voando e vou chegar ao escritório por volta das 10h. Peça para a Bernadete convocar jornalistas para umacoletiva de imprensa. Teremos um dia muito cheio hoje! Fonte: Schmalenbach (1955 p. 11) apud Saramelli (2013) 7 Introdução Esta disciplina pretende oferecer aos alunos uma visão apropriada sobre as demonstrações contábeis que complementam o Balanço Patrimonial, a Demonstração dos Resultados do Exercício e a DLPA/DMPL, bem como sua importância e sua correta elaboração, seguindo as boas práticas usadas na área contábil, os princípios e convenções contábeis e as normas internacionais de contabilidade, além das exigências e expectativas dos usuários e dos mercados. Antes, entretanto, é imprescindível retomar o estudo das demonstrações financeiras básicas. Segundo Henry Ford (apud LAVILLE, 2009, p. 21), “A empresa deve gerar lucro, ou morrerá. Mas se tentarmos fazer funcionar uma empresa unicamente para obter lucro, ela também morrerá, pois não terá outra razão de existir.”. Arte e Tecnologia Para conhecer a vida e as informações de grande parte das pessoas, mesmo aquelas com um perfil mais público e que devido à profissão e/ou atividades precisam se expor mais, não existe outra forma: é necessário entrevistar essas pessoas e conversar longamente, saber o que perguntar e como perguntar. Porém, mesmo assim, dados e situações que ocorreram há anos podem ser distorcidos, seja de forma intencional, seja por causa do amadurecimento da visão de mundo da pessoa e de quem ouve o relato. Há alguns historiadores e escritores que se dedicam à árdua tarefa de realizar biografias de pessoas com interesse público, por meio de relatos e documentos, o que é chamado no mercado editorial de “biografia não autorizada”. Esse tipo de trabalho está sempre envolto de polêmica, distorções, enganos e nem sempre expressa a verdade, e não raramente é feito mais pelo interesse comercial de atrair leitores do que para esclarecer fatos. Há pessoas que, preocupadas com a ação implacável do tempo, escrevem cuidadosamente tudo o que fazem e dizem em diários pessoais para não esquecerem depois. Esses relatos, mesmo feitos no calor das situações, anos mais tarde, não expressam a realidade dos fatos. Por isso, é sempre muito difícil, em muitos casos, separar a ficção da realidade, até mesmo nas descrições feitas com muito rigor metodológico. Convém lembrar o velho ditado popular: “Quem conta um conto, acrescenta um ponto”. As diferenças culturais e linguísticas trazem ainda mais complicações. Dependendo da visão e do conhecimento do tradutor, um livro pode expressar sentimentos diferentes dos que o autor havia imaginado. Não raramente, os livros clássicos possuem diversas traduções, cada uma com sua característica. Os fãs do personagem inglês “Harry Potter” costumam dizer que existe um “Harry Potter” inglês e outro “Harry Potter brasileiro”, mesmo com o máximo cuidado da tradutora. Com tudo isso, ao relatar uma história sobre uma pessoa física, é impossível que seja 100% verdade, pois sempre haverá distorções por menores que sejam. 8 Unidade: Demonstrações Financeiras Básicas - Uma breve retomada Mas... E quanto a uma pessoa jurídica? É possível conhecer dados importantes de uma empresa sem ter que perguntar a diretores ou funcionários dessa mesma empresa, apenas analisando as demonstrações financeiras? E os aspectos culturais e linguísticos, eles podem alterar esse entendimento? A contabilidade é chamada de “a linguagem internacional dos negócios” e,mesmo não tendo o objetivo de acurácia total, as demonstrações financeiras são uma forma de conhecer com grande precisão os dados e histórias de uma empresa sem nenhuma necessidade de realizar perguntas aos diretores e funcionários dessa empresa. E você deve estar pensando: “Mas que exagero! Dá mesmo?”. E a resposta é: sim! Claro que isso torna o nosso estudo ainda mais fascinante e intrigante. Como é possível fazer isso? Então, lembre-se de Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício e Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. Para Pensar É possível resumir um universo de informações em poucas folhas de papel, sendo que todo o patrimônio de uma empresa é exibido em apenas uma página de papel sulfite? O Balanço Patrimonial Saramelli (2013) comenta que Luca Pacioli incentivou os comerciantes a apurarem balanços contábeis com frequência e a divulgarem esses balanços. Certamente que se expor ao mercado e ao conhecimento público não é nada agradável, pois tem suas consequências e riscos. Mas também tem suas vantagens! Schmalenbach (1955, p. 11) ressaltou uma frase muito significativa de Luca Pacioli para motivar os empresários a fazerem públicas suas demonstrações financeiras: “[...]é sempre uma boa coisa fechar os balanços uma vez por ano, particularmente para aqueles que negociam por parceiros e terceiros. É como o provérbio diz: Ragio Spessa, Amista Longa”. Para Pensar Digamos que um engenheiro tenha uma grande ideia, o de uma máquina que irá facilitar muito a vida das pessoas. Realizar esse sonho pode ser muito restrito, ou até impossível, se esse engenheiro fizer isso sozinho. Mas se esse engenheiro tiver a possibilidade de trazer colaboradores para seu negócio, esse sonho ficará cada vez maior. Mas para isso, precisa dividir/divulgar as demonstrações financeiras. 9 Figura: A frase de Luca Pacioli sobre a importância de demonstrações financeiras frequentes. (Uma contabilidade frequente favorece amizades sólidas e duradouras) Fonte:Schmalenbach (1955 p. 11) apud Saramelli (2013). Por meio do balanço patrimonial, é possível verificar o patrimônio líquido da empresa, ou seja, a soma dos seus bens, direitos e obrigações, seu ativo, passivo e patrimônio líquido. A seguir, veja a demonstração o Balanço Patrimonial real da Empresa Portobello S.A. Atenção Atenção As demonstrações financeiras da empresa Portobello S.A. estão sendo usadas neste trabalho para fins estritamente acadêmicos, para fins pedagógicos e em ambiente universitário. Não devem ser entendidas, em nenhuma hipótese, como sugestão do professor para o consumo de bens e serviços, muito menos a realização de investimentos. Figura:Balanço Patrimonial Portobello 2013 Fonte: Portobello S.A. 10 Unidade: Demonstrações Financeiras Básicas - Uma breve retomada Atenção Atenção Observe que há dois grupos nas colunas desse Balanço Patrimonial, “Controladora” e “Consolidado”. Isso ocorre porque essa empresa é um grupo empresarial, que reúne várias empresas. Então, na coluna “Controladora”, temos as informações apenas da empresa que controla o grupo empresarial, conhecida também pela expressão em inglês “Holding” e a coluna “Consolidado” é uma reunião de todos os balanços do grupo. Para realizar essa reunião, é feito um trabalho específico chamado de “consolidação”, que você terá em breve a oportunidade de estudar. Para fins deste estudo, considere a coluna “Consolidado”. Observe, as seguintes características nesse balanço patrimonial: - O contador identificou claramente o período a que esse relatório faz jus. - O contador cita a moeda que é utilizada, no caso, os reais brasileiros e diz que os valores estão em milhares. - Na realidade existem dois balanços: o do exercício contábil atual e o anterior, o que facilita a análise. - A coluna de saldos do lado esquerdo, do Ativo, traz o mesmo saldo das contas do lado direito, do Passivo. (Nunca haverá um Balanço Patrimonial com saldos diferentes entre o Ativo e o Passivo). - Os grupos de contas no Balanço Patrimonial estão de acordo com a estrutura abaixo: Tabela: Estrutura de um balanço Patrimonial, de acordo com o CPC 00 – Pronunciamento Conceitual Básico. B en s e D ir ei to s O b rigações Patrim ônio L íquido Ativo Passivo Ativo circulante Ativo não circulante, dividido em: - Realizável em longo prazo - Investimentos - Ativo imobilizado - Ativo intangível Passivo circulante Passivo não circulante Patrimônio líquido, dividido em: - Capital social - Reservas de capital - Reservas de avaliação patrimonial - Reservas de lucro - Lucros (ou prejuízos) Acumulados Fonte: Adaptado de Iudícibus et al (2010 p. 163). 11 - Nesse sentido, observe que 48% do Ativo da Portobello estão no Circulante e 52% estão no Ativo não Circulante. Essa distribuição é normal, esperada para esse tipo de empresa por ser uma indústria (Dados do Consolidado de 2013). - A conta o Ativo com o maior saldo é a conta/grupo de “Imobilizado” (Com saldo de R$ 265.572.000,00), o que é justificável, uma vez que uma indústria cerâmica precisa manter máquinas industriais de grande porte e valor. Pense Com esse valor do imobilizado da Portobello S.A. seria possível comprar 5.312 carros com o valor de R$ 50.000,00 cada um! É muito dinheiro! - Observe que, do ano de 2012 para 2013, houve um aumento relevante no saldo de imobilizado, que saltou de R$ 187.056.000,00 para R$ 265.572.000,00. Isso parece indicar que a administração está preocupada em aumentar o seu parque fabril. Essa comparação é uma típica análise de balanços do tipo “horizontal”, em que uma mesma conta contábil é comparada de um período para o outro. Existem vários modelos e fórmulas normalmente usados no mercado para a análise de balanços e você terá a oportunidade de estudar esses modelos e fórmulas. - O Ativo representa a aplicação dos recursos financeiros obtidos pela empresa; nesse sentido, o Passivo Circulante e o Não Circulante demonstram o volume de recursos de terceiros à disposição da empresa e o Patrimônio Líquido é o chamado “Capital Próprio”. No caso da Portobello S.A., essa relação é de 79% para Capitais de Terceiros e 21% para capitais próprios. Assim, uma das características da empresa é a de ter um alto volume de capitais de terceiros, o que é muito inquietante para muitos investidores. - No Passivo circulante, a empresa mantém 49% e suas dívidas e no Passivo não circulante, a empresa mantém 51%. Ou seja, as obrigações da empresa tem alta exigibilidade, o que é uma preocupação. - A conta com maior valor no Passivo e Patrimônio Líquido é a conta de “Empréstimos e Financiamentos”, com saldo de R$ 202.066.000,00 no Passivo Não Circulante, o que é natural, uma vez que ao que parece a empresa realizou empréstimos de longo prazo. O preocupante é que o saldo dessa cota supera e muito o Ativo Circulante total e o saldo da maior conta no Ativo, que é a conta de “Imobilizado”. - Para conhecer detalhes da gestão financeira, mais especificamente da Conta “Caixa e Equivalentes de Caixa”, é necessário verificar a “Demonstração do Fluxo de Caixa”. 12 Unidade: Demonstrações Financeiras Básicas - Uma breve retomada - Para conhecer mais detalhes sobre as contas contábeis, é importante verificar as “Notas explicativas”. Enfim, com essa rápida análise, é possível verificar o perfil do Patrimônio da empresa. Mas e sua operação, suas compras e vendas? Como estão? Analise a Demonstração do Resultado do Exercício. As demonstrações financeiras completas da empresa Portobello S.A. podem ser encontradas no site da empresa na internet, na área de relacionamento com investidores. Tenha como hábito acompanhar as demonstrações financeiras de uma empresa que por algum motivo despertem a admiração. http://portobello.firbweb. com.br/informacoes-financeiras/demonstracoes-financeiras/ A Demonstração do Resultado do Exercício Saramelli (2013) comentou que o balanço patrimonial: [...] demonstra a situação econômica e financeira de uma entidade, ou seja, é um resumo dos saldos de bens, direitos e obrigações que essa entidade mantém em um determinado momento. Essa é uma informação das mais importantes e pode ser a base para tomada de decisões. Por exemplo, um fornecedor importante poderá começar a fornecer uma matéria-prima restrita no mercado, ou atrair um sócio investidor (SARAMELLI, 2013, p.8). E sobre as necessidades dos usuários das demonstrações financeiras, Saramelli (2013) comentou ainda que: [...] em grande parte das análises dos usuários da contabilidade, surge a necessidade de conhecer além do patrimônio da empresa e sua liquidez, seu desempenho nas operações, ou seja, conhecer de forma mais íntima o trabalho que realiza e principalmente se essa empresa atende as necessidades das pessoas e da sociedade em geral. Se vende bem, tem custos coerentes e principalmente, se obtém lucro (SARAMELLI, 2013, p.9). Apesar de muitos investidores concentrarem suas expectativas na administração do fluxo de caixa, há investidores e usuários em geral da contabilidade que estão preocupados com as operações de vendas e custos da empresa, se há a geração de lucros. Dessa forma, Saramelli (2013) diz que: Para atender a essa necessidade de informação, temos a Demonstração do Resultado do Exercício (representada normalmente pela sigla DRE), que nos demonstra o desempenho de uma entidade ao longo de um período de tempo restrito , normalmente um mês, um trimestre, ou mesmo um ano (SARAMELLI, 2013, p.9). A Demonstração do Resultado do Exercício é, então, a diferença entre as receitas e despesas que, assim como o Balanço Patrimonial, segue uma fórmula matemática: Receitas – Despesas = Resultado. Tem a seguinte estrutura básica, conforme a figura abaixo : 13 Figura: Representação artística da estrutura básica de uma DRE, com a fórmula matemática do resultado. Fonte:Adaptado de Saramelli (2013) Observe na figura que, nas Receitas, temos dinheiro que entra na empresa. Essa entrada deriva das vendas efetuadas no período. Para que essas receitas fossem possíveis, a empresa teve gastos, que são representados pelas “despesas”, que foi o dinheiro subtraído. O confronto entre um e outro são o resultado. Atenção Atenção Os gastos com a produção, manufatura, industrialização ou realização de bens e/ou serviços são Custos. E os gastos com administração, vendas e demais atividades de apoio são as DESPESAS. Quanto à estrutura legal da Demonstração do Resultado do Exercício, a Lei 6.404/1976, de acordo coma lei 11.638/2007, institui a seguinte estrutura: Disposições contidas na Seção V da Lei nº6.404/76 Demonstração do Resultado do Exercício Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV - o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não operacionais e o saldo da conta de correção monetária (artigo 185, § 3º); IV - o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não operacionais; (Redação dada pela Lei nº 9.249, de 1995); 14 Unidade: Demonstrações Financeiras Básicas - Uma breve retomada V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI - as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, e as contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados; VI – as participações de debêntures, de empregados e administradores, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; (Redação dada pela Lei nº 11.638, de 2007); VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. § 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados: a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos. § 2º O aumento do valor de elementos do ativo em virtude de novas avaliações, registrados como reserva de reavaliação (artigo 182, § 3º), somente depois de realizado poderá ser computado como lucro para efeito de distribuição. Tabela: Estrutura Básica da Demonstração do Resultado do Exercício Receita bruta de venda de bens e serviços (-) Devoluções, abatimentos, descontos comerciais (-) Impostos sobre venda = Receita líquida (-) Custo dos produtos e serviços vendidos = Lucro bruto (-) Despesas de vendas (-) Despesas financeiras (+) Receitas financeiras (-) Despesas administrativas (-) Outras despesas operacionais (+) Outras receitas operacionais = Lucro operacional = Lucro antes do Imposto de Renda (-) Provisão para Imposto de Renda (-) Participações e contribuições = Lucro líquido do exercício Lucro por ação Fonte: lei 6.404/1976. 15 Saramelli (2013) nos explica que o Pronunciamento CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis, (2011, parte 82) emite as seguintes orientações: A demonstração do resultado do período deve, no mínimo, incluir as seguintes rubricas, obedecidas também as determinações legais: (a) receitas; (b) custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos; (c) lucro bruto; (d) despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas e receitas operacionais; (e) parcela dos resultados de empresas investidas reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial; (f) resultado antes das receitas e despesas financeiras; (g) despesas e receitas financeiras; (h) resultado antes dos tributos sobre o lucro; (i) despesa com tributos sobre o lucro; (j) resultado líquido das operações continuadas; (k) valor líquido dos seguintes itens: (i) resultado líquido após tributos das operações descontinuadas; (ii) resultado após os tributos decorrente da mensuração ao valor justo menos despesas de venda ou na baixa dos ativos ou do grupo de ativos à disposição para venda que constituem a unidade operacional descontinuada. (l) resultado líquido do período. Vamos observar essa estrutura em uma empresa real? A seguir a DRE da Empresa Portobello S.A. de 2013: 16 Unidade: Demonstrações Financeiras Básicas - Uma breve retomada Figura: Demonstração do Resultado do Exercício Portobello 2013. Fonte: Portobello S.A. Observe que: - Na DRE, o Contador separou o movimento de operações descontinuadas, das operações continuadas, como é orientado no CPC 26. - As receitas líquidas tiveram um aumento relevante, de 15%. - Os custos dos produtos vendidos são de 65% em 2012 e 64% em2013, ou seja, praticamente não tiveram alteração. Isso mostra que 65% de tudo o que a empresa vende são esforço de produção. Portanto, os custos dos produtos são altos. Cálculos realizados: Consolidado 2013 2012 Receita líquida de venda 834.032,00 706.471,00 Custo dos Produtos Vendidos 530.279,00 456.052,00 Participação dos Custos: 64% 65% 17 - Houve um aumento nas despesas operacionais e no Resultado Financeiro. - O confronto entre as receitas e despesas (custos+despesas) resultou em um lucro de R$ 90.511.000,00 em 2013, um pouco melhor que 2012. Isso representa 11% das receitas líquidas. Esse lucro de R$ 90.511.000,00são recursos financeiros que a empresa criou com seu esforço de atuação no mercado, e representa um aumento de patrimônio. Nesses casos, Iudícibus et al (2010 p.175) ensinam que: Na hipótese de se apurar lucro em determinado exercício, após ele ser transferido para a conta Lucros ou Prejuízos Acumulados, será distribuído desta para outras contas, por meio de lançamentos contábeis (Livros Diário e Razão) de forma a atender ao seguinte: 1º) normas legais, pela constituição de Reserva Legal; 2º) normas estatutárias, pela constituição de Reservas Especiais, sem prejuízos dos dividendos normais; 3º) proposta de distribuição da administração, ad referendum dos proprietários (sócios, acionistas), no pressuposto de sua aprovação formal posterior por esses proprietários. (IUDÍCIBUS et al.,2010 p.175). Saramelli (2013) produziu uma figura com uma representação artística desse processo de distribuição de resultados do exercício: Figura: Representação artística desse processo de distribuição de resultados do exercício. Lucros Sócios, acionistas Reservas especiais Reservas legais Fonte: Adaptado de Saramelli (2013) Saramelli (2013), com base em Iudícibus et al (2010, p. 176), explica que no caso de um resultado negativo, ou seja, um prejuízo, deve ser realizado o seguinte procedimento: 18 Unidade: Demonstrações Financeiras Básicas - Uma breve retomada [...] se houver saldos nas contas de reservas, esses saldos vão obrigatoriamente reduzir o saldo da conta de Lucros e Prejuízos Acumulados. Esses autores dizem que: “Se essa conta ficar com saldo devedor (Prejuízo Acumulado), obrigatoriamente são transferidos para ela saldos das Reservas de Lucros (a última a ser usada será sempre a Reserva Legal) até que seu saldo fique zerado”. (IUDÍCIBUS et al.,2010 p.176). Segundo Iudícibus et al (2010 p. 176), “a conta Lucros ou Prejuízos Acumulados somente pode ter saldo negativo (Prejuízo Acumulado) num Balanço, se tiverem desaparecido todos os saldos de todas as Reservas de Lucros. Após isso, podem (não é obrigatório) também ser usados saldos das Reservas de Capital para absorver os prejuízos acumulados”. Dessa forma, a conta “Lucros e Prejuízos Acumulados” é muito importante porque faz uma ligação, ou uma ponte entre o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício.Saramelli (2013) enfatiza esse ponto ao dizer que essa conta é tão importante que, conforme Iudícibus(2010 p. 175), é obrigatória, ao término do exercício, a preparação de uma demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, ou seja, uma demonstração financeira exclusiva para facilitar a sua análise. Vamos verificar o lucro de R$ no Balanço Patrimonial Real da Portobello S.A.? A seguir, observe apenas a parte do Patrimônio Líquido do Balanço da Portobello S.A.: Figura: Destaque do Patrimônio Líquido do Balanço Patrimonial Portobello 2013. Fonte: Portobello S.A. Cadê o lucro de R$ 90.511.000,00 em 2013? Está dentro dos valores movimentados no Patrimônio Líquido em 2013. Para auxiliar essa análise, surge entãoa necessidade da empresa divulgar a Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados, ou a Demonstração de Mutações do Patrimônio líquido. 19 Demonstraçâo das Mutações do Patrimônio Líquido Há duas demonstrações do Patrimônio Líquido, a DLPA e a DMPL. Para este livro, iremos estudar imediatamente a DMPL. Costa (2010, p. 75) apud Saramelli (2013) diz que a DLPA (Demonstração Lucros e Prejuízos Acumulados) pode ser substituída pela Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL). Ele diz: Na verdade, a DLPA é parte da DMPL, pois esta última tem como objetivo evidenciar as transformações em todas as contas do Patrimônio Líquido ocorridas entre dois períodos. Como Lucros ou Prejuízos Acumulados se referem ao Patrimônio Líquido, estão incorporados na DMPL. (COSTA, 2010, p.75). Saramelli (2013) comenta que para Martins, Miranda e Diniz (2014 p.48), a DMPL é uma demonstração “bastante útil, pois possibilita ao analista, ou usuário das demonstrações contábeis conhecer toda a movimentação ocorrida nas diversas contas do Patrimônio Líquido durante o exercício.” Eles completam, comentando que “trata-se portanto, de informações que complementam as demais demonstrações, notadamente o Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício. Ainda segundo Saramelli (2013), Martins, Miranda e Diniz (2014 p.49) explicam quais as operações que movimentam as contas patrimoniais, baseando-se no trabalho de Assaf Neto (2010), que classificou as movimentações que afetam o Patrimônio Líquido em três grupos, conforme tabela a seguir: Tabela: Movimentações que afetam o Patrimônio Líquido: a) Movimentações que elevam o Patrimônio Líquido: Lucro líquido do exercício; aumento de capital por subscrição e integralização de novas ações; ágio cobrado na subscrição de ações e prêmios para debêntures etc. b) Movimentações que diminuem o Patrimônio Líquido: Prejuízo líquido do exercício; aquisição de ações da própria sociedade (ações em tesouraria); dividendos etc. c) Movimentações que não afetam o Patrimônio Líquido: Aumento de capital por incorporação de reservas; apropriação do lucro líquido da conta de lucros ou prejuízos acumulados para outras reservas; compensação de prejuízos através de reservas etc. Fonte: Assaf Neto (2010). 20 Unidade: Demonstrações Financeiras Básicas - Uma breve retomada Saramelli (2013) diz que “uma característica do Patrimônio Líquido é o de não ter suas contas movimentadas com frequência. A conta Capital Social, por exemplo, raramente é movimentada e quando o é, depende de alterações nos contratos sociais. Bem diferente do Ativo Circulante ou mesmo do Passivo Circulante, que tem uma movimentação frenética”. Em complemento, o CPC 26 traz um modelo completo de DMPL, que é exposto a seguir: Quadro: Modelo de DMPL Fonte: CPC 26. 21 Vamos observar a DMPL Real da empresa que estamos estudando, a Portobello S.A: Figura: Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Portobello 2013. Fonte: Portobello S.A. E a seguir, uma explicação comparada dos saldos entre o Patrimônio Líquido do Balanço Patrimonial e a DMPL. Fonte: Portobello S.A. Então, veja só como é possível extrair várias informações importantes das demonstrações financeiras sem a necessidade de perguntar aos diretores e/ou funcionários da empresa. 22 Unidade: Demonstrações Financeiras Básicas - Uma breve retomada Material Complementar Este estudo investiga o conservadorismo condicional como reflexo da qualidade do lucro contábil ex post a promulgação da Lei 11.638/07. Utilizando-se do Modelo de Basu (1997) em uma amostra de 169 empresas de capital aberto listadas na BM&FBovespa, foi analisado o período compreendido pelas divulgações das demonstrações contábeis do 1º trimestre de 2010 ao 2º trimestre de 2011. A seleção do período deu-se em função de que a obrigatoriedade da adoção completa dos pronunciamentos contábeis foi exigida apenas na entrega das demonstrações contábeis do último trimestre de 2010 e, sendo assim, seus efeitos sobre a qualidade do lucro seriam melhor averiguadas após este período. Os resultados apontaram ainda significância estatística para os coeficientes que capturam o efeito do conservadorismo condicional sobre o lucro contábil trimestral, indicando que o conservadorismo diminuiu após a obrigatoriedade da adoção completa das novas normas contábeis para as companhias de capital aberto listadas na BM&FBovespa, uma vez que o sinal obtido para o coeficiente, ao contrário do que se espera, foi negativo e não positivo, contrariando os achados de Santos et al., (2011) cujo estudo não identificou significância estatística para esta variável, arguindo não haver conservadorismo nas demonstrações compreendidas entre o primeiro trimestre de 2005 até o terceiro trimestre de 2009. Palavras-chave: conservadorismo condicional; Modelo de Basu; qualidade do lucro; normas internacionais de Contabilidade. Explore Artigo completo disponível em: • http://www.congressousp.fipecafi.org/web/artigos122012/253.pdf 23 Referências BRASIL ___. Lei nº 6.404/76, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm>. Acesso em: 01 jul. 2014. ___. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 01 jul. 2014. ___.Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a legislação tributária federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários; concede remissão nos casos em que específica. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/ lei/l11941.htm>. Acesso em: 01 jul. 2014. Comitê de pronunciamentos contábeis (Brasília) (org.). Pronunciamento conceitual básico (r1) estrutura conceitual para elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro. 2011. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/147_CPC00_R1.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2014. Comitê de pronunciamentos contábeis (Brasília) (org.). Pronunciamento 26 (R1) Apresentação das demonstrações contábeis. 2011. Disponível em: <http://www.cpc.org. br/Arquivos/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2003.pdf >. Acesso em: 01 jul. 2014. IUDÍCIBUS, S. (Coord.) et al. Contabilidade introdutória. 10. ed. Equipe de professores da FEA/USP. São Paulo: Atlas, 2010. MARTINS, E.; MIRANDA, G. J.; DINIZ, J. A. Análise didática das demonstrações contábeis. São Paulo: Atlas, 2013. SARAMELLI, Alexandre. Demonstrações Financeiras Básicas. Unidade III. São Paulo: Unicsul, 2013. 24 Unidade: Demonstrações Financeiras Básicas - Uma breve retomada Anotações Demonstrações Financeiras Suplementares Demonstração do Fluxo de Caixa: Modelo Direito e Indireto Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Alexandre Saramelli Revisão Textual: Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos 5 É inegável a necessidade de uma empresa ser bem administrada em seus aspectos técnicos, ou seja, o produto ou serviço que se disponibilize em oferecer para a sociedade precisa ter boa qualidade. Porém, por melhor que seja a qualidade técnica, todas as empresas precisam ter uma boa administração do seu caixa. A Demonstração do Fluxo de Caixa tem o nobre objetivo de proporcionar aos usuários da contabilidade a possibilidade de analisar a qualidade da administração financeira de uma empresa. Nesta unidade, você irá aprender estrutura de uma Demonstração do Fluxo de Caixa, tanto pelo método direto, quanto pelo método indireto. Nesta unidade, iremos estudar a estrutura da importante Demonstração do Fluxo de Caixa. Trata-se de uma demonstração muito rica para usuários da contabilidade que se interessam em observar aqualidade da administração financeira da entidade. Por isso, é muito importante que você acompanhe atentamente o texto principal, colocando-se no lugar, de um investidor que preza pela análise do caixa. Mais do que apenas ler o texto, a orientação é que você acompanhe a formação de um fluxo de caixa, tanto pelo método direto como pelo método indireto, em seu caderno. Também é válido analisar demonstrações financeiras reais. Demonstração do Fluxo de Caixa: Modelo Direito e Indireto · Demonstração do Fluxo de Caixa: Modelo Direto e Indireto · Principais Demonstrações Financeiras 6 Unidade: Demonstração do Fluxo de Caixa: Modelo Direito e Indireto Contextualização Os jornalistas estarão na sala de reuniões às 11h00 Sala de reuniões, lotada, cheia de câmaras, filmadoras e microfones É verdade que a W Química está enfrentando uma série crise financeira? Eu não diria uma grave crise financeira, mas de fato nós não conseguimos exportar nos últimos dois anos por causa da crise financeira internacional, mas nossa administração financeira está muito boa mesmo com essa situação! Constate isso em nossa demonstração do Fluxo de Caixa. 7 Demonstração do Fluxo de Caixa: Modelo Direto e Indireto Em particular, trata-se de uma demonstração contábil nova, que não era elaborada no Brasil até a convergência do país às normas contábeis internacionais em 2007. Embora alguns contadores brasileiros já a utilizassem para fins gerenciais, era publicada outra demonstração no Brasil, a DOAR (Demonstração das Origens e Aplicações de recursos, de caráter mais técnico). Portanto, a Demonstração do Fluxo de Caixa, para muitos contadores, ainda é uma novidade. Isso torna o estudo da Demonstração do Fluxo de Caixa ainda mais imprescindível. Não se trata apenas de mais uma demonstração contábil, ou de um simples “extrato”, mas uma poderosa análise da qualidade da administração financeira de uma empresa. Principais Demonstrações Financeiras As Demonstrações Financeiras são importantes pelas informações que prestam à sociedade de uma forma geral. A partir da Lei 6.404/76, alterada pela Lei 11.638/07 e 11.941/09, algumas demonstrações se tornaram obrigatórias para as empresas de capital aberto, e que operam com ações na Bolsa de Valores, são elas: • Balanço Patrimonial (BP); • Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); • Demonstração do Lucro e Prejuízo Acumulados (DLPA); • Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC); • Demonstração do Valor Adicionado (DVA) • Notas Explicativas. Conforme mencionado anteriormente, o nosso foco de estudo será a Demonstração do Fluxo de Caixa, que foi uma das principais mudanças da Lei 11.638/07. Demonstração do Fluxo de Caixa – DFC Com o advento da Lei 11.638/07, a Demonstração do Fluxo de Caixa passou a ser obrigatória para as empresas de capital aberto e para as companhias fechadas, quando atingem valor superior a dois milhões de reais (2.000.000,00) do Patrimônio Líquido. Essa lei veio substituir a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR, uma vez que a Demonstração do Fluxo de Caixa possui a principal característica de facilitar a compreensão de seus usuários sobre as informações de forma mais clara e precisa. O objetivo da Demonstração do Fluxo de Caixa é apresentar informações financeiras sobre a movimentação do caixa e equivalentes de caixa, detalhando os pagamentos e recebimentos de uma empresa, em um determinado período de tempo, assim como, a necessidade de liquidez. 8 Unidade: Demonstração do Fluxo de Caixa: Modelo Direito e Indireto A DFC se completa com outras demonstrações financeiras como o Balanço Patrimonial (BP), Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido (DMPL), permitindo assim que o leitor possa avaliar a geração do caixa, como também o financiamento do capital de giro e a capacidade de pagamento das obrigações. O Financial Accounting Standart Board (FASB) é o principal órgão responsável pela criação dos princípios de Contabilidade nos Estados Unidos da América, os US GAAP. A orientação e apresentação da DFC está definida no Statement of Financial Accounting Standards ( SFAS 95), obrigatório nos Estados Unidos a partir de 1988. Caixa e Equivalente de Caixa Para a elaboração da DFC, é necessário saber a definição de Caixa e Equivalente de Caixa. O caixa para a DFC representa a disponibilidade imediata de valores que estão em conta caixa e conta banco movimento, sendo que na conta caixa temos o dinheiro e na conta banco movimento temos os valores através dos depósitos bancários. Ambas as contas são apresentadas no Balanço Patrimonial, grupo Ativo Circulante, subgrupo disponibilidades. Assim, considera-se “Caixa” todo o dinheiro que a empresa tiver no cofre, no banco e em investimentos. Importante Valores em moedas estrangeiras, travellers, cheques, depósitos no banco, valores investidos no banco, tudo isso é considerado “equivalente de caixa”. Formas de Apresentação do Fluxo de Caixa O Fluxo de Caixa pode ser apresentado pelos Métodos Direto e Indireto. O Método Direto apresenta a movimentação das disponibilidades, ou seja, as contas caixa e banco, suas entradas e saídas. Quanto ao Método Indireto, é mais completo. Inicia-se a partir do Resultado Líquido do Exercício obtido através da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE –, e a este são efetuadas as adições e ou exclusões. Estrutura da DFC - Demonstração do Fluxo de Caixa Sua estrutura divide as atividades da empresa em Operacionais, Financiamento e Investimentos. Caso ocorra prejuízo, a DFC também deverá ser elaborada. 9 Atividades Operacionais São as atividades principais que geram receita para a empresa. Normalmente estão relacionados às contas de resultados que compõem a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Podemos citar alguns exemplos de fluxos de caixa que decorrem das atividades operacionais: • Recebimentos de caixa obtidos pela venda de mercadorias ou pela prestação de serviços; • Recebimentos de caixa decorrentes de royalties, honorários, comissões e outras receitas; • Pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e serviços; • Pagamentos de caixa a empregados. Atividades de Investimentos As Atividades de Investimentos, na maioria das vezes, estão relacionada aos elementos patrimoniais do Ativo Não Circulante, que envolve, Ativo Realizável a Longo, Investimentos, Imobilizado e Intangível. São a aquisição ou alienação, no caso de alienação ocorre quando há transferência de um bem para terceiros (3º), de ativos de longo prazo e outros investimentos não incluídos em equivalentes de caixa. Você Sabia ? A alienação é a transferência da propriedade de um bem para um terceiro, sendo que a posse desse bem continua com o beneficiário. As instituições financeiras têm como uma praxe em muitas operações alienar um bem, pois, caso esse bem não seja pago, ou surja alguma dificuldade, basta reaver a posse, o que é bem mais fácil do que reaver a propriedade. Sugestão: procure saber os conceitos de posse e propriedade no direito. Abaixo, alguns exemplos de fluxos de caixa que decorrem das atividades de investimento: • Pagamentos de caixa para aquisição de ativo imobilizado, ativos intangíveis e outros ativos de longo prazo; • Recebimentos de caixa resultantes da venda de ativo imobilizado, intangível e outros ativos de longo prazo; • Pagamentos para aquisição de instrumentos de dívida ou patrimoniais de outras entidades e participações societárias em empreendimentos controlados em conjunto; • Recebimentos de caixa resultantes da venda de instrumentos de dívida ou patrimoniais de outras entidades e participações societárias em empreendimentos controlados em conjunto; • Adiantamentos de caixa e empréstimos concedidos a terceiros; • Recebimentos de caixa por liquidação de adiantamentos e amortização de empréstimos concedidos a terceiros; • Pagamentos de caixa por contratos futuros, contratos a termo, contratos deopção e contratos de swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação ou venda, ou os pagamentos forem classificados como atividades de financiamento; • Recebimentos de caixa derivados de contratos futuros, contratos a termo, contratos de opção e contratos de swap. 10 Unidade: Demonstração do Fluxo de Caixa: Modelo Direito e Indireto Importante Os contratos de swap representam um acordo entre duas partes que podem substituir o risco de uma posição ativa (credora) ou passiva (devedora), em data futura, conforme critérios pré- estabelecidos. É um tipo de contrato comum em instituições financeiras, envolvendo taxas de juro, moedas e commodities e serve para avaliar e diminuir os riscos. Atividades de Financiamentos As atividades de financiamento representam as alterações no tamanho e na composição do patrimônio líquido e dos empréstimos da empresa. Podemos mencionar alguns exemplos de fluxos de caixa que decorrem das atividades de financiamento: • Caixa recebido pela emissão de ações ou quotas ou outros instrumentos patrimoniais; • Pagamentos de caixa a investidores para adquirir ou resgatar ações ou quotas da entidade; • Caixa recebido pela emissão de debêntures, empréstimos, títulos de dívida, hipotecas e outros empréstimos de curto e longo prazo; • Pagamentos para amortização de empréstimo; • Pagamentos de caixa oriunda de uma operação de Leasing para redução do passivo. Normas Internacionais de Contabilidade Em 1972, durante o 10º Congresso Mundial dos Contadores, foi sugerida a criação de um comitê de pronunciamentos contábeis internacionais conhecido como IASC. O objetivo deste comitê seria formar e publicar um novo padrão de normas internacionais que fossem aceitas e entendidas em todo mundo. A Demonstração do Fluxo de Caixa foi regulamentada pela IAS 7. E as empresas que publicarem suas demonstrações em conformidade com os padrões internacionais deverão segui-la. Porém, no Brasil, as empresas estão tentando se adequar ao conjunto de normas internacionais e para a DFC a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprovou o pronunciamento técnico CPC 03 e o Conselho Federal de Contabilidade através da Resolução 1.125 CFC/2008 aprovou a NBC T 3.8. 11 Modelos de Demonstração do Fluxo de Caixa pelo Método Direto A seguir, apresenta-se a estrutura da Demonstração do Fluxo de Caixa pelo Método Direto: I - ATIVIDADES OPERACIONAIS 1. ENTRADAS Vendas à vista Recebimento de clientes Outros 2. SAÍDAS Compras à vista Pagamentos a fornecedores Pagamento de tributos Pagamentos de salários e encargos Pagamentos de despesas (exceto financeiras) Outros SALDO DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS (1-2) II – ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS 3. ENTRADAS Venda de ativos investimentos Venda de ativo imobilizado Venda de ativo intangível Recebimento de principal de empréstimos Receitas financeiras Outros 4. SAÍDAS Investimentos no realizável de longo prazo Investimentos no ativo investimentos Investimentos no ativo imobilizado Investimentos no ativo intangível Concessão de empréstimos Outros SALDO DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS (3-4) 12 Unidade: Demonstração do Fluxo de Caixa: Modelo Direito e Indireto III – ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO 5. ENTRADAS Emissão de ações Integralização de capital Novos empréstimos 6. SAÍDAS Amortização de empréstimos Despesas financeiras Distribuição de resultados SALDO DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO (5-6) IV - SALDO DO PERÍODO (I + II + III) V - SALDO INICIAL DO DISPONÍVEL VI – SALDO FINAL DO DISPONÍVEL (IV + V) (modelo adaptado – NBC TG 03) A soma do resultado líquido em cada uma das atividades demonstra o total da variação do caixa. Modelo de Demonstração do Fluxo de Caixa pelo Método Indireto A seguir, apresenta-se a estrutura da Demonstração do Fluxo de Caixa pelo Método Indireto: I - ATIVIDADES OPERACIONAIS Lucro Líquido do Exercício Ajustes ( + ) Depreciações ( + / - ) Equivalência Patrimonial ( + / - ) Ganhos/Perdas de capital ( + / - ) Outros ajustes Variações nos ativos e passivos circulantes ( + ) Aumentos no passivo circulante ( + ) Reduções no ativo circulante ( - ) Aumentos no ativo circulante ( - ) Reduções no passivo circulante 13 FLUXO DE CAIXA LÍQUIDO DAS OPERAÇÕES II – ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS Venda de ativo investimentos Venda de ativo imobilizado Venda de ativo intangível Recebimento de principal de empréstimos Investimentos no realizável de longo prazo Investimentos no ativo investimentos Investimentos no ativo imobilizado Investimentos no ativo intangível Concessão de empréstimos Outros FLUXO DE CAIXA LÍQUIDO DE INVESTIMENTOS III – ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO Emissão de ações Integralização de capital Novos empréstimos Amortização de empréstimos Distribuição de resultados FLUXO DE CAIXA LÍQUIDO DE FINANCIAMENTO IV - SALDO DO PERÍODO (I + II + III) V - SALDO INICIAL DO DISPONÍVEL VI – SALDO FINAL DO DISPONÍVEL (IV + V) (modelo adaptado – NBC TG 03) 14 Unidade: Demonstração do Fluxo de Caixa: Modelo Direito e Indireto Material Complementar Como um tema para complementar os seus estudos desta unidade, leia o seguinte artigo científico: DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA: APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO Resumo Este artigo tem por objetivo verificar a uniformidade das práticas de apresentação e divulgação das Demonstrações dos Fluxos de Caixa, divulgadas no Brasil no exercício de 2011, com o proposto no Pronunciamento CPC 03. Para isto, foram coletadas e analisadas as demonstrações dos fluxos de caixa e notas explicativas, de todas as companhias abertas, de todos os setores econômicos, listadas na BM&F Bovespa, que publicaram suas Demonstrações Contábeis no exercício de 2011. Os procedimentos de análise fundamentais são as comparações efetuadas entre os requerimentos exigidos pelo Pronunciamento CPC 03 com as práticas contábeis observadas nos relatórios publicados através de questões formuladas a partir das normas estabelecidas no Pronunciamento CPC 03. Os resultados demonstram que ainda há dúvidas de interpretação e aplicação do Pronunciamento CPC 03, independente do setor de atuação ou porte da entidade, tanto na apresentação, quanto na divulgação da DFC, por exemplo, agregação de contas e falta de uniformidade na classificação de algumas contas, como juros e dividendos, entre atividades operacionais, de investimento ou de financiamento. Explore Artigo completo disponível em: http://www.congressousp.fipecafi.org/web/artigos132013/264.pdf 15 Referências BRASIL ___. Lei nº 6.404/76, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm>. Acesso em: 01 jul. 2014. ___. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/ l11638.htm>. Acesso em: 01 jul. 2014. ___. Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a legislação tributária federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários: concede remissão nos casos em que específica. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm>. Acesso em: 01 jul. 2014. Comitê de pronunciamentos contábeis (Brasília) (org.). Pronunciamento conceitual básico (r1) estrutura conceitual para elaboração e divulgação de relatório contábil- financeiro. 2011. Disponível em: < http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/147_CPC00_ R1.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2014. Comitê de pronunciamentos contábeis (Brasília) (org.). Pronunciamento 26 (R1) Apresentação das demonstrações contábeis. 2011. Disponível em: < http://www.cpc.org. br/Arquivos/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2003.pdf >. Acesso em: 01 jul. 2014. IUDÍCIBUS, S. (Coord.) et al.Contabilidade introdutória. 10. ed. Equipe de professores da FEA/USP. São Paulo: Atlas, 2010. QUINTANA, A. C. et al. (Org.). Exame de Suficiência do CFC Comentando: Aplicável aos demais Concursos Públicos da Área Contábil. São Paulo: Atlas, 2012. MARTINS, E.; MIRANDA, G. J.; DINIZ, J. A. Análise didática das demonstrações contábeis. São Paulo: Atlas, 2013. 16 Unidade: Demonstração do Fluxo de Caixa: Modelo Direito e Indireto Anotações Demonstrações Financeiras Suplementares Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração do Resultado Abrangente Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Alexandre Saramelli Revisão Textual: Prof. Esp. Tiago Araújo Vieira 5 Nesta unidade iremos estudar o Valor Adicionado e o Valor Abrangente, conceitos muito importantes para as empresas atualmente. Duas perguntas são fundamentais que você se faça antes de realizar esse estudo: como uma empresa pode demonstrar a riqueza que ela, efetivamente, produziu, e, como uma empresa pode demonstrar o real esforço da administração, separando os resultados que foram obra da sorte ou do azar? São duas demonstrações com conceitos novos, que mesmo os contadores mais antigos, ainda estão se acostumando. Por isso, é bem capaz que você ao aprender esses conceitos, seja agente de mudanças, auxiliando os contadores mais antigos, e não o contrário. Por isso, é muito importante que você acompanhe atentamente o texto principal (teórico) e faça com afinco os exercícios e todas as atividades previstas. Esta unidade abre as portas para esses novos horizontes da contabilidade. · Conhecer as Demonstrações do Valor Adicionado e do Resultado Abrangente, a elaboração, análise e utilização pelos usuários internos e externos da contabilidade. Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração do Resultado Abrangente • Introdução • Demonstração do Valor Adicionado (DVA) • Formação da Riqueza criada pela Empresa • Modelo para empresas em geral – Demonstração do Valor Adicionado • Exercício Resolvido • Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) • Diferença entre a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e a Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) • Exercício resolvido Demonstração do Resultado Abrangente 6 Unidade: Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração do Resultado Abrangente Contextualização Nós sempre tivemos uma relação dura de conflitos com o sindicato dos químicos, mas, ao contrário, afirmamos que valorizamos, sim, nossos trabalhadores e damos a eles uma excelente remuneração, além de vários benefícios. Você pode constatar isso olhando para a Demonstração do Valor Adicionado em nossas Demonstrações Financeiras. Hoje de manhã entrevistamos o presidente dos sindicatos dos químicos que disse que vocês não estão valorizando os trabalhadores. O que o senhor tem a dizer sobre isso? Continua a Conferência de imprensa, onde jornalistas questionam a empresa após o acidente ocorrido na fábrica do interior do Brasil, nesta manhã. Eu sou o João Augusto, da Agência de Notícias Internacional H, e a minha pergunta é sobre o relacionamento da empresa com os empregados. 7 Introdução Em particular, trata-se de duas demonstrações contábeis novas que não eram elaboradas no Brasil até a convergência do país às normas contábeis internacionais, em 2007. Essas trazem informações muito úteis, como a formação da riqueza gerada pela empresa e sua distribuição no caso da Demonstração do Valor Adicionado e situações que trazem resultados para a essa, mas que não dependem do esforço dos sócios, gerentes/administradores. Ambas as demonstrações respondem a dúvidas que antes não eram respondidas, o que beneficia investidores e usuários em geral e a sociedade como um todo. Demonstração do Valor Adicionado (DVA) A Demonstração do Valor Adicionado já é conhecida internacionalmente, há algumas décadas. Em determinados países da África, por exemplo, esta é exigida pelo Governo para qualquer empresa que deseje se instalar no território, pois o interesse é a análise do quanto será gerado de riqueza. Sobre o surgimento da DVA, alguns autores discordam quanto ao local de origem. Para Athar (1999), surgiu na Europa, enquanto Cosenza (2003), afirma que a Demonstração do Valor Adicionado surgiu nos Estados Unidos (EUA), na década de vinte, utilizada como base para cálculo dos sistemas de pagamento de incentivos governamentais. Consenza menciona, também, que o Valor Adicionado já era conhecido há duzentos (200) anos, de acordo com algumas correntes filosóficas. No Brasil, a Demonstração do Valor Adicionado, que é um dos componentes do Balanço Social, originou-se da iniciativa de diversas organizações, pesquisadores e políticos, que tinham a intenção de mostrarem aos usuários, tanto externo como internos, a transparência na geração e distribuição desses recursos. Citaremos algumas organizações, como: o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), que tinha como presidente o sociólogo Herbert de Souza; a Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas - ADCE; e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Passou a ser obrigatória no Brasil com a aprovação da Lei 11.638/07, que trouxe importantes inovações com as Normas Internacionais de Contabilidade. Uma das diferenças desta demonstração financeira e das demais, está no fator social: além de demonstrar a geração de riqueza e a sua distribuição, interage com a sociedade1, uma vez que esta contribui direta ou indiretamente, agregando valor para a economia do país. A DVA tem como base a Demonstração do Resultado do Exercício. 1 Fazem parte da sociedade os trabalhadores, proprietários, governo e terceiros. 8 Unidade: Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração do Resultado Abrangente Usuários da Demonstração do Valor Adicionado - DVA A Demonstração do Valor Adicionado é obrigatória para as sociedades de capital aberto e para as empresas que negociam ações na bolsa de valores. O número de usuários desta demonstração vem aumentando devido às informações que nela são evidenciadas, uma vez que as demais demonstrações financeiras não as fornecem. Varia desde os usuários internos (proprietário, empregados, sócios), até os externos (bancos, governo, investidores, acionistas), conforme veremos no organograma: DVA Acionistas e Sócios Empregados Governo e Sociedade Concorrentes Cliente e Fornecedor Fonte: SEBRAE Elaboração da Demonstração do Valor Adicionado - DVA A elaboração das demonstrações contábeis segue os procedimentos das Normas Brasileiras de Contabilidade – (Técnicas NBC-T-1), que são elaboradas tendo em vista a finalidade de atender, em geral, a usuários externos, de acordo com suas necessidades. A elaboração da DVA por segmentos é incentivada, pois fornece detalhes específicos e também por não haver um pronunciamento específico para segmentos. A normativa que regulamenta a DVA é a Norma Brasileira de Contabilidade – Técnica Geral (NBC-TG-09). O conceito de Valor adicionado, disposto no Pronunciamento CPC 09, é o seguinte: Valor adicionado representa a riqueza criada pela empresa, de forma geral, medida pela diferença entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de terceiros. Inclui também o valor adicionado recebido em transferência, ou seja, produzido por terceiros e transferido à entidade. Para iniciarmos a elaboração da DVA é necessário entender alguns termos utilizados em sua estrutura, conforme a NBC-TG-09: 9 • Valor Adicionado Bruto: representa a riqueza gerada e normalmente é a diferença entre receitas e o valor de insumos adquiridos de terceiros; • Valor Adicionado Líquido: é o valor adicionado bruto descontado das retenções como depreciação, amortizações e exaustões; • Valor Adicionado Recebido em Transferência: representa a riqueza gerada por terceiros; • Valor Adicionado Total a Distribuir: é o resultado da soma do valor adicionado líquido e o valor adicionado recebido em transferência. Representa o valor adicionado a serdistribuído; • Participação no Valor Adicionado Total: indica qual a participação de empregados, sócios e acionistas, governos, financiadores e credores no valor adicionado total a distribuir. Formação da Riqueza criada pela Empresa De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis - Pronunciamentos Técnicos (CPC 9) a formação de riqueza é composta pelos seguintes Itens e subitens: a) Receitas • Venda de mercadorias, produtos e serviços – inclui os valores dos tributos incidentes sobre essas receitas (por exemplo, ICMS, IPI, PIS e COFINS), ou seja, corresponde ao ingresso bruto ou faturamento bruto, mesmo quando, na demonstração do resultado, tais tributos estejam fora do cômputo dessas receitas. • Outras receitas – da mesma forma que no item anterior, são incluídos os tributos incidentes sobre essas receitas. • Provisões para créditos de liquidação duvidosa – Constituição/Reversão – incluem os valores relativos à constituição e reversão dessa provisão. b) Insumos adquiridos de terceiros • Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos – incluem os valores das matérias-primas adquiridas junto a terceiros e contidas no custo do produto vendido, das mercadorias e dos serviços vendidos, adquiridos de terceiros; não inclui gastos com pessoal próprio. • Materiais, energia, serviços de terceiros e outros – incluem valores relativos às despesas originadas da utilização desses bens, utilidades e serviços adquiridos junto a terceiros. Nos valores dos custos dos produtos vendidos, materiais, serviços, energia consumidos, devem ser considerados os tributos incluídos no momento das compras recuperáveis ou não. Esse procedimento é diferente das práticas utilizadas na Demonstração do Resultado do Exercício. • Perda e recuperação de valores ativos – inclui valores relativos a ajustes por avaliação a valor de mercado de estoques, imobilizados, investimentos e outros. • Depreciação, amortização e exaustão – inclui a despesa ou o custo contabilizado no período. 10 Unidade: Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração do Resultado Abrangente c) Valor adicionado recebido em transferência • Resultado de equivalência patrimonial – o resultado da equivalência pode representar receita ou despesa; se despesa, deve ser considerado como redução ou valor negativo. • Receitas financeiras – incluem todas as receitas financeiras, inclusive as variações cambiais ativas, independentemente de sua origem. • Outras receitas – incluem os dividendos relativos a investimentos avaliados ao custo, aluguéis, direitos de franquia e outros. Distribuição da Riqueza criada pela empresa A distribuição da Riqueza corresponde a 2ª (segunda) parte da Demonstração do Valor Adicionado (DVA). Esta deverá ser bem detalhada e conter, conforme Comitê de Pronunciamentos Contábeis – Pronunciamentos Técnicos (CPC 9), os seguintes itens e subitens: a) Pessoal, valores apropriados ao custo e ao resultado do exercício na forma de: • Remuneração Direta • Benefícios • Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) b) Impostos, taxas e contribuições – valores relativos ao imposto de renda, contribuição social sobre o lucro, contribuições ao INSS (incluídos aqui os valores do Seguro de Acidentes do Trabalho) que sejam ônus do empregador, bem como os demais impostos e contribuições a que a empresa esteja sujeita. • Federais • Estaduais • Municipais c) Remuneração de capitais de terceiros – valores pagos ou creditados aos financiadores externos de capital. • Juros • Aluguéis d) Outros • Lucros retidos e prejuízos do exercício • As quantias destinadas aos sócios e acionistas na forma de Juros sobre o Capital Próprio – JCP. Importante Dependendo do segmento da empresa, a nomenclatura dos itens e subitens é diferente. Ver Comitê de Pronunciamentos Contábeis – Pronunciamentos Técnicos (CPC 9). 11 Modelo para empresas em geral – Demonstração do Valor Adicionado DESCRIÇÃO 1 – Receitas 1.1 Vendas de mercadorias, produtos e serviços. 1.2 Outras receitas. 1.3 Receitas relativas à construção de ativos próprios. 1.4 Provisão para créditos de liquidação duvidosa – Reversão/Constituição. 2 - Insumos Adquiridos de Terceiros (incluem os valores dos impostos: ICMS, IPI, PIS e COFINS). 2.1 Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos. 2.2 Materiais, energia, serviços de terceiros e outros. 2.3 Perda/Recuperação de valores ativos. 2.4 Outras (especificar). 3 - Valor Adicionado Bruto (1-2) 4 - Depreciação, Amortização e Exaustão 5 - Valor Adicionado Líquido Produzido pela Entidade (3-4) 6 - Valor Adicionado Recebido em Transferência 6.1) Resultado de equivalência patrimonial 6.2) Receitas financeiras 6.3) Outras 7 - Valor Adicionado Total a Distribuir (5+6) 8 - Distribuição do Valor Adicionado (*) 8.1) Pessoal 8.1.1 – Remuneração direta 8.1.2 – Benefícios 8.1.3 – F.G.T.S 8.2) Impostos, taxas e contribuições 8.2.1 – Federais 8.2.2 – Estaduais 8.2.3 – Municipais 8.3) Remuneração de capitais de terceiros 8.3.1 – Juros 8.3.2 – Aluguéis 8.3.3 – Outras 8.4) Remuneração de Capitais Próprios 8.4.1 – Juros sobre o Capital Próprio 8.4.2 – Dividendos 8.4.3 – Lucros retidos/Prejuízo do exercício 8.4.4 – Participação dos não controladores nos lucros retidos (só para a consolidação) Fonte: Comitê de Pronunciamentos Contábeis – Pronunciamentos Técnicos (CPC 9) 12 Unidade: Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração do Resultado Abrangente Exercício Resolvido 1 - (Adaptada – Exame de Suficiência 2012) – A empresa Tectec S/A apresentou a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), em 31/12/20x1. Com base na DRE elabore e comente a Demonstração do Valor Adicionado: Demonstração do Resultado do Exercício 31/12/20x1 (valores em reais - R$) Receita Bruta de Vendas 900.000,00 (-) Tributos sobre as Vendas 128.000,00 Receita Líquida 772.000,00 (-) Custo das Mercadorias Vendidas 548.000,00 Lucro Bruto 224.000,00 (-) Despesa com Pessoal 99.000,00 (-) Despesa com Depreciação 10.000,00 (-) Despesa de Juros sobre Empréstimos 4.000,00 Resultado antes dos Tributos sobre o Lucro 111.000,00 (-) Imposto de Renda 17.000,00 (-) Contribuição Social 6.200,00 Resultado do Período 87.800,00 Seguem algumas informações adicionais: a) O custo de aquisição da mercadoria vendida foi calculado da seguinte forma: Valor da Mercadoria .....................................650.000,00 ICMS Recuperado ........................................102.000,00 Custo Aquisição ...........................................548.000,00 b) O valor da despesa com Pessoal é composto dos seguintes gastos: Salário .........................................................72.000,00 INSS ............................................................27.000,00 Total .............................................................99.000,00 Vamos iniciar a resolução pela estrutura da Demonstração do Valor Adicionado e, em seguida, alguns cálculos na obtenção dos valores: 13 Demonstração do Valor Adicionado em 31/12/20x1 (valores em reais - R$) 1 – Receitas 1.1 Vendas de mercadorias, produtos e serviços 900.000,00 2 - Insumos Adquiridos De Terceiros 2.1 Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos 650.000,00 3 - Valor Adicionado Bruto (1-2) 250.000,00 4 - Depreciação, Amortização e Exaustão 10.000,00 5 - Valor Adicionado Líquido Produzido pela Entidade (3-4) 240.000,00 6 - Valor Adicionado Recebido em Transferência 0,00 7 - Valor Adicionado Total a Distribuir (5+6) 240.000,00 8 - Distribuição do Valor Adicionado (*) 8.1 Pessoal 8.1.1 – Remuneração direta 72.000,00 8.2 Impostos, taxas e contribuições 8.2.1 – Federais 50.200,00 8.2.2 – Estaduais 26.000,00 8.3 Remuneração de capitais de terceiros 8.3.1 – Juros 4.000,00 8.4.3 – Lucros retidos/Prejuízo do exercício 87.800,00 Cálculos • Impostos Federais. Neste exercício é composto por: Impostode Renda (IR) + Contribuição Social ( CS) + Instituto da Seguridade Social (INSS) 1 7.000,00 + 6.200,00 + 27.000,00 = 50.200,00 • Impostos Estaduais. Neste exercício temos o Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), cujo resultado foi obtido do valor de Tributos sobre vendas – ICMS a recuperar 128.000,00 – 102.000,00 = 26.000,00. c) O valor da remuneração de capital de terceiros é de R$ 4.000,00. d) O valor distribuído para pessoal é de R$72.000,00. O exercício demonstra de forma clara e objetiva de onde veio a geração de riqueza (venda de mercadorias, produtos e serviços), e a forma que esta foi distribuída após as deduções cabíveis. O Valor Adicionado a distribuir é 240.000,00, dos quais, 4.000,00 foram para a remuneração de terceiros, e com remuneração direta, um total de 72.000,00. É visível o valor de impostos que somou 76.200,00. Por fim, 87.800,00 da riqueza gerada ficou retida na empresa na forma de lucros não distribuídos (lucros retidos). 14 Unidade: Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração do Resultado Abrangente Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) A Demonstração do Resultado Abrangente tem por finalidade apresentar as despesas, receitas e mutações do Patrimônio Líquido que não afetam diretamente os sócios na qualidade de proprietários. Estas variações não são apresentadas na DRE. De acordo com o CPC 26, outros resultados abrangentes compreendem: • Variações na reserva de reavaliação quando permitidas legalmente; • Ganhos e perdas atuariais em planos de pensão com benefício definido reconhecido; • Ganhos e perdas derivados de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior; • Ajuste de avaliação patrimonial relativo aos ganhos e perdas na mensuração de ativos financeiros disponíveis para venda; • Ajuste de avaliação patrimonial relativo à efetiva parcela de ganhos ou perdas de instrumentos de hedge em hedge, de fluxo de caixa. Ao elaborar a DRA, caso haja registro em outros resultados abrangentes de anos anteriores, estes poderão ser reclassificados para o resultado do período. Os ajustes de reclassificação também podem ser divulgados nas notas explicativas. Como por exemplo, os ganhos não realizados devem ser deduzidos dos outros resultados abrangentes no período em que são reconhecidos, no resultado líquido do período, evitando assim, que esse mesmo ganho seja reconhecido em duplicidade. Existem alguns casos específicos de itens de Receita e Despesa conhecidos como Resultados Abrangentes. Por exemplo, ganhos na remensuração de ativos financeiros disponíveis para venda, líquidos dos tributos (Normas Brasileira de Contabilidade – Técnica Geral – NBC-TG-38/Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC 38, que tratam de Instrumentos Financeiros), e perdas derivadas de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior, menos tributos sobre ajuste de conversão (NBC-TG-02/CPC 02 – trata da Conversão de Demonstrações Contábeis). Importante A palavra hedge significa proteção e pode ser definida como a cobertura financeira dos instrumentos derivativos e tem a função de cobrir riscos financeiros, como por exemplo: risco de variação de índices de preços, risco da variação da taxa de juros, risco cambial e outros. Saiba mais sobre o hedge em - http://portalcfc.org.br/wordpress 15 Diferença entre a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e a Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) O Resultado Abrangente para o período deverá ser apresentado pela empresa em duas demonstrações: A DRE e a DRA. Sendo que a DRE apresenta todas as despesas e receitas que estejam diretamente ligadas a área operacional; enquanto a DRA demonstra as despesas e receitas de outros resultados abrangentes, ou seja, que não fazem parte da DRE. Conforme Lunelli, na prática, o resultado abrangente visa apresentar os ajustes efetuados no Patrimônio Líquido, como se fosse um lucro da empresa. Por exemplo, a conta ajuste da avaliação patrimonial registra as modificações de ativos e passivos a valor justo, que pelo princípio da competência, não entram na DRE, no entanto, no lucro abrangente, estas variações serão computadas, a fim de apresentar o lucro, de forma mais próxima à realidade econômica da empresa. A Demonstração do Resultado Abrangente inicia na última linha da Demonstração do Resultado e pode ser apresentada em demonstrativo individual ou dentro da Demonstração da Mutação do Patrimônio Liquido (DMPL). Elaboração da Demonstração do Resultado Abrangente De acordo com a deliberação da Comissão de Valores Mobiliários – CMV nº 595, de 15 de setembro de 2009, a DRA possui alguns itens que são obrigatórios: • Resultado líquido do período; • Cada item dos outros resultados abrangentes, classificados conforme sua natureza (exceto montantes relativos ao item C); • Parcela dos outros resultados abrangentes de empresas investidas, reconhecidas por meio do método de equivalência patrimonial; • Resultado abrangente do período. A empresa ao elaborar a DRA deverá também apresentar os resultados líquidos e o resultados abrangentes totais do período atribuíveis, sendo: a) resultados líquidos atribuíveis: • À participação de sócios não controladores; e, • Aos detentores do capital próprio da empresa controladora. b) resultados abrangentes totais do período atribuíveis: • À participação de sócios não controladores; e, • Aos detentores do capital próprio da empresa controladora. 16 Unidade: Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração do Resultado Abrangente Modelo da Demonstração do Resultado Abrangente Demonstração do Resultado Abrangente em X1 (=) Resultado Líguido do Período X1 X0 (=/-) Outros Resultados Abrangentes Variação de Reserva de Reavaliação (quando existente) Ganhos / Perdas em Planos de Previdência Complementar ou Conversão das Demonstrações Contábeis para Exterior Ajuste de Avaliação Patrimonial (=/-) Resultados Abrangentes de Empresas Investidas (quando reconhecidas pela Equivalência Patrimonial) (=) Resultado Abrangente do Período Fonte: http://www.crcpr.org.br/new/ Exercício resolvido Demonstração do Resultado Abrangente 1 - (Adaptado Exame de Suficiência 2012) – Um dos diretores da empresa Alfha S/A, o senhor Antônio, solicitou à contadora, dona Ermelinda, algumas demonstrações financeiras. A dona Ermelinda distribuiu a tarefa entre seus assistentes e você ficará responsável pela elaboração da Demonstração do Resultado Abrangente (DRA). Seguem alguns dados para realizar a tarefa: Despesas administrativas reconhecidas durante o período 20.000,00 Ganhos na remensuração de ativos financeiros disponíveis para a venda, líquidos dos tributos 45.000,00 (-) Despesa de Juros sobre Empréstimos 4.000,00 Lucro bruto do período 255.000,00 Lucro líquido do período 360.000,00 Perdas derivadas de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior, menos tributos sobre ajuste de conversão 190.000,00 Receita de vendas realizadas durante o período 800.000,00 Resultado do período antes das receitas e despesas financeiras 240.000,00 Neste exemplo, temos alguns casos específicos de Receita e Despesa que são consideradas como Resultado Abrangente, que são os ganhos na remensuração de ativos financeiros disponíveis para venda, líquidos dos tributos e perdas derivadas de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior, menos tributos sobre ajuste de conversão. 17 Para iniciarmos a DRA, devemos ter o resultado do lucro líquido que, normalmente, é apresentado na DFC. Nesse exemplo, isso foi informado. Assim, teremos: Demonstração do Resultado Abrangente em 31/12/20X1 (em Reais - R$) Lucro Líquido do Período 360.000,00 (+) Ganhos na remensuração de ativos financeiros disponíveis para venda, líquidos dos tributos 45.000,00 (-) Perdas derivadas de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior, menos tributos sobre ajuste de conversão 190.000,00 (=) Resultado Abrangente 215.000,00 18 Unidade: Demonstração do ValorAdicionado e Demonstração do Resultado Abrangente Material Complementar Como um tema complementar aos seus estudos desta unidade, apresentamos o seguinte artigo científico: Lucro Líquido versus Lucro Abrangente: Uma análise empírica do nível de volatilidade RODNEY PEREIRA DE MACEDO (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS) ADRIANA GIAROLA VILAMAIOR (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS) LAURA EDITH TABOADA PINHEIRO (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS) Resumo O contínuo processo para melhor demonstrar a situação patrimonial das empresas culminou na obrigatoriedade da evidenciação do demonstrativo do Resultado Abrangente nos EUA, em 1997. Contrariando teóricos contábeis em alguns pontos, o Fasb determinou que certas variações patrimoniais fossem registradas no Patrimônio Líquido, compondo o Resultado Abrangente, em detrimento do reconhecimento no resultado do exercício. Essa postura foi justificada pela volatilidade que certas variações patrimoniais causariam no lucro líquido das empresas. Dada a iminente obrigatoriedade de evidenciação do resultado abrangente no Brasil, este trabalho analisa hipotética e empiricamente, a volatilidade que os outros resultados abrangentes causariam, caso fossem registrados no lucro líquido. Utiliza-se de estatística descritiva para analisar vinte e duas empresas brasileiras que divulgaram informações contábeis na NYSE, nos períodos de 2003 a 2007. Os resultados demonstram que o eventual reconhecimento dos outros resultados abrangentes causaria alta volatilidade no lucro líquido dessas empresas, sem tendência definida, no sentido de aumentá-lo ou diminuí-lo. A tradução nas demonstrações contábeis é o item que mais colabora para tal volatilidade. Palavras chave: Lucro Abrangente, Volatilidade e Resultado Abrangente. Artigo completo disponível em: http://www.congressousp.fipecafi.org/web/artigos102010/353.pdf 19 Referências BRASIL ___. Lei nº 6.404/76, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm>. Acesso em: 01/07/2014. BRASIL, Conselho Federal de Contabilidade - Resolução CFC 1.185/09 alt. 1.376/11, NBC TG 26. Disponível em: <www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_1185.doc>. Acesso em: 01/07/2014. ___. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em01/07/2014. _____.Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a legislação tributária federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários; concede remissão nos casos em que específica. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/ lei/l11941.htm>. Acesso em: 01/07/2014. Comitê de pronunciamentos contábeis (Brasília – org.). Pronunciamento conceitual básico (r1) estrutura conceitual para elaboração e divulgação de relatório contábil- financeiro. 2011. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/147_CPC00_ R1.pdf>. Acesso em: 01/07/2014. Comitê de pronunciamentos contábeis (Brasília – org.). Pronunciamento 26 (R1) Apresentação das demonstrações contábeis. 2011. Disponível em: <http://www.cpc.org. br/Arquivos/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2003.pdf >. Acesso em: 01/07/2014. IUDÍCIBUS, S. (Coord.) et al. Contabilidade introdutória. 10ª ed. Equipe de professores da FEA/USP. São Paulo: Atlas, 2010. MARTINS, E.; MIRANDA, G. J.; DINIZ, J. A. Análise didática das demonstrações contábeis. São Paulo: Atlas, 2013. p. 252. BRASIL, Conselho Federal de Contabilidade - Resolução CFC 1.185/09 alt. 1.376/11, NBC TG 26. Disponível em: <www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_1185.doc> Acesso 01/07/2014. 20 Unidade: Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração do Resultado Abrangente Anotações Demonstrações Financeiras Suplementares Notas Explicativas Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Alexandre Saramelli Revisão Textual: Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos 5 Nesta unidade, iremos estudar as notas explicativas, que sempre tiveram sua importância, mas nos últimos anos eram relevadas por muitos usuários. Entende-se, após as Normas Internacionais de Contabilidade, que as notas explicativas são imprescindíveis. No entanto, ainda não há uma definição de como exatamente devem ser as notas explicativas nesse novo contexto. Por isso, é muito importante que você acompanhe atentamente o texto principal, colocando-se no lugar de um contador interessado em dar relevância para as demonstrações financeiras da empresa. Faça os exercícios e todas as atividades previstas. Esta unidade traz um assunto da mais alta relevância na contabilidade moderna. Tornar conhecidas as Notas explicativas e capacitar o aluno a elaborá-las. Notas Explicativas · Introdução · Por que estudar Notas Explicativas 6 Unidade: Notas Explicativas Contextualização Essa pode ser uma opinião do nosso funcionário, mas podemos afirmar que a manutenção da fábrica é muito boa, segue todas as boas práticas internacionais... Nós, inclusive, temos uma nota explicativa em nossas demonstrações financeiras, explicando em detalhes esse assunto, o que não é muito comum. Pode conferir lá! Continua a Conferência de imprensa, onde jornalistas questionam a empresa após o acidente ocorrido na fábrica do interior do Brasil, nesta manhã. Sou a Rosana Cartã, do Jornal N de Fortaleza. Há cerca de um ano, quando realizávamos uma matéria sobre o mercado de capitais, incluindo grandes empresas brasileiras como a W química, a quem inclusive, confirmamos que praticamente teve seu mercado prejudicado por conta da crise internacional... Entrevistamos um funcionário da W Química que comentou com nossa equipe que não tinha confiança na manutenção da fábrica. Segundo esse funcionário, a manutenção não era bem feita. Na época, não publicamos esse comentário, mas, agora, com a explosão do silo B, pergunto: a manutenção da fábrica é boa? 7 Introdução Com a convergência do país às normas internacionais de contabilidade, é muito importante que o contador adicione dados qualitativos ao conjunto de demonstrações financeiras, sendo que as notas explicativas fazem parte desse contexto. Trata-se de um assunto de vanguarda, que está em intensa discussão no Comitê de Pronunciamentos Contábeis e na IASB. Por que estudar Notas Explicativas Em todas as publicações de demonstrações financeiras no Brasil, nos jornais, ou na internet, entre uma demonstração contábil e outra, sempre iremos encontrar o seguinte aviso: As notas explicativas são parte integrante das demonstrações � nanceiras. Em muitos casos, esse aviso (até por ser muito pequeno), passa completamente despercebido pelos usuários da contabilidade que não costumam, ou não costumavam, gastar tempo em ler as explicações, ainda mais no mundo frenético dos negócios atuais em que a agilidade e a rapidez dos negócios muitas vezes são consideradas fatores dos mais importantes. Esse pequeno aviso existe por uma determinação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) justamente para chamar a atenção sobre a importância crucial das notas explicativas, que não são apenas um comentário, pois fazem parte das próprias demonstrações financeiras. Visite o site da Comissão de Valores Mobiliários em: • http://www.cvm.gov.br Também entre os contadores não se observava uma preocupação com a elaboração das notas explicativas, sendo muitas vezes um comentário resumido sobre as políticas contábeis da empresa, às vezes, um ato cerimonial para cumprir as exigências da lei das sociedades anônimas, a Lei 6.404/76. Por conta disso, mesmo nas universidades, as notas explicativas eram (e continuam sendo) pouco estudadas, ofuscadas pelo estudo
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