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G u i l h e r m e F r e i r e d e M e l o B a r r o s Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro — UFRJ (2005) Ex-Defensor Público do Estado do Espírito Santo (2006-2008) Procurador do Estado do Paraná (2008) Pós-graduando em Direito Processual Civil pelo Instituto Romeu Bacellar E-mail: barrosguilherme@yahooxom.br DEFENSORIA PUBLICA L e i c o m p le m e n t a r n ° . 80/1994. Dicas para realização de provas de concursos artigo por artigo 23 edição Atualizada de acordo com a LC n£ 132/2009 2010 EDITORA. 4 ÍODtVM EDITORA. jusPODIVM www.editorajuspodivm.com.br Capa: Carlos Rio Branco Batalha Diagramação: Caetê Coelho Caetel984@gmail.com Conselho Editorial Antônio Gidi Nestor Távora Dirley da Cunha Jr. Pablo Stolze Gagliano Leonardo de Medeiros Garcia Robério Nunes Filho Fredie Didier Jr. Roberval Rocha Ferreira Filho Gamil Fõppel El Hireche Rodolfo Pamplona Filho José Henrique Mouta Rodrigo Reis Mazzei José Marcelo Vigliar Rogério Sanches Cunha Todos os direitos reservados às Edições JwsPODIVM. Copyright: Edições JwsPODIVM É terminantemente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, sem a expressa autorização do autor e da Edições J 2/5 PODIVM. A violação dos direitos autorais caracteriza crime descrito na legislação em vigor, sem prejuízo das sanções civis cabíveis. Rua Mato Grosso, 175 -P ituba, CEP: 41830-151 - Salvador - Bahia Tel:.(71) 3363-8617/Fax: (71) 3363-5050 E-mail: livros@editorajuspodivm.com.br Site: www.editorajuspodivm.com.br &ODIVM EDITORA fcPODIVM Dedicatória Dedico este livro a dois grandes de fensores públicos: ANTONIO FORTES DE PADUA NETO, defensor público do estado de São Paulo, meu grande amigo desde os tempos da graduação, que persegue diaria mente a aplicação do princípio da isono- mia entre ricos e pobres; e IARA FREIRE DE MELO BARROS, defensora pública do estado do Rio de Janeiro, minha mãe, responsável direta por todas as conquistas que tive na vida, pois sempre esteve ao meu lado. Mãe, obrigado, te amo. Homenagem Faço deste livro uma homena gem a todas as Defensorias Públicas do Brasil, em especial à Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo, que me acolheu e me iniciou profis sionalmente. Que este livro seja uma singela forma de demonstrar meu ca rinho e admiração por esta carreira e esta Instituição, cujo trabalho é tão nobre e, ao mesmo tempo, lamenta velmente tão pouco valorizado. P r o p o s t a d a C o l e ç ã o L e is E s p e c ia is p a ra C o n c u r s o s A coleção Leis Especiais para Concursos tem como objetivo prepa rar os candidatos para os principais certames do país. Pela experiência adquirida ao longo dosanos, dando aulas nos prin cipais cursos preparatórios do país, percebi que a grande maioria dos candidatos apenas lêem as leis especiais, deixando os manuais para as matérias mais cobradas, como constitucional, administrativo, processo civil, civil, etc.. Isso ocorre pela falta de tempo do candidato ou porque falta no mercado livros específicos (para concursos) em relação a tais leis. Nesse sentido, a Coleção Leis Especiais para Concursos tem a in tenção de suprir uma lacuna no mercado, preparando os candidatos para questões relacionadas às leis específicas, que vêm sendo cada vez mais contempladas nos editais. Em vez de somente ler a lei seca, o candidato terá dicas específicas de concursos em cada artigo (ou capítulo ou título da lei), questões de concursos mostrando o que os examinadores estão exigindo sobre cada tema e, sobretudo, os posicionamentos do STF, STJ e TST (prin cipalmente aqueles publicados nos informativos de jurisprudência). As instituições que organizam os principais concursos, como o CESPE, utilizam os informativos e notícias (publicados na página virtual de ca da tribunal) para elaborar as questões de concursos. Por isso, a necessi dade de se conhecer (e bem!) a jurisprudência dos tribunais superiores. Assim, o que se pretende com a presente coleção é preparar o leitor, de modo rápido, prático e objetivo, para enfrentar as questões de prova envolvendo as leis específicas. Boa sorte! Leonardo de Medeiros Garcia (Coordenador da co leção) leonardo@leonardogarcia. com. br leomgarcia@yahoo. com. br www. leonardogarcia. com. br S u m á r io Proposta da Coleção Leis Especiais para Concursos.......................... 9 Apresentação da 2a edição....................................................................... 13 Apresentação.............................................. .............................................. 15 Lei complementar n° 80, de 12 de janeiro de 1994.............................. 19 Anexo I Informativos do STF relacionados à Defensoria Pública................... 203 Anexo II Quadro Geral de artigos mais cobrados em concurso........................ 213 Anexo III Entendimentos mais importantes do STJ e do STF............................ 227 Anexo IV Questões específicas da Defensoria Pública de São Paulo.................. 231 Anexo V Questões específicas das Defensorias Públicas dos Estados............... 247 Bibliografia................................................................................................ 265 11 A p r e s e n t a ç ã o d a 2a e d i ç ã o Foi com grande satisfação que recebi o pedido de atualização deste livro sobre a Defensoria Pública para lançamento da 2a edição, o que significa que a receptividade do público tem sido boa. Para esta segunda edição, a obra foi atualizada para se adequar à promulgação da Lei Complementar n° 132, de 07 de outubro de 2009, que alterou diversos dispositivos da Lei Orgânica Nacional da Defen soria Pública. O livro foi ampliado através de novos comentários aos dispositivos, inserção de novas questões de provas de concursos, bem como de infor mativos de jurisprudência. Além disso, incluímos dois novos anexos. O primeiro compila os entendimentos mais importantes do STF e do STJ sobre a Defenso ria Pública. O segundo contém questões de concursos de Defensorias Públicas Estaduais que cobraram conhecimento de sua própria lei or gânica. Gostaria de agradecer aos leitores, que fizeram possível esta segun da edição. Obrigado pela acolhida. Agradeço, em especial, àqueles que me escreveram e-mails com dúvidas, comentários, sugestões, críticas. Esse diálogo me ajuda a reestudar os conceitos doutrinários, ler acór dãos, buscar respostas, enfim, pensar sobre a Defensoria Pública. To mara que esta nova edição permita que cheguem ainda mais e-mails que me ajudem a melhorar cada vez mais o livro. Curitiba, janeiro de 2010. Guilherme Freire de Melo Barros bairosguilherme@yahoo.com.br A p r e s e n t a ç ã o A proposta deste livro é analisar a Lei Complementar n° 80, de 1994, com os olhos voltados para sua cobrança e aplicação em concur sos públicos de ingresso nas carreiras da Defensoria Pública. Essa, ali ás, é a diretriz que orienta a Coleção Leis Especiais para Concursos. O que quero proporcionar ao leitor/concursando é uma ferramenta prática, de leitura rápida, clara e objetiva. Para isso, faço alguns esclarecimentos. A análise não é feita artigo por artigo, mas sim em blocos de artigos, referentes ao mesmo assunto. Dessa forma, o texto fica menos repetiti vo e a análise dos institutos, mais sistemática. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tri bunal Federal está inserida dentro da análise do assunto, de modo que o leitor poderá identificar a interpretação dos Tribunais Superiores acerca de cada matéria. De igual modo, as questões de concursos constam logo abaixo do assunto tratado. O intuito é agilizar a leitura e a compreensão acerca do modo decobrança da matéria no concurso público. Além disso, o livro conta com três anexos. O primeiro apresenta entendimentos jurisprudenciais pretéritos, para possibilitar ao leitor a verificação de entendimentos antigos dos tribunais. O segundo traz um quadro com os dispositivos mais importantes para concursos públicos. O terceiro elenca algumas questões da Defensoria Pública do Estado de São Paulo que se referem a matérias específicas de sua lei orgânica. Por fim, um desabafo. A Defensoria Pública é Instituição cujo papel constitucional e social é importantíssimo. Ela lida com aqueles que estão marginalizados, que desconhecem seus direitos, que não tem o comer ou vestir, que não tem dinheiro para voltar para sua casa após receber o atendimento (não há defensor público no Brasil que nunca tenha dado dinheiro a um assisti do para pagar o ônibus, ao menos uma vez). A Defensoria Pública luta 15 G u il h e r m e F r e ir e d e M e l o B a r r o s diariamente, incansavelmente, incessantemente, para levar ao hipossu- ficiente um pouco de cidadania, de dignidade. Mais do que seu papel constitucional, essa é forma de a Defensoria Pública contribuir para um Brasil melhor. Apesar dessa nobre e relevante função, a verdade é que a Defenso ria Pública ainda é muito desvalorizada no país. Sequer todos os estados da federação criaram e organizaram suas Defensorias Públicas. Muitos o fizeram de forma tosca, para inglês ver. A grande maioria das Defensorias Públicas passa por situação se melhante à de seus assistidos - penúria, falta de tudo um pouco: o nú mero de defensores públicos é pequeno; a estrutura física de trabalho é ruim; não há atendimento na maioria das cidades do interior; faltam equipamentos básicos (computador, impressora, máquina copiadora); não há quadro de servidores administrativos e de apoio; a remuneração do defensor público é muito inferior à de outras carreiras jurídicas. A Defensoria Pública que não sofre com esses problemas, como a do Rio de Janeiro, é não mais do que um oásis num deserto. É preciso mudar radicalmente esse sinistro quadro. A Defensoria Pública precisa ser devidamente reconhecida e valorizada. É trabalho de anos, hercúleo, mas que precisa ser feito por todos aqueles que que rem ver uma Defensoria Pública forte, pujante, capaz de prestar ao ne cessitado um serviço jurídico de excelência. E a valorização da Instituição Defensoria Pública começa pela pró pria grafia de seu nome. Incrível notar que inúmeras questões de con curso contêm o nome da Instituição grafado em minúsculo: defensoria pública. Nenhuma, porém, apresenta o Ministério Público com grafia em minúsculo: ministério público - de igual modo, Poder Judiciário está sempre em maiúsculo. Com razão. Afinal, são nomes próprios de Instituições da mais alta respeitabilidade no seio de nossa sociedade. E motivo não há para que seja diferente com a Defensoria Pública - menos ainda ao considerar uma prova de concurso para ingresso na carreira da... Defensoria Pública! Enfim, espero, torço e luto sinceramente para que a Defensoria Pú blica alcance seu devido e merecido reconhecimento. Através da união 16 A p r e s e n t a ç ã o de esforços de todos — defensores públicos de direito, de fato e de cora ção (eu) acredito que podemos mudar esse panorama e, quem sabe, esse desabafo não se tome, em alguns (poucos) anos, obsoleto e ultra passado. Será uma grande alegria reescrever esta apresentação um dia num futuro próximo e afirmar que aquele desabafo ficou pra trás, que são águas passadas. Curitiba, janeiro de 2008. Guilherme Freire de Melo Barros 17 L e i c o m p le m e n t a r n° 80, d e 12 d e j a n e ir o d e 1994 -ív^Jí^ ^êfôSM^óli^ ^^^^BMi^ ^^É^SS&f^OT^^eímsiuméhto. .J- r í í - ^ . í k ' .y: : ■ -v do.regimedèmoeraticò/ fundamentalmente*-^ pro-: V^%mdção:iUqts?'díreitòs.;;h;ümàíiÔs- -^vã:;d ^ e - -extrajudicial, dòs direitos inüividtia ia^ integral e gra- ; : * :t ó do ••• - '■ } ' -;;-5v^3]pfc^ ^^ ^ ^ *“HW^/vT?& tv>T: . •. "^/âa; Lípiãõ ^i : í;'^ ^ í.r ^V; ^^ ^ ;?X --: •'•::-',; í/i .^■•^tlr^à Défenspiia Púbiica do .Distntò Federal-e^os Tem . -. ’’ V^V-lir^ ás Dèferísorias Públicas dos Estados. . : V Lei Complementar ne 80/1994: a Lei Complementar que vamos estudar in gressou em nosso ordenamento jurídico em 12 de janeiro de 1994, com o objetivo de organizar a Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e dos Territórios, aiém de prescrever normas gerais para a organização das Defensorias Públicas nos estados. Ao longo de seus mais de 15 anos de exis tência, a Lei Orgânica da Defensoria Pública passou por algumas alterações legislativas, sendo a mais recente a LC n5 132, de 7 de outubro de 2009. LC 80/94' Organiza - Normas gerais Defensoria Pública da União Defensoria Pública do Distrito Federal e Territórios » Defensoria Pública dos Estados 19 G u il h e r m e F r e ir e d e M el o B a r r o s 2. Divisão de artigos e temas na LC n9 80/94: a Lei Complementar em exame disciplina a Defensoria Pública como um todo. Para isso, traz disposições gerais, aplicáveis a quaisquer das suas instituições, nos artigos l 9 a 42. Em seguida, são apresentadas as normas pertinentes à Defensoria Pública da União nos artigos 59 a 51. A Defensoria Pública do Distrito Federal e Territórios é disciplinada nos artigos 52 a 96. Por fim, as normas gerais para as Defensorias Públicas estaduais estão previstas nos artigos 97 a 135. Os artigos 136 a 149 se referem a disposições finais e transitórias. . - Tema W ê W ê ê í : Artigos Disposições gerais l s a 42 Defensoria Pública da União 52 a 51 Defensoria Pública do Distrito Federal e Territórios 52 a 96 Defensorias Públicas dos Estados 97 a 135 Disposições finais e transitórias 136 a 149 3. Defensoria Pública na Constituição da República: a Constituição da Repú blica de 1988 apresenta um extenso rol de direitos e garantias fundamen tais em seu artigo 5o, com destaque para o inciso LXX1V, que estabelece o dever do Estado de prestar "assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos." Para atender a esse direito fundamental, a Constituição da República de 1988 previu expressamente a instituição da Defensoria Pública, outorgando-lhe a missão de prestar serviços jurídicos aos necessitados. Prevê o artigo 134 o seguinte: "A De fensoria Pública é instituição essencial à função jurísdicional do Estado> incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados na forma do art. S g, LXXIV A redação do dispositivo constitucional traz importantes características acerca da Instituição. Primeiro, trata-se de instituição essencial à função jurisdicional, o que significa que sua criação e manutenção não são me ras faculdades ou opções políticas dos governantes, que poderiam criar ou extinguir a Defensoria Pública, por conveniência e oportunidade. Pelo contrário, a criação da Defensoria Pública é dever, é imposição constitu cional, de modo que o chefe do executivo que não cria, nem a equipa adequadamente, está violando a Constituição da República. O § l 9 do artigo 134 determina que cabe à Lei Complementar organizar a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal, bem como estabelecer 20 L ei c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4 normas gerais para as Defensorias Públicas dos Estados. Trata-se preci samente da LC ns 80/1994, objeto de nosso estudo. Ao lado das normas gerais trazidas pela Lei Orgânica nacional, os Estados devem criar suas le gislações próprias para regera carreira, Com relação ao ingresso na carreira, o dispositivo constitucional exige a aprovação em concurso público de provas e títulos. Ainda no § l 9 do artigo 134, foi estabelecida uma garantia e uma vedação.O defensor público tem garantida constitucionalmente sua inamovibiíida- de, o que se significa que não pode ser removido de seu posto de trabalho - ressalvadas hipóteses excepcionais. Além disso, foi vedado o exercício de advocacia fora das atribuições institucionais. A disciplina constitucional da Defensoria Pública segue com o § 29 do arti go 134, inserido pela Emenda Constitucional n9 45/2004, que promoveu a chamada Reforma do Judiciário. O § 22 garantiu às Defensorias Públicas dos Estados autonomia funcional e administrativa, bem como a iniciativa de sua proposta orçamentária ~as Defensorias Públicas da União e do Distrito Fede ral não foram contempladas com tais autonomias. Por sua vez, o artigo 168 determina que "os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos ór gãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defenso ria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos". A inserção desse dispositivo na Constituição significou conquista impor tante para a Defensoria Pública, pois lhe garante independência para atu ar somente com os olhos voltados a seu objetivo constitucional, que é a prestação de serviços jurídicos aos necessitados. K CARACTERÍSTICAS PÁ DEFEMSORtÁ PÚBU^lsiQ PUNÒ ÇÓNST1TÚÇIONÁL Função essencial à Jurisdição.______________________________________________________________ Incumbida da orientação jurídica e defesa, em todos os graus, dos necessitados (art. 5S, LXXiV).___________________________________________________________________________________ LC organiza Defensoria Pública da União e Distrito Federa! e estabelece normas ge- rais para as Defensorias Públicas dos Estados.____________________________________________ ingresso na carreira mediante aprovação em concurso público de provas e títulos. Garantia da inamovibilidade._______________________________________________________________ Vedação de advocacia fora das atribuições institucionais._______________________________ Autonomia funcional e administrativa e iniciativa de sua proposta orçamentária (apenas para as Defensorias Públicas dos Estados, não para União e Distrito Federal), devendo seus recursos ser repassados até o dia 20 de cada mês em duodécimos. 21 G u il h e r m e F r e ir e d e M el o B a r r o s -> Aplicação em concurso: • DP/MS - 2008 - VUNESP Tendo em vista o que disciplina a Constituição Federal a respeito da Defenso ria Pública, analise as afirmativas a seguir. I. A Defensoria Pública é instituição- auxiliar à função jurisdicionaí do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa dos necessitados, na forma da lei. II. Lei complementar organizará a Defensoria Púbiica dos Estados, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e da vitaliciedade e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais. III. Às Defensorias Públicas da União e dos Estados são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias. IV. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, excluídos os crédi tos suplementares e especiais, destinados aos órgãos da Defensoria Púbiica, ser-lhe-ão entregues, em duodécimos, até o dia 20 de cada mês. Pode-se afirmar que A) apenas III está correta. B) apenas IV está correta. C) apenas I e il estão corretas. D) nenhuma afirmativa está correta. Gabarito: letra D. 3.1. Previsão constitucional da Defensoria Pública em doutrina: "Ren te ao que foi desenvolvido no n. 14 do Capítulo 1, supra, a respeito do incentivo que a Constituição Federal de 1988 empresta para o hípossufi- ciente para tutelar-se juridicamente - noção mais ampla do que judicial mente - , o art. 134 daquela Carta criou, inovando, no particuiar, com as Constituições anteriores, as Defensorias Públicas. [...] Trata-se de passo fundamental que foi dado pela Constituição Federai em prol da constru ção e aperfeiçoamento de um novo Estado Democrático de Direito para o país. Antes do art. 134, a tutela jurídica do hipossuficiente era não só incipiente mas, também, feita quase que casuisticamente pelos diver sos membros da Federação. O dispositivo da Constituição Federal, neste sentido, teve o grande mérito de impor a necessária institucionalização daquela função, permitindo, assim, uma maior racionalização na ativi dade de conscientização e de tutela jurídica da população carente, pro vidência inafastável para o engrandecimento de um verdadeiro Estado e do fortalecimento de suas próprias instituições, inclusive as que mais 22 L ei c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4 importam para o desenvolvimento deste Curso, as relativas à "Justiça". [...] O ideal, em termos de realização dos valores constitucionalmente assegurados, seria a Defensoria Pública poder se estruturar e se orga nizar com total independência dos demais Poderes e funções públicas como meio, até mesmo, de bem alcançar seus objetivos" (BUENO, Cas- sio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: teoria ge rai do direito processual civil, vol. I, 2- edição. São Paulo: Saraiva, 2008, pp. 236-237 ~ grifos do original) 4. Defensoria Pública - conceito e características: a norma prevista no art. 12 foi alterada pela LC n9 132/2009. A redação antiga era repetição da nor ma constitucional, que prevê no artigo 134 o seguinte: "A Defensoria Pú blica é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo- lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 59, LXXIV." Já a nova redação do artigo l 9 é: "A Defensoria Pública é instituição per manente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmen te, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integrai e gratuita, aos necessitados, assim considerados na for ma do inciso LXXIV do art. 5e da Constituição Federal O novo artigo l 9 é mais extenso e traz uma série de características impor tantes sobre a Defensoria Pública. Já se tinha claro, anteriormente, que se trata de instituição essencial à função jurisdicional, à qual incumbe a pres tação de serviços jurídicos aos necessitados. Da nova redação, extraem-se também três novos pontos que merecem destaque: expressão e instru mento do regime democrático; promoção dos direitos humanos; e defesa dos direitos individuais e coletivos. Regime democrático é aquele que permite a ampla participação da po pulação nas decisões políticas do país, seja de forma direta (plebisci to, referendo) ou indireta (eleições), mediante mecanismos de escolha transparentes, honestos e livres. A construção de uma sociedade demo crática passa necessariamente pela constante vigilância social de nossos governantes, através do controle de seus atos, de suas opções políticas. A busca por fazer valer um direito é, um última análise, uma forma de efetivar e reafirmar a Constituição da República e nossas instituições de mocráticas. Nesse ponto, o trabalho da Defensoria Pública é bastante 23 G u il h e r m e F r eir e d e M e l o B a r r o s significativo, porque, na medida em que presta a tutela dos direitos dos necessitados, leva democracia e cidadania aos marginalizados, àqueles que constantemente estão alijados dos processos decisórios - sendo lembrados, lamentavelmente, quase sempre, apenas em época de elei ções. De igual modo, foi expressamente incluído no dispositivo a missão da Defensoria de promover os direitos humanos. Essa alteração faz parte de um movimento político-legislativo jábastante claro de priorização da tu tela dos direitos humanos. A aprovação da EC n9 45/2004 acrescentou o § 39 ao artigo 5 2 da Constituição para prever que: "Os tratados e conven ções internacionais sobre direitos humanos que foram aprovados, em cada Casa do Congresso Nacionalem dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitu cionais." Além desse dispositivo, foi criado o incidente de deslocamento de competência da Justiça Estadual para a Federal em caso de violação dos direitos humanos (art. 109, V-A e § 59). Mais uma vez, assim como na consolidação do regime democrático, a Defensoria Pública tem papei relevante na promoção dos direitos humanos, pois é a Instituição que lida diariamente com aqueles que mais sofrem com a violação de seus direitos. No que se refere aos direitos individuais e coletivos, a alteração consagra definitivamente a questão da legitimação da Defensoria Pública,para a tutela coletiva. A Lei n9 11.448/2007 já havia efetivado a alteração na Lei de Ação Civil Pública. Agora a questão passa a figurar expressamente da Lei Orgânica da Defensoria Pública. Ainda com o objetivo de consolidar a Defensoria Pública como único ente com atribuição constitucional e legal para prestar assistência ju rídica ao necessitado, a LC n9 132/2009 inseriu o § 5S ao artigo 45, que prevê o seguinte: "A assistência jurídica integral e gratuita custeada ou fornecida pelo Estado será exercida pela Defensoria Pública " Aplicação em concurso. • DP/MG - 2004 - Fundep. Entre as normas da Constituição Federal sobre a Defensoria Pública, NÃO se inclui: E) Trata-se de instituição essencial à função jurisdicional do Estado. O item está correto. Por isso, nao deve ser assinalado. 24 L ei c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4 * DP/ES - 2009 - CESPE. "A defensoria pública, na-atual CF, é considerada como instituição permanen te e essencial à função jurisdicional do Estado" O item está correto. * DP/SP - 2009 ~ FCC. - "O direito fundamental à assistência jurídica integral e gratuita, previsto constitucionalmente e instrumentalizado peia Defensoria Pública, compre ende a: ~ • A) atuação processual do Défensòr Público do. Estadó até o segundo grau de jurisdição" , . O item está incorreto; por isso, não deve ser assinalado. 5. Conceito de necessitado: outro ponto de destaque trazido pela LC ns 132/2009 é a modificação da parte firia! do artigo l 9. Antes constava que a Defensoria Pública prestava assistência jurídica aos "necessitados, assim considerados na forma da lei." O paradigma agora é constitucio nal/pois o dispositivo remete ao-inciso LXXIV do art. 5q da Constitui ção, que prescreve: "o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos." A insuficiên cia de recursos deve ser analisada com base no princípio da dignidade da pessoa humana, de asserito constitucional {art. 12, lll). A atuação da Defensoria Pública é voltada para a prestação de assistência jurídica ao necessitado, assim entendido aquele que não tem condições que ar car com as despesas inerentes aos serviços jurídicos de que necessita {contratação de advogado e despesas processuais) sem prejuízo de sua subsistência. A Lei n9 1.060/50, no parágrafo único do artigo 2®, apresenta um concei to legal de necessitado: "Considera-se necessitado> para os fins legais, todo aquele cuja situação econômica não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do sustento pró prio ou da família/' Esse dispositivo contém conceitos jurídicos abertos, que permitem sua adequação a diversas-situações concretas. Do mesmo modo, a LC ns 80/1994 não traz um critério objetivo de caracterização de necessitado.. ' Entretanto, é comupi verificar na legislação estadual que trata da Defen soria Pública a fixação de .parâmetros objetivos para caracterização da hipossuficiência. É o caso dá Defensoria Pública do Espírito Santo, cuja 25 G u il h e r m e F r e ir e d e M e l o B a r r o s Lei Complementar n9 55/94 estabelece, em seu artigo 25, § 1$, o seguin te: "A insuficiência de recursos ou hipossuficiência, que coloca a pessoa física em situação de vulnerabilidade e, em relação à parte contrária, é as sim considerada desde que o interessado: a) Tenha renda pessoal mensal inferior a três salários mínimos; b) Pertença a entidade familiar cuja média de renda per capita ou mensal não ultrapasse a metade do valor referido na alínea anterior." Essa disposição não está em consonância com a Constituição da Repú blica, nem tampouco com a Lei Complementar ns 80/94. Afinal, é plena mente possível que uma pessoa receba mais de três salários mínimos e, ainda assim, necessite dos serviços da Defensoria Pública. Basta pensar em pessoa com doença grave, cujas despesas médicas sejam altas, ou aquele que sustenta família de muitos membros. Nesses casos, a pessoa faz jus ao atendimento da Defensoria Pública. Qualquer fixação, a priori, de parâmetro objetivo para caracterização da hipossuficiência não aten de a Constituição da República. A avaliação da hipossuficiência deve ser feita no caso concreto, sendo possível ao defensor público recusar o pa trocínio. Por fim, deve-se ter presente que esse entendimento é válido e pertinen te para uma prova discursiva em que o candidato possa demonstrar sua linha de raciocínio. Em prova objetiva, vale a previsão legal. Se a legislação estadual possuir previsão de parâmetro objetivo, como a percepção de salário mínimo, e a questão fizer referência a esse assunto, o candidato deve pautar sua resposta pela disposição legal. Ainda sobre o necessitado, atualmente há entendimentos que alargam o conteúdo do conceito para abarcar não só o carente financeiramente, mas também o juridicamente vulnerável. É o que se entende por necessitado jurídico, pessoa que está em situação inferior de vulnerabilidade frente à outra parte no processo. -> Aplicação em concurso: «> DP-ES ~ 2009 - CESPE. "O critério objetivo de definição da hipossuficiência nas legislações com- plementares federal e estadual, para fins de assistência jurídica pela defen soria pública, é divergente. Justifica-se a utilização de parâmetros distintos porque os hipossuficientes, no âmbito federal, têm perfil socioeconômico diferente dos necessitados na circunscrição do estado. No âmbito estadual, considera-se como insuficiente de recursos aqueie que tenha renda pesso- 26 L ei c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4 ai mensai inferior a três salários mínimos, ou pertença a entidade familiar cuja média de renda per capita ou mensal não ultrapasse a metade do valor referido." O item está incorreto. 6. Justiça gratuita X assistência judiciária X assistência jurídica: esses três conceitos não são sinônimos. A justiça gratuita se refere à isenção do pa gamento das custas, taxas, emolumentos e despesas processuais. Por sua vez, a assistência judiciária engloba o patrocínio da causa por advogado e pode ser prestada por um órgão estatal ou por entidades não estatais, como os escritórios modelos das faculdades de Direito ou de ONG's. Esse conceito se limita à defesa dos direitos dos necessitados na esfera judicial. Por fim, o conceito mais amplo é o de assistência jurídica, que envolve não somente o patrocínio de demandas perante o Judiciário, mas também toda a assessoria fora do processo judicial - o que engloba desde pro cedimentos administrativos, até consultas pessoais do necessitado sobre contratos (locação, financiamento, consumo). A atuação da Defensoria Pública não se limita à assistência judiciária. A previsão constitucional do inciso LXXIV, do art. 59, estabelece a assistência jurídica, e não judiciária:"o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos". O conceito de assistência jurídica é mais amplo do que assistência judiciária, pois com preende a assessoria dentro e fora do Poder Judiciário. Atualmente, a atuação da Defensoria Pública inegavelmente transborda os limites dos processos judiciais, o que se justifica pelo aumento da utilização de ins trumentos não-judicias de tutela de direitos. Pretensões que antes eram levadas ao Judiciário agora recebem outro tipo de tratamento e solução. É o que ocorre com o inventário e a partilha, bem como a separação e o divórcio consensuais, que podem ser realizados por escritura pública (respectivamente, artigos 982 e 1.124-A do CPC, com redação da Lei n ^ 11.441/2007). De igual modo, meios alternativos de solução de controvér sias têm aplicação cada vez mais difundida, como a mediação e a arbitra gem. Sendo a Defensoria Púbiica a instituição responsável pela prestação da assistência jurídica ao necessitado e sendo o conceito de assistência jurídica amplo, a conclusão é a de que a atuação da Defensoria Pública na tutela dos direitos deve ser a mais ampla possível. Inclusive, de forma expressa, o artigo 42, inciso II, estabelece como fun ção institucional a solução prioritariamente extrajudicial dos litígios. 2 7 G u il h e r m e F r eír e d e M el o B a r r o s Confira-se o seguinte gráfico. Assistência Jurídica 6.1. Justiça gratuita em doutrina: "A justiça gratuita pode, então, ser conceituada como instituição jurídica de acesso à Justiça que se consiste na concessão, pelo poder público, do benefício da isenção das custas, taxas, emolumentos e despesas processuais, bem como de honorários de advogado e perito, à pessoa que declarar seu estado de necessida de, na forma da le i" {CORGOSINHO, Gustavo. Defensoria Pública: prin cípios institucionais e regime jurídico. Belo Horizonte: Dictum, 2009, p. 41). 6.2. Assistência judiciária em doutrina: "[...] devemos compreender o conceito de assistência judiciária, além do órgão oficial, estatal, todo agente que tenha por finalidade principal essa prestação de serviço, seja por determinação judicial, seja por convênio com o Poder Público. Nesse caso, incluem-se os escritórios de advocacia que freqüentemente prestam assistência judiciária, como escritórios modeios das faculdades de Direito, as fundações(PIMENTA, Marília Gonçalves. Acesso à Justiça em preto e branco: retratos institucionais da Defensoria Pública. Rio de Janeiro: Lú- men Juris, 2004, p. 102) 6.3. Assistência jurídica em doutrina: "De forma mais ampla se conceitua a assistência jurídica, que engloba a assistência judiciária, além de outros serviços jurídicos não relacionados ao processo, tais como orientar escla recimentos de dúvidas e prestando orientação e auxílio à comunidade no que diz respeito à formalização de escrituras, obtenção de certidões, re gistros de imóveis/' (PIMENTA, Marília Gonçalves. Acesso à Justiça em pre to e branco: retratos institucionais da Defensoria Pública. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004, p. 103, grifo do original) L ei c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4 Aplicação em concurso: • DP/MG ~ 2006 - Fundep. "Sobre a assistência jurídica, analise as seguintes afirmativas: III - A atribui ção dos defensores públicos não se estende à defesa dos necessitados em processos administrativos" O item está incorreto. • DPU — 2004 — CESPE. "Considere a seguinte situação hipotética. Ronaldo, cidadão brasileiro po bre, necessita de assistência jurídica extrajudicial. Nessa situação, a DPU não pode prestar a referida assistência, porque os órgãos que compõem essa ins tituição voltam-se exclusivamente à prestação de assistência judicial." O item está incorreto. ® DP/AC -2 0 0 6 -CESPE. "Não faz parte das atribuições dos defensores públicos a defesa dos necessi tados em processos administrativos" O item está incorreto. • DP/M A- 2009 -FCC. "Em virtude de a Defensoria Pública ser instituição essencial à função jurisdi- clonal do Estado, é da sua incumbência prestar às pessoas necessitadas, de forma integral e gratuita: A} assistência judicial. B) assistência judiciária. C) assistência jurídica, judicial e extrajudicial. D) assistência jurisdicíonal. E) assistência institucional." Gabarito: letra C. 6.4. Gratuidade de Justiça — abrangência: a gratuidade de justiça pode ser concedida a nacionais ou estrangeiros residentes no Brasil, que deia necessitem para ingressar na justiça penal, civil, militar e do trabalho (art. 22). O artigo 39 da Lei 1.060/50 elenca uma série de verbas que a parte fica dispensada de pagar, com destaque para as seguintes: - taxas judiciárias e emolumentos; - despesas com as publicações indispensáveis no Diário Oficial (não in clui órgãos de imprensa particulares; 29 G u il h e r m e F reire d e M el o B a r r o s - indenizações devidas às testemunhas; - honorários advocatícios e periciais; - exame de DNA. Aplicação em concurso: * DP/RN -2006. A Defensoria Pública tem assegurada a gratuidade de publicação de editais nos órgãos de imprensa públicos e particulares." O item está incorreto. 6.5. Gratuidade de Justiça - forma de concessão: para concessão do be nefício, basta a afirmação da parte no corpo da própria petição inicial de que não tem condições de pagar custas processuais e honorários advoca- ticios sem prejuízo de seu sustento ou do de sua família (art. 4-}. Disso de corre uma presunção relativa, juris tantum, que pode ser ilidida pela parte contrária através de impugnação (art. 49, §§ l 9 e 29). Além disso, o juiz, de ofício, pode revogar o benefício se perceber que a parte tem condições de custear as despesas (art. 89). Se a parte puder custear parte das despesas, o juiz mandará pagar as cus tas, que serão rateadas entre os que tiverem direito ao seu recebimento (art. 13). -> Aplicação em concurso: • CEAJUR (DP/DF) - 2006 - CESPE. "Para obtenção do benefício da justiça gratuita, não basta declaração de pró prio punho, ainda que sob as penas da lei, como comprovação de hipossu- ficiência. Diante da inexistência de presunção para tanto, faz-se necessário trazer ao juízo provas materiais de que o pagamento das custas e despesas processuais ensejará prejuízo do sustento próprio e da família do requerente." O item está incorreto. ® DP/MS - 2008 - VUNESP Assinale a alternativa que está de acordo com o disposto na Lei ne 1.060/50. A) Gozarão dos benefícios dessa Lei os nacionais ou estrangeiros, residentes no país, que necessitarem recorrer à Justiça penai, civil ou do trabalho, excluída a Justiça Militar. B) A parte que pretender gozar os benefícios da assistência judiciária requererá ao Juiz competente lhes conceda, mencionando, na petição, o rendimento ou vencimento que percebe e os encargos próprios e os da família. 30 L ei c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4 C) A impugnação do direito à assistência judiciária não suspende o curso do processo e será feita nos mesmos autos do processo principat. D) Se o assistido puder atender, em parte, as despesas do processo, o Juiz man dará pagar as custas que serão rateadas entre os que tiverem direito ao seu recebimento. Gabarito: letra D. • DP/AL-2 0 0 9 -CESPE. "Se a parte requerente deixar de juntar provas de que não possui condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado sem prejuízo próprio ou de sua família, o juiz indeferirá o pedido de assistência judiciária." O item está incorreto. • DP/AL-2 0 0 9 -CESPE. "Considere que Paulo tenha seu pedido e assistência judiciária gratuita de ferido pelo juiz no curso de um processo contra Ricardo. Nesse caso, Ricardo poderá pedir a revogação dos benefíciosconcedidos a Paulo, se comprovar que inexistem os motivos que ensejaram o deferimento, mas não será lícito ao juiz decretar a revogação dos benefícios de ofício " O item está incorreto. » DP/AL -2 0 0 9 -CESPE. "Caso o assistido possa atender, em parte, às despesas do processo, o juiz mandará pagar as custas, que serão rateadas entre os que tiverem direito ao seu recebimento/' O item está correto. 6.6. Recurso cabível contra o indeferimento da gratuidade de justiça: o recurso cabível contra a decisão que indefere a gratuidade de justiça é a apelação, conforme disposição expressa do artigo 17 da Lei 1.060/50: "Caberá apelação das decisões proferidas em conseqüência da aplicação desta Lei; a apelação será recebida somente no efeito devolutivo, quando a sentença conceder o pedido" A contrário sensu, quando o benefício for indeferido, a apelação terá duplo efeito, suspensivo e devolutivo. Aplicação em concurso: • DP/AL-2 0 0 9 -CESPE. "Indeferindo o juiz os benefícios da assistência judiciária, de tal decisão cabe rá apelação, a qual será recebida em ambos os efeitos " O item está correto. 31 G u il h e r m e F r e ir e d e M e l o B a r r o s 6.7. Momento para concessão da gratuidade de justiça - posição do STJ: o benefício da gratuidade de justiça pode ser concedido a-qualquer tem po, desde que comprovada a impossibilidade de pagamento das custas processuais. Se a matéria já foi apreciada nos tribunais inferiores e restou indeferida, não poderá ser reexaminada em sede de recurso especial, por demandar análise de provas. Nada impede, porém, que a gratuidade ve nha a ser requerida e concedida apenas em sede de recursos aos Tribunais Superiores. AGRAVO REGIMENTAL PEDIDO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. IRRETROATIVIDADE DOS EFEITOS DO DEFERIMENTO. I - A gratuidade da justiça pode ser concedida em qualquer fase do pro cesso, dada a imprevisibilídade dos infortúnios financeiros que podem atingir as partes, impossibílitando-as de suportar as custas da demanda. II - [...] (STJ - AgRg no Ag 979.812-SP - 3â Turma, rei. Min. Sidnei Benetti - j . e m 21/10/2008, DJ em 05/11/2008} -> Aplicação em concurso: • DP/SE - 2005 - CESPE. "A assistência gratuita pode ser concedida em quaiquer fase do processo, inclusive em sede de julgamento do recurso especíaí. No entanto, se o pedi do for indeferido na instância ordinária, o tribunal de instância especial não poderá apreciá-lo, por tratar-se de reexame de provas " O item está correto. • DP/AL-2 0 0 9 -CESPE. "O pedido de assistência judiciária deve ser feito na petição iniciai, de forma que, depois de estabilizada a reiação processual, não será lícito a quaiquer das partes requerê-lo ao juiz" O item está incorreto. 6.8. Falecimento do beneficiário da gratuidade e concessão aos herdei ros: os benefícios da gratuidade de justiça são concedidos àquele que afir ma sua condição de pobreza. Diante de seu falecimento, o benefício cessa, mas nada impede que seus sucessores também venham a requerer a con cessão da gratuidade de justiça. É o que prevê o artigo 10 da Lei 1.060/50: "São individuais e concedidos em cada caso ocorrente os benefícios de assistência judiciária, que não se transmitem ao cessionário de direito e se extinguem pela morte do beneficiário, podendo, entretanto, ser conce didos aos herdeiros que continuarem a demanda, e que necessitarem de tais favores na forma estabelecida nesta Lei." 32 L ei c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4 Aplicação em concurso: « DP/AL - 2009 - CESPE. "Os benefícios da assistência judiciária são concedidos individualmente em cada caso concreto e se extinguem com a morte do beneficiário. No entanto, tal benefício pode ser concedido aos herdeiros que continuarem na demanda." O item está correto. 6.9. Beneficiário da gratuidade de justiça e condenação em ônus sucum- benciais: aquele que sai vencido em uma demanda é condenado ao paga mento de custas processuais e dos honorários advocatícios (CPC, art. 20). A situação não se altera quando o vencido é beneficiário da gratuidade de justiça, ou seja, a sentença deve impor a condenação também em ônus sucumbenciais. Como a Lei ne 1.060/50 estabelece que a gratuidade al cança taxas judiciárias e honorários de advogados (art. 3e, incisos I e V, respectivamente), a parte vencedora não pode executar a vencida para buscar ressarcimento desses valores, salvo se sua situação de hipossufici ência financeira se alterar no prazo prescricional de 5 anos (art. 12). Aplicação em concurso: « CEAJUR (DP/DF) - 2006 - CESPE. "O beneficiário da justiça gratuita, quando vencido na ação, não é isento de condenação nos ônus da sucumbência, devendo ser condenado ao pagamen to da verba honorária. Entretanto, essa obrigação fica suspensa pelo período de até cinco anos, caso persista o estado de miserabilidade, extinguindo-se após findo esse prazo." O item está correto. 7. Defensoria Púbiica - composição: o artigo 2 ^estabelece que a Defensoria Pública é uma instituição composta de três elementos: a Defensoria Públi ca da União, a Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Estados. 8. Competência legislativa: compete ao Congresso Nacional organizar a Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e dos Territórios, assim como estabelecer normas gerais a serem seguidas pelos estados membros r DEFENSORIA PÚBLICA Defensoria Pública da União Defensoria Púbiica do Distrito Federai e dos Territórios Defensoria Pública dos Estados 33 G u il h e r m e F r e ir e d e M e l o B a r r o s em suas Defensorias, conforme previsão do art. 134, § 1- da Constituição da República. Assim, em relação às Defensorias Públicas estaduais, a com petência legislativa é concorrente (CR, art. 134, § 12). Quanto à Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e Territórios, a competência é priva tiva (CR, art. 22, XVII). Aplicação em concurso: ® DP/MG - 2004 - Fundep. Entre as normas da Constituição Federal sobre a Defensoria Pública, NÃO se inclui: A) compete ao Congresso Nacional mediante lei complementar, organizar a De fensoria Pública da União, do Distrito Federa) e dos Territórios. B) compete ao Congresso Nacional, mediante lei complementar, prescrever as normas gerais a serem observadas pelos Estados na organização de suas De fensorias. Os itens estão de acordo com a Constituição e, por isso, não devem ser assinalados. ® DP/MG - 2006 — Fundep. "Quanto à organização e à estrutura da Defensoria Pública do Estado, assina le a afirmativa INCORRETA, e) São definidas em virtude do exercício de com petência legislativa concorrente, na medida em que a União cabe a edição de norma geral, o que não exclui a competência legislativa suplementar do Estado de Minas Gerais na matéria. O item está correto; por isso, não deve ser assinalado. « DP/AM - 2003 - CESPE. "A competência para legislar acerca da defensoria pública é concorrente e, portanto, no tocante à organização da defensoria pública nos estados, a União tem apenas competência para estabelecer regras gerais." O item está correto. Art* 3o São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a ;; indivisibilidade e a independência funcional. .■ • : ;V - ' . • ' ’ .• / ; Parágrafo único. (VETADO) o • ■ r; . : ; Art. 3°-A. São objetivos da Defensoria Pública: (Incluído pela Lei ..Gora-, plementar n° 132, de 2009). ' - ' - .V\-' ■ I - a primazia da dignidade da pessoa humana é a redução das desigual- . dades sociais; (Incluído pela Lei Complementar n° 132, de 2009). II — a afirmação do Estado Democrático de Direito;. (Incluído pela L e i. ■ • Complementar n° 132, de 2009). . ; ' .. 34 L ei c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4■ Lei C om p lem eh^ li9 ^ 32,:fte:í2 Ò Ó í^ )f^ ^ •;.■ ' • .. IV - a garãirôà;4<H$ira^ ê do çòn- • ;flraditpriòvf0nduídò:^|ff^|?f 1. Princípios institucionais: o artigo 3e elenca os três princípios fundamen tais da Defensoria Púbiica: unidade, indiyisibiijdade e independência fun cionai. Dentro do constítucionaiismo moderno, entende-se que as normas se subdividem em regras e princípios. Regras são dotadas de menor grau de abstração e têm sua aplicação integral a uma situação concreta. Princí pios, por sua vez, são normas deveras abstratas, cuja aplicação a um caso concreto pode-se dar em maior ou menor grau. Ao analisar um determinado caso concreto, o intérprete pode analisar mais de uma regra para regular a situação. No momento de aplicá-la, po rém, apenas uma há de incidir, sendo a outra descartada. Entre princípios, é possível a ponderação de sua aplicação, e um caso concreto pode sofrer a incidência de mais de um princípio. 1.1. Regras e princípios em doutrina: "É importante assinalar, logo de iní cio, que já se encontra superada a distinção que outrora se fazia entre norma e princípio. A dogmática moderna avaliza o entendimento de que as normas jurídicas, em geral, e as normas constitucionais, em particular, podem ser enquadradas em duas categorias diversas: as normas-princípio e as normas-disposição. As normas-disposição, também referidas como regras, têm eficácia restrita às situações específicas às quais se dirigem. Já as normas-princípio, ou simplesmente princípio, têm, normalmente, maior teor de abstração e uma finalidade mais destacada dentro do siste ma." {BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição. 5 ^edição. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 151). 1.2. Unidade em doutrina: entende-se que a Defensoria Pública corresponde a um todo orgânico, sob uma mesma direção, mesmos fun damentos e mesmas finalidades. Permite aos membros da Defensoria Pú blica substituírem-se uns aos outros. Cada um deles é parte de um todo, sob a mesma direção, atuando pelos mesmos fundamentos e com as mes mas finalidades" (PIMENTA, Marília Gonçalves. Acesso à Justiça em preto e branco: retratos institucionais da Defensoria Pública. Rio de Janeiro: Lu- men Juris, 2004, pp. 112-113) 35 G u il h e r m e F r e ir e d é M e l o B a r r o s 13. Indivisibilidade em doutrina: - "A Defensoria Pública atua como um todo orgânico, não está sujeita a rupturas e fracionamentos." (PIMENTA, Marília Gonçalves. Acesso à Justiça em preto e branco: retratos institucionais da Defensoria Públi ca. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004, p. 103) - "Uma vez deflagrada a atuação do Defensor Público, deve a assistência jurídica ser prestada até atingir o seu objetivo, mesmo nos casos de impedimento, férias, afastamento e licenças, pois, nesses casos, a lei prevê a possibilidade de substituição ou designação de outro Defensor Público, (GALLIEZ, Paulo Cesar Ribeiro. Princípios institucionais da Defensoria Pública. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 34) 1.4. Independência funcional em doutrina: "A independência funcional assegura a plena liberdade de ação do defensor público perante todos os órgãos da administração pública, especialmente o judiciário. O princípio em destaque elimina qualquer possibilidade de hierarquia diante dos de mais agente políticos do Estado, incluindo os magistrados, promotores de justiça, parlamentares, secretários de estado e delegados de polícia." (GALLIEZ, Paulo Cesar Ribeiro. Princípios institucionais da Defensoria Pú blica. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 41) Aplicação em concurso: ® DP/MG — 2006 - Fundep. "Sobre a legislação que disciplina a Defensoria Pública de Minas Gerais, é incorreto afirmar que: B) A unidade, a indivisibilidade e a independência funcional são princípios insti tucionais da Defensoria Pública." O item está correto; por isso, nõo deve ser assinalado. Embora a questão se refira à legislação da Defensoria Publica de Minas Gerais, o conhecimento da LC 80/94 é suficiente para encontrar a resposta correta. • DP/AC-2 0 0 6 -CESPE. "São princípios institucionais da defensoria pública a unidade, a indivisibili dade e a independência funcional." O item está correto. * DP/MT-2006. "Acerca das disposições preliminares da instituição Defensoria Pública, bem como das normas gerais para organização das Defensorias dos Estados, en- contradiças na Lei Complementar Federal n. 80, de 12 de janeiro de 1994, assinale a afirmativa correta: 36 L e i c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e j a n e ir o d e 1 9 9 4 D) São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilida de e a independência funcional." O item está correto. • DP/MG - 2009 - FUMÂRC. "Sobre os aspectos prindpiológicos afetos à Defensoria Pública, assinale a alternativa INCORRETA: B) Os princípios da unidade e indivisibilidade podem ser conceituados com a idéia de ser a Defensoria Pública um todo orgânico, que não admite rupturas nem fracionamentos, sendo que seus membros devem estar sob a mesma chefia Institucional, e, também, que podem se substituir uns aos outros sem prejuízo para atuação institucional. C) Entende-se o princípio da independência funciona), como uma garantia a res paldar o defensor público no exercício de suas funções, ficando ele isento de pressão individual ou coletiva que possa comprometer a sua atuação impar cial e isenta de subjetivismo." Os itens estão corretos; por isso, não devem ser assinalados. * D P /SP -2009-FCC. "Sobre a unidade e a indivisibilidade, princípios institucionais da Defensoria Pública do Estado, é correto afirmar: A) conferem ao Defensor Público a garantia de agir segundo suas próprias con vicções e a partir de seus conhecimentos técnicos. B) asseguram aos destinatários do serviço a impossibilidade de alteração do De fensor Público no curso do processo. C) fixam as atribuições do Defensor Público, que não podem ser alteradas pos teriormente. D) impedem a criação de Defensorias Públicas Municipais. E) permitem aos Defensores Públicos substituírem-se uns aos outros, sem pre juízo para a atuação institucional ou para a regularidade processual." Gabarito: letra E. 2. Autonomia administrativa e funcional - vetada: no projeto de lei que deu origem à Lei Complementar 80/94, constava no parágrafo único do art. 3^ que a Defensoria Pública gozava de autonomia administrativa e funcional, com a seguinte redação: "À Defensoria Pública é assegurada autonomia administrativa e funcional". O projeto restou assim aprovado, mas rece beu veto presidencial, aos argumentos de que (í) a Constituição da Repú blica concedeu autonomia apenas a dois entes, administrativa e financei ra ao Poder Judiciário (art. 99) e administrativa e funcional ao Ministério Público (art. 127, § 29); e (N) a Defensoria Pública não pode ter autonomia 37 G u il h e r m e F r e ir e d é M e l o B a r r o s administrativa e funcionai, na medida em que se trata de órgão que deve estar sob o comando do Chefe do Poder Executivo. Posteriormente, dentro da Reforma do Poder judiciário levada a efeito pela Emenda Constitucional 45/2004, foi acrescentado o § 2e ao artigo 134, que concedeu expressamente às Defensorias Públicas Estaduais au tonomia funcional e administrativa. Em relação à Defensoria Pública da União, porém, subsiste o entendimento de que não goza de autonomia administrativa e funcional. Por sua vez, a LC n ^ 132/2009, normatizou a autonomia prevista na Cons tituição, através dos artigos 97-A e 97-B da LC n ^80/1994. Aplicação em concurso: • DP/CE - 2007/2008 - CESPE. "A Defensoria Pública da União tem autonomia funcional e administrativa " O item está incorreto. • DP/ES - 2009 - CESPE. "A autonomia funcionai e administrativa e a iniciativa da própria proposta orçamentária dentrodos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamen tárias são asseguradas às defensorias públicas estaduais e afiançam a legi timidade destas para iniciativa de projeto de lei para criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, política remuneratória e piano de carreira" O item está correto. 3. Iniciativa de proposta orçamentária: o parágrafo segundo do artigo 134 da Constituição da República, incluída pela Emenda Constitucional 45/2004, estabeleceu que à Defensoria Pública compete a iniciativa de sua proposta orçamentária: "§ 2g Às Defensorias Públicas Estaduais sõo asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 29." Logicamente, sua proposta deve atender aos parâmetros fixados pela Lei de Responsa bilidade Fiscal. Aplicação em concurso: • DP/SP - 2006 - FCC "A Defensoria Púbiica possui: B) iniciativa de sua proposta orçamentária." O item está correto. 38 L e í COMPLEMENTAR N° 8 0 , DE 1 2 d e j a n e ir o d e 1 9 9 4 • DP/ES - 2009 ~ CESPE. "No exercício da autonomia funcional, administrativa e orçamentária, as de fensorias públicas submetem-se ao íimite de gastos com pessoa! estabeleci dos pela Lei de Responsabilidade Fiscal." O item está correto. 4. Objetivos da Defensoria Pública: como destacado anteriormente, a LC n9 132/2009 alterou o artigo l 5 da LC n- 80/1994 para destacar o papel da Defensoria Pública na democracia e na promoção dos direitos humanos. Nessa linha de princípio, foi incluído o artigo 35~A, que aponta objetivos da instituição: S. Defesa dos direitos humanos: o artigo 39-A, inserido pela LC n5 132/2009, estabelece, como objetivo da atuação da Defensoria Pública, a prevalência e a efetividade dos direitos humanos. Trata-se da normatização de algo que já era compreendido no seio acadêmico. É inegável que os casos mais flagran tes e recorrentes de violação dos direitos humanos ocorrem nos bolsões de pobreza de nosso País. Exemplos emblemáticos são as chacinas em favelas de grandes cidades, como Rio de Janeiro e São Paulo, e a situação caótica do sistema penitenciário. São os marginalizados aqueles que mais têm seus direitos violados. Como a Defensoria Pública tem a missão constitucional de tutelar os direitos dos necessitados, intuitivamente se conclui que o exercí cio de suas atribuições Inclui a tutela dos direitos humanos. Aplicação em concurso: « DP/MG - 2009 - FUMARC: "Sobre os aspectos prindpiológicos afetos à Defensoria Pública, assinale a alternativa INCORRETA: A) A Defensoria Pública é uma instituição de promoção, proteção, defesa e re paração dos direitos humanos, pois desempenha função constitucionalmen te prevista: o acesso à justiça, que é um dos requisitos da dignidade da pes soa humana " O item está correto, por isso não deve ser assinalado. r OBJETIVOS DA DEFENSORIA * PÚBLICA primazia da dignidade da pessoa humana e redução das desigualdades sociais; afirmação do Estado Democrático de Direito; prevalência e efetividade dos direitos humanos; garantia dos princípios constitucionais da ampla de fesa e do contraditório. 39 G u il h e r m e F r e ir e d e M e l o B a r r o s 5.1. Direitos humanos em doutrina: "Dessa forma, direitos hümanos são direitos fundamentais da pessoa humana. São aqueles direitos mínimos para que o homem viva em sociedade, f...] Os direitos humanos são aque las cláusulas básicas, superiores e supremas que todo o indivíduo deve possuir em face da sociedade em que está inserido. São oriundos das reivindicações morais e políticas que todo ser humano almeja perante a sociedade e o governo. Nesse prisma, esses direitos dão ensejo aos deno minados direitos subjetivos públicos, sendo em especial o conjunto de di reitos subjetivos que em cada momento histórico concretiza as exigências da dignidade, igualdade e liberdade humanas. Essa categoria especial de direito subjetivo público (direitos humanos) é reconhecida positivamente pelos sistemas jurídicos nos planos nacional e internacional" (SIQUEIRA JUNIOR, Paulo Hamilton; OLIVEIRA, Miguel Augusto Machado de. Direitos humanos e cidadania. 2§ ed. São Paulo: RT, 2009, p. 22) . . Art. 4o São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras: • I - prestar orientação, jurídica e exercer a defesa dos necessjtados^em . todos os graus; (Redação dada pela Lei Complementar n° 132, de 2009). II - promover, prioritariamente, a solução extrajudicial dos litígios, vi sando à composição entre as pessoas em conflito de interesses, por meio : . de mediação, conciliação, arbitragem e demais técnicas de composição • e administração de conflitos; (Redação dada pela Lei Complementár n° .' . 132, de 2009). ■ , : : : .. III — promover a difusão e a conscientização dos direitos Humanos, da ■ ' cidadania e do ordenamento jurídico; (Redação dada pela Lei Comple mentar n? 132, de 2009). .. . IV— prestar atendimento interdisciplinar, por meio de órgãos ou de ser vidores de suas Carreiras de apoio para o exercício de suas atribuições; . (Redação dada pela Lei Complementar n° 132, de 2009). • V - exercer, mediante o recebimento dos autos com vista, a ampla defesa e o contraditório em favor de pessoas naturais e jurídicas, em processos administrativos e judiciais, perante todos os órgãos e em todas as instân- . cias, ordinárias ou extraordinárias, utilizando todas as medidas capazes : de propiciar a adequada, e efetiva defesa de seus interesses; (Redação dada pela Lei Complementar n° 132, de 2009). VI - representar aos sistemas internacionais de proteção dos direitos hu- : . ... manos, postulando perante seus órgãos; (Redação dada pela Lei Comple- . mentar n° 132, de 2009). M : ■: 40 Lei c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4 . ■ VII - promover ação civil pública e todas ás espécies de açõès capazes de 0 propiciar a adequada tutelá dos direitos'difusos,-coletivos oii individuais homogêneos quando' p. resultado da demanda puder beheficiar grupo de . pessoas'hípossuficientes; (Redaç^^ dada pela L e ^ n° 132, VIII ^.exercer a defesa.dos direitos é mteresses'individuais, difusos, co letivos e individuais homogêneos é dos'.direitoá do' consüimdor, na forma .- do inciso LXXIV do art. 5° da Constituição F.ed^ral;:.(Rèdaçãó:^ pela Lei Complementar n? 132,:de 2Ò09Xw::;-y ' • IX v impetrar :habeas corpus, maiidadò ide:.iiyu^^ e man dado. de segurança ou qualquer outra ação é m /d e í^ institu- v. çionais e prerrogativas de seus órgãos dé èx e çü çã ^ dada pela . i: ;Lèi;Cpmplemetóár tiM ' X ™ promover á mais'ampla défèsá 'dos;:dúreitó§rfiíridámehtais dos ne- - ; cessitados, abrangendo seus direitos individüàis,\cÒletivós'j sociais, eco nômicos, culturais e ambientais- sendo admissíveis todas a.’s espécies de ações capazes de propiciar, sua adequada e efetiva tutela; (Redação dada pela.Lei Complementar n9 132, de 2009)1V ; : ' :;Í:y:v • XI - exercer a defesa dos. interesses individuais e coletivos da criança e do adolescente, do idoso, da pesso.a-portadora-de necessidades especiais, .. da mulher vítima, de . violência doméstica e familiar e de outros. grupos sociais vulneráveis que mereçam'proteção :especial do .Estado; (Redação dada pela Lei Complementar n° 132, de:2009). . 'i; ; . v . /.■; ■-v V-.... XII - (VETADO); . V : ; • :V ^ ; .. • . • XIII - (VETADO); ^ . XIV - acompanhar inquérito policial, inclusive com a comunicação ime diata da prisão em flagrante pela autoridade policial, quando o preso não constituir advogado; (Incluído pela Lei Complementar n° 132, de 2009). XV - patrocinar ação penal privada e a subsidiáriá da pública; (Incluído pela Lei Complementar n° 132, de 2009). -z;:-:-7 v:/ XVI -exercer a curadoria especial nos casos previstos em lei; (Incluído : pela Lei Complementar n° 132,. de 2009). . •••••. . ' XVII -• atuar nos estabelecimentos policiais, penitenciários e de intema- ; ção de adolescentes, visando a assegurar às pessoas, sob quaisquer cir- .; cunstâncias, o exercício pleno de seus direitos e'garantias fundamentais; . (Incluído pela Lei Comp]ementar n° 132, de 2009). . .• X V III- atuar na preservação e reparação dos direitos de pessoas vítimas de y tortura, abusos sexuais, discriminação ou qualquer outra forma de. opressão ou violência, propiciando ó acompanhamento e o atendimento interdisci- piinar das vítimas; (Incluído pela Lei Complementar n° 132, de 2009). 41 G u il h e r m e F r e ir e d e M e l o B a r r o s XIX - atuar nos Juizados Especiais; (Incluído pela Lei Complementar n°. 132, de 2009). XX - participar, quando tiver assento, dos' conselhos federais; estaduais e municipais afetos' às funções institucionais da Defensoria Pública, res peitadas, as atribuições de seus ramos; (Incluído pela Lei Complementar n° 132, de 2009). XXI - executar e receber as verbas sucumbenciais decorrentes de sua atuação, inclusive quando devidas por'quaisquer entes públicos, desti nando-as a fundos geridos pela Defensoria Pública e destinados, exclusi vamente, ao aparelhamen.to dá Defensoria Pública e à capacitação profis sional de, seus membros e : servidores; (Incluído pela Lei Complementar n° 132, de 2009). XXII - convocar audiências públicas para discutir’matérias relacionadas às suas funções institucionais. (Incluído pela Lei Complementar n° 132, de 2009). § Io (VETADO). - § 2o As funções institucionais da'Defensoria-Pública, serão exercidas in clusive contra as Pessoas Jurídicas de Direito Público. § 3o (VETADO). § 4° O instrumento :de transação, mediação ou conciliação referendado pelo Defensor Público valerá como título executivo extrajudicial, inclu sive quando celebrado com a pessoa jurídica de direito publico.,(Incluído pela Lei Complementar n° 132, de 2009). § 5o A assistência jurídica integral e gratuita custeada ou fornecida pelo Estado será exercida pela Defensoria Pública... (Incluído pela Lei Com-: plementarn0 132, de 2009). § 6o A capacidade postulatória do Defensor Público decorre, exclusiva-. mente; de sua nomeação e posse no cargo público. (Incluído pela Lei Complementar n° 132, de 2009). § T . Aos membros da Defensoria Pública é garantido sentar-se no mesmo plano do Ministério Público.. (Incluído pela Lei Complementar n° 132, de 2009). § 8o Se o Defensor Público entender inexistir hipótese de atuação institu cional, dará imediata ciência ao Defensor Público-Geral, que. decidirá a controvérsia, indicando, se for o caso; outro Defensor Público para: atuar. (Incluído pela Lei Complementar n° 132, de 2009). § 9o O exercício do càrgo de Defensor Público é comprovado mediante apresentação de carteira funcional expedida pela. respectiva .Defensoria Pública, conforme modelo previsto nesta Lei Complementar, -a qual va lerá como documento de identidade e terá fé pública em todo o território nacional. (Incluído pela Lei Complementar n° . 132-, de: 2009).'.' 42 L e i c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 12 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4 § 10 O exercício do cargo de Defensor Público, é indelegável e privati- • ■■ vo de membro da Carreira. (Incluído pela Lei Complementar n° 132, de § 11. Os estabelecimentos a que se refere o incisò X y iI do caput reserva- .. . rão instalações adequadas ao atendínierito jurídico "dos ;presos e internos: : ■. por.párte dos Defensores Públicos, bem'como a.esses fornecerão apoio administrativo, prestarão as informações solicitadas e assegurarão acesso ■ à documentação dos presos e intejnaos, aos quais é assegurado o direito de entrevista com os Defensores Públicos. (Incíüído péía Lei Complementar n °I32 ,d e2009X • • ' : Funções institucionais: o artigo 42 apresenta um rol de incisos com atri buições que competem à Defensoria Púbiica. Primeiramente, é preciso dizer que o roi é exemplifica ti vo, numerus opertus. Outras tarefas ligadas à prestação da assistência jurídica ao necessitado, embora não elencadas no dispositivo, também competem à Defensoria Pública. Como exempio, o necessitado pode precisar de auxílio para análise de um contrato de con cessão de crédito ou de aluguel. E naturalmente é a Defensoria Pública que tem de atendê-lo, afinal, sua função constitucional é prestar assistên cia jurídica, e não meramente judicial. A seguir, vamos analisar alguns dos incisos referentes às atribuições da Defensoria Pública, notadamente aqueles que já foram objeto de questio namento em concurso ou matéria de informativos de jurisprudência. Destacamos também alterações relevantes no rol das funções institucio nais, que foi substancialmente modificado pela LC n2 132/2009. Amplitude do rol de assistidos: o inciso 1 do artigo 42 estabelece que a Defensoria Pública deve prestar assistência jurídica aos necessitados, em todos os graus. O conceito de necessitado para fins de atuação da Defen soria Pública é o amplo, incluindo pessoas naturais e jurídicas, nacionais e estrangeiras, bem como índios. 2.1 Patrocínio de pessoa jurídica pela Defensoria Pública: a função ins titucional da Defensoria Pública é prestar assistência jurídica aos neces sitados, nos termos do art. 134 da Constituição da República. A norma constitucional não limitou a atuação da instituição à pessoa natural. Por sua vez, o inciso V do artigo 4e, ao se referir à ampla defesa e ao contradi tório, expressamente declara a atuação da Defensoria em favor de pesso as naturais e jurídicas. 43 G u il h e r m e F r e ir e d e M e l o B a r r o s Assim, é possível o patrocínio de demandas de pessoas jurídicas, desde que se comprove a situação de carência de recursos. Ém relação a entida des sem fins lucrativos, essa situação é presumida; quanto a pessoas jurí dicas constituídas com fins lucrativos, há necessidade de demonstração da impossibilidade do custeio das despesas processuais. Aplicação em concurso: • DP/MG - 2006 - Fundep. "Sobre a assistência jurídica, anaiise as seguintes afirmativas. I! - A concessão de assistência judiciária a pessoa jurídica constituída com intuito de lucro deve ser precedida de demonstração de qualidade de necessitado, que a impossibi lite de arcar com as despesas do processo. IV- Serão assistidas pela Defensoria Pública somente as pessoas naturais que comprovarem estado de carência." O item II está correto; o item IV, falso. • DP/SE - 2005 - CESPE "Conforme orientação do STJ, a concessão de assistência gratuita a pessoas jurídicas constituídas com o intuito de lucro deve ser precedida de demons tração da qualidade de necessitado, que as impossibilite de arcar com as’des pesas do processo " O item está correto. o DP/AC - 2006 - CESPE. "A pessoa jurídica cuja atividade vise iucro pode litigar sob o manto da gra tuidade de justiça ou ser defendida pela defensoria pública." O item está correto. • Ceajur (DP/DF) - 2006 - CESPE. "Não é possível à pessoa jurídica desfrutar do benefício da assistência judici ária gratuita realizada pela Defensoria Pública, pois esta apenas pode aten der pessoas físicas hipossufidentes O item está incorreto. • DP/AL -2 0 0 9 -CESPE. "A assistência judiciária gratuita é benefício que pode ser concedido tanto às pessoas jurídicas sem fins lucrativos como às pessoas jurídicas com fins lucrativos" O item está correto. 2.2 Patrocínio de estrangeiro pela Defensoria Pública: o raciocínio é o mesmo do item anterior. O requisito para a atuação da Defensoria Pública 44 L ei c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4 é ser necessitado, hipossuficiente. Não importa se a pessoa é cidadã bra sileira ou estrangeira.-£■ Aplicação em concurso: • DP/MG - 2006 - Fundep. "Sobre a assistência jurídica, analise as seguintes afirmativas. I - O direito à assistência jurídica gratuita é assegurado apenas a pessoa jurídica e a cida dãos brasileiros." O item está incorreto. ® DP/SE ~ 2005 - CESPE. "O direito à assistência jurídica gratuita, nos termos da lei, é garantido ape nas a pessoas jurídicas e aos cidadãos brasileiros " O item está incorreto. ♦ DP/AL-2 0 0 9 -CESPE. "Considere que Pabio, chileno residente no Brasil, tenha procurado a DP para ajuizar ação visando ser ressarcido de danos morais que lhe foram causados por Rodrigo. Nesse caso, é defeso à DP promover a ação pretendida por Pa bio, já que, por disposição legal expressa, os benefícios da assistência judici ária têm como destinatários os brasileiros" O item está incorreto. 2.3 Assistência jurídica ao índío: a Constituição traz previsão expressa acerca dos direitos dos índios nos artigos 231 e 232. Bem assim, é da competência da Justiça Federal o julgamento de causas sobre direitos indígenas. A esse respeito, o STJ faz distinção entre ações que envolvem direitos indígenas, de suas terras e de suas comunidades, e direitos in dividuais, pessoais, particulares de um índio. No primeiro caso, a com petência é da Justiça Federal, com participação obrigatória do Ministério Público, ao passo em que na segunda hipótese, a competência é da Jus tiça estadual. Em ambas as situações, nada obsta que o patrocínio da demanda seja fei to pela Defensoria Pública. Se a comunidade indígena ou o índio for ne cessitado, é dever constitucional da Defensoria a tutela de seus interesses. Entretanto, não há obrigatoriedade, constitucional ou legal, de que haja membro permanente da Defensoria designado para a prestação de assis tência jurídica a esse grupo. 45 G u il h e r m e F r e ir e d e M e l o B a r r o s Aplicação em concurso: ® DP-ES - 2009 - CESPE. "A CEES [Constituição do Estado do Espírito Santo], da mesma forma que o previsto expressamente peia CF com relação ao assunto, assegura a neces sidade de designação de membro permanente da defensoria púbiica para prestar assistência integrai e gratuita aos índios do estado, a suas comunida des e organizações." O item está incorreto. 3. Prioridade pela solução extrajudicial dos litígios: peía redação original do artigo 42, inciso I, uma das funções institucionais da Defensoria Públi ca era promover extrajudicialmente a conciliação entre as partes. Com as modificações trazidas pela LC 132/2009, a norma correspondente é a do inciso II do artigo 45, que impõe ao defensor público a busca, prioritária, de solução extrajudicial dos litígios, a fim de compor as partes, o que pode ser alcançado "por meio de mediação, conciliação, arbitragem e demais técnicas de composição e administração de conflitos". Para atender ao comando da lei orgânica, seria interessante que as Defensorias Públicas criassem núcleos de composição extrajudicial de conflitos, de modo que, antes da propositura de ações, fossem buscadas soluções alternativas, in clusive, para dar maior impulso a essas modalidades alternativas de so lução de conflitos, foi inserido o § 4- no artigo 49 para determinar que o instrumento de transação, mediação ou conciliação referendado pelo De fensor Público vale como título executivo extrajudicial, inclusive quando celebrado com a pessoa jurídica de direito público. -> Aplicação em concurso. • DP/MG - 2006 - Fundep. "Sobre as disposições da Lei Complementar n. 80, de 12 de janeiro de 1994, é INCORRETO afirmar: A) que incumbe ao Defensor Público buscar a condüação antes da propositura da ação cabível." O item está correto; por isso, nao deve ser assinalado. Observação: a ques tão é anterior às alterações trazidas peia LC ng 132/2009, mas a afirmação continua válida, ou seja, a conciliação é prioritária e deve ser tentada antes da propositura da demanda. • DP/RN -2006. “A Defensoria Pública não possui a função de promover a conciliação extraju dicial das partes em litígios." O item está incorreto. Observação: a questão é anterior às alterações trazi das pela LC n9 132/2009, mas a afirmação continua válida, ou seja, a con ciliação é prioritária e deve ser tentada antes da propositura da demanda. 46 L ei c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4 o DP/AL -2 0 0 9 -CESPE. "Caria entrou em contato com Marta visando obter indenização por danos materiais que esta causou em seu veículo, além dos danos morais que en tendia cabíveis. Marta, entendendo que os danos morais exigidos por Carla eram absurdos, procurou a DPE/AL Nessa situação, pode a DP promover, extrajudicialmente, a conciliação entre Caria e Marta." O item está correto. 4. Direitos humanos, cidadania e ordenamento jurídico: o novo Inciso iü do artigo (redação dada peia LC n5 132/2009) determina que compete à Defensoria Pública promover a difusão e a conscientização dos direitos humanos, da cidadania e do ordenamento jurídico. Denota-se aqui a pre ocupação do legislador reformista com a atuação da Defensoria no âmbito dos direitos humanos e da cidadania. Por ter como função constitucional a assistência jurídica do hipossuficiente, a Defensoria Pública está sempre em contato direto com o marginalizado, o pobre, o favelado, o carente, o analfabeto. A Defensoria Pública é a instituição com melhores condições de perceber as violações dos direitos humanos e da cidadania, devendo íutar para tutelar esses direitos dos assistidos. Nessa linha de raciocínio, o inciso VI do artigo estabelece, como função da Defensoria Pública, o dever de representar aos sistemas internacionais de proteção dos direitos humanos. O trabalho de promover a difusão e a conscientização dos direitos huma nos e da cidadania pela Defensoria Pública deve ser levado a cabo em duas frentes distintas. Primeiro, junto aos necessitados, com campanhas infor mativas acerca de seus direitos, dirigidas às comunidades carentes, à po pulação carcerária e ao público hipossuficiente em geral. Paralelamente, a atuação da Defensoria deve ser dirigida aos órgãos públicos e instituições privadas que lidam ou prestam serviços ao hipossuficiente, no sentido de conscientizar as entidades que o desfavorecido deve ser tratado com dig nidade e respeito. 5. Recebimento dos autos com vista: o inciso V do artigo 4e estabelece como função da Defensoria Pública o exercício da ampla defesa e do con traditório em favor das pessoas naturais e jurídicas. Importante alteração diz respeito ao recebimento dos autos com vista. Trata-se de medida que facilita muito o trabalho do defensor público e lhe permite uma atuação mais eficiente na tutela dos interesses dos assistidos. Isso porque, com os autos em mãos, o defensor público pode realizar minuciosa análise dos documentos que instruem o processo e tomar providências mais rápidas. 47 G u il h e r m e F r e ir e d e M e l o B a r r o s Sem a entrega dos autos ao defensor, é necessário obter cópias, o que torna a tutefa menos ágil. Na verdade, o recebimento dos autos com vista é uma prerrogativa do de fensor público, que visa a possibilitar a adequada prestação dos serviços jurídicos aos assistidos.  LC 132 alterou também os incisos que tratam da intimação pessoal para incluir o recebimento dos autos com vista (arti gos 44, I, 89, I e 128,1). 6. Legitimidade para ações coletivas - histórico: no projeto de lei que deu origem à Lei Complementar 80/94, o inciso XII do art. 42 previa a legiti midade da Defensoria Púbiica para patrocínio de Ação Civil Pública nos seguintes termos: "XII - patrocinar ação civil pública, em favor das asso ciações que incluam entre suas finalidades estatutárias a defesa do meio ambiente e a proteção de outros interesses difusos e coletivos." O inciso foi aprovado
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