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CONTABILIDADE UNIASSELVI-PÓS Autoria: Carline Rakowski Savariz Indaial - 2020 2ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2019 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: SA265c Savariz, Carline Rakowski Contabilidade. / Carline Rakowski Savariz. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 120 p.; il. ISBN 978-65-5646-047-5 ISBN Digital 978-65-5646-040-6 1. Contabilidade - Estudo e ensino. - Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 657 Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 Introdução à Contabilidade ........................................................ 7 CAPÍTULO 2 Demonstrações Contábeis ........................................................ 39 CAPÍTULO 3 Análise das Demonstrações ..................................................... 81 APRESENTAÇÃO Parafraseando Warren Buffet (BUFFETT; CLARK, 2007, p. 25), “existem muitas maneiras de descrever o que está acontecendo com uma empresa, mas seja lá o que se diga, sempre se retorna à língua da contabilidade”. A contabilidade é a ciência que estuda o patrimônio, é por meio dela que são elaborados demonstrativos e relatórios financeiros demonstrando a situação da empresa em determinado período de tempo. Por meio de uma boa contabilidade, demonstrativos financeiros e com conhecimento do que eles representam é que as empresas conseguem ter saúde financeira e conduzir as suas atividades, permanecendo competitivas. Nesta disciplina você terá uma breve noção dos aspectos fundamentais que envolvem uma contabilidade. No primeiro capítulo desta disciplina serão apresentados a estrutura conceitual básica do que é contabilidade, o que é ativo, passivo e patrimônio líquido e como é estruturado o patrimônio, as características qualitativas da informação contábil, o plano de contas, que permite ao contador organizar e padronizar os registros de operações contábeis da empresa e a estrutura das demonstrações contábeis. No segundo capítulo, apresentaremos as demonstrações contábeis obrigatórias (Demonstração de Resultados, Balanço Patrimonial, Demonstração do Fluxo de Caixa, Demonstração das Mutações Patrimoniais, Demonstração do Valor Adicionado). Neste capítulo serão apresentados o que compõem a demonstração contábil, exemplos de contas e a sua estrutura de acordo com as normas contábeis atuais. No terceiro e último capítulo da disciplina, teremos uma breve noção do que é uma análise de balanços, quais são os requisitos básicos para que possam ser analisados os indicadores e ter maiores informações sobre a situação financeira da empresa, serão apresentados alguns indicadores para análise, que são os indicadores de liquidez (liquidez seca, corrente, imediata e geral), endividamento, atividade e lucratividade e uma breve introdução à contabilidade de custos. Bons estudos! CAPÍTULO 1 Introdução à Contabilidade A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: • Saber os aspectos iniciais da contabilidade, tais como a estrutura básica, o plano de contas e a estrutura das demonstrações. • Ter a competência de identificar os aspectos básicos da contabilidade que irão conduzi-lo ao aprendizado dos demais conteúdos do livro. 8 Contabilidade 9 Introdução à ContabilidadeIntrodução à Contabilidade Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO A contabilidade é uma ciência social que tem por objeto de estudo o patrimônio. No primeiro capítulo serão apresentados os elementos básicos que compõem a contabilidade, alguns Comitês de Pronunciamentos Contábeis (CPC), lei e resoluções que regulam a contabilidade. Será de seu conhecimento qual é o objeto de estudo na contabilidade e qual é o seu objetivo. Ao final do capítulo, você terá conhecimento do que é ativo, passivo e patrimônio líquido, exemplos e definições, as características qualitativas da informação contábil e quais são. Apresentaremos o plano de contas, seu objetivo e como ele é estruturado, uma vez que permite ao contador organizar e padronizar os registros de operações contábeis da empresa. Por fim, será apresentada a estrutura das demonstrações contábeis. 2 ESTRUTURA CONCEITUAL BÁSICA DA CONTABILIDADE A Contabilidade, campo de conhecimento essencial para a formação dos agentes decisórios dos mais variados níveis, é fruto concebido da relação entre o desenrolar dos fatos econômico-financeiros e sua captação e processamento segundo os paradigmas de uma metodologia própria e potencializada pela racionalidade científica (IUDÍCIBUS; MARTINS; CARVALHO, 2005). A partir dessa afirmativa, entenderemos o funcionamento da contabilidade a partir dos aspectos básicos. Conforme exposto anteriormente, para que seja possível o agente decisório atuar, entender sua estrutura básica e elementos que compõem o patrimônio é fundamental para a formação do conhecimento. A contabilidade teve sua origem pautada no comércio e na necessidade de proteção, posse e interpretação de fatos ocorridos com sua riqueza. De acordo com Fábio Besta (1880), um grande estudioso italiano, a contabilidade é “a ciência do controle econômico”. A contabilidade é a linguagem dos negócios, pois é por meio desta que conseguimos saber como as empresas estão se desenvolvendo e como elas podem continuar competitivas no mercado. Se a contabilidade é a linguagem dos negócios e está ligada ao controle econômico, ela também tem objetivos, que de acordo com Castilho, Castilho e 10 Contabilidade Castilho (2010), resume-se em fornecer elementos para os gestores das entidades otimizarem suas administrações e para os usuários externos maximizarem os investimentos e relacionamentos. Ainda de acordo com os autores supracitados, para que a empresa e os interessados nela saibam exatamente como ela está e quais os rumos possíveis. Para que isso seja alcançado é primordial que exista uma boa contabilidade. Desta forma, o presente capítulo terá como objetivo primordial estabelecer os conceitos e os principais elementos que compõem a contabilidade. 2.1 PATRIMÔNIO E SEUS COMPONENTES O patrimônio é o objeto de estudo da contabilidade. “Patrimônio” é definido em direito civil como o conjunto de bens, direitos e obrigações economicamente apreciáveis, mas o que de fato é bem, direito e obrigação? FIGURA 1 – O PATRIMÔNIO FONTE: A autora Bem: é tudo aquilo que pode ser objeto de direito e está sujeito à utilização e à apropriação. Bens corpóreos ou tangíveis: têm existência física, podem ser tocados e vistos. • Dinheiro. • Edificações. • Terrenos. 11 Introdução à ContabilidadeIntrodução à Contabilidade Capítulo 1 • Veículos. • Móveis e utensílios de escritório. • Equipamentos de informática. • Máquinas e equipamentos industriais. • Estoque. Bens incorpóreos ou intangíveis: não existem fisicamente, embora não palpáveis ou visíveis podem ser traduzidos em moeda. • Programas de computador. • Marcas. • Patentes de fabricação. • Propriedade literária. • Propriedade científica. • Ponto comercial. Direitos: são valores a receber ou a recuperar nas transações com terceiros. • Duplicatas. • Cheques. • Operações com mercadorias. • Impostos a recuperar. • Notas promissóriasemitidas por terceiros. Obrigações: são contas a pagar ou a compensar nas transações com terceiros. • Compra a prazo de mercadorias e bens para uso. • Empréstimos e financiamentos bancários ainda não pagos. • Salários a pagar aos empregados. • Impostos e demais tributos devidos e não pagos. • Notas promissórias emitidas pela empresa. 2.1.1 Características qualitativas da informação contábil As demonstrações contábeis são elaboradas e publicadas para auxiliar os usuários em geral, já que cada tipo de usuário tem suas próprias finalidades. Por exemplo, o usuário credor utilizará as demonstrações contábeis para conceder créditos ou não àquela empresa, fornecedores utilizam as demonstrações 12 Contabilidade contábeis para conceder maiores prazos e negociação e investidores para saber a situação da empresa e decidir se investem ou não nela. Portanto, as demonstrações contábeis são elaboradas de forma que possam atender às necessidades desses usuários sem que haja prejuízo no tocante à tomada de decisões. Com base nisso, as demonstrações contábeis atendem a características qualitativas que são de grande importância para o processo de elaboração das demonstrações e, consequentemente, auxiliam o tomador de decisão. De acordo com o CPC 00 (2011, s.p.): As características qualitativas da informação contábil-financeira útil identificam os tipos de informação que muito provavelmente são reputadas como as mais úteis para investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e em potencial, para tomada de decisões acerca da entidade que reporta com base na informação contida nos seus relatórios contábil- financeiros (informação contábil-financeira). Ainda conforme o CPC 00, as características qualitativas da informação contábil-financeira útil devem ser aplicadas à informação contábil-financeira fornecida pelas demonstrações contábeis, assim como à informação contábil- financeira fornecida por outros meios. Se a informação contábil-financeira é para ser útil, ela precisa ser relevante e representar com fidedignidade o que se propõe a representar. A utilidade da informação contábil-financeira é melhorada se ela for comparável, verificável, tempestiva e compreensível (CPC 00, 2011). 13 Introdução à ContabilidadeIntrodução à Contabilidade Capítulo 1 QUADRO 1 – CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL Características qualitativas fundamentais Relevância • Informação contábil-financeira relevante é aquela capaz de fazer diferença nas decisões que possam ser tomadas pelos usuários. A informação pode ser capaz de fazer dif- erença em uma decisão mesmo no caso de alguns usuári- os decidirem não a levar em consideração, ou já tiverem tomado ciência de sua existência por outras fontes. • A informação contábil-financeira é capaz de fazer diferença nas decisões se tiver valor preditivo, valor confirmatório ou ambos. • A informação contábil-financeira tem valor preditivo se puder ser utilizada como dado de entrada em processos empregados pelos usuários para predizer futuros resulta- dos. A informação contábil-financeira não precisa ser uma predição ou uma projeção para que possua valor predi- tivo. A informação contábil-financeira com valor preditivo é empregada pelos usuários ao fazerem suas próprias predições. • A informação contábil-financeira tem valor confirmatório se retroalimentar – servir de feedback – avaliações prévias (confirmá-las ou alterá-las). • O valor preditivo e o valor confirmatório da informação contábil-financeira estão inter-relacionados. A informação que tem valor preditivo muitas vezes também tem valor confirmatório. Por exemplo, a informação sobre receita para o ano corrente, a qual pode ser utilizada como base para predizer receitas para anos futuros, também pode ser comparada com predições de receita para o ano corrente que foram feitas nos anos anteriores. Os resultados dessas comparações podem auxiliar os usuários a corrigirem e a melhorarem os processos que foram utilizados para fazer tais predições. • Materialidade - A informação é material se a sua omissão ou sua divulgação distorcida (misstating) puder influenciar decisões que os usuários tomam com base na informação contábil-financeira acerca de entidade específica que re- porta a informação. Em outras palavras, a materialidade é um aspecto de relevância específico da entidade baseado na natureza ou na magnitude, ou em ambos, dos itens para os quais a informação está relacionada no contexto do relatório contábil-financeiro de uma entidade em partic- ular. Consequentemente, não se pode especificar um limite quantitativo uniforme para materialidade ou predeterminar o que seria julgado material para uma situação particular. 14 Contabilidade Representação fidedigna • Os relatórios contábil-financeiros represen- tam um fenômeno econômico em palavras e números. Para ser útil, a informação con- tábil-financeira não tem só que representar um fenômeno relevante, mas tem tam- bém que representar com fidedignidade o fenômeno que se propõe representar. Para ser representação perfeitamente fidedigna, a realidade retratada precisa ter três atributos. Ela tem que ser completa, neutra e livre de erro. É claro, a perfeição é rara, se de fato alcançável. O objetivo é maximizar referidos atributos na extensão que seja possível. • O retrato da realidade econômica completo deve incluir toda a informação necessária para que o usuário compreenda o fenômeno sendo retratado, incluindo todas as de- scrições e explicações necessárias. Por ex- emplo, um retrato completo de um grupo de ativos incluiria, no mínimo, a descrição da natureza dos ativos que compõem o grupo, o retrato numérico de todos os ativos que compõem o grupo, e a descrição acerca do que o retrato numérico representa (por ex- emplo, custo histórico original, custo históri- co ajustado ou valor justo). Para alguns itens, um retrato completo pode considerar ainda explicações de fatos significativos sobre a qualidade e a natureza desses itens, fatos e circunstâncias que podem afetar a qualidade e a natureza deles, e os proces- sos utilizados para determinar os números retratados. • Um retrato neutro da realidade econômica é desprovido de viés na seleção ou na apre- sentação da informação contábil-financeira. Um retrato neutro não deve ser distorcido com contornos que possa receber dando a ele maior ou menor peso, ênfase maior ou menor, ou qualquer outro tipo de manip- ulação que aumente a probabilidade de a informação contábil-financeira ser recebida pelos seus usuários de modo favorável ou desfavorável. Informação neutra não significa informação sem propósito ou sem influência no comportamento dos usuários. A bem da verdade, informação contábil-fi- nanceira relevante, por definição, é aquela capaz de fazer diferença nas decisões toma- das pelos usuários. 15 Introdução à ContabilidadeIntrodução à Contabilidade Capítulo 1 • Representação fidedigna não significa exatidão em todos os aspectos. Um retrato da realidade econômica livre de erros significa que não há erros ou omissões no fenômeno retratado, e que o processo utilizado, para produzir a informação reportada, foi selecionado e foi aplicado livre de erros. Nesse sentido, um retrato da realidade econômica livre de erros não significa algo perfeitamente exato em todos os aspectos. Por exemplo, a estimativa de preço ou valor não ob- servável não pode ser qualificada como sendo algo exato ou inexato. Entretanto, a representação dessa estimativa pode ser considerada fidedigna se o mon- tante for descrito clara e precisamente como sendo uma estimativa, se a natureza e as limitações do pro- cesso forem devidamente reveladas, e nenhum erro tiver sido cometido na seleção e aplicação do proces- so apropriado para desenvolvimento da estimativa. • Representação fidedigna, por si só, não resulta nec- essariamenteem informação útil. Por exemplo, a enti- dade que reporta a informação pode receber um item do imobilizado por meio de subvenção governamental. Obviamente, a entidade ao reportar que adquiriu um ativo sem custo retrataria com fidedignidade o custo desse ativo, porém essa informação provavelmente não seria muito útil. Outro exemplo mais sutil seria a estimativa do montante por meio do qual o valor con- tábil do ativo seria ajustado para refletir a perda por desvalorização no seu valor (impairment loss). Essa estimativa pode ser uma representação fidedigna se a entidade que reporta a informação tiver aplicado com propriedade o processo apropriado, tiver descrito com propriedade a estimativa e tiver revelado quaisquer incertezas que afetam significativamente a estima- tiva. Entretanto, se o nível de incerteza de referida estimativa for suficientemente alto, a estimativa não será particularmente útil. Em outras palavras, a rele- vância do ativo que está sendo representado com fidedignidade será questionável. Se não existir outra alternativa para retratar a realidade econômica que seja mais fidedigna, a estimativa nesse caso deve ser considerada a melhor informação disponível. 16 Contabilidade Características qualitativas de melhoria Comparabilidade • As decisões de usuários implicam escolhas entre alter- nativas, como vender ou manter um investimento, ou investir em uma entidade ou noutra. Consequentemente, a informação acerca da entidade que reporta informação será mais útil caso possa ser comparada com informação similar sobre outras entidades e com informação similar sobre a mesma entidade para outro período ou para outra data. • Comparabilidade é a característica qualitativa que permite que os usuários identifiquem e compreendam similari- dades dos itens e diferenças entre eles. Diferentemente de outras características qualitativas, a comparabilidade não está relacionada com um único item. A comparação requer no mínimo dois itens. • Consistência, embora esteja relacionada com a compara- bilidade, não significa o mesmo. Consistência refere-se ao uso dos mesmos métodos para os mesmos itens, tanto de um período para outro considerando a mesma entidade que reporta a informação quanto para um único período entre entidades. Comparabilidade é o objetivo; a con- sistência auxilia a alcançar esse objetivo. • Comparabilidade não significa uniformidade. Para que a informação seja comparável, coisas iguais precisam pare- cer iguais e coisas diferentes precisam parecer diferentes. A comparabilidade da informação contábil-financeira não é aprimorada ao se fazer com que coisas diferentes pareçam iguais ou ainda ao se fazer coisas iguais pare- cerem diferentes. • Algum grau de comparabilidade é possivelmente obtido por meio da satisfação das características qualitativas fundamentais. A representação fidedigna de fenômeno econômico relevante deve possuir naturalmente algum grau de comparabilidade com a representação fidedigna de fenômeno econômico relevante similar de outra enti- dade que reporta a informação. • Muito embora um fenômeno econômico singular possa ser representado com fidedignidade de múltiplas formas, a discricionariedade na escolha de métodos contábeis alternativos para o mesmo fenômeno econômico diminui a comparabilidade. 17 Introdução à ContabilidadeIntrodução à Contabilidade Capítulo 1 Verificabilidade • A verificabilidade ajuda a assegurar aos usuários que a informação representa fidedignamente o fenômeno econômico que se propõe representar. A verificabilidade significa que diferentes observadores, cônscios e inde- pendentes, podem chegar a um consenso, embora não cheguem necessariamente a um completo acordo quanto ao retrato de uma realidade econômica em particular ser uma representação fidedigna. Informação quantificável não necessita ser um único ponto estimado para ser veri- ficável. Uma faixa de possíveis montantes com suas prob- abilidades respectivas pode também ser verificável. • A verificação pode ser direta ou indireta. Verificação direta significa verificar um montante ou outra representação por meio de observação direta, como por meio da contagem de caixa. Verificação indireta significa checar os dados de entrada do modelo, fórmula ou outra técnica e recalcular os resultados obtidos por meio da aplicação da mesma metodologia. Um exemplo é a verificação do valor con- tábil dos estoques por meio da checagem dos dados de entrada (quantidades e custos) e por meio do recálculo do saldo final dos estoques utilizando a mesma premissa adotada no fluxo do custo (por exemplo, utilizando o mét- odo PEPS). • Pode não ser possível verificar algumas explicações e alguma informação contábil-financeira sobre o futuro (forward-looking information) até que o período futuro seja totalmente alcançado. Para ajudar os usuários a de- cidirem se desejam usar dita informação, é normalmente necessário divulgar as premissas subjacentes, os méto- dos de obtenção da informação e outros fatores e circun- stâncias que suportam a informação. Tempestividade • Tempestividade significa ter informação disponível para tomadores de decisão a tempo de poder influenciá-los em suas decisões. Em geral, a informação mais antiga é a que tem menos utilidade. Contudo, certa informação pode ter o seu atributo tempestividade prolongado após o en- cerramento do período contábil, em decorrência de alguns usuários, por exemplo, necessitarem identificar e avaliar tendências. Compreensibilidade • Classificar, caracterizar e apresentar a informação com clareza e concisão torna-a compreensível. • Certos fenômenos são inerentemente complexos e não podem ser facilmente compreendidos. A exclusão de informações sobre esses fenômenos dos relatórios con- tábil-financeiros pode tornar a informação constante em referidos relatórios mais facilmente compreendida. Contu- do, referidos relatórios seriam considerados incompletos e potencialmente distorcidos (misleading). • Relatórios contábil-financeiros são elaborados para usuários que têm conhecimento razoável de negócios e de atividades econômicas e que revisem e analisem a in- formação diligentemente. Por vezes, mesmo os usuários bem informados e diligentes podem sentir a necessidade de procurar ajuda de consultor para compreensão da in- formação sobre um fenômeno econômico complexo. FONTE: Adaptado de CPC 00 (2011) 18 Contabilidade 2.2 MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS Na contabilidade, as operações que ocorrem na empresa (compras de mercadorias, vendas de mercadorias, aquisição de imobilizado, pagamentos de funcionários e demais) são registradas, e esse registro é feito por meio do “método das partidas dobradas”. Cada vez que uma operação ocorre e é registrada deve- se ter um débito e um crédito correspondente de valor igual. De acordo com Sá (2004), a partida dobrada evoluiu na Itália em uma era de início dos chamados ‘Anos de Ouro’, defluentes de profundas modificações das estruturas do regime medieval, sob a égide de uma mescla de culturas. O processo de registros contábeis que se consagrou por uma “equação” ou igualdade entre o débito e o crédito de contas, conforme alega o emérito professor Federigo Melis, surgiu na Itália, acredita-se, entre os anos de 1250 e 1280 (SÁ, 2004). Embora o método das partidas dobradas tenha sido difundido desde o século XIV, as partidas dobradas são utilizadas na contabilidade até os dias atuais. De acordo com Sá (2004), a primeira obra que se tem conhecimento sobre as partidas dobradas é ‘Aritmética, Geometria, Proporções e Proporcionalidade’, de 1494, cujo autor foi o Frei Luca Pacioli, então considerado o precursor das partidas dobradas. Conforme dito anteriormente, as partidas dobradas são o método utilizado para registrar as operações contábeis. Vejamos um exemplo: • A empresa Alfa comprou à vista um veículo para uso em suas atividades, o valor do automóvel foi deR$ 14.000,00. Portanto, conforme apontado anteriormente, deve-se ter igualdade entre o débito e o crédito. Na contabilidade, o registro da operação (fato contábil) de compra do veículo é feito da seguinte forma: D – VEÍCULOS R$ 14.000,00 (D = débito) C – CAIXA R$ 14.000,00 (C = crédito) Veja que a operação é registrada com um débito e um crédito correspondente, uma vez que ao comprar um veículo, ele fará parte do patrimônio da empresa (um bem), e como o pagamento foi feito à vista, está saindo dinheiro do caixa da empresa para tal. 19 Introdução à ContabilidadeIntrodução à Contabilidade Capítulo 1 Na contabilidade, temos as origens dos recursos e as aplicações dos recursos, ou seja, de onde são originados os recursos que a empresa tem para aplicar nela mesma. A origem dos recursos são os valores de capital próprio, ou seja, o capital que o(os) sócio(s) empregou/empregaram na empresa e os recursos buscados em fontes externas, terceiros (tais como bancos). A aplicação dos recursos é onde esses recursos são empregados na empresa, na aquisição de bens, compra de estoque, imobilizado e o que é necessário para o funcionamento da empresa. É importante saber esses aspectos iniciais sobre registros de operações para que possamos continuar com o capítulo. Na próxima seção, apresentaremos de forma mais detalhada como as operações são registradas. 3 PLANO DE CONTAS E O REGISTRO DE OPERAÇÕES DAS EMPRESAS Como demonstrado na seção anterior, a contabilidade obedece ao método das partidas dobradas, no qual para cada débito (ou débitos) deverá ter crédito (ou créditos) correspondente(s) de igual valor. A lógica do registro das operações contábeis com débito e crédito pode ser confusa no começo. Por isso, esclareceremos como elas acontecem. Primeiramente, relembrando a primeira seção do capítulo, foi apresentado como é constituído o patrimônio da empresa, certo? De bens, direitos e obrigações. Nesse primeiro momento, remetemos para ativos e passivos. No ativo, as empresas registram os seus bens e direitos e no passivo as suas obrigações (e patrimônio líquido). FIGURA 2 – ESTRUTURA DO PATRIMÔNIO FONTE: A autora 20 Contabilidade Para o registro das operações contábeis, devemos sempre obedecer a lógica: • Para cada ACRÉSCIMO no ATIVO haverá um DÉBITO. • Para cada ACRÉSCIMO no PASSIVO haverá um CRÉDITO. No entanto, quando acontecem decréscimos no ativo e passivo, ocorre o oposto do mencionado anteriormente. • Para cada DECRÉSCIMO no ATIVO haverá um CRÉDITO. • Para cada DECRÉSCIMO no PASSIVO haverá um DÉBITO. FIGURA 3 – DÉBITOS E CRÉDITOS FONTE: A autora FONTE: A autora Vejamos como acontece com as receitas e as despesas: FIGURA 4 – RECEITAS E DESPESAS 21 Introdução à ContabilidadeIntrodução à Contabilidade Capítulo 1 3.1 PLANO DE CONTAS O plano de contas é um esquema numérico com o intuito de padronização contábil. Com o plano de contas parametrizado nos sistemas contábeis, cada lançamento contábil é registrado automaticamente e organizado para mais tarde fazer a conciliação. O plano de contas obedece a um esquema numérico separado em níveis. No nível 1 é representada a classe, no nível 2 o grupo, no nível 3 o subgrupo, no nível 4 a conta, no grupo 5 a subconta e, por fim, no nível 6, o analítico. Dessa forma são organizadas as operações contábeis. Conforme demonstrado a seguir: QUADRO 2 – DESDOBRAMENTO PLANO DE CONTAS FONTE: A autora Os desdobramentos do plano de contas são feitos seguindo a divisão apresentada no quadro anterior. Para melhor exemplificar, veja como é um plano de contas a partir dos seus desdobramentos: QUADRO 3 – PLANO DE CONTAS PLANO DE CONTAS CONTABILIDADE I 1 ATIVO 1.1 ATIVO CIRCULANTE 1.1.1 CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA (DISPONÍVEL) 1.1.1.1 CAIXA 1.1.1.2 BANCOS 1.1.1.3 APLICAÇÕES FINANCEIRAS DE LIQUIDEZ IMEDIATA 1.1.2 CONTAS A RECEBER DE CLIENTES 1.1.2.1 CLIENTES NO MERCADO INTERNO 1.1.2.2 CLIENTES NO MERCADO EXTERNO 1.1.2.3 CHEQUES À VISTA A DEPOSITAR 1.1.2.4 CHEQUES A PRAZO A DEPOSITAR 1.1.2.5 CHEQUES EM COBRANÇA 1.1.2.6 (-) PERDAS ESTIMADAS EM CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA 22 Contabilidade 1.1.2.7 (-) FATURAMENTO PARA ENTREGA FUTURA 1.1.2.8 (-) AJUSTE A VALOR PRESENTE - CLIENTES 1.1.3 ESTOQUES 1.1.3.1 ESTOQUES DE MERCADORIAS PARA REVENDA 1.1.3.2 ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA 1.1.3.3 ESTOQUES DE PRODUTOS EM ELABORAÇÃO 1.1.3.4 ESTOQUES DE EMBALAGEM 1.1.3.5 ESTOQUES DE PRODUTOS ACABADOS 1.1.3.6 ESTOQUES DE MATERIAL DE EXPEDIENTE 1.1.3.7 ESTOQUES DE MATERIAL DE USO E CONSUMO 1.1.3.8 OUTROS ESTOQUES 1.1.3.9 ADIANTAMENTO A FORNECEDORES 1.1.3.10 (-) PERDAS PARA REDUÇÃO AO VALOR DE MERCADO 1.1.4 TRIBUTOS A RECUPERAR 1.1.4.1 ICMS A RECUPERAR 1.1.4.2 IPI A RECUPERAR 1.1.4.3 PIS A RECUPERAR 1.1.4.4 COFINS A RECUPERAR 1.1.4.5 IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE A COMPENSAR 1.1.4.6 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL RETIDA NA FONTE A COMPENSAR 1.1.4.7 COFINS RETIDA NA FONTE A COMPENSAR 1.1.4.8 PIS RETIDO NA FONTE A COMPENSAR 1.1.4.9 ISS A RECUPERAR 1.1.4.10 IMPOSTO DE RENDA A RESTITUIR/COMPENSAR 1.1.4.11 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL A RESTITUIR/COMPENSAR 1.1.5 ADIANTAMENTOS A FUNCIONÁRIOS 1.1.5.1 ADIANTAMENTO PARA VIAGENS 1.1.5.2 ADIANTAMENTO DE SALÁRIOS E ORDENADOS 1.1.5.3 EMPRÉSTIMOS A FUNCIONÁRIOS 1.1.5.4 ANTECIPAÇÃO DE 13º SALÁRIO 1.1.5.5 ANTECIPAÇÃO DE FÉRIAS 1.1.6 INVESTIMENTOS TEMPORÁRIOS 1.1.6.1 APLICAÇÕES FINANCEIRAS 1.1.6.2 TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS 1.1.6.3 (-) PERDAS PARA REDUÇÃO AO VALOR DE MERCADO 1.1.6.4 (-) PROVISÃO PARA PERDAS 1.1.7 DESPESAS ANTECIPADAS 1.1.7.1 PRÊMIOS E SEGUROS A APROPRIAR 1.1.7.2 ASSINATURAS E ANUIDADES A APROPRIAR 23 Introdução à ContabilidadeIntrodução à Contabilidade Capítulo 1 1.1.7.3 ALUGUÉIS PAGOS ANTECIPADAMENTE 1.1.7.4 OUTRAS DESPESAS ANTECIPADAS 1.1.8 OUTROS VALORES A RECEBER 1.1.8.1 DIVIDENDOS A RECEBER 1.1.8.2 DEPÓSITOS JUDICIAIS 1.1.8.3 EMPRÉSTIMOS A RECEBER 1.2 ATIVO NÃO CIRCULANTE 1.2.1 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 1.2.1.1 CLIENTES 1.2.1.2 APLICAÇÕES FINANCEIRAS 1.2.1.3 TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS 1.2.1.4 DEPÓSITOS JUDICIAIS 1.2.1.5 EMPRÉSTIMOS A DIRETORES 1.2.1.6 EMPRÉSTIMOS A ENTIDADES LIGADAS/COLIGADAS/CONTROLADAS 1.2.1.7 EMPRÉSTIMOS A SÓCIOS E ACIONISTAS 1.2.1.8 EMPRÉSTIMOS A EMPRESAS LIGADAS 1.2.1.9 TRIBUTOS A COMPENSAR E RECUPERAR 1.2.1.10 EMPRÉSTIMOS FEITOS COM INCENTIVOS FISCAIS 1.2.1.11 PARTICIPAÇÕES EM FUNDOS DE INVESTIMENTO 1.2.1.12 (-) PERDA DE REDUÇÃO AO VALOR DE MERCADO 1.2.1.13 (-) AJUSTE A VALOR PRESENTE 1.2.2 INVESTIMENTOS 1.2.2.1 PARTICIPAÇÃO EM COLIGADAS E CONTROLADAS 1.2.2.2 PARTICIPAÇÃO EM OUTRAS EMPRESAS 1.2.2.3 IMÓVEIS PARA LOCAÇÃO 1.2.2.4 TERRENOS PARA EXPANSÃO COMERCIAL 1.2.2.5 OBRAS DE ARTES 1.2.3 IMOBILIZADO 1.2.3.1 TERRENOS 1.2.3.2 EDIFICAÇÕES E INSTALAÇÕES 1.2.3.3 MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS 1.2.3.4 MÓVEIS E UTENSÍLIOS 1.2.3.5 VEÍCULOS 1.2.3.6 EQUIPAMENTOS DE INFORMÁTICA 1.2.3.7 FERRAMENTAS 1.2.3.8 (-) DEPREC. ACUM. - EDIFICAÇÕES E INSTALAÇÕES 1.2.3.9 (-) DEPREC. ACUM. - MÁQUINAS E EQUIPAM. 1.2.3.10 (-) DEPREC. ACUM. - MÓVEIS E UTENSÍLIOS 24 Contabilidade 1.2.3.11 (-) DEPREC. ACUM. - VEÍCULOS 1.2.3.12 (-) DEPREC. ACUM. - EQUIPAMENTOS DE INFORMÁTICA 1.2.3.13 (-) DEPREC. ACUM. - FERRAMENTAS 1.2.4 INTANGÍVEL 1.2.4.1 MARCAS ADQUIRIDAS DE TERCEIROS 1.2.4.2 PATENTES REGISTRADAS 1.2.4.3 SOFTWARE 1.2.4.4 ÁGIO (RENTABILIDADE FUTURA) 1.2.4.5 (-) AMORTIZAÇÃO ACUM. - MARCAS 1.2.4.6 (-) AMORTIZAÇÃO ACUM. - PATENTES 1.2.4.7 (-) AMORTIZAÇÃO ACUM. - SOFTWARE 2 PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2.1 PASSIVO CIRCULANTE 2.1.1 OBRIGAÇÕES SOCIAIS E TRABALHISTAS 2.1.1.1 SALÁRIOS A PAGAR 2.1.1.2 PRÓ-LABORE A PAGAR 2.1.1.3 COMISSÕES A PAGAR 2.1.1.4 INSS A RECOLHER 2.1.1.5 FGTS A RECOLHER 2.1.1.6 CONTRIBUIÇÃO SINDICAL A RECOLHER 2.1.1.7 IRRF A RECOLHER 2.1.1.8 DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO A PAGAR 2.1.1.9 FÉRIAS A PAGAR 2.1.1.10 OUTROS BENEFÍCIOS A EMPREGADOS A PAGAR 2.1.1.11 GRATIFICAÇÕES E PARTICIPAÇÕES A EMPREGADOS A PAGAR 2.1.1.12 GRATIFICAÇÕES E PARTICIPAÇÕES A ADMINISTRADORESA PAGAR 2.1.1.13 REFIS / PAES 2.1.1.14 RESCISÕES A PAGAR 2.1.2 FORNECEDORES 2.1.2.1 FORNECEDORES NACIONAIS DE MERCADORIAS 2.1.2.2 FORNECEDORES ESTRANGEIROS DE MERCADORIAS 2.1.2.3 (-) AJUSTE A VALOR PRESENTE - FORNECEDORES DE MERCADORIAS 2.1.2.4 FORNECEDORES NACIONAIS DE IMOBILIZADO 2.1.2.5 FORNECEDORES ESTRANGEIROS DE IMOBILIZADO 2.1.2.6 (-) AJUSTE A VALOR PRESENTE - FORNECEDORES DE IMOBILIZADO 2.1.2.7 CHEQUES A PAGAR 2.1.2.8 CARTÃO DE CRÉDITO A PAGAR 2.1.2.9 COMISSÕES A REPRESENTANTES A PAGAR 25 Introdução à ContabilidadeIntrodução à Contabilidade Capítulo 1 2.1.2.10 SERVIÇOS DE TERCEIROS A PAGAR 2.1.3 OBRIGAÇÕES FISCAIS 2.1.3.1 ICMS A RECOLHER 2.1.3.2 IPI A RECOLHER 2.1.3.3 COFINS A RECOLHER 2.1.3.4 PIS A RECOLHER 2.1.3.5 IRPJ A RECOLHER 2.1.3.6 (-) IR RECOLHIDO 2.1.3.7 CSLL A RECOLHER 2.1.3.8 (-) CS RECOLHIDA 2.1.3.9 SIMPLES NACIONAL A RECOLHER 2.1.3.10 IRRF S/ SERVIÇOS PROFISSIONAIS A RECOLHER 2.1.3.11 ISS A RECOLHER 2.1.3.12 PCC A RECOLHER 2.1.3.13 REFIS / PAES 2.1.4 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS 2.1.4.1 EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS A PAGAR 2.1.4.2 EMPRÉSTIMOS DE TERCEIROS A PAGAR 2.1.4.3 (-) ENCARGOS FINANCEIROS S/ EMPRÉSTIMOS A TRANSCORRER 2.1.4.4 DUPLICATAS DESCONTADAS 2.1.4.5 (-) ENCARGOS FINANCEIROS S/ DUPLIC. DESCONT. A TRANSCORRER 2.1.4.6 CHEQUES A PRAZO DESCONTADOS 2.1.4.7 FINANCIAMENTOS BANCÁRIOS A PAGAR 2.1.4.8 (-) ENCARGOS FINANCEIROS S/ FINANCIAMENTOS A TRANSCORRER 2.1.5 OUTRAS OBRIGAÇÕES 2.1.5.1 SEGUROS A PAGAR 2.1.5.2 ENERGIA ELÉTRICA A PAGAR 2.1.5.3 TELEFONE A PAGAR 2.1.5.4 ÁGUA A PAGAR 2.1.5.5 ADIANTAMENTO DE CLIENTES 2.1.5.6 DIVIDENDOS A PAGAR 2.1.5.7 ALUGUEL A PAGAR 2.1.5.8 OUTRAS OBRIGAÇÕES A PAGAR 2.1.6 PROVISÕES 2.1.6.1 PROVISÕES FISCAIS 2.1.6.2 PROVISÕES PREVIDENCIÁRIAS E TRABALHISTAS 2.1.6.3 PROVISÕES CÍVEIS 26 Contabilidade 2.1.6.4 PROVISÃO PARA GARANTIAS 2.1.6.5 PROVISÃO PARA BENEFÍCIOS A EMPREGADOS (APOSENTADORIAS E PENSÕES) 2.1.6.6 PROVISÃO PARA PASSIVOS AMBIENTAIS 2.2 PASSIVO NÃO CIRCULANTE 2.2.1 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS 2.2.1.1 EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS A PAGAR 2.2.1.2 EMPRÉSTIMOS DE TERCEIROS A PAGAR 2.2.1.3 (-) ENCARGOS FINANCEIROS S/ EMPRÉSTIMOS A TRANSCORRER 2.2.1.4 FINANCIAMENTOS BANCÁRIOS A PAGAR 2.2.1.5 (-) ENCARGOS FINANCEIROS S/ FINANCIAMENTOS A TRANSCORRER 2.2.2 FORNECEDORES 2.2.2.1 FORNECEDORES NACIONAIS 2.2.2.2 FORNECEDORES EXTERIOR 2.2.2.3 (-) AJUSTE A VALOR PRESENTE - FORNECEDORES 2.2.3 OBRIGAÇÕES FISCAIS/SOCIAIS 2.2.3.1 OBRIGAÇÕES FISCAIS 2.2.3.2 OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS 2.2.4 CONTRATOS DE MÚTUOS 2.2.4.1 MÚTUOS COLIGADAS / CONTROLADAS 2.2.4.2 MÚTUOS PESSOAS LIGADAS 2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2.3.1 CAPITAL SOCIAL 2.3.1.1 CAPITAL SOCIAL SUBSCRITO 2.3.1.2 (-) CAPITAL SOCIAL A INTEGRALIZAR 2.3.2 RESERVAS DE CAPITAL 2.3.2.1 ÁGIO NA EMISSÃO DE AÇÕES 2.3.2.2 ALIENAÇÃO DE BÔNUS DE SUBSCRIÇÃO 2.3.2.3 ALIENAÇÃO DE PARTES BENEFICIÁRIAS 2.3.3 AJUSTES AVALIAÇÃO PATRIMONIAL 2.3.3.1 AJUSTES POR NORMAS INTERNACIONAIS 2.3.3.2 AJUSTES EM OPERAÇÕES COM DERIVATIVOS 2.3.3.3 AJUSTES POR AQUISIÇÕES E FUSÕES 2.3.4 RESERVAS DE LUCROS 2.3.4.1 RESERVA LEGAL 2.3.4.2 RESERVAS ESTATUTÁRIAS 2.3.4.3 RESERVAS PARA CONTINGÊNCIAS 2.3.4.4 RESERVAS DE LUCROS PARA EXPANSÃO 27 Introdução à ContabilidadeIntrodução à Contabilidade Capítulo 1 2.3.4.5 RESERVAS DE LUCROS A REALIZAR 2.3.4.6 RESERVAS DE INCENTIVOS FISCAIS 2.3.4.7 RESERVAS DE RETENÇÃO DE LUCROS 2.3.4.8 DIVIDENDO ADICIONAL PROPOSTO 2.3.5 LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS 2.3.5.1 PREJUÍZOS ACUMULADOS 2.3.5.2 LUCROS ACUMULADOS 2.3.6 (-) AÇÕES EM TESOURARIA 2.3.6.1 (-) AÇÕES EM TESOURARIA 2.3.7 LUCRO (PREJUÍZO) DO EXERCÍCIO 2.3.7.1 LUCRO (PREJUÍZO) DO EXERCÍCIO 3 RESULTADO 3.1 RECEITA OPERACIONAL BRUTA 3.1.1 RECEITA BR. VENDAS DE PRODUTOS E SERV. 3.1.1.1 RECEITA DE VENDAS DE MERCADORIAS NACIONAIS 3.1.1.2 RECEITA DE VENDAS DE MERCADORIAS EXPORTAÇÃO 3.1.1.3 RECEITA DE VENDAS DE PRODUTOS NACIONAIS 3.1.1.4 RECEITA DE VENDAS DE PRODUTOS EXPORTAÇÕES 3.1.1.5 RECEITA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NACIONAIS 3.1.1.6 RECEITA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EXPORTAÇÕES 3.1.1.7 (-) AJUSTE A VALOR PRESENTE - RECEITA/CLIENTES 3.2 DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA 3.2.1 VENDAS CANCELADAS E DEVOLUÇÕES 3.2.1.1 DEVOLUÇÕES DE VENDAS NACIONAIS 3.2.1.2 DEVOLUÇÕES DE VENDAS EXPORTAÇÕES 3.2.2 ABATIMENTOS E DESCONTOS INCONDICIONAIS 3.2.2.1 ABATIMENTOS S/VENDAS NACIONAIS 3.2.2.2 ABATIMENTOS S/VENDAS EXPORTAÇÕES 3.2.2.3 DESCONTOS INCONDICIONAIS S/VENDAS NACIONAIS 3.2.2.4 DESCONTOS INCONDICIONAIS S/VENDAS EXPORTAÇÕES 3.2.3 IMPOSTOS SOBRE AS VENDAS 3.2.3.1 ICMS S/VENDAS 3.2.3.2 IPI S/VENDAS 3.2.3.3 PIS S/FATURAMENTO 3.2.3.4 COFINS S/FATURAMENTO 3.2.3.5 ISS S/ PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS 3.2.3.6 SIMPLES NACIONAL SOBRE FATURAMENTO 28 Contabilidade 3.3 CUSTO DAS VENDAS E PREST. DE SERVIÇOS 3.3.1 CUSTOS DAS MERCADORIAS VENDIDAS - CMV 3.3.1.1 CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS 3.3.2 CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS - CPV 3.3.2.1 CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS 3.3.3 CUSTOS DOS SERVIÇOS PRESTADOS - CSP 3.3.3.1 CUSTOS DOS SERVIÇOS PRESTADOS 3.4 DESPESAS OPERACIONAIS 3.4.1 DESPESAS VARIÁVEIS DE VENDA 3.4.1.1 COMISSÕES SOBRE AS VENDAS 3.4.1.2 FRETES SOBRE DISTRIBUIÇÃO 3.4.1.3 ROYALTIES SOBRE VENDAS 3.4.1.4 DESPESAS COM DEVEDORES DUVIDOSOS 3.4.1.5 DEVEDORES INCOBRÁVEIS 3.4.1.6 REVERSÃO DE DESPESAS COM DEVEDORES DUVIDOSOS 3.4.2 DESPESAS COM PESSOAL FIXO 3.4.2.1 SALÁRIOS E ORDENADOS DE PESSOAL 3.4.2.2 PRÓ-LABORE 3.4.2.3 HORAS EXTRAS DE PESSOAL 3.4.2.4 INSS S/ FOLHA DE PAGAMENTO 3.4.2.5 FGTS S/ FOLHA DE PAGAMENTO 3.4.2.6 DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO 3.4.2.7 FÉRIAS 3.4.2.8 RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAL 3.4.2.9 TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO 3.4.2.10 ASSISTÊNCIA À SAÚDE DE PESSOAL 3.4.2.11 ALIMENTAÇÃO DE PESSOAL 3.4.2.12 UNIFORMES DE PESSOAL 3.4.2.13 TRANSPORTES DE PESSOAL 3.4.2.14 SUBVENÇÕES SINDICAL DE PESSOAL 3.4.3 DESPESAS COM ATIVO PERMANENTE 3.4.3.1 DEPRECIAÇÃO DO IMOBILIZADO 3.4.3.2 AMORTIZAÇÃO DE INTANGÍVEIS 3.4.3.3 LEASING OPERACIONAL 3.4.3.4 ATIVOS FIXOS DE PEQUENO VALOR 3.4.4 DESPESAS GERAIS E ADMINISTRATIVAS 3.4.4.1 MATERIAL E SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO 29 Introdução à ContabilidadeIntrodução à Contabilidade Capítulo 1 3.4.4.2 MATERIAL E SERVIÇOS JURÍDICOS 3.4.4.3 MATERIAL E SERVIÇOS DE CONSULTORIA 3.4.4.4 MATERIAL E SERVIÇOS DE SEGURANÇA 3.4.4.5 AUDITORIA E CONTABILIDADE 3.4.4.6 ENERGIA ELÉTRICA 3.4.4.7 TELEFONE 3.4.4.8 ÁGUA 3.4.4.9 SEGUROS 3.4.4.10 MATERIAL DE EXPEDIENTE 3.4.4.11 DESPESAS DE VIAGENS E ESTADAS 3.4.4.12 COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES 3.4.4.13 CONSERVAÇÃO E MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS 3.4.4.14 PROPAGANDA E PUBLICIDADE 3.4.4.15 FEIRAS E EXPOSIÇÕES 3.4.4.16 TAXAS E EMOLUMENTOS 3.4.4.17 ALUGUÉIS 3.4.4.18 MATERIAL DE COPA/COZINHA 3.4.4.19 MATERIAL DE HIGIENE E LIMPEZA 3.4.4.20 IPTU 3.4.4.21 CONDOMÍNIO 3.4.4.22 JORNAIS E REVISTAS - ASSINATURAS DIVERSAS 3.4.4.23 PIS SOBRE OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS 3.4.4.24 COFINS SOBRE OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS 3.4.5 OUTROS RESULTADOS OPERACIONAIS 3.4.5.1 RECEITA DE LOCAÇÃO 3.4.5.2 DEPRECIAÇÃO DE IMÓVEIS LOCADOS 3.4.5.3 MANUTENÇÃO DE IMÓVEIS LOCADOS 3.4.5.4 IMPOSTOS E TAXAS DE IMÓVEIS LOCADOS 3.4.5.5 DIVIDENDOS RECEBIDOS DE EMPRESAS LIGADAS 3.4.5.6 RESULTADO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL 3.4.6 DESPESAS COM PROVISÕES 3.4.6.1 PROVISÕES FISCAIS 3.4.6.2 PROVISÕES PREVIDENCIÁRIAS E TRABALHISTAS 3.4.6.3 PROVISÕES CÍVEIS 3.4.6.4 PROVISÃO PARA GARANTIAS 3.4.6.5 PROVISÃO PARA BENEFÍCIOS A EMPREGADOS (APOSENTADORIAS E PENSÕES) 3.4.6.6 PROVISÃO PARA REESTRUTURAÇÃO 30 Contabilidade 3.4.6.7 PROVISÃO PARA PASSIVOS AMBIENTAIS 3.4.6.8 REVERSÃO DE PROVISÕES FISCAIS, PREVIDENCIÁRIAS, TRABALHIS- TAS E CÍVEIS 3.4.7 OUTRAS RECEITAS 3.4.7.1 VENDAS DE INVESTIMENTOS 3.4.7.2 VENDAS DE IMOBILIZADO 3.4.7.3 VENDAS DE INTANGÍVEIS 3.4.7.4 OUTRAS RECEITAS 3.4.8 OUTRAS DESPESAS 3.4.8.1 CUSTO NA VENDA DE INVESTIMENTOS 3.4.8.2 CUSTO NA VENDA DE IMOBILIZADO 3.4.8.3 CUSTO NA VENDADE INTANGÍVEIS 3.4.8.4 OUTRAS DESPESAS 3.5 RESULTADO FINANCEIRO 3.5.1 RECEITAS FINANCEIRAS 3.5.1.1 REC. FINANC. - DESCONTOS OBTIDOS 3.5.1.2 REC. FINANC. - JUROS ATIVOS/RECEBIDOS 3.5.1.3 REC. FINANC. - VARIAÇÕES MONET. ATIVAS/CAMBIAIS 3.5.1.4 REC. FINANC. - RENDIMENTOS DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS 3.5.1.5 REC. FINANC. - AJUSTE A VALOR PRESENTE ATIVO 3.5.2 DESPESAS FINANCEIRAS 3.5.2.1 DESP. FINANC. - DESCONTOS CONCEDIDOS 3.5.2.2 DESP. FINANC. - JUROS PASSIVOS/PAGOS 3.5.2.3 DESP. FINANC. - VARIAÇÕES MONET. PASSIVAS/CAMBIAIS 3.5.2.4 DESP. FINANC. - JUROS S/ EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS 3.5.2.5 DESP. FINANC. - DESPESAS BANCÁRIAS 3.5.2.6 DESP. FINANC. S/ TÍTULOS DESCONTADOS 3.5.2.7 DESP. FINANC. - IOF / CPMF 3.5.2.8 IRRF S/ APLICAÇÕES FINANCEIRAS 3.5.2.9 DESP. FINANC. - AJUSTE A VALOR PRESENTE PASSIVO 3.6 TRIBUTAÇÃO SOBRE O RESULTADO 3.6.1 PROVISÃO IMPOSTO DE RENDA 3.6.1.1 PROVISÃO IRPJ 3.6.2 PROVISÃO CONTRIBUIÇÃO SOCIAL 3.6.2.1 PROVISÃO CSLL 3.7 PARTICIPAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES 3.7.1 PARTICIPAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES 3.7.1.1 PARTICIPAÇÕES DE EMPREGADOS 31 Introdução à ContabilidadeIntrodução à Contabilidade Capítulo 1 3.7.1.2 PARTICIPAÇÕES DE ADMINISTRADORES 3.7.1.3 OUTRAS PARTICIPAÇÕES - PARTES BENEFICIÁRIAS 4 RESULTADO DO EXERCÍCIO 4.1 RESULTADO DO PERÍODO 4.1.1 RESULTADO DO PERÍODO 4.1.1.1 RESULTADO DO EXERCÍCIO FONTE: A autora O plano de contas é importante para as empresas dada a organização dos dados que ele permite, além de alimentar os dados internos da empresa. O plano de contas é ajustado conforme as necessidades de cada empresa e pode ter característica mais simplificada ou com maior detalhamento, se essa é a necessidade da empresa. 3.2 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS As demonstrações contábeis possuem finalidades e seguem um padrão de elaboração. De acordo com o CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis – 00: As demonstrações contábeis são elaboradas e apresentadas para usuários externos em geral, tendo em vista suas finalidades distintas e necessidades diversas. Governos, órgãos reguladores ou autoridades tributárias, por exemplo, podem determinar especificamente exigências para atender a seus próprios interesses. Essas exigências, no entanto, não devem afetar as demonstrações contábeis elaboradas segundo esta Estrutura Conceitual. Demonstrações contábeis elaboradas dentro do que prescreve esta Estrutura Conceitual objetivam fornecer informações que sejam úteis na tomada de decisões econômicas e avaliações por parte dos usuários em geral, não tendo o propósito de atender finalidade ou necessidade específica de determinados grupos de usuários. Demonstrações contábeis elaboradas com tal finalidade satisfazem as necessidades comuns da maioria dos seus usuários, uma vez que quase todos eles utilizam essas demonstrações contábeis para a tomada de decisões econômicas (CPO, 2011, s.p.). 32 Contabilidade QUADRO 4 – DECISÕES ECONÔMICAS (a) decidir quando comprar, manter ou vender instrumentos patrimoniais; (b) avaliar a administração da entidade quanto à responsabilidade que lhe tenha sido conferida e quanto à qualidade de seu desempenho e de sua prestação de contas; (c) avaliar a capacidade de a entidade pagar seus empregados e proporcio- nar-lhes outros benefícios; (d) avaliar a segurança quanto à recuperação dos recursos financeiros empresta- dos à entidade; (e) determinar políticas tributárias; (f) determinar a distribuição de lucros e dividendos; (g) elaborar e usar estatísticas da renda nacional; (h) regulamentar as atividades das entidades. FONTE: CPC 00 (2011, s.p.) Entendidas as finalidades das demonstrações contábeis, agora serão apresentadas a sua estrutura e obrigatoriedade. De acordo com o artigo 176 da Lei nº 6.404/76, conhecida como Lei das SA (Lei das Sociedades por Ações), as demonstrações contábeis obrigatórias são: • Balanço Patrimonial. • Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados. • Demonstração do resultado do exercício. • Demonstração dos fluxos de caixa. • Demonstração do valor adicional (se companhia aberta). • Notas explicativas. Cada demonstração possui uma finalidade para o usuário da infor- mação. Sua estrutura deve ser obedecida também de acordo com a Lei nº 6.404/76 e a Lei nº 11.638/2007. Balanço patrimonial O balanço patrimonial é a demonstração contábil que tem por objetivo demonstrar a estrutura patrimonial da empresa em determinado período, trata- se de uma demonstração apurada com base nas movimentações dos últimos 12 meses, ou seja, as operações que ocorreram do dia 1º de janeiro até o dia 31 de dezembro do ano corrente de elaboração da demonstração. A Lei nº 6.404/76 dispõe: 33 Introdução à ContabilidadeIntrodução à Contabilidade Capítulo 1 Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. § 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: I – ativo circulante; e II – ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. § 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: I – passivo circulante; II – passivo não circulante; e III – patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. § 3º Os saldos devedores e credores que a companhia não tiver direito de compensar serão classificados separadamente (BRASIL, 1976, s.p.). Demonstração de lucros ou prejuízos acumulados A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados é a demonstração contábil que tem por finalidade demonstrar ao usuário da informação o acumulado de lucros ou prejuízos daquela empresa em determinado período. A Lei nº 6.404/76 dispõe: Art. 186. A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados discriminará: I – o saldo do início do período, os ajustes de exercícios anteriores e a correção monetária do saldo inicial; II – as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício; III – as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao fim do período. § 1º Como ajustes de exercícios anteriores serão considerados apenas os decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subsequentes. § 2º A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia (BRASIL, 1976, s.p.). 34 Contabilidade Demonstração do resultado do exercício A demonstração do resultado do exercício é a demonstração que evidencia as receitas e as despesas da empresa em determinado período, se a diferença entre elas gerou lucro ou prejuízo para a empresa e o quanto (e se foi) foi distribuído do lucro aos acionistas. Juntamente ao balanço patrimonial é uma das demonstrações contábeis mais completas e muito utilizada (com outras informações) para entender a saúde financeira da empresa. A Lei nº 6.404/76 dispõe sobre a demonstração do resultado do exercício, conforme mostrado a seguir. Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I – a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II – a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III – as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV – o lucro ouprejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; V – o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI – as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; VII – o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. § 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados: a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos (BRASIL, 1976, s.p.). . Demonstrações dos fluxos de caixa e do valor adicionado A demonstração dos fluxos de caixa é a demonstração que evidencia a movimentação no caixa da empresa. Ela permite ao usuário da informação entender os aspectos relacionados às atividades das operações (da empresa, relacionadas com a sua atividade-fim), as atividades de financiamento e dos investimentos. 35 Introdução à ContabilidadeIntrodução à Contabilidade Capítulo 1 1 A Lei nº 6.404/76 é uma importante lei que rege a contabilidade. Com o intuito de aprofundar os conhecimentos sobre o patrimônio, faça uma busca na lei e traga exemplos de quais elementos dispõe: R.:____________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________. 2 Qual a ordem de apresentação com relação ao grau de liquidez do Balanço Patrimonial? a) Ordem aleatória. b) Ordem financeira. c) Ordem crescente. d) Ordem decrescente. e) Ordem patrimonial. De acordo com a Lei nº 6.404/76: Art. 188. As demonstrações referidas nos incisos IV e V do caput do art. 176 desta Lei indicarão, no mínimo: I – demonstração dos fluxos de caixa – as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa, segregando-se essas alterações em, no mínimo, 3 (três) fluxos: a) das operações; b) dos financiamentos; e c) dos investimentos; II – demonstração do valor adicionado – o valor da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como empregados, financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a parcela da riqueza não distribuída (BRASIL, 1976, s.p.). Notas explicativas As notas explicativas acompanham as demonstrações contábeis quando não é possível evidenciar informações nas demonstrações contábeis. Elas atuam como um informativo de políticas contábeis, valores que não podem ser provisionados com precisão e outros elementos importantes. Esses são os elementos que compõem a estrutura das demonstrações contábeis que as empresas são obrigadas a apresentar. 36 Contabilidade 3 Qual das características a seguir não pode ser referente a um Ativo? a) Obrigação. b) Bens ou direitos. c) Propriedade. d) Mensurável em dinheiro. e) Benefícios futuros e presentes. 4 É objeto da Contabilidade: a) Os bens, direito e situação líquida. b) O conjunto dos haveres, direitos e obrigações. c) O controle da entidade. d) O conjunto de bens, direitos e obrigações. e) A evidenciação do patrimônio, para que os bancos possam emprestar dinheiro às entidades. 5 Qual o papel desempenhado pelas demonstrações contábeis no processo de tomada de decisão? R.:____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ___________________________________________________. 37 Introdução à ContabilidadeIntrodução à Contabilidade Capítulo 1 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Nesse capítulo, foram apresentados os conceitos iniciais sobre contabilidade, conhecemos o objetivo da contabilidade e o seu objeto de estudo, os elementos que compõem o balanço patrimonial, o conceito de ativo e alguns exemplos, assim como o passivo e o patrimônio líquido. Apresentamos as características qualitativas que as informações contábeis devem ter e, consequentemente, refletirão nas demonstrações contábeis, assim como as noções básicas sobre a dinâmica do débito e crédito, essencial para o estudante de contabilidade. Conhecemos alguns Comitês de Pronunciamentos Contábeis (CPC) que normatizam esses elementos apresentados no capítulo, tal qual as leis e as resoluções do Conselho Federal de Contabilidade. Portanto, é possível inferir que o Capítulo 1 trouxe os elementos básicos que regem a contabilidade e que servirão de base para o aprendizado dos próximos capítulos. REFERÊNCIAS BESTA, F. La ragioneria. Milano: Francesco Vallardi, 1880. BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em: 14 jan. 2020. BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei- 6404-15-dezembro-1976-368447-publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em: 14 jan. 2020. BUFFETT, M.; CLARK, D. O Tao de Warren Buffett. Rio de Janeiro: Sextante, 2007. CASTILHO, E.; CASTILHO, A. S. N. de.; CASTILHO, L. F. N. Introdução à lógica contábil. São Paulo: Saraiva, 2010. 38 Contabilidade COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC). Pronunciamento Técnico CPC 00 (R1): Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de relatório Contábil-Financeiro. Brasília: CPC, 2011. Disponível em: http://www. cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80. Acesso em: 14 jan. 2020. IUDÍCIBUS, S. de; MARTINS, E.; CARVALHO, L. N. Contabilidade: aspectos relevantes da epopeia de sua evolução. Revista Contabilidade & Finanças, v. 16, n. 38, p. 7-19, 2005. SÁ, A. L. de. Luca Pacioli: um mestre do Renascimento. Brasília: Fundação, 2004. CAPÍTULO 2 Demonstrações Contábeis A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: • Saber a estrutura das demonstrações contábeis e a sua utilidade. • Ter a capacidade de compreender a estrutura das demonstrações contábeis e suas utilidades. 40 Contabilidade 41 Demonstrações ContábeisDemonstrações Contábeis Capítulo 2 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Dentre as atribuições da contabilidade, fazer relatórios e publicá-los é uma das mais importantes. Por meio das demonstrações contábeis os gestores e usuários conseguem saber de forma consistente e real a situação econômico-financeira da empresa. É por meio das demonstrações contábeis que os gestores e demais usuários as usam para tomada de decisão, tais como os gestores as utilizam para entender a saúde financeira da empresa e dessa forma conduzir sua gestão para decisões que mantenham suas atividades em prol do desenvolvimento da empresa. Já investidores, fornecedores, credores e demais usuários utilizarão as demonstrações de acordo com suas necessidades, seja para investir ou não na empresa, conceder linhas de crédito ou conceder maiores prazos para pagamento das obrigações. O objetivo da contabilidade é controlar o patrimônio das entidades, estudando sua estrutura e suasvariações. O resultado (lucro ou prejuízo de uma entidade) é função do desempenho individual de cada atividade executada no dia a dia. Comprar, vender, transportar etc. consomem recursos, portanto, a contabilidade deve sempre interagir com as demais áreas/funções da organização, a fim de registrar, controlar e informar sobre as transações que são realizadas pela entidade. Essa vinculação, ou seja, da contabilidade ao mundo dos negócios, além de necessária e estratégica, fará com que a informação contábil seja utilizada efetivamente como uma ferramenta de gerenciamento do seu negócio. Uma das maneiras de compreender a contabilidade no processo decisório é por meio do uso, pelos gestores de relatórios, de números e outros índices, para que eles possam planejar, implementar e acompanhar o andamento das estratégias sob sua responsabilidade. A contabilidade é mais antiga do que geralmente imaginamos. Ela surgiu como elemento de controle de riquezas há pelo menos 10 mil anos. Assim, a evolução da contabilidade ocorre na esteira da evolução da própria sociedade. Como o nosso objetivo, neste momento, não é discorrer longamente sobre aspectos históricos, podemos considerar que um sistema contábil voltado para a gestão da empresa teve sua prática efetivamente levada a efeito a partir da Revolução Industrial, que aconteceu entre os séculos XVIII e XIX. 2 FINALIDADE E OBRIGATORIEDADE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 42 Contabilidade As demonstrações contábeis têm por finalidade fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira e suas mudanças e fornecer informações sobre desempenho que possam ser úteis para um grande número de usuários nas suas tomadas de decisões. No entanto, por mais que as demonstrações contábeis tenham conteúdo informativo de grande relevância, somente as informações provenientes delas não são suficientes para os usuários, pois elas retratam informações financeiras passadas. De acordo com o CPC 26 (2011, s.p.): As demonstrações contábeis são uma representação estruturada da posição patrimonial e financeira e do desempenho da entidade. O objetivo das demonstrações contábeis é proporcionar informação acerca da posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que seja útil a um grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas. As demonstrações contábeis também objetivam apresentar os resultados da atuação da administração, em face de seus deveres e responsabilidades na gestão diligente dos recursos que lhe foram confiados. Ainda de acordo com o CPC 26 (2011), visando satisfazer o objetivo das demonstrações contábeis evidenciam informações sobre ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas, alterações no capital próprio mediante integralizações dos proprietários e distribuições a eles e fluxos de caixa. Essas informações, aliadas às que constam em notas explicativas, proporcionam ao usuário da informação predizer valores sobre fluxos de caixa futuros. A nova lei contábil, a Lei nº 11.638/2007 enquadrou o Brasil às novas normas contábeis, dessa forma, ela alterou a estrutura das demonstrações contábeis e determinou novas obrigatoriedades com relação às demonstrações. Com isso, fica estabelecida a obrigatoriedade das demonstrações contábeis, e, como regra geral, o conjunto completo está previsto no item 10 da NBC TG 26 (R4), são elas: (a) balanço patrimonial ao final do período; (b) demonstração do resultado do período; (c) demonstração do resultado abrangente do período; (d) demonstração das mutações do patrimônio líquido do período; (e) demonstração dos fluxos de caixa do período; (f) demonstração do valor adicionado do período; (g) notas explicativas, compreendendo as políticas contábeis significativas e outras informações. 43 Demonstrações ContábeisDemonstrações Contábeis Capítulo 2 A Lei nº 11.638/2007 ainda dispõe sobre a obrigatoriedade das demonstrações a cada enquadramento, uma vez que nem todas elas são obrigatórias a todos os enquadramentos de empresas. No quadro a seguir, veremos a quais empresas elas se aplicam. QUADRO 1 – RESUMO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OBRIGATÓRIAS ME e EPP PMEs Regra Geral B.P Obrigatório Obrigatório Obrigatório D.R Obrigatório Obrigatório Obrigatório D.R.A Facultativa Obrigatório Obrigatório D.M.P.L Facultativa Obrigatório Obrigatório D.F.C Facultativa Obrigatório Obrigatório D.V.A Facultativa Facultativa Obrigatório N.E Facultativa Facultativa Obrigatório FONTE: A autora 2.1 BALANÇO PATRIMONIAL O balanço patrimonial é a demonstração contábil que apresenta a posição patrimonial e financeira de uma empresa em determinado momento. O que é representado nessa demonstração são valores estáticos e após o fechamento dessa demonstração é muito provável que os valores passarão a ser diferentes para compor o próximo balanço. De acordo com o CPC 00, a composição do balanço patrimonial se dá por três elementos: ativo, passivo e patrimônio líquido (já vimos o que é cada um no Capítulo 1). Cada um desses elementos é representado em contas, que são denominados grupos, esses grupos são classificados em ordem decrescente de liquidez para o ativo e ordem decrescente de exigibilidade para o passivo (ASSAF NETO, 2012). Dentre os elementos que compõem o patrimônio (mais precisamente o ativo) e, consequentemente, o balanço patrimonial, temos as chamadas ‘propriedades para investimentos’, que são os terrenos mantidos para valorização a longo prazo, terrenos mantidos para uso no futuro, edifícios que sejam da entidade (desocupados ou não) e que estejam sob arrendamento e propriedade que esteja sendo construída para futura utilização. Esses elementos patrimoniais têm tratamento específico e são regulados 44 Contabilidade pelo CPC 28, que objetiva estabelecer o tratamento contábil de propriedades para investimento e respectivos requisitos de divulgação. Por se tratar de patrimônio que é mantido para fins de valorização ou de geração de caixa, eles são enquadrados no subgrupo Investimentos dentro do balanço patrimonial. Logo mais essa estrutura ficará mais clara e você conseguirá identificar esses elementos na demonstração contábil. O balanço patrimonial é segregado em duas principais partes, imagine um quadrado em que há uma linha tracejada no meio em sentido vertical, na parte esquerda está representado o ativo, também chamado de aplicação dos recursos da empresa, e pode ser dividido em ativo circulante (caixa e equivalentes de caixa, valores a receber) e ativo não circulante, que é segregado no realizável a longo prazo, investimentos (lembra do CPC 28 que vimos anteriormente?), imobilizado e intangível. No lado direito, que é também chamado de origem dos recursos, são representados o passivo e o patrimônio líquido. O CPC 26 orienta sobre a apresentação das demonstrações contábeis, diretrizes para a estrutura e requisitos mínimos para o seu conteúdo. De acordo com o CPC 26 (2011, s.p.), “este Pronunciamento Técnico não prescreve a ordem ou o formato que deva ser utilizado na apresentação das contas do balanço patrimonial, mas a ordem legalmente instituída no Brasil deve ser observada”. Isso implica dizer que o item 54 do CPC 26 (2011) simplesmente lista os itens que são suficientemente diferentes na sua natureza ou função para assegurar uma apresentação individualizada no balanço patrimonial. Adicionalmente, o CPC 26 (2011, s.p.) em seu item 57, determina que “as contas do balanço patrimonial devem ser incluídas sempre que o tamanho, natureza ou função de um item ou agregação de itens similares apresentados separadamente seja relevante na compreensão da posição financeira da entidade”. No passivo, estão as obrigações da empresa, que são a origem dos recursos aplicados, ou seja, os valores investidos no ativo. O passivo é classificado em passivo circulante e passivo não circulante. Por fim, no patrimôniolíquido, estão dispostos os recursos próprios, ou seja, o capital dos sócios investidos na empresa e os lucros da empresa. A seguir, poderemos ver a estrutura básica do balanço patrimonial. 45 Demonstrações ContábeisDemonstrações Contábeis Capítulo 2 QUADRO 2 – BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO R$ PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO R$ CIRCULANTE CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE Realizável a longo prazo PATRIMÔNIO LÍQUIDO Investimentos Imobilizado Intangível TOTAL ATIVO TOTAL PASSIVO FONTE: A autora Salienta-se que a estrutura demonstrada é a estrutura mais básica de um balanço patrimonial. O desdobramento dos subgrupos decorre das atividades das empresas, por exemplo, empresas que não possuem estoques não apresentarão no balanço patrimonial a conta estoque, como as empresas financeiras. Portanto, assim como o enquadramento de porte determina quais demonstrações contábeis são obrigatórias, com relação às contas que compõem o balanço patrimonial, serão desdobradas, considerando as suas atividades-fim. 2.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO A demonstração do resultado do exercício visa fornecer os resultados auferidos pela empresa em determinado exercício social. O lucro (ou prejuízo) do período é resultante de receitas, custos e despesas incorridos pela empresa. Quando falamos em resultado das operações de uma entidade, devemos ter em mente o saldo final obtido por ela, ou seja, o lucro ou prejuízo alcançado por uma entidade após a realização de suas atividades principais e acessórias em um período, normalmente um exercício social (um ano). Para que cheguemos a esse resultado é preciso realizar uma série de adições e subtrações, operações que são apresentadas verticalmente por esse demonstrativo. Aprenderemos, então, a elaborar a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) de uma entidade, passando por sua estrutura, principais contas que o compõem e a forma como elas estão dispostas e qual a finalidade dessa disposição. Entenderemos ainda o processo de análise desse demonstrativo, de que maneira essa análise auxilia na tomada de decisão. 46 Contabilidade De acordo com o CPC 30 (Resolução nº 1.187/2009), a receita é: Como aumento nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passivos que resultam em aumentos do patrimônio líquido da entidade e que não sejam provenientes de aporte de recursos dos proprietários da entidade. As receitas englobam tanto as receitas propriamente ditas como os ganhos. A receita surge no curso das atividades ordinárias da entidade e é designada por uma variedade de nomes, tais como vendas, honorários, juros, dividendos e royalties (CPC 30, 2009, s.p.). O CPC 30 (2009, s.p.) define: Receita – é o ingresso bruto de benefícios econômicos durante o período observado no curso das atividades ordinárias da entidade que resultam no aumento do seu patrimônio líquido, exceto os aumentos de patrimônio líquido relacionados às contribuições dos proprietários. Valor justo – é o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação ordenada entre participantes do mercado na data de mensuração. A Demonstração do Resultado do Exercício é, juntamente ao Balanço Patrimonial, a demonstração contábil que dá origem a todas as outras demonstrações de uma empresa. Ela tem o poder de evidenciar a situação econômica de uma entidade, ou seja, se ela gera lucro ou prejuízo em suas atividades operacionais, além de direcionar os gestores na definição de possíveis estratégias futuras de vendas. No Brasil, a regra é que todas as empresas sejam obrigadas a elaborar a DRE e enviá-la, no mínimo, para os órgãos governamentais para fins de controle tributário. Entretanto, há outros requisitos que fazem com que a elaboração dela seja obrigatória. Como não é apenas a lei societária que deve ser seguida pelas empresas, e nem todas são definidas como sociedades anônimas, as empresas constituídas com outras formas em seus capitais sociais também têm a obrigação da DRE. O CPC 30 (2009, s.p.) esclarece que a receita “deve ser mensurada pelo valor justo da contraprestação recebida ou a receber”. 47 Demonstrações ContábeisDemonstrações Contábeis Capítulo 2 Link para consulta do CPC 00 – Estrutura conceitual para relatórios financeiros. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/ Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80. QUADRO 3 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO R$ VENDAS DE MERCADORIAS, PRODUTOS E SERVIÇOS Vendas de Mercadorias Vendas de Produtos Vendas de Serviços (-) Deduções com Impostos, Devoluções e Descontos Incondicionais = RECEITA LÍQUIDA (-) CUSTO DAS VENDAS Custo das Mercadorias Vendidas Custo dos Produtos Vendidos Custo dos Serviços Prestados = LUCRO BRUTO (-) DESPESAS OPERACIONAIS Despesas com Pessoal Despesas Administrativas Despesas de Vendas Despesas Tributárias Depreciação e Amortização Perdas Diversas (+/-) RESULTADO FINANCEIRO Receitas Financeiras (-) Despesas Financeiras (+) OUTRAS RECEITAS (-) OUTRAS DESPESAS = RESULTADO ANTES DAS DESPESAS COM TRIBUTOS SOBRE O LUCRO (*) (-) Despesa com Imposto de Renda da Pessoa Jurídica 48 Contabilidade (-) Despesa com Contribuição Social = RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO FONTE: A autora De acordo com Almeida (2014), as receitas representam entradas brutas de benefícios econômicos durante o ano, que resultam em aumento do lucro do exercício ou redução do prejuízo do exercício da entidade e consequente acréscimo do seu patrimônio líquido, exceto os aumentos de patrimônio líquido relacionados às contribuições dos proprietários. Contribuições dos proprietários ou dos sócios para aumento do capital social da entidade são acréscimos do patrimônio líquido da entidade que não representam receitas. • Receita bruta das vendas de mercadorias, prestação de serviços ou ambas: somatório de todas as notas de venda, ou prestação de serviço, de um período; corresponde ao valor bruto das receitas. • Receita das vendas de bens do ativo permanente: valor recebido pela venda de itens do ativo permanente que exceder o valor contábil (valor pelo qual o item está registrado na contabilidade, ou seja, valor de aquisição menos depreciação acumulada dele). Exemplo: uma mesa registrada na contabilidade por R$ 100,00, sendo R$ 300,00 seu valor de compra menos depreciação acumulada de R$ 200,00, é vendida por R$ 150,00. Assim, a receita de venda desse ativo será R$ 50,00. • Rendimento das aplicações financeiras: juros e encargos recebidos pelas aplicações e investimentos realizados junto a uma instituição financeira; são chamados de receitas financeiras. • Resultado (positivo) da equivalência patrimonial: atualiza o valor do investimento realizado em outra entidade, quando o ajuste for positivo. • Aluguéis recebidos: valores recebidos por aluguel de imobilizados (quando esta não for a atividade principal da entidade). • Descontos obtidos: descontos obtidos em duplicatas a pagar geram uma diminuição no passivo da entidade e têm como contrapartida uma conta de receita, pois reduz os valores a serem pagos pela entidade; são chamados de receitas financeiras. • Doações e subvenções: valores referentes a doações, sejam em espécie (dinheiro), sejam por meio de outros ativos, como veículos, máquinas etc., bem como valores recebidos de subsídios e incentivos, podendo ser advindos do governo. • Receita das vendas de sucatas da produção: venda de rebarbas e sobras 49 Demonstrações ContábeisDemonstrações Contábeis Capítulo 2 da produção. Exemplo: uma estamparia tem como matéria-prima uma barra de alumínio; após estampar suas peças, os restos dessa barra são vendidos e o recebimento da venda é considerado receita de venda de sucatas. Um assunto bem completo dentro da contabilidade é a mensuração e a divulgação da receita.De acordo com Almeida (2014), a complexidade está no sentido de que, dependendo do segmento de negócio que a sociedade atua, será exigido um alto grau de julgamento pela administração da entidade. O fato é que a receita reconhecida terá impacto nos impostos que serão pagos pela empresa, nos dividendos que serão pagos e também o quanto irá compor o patrimônio da empresa. CPC 47 – Receita de contrato com cliente. Disponível em: h t t p : / / w w w. c p c . o r g . b r / C P C / D o c u m e n t o s - E m i t i d o s / Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=105. A conta “venda de mercadorias, produtos e serviços” é a receita bruta proveniente das atividades da empresa com a venda à vista e a prazo em determinado período. Da soma do total de mercadorias, produtos e serviços vendidos são deduzidos valores de devoluções ou cancelamentos de vendas, descontos e abatimentos e impostos sobre vendas ou serviços (ICMS, ISS, PIS e COFINS), o resultado é o valor da venda líquida. O custo das vendas é o resultado do valor do estoque inicial do período + as compras do período - o valor do estoque final. CMV = EI + C - EF No resultado financeiro é utilizado o valor da diferença entre despesas bancárias pagas, variação monetária passiva e de receitas financeiras (juro ativo, descontos obtidos, juros recebidos, variação monetária e cambial ativa). Nas despesas operacionais, constam as despesas com pessoal da produção, escritórios, despesas com as vendas de mercadorias, como marketing e fretes. Após é apurado o lucro do período e calculados os impostos referentes ao lucro da empresa, como Imposto de Renda e contribuição social. Após deduzidos os valores dos impostos é que é obtido o lucro líquido do período e então a gestão da empresa decidirá onde o lucro será aplicado, a parte que será distribuída aos acionistas, o que irá compor as reservas e o que será reinvestido na empresa. 50 Contabilidade 2.3 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE A demonstração do resultado abrangente tem por finalidade mostrar informações que não são apresentadas na demonstração do resultado. Nela, soma-se o resultado do período evidenciado na demonstração do período e outros resultados. Apesar de não fazer parte da legislação societária (Lei nº 6.404/76), a DRA foi inserida no CPC 26 como um relatório que deve fazer parte do conjunto de demonstrações das empresas pelo seu conteúdo informacional e pelo impacto que os resultados abrangentes tem no resultado líquido do período. Se observarmos a expressão “resultado líquido”, de cara lembramos da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), que apresenta a confrontação entre receitas e despesas, gerando como resultado o lucro ou prejuízo do exercício, porém, cabe lembrar que o patrimônio líquido de uma entidade não é afetado apenas pelo resultado líquido de cada período, mas sim por um conjunto de resultados que não aparecem na DRE. Um exemplo disso é o Ajuste de Avaliação Patrimonial, que surge por conta da reavaliação de algum ativo a valor justo. Este é um resultado que afeta o Patrimônio Líquido das entidades, porém não aparece na DRE. De agora em diante, daremos a esse tipo de resultado a nomenclatura de outros resultados abrangentes. Devem contar os seguintes tópicos da DRA: • Resultado líquido do período. • Itens do resultado abrangente (de acordo com a natureza). • Equivalência patrimonial. • Resultado total. São considerados resultados abrangentes: ajuste de avaliação patrimonial, variações das reservas de reavaliação e ganhos ou perdas, derivados na conversão de demonstração de operações no exterior. 51 Demonstrações ContábeisDemonstrações Contábeis Capítulo 2 Outros valores que também integram a Demonstração do Resultado Abrangente constam no CPC 26. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/312_CPC_26_R1_ rev%2014.pdf. Todos os itens de receitas e despesas que se referem a eventos ocorridos em determinado período, devem ser reconhecidos contabilmente nesse mesmo período. Nesse caso, o resultado líquido da DRE é aquele informado na última linha desse relatório e representa a diferença entre receitas e despesas. Já na DRA, a última linha indicará o resultado do exercício ajustado por eventuais eventos que serão estudados nos tópicos seguintes, os quais denominamos de resultados abrangentes. Originalmente, a DRA deveria ser um relatório que representaria uma continuação da DRE, ou seja, pelo conteúdo da norma contábil que trata do assunto (NBC TG 26) e do pronunciamento contábil (CPC 26), teríamos um único relatório que expressasse o resultado do empreendimento. Isso porque, conforme o teor das normas aqui indicadas, a demonstração do resultado e outros resultados abrangentes (que é o conteúdo da DRA) devem apresentar, além das seções da demonstração do resultado e de outros resultados abrangentes: (a) o total do resultado (do período), apurado e informado na DRE; (b) o total de outros resultados abrangentes; e (c) o resultado abrangente do período, sendo o total do resultado e de outros resultados abrangentes. QUADRO 4 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE = RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO (+/-) diferenças de câmbio na conversão de operações no exterior (+/-) resultado líquido sobre ativos financeiros disponíveis para venda (+/-) parcela de outros resultados abrangentes de coligadas (+/-) ajustes de exercícios anteriores (=) resultado abrangente total do exercício FONTE: A autora 52 Contabilidade 2.4 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO – DMPL Essa é a demonstração que tem por objetivo apresentar todas as mudanças que ocorreram nas contas que compõem o patrimônio líquido em determinado período. De acordo com Montoto (2011), a DMPL tem por objetivo apresentar os lançamentos credores e devedores na conta Lucros ou Prejuízos acumulados, que é uma das contas do patrimônio líquido. Na DMPL, entendemos o acúmulo e a destinação dos lucros em determinado período ou o tratamento dos prejuízos, caso estes tenham ocorrido. A DMPL pode substituir a obrigatoriedade de elaboração e apresentação da DLPA, mas como pode um demonstrativo substituir a exigência de outro? A resposta é simples! A DMPL é bem mais ampla, pois demonstra todas as variações (mutações) ocorridas no Patrimônio Líquido da entidade. Por outro lado, a DLPA se restringe a explicar as variações ocorridas na conta de Lucros ou Prejuízos acumulados. Entretanto, depois das alterações que ocorreram na Lei das Sociedades Anônimas, em 2007, causadas pela promulgação da Lei nº 11.638/07, a conta de Lucros Acumulados não pôde mais continuar a receber valores (BRASIL, 2007). Ao invés de acumular valores ao longo de períodos, os saldos de Lucros precisam de uma destinação. Dessa forma, a DLPA passou a ter como principal função o cálculo das reservas e de dividendos do período, entre outros itens obrigatórios. A conta de Lucro do exercício ainda existe, sendo essa devidamente distribuída no período e, caso a empresa tenha prejuízo, ou prejuízos acumulados, estes podem figurar no patrimônio líquido normalmente. De acordo com o CPC 26 (2011), para cada componente do patrimônio líquido, a entidade deve apresentar, ou na demonstração das mutações do patrimônio líquido ou nas notas explicativas, uma análise dos outros resultados abrangentes por item. 53 Demonstrações ContábeisDemonstrações Contábeis Capítulo 2 Capital Social Integralizado Reserva de Capital Reservas de Lucros Lucros ou Prejuízos Acumulados Outros Resultados Abrangentes Patrimônio Líquido Consolidado Saldos Iniciais X 0 Aumento de Capital Ações em Tesouraria Adquiridas Ações em Tesouraria Vendidas Dividendos Transações de Capital com os Sócios Ajustes de Instrumentos Financeiros Equiv. Patrim. s/ Ganhos Abrang. de Coligadas Ajustes de Conversão do Período Outros Resultados Abrangentes Ajustes de Instrum.
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