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Guilherme Freire de Melo Barros - Defensoria Pública - 2º Edição - Ano 2010

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G u i l h e r m e F r e i r e d e M e l o B a r r o s
Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais 
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro — UFRJ (2005) 
Ex-Defensor Público do Estado do Espírito Santo (2006-2008) 
Procurador do Estado do Paraná (2008)
Pós-graduando em Direito Processual Civil pelo Instituto Romeu Bacellar
E-mail: barrosguilherme@yahooxom.br
DEFENSORIA PUBLICA
L e i c o m p le m e n t a r n ° . 80/1994.
Dicas para realização de provas de concursos artigo por artigo
23 edição
Atualizada de acordo com a LC n£ 132/2009 
2010
EDITORA.
4
ÍODtVM
EDITORA. 
jusPODIVM
www.editorajuspodivm.com.br
Capa: Carlos Rio Branco Batalha
Diagramação: Caetê Coelho
Caetel984@gmail.com
Conselho Editorial
Antônio Gidi Nestor Távora
Dirley da Cunha Jr. Pablo Stolze Gagliano
Leonardo de Medeiros Garcia Robério Nunes Filho
Fredie Didier Jr. Roberval Rocha Ferreira Filho
Gamil Fõppel El Hireche Rodolfo Pamplona Filho
José Henrique Mouta Rodrigo Reis Mazzei
José Marcelo Vigliar Rogério Sanches Cunha
Todos os direitos reservados às Edições JwsPODIVM.
Copyright: Edições JwsPODIVM
É terminantemente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer 
meio ou processo, sem a expressa autorização do autor e da Edições J 2/5 PODIVM. A 
violação dos direitos autorais caracteriza crime descrito na legislação em vigor, sem 
prejuízo das sanções civis cabíveis.
Rua Mato Grosso, 175 -P ituba,
CEP: 41830-151 - Salvador - Bahia 
Tel:.(71) 3363-8617/Fax: (71) 3363-5050 
E-mail: livros@editorajuspodivm.com.br 
Site: www.editorajuspodivm.com.br
&ODIVM
EDITORA
fcPODIVM
Dedicatória
Dedico este livro a dois grandes de­
fensores públicos: ANTONIO FORTES DE 
PADUA NETO, defensor público do estado 
de São Paulo, meu grande amigo desde os 
tempos da graduação, que persegue diaria­
mente a aplicação do princípio da isono- 
mia entre ricos e pobres; e IARA FREIRE 
DE MELO BARROS, defensora pública 
do estado do Rio de Janeiro, minha mãe, 
responsável direta por todas as conquistas 
que tive na vida, pois sempre esteve ao meu 
lado. Mãe, obrigado, te amo.
Homenagem
Faço deste livro uma homena­
gem a todas as Defensorias Públicas 
do Brasil, em especial à Defensoria 
Pública do Estado do Espírito Santo, 
que me acolheu e me iniciou profis­
sionalmente. Que este livro seja uma 
singela forma de demonstrar meu ca­
rinho e admiração por esta carreira 
e esta Instituição, cujo trabalho é tão 
nobre e, ao mesmo tempo, lamenta­
velmente tão pouco valorizado.
P r o p o s t a d a C o l e ç ã o 
L e is E s p e c ia is p a ra C o n c u r s o s
A coleção Leis Especiais para Concursos tem como objetivo prepa­
rar os candidatos para os principais certames do país.
Pela experiência adquirida ao longo dosanos, dando aulas nos prin­
cipais cursos preparatórios do país, percebi que a grande maioria dos 
candidatos apenas lêem as leis especiais, deixando os manuais para as 
matérias mais cobradas, como constitucional, administrativo, processo 
civil, civil, etc.. Isso ocorre pela falta de tempo do candidato ou porque 
falta no mercado livros específicos (para concursos) em relação a tais leis.
Nesse sentido, a Coleção Leis Especiais para Concursos tem a in­
tenção de suprir uma lacuna no mercado, preparando os candidatos para 
questões relacionadas às leis específicas, que vêm sendo cada vez mais 
contempladas nos editais.
Em vez de somente ler a lei seca, o candidato terá dicas específicas 
de concursos em cada artigo (ou capítulo ou título da lei), questões 
de concursos mostrando o que os examinadores estão exigindo sobre 
cada tema e, sobretudo, os posicionamentos do STF, STJ e TST (prin­
cipalmente aqueles publicados nos informativos de jurisprudência). As 
instituições que organizam os principais concursos, como o CESPE, 
utilizam os informativos e notícias (publicados na página virtual de ca­
da tribunal) para elaborar as questões de concursos. Por isso, a necessi­
dade de se conhecer (e bem!) a jurisprudência dos tribunais superiores.
Assim, o que se pretende com a presente coleção é preparar o leitor, 
de modo rápido, prático e objetivo, para enfrentar as questões de prova 
envolvendo as leis específicas.
Boa sorte!
Leonardo de Medeiros Garcia
(Coordenador da co leção)
leonardo@leonardogarcia. com. br 
leomgarcia@yahoo. com. br 
www. leonardogarcia. com. br
S u m á r io
Proposta da Coleção Leis Especiais para Concursos.......................... 9
Apresentação da 2a edição....................................................................... 13
Apresentação.............................................. .............................................. 15
Lei complementar n° 80, de 12 de janeiro de 1994.............................. 19
Anexo I
Informativos do STF relacionados à Defensoria Pública................... 203
Anexo II
Quadro Geral de artigos mais cobrados em concurso........................ 213
Anexo III
Entendimentos mais importantes do STJ e do STF............................ 227
Anexo IV
Questões específicas da Defensoria Pública de São Paulo.................. 231
Anexo V
Questões específicas das Defensorias Públicas dos Estados............... 247
Bibliografia................................................................................................ 265
11
A p r e s e n t a ç ã o d a 2a e d i ç ã o
Foi com grande satisfação que recebi o pedido de atualização deste 
livro sobre a Defensoria Pública para lançamento da 2a edição, o que 
significa que a receptividade do público tem sido boa.
Para esta segunda edição, a obra foi atualizada para se adequar à 
promulgação da Lei Complementar n° 132, de 07 de outubro de 2009, 
que alterou diversos dispositivos da Lei Orgânica Nacional da Defen­
soria Pública.
O livro foi ampliado através de novos comentários aos dispositivos, 
inserção de novas questões de provas de concursos, bem como de infor­
mativos de jurisprudência.
Além disso, incluímos dois novos anexos. O primeiro compila os 
entendimentos mais importantes do STF e do STJ sobre a Defenso­
ria Pública. O segundo contém questões de concursos de Defensorias 
Públicas Estaduais que cobraram conhecimento de sua própria lei or­
gânica.
Gostaria de agradecer aos leitores, que fizeram possível esta segun­
da edição. Obrigado pela acolhida. Agradeço, em especial, àqueles que 
me escreveram e-mails com dúvidas, comentários, sugestões, críticas. 
Esse diálogo me ajuda a reestudar os conceitos doutrinários, ler acór­
dãos, buscar respostas, enfim, pensar sobre a Defensoria Pública. To­
mara que esta nova edição permita que cheguem ainda mais e-mails que 
me ajudem a melhorar cada vez mais o livro.
Curitiba, janeiro de 2010.
Guilherme Freire de Melo Barros
bairosguilherme@yahoo.com.br
A p r e s e n t a ç ã o
A proposta deste livro é analisar a Lei Complementar n° 80, de 
1994, com os olhos voltados para sua cobrança e aplicação em concur­
sos públicos de ingresso nas carreiras da Defensoria Pública. Essa, ali­
ás, é a diretriz que orienta a Coleção Leis Especiais para Concursos. O 
que quero proporcionar ao leitor/concursando é uma ferramenta prática, 
de leitura rápida, clara e objetiva.
Para isso, faço alguns esclarecimentos.
A análise não é feita artigo por artigo, mas sim em blocos de artigos, 
referentes ao mesmo assunto. Dessa forma, o texto fica menos repetiti­
vo e a análise dos institutos, mais sistemática.
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tri­
bunal Federal está inserida dentro da análise do assunto, de modo que o 
leitor poderá identificar a interpretação dos Tribunais Superiores acerca 
de cada matéria.
De igual modo, as questões de concursos constam logo abaixo do 
assunto tratado. O intuito é agilizar a leitura e a compreensão acerca do 
modo decobrança da matéria no concurso público.
Além disso, o livro conta com três anexos. O primeiro apresenta 
entendimentos jurisprudenciais pretéritos, para possibilitar ao leitor a 
verificação de entendimentos antigos dos tribunais. O segundo traz um 
quadro com os dispositivos mais importantes para concursos públicos. 
O terceiro elenca algumas questões da Defensoria Pública do Estado 
de São Paulo que se referem a matérias específicas de sua lei orgânica.
Por fim, um desabafo.
A Defensoria Pública é Instituição cujo papel constitucional e social 
é importantíssimo. Ela lida com aqueles que estão marginalizados, que 
desconhecem seus direitos, que não tem o comer ou vestir, que não tem 
dinheiro para voltar para sua casa após receber o atendimento (não há 
defensor público no Brasil que nunca tenha dado dinheiro a um assisti­
do para pagar o ônibus, ao menos uma vez). A Defensoria Pública luta
15
G u il h e r m e F r e ir e d e M e l o B a r r o s
diariamente, incansavelmente, incessantemente, para levar ao hipossu- 
ficiente um pouco de cidadania, de dignidade. Mais do que seu papel 
constitucional, essa é forma de a Defensoria Pública contribuir para um 
Brasil melhor.
Apesar dessa nobre e relevante função, a verdade é que a Defenso­
ria Pública ainda é muito desvalorizada no país. Sequer todos os estados 
da federação criaram e organizaram suas Defensorias Públicas. Muitos 
o fizeram de forma tosca, para inglês ver.
A grande maioria das Defensorias Públicas passa por situação se­
melhante à de seus assistidos - penúria, falta de tudo um pouco: o nú­
mero de defensores públicos é pequeno; a estrutura física de trabalho 
é ruim; não há atendimento na maioria das cidades do interior; faltam 
equipamentos básicos (computador, impressora, máquina copiadora); 
não há quadro de servidores administrativos e de apoio; a remuneração 
do defensor público é muito inferior à de outras carreiras jurídicas.
A Defensoria Pública que não sofre com esses problemas, como a 
do Rio de Janeiro, é não mais do que um oásis num deserto.
É preciso mudar radicalmente esse sinistro quadro. A Defensoria 
Pública precisa ser devidamente reconhecida e valorizada. É trabalho 
de anos, hercúleo, mas que precisa ser feito por todos aqueles que que­
rem ver uma Defensoria Pública forte, pujante, capaz de prestar ao ne­
cessitado um serviço jurídico de excelência.
E a valorização da Instituição Defensoria Pública começa pela pró­
pria grafia de seu nome. Incrível notar que inúmeras questões de con­
curso contêm o nome da Instituição grafado em minúsculo: defensoria 
pública. Nenhuma, porém, apresenta o Ministério Público com grafia 
em minúsculo: ministério público - de igual modo, Poder Judiciário 
está sempre em maiúsculo. Com razão. Afinal, são nomes próprios de 
Instituições da mais alta respeitabilidade no seio de nossa sociedade. 
E motivo não há para que seja diferente com a Defensoria Pública - 
menos ainda ao considerar uma prova de concurso para ingresso na 
carreira da... Defensoria Pública!
Enfim, espero, torço e luto sinceramente para que a Defensoria Pú­
blica alcance seu devido e merecido reconhecimento. Através da união
16
A p r e s e n t a ç ã o
de esforços de todos — defensores públicos de direito, de fato e de cora­
ção (eu) acredito que podemos mudar esse panorama e, quem sabe, 
esse desabafo não se tome, em alguns (poucos) anos, obsoleto e ultra­
passado. Será uma grande alegria reescrever esta apresentação um dia 
num futuro próximo e afirmar que aquele desabafo ficou pra trás, que 
são águas passadas.
Curitiba, janeiro de 2008.
Guilherme Freire de Melo Barros
17
L e i c o m p le m e n t a r n° 80, 
d e 12 d e j a n e ir o d e 1994
-ív^Jí^ ^êfôSM^óli^ ^^^^BMi^ ^^É^SS&f^OT^^eímsiuméhto. .J- r í í - ^ . í k ' .y: : ■ -v
do.regimedèmoeraticò/ fundamentalmente*-^ pro-:
V^%mdção:iUqts?'díreitòs.;;h;ümàíiÔs- -^vã:;d ^ e -
-extrajudicial, dòs direitos inüividtia ia^ integral e gra- ;
: * :t ó do ••• - '■ } '
-;;-5v^3]pfc^ ^^ ^ ^ *“HW^/vT?& tv>T: . •.
"^/âa; Lípiãõ ^i : í;'^ ^ í.r ^V; ^^ ^ ;?X --: •'•::-',; í/i
.^■•^tlr^à Défenspiia Púbiica do .Distntò Federal-e^os Tem . -. ’’
V^V-lir^ ás Dèferísorias Públicas dos Estados. . : V
Lei Complementar ne 80/1994: a Lei Complementar que vamos estudar in­
gressou em nosso ordenamento jurídico em 12 de janeiro de 1994, com o 
objetivo de organizar a Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e 
dos Territórios, aiém de prescrever normas gerais para a organização das 
Defensorias Públicas nos estados. Ao longo de seus mais de 15 anos de exis­
tência, a Lei Orgânica da Defensoria Pública passou por algumas alterações 
legislativas, sendo a mais recente a LC n5 132, de 7 de outubro de 2009.
LC 80/94'
Organiza -
Normas
gerais
Defensoria Pública da União
Defensoria Pública do Distrito Federal e Territórios
» Defensoria Pública dos Estados
19
G u il h e r m e F r e ir e d e M el o B a r r o s
2. Divisão de artigos e temas na LC n9 80/94: a Lei Complementar em exame 
disciplina a Defensoria Pública como um todo. Para isso, traz disposições 
gerais, aplicáveis a quaisquer das suas instituições, nos artigos l 9 a 42.
Em seguida, são apresentadas as normas pertinentes à Defensoria Pública 
da União nos artigos 59 a 51. A Defensoria Pública do Distrito Federal e 
Territórios é disciplinada nos artigos 52 a 96. Por fim, as normas gerais 
para as Defensorias Públicas estaduais estão previstas nos artigos 97 a 
135. Os artigos 136 a 149 se referem a disposições finais e transitórias.
. - Tema
W ê W ê ê í
: Artigos
Disposições gerais l s a 42
Defensoria Pública da União 52 a 51
Defensoria Pública do Distrito Federal e Territórios 52 a 96
Defensorias Públicas dos Estados 97 a 135
Disposições finais e transitórias 136 a 149
3. Defensoria Pública na Constituição da República: a Constituição da Repú­
blica de 1988 apresenta um extenso rol de direitos e garantias fundamen­
tais em seu artigo 5o, com destaque para o inciso LXX1V, que estabelece 
o dever do Estado de prestar "assistência jurídica integral e gratuita aos 
que comprovarem insuficiência de recursos." Para atender a esse direito 
fundamental, a Constituição da República de 1988 previu expressamente 
a instituição da Defensoria Pública, outorgando-lhe a missão de prestar 
serviços jurídicos aos necessitados. Prevê o artigo 134 o seguinte: "A De­
fensoria Pública é instituição essencial à função jurísdicional do Estado> 
incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos 
necessitados na forma do art. S g, LXXIV
A redação do dispositivo constitucional traz importantes características 
acerca da Instituição. Primeiro, trata-se de instituição essencial à função 
jurisdicional, o que significa que sua criação e manutenção não são me­
ras faculdades ou opções políticas dos governantes, que poderiam criar 
ou extinguir a Defensoria Pública, por conveniência e oportunidade. Pelo 
contrário, a criação da Defensoria Pública é dever, é imposição constitu­
cional, de modo que o chefe do executivo que não cria, nem a equipa 
adequadamente, está violando a Constituição da República.
O § l 9 do artigo 134 determina que cabe à Lei Complementar organizar a 
Defensoria Pública da União e do Distrito Federal, bem como estabelecer
20
L ei c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4
normas gerais para as Defensorias Públicas dos Estados. Trata-se preci­
samente da LC ns 80/1994, objeto de nosso estudo. Ao lado das normas 
gerais trazidas pela Lei Orgânica nacional, os Estados devem criar suas le­
gislações próprias para regera carreira,
Com relação ao ingresso na carreira, o dispositivo constitucional exige a 
aprovação em concurso público de provas e títulos.
Ainda no § l 9 do artigo 134, foi estabelecida uma garantia e uma vedação.O defensor público tem garantida constitucionalmente sua inamovibiíida- 
de, o que se significa que não pode ser removido de seu posto de trabalho
- ressalvadas hipóteses excepcionais. Além disso, foi vedado o exercício 
de advocacia fora das atribuições institucionais.
A disciplina constitucional da Defensoria Pública segue com o § 29 do arti­
go 134, inserido pela Emenda Constitucional n9 45/2004, que promoveu a 
chamada Reforma do Judiciário. O § 22 garantiu às Defensorias Públicas dos 
Estados autonomia funcional e administrativa, bem como a iniciativa de sua 
proposta orçamentária ~as Defensorias Públicas da União e do Distrito Fede­
ral não foram contempladas com tais autonomias. Por sua vez, o artigo 168 
determina que "os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, 
compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos ór­
gãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defenso­
ria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos".
A inserção desse dispositivo na Constituição significou conquista impor­
tante para a Defensoria Pública, pois lhe garante independência para atu­
ar somente com os olhos voltados a seu objetivo constitucional, que é a 
prestação de serviços jurídicos aos necessitados.
K CARACTERÍSTICAS PÁ DEFEMSORtÁ PÚBU^lsiQ PUNÒ ÇÓNST1TÚÇIONÁL
Função essencial à Jurisdição.______________________________________________________________
Incumbida da orientação jurídica e defesa, em todos os graus, dos necessitados (art.
5S, LXXiV).___________________________________________________________________________________
LC organiza Defensoria Pública da União e Distrito Federa! e estabelece normas ge- 
rais para as Defensorias Públicas dos Estados.____________________________________________
ingresso na carreira mediante aprovação em concurso público de provas e títulos.
Garantia da inamovibilidade._______________________________________________________________
Vedação de advocacia fora das atribuições institucionais._______________________________
Autonomia funcional e administrativa e iniciativa de sua proposta orçamentária 
(apenas para as Defensorias Públicas dos Estados, não para União e Distrito Federal), 
devendo seus recursos ser repassados até o dia 20 de cada mês em duodécimos.
21
G u il h e r m e F r e ir e d e M el o B a r r o s
-> Aplicação em concurso:
• DP/MS - 2008 - VUNESP
Tendo em vista o que disciplina a Constituição Federal a respeito da Defenso­
ria Pública, analise as afirmativas a seguir.
I. A Defensoria Pública é instituição- auxiliar à função jurisdicionaí do Estado,
incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa dos necessitados, na forma 
da lei.
II. Lei complementar organizará a Defensoria Púbiica dos Estados, assegurada a 
seus integrantes a garantia da inamovibilidade e da vitaliciedade e vedado o 
exercício da advocacia fora das atribuições institucionais.
III. Às Defensorias Públicas da União e dos Estados são asseguradas autonomia 
funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro 
dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
IV. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, excluídos os crédi­
tos suplementares e especiais, destinados aos órgãos da Defensoria Púbiica, 
ser-lhe-ão entregues, em duodécimos, até o dia 20 de cada mês.
Pode-se afirmar que
A) apenas III está correta.
B) apenas IV está correta.
C) apenas I e il estão corretas.
D) nenhuma afirmativa está correta.
Gabarito: letra D.
3.1. Previsão constitucional da Defensoria Pública em doutrina: "Ren­
te ao que foi desenvolvido no n. 14 do Capítulo 1, supra, a respeito do 
incentivo que a Constituição Federal de 1988 empresta para o hípossufi- 
ciente para tutelar-se juridicamente - noção mais ampla do que judicial­
mente - , o art. 134 daquela Carta criou, inovando, no particuiar, com as 
Constituições anteriores, as Defensorias Públicas. [...] Trata-se de passo 
fundamental que foi dado pela Constituição Federai em prol da constru­
ção e aperfeiçoamento de um novo Estado Democrático de Direito para 
o país. Antes do art. 134, a tutela jurídica do hipossuficiente era não só 
incipiente mas, também, feita quase que casuisticamente pelos diver­
sos membros da Federação. O dispositivo da Constituição Federal, neste 
sentido, teve o grande mérito de impor a necessária institucionalização 
daquela função, permitindo, assim, uma maior racionalização na ativi­
dade de conscientização e de tutela jurídica da população carente, pro­
vidência inafastável para o engrandecimento de um verdadeiro Estado 
e do fortalecimento de suas próprias instituições, inclusive as que mais
22
L ei c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4
importam para o desenvolvimento deste Curso, as relativas à "Justiça". 
[...] O ideal, em termos de realização dos valores constitucionalmente 
assegurados, seria a Defensoria Pública poder se estruturar e se orga­
nizar com total independência dos demais Poderes e funções públicas 
como meio, até mesmo, de bem alcançar seus objetivos" (BUENO, Cas- 
sio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: teoria ge­
rai do direito processual civil, vol. I, 2- edição. São Paulo: Saraiva, 2008, 
pp. 236-237 ~ grifos do original)
4. Defensoria Pública - conceito e características: a norma prevista no art. 
12 foi alterada pela LC n9 132/2009. A redação antiga era repetição da nor­
ma constitucional, que prevê no artigo 134 o seguinte: "A Defensoria Pú­
blica é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo- 
lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, 
na forma do art. 59, LXXIV."
Já a nova redação do artigo l 9 é: "A Defensoria Pública é instituição per­
manente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, 
como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmen­
te, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em 
todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, 
de forma integrai e gratuita, aos necessitados, assim considerados na for­
ma do inciso LXXIV do art. 5e da Constituição Federal
O novo artigo l 9 é mais extenso e traz uma série de características impor­
tantes sobre a Defensoria Pública. Já se tinha claro, anteriormente, que se 
trata de instituição essencial à função jurisdicional, à qual incumbe a pres­
tação de serviços jurídicos aos necessitados. Da nova redação, extraem-se 
também três novos pontos que merecem destaque: expressão e instru­
mento do regime democrático; promoção dos direitos humanos; e defesa 
dos direitos individuais e coletivos.
Regime democrático é aquele que permite a ampla participação da po­
pulação nas decisões políticas do país, seja de forma direta (plebisci­
to, referendo) ou indireta (eleições), mediante mecanismos de escolha 
transparentes, honestos e livres. A construção de uma sociedade demo­
crática passa necessariamente pela constante vigilância social de nossos 
governantes, através do controle de seus atos, de suas opções políticas. 
A busca por fazer valer um direito é, um última análise, uma forma de 
efetivar e reafirmar a Constituição da República e nossas instituições de­
mocráticas. Nesse ponto, o trabalho da Defensoria Pública é bastante
23
G u il h e r m e F r eir e d e M e l o B a r r o s
significativo, porque, na medida em que presta a tutela dos direitos dos 
necessitados, leva democracia e cidadania aos marginalizados, àqueles 
que constantemente estão alijados dos processos decisórios - sendo 
lembrados, lamentavelmente, quase sempre, apenas em época de elei­
ções.
De igual modo, foi expressamente incluído no dispositivo a missão da 
Defensoria de promover os direitos humanos. Essa alteração faz parte de 
um movimento político-legislativo jábastante claro de priorização da tu­
tela dos direitos humanos. A aprovação da EC n9 45/2004 acrescentou o 
§ 39 ao artigo 5 2 da Constituição para prever que: "Os tratados e conven­
ções internacionais sobre direitos humanos que foram aprovados, em 
cada Casa do Congresso Nacionalem dois turnos, por três quintos dos 
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitu­
cionais." Além desse dispositivo, foi criado o incidente de deslocamento 
de competência da Justiça Estadual para a Federal em caso de violação 
dos direitos humanos (art. 109, V-A e § 59). Mais uma vez, assim como 
na consolidação do regime democrático, a Defensoria Pública tem papei 
relevante na promoção dos direitos humanos, pois é a Instituição que 
lida diariamente com aqueles que mais sofrem com a violação de seus 
direitos.
No que se refere aos direitos individuais e coletivos, a alteração consagra 
definitivamente a questão da legitimação da Defensoria Pública,para a 
tutela coletiva. A Lei n9 11.448/2007 já havia efetivado a alteração na Lei 
de Ação Civil Pública. Agora a questão passa a figurar expressamente da 
Lei Orgânica da Defensoria Pública.
Ainda com o objetivo de consolidar a Defensoria Pública como único 
ente com atribuição constitucional e legal para prestar assistência ju­
rídica ao necessitado, a LC n9 132/2009 inseriu o § 5S ao artigo 45, que 
prevê o seguinte: "A assistência jurídica integral e gratuita custeada ou 
fornecida pelo Estado será exercida pela Defensoria Pública "
Aplicação em concurso.
• DP/MG - 2004 - Fundep.
Entre as normas da Constituição Federal sobre a Defensoria Pública, NÃO se 
inclui:
E) Trata-se de instituição essencial à função jurisdicional do Estado.
O item está correto. Por isso, nao deve ser assinalado.
24
L ei c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4
* DP/ES - 2009 - CESPE.
"A defensoria pública, na-atual CF, é considerada como instituição permanen­
te e essencial à função jurisdicional do Estado"
O item está correto.
* DP/SP - 2009 ~ FCC. -
"O direito fundamental à assistência jurídica integral e gratuita, previsto
constitucionalmente e instrumentalizado peia Defensoria Pública, compre­
ende a: ~ •
A) atuação processual do Défensòr Público do. Estadó até o segundo grau de
jurisdição" , .
O item está incorreto; por isso, não deve ser assinalado.
5. Conceito de necessitado: outro ponto de destaque trazido pela LC ns 
132/2009 é a modificação da parte firia! do artigo l 9. Antes constava 
que a Defensoria Pública prestava assistência jurídica aos "necessitados, 
assim considerados na forma da lei." O paradigma agora é constitucio­
nal/pois o dispositivo remete ao-inciso LXXIV do art. 5q da Constitui­
ção, que prescreve: "o Estado prestará assistência jurídica integral e 
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos." A insuficiên­
cia de recursos deve ser analisada com base no princípio da dignidade 
da pessoa humana, de asserito constitucional {art. 12, lll). A atuação da 
Defensoria Pública é voltada para a prestação de assistência jurídica ao 
necessitado, assim entendido aquele que não tem condições que ar­
car com as despesas inerentes aos serviços jurídicos de que necessita 
{contratação de advogado e despesas processuais) sem prejuízo de sua 
subsistência.
A Lei n9 1.060/50, no parágrafo único do artigo 2®, apresenta um concei­
to legal de necessitado: "Considera-se necessitado> para os fins legais, 
todo aquele cuja situação econômica não lhe permita pagar as custas 
do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do sustento pró­
prio ou da família/' Esse dispositivo contém conceitos jurídicos abertos, 
que permitem sua adequação a diversas-situações concretas. Do mesmo 
modo, a LC ns 80/1994 não traz um critério objetivo de caracterização de 
necessitado.. '
Entretanto, é comupi verificar na legislação estadual que trata da Defen­
soria Pública a fixação de .parâmetros objetivos para caracterização da 
hipossuficiência. É o caso dá Defensoria Pública do Espírito Santo, cuja
25
G u il h e r m e F r e ir e d e M e l o B a r r o s
Lei Complementar n9 55/94 estabelece, em seu artigo 25, § 1$, o seguin­
te: "A insuficiência de recursos ou hipossuficiência, que coloca a pessoa 
física em situação de vulnerabilidade e, em relação à parte contrária, é as­
sim considerada desde que o interessado: a) Tenha renda pessoal mensal 
inferior a três salários mínimos; b) Pertença a entidade familiar cuja média 
de renda per capita ou mensal não ultrapasse a metade do valor referido 
na alínea anterior."
Essa disposição não está em consonância com a Constituição da Repú­
blica, nem tampouco com a Lei Complementar ns 80/94. Afinal, é plena­
mente possível que uma pessoa receba mais de três salários mínimos e, 
ainda assim, necessite dos serviços da Defensoria Pública. Basta pensar 
em pessoa com doença grave, cujas despesas médicas sejam altas, ou 
aquele que sustenta família de muitos membros. Nesses casos, a pessoa 
faz jus ao atendimento da Defensoria Pública. Qualquer fixação, a priori, 
de parâmetro objetivo para caracterização da hipossuficiência não aten­
de a Constituição da República. A avaliação da hipossuficiência deve ser 
feita no caso concreto, sendo possível ao defensor público recusar o pa­
trocínio.
Por fim, deve-se ter presente que esse entendimento é válido e pertinen­
te para uma prova discursiva em que o candidato possa demonstrar sua 
linha de raciocínio. Em prova objetiva, vale a previsão legal. Se a legislação 
estadual possuir previsão de parâmetro objetivo, como a percepção de 
salário mínimo, e a questão fizer referência a esse assunto, o candidato 
deve pautar sua resposta pela disposição legal.
Ainda sobre o necessitado, atualmente há entendimentos que alargam o 
conteúdo do conceito para abarcar não só o carente financeiramente, mas 
também o juridicamente vulnerável. É o que se entende por necessitado 
jurídico, pessoa que está em situação inferior de vulnerabilidade frente à 
outra parte no processo.
-> Aplicação em concurso:
«> DP-ES ~ 2009 - CESPE.
"O critério objetivo de definição da hipossuficiência nas legislações com- 
plementares federal e estadual, para fins de assistência jurídica pela defen­
soria pública, é divergente. Justifica-se a utilização de parâmetros distintos 
porque os hipossuficientes, no âmbito federal, têm perfil socioeconômico 
diferente dos necessitados na circunscrição do estado. No âmbito estadual, 
considera-se como insuficiente de recursos aqueie que tenha renda pesso-
26
L ei c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4
ai mensai inferior a três salários mínimos, ou pertença a entidade familiar 
cuja média de renda per capita ou mensal não ultrapasse a metade do valor 
referido."
O item está incorreto.
6. Justiça gratuita X assistência judiciária X assistência jurídica: esses três 
conceitos não são sinônimos. A justiça gratuita se refere à isenção do pa­
gamento das custas, taxas, emolumentos e despesas processuais. Por sua 
vez, a assistência judiciária engloba o patrocínio da causa por advogado 
e pode ser prestada por um órgão estatal ou por entidades não estatais, 
como os escritórios modelos das faculdades de Direito ou de ONG's. Esse 
conceito se limita à defesa dos direitos dos necessitados na esfera judicial. 
Por fim, o conceito mais amplo é o de assistência jurídica, que envolve 
não somente o patrocínio de demandas perante o Judiciário, mas também 
toda a assessoria fora do processo judicial - o que engloba desde pro­
cedimentos administrativos, até consultas pessoais do necessitado sobre 
contratos (locação, financiamento, consumo).
A atuação da Defensoria Pública não se limita à assistência judiciária. A 
previsão constitucional do inciso LXXIV, do art. 59, estabelece a assistência 
jurídica, e não judiciária:"o Estado prestará assistência jurídica integral e 
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos". O conceito de 
assistência jurídica é mais amplo do que assistência judiciária, pois com­
preende a assessoria dentro e fora do Poder Judiciário. Atualmente, a 
atuação da Defensoria Pública inegavelmente transborda os limites dos 
processos judiciais, o que se justifica pelo aumento da utilização de ins­
trumentos não-judicias de tutela de direitos. Pretensões que antes eram 
levadas ao Judiciário agora recebem outro tipo de tratamento e solução. 
É o que ocorre com o inventário e a partilha, bem como a separação e 
o divórcio consensuais, que podem ser realizados por escritura pública 
(respectivamente, artigos 982 e 1.124-A do CPC, com redação da Lei n ^
11.441/2007). De igual modo, meios alternativos de solução de controvér­
sias têm aplicação cada vez mais difundida, como a mediação e a arbitra­
gem. Sendo a Defensoria Púbiica a instituição responsável pela prestação 
da assistência jurídica ao necessitado e sendo o conceito de assistência 
jurídica amplo, a conclusão é a de que a atuação da Defensoria Pública na 
tutela dos direitos deve ser a mais ampla possível.
Inclusive, de forma expressa, o artigo 42, inciso II, estabelece como fun­
ção institucional a solução prioritariamente extrajudicial dos litígios.
2 7
G u il h e r m e F r eír e d e M el o B a r r o s
Confira-se o seguinte gráfico.
Assistência
Jurídica
6.1. Justiça gratuita em doutrina: "A justiça gratuita pode, então, ser 
conceituada como instituição jurídica de acesso à Justiça que se consiste 
na concessão, pelo poder público, do benefício da isenção das custas, 
taxas, emolumentos e despesas processuais, bem como de honorários 
de advogado e perito, à pessoa que declarar seu estado de necessida­
de, na forma da le i" {CORGOSINHO, Gustavo. Defensoria Pública: prin­
cípios institucionais e regime jurídico. Belo Horizonte: Dictum, 2009, p. 
41).
6.2. Assistência judiciária em doutrina: "[...] devemos compreender 
o conceito de assistência judiciária, além do órgão oficial, estatal, todo 
agente que tenha por finalidade principal essa prestação de serviço, seja 
por determinação judicial, seja por convênio com o Poder Público. Nesse 
caso, incluem-se os escritórios de advocacia que freqüentemente prestam 
assistência judiciária, como escritórios modeios das faculdades de Direito, 
as fundações(PIMENTA, Marília Gonçalves. Acesso à Justiça em preto e 
branco: retratos institucionais da Defensoria Pública. Rio de Janeiro: Lú- 
men Juris, 2004, p. 102)
6.3. Assistência jurídica em doutrina: "De forma mais ampla se conceitua 
a assistência jurídica, que engloba a assistência judiciária, além de outros 
serviços jurídicos não relacionados ao processo, tais como orientar escla­
recimentos de dúvidas e prestando orientação e auxílio à comunidade no 
que diz respeito à formalização de escrituras, obtenção de certidões, re­
gistros de imóveis/' (PIMENTA, Marília Gonçalves. Acesso à Justiça em pre­
to e branco: retratos institucionais da Defensoria Pública. Rio de Janeiro: 
Lumen Juris, 2004, p. 103, grifo do original)
L ei c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4
Aplicação em concurso:
• DP/MG ~ 2006 - Fundep.
"Sobre a assistência jurídica, analise as seguintes afirmativas: III - A atribui­
ção dos defensores públicos não se estende à defesa dos necessitados em 
processos administrativos"
O item está incorreto.
• DPU — 2004 — CESPE.
"Considere a seguinte situação hipotética. Ronaldo, cidadão brasileiro po­
bre, necessita de assistência jurídica extrajudicial. Nessa situação, a DPU não 
pode prestar a referida assistência, porque os órgãos que compõem essa ins­
tituição voltam-se exclusivamente à prestação de assistência judicial."
O item está incorreto.
® DP/AC -2 0 0 6 -CESPE.
"Não faz parte das atribuições dos defensores públicos a defesa dos necessi­
tados em processos administrativos"
O item está incorreto.
• DP/M A- 2009 -FCC.
"Em virtude de a Defensoria Pública ser instituição essencial à função jurisdi- 
clonal do Estado, é da sua incumbência prestar às pessoas necessitadas, de 
forma integral e gratuita:
A} assistência judicial.
B) assistência judiciária.
C) assistência jurídica, judicial e extrajudicial.
D) assistência jurisdicíonal.
E) assistência institucional."
Gabarito: letra C.
6.4. Gratuidade de Justiça — abrangência: a gratuidade de justiça pode 
ser concedida a nacionais ou estrangeiros residentes no Brasil, que deia 
necessitem para ingressar na justiça penal, civil, militar e do trabalho (art. 
22). O artigo 39 da Lei 1.060/50 elenca uma série de verbas que a parte fica 
dispensada de pagar, com destaque para as seguintes:
- taxas judiciárias e emolumentos;
- despesas com as publicações indispensáveis no Diário Oficial (não in­
clui órgãos de imprensa particulares;
29
G u il h e r m e F reire d e M el o B a r r o s
- indenizações devidas às testemunhas;
- honorários advocatícios e periciais;
- exame de DNA.
Aplicação em concurso:
* DP/RN -2006.
A Defensoria Pública tem assegurada a gratuidade de publicação de editais 
nos órgãos de imprensa públicos e particulares."
O item está incorreto.
6.5. Gratuidade de Justiça - forma de concessão: para concessão do be­
nefício, basta a afirmação da parte no corpo da própria petição inicial de 
que não tem condições de pagar custas processuais e honorários advoca- 
ticios sem prejuízo de seu sustento ou do de sua família (art. 4-}. Disso de­
corre uma presunção relativa, juris tantum, que pode ser ilidida pela parte 
contrária através de impugnação (art. 49, §§ l 9 e 29). Além disso, o juiz, de 
ofício, pode revogar o benefício se perceber que a parte tem condições de 
custear as despesas (art. 89).
Se a parte puder custear parte das despesas, o juiz mandará pagar as cus­
tas, que serão rateadas entre os que tiverem direito ao seu recebimento 
(art. 13).
-> Aplicação em concurso:
• CEAJUR (DP/DF) - 2006 - CESPE.
"Para obtenção do benefício da justiça gratuita, não basta declaração de pró­
prio punho, ainda que sob as penas da lei, como comprovação de hipossu- 
ficiência. Diante da inexistência de presunção para tanto, faz-se necessário 
trazer ao juízo provas materiais de que o pagamento das custas e despesas 
processuais ensejará prejuízo do sustento próprio e da família do requerente."
O item está incorreto.
® DP/MS - 2008 - VUNESP
Assinale a alternativa que está de acordo com o disposto na Lei ne 1.060/50.
A) Gozarão dos benefícios dessa Lei os nacionais ou estrangeiros, residentes no 
país, que necessitarem recorrer à Justiça penai, civil ou do trabalho, excluída 
a Justiça Militar.
B) A parte que pretender gozar os benefícios da assistência judiciária requererá 
ao Juiz competente lhes conceda, mencionando, na petição, o rendimento 
ou vencimento que percebe e os encargos próprios e os da família.
30
L ei c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4
C) A impugnação do direito à assistência judiciária não suspende o curso do 
processo e será feita nos mesmos autos do processo principat.
D) Se o assistido puder atender, em parte, as despesas do processo, o Juiz man­
dará pagar as custas que serão rateadas entre os que tiverem direito ao seu 
recebimento.
Gabarito: letra D.
• DP/AL-2 0 0 9 -CESPE.
"Se a parte requerente deixar de juntar provas de que não possui condições 
de pagar as custas do processo e os honorários de advogado sem prejuízo 
próprio ou de sua família, o juiz indeferirá o pedido de assistência judiciária."
O item está incorreto.
• DP/AL-2 0 0 9 -CESPE.
"Considere que Paulo tenha seu pedido e assistência judiciária gratuita de­
ferido pelo juiz no curso de um processo contra Ricardo. Nesse caso, Ricardo 
poderá pedir a revogação dos benefíciosconcedidos a Paulo, se comprovar 
que inexistem os motivos que ensejaram o deferimento, mas não será lícito 
ao juiz decretar a revogação dos benefícios de ofício "
O item está incorreto.
» DP/AL -2 0 0 9 -CESPE.
"Caso o assistido possa atender, em parte, às despesas do processo, o juiz 
mandará pagar as custas, que serão rateadas entre os que tiverem direito ao 
seu recebimento/'
O item está correto.
6.6. Recurso cabível contra o indeferimento da gratuidade de justiça: o
recurso cabível contra a decisão que indefere a gratuidade de justiça é 
a apelação, conforme disposição expressa do artigo 17 da Lei 1.060/50: 
"Caberá apelação das decisões proferidas em conseqüência da aplicação 
desta Lei; a apelação será recebida somente no efeito devolutivo, quando 
a sentença conceder o pedido" A contrário sensu, quando o benefício for 
indeferido, a apelação terá duplo efeito, suspensivo e devolutivo.
Aplicação em concurso:
• DP/AL-2 0 0 9 -CESPE.
"Indeferindo o juiz os benefícios da assistência judiciária, de tal decisão cabe­
rá apelação, a qual será recebida em ambos os efeitos "
O item está correto.
31
G u il h e r m e F r e ir e d e M e l o B a r r o s
6.7. Momento para concessão da gratuidade de justiça - posição do STJ:
o benefício da gratuidade de justiça pode ser concedido a-qualquer tem­
po, desde que comprovada a impossibilidade de pagamento das custas 
processuais. Se a matéria já foi apreciada nos tribunais inferiores e restou 
indeferida, não poderá ser reexaminada em sede de recurso especial, por 
demandar análise de provas. Nada impede, porém, que a gratuidade ve­
nha a ser requerida e concedida apenas em sede de recursos aos Tribunais 
Superiores.
AGRAVO REGIMENTAL PEDIDO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. 
IRRETROATIVIDADE DOS EFEITOS DO DEFERIMENTO.
I - A gratuidade da justiça pode ser concedida em qualquer fase do pro­
cesso, dada a imprevisibilídade dos infortúnios financeiros que podem 
atingir as partes, impossibílitando-as de suportar as custas da demanda.
II - [...] (STJ - AgRg no Ag 979.812-SP - 3â Turma, rei. Min. Sidnei Benetti 
- j . e m 21/10/2008, DJ em 05/11/2008}
-> Aplicação em concurso:
• DP/SE - 2005 - CESPE.
"A assistência gratuita pode ser concedida em quaiquer fase do processo, 
inclusive em sede de julgamento do recurso especíaí. No entanto, se o pedi­
do for indeferido na instância ordinária, o tribunal de instância especial não 
poderá apreciá-lo, por tratar-se de reexame de provas "
O item está correto.
• DP/AL-2 0 0 9 -CESPE.
"O pedido de assistência judiciária deve ser feito na petição iniciai, de forma 
que, depois de estabilizada a reiação processual, não será lícito a quaiquer 
das partes requerê-lo ao juiz"
O item está incorreto.
6.8. Falecimento do beneficiário da gratuidade e concessão aos herdei­
ros: os benefícios da gratuidade de justiça são concedidos àquele que afir­
ma sua condição de pobreza. Diante de seu falecimento, o benefício cessa, 
mas nada impede que seus sucessores também venham a requerer a con­
cessão da gratuidade de justiça. É o que prevê o artigo 10 da Lei 1.060/50: 
"São individuais e concedidos em cada caso ocorrente os benefícios de 
assistência judiciária, que não se transmitem ao cessionário de direito e 
se extinguem pela morte do beneficiário, podendo, entretanto, ser conce­
didos aos herdeiros que continuarem a demanda, e que necessitarem de 
tais favores na forma estabelecida nesta Lei."
32
L ei c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4
Aplicação em concurso:
« DP/AL - 2009 - CESPE.
"Os benefícios da assistência judiciária são concedidos individualmente em 
cada caso concreto e se extinguem com a morte do beneficiário. No entanto, 
tal benefício pode ser concedido aos herdeiros que continuarem na demanda." 
O item está correto.
6.9. Beneficiário da gratuidade de justiça e condenação em ônus sucum- 
benciais: aquele que sai vencido em uma demanda é condenado ao paga­
mento de custas processuais e dos honorários advocatícios (CPC, art. 20). 
A situação não se altera quando o vencido é beneficiário da gratuidade de 
justiça, ou seja, a sentença deve impor a condenação também em ônus 
sucumbenciais. Como a Lei ne 1.060/50 estabelece que a gratuidade al­
cança taxas judiciárias e honorários de advogados (art. 3e, incisos I e V, 
respectivamente), a parte vencedora não pode executar a vencida para 
buscar ressarcimento desses valores, salvo se sua situação de hipossufici­
ência financeira se alterar no prazo prescricional de 5 anos (art. 12).
Aplicação em concurso:
« CEAJUR (DP/DF) - 2006 - CESPE.
"O beneficiário da justiça gratuita, quando vencido na ação, não é isento de 
condenação nos ônus da sucumbência, devendo ser condenado ao pagamen­
to da verba honorária. Entretanto, essa obrigação fica suspensa pelo período 
de até cinco anos, caso persista o estado de miserabilidade, extinguindo-se 
após findo esse prazo."
O item está correto.
7. Defensoria Púbiica - composição: o artigo 2 ^estabelece que a Defensoria 
Pública é uma instituição composta de três elementos: a Defensoria Públi­
ca da União, a Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios e a 
Defensoria Pública dos Estados.
8. Competência legislativa: compete ao Congresso Nacional organizar a 
Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e dos Territórios, assim 
como estabelecer normas gerais a serem seguidas pelos estados membros
r
DEFENSORIA
PÚBLICA
Defensoria Pública da União
Defensoria Púbiica do Distrito Federai e dos Territórios 
Defensoria Pública dos Estados
33
G u il h e r m e F r e ir e d e M e l o B a r r o s
em suas Defensorias, conforme previsão do art. 134, § 1- da Constituição 
da República. Assim, em relação às Defensorias Públicas estaduais, a com­
petência legislativa é concorrente (CR, art. 134, § 12). Quanto à Defensoria 
Pública da União e do Distrito Federal e Territórios, a competência é priva­
tiva (CR, art. 22, XVII).
Aplicação em concurso:
® DP/MG - 2004 - Fundep. Entre as normas da Constituição Federal sobre a 
Defensoria Pública, NÃO se inclui:
A) compete ao Congresso Nacional mediante lei complementar, organizar a De­
fensoria Pública da União, do Distrito Federa) e dos Territórios.
B) compete ao Congresso Nacional, mediante lei complementar, prescrever as 
normas gerais a serem observadas pelos Estados na organização de suas De­
fensorias.
Os itens estão de acordo com a Constituição e, por isso, não devem ser 
assinalados.
® DP/MG - 2006 — Fundep.
"Quanto à organização e à estrutura da Defensoria Pública do Estado, assina­
le a afirmativa INCORRETA, e) São definidas em virtude do exercício de com­
petência legislativa concorrente, na medida em que a União cabe a edição 
de norma geral, o que não exclui a competência legislativa suplementar do 
Estado de Minas Gerais na matéria.
O item está correto; por isso, não deve ser assinalado.
« DP/AM - 2003 - CESPE.
"A competência para legislar acerca da defensoria pública é concorrente 
e, portanto, no tocante à organização da defensoria pública nos estados, a 
União tem apenas competência para estabelecer regras gerais."
O item está correto.
Art* 3o São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a ;; 
indivisibilidade e a independência funcional. .■ • : ;V - ' . • ' ’ .• / ;
Parágrafo único. (VETADO) o • ■ r; . : ;
Art. 3°-A. São objetivos da Defensoria Pública: (Incluído pela Lei ..Gora-, 
plementar n° 132, de 2009). ' - ' - .V\-'
■ I - a primazia da dignidade da pessoa humana é a redução das desigual- . 
dades sociais; (Incluído pela Lei Complementar n° 132, de 2009).
II — a afirmação do Estado Democrático de Direito;. (Incluído pela L e i.
■ • Complementar n° 132, de 2009). . ; ' ..
34
L ei c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4■ Lei C om p lem eh^ li9 ^ 32,:fte:í2 Ò Ó í^ )f^ ^ •;.■ ' •
.. IV - a garãirôà;4<H$ira^ ê do çòn-
• ;flraditpriòvf0nduídò:^|ff^|?f
1. Princípios institucionais: o artigo 3e elenca os três princípios fundamen­
tais da Defensoria Púbiica: unidade, indiyisibiijdade e independência fun­
cionai. Dentro do constítucionaiismo moderno, entende-se que as normas 
se subdividem em regras e princípios. Regras são dotadas de menor grau 
de abstração e têm sua aplicação integral a uma situação concreta. Princí­
pios, por sua vez, são normas deveras abstratas, cuja aplicação a um caso 
concreto pode-se dar em maior ou menor grau.
Ao analisar um determinado caso concreto, o intérprete pode analisar 
mais de uma regra para regular a situação. No momento de aplicá-la, po­
rém, apenas uma há de incidir, sendo a outra descartada. Entre princípios, 
é possível a ponderação de sua aplicação, e um caso concreto pode sofrer 
a incidência de mais de um princípio.
1.1. Regras e princípios em doutrina: "É importante assinalar, logo de iní­
cio, que já se encontra superada a distinção que outrora se fazia entre 
norma e princípio. A dogmática moderna avaliza o entendimento de que 
as normas jurídicas, em geral, e as normas constitucionais, em particular, 
podem ser enquadradas em duas categorias diversas: as normas-princípio 
e as normas-disposição. As normas-disposição, também referidas como 
regras, têm eficácia restrita às situações específicas às quais se dirigem. 
Já as normas-princípio, ou simplesmente princípio, têm, normalmente, 
maior teor de abstração e uma finalidade mais destacada dentro do siste­
ma." {BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição. 
5 ^edição. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 151).
1.2. Unidade em doutrina: entende-se que a Defensoria Pública
corresponde a um todo orgânico, sob uma mesma direção, mesmos fun­
damentos e mesmas finalidades. Permite aos membros da Defensoria Pú­
blica substituírem-se uns aos outros. Cada um deles é parte de um todo, 
sob a mesma direção, atuando pelos mesmos fundamentos e com as mes­
mas finalidades" (PIMENTA, Marília Gonçalves. Acesso à Justiça em preto 
e branco: retratos institucionais da Defensoria Pública. Rio de Janeiro: Lu- 
men Juris, 2004, pp. 112-113)
35
G u il h e r m e F r e ir e d é M e l o B a r r o s
13. Indivisibilidade em doutrina:
- "A Defensoria Pública atua como um todo orgânico, não está sujeita 
a rupturas e fracionamentos." (PIMENTA, Marília Gonçalves. Acesso à 
Justiça em preto e branco: retratos institucionais da Defensoria Públi­
ca. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004, p. 103)
- "Uma vez deflagrada a atuação do Defensor Público, deve a assistência 
jurídica ser prestada até atingir o seu objetivo, mesmo nos casos de 
impedimento, férias, afastamento e licenças, pois, nesses casos, a lei 
prevê a possibilidade de substituição ou designação de outro Defensor 
Público, (GALLIEZ, Paulo Cesar Ribeiro. Princípios institucionais da 
Defensoria Pública. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 34)
1.4. Independência funcional em doutrina: "A independência funcional 
assegura a plena liberdade de ação do defensor público perante todos os 
órgãos da administração pública, especialmente o judiciário. O princípio 
em destaque elimina qualquer possibilidade de hierarquia diante dos de­
mais agente políticos do Estado, incluindo os magistrados, promotores 
de justiça, parlamentares, secretários de estado e delegados de polícia." 
(GALLIEZ, Paulo Cesar Ribeiro. Princípios institucionais da Defensoria Pú­
blica. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 41)
Aplicação em concurso:
® DP/MG — 2006 - Fundep.
"Sobre a legislação que disciplina a Defensoria Pública de Minas Gerais, é 
incorreto afirmar que:
B) A unidade, a indivisibilidade e a independência funcional são princípios insti­
tucionais da Defensoria Pública."
O item está correto; por isso, nõo deve ser assinalado. Embora a questão se 
refira à legislação da Defensoria Publica de Minas Gerais, o conhecimento 
da LC 80/94 é suficiente para encontrar a resposta correta.
• DP/AC-2 0 0 6 -CESPE.
"São princípios institucionais da defensoria pública a unidade, a indivisibili­
dade e a independência funcional."
O item está correto.
* DP/MT-2006.
"Acerca das disposições preliminares da instituição Defensoria Pública, bem 
como das normas gerais para organização das Defensorias dos Estados, en- 
contradiças na Lei Complementar Federal n. 80, de 12 de janeiro de 1994, 
assinale a afirmativa correta:
36
L e i c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e j a n e ir o d e 1 9 9 4
D) São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilida­
de e a independência funcional."
O item está correto.
• DP/MG - 2009 - FUMÂRC.
"Sobre os aspectos prindpiológicos afetos à Defensoria Pública, assinale a 
alternativa INCORRETA:
B) Os princípios da unidade e indivisibilidade podem ser conceituados com a 
idéia de ser a Defensoria Pública um todo orgânico, que não admite rupturas 
nem fracionamentos, sendo que seus membros devem estar sob a mesma 
chefia Institucional, e, também, que podem se substituir uns aos outros sem 
prejuízo para atuação institucional.
C) Entende-se o princípio da independência funciona), como uma garantia a res­
paldar o defensor público no exercício de suas funções, ficando ele isento de 
pressão individual ou coletiva que possa comprometer a sua atuação impar­
cial e isenta de subjetivismo."
Os itens estão corretos; por isso, não devem ser assinalados.
* D P /SP -2009-FCC.
"Sobre a unidade e a indivisibilidade, princípios institucionais da Defensoria 
Pública do Estado, é correto afirmar:
A) conferem ao Defensor Público a garantia de agir segundo suas próprias con­
vicções e a partir de seus conhecimentos técnicos.
B) asseguram aos destinatários do serviço a impossibilidade de alteração do De­
fensor Público no curso do processo.
C) fixam as atribuições do Defensor Público, que não podem ser alteradas pos­
teriormente.
D) impedem a criação de Defensorias Públicas Municipais.
E) permitem aos Defensores Públicos substituírem-se uns aos outros, sem pre­
juízo para a atuação institucional ou para a regularidade processual."
Gabarito: letra E.
2. Autonomia administrativa e funcional - vetada: no projeto de lei que deu
origem à Lei Complementar 80/94, constava no parágrafo único do art. 3^
que a Defensoria Pública gozava de autonomia administrativa e funcional,
com a seguinte redação: "À Defensoria Pública é assegurada autonomia
administrativa e funcional". O projeto restou assim aprovado, mas rece­
beu veto presidencial, aos argumentos de que (í) a Constituição da Repú­
blica concedeu autonomia apenas a dois entes, administrativa e financei­
ra ao Poder Judiciário (art. 99) e administrativa e funcional ao Ministério 
Público (art. 127, § 29); e (N) a Defensoria Pública não pode ter autonomia
37
G u il h e r m e F r e ir e d é M e l o B a r r o s
administrativa e funcionai, na medida em que se trata de órgão que deve 
estar sob o comando do Chefe do Poder Executivo.
Posteriormente, dentro da Reforma do Poder judiciário levada a efeito 
pela Emenda Constitucional 45/2004, foi acrescentado o § 2e ao artigo 
134, que concedeu expressamente às Defensorias Públicas Estaduais au­
tonomia funcional e administrativa. Em relação à Defensoria Pública da 
União, porém, subsiste o entendimento de que não goza de autonomia 
administrativa e funcional.
Por sua vez, a LC n ^ 132/2009, normatizou a autonomia prevista na Cons­
tituição, através dos artigos 97-A e 97-B da LC n ^80/1994.
Aplicação em concurso:
• DP/CE - 2007/2008 - CESPE.
"A Defensoria Pública da União tem autonomia funcional e administrativa " 
O item está incorreto.
• DP/ES - 2009 - CESPE.
"A autonomia funcionai e administrativa e a iniciativa da própria proposta 
orçamentária dentrodos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamen­
tárias são asseguradas às defensorias públicas estaduais e afiançam a legi­
timidade destas para iniciativa de projeto de lei para criação e extinção de 
seus cargos e serviços auxiliares, política remuneratória e piano de carreira"
O item está correto.
3. Iniciativa de proposta orçamentária: o parágrafo segundo do artigo 
134 da Constituição da República, incluída pela Emenda Constitucional 
45/2004, estabeleceu que à Defensoria Pública compete a iniciativa de 
sua proposta orçamentária: "§ 2g Às Defensorias Públicas Estaduais sõo 
asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua 
proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes 
orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 29." Logicamente, 
sua proposta deve atender aos parâmetros fixados pela Lei de Responsa­
bilidade Fiscal.
Aplicação em concurso:
• DP/SP - 2006 - FCC
"A Defensoria Púbiica possui:
B) iniciativa de sua proposta orçamentária."
O item está correto.
38
L e í COMPLEMENTAR N° 8 0 , DE 1 2 d e j a n e ir o d e 1 9 9 4
• DP/ES - 2009 ~ CESPE.
"No exercício da autonomia funcional, administrativa e orçamentária, as de­
fensorias públicas submetem-se ao íimite de gastos com pessoa! estabeleci­
dos pela Lei de Responsabilidade Fiscal."
O item está correto.
4. Objetivos da Defensoria Pública: como destacado anteriormente, a LC n9 
132/2009 alterou o artigo l 5 da LC n- 80/1994 para destacar o papel da 
Defensoria Pública na democracia e na promoção dos direitos humanos. 
Nessa linha de princípio, foi incluído o artigo 35~A, que aponta objetivos da 
instituição:
S. Defesa dos direitos humanos: o artigo 39-A, inserido pela LC n5 132/2009, 
estabelece, como objetivo da atuação da Defensoria Pública, a prevalência e 
a efetividade dos direitos humanos. Trata-se da normatização de algo que já 
era compreendido no seio acadêmico. É inegável que os casos mais flagran­
tes e recorrentes de violação dos direitos humanos ocorrem nos bolsões de 
pobreza de nosso País. Exemplos emblemáticos são as chacinas em favelas 
de grandes cidades, como Rio de Janeiro e São Paulo, e a situação caótica 
do sistema penitenciário. São os marginalizados aqueles que mais têm seus 
direitos violados. Como a Defensoria Pública tem a missão constitucional de 
tutelar os direitos dos necessitados, intuitivamente se conclui que o exercí­
cio de suas atribuições Inclui a tutela dos direitos humanos.
Aplicação em concurso:
« DP/MG - 2009 - FUMARC:
"Sobre os aspectos prindpiológicos afetos à Defensoria Pública, assinale a 
alternativa INCORRETA:
A) A Defensoria Pública é uma instituição de promoção, proteção, defesa e re­
paração dos direitos humanos, pois desempenha função constitucionalmen­
te prevista: o acesso à justiça, que é um dos requisitos da dignidade da pes­
soa humana "
O item está correto, por isso não deve ser assinalado.
r
OBJETIVOS 
DA DEFENSORIA * 
PÚBLICA
primazia da dignidade da pessoa humana e redução 
das desigualdades sociais; 
afirmação do Estado Democrático de Direito; 
prevalência e efetividade dos direitos humanos; 
garantia dos princípios constitucionais da ampla de­
fesa e do contraditório.
39
G u il h e r m e F r e ir e d e M e l o B a r r o s
5.1. Direitos humanos em doutrina: "Dessa forma, direitos hümanos são 
direitos fundamentais da pessoa humana. São aqueles direitos mínimos 
para que o homem viva em sociedade, f...] Os direitos humanos são aque­
las cláusulas básicas, superiores e supremas que todo o indivíduo deve 
possuir em face da sociedade em que está inserido. São oriundos das 
reivindicações morais e políticas que todo ser humano almeja perante a 
sociedade e o governo. Nesse prisma, esses direitos dão ensejo aos deno­
minados direitos subjetivos públicos, sendo em especial o conjunto de di­
reitos subjetivos que em cada momento histórico concretiza as exigências 
da dignidade, igualdade e liberdade humanas. Essa categoria especial de 
direito subjetivo público (direitos humanos) é reconhecida positivamente 
pelos sistemas jurídicos nos planos nacional e internacional" (SIQUEIRA 
JUNIOR, Paulo Hamilton; OLIVEIRA, Miguel Augusto Machado de. Direitos 
humanos e cidadania. 2§ ed. São Paulo: RT, 2009, p. 22)
. . Art. 4o São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras:
• I - prestar orientação, jurídica e exercer a defesa dos necessjtados^em . 
todos os graus; (Redação dada pela Lei Complementar n° 132, de 2009).
II - promover, prioritariamente, a solução extrajudicial dos litígios, vi­
sando à composição entre as pessoas em conflito de interesses, por meio :
. de mediação, conciliação, arbitragem e demais técnicas de composição
• e administração de conflitos; (Redação dada pela Lei Complementár n° .'
. 132, de 2009). ■ , : : :
.. III — promover a difusão e a conscientização dos direitos Humanos, da
■ ' cidadania e do ordenamento jurídico; (Redação dada pela Lei Comple­
mentar n? 132, de 2009). ..
. IV— prestar atendimento interdisciplinar, por meio de órgãos ou de ser­
vidores de suas Carreiras de apoio para o exercício de suas atribuições; .
(Redação dada pela Lei Complementar n° 132, de 2009). •
V - exercer, mediante o recebimento dos autos com vista, a ampla defesa
e o contraditório em favor de pessoas naturais e jurídicas, em processos 
administrativos e judiciais, perante todos os órgãos e em todas as instân- .
cias, ordinárias ou extraordinárias, utilizando todas as medidas capazes :
de propiciar a adequada, e efetiva defesa de seus interesses; (Redação 
dada pela Lei Complementar n° 132, de 2009).
VI - representar aos sistemas internacionais de proteção dos direitos hu- : .
... manos, postulando perante seus órgãos; (Redação dada pela Lei Comple- . 
mentar n° 132, de 2009). M : ■:
40
Lei c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4
. ■ VII - promover ação civil pública e todas ás espécies de açõès capazes de 0 
propiciar a adequada tutelá dos direitos'difusos,-coletivos oii individuais 
homogêneos quando' p. resultado da demanda puder beheficiar grupo de 
. pessoas'hípossuficientes; (Redaç^^ dada pela L e ^ n° 132,
VIII ^.exercer a defesa.dos direitos é mteresses'individuais, difusos, co­
letivos e individuais homogêneos é dos'.direitoá do' consüimdor, na forma 
.- do inciso LXXIV do art. 5° da Constituição F.ed^ral;:.(Rèdaçãó:^ pela 
Lei Complementar n? 132,:de 2Ò09Xw::;-y '
• IX v impetrar :habeas corpus, maiidadò ide:.iiyu^^ e man­
dado. de segurança ou qualquer outra ação é m /d e í^ institu- v.
çionais e prerrogativas de seus órgãos dé èx e çü çã ^ dada pela .
i: ;Lèi;Cpmplemetóár tiM '
X ™ promover á mais'ampla défèsá 'dos;:dúreitó§rfiíridámehtais dos ne- - 
; cessitados, abrangendo seus direitos individüàis,\cÒletivós'j sociais, eco­
nômicos, culturais e ambientais- sendo admissíveis todas a.’s espécies de 
ações capazes de propiciar, sua adequada e efetiva tutela; (Redação dada 
pela.Lei Complementar n9 132, de 2009)1V ; : ' :;Í:y:v •
XI - exercer a defesa dos. interesses individuais e coletivos da criança e
do adolescente, do idoso, da pesso.a-portadora-de necessidades especiais, .. 
da mulher vítima, de . violência doméstica e familiar e de outros. grupos 
sociais vulneráveis que mereçam'proteção :especial do .Estado; (Redação 
dada pela Lei Complementar n° 132, de:2009). . 'i; ; . v . /.■; ■-v V-....
XII - (VETADO); . V : ; • :V ^ ; .. • . •
XIII - (VETADO); ^
. XIV - acompanhar inquérito policial, inclusive com a comunicação ime­
diata da prisão em flagrante pela autoridade policial, quando o preso não 
constituir advogado; (Incluído pela Lei Complementar n° 132, de 2009).
XV - patrocinar ação penal privada e a subsidiáriá da pública; (Incluído
pela Lei Complementar n° 132, de 2009). -z;:-:-7 v:/
XVI -exercer a curadoria especial nos casos previstos em lei; (Incluído :
pela Lei Complementar n° 132,. de 2009). . •••••. . '
XVII -• atuar nos estabelecimentos policiais, penitenciários e de intema-
; ção de adolescentes, visando a assegurar às pessoas, sob quaisquer cir- .;
cunstâncias, o exercício pleno de seus direitos e'garantias fundamentais;
. (Incluído pela Lei Comp]ementar n° 132, de 2009). . .•
X V III- atuar na preservação e reparação dos direitos de pessoas vítimas de y 
tortura, abusos sexuais, discriminação ou qualquer outra forma de. opressão 
ou violência, propiciando ó acompanhamento e o atendimento interdisci- 
piinar das vítimas; (Incluído pela Lei Complementar n° 132, de 2009).
41
G u il h e r m e F r e ir e d e M e l o B a r r o s
XIX - atuar nos Juizados Especiais; (Incluído pela Lei Complementar n°. 
132, de 2009).
XX - participar, quando tiver assento, dos' conselhos federais; estaduais 
e municipais afetos' às funções institucionais da Defensoria Pública, res­
peitadas, as atribuições de seus ramos; (Incluído pela Lei Complementar 
n° 132, de 2009).
XXI - executar e receber as verbas sucumbenciais decorrentes de sua 
atuação, inclusive quando devidas por'quaisquer entes públicos, desti­
nando-as a fundos geridos pela Defensoria Pública e destinados, exclusi­
vamente, ao aparelhamen.to dá Defensoria Pública e à capacitação profis­
sional de, seus membros e : servidores; (Incluído pela Lei Complementar 
n° 132, de 2009).
XXII - convocar audiências públicas para discutir’matérias relacionadas 
às suas funções institucionais. (Incluído pela Lei Complementar n° 132, 
de 2009).
§ Io (VETADO). -
§ 2o As funções institucionais da'Defensoria-Pública, serão exercidas in­
clusive contra as Pessoas Jurídicas de Direito Público.
§ 3o (VETADO).
§ 4° O instrumento :de transação, mediação ou conciliação referendado 
pelo Defensor Público valerá como título executivo extrajudicial, inclu­
sive quando celebrado com a pessoa jurídica de direito publico.,(Incluído 
pela Lei Complementar n° 132, de 2009).
§ 5o A assistência jurídica integral e gratuita custeada ou fornecida pelo 
Estado será exercida pela Defensoria Pública... (Incluído pela Lei Com-: 
plementarn0 132, de 2009).
§ 6o A capacidade postulatória do Defensor Público decorre, exclusiva-. 
mente; de sua nomeação e posse no cargo público. (Incluído pela Lei 
Complementar n° 132, de 2009).
§ T . Aos membros da Defensoria Pública é garantido sentar-se no mesmo 
plano do Ministério Público.. (Incluído pela Lei Complementar n° 132, 
de 2009).
§ 8o Se o Defensor Público entender inexistir hipótese de atuação institu­
cional, dará imediata ciência ao Defensor Público-Geral, que. decidirá a 
controvérsia, indicando, se for o caso; outro Defensor Público para: atuar. 
(Incluído pela Lei Complementar n° 132, de 2009).
§ 9o O exercício do càrgo de Defensor Público é comprovado mediante 
apresentação de carteira funcional expedida pela. respectiva .Defensoria 
Pública, conforme modelo previsto nesta Lei Complementar, -a qual va­
lerá como documento de identidade e terá fé pública em todo o território 
nacional. (Incluído pela Lei Complementar n° . 132-, de: 2009).'.'
42
L e i c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 12 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4
§ 10 O exercício do cargo de Defensor Público, é indelegável e privati- •
■■ vo de membro da Carreira. (Incluído pela Lei Complementar n° 132, de
§ 11. Os estabelecimentos a que se refere o incisò X y iI do caput reserva- ..
. rão instalações adequadas ao atendínierito jurídico "dos ;presos e internos:
: ■. por.párte dos Defensores Públicos, bem'como a.esses fornecerão apoio 
administrativo, prestarão as informações solicitadas e assegurarão acesso ■ 
à documentação dos presos e intejnaos, aos quais é assegurado o direito de 
entrevista com os Defensores Públicos. (Incíüído péía Lei Complementar 
n °I32 ,d e2009X • • ' :
Funções institucionais: o artigo 42 apresenta um rol de incisos com atri­
buições que competem à Defensoria Púbiica. Primeiramente, é preciso 
dizer que o roi é exemplifica ti vo, numerus opertus. Outras tarefas ligadas 
à prestação da assistência jurídica ao necessitado, embora não elencadas 
no dispositivo, também competem à Defensoria Pública. Como exempio, o 
necessitado pode precisar de auxílio para análise de um contrato de con­
cessão de crédito ou de aluguel. E naturalmente é a Defensoria Pública 
que tem de atendê-lo, afinal, sua função constitucional é prestar assistên­
cia jurídica, e não meramente judicial.
A seguir, vamos analisar alguns dos incisos referentes às atribuições da 
Defensoria Pública, notadamente aqueles que já foram objeto de questio­
namento em concurso ou matéria de informativos de jurisprudência.
Destacamos também alterações relevantes no rol das funções institucio­
nais, que foi substancialmente modificado pela LC n2 132/2009.
Amplitude do rol de assistidos: o inciso 1 do artigo 42 estabelece que a 
Defensoria Pública deve prestar assistência jurídica aos necessitados, em 
todos os graus. O conceito de necessitado para fins de atuação da Defen­
soria Pública é o amplo, incluindo pessoas naturais e jurídicas, nacionais e 
estrangeiras, bem como índios.
2.1 Patrocínio de pessoa jurídica pela Defensoria Pública: a função ins­
titucional da Defensoria Pública é prestar assistência jurídica aos neces­
sitados, nos termos do art. 134 da Constituição da República. A norma 
constitucional não limitou a atuação da instituição à pessoa natural. Por 
sua vez, o inciso V do artigo 4e, ao se referir à ampla defesa e ao contradi­
tório, expressamente declara a atuação da Defensoria em favor de pesso­
as naturais e jurídicas.
43
G u il h e r m e F r e ir e d e M e l o B a r r o s
Assim, é possível o patrocínio de demandas de pessoas jurídicas, desde 
que se comprove a situação de carência de recursos. Ém relação a entida­
des sem fins lucrativos, essa situação é presumida; quanto a pessoas jurí­
dicas constituídas com fins lucrativos, há necessidade de demonstração da 
impossibilidade do custeio das despesas processuais.
Aplicação em concurso:
• DP/MG - 2006 - Fundep.
"Sobre a assistência jurídica, anaiise as seguintes afirmativas. I! - A concessão 
de assistência judiciária a pessoa jurídica constituída com intuito de lucro deve 
ser precedida de demonstração de qualidade de necessitado, que a impossibi­
lite de arcar com as despesas do processo. IV- Serão assistidas pela Defensoria 
Pública somente as pessoas naturais que comprovarem estado de carência."
O item II está correto; o item IV, falso.
• DP/SE - 2005 - CESPE
"Conforme orientação do STJ, a concessão de assistência gratuita a pessoas 
jurídicas constituídas com o intuito de lucro deve ser precedida de demons­
tração da qualidade de necessitado, que as impossibilite de arcar com as’des­
pesas do processo "
O item está correto.
o DP/AC - 2006 - CESPE.
"A pessoa jurídica cuja atividade vise iucro pode litigar sob o manto da gra­
tuidade de justiça ou ser defendida pela defensoria pública."
O item está correto.
• Ceajur (DP/DF) - 2006 - CESPE.
"Não é possível à pessoa jurídica desfrutar do benefício da assistência judici­
ária gratuita realizada pela Defensoria Pública, pois esta apenas pode aten­
der pessoas físicas hipossufidentes 
O item está incorreto.
• DP/AL -2 0 0 9 -CESPE.
"A assistência judiciária gratuita é benefício que pode ser concedido tanto 
às pessoas jurídicas sem fins lucrativos como às pessoas jurídicas com fins 
lucrativos"
O item está correto.
2.2 Patrocínio de estrangeiro pela Defensoria Pública: o raciocínio é o 
mesmo do item anterior. O requisito para a atuação da Defensoria Pública
44
L ei c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4
é ser necessitado, hipossuficiente. Não importa se a pessoa é cidadã bra­
sileira ou estrangeira.-£■ Aplicação em concurso:
• DP/MG - 2006 - Fundep.
"Sobre a assistência jurídica, analise as seguintes afirmativas. I - O direito à 
assistência jurídica gratuita é assegurado apenas a pessoa jurídica e a cida­
dãos brasileiros."
O item está incorreto.
® DP/SE ~ 2005 - CESPE.
"O direito à assistência jurídica gratuita, nos termos da lei, é garantido ape­
nas a pessoas jurídicas e aos cidadãos brasileiros "
O item está incorreto.
♦ DP/AL-2 0 0 9 -CESPE.
"Considere que Pabio, chileno residente no Brasil, tenha procurado a DP para 
ajuizar ação visando ser ressarcido de danos morais que lhe foram causados 
por Rodrigo. Nesse caso, é defeso à DP promover a ação pretendida por Pa­
bio, já que, por disposição legal expressa, os benefícios da assistência judici­
ária têm como destinatários os brasileiros"
O item está incorreto.
2.3 Assistência jurídica ao índío: a Constituição traz previsão expressa 
acerca dos direitos dos índios nos artigos 231 e 232. Bem assim, é da 
competência da Justiça Federal o julgamento de causas sobre direitos 
indígenas. A esse respeito, o STJ faz distinção entre ações que envolvem 
direitos indígenas, de suas terras e de suas comunidades, e direitos in­
dividuais, pessoais, particulares de um índio. No primeiro caso, a com­
petência é da Justiça Federal, com participação obrigatória do Ministério 
Público, ao passo em que na segunda hipótese, a competência é da Jus­
tiça estadual.
Em ambas as situações, nada obsta que o patrocínio da demanda seja fei­
to pela Defensoria Pública. Se a comunidade indígena ou o índio for ne­
cessitado, é dever constitucional da Defensoria a tutela de seus interesses. 
Entretanto, não há obrigatoriedade, constitucional ou legal, de que haja 
membro permanente da Defensoria designado para a prestação de assis­
tência jurídica a esse grupo.
45
G u il h e r m e F r e ir e d e M e l o B a r r o s
Aplicação em concurso:
® DP-ES - 2009 - CESPE.
"A CEES [Constituição do Estado do Espírito Santo], da mesma forma que o 
previsto expressamente peia CF com relação ao assunto, assegura a neces­
sidade de designação de membro permanente da defensoria púbiica para 
prestar assistência integrai e gratuita aos índios do estado, a suas comunida­
des e organizações."
O item está incorreto.
3. Prioridade pela solução extrajudicial dos litígios: peía redação original 
do artigo 42, inciso I, uma das funções institucionais da Defensoria Públi­
ca era promover extrajudicialmente a conciliação entre as partes. Com as 
modificações trazidas pela LC 132/2009, a norma correspondente é a do 
inciso II do artigo 45, que impõe ao defensor público a busca, prioritária, 
de solução extrajudicial dos litígios, a fim de compor as partes, o que pode 
ser alcançado "por meio de mediação, conciliação, arbitragem e demais 
técnicas de composição e administração de conflitos". Para atender ao 
comando da lei orgânica, seria interessante que as Defensorias Públicas 
criassem núcleos de composição extrajudicial de conflitos, de modo que, 
antes da propositura de ações, fossem buscadas soluções alternativas, in­
clusive, para dar maior impulso a essas modalidades alternativas de so­
lução de conflitos, foi inserido o § 4- no artigo 49 para determinar que o 
instrumento de transação, mediação ou conciliação referendado pelo De­
fensor Público vale como título executivo extrajudicial, inclusive quando 
celebrado com a pessoa jurídica de direito público.
-> Aplicação em concurso.
• DP/MG - 2006 - Fundep.
"Sobre as disposições da Lei Complementar n. 80, de 12 de janeiro de 1994, 
é INCORRETO afirmar:
A) que incumbe ao Defensor Público buscar a condüação antes da propositura 
da ação cabível."
O item está correto; por isso, nao deve ser assinalado. Observação: a ques­
tão é anterior às alterações trazidas peia LC ng 132/2009, mas a afirmação 
continua válida, ou seja, a conciliação é prioritária e deve ser tentada antes 
da propositura da demanda.
• DP/RN -2006.
“A Defensoria Pública não possui a função de promover a conciliação extraju­
dicial das partes em litígios."
O item está incorreto. Observação: a questão é anterior às alterações trazi­
das pela LC n9 132/2009, mas a afirmação continua válida, ou seja, a con­
ciliação é prioritária e deve ser tentada antes da propositura da demanda.
46
L ei c o m p l e m e n t a r n ° 8 0 , d e 1 2 d e ja n e ir o d e 1 9 9 4
o DP/AL -2 0 0 9 -CESPE.
"Caria entrou em contato com Marta visando obter indenização por danos 
materiais que esta causou em seu veículo, além dos danos morais que en­
tendia cabíveis. Marta, entendendo que os danos morais exigidos por Carla 
eram absurdos, procurou a DPE/AL Nessa situação, pode a DP promover, 
extrajudicialmente, a conciliação entre Caria e Marta."
O item está correto.
4. Direitos humanos, cidadania e ordenamento jurídico: o novo Inciso iü 
do artigo (redação dada peia LC n5 132/2009) determina que compete 
à Defensoria Pública promover a difusão e a conscientização dos direitos 
humanos, da cidadania e do ordenamento jurídico. Denota-se aqui a pre­
ocupação do legislador reformista com a atuação da Defensoria no âmbito 
dos direitos humanos e da cidadania. Por ter como função constitucional 
a assistência jurídica do hipossuficiente, a Defensoria Pública está sempre 
em contato direto com o marginalizado, o pobre, o favelado, o carente, o 
analfabeto. A Defensoria Pública é a instituição com melhores condições 
de perceber as violações dos direitos humanos e da cidadania, devendo 
íutar para tutelar esses direitos dos assistidos. Nessa linha de raciocínio, 
o inciso VI do artigo estabelece, como função da Defensoria Pública, o 
dever de representar aos sistemas internacionais de proteção dos direitos 
humanos.
O trabalho de promover a difusão e a conscientização dos direitos huma­
nos e da cidadania pela Defensoria Pública deve ser levado a cabo em duas 
frentes distintas. Primeiro, junto aos necessitados, com campanhas infor­
mativas acerca de seus direitos, dirigidas às comunidades carentes, à po­
pulação carcerária e ao público hipossuficiente em geral. Paralelamente, a 
atuação da Defensoria deve ser dirigida aos órgãos públicos e instituições 
privadas que lidam ou prestam serviços ao hipossuficiente, no sentido de 
conscientizar as entidades que o desfavorecido deve ser tratado com dig­
nidade e respeito.
5. Recebimento dos autos com vista: o inciso V do artigo 4e estabelece 
como função da Defensoria Pública o exercício da ampla defesa e do con­
traditório em favor das pessoas naturais e jurídicas. Importante alteração 
diz respeito ao recebimento dos autos com vista. Trata-se de medida que 
facilita muito o trabalho do defensor público e lhe permite uma atuação 
mais eficiente na tutela dos interesses dos assistidos. Isso porque, com os 
autos em mãos, o defensor público pode realizar minuciosa análise dos 
documentos que instruem o processo e tomar providências mais rápidas.
47
G u il h e r m e F r e ir e d e M e l o B a r r o s
Sem a entrega dos autos ao defensor, é necessário obter cópias, o que 
torna a tutefa menos ágil.
Na verdade, o recebimento dos autos com vista é uma prerrogativa do de­
fensor público, que visa a possibilitar a adequada prestação dos serviços 
jurídicos aos assistidos. Â LC 132 alterou também os incisos que tratam 
da intimação pessoal para incluir o recebimento dos autos com vista (arti­
gos 44, I, 89, I e 128,1).
6. Legitimidade para ações coletivas - histórico: no projeto de lei que deu
origem à Lei Complementar 80/94, o inciso XII do art. 42 previa a legiti­
midade da Defensoria Púbiica para patrocínio de Ação Civil Pública nos 
seguintes termos: "XII - patrocinar ação civil pública, em favor das asso­
ciações que incluam entre suas finalidades estatutárias a defesa do meio 
ambiente e a proteção de outros interesses difusos e coletivos."
O inciso foi aprovado

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