Buscar

Enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

enfrentamento à
violência sexual contra
crianças e adolescentes
A CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL 
E O ESTATUTO DA 
Criança e do 
Adolescente 
e a Legislação 
Complementar
Fernando Luz 
2
NOSSA VOZ. NOSSA FORTALEZA.
SUMÁRIO
1. Breve contexto histórico...........................................................................19
2. Convenção sobre os Direitos da Criança .................................................22
3. Constituição Federal.................................................................................26
4. Estatuto da Criança e do Adolescente .........................................................27
5. Outras normas relacionadas ao enfrentamento da violência sexual ....30
Referências .....................................................................................................30
Perfis do autor e do ilustrador ....................................................................32
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 19
Breve contexto 
HISTÓRICO
O processo de redemocratização no Bra-
sil coincide, principalmente na década de 
1980, com um período em que se constata, 
em nível mundial, uma mudança profun-
da do olhar da sociedade sobre crianças 
e adolescentes: estes passam a ser vistos 
como sujeitos de direitos e não mais como 
objetos de tutela.
Até então, a legislação brasileira sobre 
crianças e adolescentes era marcada 
pelo que se denominou de Doutri-
na da Situação Irregular, que 
permeou todo o conjunto 
das políticas sociais bra-
sileiras com um caráter 
paternalista, assistencia-
lista e tutelar. 
A superação do assis-
tencialismo e do pater-
nalismo ocorre quando 
se supera a visão de que o 
atendimento das necessi-
dades básicas dessa popu-
lação não era um favor, mas 
sim direitos legal e constitu-
cionalmente assegurados. 
Indiscutivelmente, houve 
uma mudança paradigmática. 
A visão da “criança-objeto” da 
“criança menor” é confrontada 
por forte mobilização social que 
percebia a criança como sujeito 
de direitos (PINHEIRO, 2006). 
#FICAADICA 
POR QUE É INAPROPRIADO CHAMAR 
A CRIANÇA E O ADOLESCENTE DE MENOR?
Porque esse termo remonta ao período em que o olhar do Estado para com 
crianças e adolescentes, sob a ótica da Doutrina da Situação Irregular, 
somente os enxergava como pessoas “portadoras de necessidades” e, quando 
muito, podiam receber algumas benevolências assistenciais. A partir da 
visão traduzida pela Doutrina da Proteção Integral, indistintamente todas 
as crianças e adolescentes são vistos como sujeitos de direitos. O próprio 
sentido da palavra denota uma visão superada de superioridade do adulto 
em relação a crianças e adolescentes. Portanto, por mais que possa parecer 
um simples ato de encurtar a forma como se identifica esse grupo etário, 
a expressão carrega um significado bastante depreciativo e totalmente 
descompassado com as normas vigentes. Não cometa esse erro!
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 19
#FICAADICA 
Você sabia que o conjunto de 
Direitos da Criança e do Adolescente 
é fundamentado e baseado na 
Declaração Universal dos Direitos 
Humanos, que são propostos 
em dez princípios que devem ser 
respeitados e preconizados?
Veja detalhadamente cada um 
dos princípios que fundamenta os 
direitos das crianças:
1. Todas as crianças, 
independentemente de cor, 
sexo, língua, religião ou 
opinião, devem ter os direitos 
garantidos.
Este primeiro princípio é o 
que garante que toda criança 
será assistida dos direitos 
propostos pela Unicef, com base 
na Declaração dos Direitos da 
Pequena Criança.
Neste conjunto de direitos, a 
criança poderá desfrutar de todos 
os direitos desta declaração, 
sem distinção de raça, religião, 
nacionalidade, idioma, opiniões 
políticas ou razão de qualquer outra 
natureza que seja inerente à 
própria criança ou à sua família.
2. A criança será 
protegida e 
terá direito ao 
desenvolvimento 
físico, mental, 
moral, espiritual e 
social adequados.
Este princípio garante o direito a 
proteção especial da criança para o 
seu desenvolvimento físico, mental 
e social. Ou seja, ela terá proteção 
e a oportunidade de dispor de 
serviços estabelecidos por lei que 
possam ajudá-la no seu processo 
de desenvolvimento, seja físico, 
mental, moral, espiritual e social.
Esses serviços devem ser 
estabelecidos em lei e oferecidos 
de forma saudável e normal, além 
de terem condições de liberdade e 
dignidade para as crianças.
3. Crianças têm direito 
a nome e nacionalidade.
Este princípio garante que toda 
criança tem direito, desde o seu 
nascimento, a ter um nome e uma 
nacionalidade.
O registro do nome fica sob 
a responsabilidade dos pais ou 
responsáveis legais da criança, 
bem como a alegação de sua 
nacionalidade.
4. Toda criança terá direito a 
alimentação, recreação e 
assistência médica.
Neste princípio é assegurado 
a toda criança o direito a ter 
alimentação, moradia e assistência 
médica adequadas, tanto para 
criança, quanto para mãe.
A criança e sua mãe então 
poderão ter a garantia de uma boa 
saúde, onde são disponibilizados 
cuidados especiais que vão desde o 
pré-natal até o pós-natal, além de 
um local para morar e os serviços 
médicos adequados.
20 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 21
5. Toda criança portadora 
de necessidades especiais 
terá direito a tratamento, 
educação e cuidados 
especiais.
Este princípio é voltado 
para a garantia de que a saúde, 
a educação e o tratamento 
de crianças portadoras de 
necessidades especiais 
seja oferecida.
Essas crianças sofrem algum 
tipo de impedimento social e 
devem receber o tratamento 
adequado para sua inserção na 
sociedade, tendo também em vista 
as particularidades do seu caso.
6. Toda criança precisa 
de amor e compreensão.
Neste princípio é garantido 
que toda criança deve ter direito 
ao amor e à compreensão tanto 
por parte dos pais, quanto 
da sociedade.
Por estar em fase de 
desenvolvimento, a criança 
necessita de amor e compreensão 
para que ela cresça de maneira 
plena e harmoniosa, tendo o 
amparo necessário dos pais e 
responsáveis.
7. Toda criança terá direito a 
receber educação, que será 
gratuita pelo menos 
no grau primário.
Este princípio aborda a 
garantia do direito à educação 
gratuita das crianças e o direito ao 
lazer infantil.
O interesse da criança em 
aprender deve ser superior e 
direcionador daqueles que têm a 
responsabilidade de educá-los.
Portanto, a criança deve 
ter seus ensinamentos e 
aprendizados através de 
dinâmicas lúdicas como jogos 
e brincadeiras, além de ter o 
direito de receber a educação 
escolar de forma gratuita e 
obrigatória, pelo menos nas 
etapas elementares.
Ela necessita de uma educação 
que favoreça sua cultura geral 
e lhe permita, em condições de 
igualdade de oportunidades, 
desenvolver suas aptidões e sua 
individualidade, seu senso de 
responsabilidade social e moral, 
vindo a ser um membro 
útil à sociedade.
8. Toda criança estará, em 
qualquer circunstância, 
entre os primeiros a receber 
proteção e socorro.
Este princípio fala sobre o 
direito da criança de ser socorrida 
em primeiro lugar, em casos de 
acidentes ou catástrofes. Ela 
deve figurar entre os primeiros a 
receber proteção e auxílio.
9. A criança será protegida 
contra qualquer crueldade e 
exploração.
Neste princípio é garantido o 
direito à criança de ser protegida 
contra o abandono e a exploração 
no trabalho.
A criança não deve ser objeto 
de nenhum tipo de tráfico e nem 
ser utilizada como mão de obra 
para qualquer tipo de trabalho sem 
ter uma idade mínima adequada.
Ela também não pode se ocupar 
de nenhum tipo de emprego ou 
trabalho que possa prejudicar 
sua saúde ou a sua educação, 
ou impedir seu desenvolvimento 
físico, mental ou moral.
10. Toda criança terá proteção 
contra atos de discriminação.
O último princípio trata do 
direito da criança de crescer 
dentro de uma sociedade solidária,compreensiva, fraterna e justa.
Ela deve ser protegida contra 
toda e qualquer prática que 
fomente a discriminação racial, 
religiosa ou de qualquer outra 
espécie, devendo ser educada 
dentro de um espírito de 
compreensão, tolerância, 
 amizade entre os povos, 
paz e fraternidade universais 
e com plena consciência de que 
deve consagrar suas energias 
e aptidões ao serviço 
de seus semelhantes.
22 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
O mais importante neste movimento é a 
afirmação da universalidade dos direitos 
da criança. Não se trata mais de categorizar 
a criança e o adolescente como algo menor, 
como faziam os dois Códigos de Menores 
(1927 e 1979), mas de afirmar sua condição 
humana, a condição de plenos credores de 
direitos humanos gerais e especiais, em ra-
zão de sua condição geracional.
 A violência sexual passa a integrar a 
agenda pública a partir do momento que 
suas principais vítimas, as mulheres, pas-
sam a denunciar e revelar esta forma es-
pecífica de violação de direito. 
O processo de atuação e mobilização da 
sociedade civil brasileira, durante e após 
a ditadura militar, leva a uma agenda de 
reconhecimento de uma série de direitos. 
Nesse cenário, ganha força o entendimento 
de que a violência sexual representa uma 
grave violação de direitos humanos e refle-
xo de um país desigual, com grupos sociais 
sem direitos e sem cidadania. 
A violência sexual, embora denunciada 
há muito tempo, passa a compor a agenda 
pública brasileira a partir do final dos anos 
de 1970. O processo de enfrentamento da 
violência sexual contra crianças e adoles-
centes, portanto, é marcado por esta trajetó-
ria de afirmação dos direitos das mulheres 
e dos direitos de crianças e adolescentes. 
O Brasil avançou bastante em relação 
à proteção de crianças e adolescentes no 
tocante as suas normas. A proposta aqui é 
identificar tais avanços a partir de três nor-
mas essenciais: a Convenção sobre os Di-
reitos da Criança, de 1989 (CDC); a Consti-
tuição Federal de 1988 (CF/88); e o Estatuto 
da Criança e do Adolescente, de 1990 (ECA). 
No entanto, é preciso ressaltar que, em-
bora esse avanço normativo seja um passo 
importante, depende do desenvolvimento 
de políticas públicas protetivas e garanti-
doras de direitos para ter concretude. 
Apesar desses grandes avanços norma-
tivos, o Brasil ainda enfrenta imensos de-
safios para assegurar a dignidade humana 
de suas crianças e adolescentes, o que é 
também uma realidade mundial.
Convenção 
sobre 
OS DIREITOS 
DA CRIANÇA
Com a vigência da CDC, a qual repercute 
na concepção da CF/88 e do ECA, impõe-se 
uma outra forma de compreender e agir 
em relação a crianças e adolescentes, sus-
tentada pela concepção da Doutrina da 
Proteção Integral.
CDC: MUDANÇAS PARADIGMÁTICAS
A essência da 
CDC coloca 
para o mundo 
uma mudança 
paradigmática.
Criança como 
objeto de tutela 
(Doutrina 
de Situação 
Irregular).
Criança enquanto 
um Sujeito de 
Direitos (Doutrina 
da Proteção 
Integral).
Da Convenção se extraem quatro prin-
cípios que norteiam a realização dos di-
reitos de crianças e adolescentes, que po-
dem ser assim sintetizados: 
• Direito à Participação: as crianças, 
como pessoas e sujeitos de direito, 
podem e devem expressar suas opi-
niões nos temas que lhes afetam;
• Direito à sobrevivência e ao de-
senvolvimento: as medidas que 
tomam os Estados-membros para 
preservar a vida e a qualidade de 
vida das crianças devem garantir 
um desenvolvimento com harmonia 
nos aspectos físico, espiritual, psico-
lógico, moral e social, considerando 
suas aptidões e talentos;
• Interesse superior da criança: to-
das as políticas e decisões devem 
considerar com primazia o interesse 
superior da criança;
• Não discriminação: nenhuma crian-
ça deve sofrer discriminação por 
motivos de raça, credo, cor, gênero, 
idioma, casta, região, território ou 
condição física.
Esses princípios devem balizar a imple-
mentação das normas disciplinadoras dos 
direitos da criança, que, por seu turno, são 
agrupáveis em quatro categorias: direitos à 
sobrevivência, direitos ao desenvolvimento, 
direitos à proteção e direitos à participação. 
Em suma, a criança deve ter promovi-
do e garantido o direito à vida, o direito de 
desenvolver sua vida e suas potencialida-
des com autonomia, o direito de partici-
par e ter suas opiniões respeitadas, mas, 
quando quaisquer desses direitos forem 
violados, tem o direito de ser protegida.
É importante destacar ainda que, em 
2000, foi firmada uma espécie de comple-
mento à Convenção, com a mesma força 
normativa, denominado de Protocolo Fa-
cultativo à Convenção sobre os Direitos da 
Criança referente à Venda de Crianças, à 
Prostituição Infantil e à Pornografia Infan-
til1, o qual aborda, em maior profundida-
de, questões relacionadas à exploração se-
xual de crianças e adolescentes, que serão 
melhor investigadas ao longo do curso.
1 Adotado em 25 de maio de 2000 e ratificado 
pelo Brasil em 27 de janeiro de 2004. Ver 
Decreto 5007, de 8 de março de 2004
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 23
24 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
TÁ NA Lei
Princípio da não 
discriminação (art. 2):
1. Os Estados Partes respeitarão os 
direitos enunciados na presente 
Convenção e assegurarão sua 
aplicação a cada criança sujeita 
a sua jurisdição, sem distinção 
alguma, independentemente de 
raça, cor, sexo, idioma, crença, 
opinião política ou de outra 
índole, origem nacional, étnica 
ou social, posição econômica, 
deficiências físicas, nascimento 
ou qualquer outra condição da 
criança, de seus pais ou de seus 
representantes legais.
2. Os Estados Partes tomarão 
todas as medidas apropriadas 
para assegurar a proteção 
da criança contra toda forma 
de discriminação ou castigo 
por causa da condição, das 
atividades, das opiniões 
manifestadas ou das crenças 
de seus pais, representantes 
legais ou familiares.
Princípio do interesse superior 
DA criança (art. 3):
1. Todas as ações relativas às 
crianças, levadas a efeito 
O QUE DIZ A CONVENÇÃO?
por instituições públicas 
ou privadas de bem-estar 
social, tribunais, autoridades 
administrativas ou órgãos 
legislativos, devem 
considerar, primordialmente, 
o interesse maior da criança.
Direito à vida, à sobrevivência 
e ao desenvolvimento (art. 6):
1. Os Estados Partes reconhecem 
que toda criança tem o direito 
inerente à vida.
2. Os Estados Partes assegurarão 
ao máximo a sobrevivência e o 
desenvolvimento da criança.
Direito à participação (art. 12):
1. Os Estados Partes assegurarão 
à criança que estiver capacitada 
a formular seus próprios juízos 
o direito de expressar suas 
opiniões livremente sobre 
todos os assuntos relacionados 
com a criança, levando-se 
devidamente em consideração 
essas opiniões, em função da 
idade e maturidade da criança.
2. Com tal propósito, será 
proporcionada à criança, em 
particular, a oportunidade de 
ser ouvida em todo processo 
judicial ou administrativo que a 
afete, quer diretamente quer por 
intermédio de um representante 
ou órgão apropriado, em 
conformidade 
com as regras processuais da 
legislação nacional.
Proteção contra toda forma 
de violência (art. 19) 
1. Os Estados Partes adotarão 
todas as medidas legislativas, 
administrativas, sociais e 
educacionais apropriadas para 
proteger a criança contra todas 
as formas de violência física ou 
mental, abuso ou tratamento 
negligente, maus tratos ou 
exploração, inclusive abuso 
sexual, enquanto a criança 
estiver sob a custódia dos 
pais, do representante legal 
ou de qualquer outra pessoa 
responsável por ela.
Proteção contra a violência 
sexual (art. 34):
1. Os Estados Partes se 
comprometem a proteger a 
criança contra todas as formas 
de exploração e abuso sexual. 
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 25
Nesse sentido, os Estados Partes 
tomarão, em especial, todas as 
medidas de caráter nacional, 
bilateral e multilateral que 
sejamnecessárias para impedir:
a) o incentivo ou a coação para 
que uma criança se dedique 
a qualquer atividade sexual 
ilegal;
b) a exploração da criança 
na prostituição ou outras 
práticas sexuais ilegais;
c) a exploração da criança em 
espetáculos ou materiais 
pornográficos.
Atenção às vítimas de toda 
forma de violência (art. 39):
Os Estados-partes adotarão todas 
as medidas apropriadas para 
estimular a recuperação física 
e psicológica e a reintegração 
social de toda criança vítima de: 
qualquer forma de abandono, 
exploração ou abuso; tortura 
ou outros tratamentos ou 
penas cruéis, desumanos 
ou degradantes; ou conflitos 
armados. Essa recuperação e 
reintegração serão efetuadas 
em ambiente que estimule a 
saúde, o respeito próprio e a 
dignidade da criança.
26 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
Constituição 
Federal
No final dos anos 1980, ao tempo da rea-
lização do processo constituinte brasileiro 
(1988), conclui-se o longo processo de es-
tabelecimento da CDC. 
Neste período, o Criança Constituin-
te e o Criança Prioridade Nacional, dois 
movimentos da sociedade civil, estabele-
cem no texto constitucional nascente os 
princípios da proteção integral dos direi-
tos da criança e do adolescente com abso-
luta prioridade. 
Pode-se perceber no destaque do pará-
grafo 4º, do art. 227, a relevância atribuída 
ao enfrentamento da violência sexual con-
tra crianças e adolescentes, pois em todo 
o texto constitucional, somente neste 
dispositivo a violência sexual foi expli-
citamente tratada.
A Constituição Federal consagra logo 
em seu art. 5º a condição de que crianças 
e adolescentes são sujeitos de direitos, ao 
dispor que “Todos são iguais perante a lei, 
sem distinção de qualquer natureza”. 
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 27
Além disso, no tocante a crianças e ado-
lescentes, afirma, em seu art. 227, os princí-
pios da prioridade absoluta, da responsabi-
lidade tripartite e da condição de sujeitos de 
direitos a contarem com proteção integral. 
Há ainda, nesse dispositivo legal, referência 
expressa ao tema da violência sexual. 
TÁ NA Lei
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Art. 227. É dever da família, da 
sociedade e do Estado assegurar 
à criança e ao adolescente, com 
absoluta prioridade, o direito à vida, 
à saúde, à alimentação, à educação, 
ao lazer, à profissionalização, à 
cultura, à dignidade, ao respeito, à 
liberdade e à convivência familiar e 
comunitária, além de colocá-los a 
salvo de toda forma de negligência, 
discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão. (...)
§ 4º A lei punirá severamente o 
abuso, a violência e a exploração 
sexual da criança e do adolescente.
Estatuto 
da Criança 
E DO ADOLESCENTE
O Brasil foi o primeiro país a promulgar 
um marco legal (o ECA), em 1990, em 
consonância com a Convenção sobre os 
Direitos da Criança (1989), decorrido ape-
nas um ano de sua aprovação no âmbito 
das Nações Unidas. Estima-se que o ECA 
tenha inspirado reformas legislativas em 
diversos países. 
LINHA DO Tempo
A simples leitura do art. 1º das duas edições do Código de 
Menores, comparada ao último art. 1º, já denota claramente 
a mudança da nova legislação, que trata universalmente 
todas as crianças e adolescentes a partir do mesmo 
patamar de sujeitos de direitos. Confira:
DO CÓDIGO DE MENORES AO ECA
1927 - Art.1º O menor, de um ou outro sexo, abandonado 
ou delinquente, que tiver menos de 18 anos de idade, 
será submetido pela autoridade competente às medidas 
de assistência e proteção contidas neste Código.
1979 - Art. 1º Esta Lei dispõe sobre assistência, proteção 
e vigilância a menores.
1990 - Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral 
à criança e ao adolescente.
28 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
O ECA apresenta inovações que até 
hoje não encontram similaridade em ou-
tros países, a exemplo dos Conselhos de 
Direitos, com composição paritária e cará-
ter formulador, deliberativo e de controle 
social das políticas públicas destinadas 
a crianças e adolescentes, bem como os 
Conselhos Tutelares, eleitos na própria 
comunidade e com independência dos 
três Poderes, com as funções de ouvidoria 
comunitária e de fiscalização dos progra-
mas de atendimento.
Além disso, a partir do Estatuto, foi 
implementado um sistema de justiça e 
de segurança específico para crianças e 
adolescentes, com a criação de Juizados 
da Infância e Juventude, bem como Nú-
cleos Especializados no Ministério Público 
e Defensoria, além de delegacias especia-
lizadas, tanto para atendimento de crian-
ças e adolescentes vítimas quanto autores 
da violência. Contudo, essa implantação 
ainda é insuficiente para as dimensões do 
país e sua diversidade regional, em espe-
cial em áreas de difícil acesso e de maior 
vulnerabilidade social. 
Pode-se ler que a própria Conven-
ção, a Constituição Federal e o Estatuto 
da Criança e do Adolescente afirmam ao 
longo de seus dispositivos quatro grupos 
de direitos da criança e do adolescente: à 
vida, ao desenvolvimento, à proteção e à 
participação. Estes direitos não excluem, 
porventura, quaisquer outros dispostos 
nos distintos tratados internacionais de 
direitos humanos, já abordados no curso. 
Tais grupos de direitos revelam, de for-
ma inequívoca, a concepção de que crian-
ças e adolescentes são sujeitos de direi-
tos, na medida em que a lei dispõe sobre 
todo um conjunto de condições a serem 
asseguradas a esse público, sem as quais 
não podem viver com dignidade. O ECA 
dispõe detalhadamente sobre o direito à 
educação, à saúde, ao lazer, à profissiona-
lização, com definições claras de atribui-
ções e condições. 
No ECA encontram-se também as di-
retrizes para a atuação sistêmica das 
instituições quando inobservado o con-
junto de direitos de que são credores as 
crianças e os adolescentes. O fato de 
que esse conjunto de regras, princípios 
e diretrizes estejam normatizados re-
presentam um passo fundamental 
para que sua observância seja exigí-
vel. É o que permite dar concretu-
de e exigibilidade à realização da 
Doutrina da Proteção Integral. 
Quanto à violência sexual, 
compreende-se que representa 
todo ato atentatório ao direito 
humano ao desenvolvimento se-
xual da criança e do adolescente, 
praticado por agente em situação 
de poder e de desenvolvimento se-
xual desigual em relação a crianças e 
adolescentes vítimas. 
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 29
Esta abordagem permite entender que:
1. a violência sexual é uma violação 
aos direitos humanos de crianças e 
adolescentes;
2. crianças e adolescentes têm direito 
ao desenvolvimento harmonioso 
de sua sexualidade; 
3. a violência sexual pode ser realiza-
da por atos complexos; e 
4. e a violência sexual é praticada por 
alguém numa situação de poder e 
desenvolvimento sexual desigual 
em relação à vítima. 
O autor da violência sexual se vale des-
sa relação desigual, razão pela qual ela 
deve ser considerada como conduta ilegal, 
a demandar a devida responsabilização.
Portanto, crianças e adolescentes 
têm o direito de ter sua sexualidade 
protegida e promovida em obser-
vância a sua condição peculiar de 
pessoa em desenvolvimento (Art. 
6º do ECA), e este direito impõe 
um comportamento proativo à 
sociedade e ao Estado para a ga-
rantia de seu exercício. 
ASSISTA A ESSES VÍDEOS INTERESSANTES SOBRE O TEMA:
Direitos Humanos: o que são e para que servem? 
(Plataforma EduLivre) -
www.edulivre.org.br/trilhas/19467/direitos-humanos-o-
que-sao-e-para-que-servem.
Prof. Antonio Carlos Gomes da Costa – Princípios do ECA -
www.youtube.com/watch?v=It-bZaFuXP0&t=44s.
#FICAADICA 
30 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
Referências
BRASIL. Convenção sobre os Direitos 
da Criança (Decreto nº 99.710/1990 
– Promulga a Convenção sobre os 
Direitos da Criança). Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/1990-1994/d99710.htm. Acesso 
em: 02 out. 2019.
BRASIL. Constituiçãoda República 
Federativa do Brasil. Brasília: Casa Civil, 
1988. Disponível em http://www4.planalto.
gov.br/legislacao. Acesso em: 02 out. 2019.
BRASIL. Estatuto da Criança e do 
Adolescente (Lei nº 8069/1990). Disponível 
em: http://www4.planalto.gov.br/
legislacao. Acesso em: 02 out. 2019.
BRASIL. Protocolo Facultativo à Convenção 
sobre os Direitos da Criança referente 
à venda de crianças, à prostituição 
infantil e à pornografia infantil (Decreto 
nº 5.007/2004 – Promulga o Protocolo 
Facultativo). Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2004/Decreto/D5007.htm. Acesso 
em: 02 out. 2019.
 
Outras normas 
relacionadas 
AO ENFRENTAMENTO 
DA VIOLÊNCIA SEXUAL
Vale destacar que à luz de toda essa con-
cepção de infância e adolescência pre-
sente na CDC, CF e ECA é incompatível 
com a violação do direito ao desenvol-
vimento sexual saudável e protegido de 
crianças e adolescentes. 
Por isso mesmo as condutas que con-
figuram violência sexual representam cri-
mes, sejam aqueles tipificados no próprio 
ECA ou os tipificados no Código Penal. 
Ademais, é preciso enfatizar ainda a 
correlação do tema com o Código de Pro-
cesso Penal, que vai dar às autoridades 
competentes os parâmetros para a apu-
ração de tais delitos e a responsabilização 
de quem os comete. 
O processo de elaboração, alteração e 
consolidação do marco normativo até en-
tão experimentado no Brasil tem demons-
trado o amadurecimento da necessidade 
de se pôr em prática a Doutrina da Prote-
ção Integral. Porém, é necessário avaliar 
as alterações na dinâmica social, e, por 
consequência, nos fatores influenciado-
res das situações de violação de direitos.
Contata-se que as normas internacio-
nais e nacionais expressam uma opção 
ético-jurídico-política. Ao reconhecer a ci-
dadania e a condição humana de crianças 
e adolescentes como sujeito de direitos, o 
Brasil assume, especialmente o poder pú-
blico, a responsabilidade pela promoção, 
controle e garantia desses direitos. 
Contudo, é notória a dissonância en-
tre o que preconizam as normas e a reali-
dade percebida. 
Milhões de crianças e adolescentes são 
vítimas da violação de seus direitos pelo 
mundo adulto todos os dias, e em alguns 
países a violência sexual ganha caráter 
endêmico. A explícita preocupação nor-
mativa com essa forma de violência é jus-
tificada por sua extensão (alcança muitas 
crianças e adolescentes), mas, sobretudo, 
por suas graves consequências para o in-
divíduo que a sofre e para a coletividade, 
gerando medo e reproduzindo relações de 
poder dominadoras.
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 31
CADERNO de Textos do PAIR nº 2: 
Conteúdos para Capacitação. Disponível 
em: http://pair.ledes.net/gestor/titan.
php?target=openFile&fileId=1108. Acesso 
em: 02 out. 2019. 
CARVALHO, F. L.; PAIVA, L.; ROSENO, R. 
Estudo Proteger e Responsabilizar. O 
desafio da resposta da sociedade e do 
Estado quando a vítima da violência 
sexual é criança ou adolescente. Brasília: 
Comitê Nacional de Enfrentamento 
da Violência Sexual contra Crianças e 
Adolescentes, 2007.
COUTINHO, Carlos Nelson. O Estado 
brasileiro: gênese, crise e alternativas. 
In: LIMA, Júlio et NEVES, Lúcia (Orgs.). 
Fundamentos da Educação Escolar do 
Brasil Contemporâneo. Rio de Janeiro: 
Editora Fiocruz, 2006.
FAÇA Bonito. Plano Nacional de 
Enfrentamento da Violência Sexual contra 
Crianças e Adolescentes, 2015. Disponível 
em: https://www.facabonito.org.br/plano-
nacional. Acesso em: 02 out. 2019.
PAIVA, Leila. Violência Sexual Contra 
Crianças e Adolescentes como Violação 
dos Direitos Humanos: Construções 
Históricas e Conceituais. Violência 
Sexual Contra Crianças e Adolescentes: 
cenários amazônicos, rede de proteção 
e responsabilidade empresarial. Rio de 
Janeiro: Lumen Juris, 2017. v. 1. pp. 77-106.
PINHEIRO, Ângela. Criança e adolescente 
no Brasil: porque o abismo entre a lei e a 
realidade. Fortaleza: Editora UFC, 2006.
Realização
NOSSA VOZ. NOSSA FORTALEZA.
Apoio
FERNANDO LUZ (autor)
Advogado, graduado em Direito pela Universidade Federal do Ceará (UFC), mestre em 
Gestão do Conhecimento pela Universidade Católica de Brasília e integrante do Grupo 
de Pesquisa Núcleo de Estudos e Pesquisas Avançadas no Terceiro Setor (NEPATS) da 
Universidade Católica de Brasília. É consultor do projeto Edulivre (Unesco e Sesi). Atuou 
como consultor jurídico do Conselho Nacional do Sesi, coordenador adjunto do PAIR 
Mercosul, coordenador das áreas de encaminhamento e monitoramento do Disque 100 
e assessor técnico do Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra 
Crianças e Adolescentes da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. 
RAFAEL LIMAVERDE (ilustrador)
É ilustrador, chargista e cartunista (premiado internacionalmente) e xilogravurista. 
Formado em Artes Visuais pelo Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia 
do Ceará (IFCE). Escreve e possui livros ilustrados nas principais editoras do Ceará e 
em editoras paulistas.
EXPEDIENTE: FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA João Dummar Neto Presidente André Avelino de Azevedo 
Diretor Administrativo-Financeiro Raymundo Netto Gerente Editorial e de Projetos Emanuela Fernandes 
e Aurelino Freitas Analistas de Projetos UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Viviane Pereira Gerente 
Pedagógica Marisa Ferreira Coordenadora de Cursos Joel Bruno Designer Instrucional CURSO 
ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Valéria Xavier Concepção e 
Coordenadora Geral Leila Paiva Coordenadora de Conteúdo Amaurício Cortez Editor de Design e Projeto 
Gráfico Miqueias Mesquita Designer/Diagramador Rafael Limaverde Ilustrador Milena Bandeira Revisora
ISBN: 978-85-7529-936-4 (Coleção) 
ISBN: 978-85-7529-938-8 (Fascículo 2)
Este fascículo é parte integrante do Programa de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em decorrência do Termo de Fomento celebrado entre a Fundação 
Demócrito Rocha e a Câmara Municipal de Fortaleza, sob o nº 001/2019.
Todos os direitos desta edição reservados à:
Fundação Demócrito Rocha
Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora 
Cep 60.055-402 - Fortaleza-Ceará 
Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 - Fax (85) 3255.6271
fdr.org.br 
fundacao@fdr.org.br

Continue navegando