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Perícia em Incêndio

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Autor: Engº André Bittencourt 
Contato: andre@andrebtc.com 
 
Treinamento completo - Perícias em Incêndio: 
Visite http://periciaemfoco.contato.site e participe do Workshop 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PERÍCIA EM INCÊNDIO 
O GUIA DEFINITIVO 
 
 
 
 
 
 
 
Autor: Engº André Bittencourt 
Contato: andre@andrebtc.com 
 
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ANDRÉ LUIZ FIGUEIREDO BITTENCOURT 
Engenheiro Eletricista e de Segurança do Trabalho 
Especialista em Higiene Ocupacional 
Perito Criminal Oficial do RJ 
Perito Judicial e Assistente Técnico 
Instrutor de Perícias em Acidente de Trânsito pela empresa Krozai 
Professor da disciplina Perícia em Incêndio no curso de pós- 
graduação “Engenharia de Incêndio” da PUC-MG 
 
 
 
PERÍCIA EM INCÊNDIO 
O GUIA DEFINITIVO 
2ª edição 
 
 
 
 
 
 
 
Autor: Engº André Bittencourt 
Contato: andre@andrebtc.com 
 
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SUMÁRIO 
 
1. Perícia técnica: Definição, objetivos e finalidades 
1.1 – O que é uma perícia técnico científica 
1.2 - Perícia criminal, assistente técnico e perícia judicial 
1.3 – Finalidade e relevância de uma perícia de incêndio 
 
2. Introdução à ciência dos incêndios 
2.1 – Características físico-químicas da combustão 
2.2 - Triângulo do fogo e reação química em cadeia 
2.3 - Ponto de fulgor, combustão e ignição 
2.4 - Análise das fases de propagação de um incêndio 
2.5 – Formas de transferência de calor 
2.6 – Estudo da dinâmica do fogo 
2.7 – Isocombustão e incêndios aplásicos 
2.8 – Propagação do fogo em uma edificação 
 
3. Processamento em um local de incêndio 
3.1 – Critérios de segurança observados pelo perito 
3.2 - Análises que antecedem a perícia de incêndio 
3.3 - Formas de incursão 
3.4 – Área imediata e mediata 
3.5 - Materiais e instrumentos utilizados em uma perícia de incêndio 
 
4. Interpretação dos vestígios em uma perícia de incêndio 
4.1 – Morfologia dos vestígios e padrões de queima 
4.2 – Análise dos remanescentes 
4.3 – Interconexão dos vestígios 
4.4 - Determinação de focos de incêndio 
 
 
5. Incêndios relacionados a fatores elétricos 
5.1 – Introdução à eletricidade básica 
5.2 - Condições para que ocorra a ignição por eletricidade 
5.3 – Sobrecarga, curto circuito e eletricidade estática 
5.4 – Vestígios provocados por corrente elétrica de alta magnitude 
5.5 – Quesitos a serem apresentados por assistente técnico 
 
6. Incêndios provocados intencionalmente 
6.1 – Análise preliminar da cena do crime 
6.2 – Avaliação dos acelerantes de incêndio 
6.3 - Vestígios encontrados em incêndios intencionais 
6.4 – Implicação penal do incêndio criminoso 
 
7. Casos práticos comentados 
7.1 – Análise de um incêndio criminoso (deliberadamente provocado) 
7.2 - Incêndio provocado por curto circuito em imóvel residencial 
 
Autor: Engº André Bittencourt 
Contato: andre@andrebtc.com 
 
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1 - INTRODUÇÃO 
Esta obra apresentará ao leitor uma abordagem teórica e prática a respeito da ciência dos 
incêndios e sua relação com os vestígios encontrados em um local sujeito a perícia. 
Apresentaremos ao estudante as características e influências básicas que uma edificação 
apresenta ao trabalho pericial (tipos de materiais de construção, geometria, etc), disposição 
espacial dos objetos no interior do imóvel, conservação e utilização da instalação elétrica e 
finalmente as principais formas de caracterizar um incêndio como acidental ou criminoso. 
O trabalho pericial em matéria de incêndio requer uma série de conhecimentos científicos do 
profissional designado a elaborar um exame em determinado local sinistrado. Diante da 
evolução contínua dos materiais utilizados em uma edificação, suas características químicas e 
formas de interação com o calor, o profissional do ramo pericial necessita de contínuo estudo 
e capacitação. 
Trataremos neste curso os conceitos básicos acerca da ciência dos incêndios, a dinâmica e o 
comportamento do fogo. Posteriormente interpretaremos tecnicamente os vestígios 
encontrados em um local sujeito a exame pericial. Ao longo deste estudo analisaremos a 
forma como o profissional requisitado deve proceder a um local sinistrado de maneira técnica 
e segura. Por conseguinte trabalharemos alguns detalhes importantes que o perito deve 
observar de forma a deter a maior concentração possível para com os vestígios que possam 
levar a uma conclusão técnica. Faremos uma revisão com relação aos fatores elétricos 
importantes a serem observados em um local sujeito a exame, analisaremos as possíveis 
causas de ignição relacionadas com a passagem de corrente elétrica de alta magnitude e 
posteriormente analisaremos os vestígios característicos em local de incêndio 
deliberadamente provocado. No final deste curso veremos os principais quesitos solicitados ao 
perito em incêndio e trataremos casos práticos com o intuito de corroborar toda a teoria 
estudada neste material técnico. 
 
Figura 1.1 – Incêndio em processamento 
 
Autor: Engº André Bittencourt 
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1.1 – PERÍCIA TÉCNICA: DEFINIÇÃO, OBJETIVOS E FINALIDADES 
Abordaremos neste capítulo alguns detalhes acerca dos conceitos e objetivos de uma perícia 
técnico-científica, a relação do profissional perito com os elementos encontrados em um local 
sujeito a exame e finalmente analisaremos a relação entre o trabalho pericial e os operadores 
do direito. 
 
 
 1.2 – O QUE É UMA PERÍCIA TÉCNICO-CIENTÍFICA 
 
Em um primeiro momento podemos interpretar a perícia técnico-científica como sendo o 
trabalho realizado por profissional que possui formação que lhe capacite a emitir informação 
técnica sobre determinada matéria. Como exemplo prático podemos citar um profissional 
formado em engenharia de segurança do trabalho, que possui uma formação de base que o 
permite discorrer ou contradizer determinada matéria relacionada a incêndio. 
 
O trabalho pericial pode ocorrer tanto no campo cível quanto no campo criminal. Com relação 
à vertente cível podemos representá-la pelas perícias judiciais ou consultas de particulares aos 
profissionais que precisam de orientação técnica no assunto. Em matéria criminal temos a 
figura do perito criminal oficial, profissional caracterizado como sendo um servidor público 
federal ou estadual capaz de elaborar exames periciais com base em sua formação acadêmica 
bem como no curso de formação profissional realizado pela academia de polícia ou estrutura 
de ensino vinculada à perícia oficial. 
 
A ciência pericial se relaciona em parte com os fundamentos da criminalística, que servem 
como embasamento para as ações do profissional requisitado a exercer uma determinada 
perícia. Enfocaremos nosso estudo na parte dos incêndios e em primeiro momento o perito 
vincula parte do seu trabalho a uma inspeção visual do local de maneira a ver e repetir, extrair 
conclusões óbvias e diretas com relação a um determinado fato e/ou objeto. Associando aos 
conhecimentos técnico-científicos o profissional elabora uma conclusão ou uma crítica em 
relação aos objetos situados no local sujeito a exame. Posteriormente o referido expert no 
assunto atribui aos elementos contidos num local sujeito a exame pericial de incêndio um 
tratamento diferenciado que servirá como base para uma determinada tomada de decisão. 
 
 
Figura 1.2 – Profissionais analisando local sinistrado 
 
Autor: Engº André Bittencourt 
Contato: andre@andrebtc.com 
 
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 1.3 – PERÍCIA CRIMINAL, ASSISTENTE TÉCNICO E PERÍCIA JUDICIAL 
 
A perícia técnica pode ser verificada através da presençado servidor público investido no 
cargo de perito criminal oficial, perito judicial para aqueles casos em que o juiz necessita de ser 
assistido em determinada matéria e assistente técnico na ocasião em que as partes solicitam o 
auxílio de um expert em matéria de incêndio a fim de garantir o contraditório e a ampla 
defesa. 
 
O perito criminal oficial é citado pelo Código de Processo Penal no Capítulo II, o qual versa a 
respeito do exame do corpo de delito e das perícias em geral. Em seus artigos 158º e 159º 
temos como exemplo: 
 
Art 158º: Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, 
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
 
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, 
portador de diploma de curso superior. 
 
Para o exame pericial relacionado à matéria de incêndio temos determinadas situações em 
que o perito criminal oficial é requisitado a fim de coletar elementos no local, valorá-los e 
posteriormente perpetuá-los na forma de uma peça técnica chamada de laudo pericial. Em 
determinadas situações em que haja vestígios a prova testemunhal não substituíra a prova 
pericial. 
 
A fim de garantir um processo justo com o contraditório e a ampla defesa temos a figura do 
assistente técnico, ou “perito assistente técnico”. Este profissional atuará após o trabalho 
elaborado pelo perito criminal oficial e servirá de um revisor e/ou parecerista para a parte 
interessada que o contratou. 
 
O código de processo penal informa que o juiz não ficará adstrito ao laudo pericial elaborado 
pelo perito criminal oficial. Dessa forma, caso o perito oficial elabore um laudo carente de 
elementos técnicos em matéria de perícia de incêndio e/ou com pontos controvertidos, a 
parte interessada poderá contratar um profissional assistente técnico com conhecimento 
científico no assunto a fim de contradizer algumas das informações. 
 
Conforme cita MENDONÇA [2008] “Assistente técnico é um auxiliar da parte na solução das 
questões técnicas relevantes para a decisão da causa; sua função é criticar as conclusões do 
perito com o intuito de auxiliar a parte e também convencer o magistrado, pois este último 
não está vinculado ao laudo do perito”. 
Nas situações em que o perito criminal oficial não for requisitado e a ocorrência conter 
elementos técnicos, o juiz poderá ser assistido por um perito na condição de auxiliar da justiça. 
O perito judicial deverá conter conhecimentos técnicos no assunto a fim de elaborar um laudo 
bem fundamentado para facilitar o entendimento do juiz. 
 
Código de processo civil: Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato 
depender de conhecimento técnico ou científico. 
 
Autor: Engº André Bittencourt 
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§ 1o Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados e os órgãos 
técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz 
está vinculado. 
 
§ 2o Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta pública, por meio de 
divulgação na rede mundial de computadores ou em jornais de grande circulação, além de 
consulta direta a universidades, a conselhos de classe, ao Ministério Público, à Defensoria 
Pública e à Ordem dos Advogados do Brasil, para a indicação de profissionais ou de órgãos 
técnicos interessados. 
 
 
Figura 1.3 – Acesso à lista de peritos e-CAGE do TRT 1ª região 
 
Na Figura 1.3 temos um exemplo de um banco de dados contendo uma lista de peritos 
cadastrados pelo tribunal regional do trabalho 1ª Região. 
 
De acordo com o jurista Humberto Teodoro Junior “Laudo pericial é o relato das impressões 
captadas pelo técnico, em torno do fato litigioso, por meio dos conhecimentos especiais de 
quem o examinou. Vale pelas informações que contenha, não pela autoridade de quem o 
subscreveu, razão pela qual deve o perito indicar as razões em que se fundou para chegar às 
conclusões enunciadas em seu laudo. 
 
Determinados profissionais iniciantes no universo pericial por vezes executam exames e 
inferem algumas considerações e conclusões subjetivas a respeito de determinada matéria. 
Muitos responsáveis por proporcionar um local que requerer a presença do perito agem de 
maneira omissa, precipitada, etc. Tais considerações e conclusões pessoais a respeito da 
conduta agente não devem balisar os exames periciais, e o tratamento do local deve primar 
em análises que forneçam conclusões com embasamento técnico. 
 
Quando determinado profissional capacitado é requisitado a um exame pericial em 
determinada matéria, como exemplo uma perícia de incêndio, o perito deve basear suas ações 
e conclusões de maneira que o leitor possa corroborar seu raciocínio de acordo com a 
literatura científica. Podemos tomar como exemplo um determinado objeto posicionado de tal 
forma que sua análise preliminar e do local em seu entorno nos remeteu a certa conclusão. A 
partir do estudo deste objeto e seu entorno devemos nos orientar de forma a tomarmos 
considerações críticas com base científica, desconsiderando nossos pontos de vistas pessoais, 
crenças, valores morais e etc. Provavelmente o agente responsável pelo fato que culminou em 
uma tragédia poderia ter agido de forma imprudente em determinado momento, mas tal 
questão não deverá ser utilizada como um meio de prova pelo perito em incêndio. 
Autor: Engº André Bittencourt 
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Tendo em vista que o perito não deverá elaborar suas inferências e conclusões baseando-se 
em questões de ordem pessoal ou subjetivas, é fundamental que o profissional disponha de 
meios e critérios objetivos para assegurar que suas técnicas conduzam a resultados confiáveis. 
De acordo com “SCHIAFFINO” a perícia desponta como sendo o epicentro, o ponto de 
convergência para quem aposta na verdade e na irrefutabilidade de seus resultados. 
 
 
 1.4 – FINALIDADE E RELEVÂNCIA DE UMA PERÍCIA DE INCÊNDIO 
 
De acordo com as estatísticas publicadas pelo instituto sprinkler Brasil, em 2017 foram 
contabilizadas 724 ocorrências de incêndio estruturais noticiadas pela imprensa. O referido 
instituto não considera os casos de incêndios ocorridos em residências e faz uma análise em 
estabelecimentos que poderiam ter sido contornados com a instalação de sprinklers 
(Chuveiros automáticos). Para as 724 ocorrências observou-se que a maior parte dos sinistros 
ocorreu em lojas, shopping centers e supermercados. 
 
 
Figura 1.4 – Estatística divulgada pelo instituto sprinkler Brasil 
 
Com relação às mortes causadas por incêndio, o Instituto Sprinkler Brasil divulgou na data de 
05/03/2015 que o Brasil configura-se como sendo o 3º país com maior número de óbitos. 
Tendo em vista o grau de preocupação com relação à vida e ao patrimônio o estudo dos 
incêndios configura-se como sendo uma disciplina complexa e de extrema importância. 
 
A perícia em incêndio identifica-se como sendo uma ciência que abarca diversos 
conhecimentos científicos e exige do profissional um estudo continuado. A tecnologia e 
composição química dos materiais, disposição geográfica, capacidade de dissipação de calor 
em função de suas cargas resistivas dentre outros detalhes são conhecimentos em que o 
perito de incêndio deve deter a fim de realizar um bom trabalho. 
 
A perícia em incêndio é tratada no código de processo penal brasileiro em seu artigo 173º 
conforme exposto a seguir: 
 
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver 
começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a 
extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do 
fato. 
 
Autor: Engº André Bittencourt 
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Através do referido artigo verifica-se que uma perícia em incêndio não está restrita à 
determinação da causa e do lugar em que o foco do incêndio se originou. Pode-se perceber 
que a preocupação do legislador, frente à complexidade de um caso de incêndio, o fez 
mencionar a questão do perigo que o incêndio causou à vida e ao patrimônio. Assim sendo, 
um profissional capacitado em matéria de incêndio será capaz de identificar pontos 
controvertidos expostos por leigos ou profissionais que têm deficiência no assunto e versam 
sobre o tema. 
 
Esta obra fornecerá ao leitor uma visão prática da perícia em incêndio com fundamentação 
elaborada por um profissional perito criminal, engenheiro eletricista e de segurança do 
trabalho que possui experiência prática bem como bagagem teórica no assunto. Através do 
minucioso estudo acerca dos fundamentos periciais em matéria de incêndio o profissional será 
capaz de trabalhar tecnicamente laudos periciais com o intuito de verificar pontos 
controversos. Aquele profissional que busca um trabalho prático em matéria de perícia de 
incêndio encontrará no capítulo 03 a forma de processamento de um local incendiado e os 
capítulos seguintes fornecerão um guia para busca e interpretação dos vestígios de maior 
relevância. 
 
 
Figura 1.5 – Incêndio provocado por um curto circuito 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autor: Engº André Bittencourt 
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2 –INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DOS INCÊNDIOS 
O objetivo deste capítulo é introduzir ao leitor os conhecimentos científicos a respeito da 
gênese do fogo, formação e propagação de um incêndio, seus aspectos físico-químicos dentre 
outros elementos. Ao final deste capítulo o estudante será capaz de compreender o processo 
de combustão de forma técnica e posteriormente utilizará os conhecimentos teóricos aqui 
expostos para formar uma visão forense a respeito de determinado sinistro em matéria de 
incêndio. 
 
 
2.1 – CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DA COMBUSTÃO 
 
A combustão consiste na reação química entre dois ou mais reagentes com grande liberação 
de energia na forma de calor. O processo de combustão, na maioria das vezes, libera uma 
chama (fogo) durante a queima do material utilizado no processo. Assim sendo, todas as 
reações de combustão são exotérmicas. 
 
Reação química exotérmica: Reação cuja energia é transferida durante a interação molecular 
dos reagentes envolvidos no processo e consequentemente aquecendo o ambiente por conta 
da liberação de calor (reação exotérmica ligada ao fogo). Assim sendo, a energia final dos 
produtos será menor que a energia inicial dos reagentes. 
 
 
Figura 2.1 – Ilustração de uma reação exotérmica genérica 
 
A combustão pode ser entendida como sendo uma rápida reação química referente à 
combinação do combustível com o oxigênio (comburente). Durante a reação de combustão 
verifica-se que parte da energia latente do combustível é transformada em energia térmica. 
 
Tendo em vista que o fogo caracteriza-se como sendo a emissão de luz e calor podemos 
analisá-lo cientificamente como sendo o resultado de uma reação química exotérmica 
autossustentada. Os combustíveis envolvidos no processo de queima podem ser de natureza 
líquida, sólida ou gasosa. O comburente, na maior parte das vezes, caracteriza-se como sendo 
o oxigênio presente no ar atmosférico. 
 
O calor é uma das duas formas possíveis para se transferir energia de um sistema a outro; e 
expressa a quantidade de energia transferida através da fronteira comum aos sistemas. Para o 
estudo relativo à ciência dos incêndios entenderemos calor como sendo a quantidade de 
energia térmica transferida durante o processo químico da combustão. 
 
 
Autor: Engº André Bittencourt 
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2.1.1 – COMBUSTÍVEIS E COMBURENTES 
 
 
O Comburente pode ser entendido como sendo um elemento ou composto químico 
susceptível de provocar a oxidação ou combustão de outras substâncias, ou seja, é qualquer 
substância que permite que o combustível seja consumido na reação (alimenta uma 
combustão). 
 
Do ponto de vista da ciência dos incêndios os combustíveis podem ser analisados, 
genericamente, como sendo substâncias que reajam quimicamente com o oxigênio (ou outro 
comburente) com desprendimento de fogo (calor e luminosidade). 
Alguns exemplos de combustíveis são: 
 
1) Sólidos: Madeira, carvão, plástico dentre outros. 
 
Durante os trabalhos periciais é comum constatar que a maioria dos combustíveis presentes 
no local são de origem sólida. Residências e estabelecimentos comerciais contêm mobília, 
objetos pessoais, computadores dentre outros materiais que ao reagirem com o fogo liberam 
energia e promovem uma reação em cadeia. 
 
 
Figura 2.2 – Objetos carbonizados no interior de uma residência 
 
2) Líquidos: Álcool, Gasolina, Óleo Diesel dentre outros. 
 
Geralmente são utilizados como acelerantes em um processo de incêndio. Para ocorrências de 
incêndio deliberadamente provocado verifica-se a utilização de combustíveis líquidos com a 
finalidade de potencializar o processo de combustão. 
 
Autor: Engº André Bittencourt 
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Figura 2.3 – Combustíveis líquidos 
 
3) Gasosos: Metano, Hidrogênio, Gás Natural dentre outros. 
 
 
Figura 2.4 – Incêndio em depósito de gás natural 
 
O aparecimento do fogo depende de outro elemento essencial denominado comburente. São 
elementos fortemente oxidantes e sua quantidade regula a intensidade da chama. O elemento 
comburente mais verificado em um ambiente pericial é o oxigênio presente no ar atmosférico. 
 
A combustão completa ocorre quando existe oxigênio (comburente) apresenta-se em 
quantidade suficiente para consumir todo o combustível. Temos a título exemplo a combustão 
completa do metano (CH4) que é o principal constituinte do biogás. 
 
CH4(g) + 2 O2(g) → CO2(g) + 2 H2O(g) + calor (Observe a interação do oxigênio com o CH4) 
 
Em local sujeito a exame pericial podemos verificar um cenário com grande disponibilidade de 
oxigênio (comburente) e consequentemente o processo pode resultar em combustão 
completa durante o período de ação do fogo. Ambientes abertos como área de pastagem ou 
imóveis contendo boa ventilação garantem o suprimento de oxigênio a fim de que o processo 
de combustão completa seja garantido. 
 
Para recintos em que haja baixa disponibilidade de oxigênio verifica-se a ocorrência da 
combustão incompleta. Nesse caso a combustão caracteriza-se como incompleta quando não 
houver oxigênio suficiente para consumir todo o combustível. 
 
Combustão incompleta do metano: CH4(g) + 3/2 O2(g) → CO(g) + 2 H2O(g) 
 
Autor: Engº André Bittencourt 
Contato: andre@andrebtc.com 
 
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Em determinadas ocasiões, a combustão é “tão incompleta” que o carbono torna-se visível em 
um ambiente pericial, na forma de fuligem (uma fumaça escura, formada de minúsculas 
partículas sólidas de carvão). 
 
 
Figura 2.5 – Ilustração de fuligem impregnada sobre uma das paredes de imóvel periciado 
 
 
2.2 – TRIÂNGULO DO FOGO E REAÇÃO QUÍMICA EM CADEIA 
 
O triângulo do fogo é a representação dos três elementos necessários para iniciar uma 
combustão. Esses elementos são: 
 
1) O combustível que fornece energia para a queima. 
2) O comburente, caracterizado como sendo a substância que reage quimicamente com 
o combustível. 
3) A temperatura de ignição (calor) necessário para iniciar a reação entre combustível e 
comburente. 
 
 
 
Figuras 2.6 e 2.7– Triângulo e Tetraedro do fogo 
 
Fuligem resultante de 
combustão incompleta de 
material combustível 
Autor: Engº André Bittencourt 
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O calor necessário à combustão, terceiro elemento do triângulo do fogo, pode ser entendido 
como sendo a energia de ativação concedida à mistura combustível-comburente para que haja 
a ignição e consequentemente aparição do fogo. 
 
2.2.1 – CINÉTICA QUÍMICA ELEMENTAR DO PROCESSO DE COMBUSTÃO 
 
Para que haja reação química entre duas substâncias, no caso entre combustível e 
comburente, é preciso fornecer uma quantidade mínima de energia. A partir do fornecimento 
de uma quantidade de energia superior à mínima, verifica-se uma reação, como por exemplo a 
de combustão. Assim sendo denomina-se essa mínima energia capaz de prover uma reação 
como sendo energia de ativação. 
 
 
 
Figura 2.8 – Gráfico de uma reação exotérmica com certa energia de ativação 
 
 
Figura 2.9 – Exemplo genérico do processo de combustão. 
 
A “Fonte de ignição” ilustrada pela Figura 2.9 atuará como sendo a quantidade de energia 
superior à mínima necessária para que os “Materiais combustíveis” e o “Oxigênio”, em 
proporções estequiometricamente favoráveis, sofram uma reação exotérmica. 
 
A energia, geralmente na forma de calor, será capaz de promover o encontro e colisão entre as 
moléculas e consequentemente romper as ligações químicas existentes entre os átomos. 
Posteriormente ao rompimento haverá uma tendência para que ocorra de novas ligações 
químicas. 
 
Exemplo: 
Combustível + 
comburente 
Através do fornecimento de 
calor à mistura combustível 
e comburente. 
Liberação de calor através 
das chamas provocadas pela 
combustão. 
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É necessário que haja a colisão entre as moléculas para que a reação química ocorra. Contudo 
nem sempre a reação é alcançada, dependendo do tipo de colisão realizada (colisão que gera 
uma energia menor que a energia de ativação). Dessa forma verifica-se a necessidade do 
fornecimento de uma quantidade mínima de calor para que as moléculas interajam de tal 
forma que haja a reação exotérmica de combustão. 
 
2.2.2 – REAÇÃO QUÍMICA EM CADEIA 
 
Durante determinado processo de combustão hipotético, a fonte de ignição foi capaz de 
fornecer uma energia superior à mínima para que haja a reação. Como a reação de combustão 
é uma reação do tipo exotérmica, a qual libera calor ao ambiente, caso a liberação de calor 
provocada pela reação esteja nas proximidades de determinada mistura combustível e 
comburente, em quantidade suficiente para que supere a energia de ativação, um novo 
processo de combustão será verificado. Assim sendo, um cenário de incêndio corresponde a 
uma sequencia de reações químicas do tipo exotérmica em que a energia de ativação de cada 
uma delas é alcançada pelo fornecimento de calor promovido pela reação anterior. Esse 
processo sucessivo de reações químicas é conhecido como reação em cadeia. 
 
 
Figura 2.10 – Ilustração genérica de uma reação em cadeia. 
 
 
2.2.3 – CARACTERÍSTICAS ESTEQUIOMÉTRICAS DOS REAGENTES 
 
Após a verificação dos materiais combustíveis presentes no ambiente e do fornecimento de 
calor, deve-se observar um aspecto muito importante para que haja a reação de combustão. 
Se houver grande oferta de calor e combustível, mas não for verificada a quantidade mínima 
de comburente (oxigênio) a reação não será processada. Um exemplo clássico é a situação de 
incêndio processar-se em um ambiente confinado e a disponibilidade de oxigênio ser 
insuficiente para que haja a propagação das chamas. Neste caso temos uma quantidade de 
energia, superior à energia de ativação, disponibilidade de combustível, mas se houver “pouca 
quantidade” de oxigênio no ambiente a reação não será processada. 
 
Existem casos típicos em que a diminuição da oferta de oxigênio (limitação da ventilação) do 
ambiente gera um acúmulo significativo de proporções de gases inflamáveis, produtos parciais 
da combustão e das partículas de carbono ainda não foram queimadas. Se estes gases 
acumulados forem oxigenados por uma corrente de ar proveniente de alguma abertura no 
compartimento, pode-se verificar uma deflagração repentina. Esta explosão que se move do 
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interior do ambiente para fora do cômodo é denominada de ignição explosiva, termo que em 
inglês é denominada de backdraft ou backdraught. 
 
 
Figura 2.11 – Exemplo de explosão após o fornecimento repentino de comburente 
 
Para os casos em que haja o backdraft o perito deverá verificar próximo à abertura de acesso 
se há vestígios produzidos pela labareda de fogo bem como sobre as adjacências do cômodo 
sinistrado. Posteriormente o profissional deverá processar em busca de materiais estruturais 
da janela ou meio de acesso com o objetivo de coletar materiais estruturais. Estes materiais, 
comumente esquírolas vítreas e fragmentos de madeira proveniente da janela afetada, 
geralmente são projetados a uma certa distância do ponto de fixação inicial. 
 
 
2.3 – PONTO DE FULGOR, COMBUSTÃO E IGNIÇÃO 
 
As características da combustão estão ligadas à temperatura em que os combustíveis estão 
submetidos. De acordo com a quantidade de energia térmica fornecida à mistura combustível-
comburente a combustão terá algumas particularidades. 
 
PONTO DE FULGOR: Pode ser entendido como sendo a temperatura mínima na qual um 
combustível liberará vapores em quantidade suficiente para promover uma mistura 
estequiometricamente favorável com o comburente e, na presença de uma fonte de ignição, 
ocorrer uma inflamação. Após a retirada da fonte de ignição, a chama verificada será incapaz 
de se manter sozinha. 
 
 
 
Figura 2.12 – Esboço de uma fonte de ignição em uma temperatura de ponto de fulgor 
 
Vapor do 
combustível com 
oxigênio 
Fonte de ignição 
Após a retirada da fonte de 
ignição a chama não é 
capaz de sustentar o 
processo de combustão 
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PONTO DE COMBUSTÃO: Pode ser entendido como sendo a temperatura mínima na qual os 
vapores desprendidos dos combustíveis, ao entrarem em contato com uma fonte externa de 
ignição, entrarão em combustão e continuarão a se queimar mesmo após a retirada da fonte 
responsável pela ignição 
 
 
Figura 2.13 – Esboço de uma fonte de ignição em uma temperatura de ponto de combustão 
 
PONTO DE IGNIÇÃO (OU AUTOINFLAMAÇÃO): Neste ponto a temperatura ambiente 
encontra-se em um valor em que caso o vapor desprendido pelo combustível combine com o 
oxigênio em proporções favoráveis a combustão será espontânea. Observe que no ponto de 
ignição não há a necessidade de uma fonte de ignição externa com a finalidade de suprir 
energia à reação. 
 
 
 
Figura 2.14 – Esboço de um processo de autoignição 
 
2.3.1 – MECANISMO DE IGNIÇÃO DOS MATERIAIS COMBUSTÍVEIS 
 
Os combustíveis, dependendo do estado em que se encontram, possuem diferentes 
mecanismos de ignição. 
 
COMBUSTÍVEL SÓLIDO: A madeira, por exemplo, se exposta a determinada fonte de calor 
sofrerá um processo de decomposição chamado pirólise. Na pirólise serão desenvolvidos 
produtos gasosos que em contato com o oxigênio do ar formará uma mistura inflamável. Caso 
esta mistura entre em contato com determinada fonte de calor o processo resultará em uma 
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ignição. Uma determinada quantidade de madeira triturada poderá ser inflamada com maior 
facilidade quando comparado com a mesma massa de madeira em forma de bloco. 
 
 
Figura 2.15 – Ilustração do processo de combustão de um determinado combustível sólido 
Fonte: A segurança contra incêndio no Brasil 
 
COMBUSTÍVEL LÍQUIDO: Quando exposto a determinada quantidade de calor não sofrerá o 
processo de pirólise como verificado nos combustíveis sólidos, mas sim um processo de 
evaporação no qual gases serão liberados e misturados com o oxigênio presente no ambiente. 
Essa mistura, caso esteja em proporções favoráveis, em contato com uma fonte de energia se 
inflamará. 
 
 
 
Figura 2.16 – Ilustração do processo de combustão de um determinado combustível líquido 
Fonte: A segurança contra incêndio no Brasil 
 
COMBUSTÍVEL GASOSO: São combustíveis que se apresentam sob a forma de vapor ou gás no 
meio ambiente. Caso a mistura desses combustíveis com o oxigênio esteja em determinadas 
proporções, na presença de uma fonte de ignição ocorrerá a inflamação. 
 
 
Figura 2.17 – Ilustração do processo de combustão de um determinado combustível gasoso 
Fonte: A segurança contra incêndio no Brasil 
 
2.3.2 –LIMITES EXPLOSIVOS 
 
Limites explosivos ou limites de explosividade ou inflamabilidade são os limites de 
concentração entre os quais uma mistura gasosa é explosiva ou inflamável. Essas misturas são 
expressas em percentagens em relação ao volume de gás ou vapor no ar, e determina-se a 
pressão e temperaturas normais para cada substância. 
 
São definidos dois limites: 
 
Limite Inferior de Explosividade (LIE): É a menor concentração de uma substância que 
misturada com o ar forma uma mistura inflamável. 
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Limite Superior de Explosividade (LSE): É a maior concentração de uma substância que 
misturada com o ar forma uma mistura inflamável. 
 
Uma mistura abaixo do limite inferior é dita "pobre" e uma mistura acima do limite superior é 
dita "rica". Tanto a mistura "rica" como a "pobre" estão fora dos limites para poderem 
queimar ou explodir. Dependendo do tipo de mistura “rica” poderá ocorrer uma combustão 
parcial, mas não haverá explosão. 
 
 
Figura 2.18 – Limites de inflamabilidade de determinadas substâncias. 
 
 
Figura 2.19 – Limites de inflamabilidade ilustrados em barras 
 
 
2.4 – ANÁLISE DAS FASES DE PROPAGAÇÃO DE UM INCÊNDIO 
 
Uma forma muito utilizada pela disciplina ciência dos incêndios que facilita a compreensão da 
evolução do incêndio em um ambiente compartimentado desde sua ignição até o momento da 
extinção é através da curva tempo-temperatura. 
 
Trata-se de uma modelagem gráfica que tem a finalidade de esboçar uma curva de incêndio 
que auxiliará o profissional a compreender o momento anterior e posterior à ocorrência da 
inflamação generalizada. 
 
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Figura 2.20 – Curva de evolução de determinado incêndio 
Fonte: A segurança contra incêndio no Brasil 
 
A seção do gráfico compreendida pelo momento anterior à inflamação generalizada 
(flashover) é denominada de início da ignição e tem uma duração estimada entre 2 e 5 
minutos. O tempo de duração pode variar de acordo com a composição química dos materiais 
inseridos no ambiente exposto ao calor. 
 
O volume das chamas em um primeiro momento é relativamente pequeno e capaz de produzir 
vestígios que levam o perito a uma dedução, na maioria das vezes, lógica e direcionada ao 
elemento responsável pela ignição. 
 
Posteriormente ao momento de ignição e crescimento do fogo verifica-se um ponto de 
extrema importância denominado flashover ou “inflamação generalizada”. O momento do 
flashover, segundo estudiosos do assunto, gira em torno de 250º a 350º graus Celsius e pode 
acarretar intenso volume de chamas que produzirão uma grande quantidade de vestígios 
carbonizados posteriormente sujeitos a uma análise pericial. 
 
Durante a fase “incêndio desenvolvido” as temperaturas poderão alcançar valores acima de 
1100ºC de modo a comburir todos os materiais inseridos no ambiente. O incêndio se 
propagará pelas aberturas internas, fachadas e coberturas do imóvel exposto às chamas. 
 
2.4.1 – PARTICULARIDADES VERIFICADAS EM PERÍCIAS DE INCÊNDIO 
 
Embora a literatura modele o incêndio de acordo com uma curva genérica do tipo tempo-
temperatura e alguns pesquisadores sejam capazes de estimar o tempo de duração referente a 
cada etapa da curva, conforme ilustrado pela Figura 2.20, o perito deve ter em mente que não 
existem dois incêndios iguais. Um processamento em local de incêndio deve ser balisado pelos 
seguintes tópicos: 
 
1) Forma geométrica e dimensões da sala ou local incendiado. Em uma primeira análise 
o perito deverá verificar a dimensão e número de janelas, portas e acessos que 
possam contribuir com a disponibilidade de oxigênio para com a combustão ocorrida 
naquele ambiente. 
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2) Superfície dos materiais combustíveis. Veremos em um momento oportuno que 
materiais de mesma composição química apresentam dinâmicas distintas com relação 
à propagação do incêndio. Como exemplo podemos citar uma viga de madeira de 
10kgs e madeira triturada com a mesma massa da referida viga. Um determinado 
incêndio se propagará mais rapidamente na madeira triturada quando comparado à 
viga composta pelo mesmo material. 
 
 
Figura 2.21 – Madeira em forma de paralelepípedo e triturada 
 
3) Distribuição dos materiais combustíveis no local. Tópico extremamente importante 
em matéria de perícia de incêndio. Muitos materiais combustíveis são posicionados 
nas proximidades de pontos energizados ou a cargas elétricas com impedância 
predominantemente resistiva. Estas cargas por sua vez liberam calor que podem 
promover a ignição de determinado material combustível dependendo da sua 
distribuição no local. 
4) Quantidade e natureza do material combustível. O exame pericial em matéria de 
incêndio deve ser precedido dos conhecimentos acerca do poder calorífico do material 
bem como da densidade de carga de incêndio encontrada no local examinado. O 
poder calorífico refere-se à quantidade de energia que pode ser liberada sob a forma 
de calor pela combustão completa de uma unidade de massa desse material. A 
densidade de carga de incêndio por sua vez refere-se à quantidade de energia que o 
combustível libera por unidade de área (MJ/m²). 
 
 
Figura 2.22 – Carga de incêndio de alguns materiais 
Fonte: Corpo de bombeiros do estado do Mato Grosso do Sul 
 
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2.5 – FORMAS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR 
 
Durante a ocorrência de um incêndio observa-se que a propagação do fogo se dá em virtude 
da transferência de calor entre os corpos por meio da condução, convecção e radiação. 
 
2.5.1 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR ATRAVÉS DA CONDUÇÃO 
 
No caso da condução temos a transferência de energia térmica entre átomos e/ou moléculas 
vizinhas de um material combustível. As moléculas mais energéticas (maior temperatura) 
transmitem energia para as menos energéticas (menor temperatura). 
Caso haja o contato direto dos materiais combustíveis com as chamas, o perito responsável 
pelo exame poderá verificar se houve rastros de carbonização com a finalidade de reconstruir 
o caminho percorrido pelo fogo. 
 
 
Figura 2.23 – Ilustração do processo de condução de calor2.5.2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR ATRAVÉS DA CONVECÇÃO 
 
A convecção é a forma de transmissão do calor que ocorre principalmente nos fluidos (líquidos 
e gases). Diferentemente da condução onde o calor é transmitido de átomo a átomo 
sucessivamente, na convecção a propagação do calor se dá através do movimento do fluido 
envolvendo transporte de matéria. 
 
Nos locais em que há a necessidade da perícia de incêndio verifica-se que o processo de 
convecção está ligado ao movimento ascendente de fumaça, vapores destilados dos 
combustíveis e dos gases emanados da combustão. Frequentemente o deslocamento de 
fluidos gasosos superaquecidos para outros cômodos podem gerar um novo processo de 
ignição e consequentemente um foco secundário de incêndio. 
 
Os gases resultantes da combustão tendem a subir de forma a transferir calor para as camadas 
superiores do ambiente. Dessa forma as partes mais altas do imóvel são afetadas pelas 
correntes de convecção de modo que os tetos e forros serão as partes mais críticas com 
relação ao recebimento de calor por meio desta forma de transferência. 
 
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Figura 2.24 – Exemplo da transferência de calor por meio da convecção 
 
A figura 2.24 ilustra um incêndio com foco primário no primeiro pavimento, nas proximidades 
de um móvel situado à direita. Em virtude da geometria da edificação, as chamas originadas no 
primeiro pavimento liberaram gases superaquecidos que ascenderam aos pavimentos 
superiores. Conforme o deslocamento dos gases quentes foi projetado para os pavimentos 
superiores, a concentração de calor sobre o teto do quarto pavimento foi capaz de produzir a 
ignição dos materiais combustíveis daquele local de modo a originar um foco secundário de 
incêndio. 
 
2.5.3 - TRANSFERÊNCIA DE CALOR ATRAVÉS DA RADIAÇÃO 
 
Representa a transferência de calor devido à energia emitida pela matéria (sólido, líquido ou 
gás) sob a forma de ondas eletromagnéticas (radiação térmica) em função da sua temperatura. 
 
Apresenta outras características como: 
(i) Todos os corpos a uma temperatura superior a 0 K emitem radiação térmica; 
(ii) Não é necessário um meio material para a propagação de energia; 
(iii) É um fenômeno volumétrico, ou seja, todos os sólidos, líquidos podem emitir, absorver ou 
transmitir radiação em diferentes graus. 
 
O calor irradiado pelos materiais durante o processo de combustão pode elevar a temperatura 
do local e provocar a inflamação de outros combustíveis. 
 
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Figura 2.25 – Processo de transferência de calor através da irradiação 
 
Através da Figura 2.25 podemos verificar que o imóvel em chamas situado à esquerda libera 
uma quantidade de energia na forma de calor que é irradiada em direção à residência fixada à 
direita. Dependendo da quantidade de calor irradiada pelo imóvel em chamas pode ser 
verificado o surgimento de um incêndio secundário com foco sobre o material combustível 
que recebeu uma quantidade de energia suficiente para iniciar a combustão. 
 
De acordo com o processo de transmissão de calor através da radiação verifica-se que a 
intensidade de energia transmitida de um ponto a outro depende, dentre outros fatores, da 
intensidade do incêndio, da dimensão da superfície radiante e da distância entre a fonte de 
calor e a superfície que recebe a radiação. 
 
 
2.6 – ESTUDO DA DINÂMICA DO FOGO 
 
Nesta seção verificaremos alguns vestígios e consequências geradas por um processo de 
combustão de acordo com a dinâmica do incêndio percebida em um local sinistrado. De 
acordo com a velocidade da queima de determinado combustível, o produto da reação gerará 
um gradiente de calor que influenciará na produção de vestígios no entorno da área imediata. 
Assim sendo, em um ambiente compartimentado sujeito a uma combustão lenta e 
progressiva, o perito responsável poderá verificar sobre o teto uma tendência uniforme na 
degradação do material. 
 
Consequentemente uma combustão acelerada, com processo de queima rápida do 
combustível, produzirá uma chama capaz de liberar intensa quantidade de calor em um curto 
espaço de tempo. Essa rápida liberação de calor, por sua vez, acarretará na produção de 
vestígios destrutivos com projeção a determinada área do compartimento superior do 
ambiente. Ao contrário da queima lenta e progressiva, que tenderá a uma degradação mais 
uniforme, a combustão rápida terá um potencial de degradação mais concentrado sobre a 
região superior do fogo. 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 2.26 – Esboço chama uniforme (esquerda) chama concentrada (direita) 
 
De acordo com o esboço da Figura 2.26, a chama que tende a uma formatação mais uniforme 
produzirá no teto vestígios de carbonização menos desiguais quando comparados com o 
padrão rápido de queima. 
 
 
Figuras 2.27 e 2.28 – Exemplo de queima lenta e queima rápida. 
 
Analisando as Figuras 2.27 e 2.28 o perito poderá perceber no local sujeito a exame pericial a 
presença de diferentes padrões de queima sobre a região do teto do imóvel. A Figura 2.27 
pode induzir o profissional a uma dinâmica de fogo com distribuição uniforma, ao passo que a 
Figura 2.28 poderá remeter a um processo de rápida combustão. Assim sendo será possível 
verificar que a concentração dos vestígios deletérios do processo de combustão estará em 
determinada porção do telhado da residência. 
 
A partir dos vestígios observados no local o perito poderá direcionar o seu trabalho a fim de 
adicionar e/ou excluir hipóteses sobre a origem do foco do incêndio e posteriormente 
trabalhar em busca da causa que gerou a ignição. A observância do padrão do fogo e sua 
produção de vestígios sobre o teto do compartimento também sugere a presença de 
combustíveis dispostos de maneira não uniforme ou se foram utilizados acelerantes de 
incêndio. 
 
Outro aspecto importante a ser assinalado pelo perito ou responsável técnico em matéria de 
incêndio é a questão dos vidros que ficaram expostos ao calor liberado pelas chamas durante o 
curso do incêndio. De acordo com estudos estima-se que painéis de vidros expostos a uma 
diferença de temperatura a partir de 60ºC entre a superfície exposta ao calor e a face oposta 
são susceptíveis a sofrerem trincas. Dessa forma caso o perito verifique sobre o solo próximo a 
algum acesso do imóvel a presença de vidros estilhaçados sem a impregnação de fuligem e/ou 
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vestígios enegrecidos pode ser levado em consideração que o aumento da temperatura 
ocorreu de maneira muito rápida. 
 
Ao passo que se as estruturas vítreas apresentarem vultosas trincas radiais e intensa 
impregnação de fuligem o perito poderá levar em consideração que a elevação da 
temperatura no ambiente ocorreu de forma rápida. Caso as referidas estruturas vítreas 
contenham pouco esfumaçamento e pequenas trincas radiais o perito poderá levantar a 
hipótese de uma combustão mais lenta no interior do imóvel. 
 
2.6.1 – DINÂMICA DO FOGO COM BASE NOS VESTÍGIOS 
 
O perito responsável por analisar um local incendiado deve, através de uma verificação 
preliminar, identificar as aberturas de acesso bem como a forma como o ar atmosférico 
adentrava no ambiente em chamas. 
 
Na ausência de ventos ou fluxo intenso de massas gasosas sobre as chamas produzidas pelo 
incêndio, o fogo tende a consumir o combustível local sem projetar-se horizontalmente 
conforme ilustrado pela Figura2.29. 
 
 
Figuras 2.29 e 2.30 – Fogo projetado verticalmente e ilustração contendo componente 
horizontal 
 
A Figura 2.30 por sua vez representa uma componente vetorial na direção horizontal de forma 
a projetar parte das chamas do incêndio para a esquerda. Em um ambiente sinistrado como 
uma residência ou imóvel comercial pode-se verificar que as vias de acesso, como portas e 
janelas, representam um caminho para que o fluxo gasoso adentre o ambiente e projete as 
chamas de acordo com sua direção e sentido. 
 
Corroborando a projeção imposta pelo fluxo de ar atmosférico sobre as chamas o perito 
verificará os vestígios de queima contidos no interior do imóvel e posteriormente traçará uma 
possível dinâmica para o modo como o fogo se espalhou. 
 
Paralelamente aos ventos que podem projetar o caminho das chamas em um local incendiado, 
verifica-se que a presença de acelerantes de incêndio, como álcool etílico, também 
influenciará na morfologia dos vestígios contidos no local periciado. É muito comum em 
incêndio de origem criminosa o autor utilizar substâncias com o intuito de acelerar o processo 
de queima do combustível. Nesses casos o perito pode identificar alguns traços de material 
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carbonizado que divergem da chama piloto de maneira que o incêndio naturalmente 
processado seria incapaz de fazê-los. 
 
 
Figura 2.31 – Adição de acelerante de incêndio com consequente aumento 
 
Produtos químicos inflamáveis utilizados com o intuito de aumentar a velocidade da queima 
de combustíveis produzem uma queima rápida conduzindo a vestígios característicos deste 
tipo de combustão. Através da Figura 2.32 podemos citar a presença de líquidos inflamáveis 
sobre uma mesa de madeira que ao se inflamarem, foram capazes de carbonizar o combustível 
num sentido em que naturalmente as chamas seriam incapazes de promover determinado 
padrão de queima. 
 
 
 
Figura 2.32 – Exemplo de alguns padrões de queima em um objeto de madeira. 
Fonte: NFPA 921 
 
A parte superior da Figura 2.32 sugere que caso haja presença de uma chama sobre a base da 
estrutura de madeira, naturalmente o calor seria irradiado de baixo para cima de forma a 
produzir vestígios de degradação no sentido ascendente. Já a parte inferior da referida Figura 
sugere que caso o foco do fogo seja constatado na parte esquerda da estrutura de madeira 
(circulado em verde), o fogo pode ter projetado no sentindo de cima para baixo. A projeção 
descendente pode ser ocasionada com o auxílio de um líquido inflamável introduzido com o 
intuito de acelerar o processo de incêndio. Nesse caso o perito responsável deverá proceder a 
uma busca com o intuito de verificar se existem vestígios de líquidos inflamáveis. O assistente 
técnico por sua vez, caso analise um laudo que contenha uma fotografia retratando um padrão 
de queima conforme a parte inferior da Figura 2.32 deverá quesitar se tal formatação foi 
promovida com a utilização de líquidos combustíveis. 
 
 
Líquidos inflamáveis 
podem projetar o 
fogo no sentido de 
cima para baixo. 
A tendência das chamas 
é a projeção ascendente 
conforme ilustrado. 
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2.7 – ISOCOMBUSTÃO E INCÊNDIOS APLÁSICOS 
 
Alguns locais periciados são configurados como sendo um imóvel completamente carbonizado 
com o telhado depositado sobre o solo em meio aos vestígios carbonizados. Nesses exames a 
localização do foco do incêndio e posteriormente o agente patrocinador da ignição é um 
processo trabalhoso que demanda tempo e análise por parte do perito responsável. 
 
Isocombustão é o processo em que o material combustível foi consumido de maneira mais 
uniforme e o resultado configura-se como sendo um acúmulo de vestígios sobre o local a ser 
examinado. Nessas perícias o profissional terá que processar de forma a excluir algumas 
hipóteses e refinar o tratamento com o intuito de encontrar evidências. A análise da rede de 
distribuição de energia próxima ao local seguida da verificação do ramal de entrada da 
instalação elétrica local é uma etapa que precede a incursão na área imediata. O intuito de 
verificar a condição dos condutores de energia é o de excluir a possibilidade de um curto 
circuito ou alguma não conformidade que poderia patrocinar ou corroborar com o local a ser 
periciado. 
 
 
 
Figuras 2.33 e 2.34 – Exemplo de isocombustão 
 
Alguns incêndios são exauridos pela insuficiência de algum dos elementos constituintes do 
triângulo do fogo e/ou podem ser suprimidos através do combate realizado pela equipe do 
corpo de bombeiros. Incêndios extintos que registram a presença de vestígios de carbonização 
parcial são denominados de incêndios aplásicos. Para esses casos o perito percebe uma maior 
rapidez na coleta de evidências quando comparado aos incêndios em que há a isocombustão. 
Nos incêndios aplásicos a carbonização parcial dos materiais combustíveis e a forma 
geométrica configurada no ambiente periciado permitem o profissional perito suspeitar do 
ponto de origem do foco ígneo. 
 
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Figura 2.35 – Exemplo de incêndio aplásico 
 
 
2.8 – PROPAGAÇÃO DO FOGO EM UMA EDIFICAÇÃO 
 
Uma edificação pode ser classificada conforme o tipo de ocupação e apresenta algumas 
particularidades quanto aos detalhes construtivos. Um perito em incêndio deve verificar 
preliminarmente o local a ser trabalhado quanto à natureza da ocupação do imóvel 
(habitações unifamiliares, pousadas, escolas, comércios, escritórios, etc). Em uma análise 
posterior deve-se tomar nota quanto às singularidades dos materiais referentes às divisões 
internas da edificação a ser trabalhada (forros, pisos, paredes). 
 
Os elementos internos de uma edificação incendiada podem apresentar vestígios que 
corroboram suas propriedades químicas estruturais. Caso haja uma discordância entre os 
padrões de queima das divisórias de um cômodo ou o perito necessite de dados normativos 
para complementar uma hipótese, algumas normas deverão ser consultadas a fim de dirimir 
possíveis dúvidas. Exemplo de normas referente aos elementos internos da edificação: 
 
 Portas e vedadores – Determinação da resistência ao fogo - NBR 6479/1992 
 
 Resistência ao fogo em estruturas – NBR 5628/1980 
 
 Paredes divisórias sem função estrutural – NBR 10636/1989 
 
 Portas e vedadores corta-fogo com núcleo de madeira (NBR 11711/1992) 
 
A NBR é a sigla para Norma Brasileira aprovada pela associação brasileira de normas técnicas. 
Tais normas são estabelecidas de acordo com um consenso entre pesquisadores e 
profissionais de determinada área e aprovada por um organismo nacional ou internacional, no 
caso a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). 
 
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Em relação à ciência dos incêndios pode-se dizer que um elemento construtivo possui 
resistência ao fogo quando este apresentar estanqueidade, isolamento e estabilidade. 
 
Estanqueidade: Propriedade de o elemento construtivo vedar a passagem de gases quentes e 
chamas de dentro para fora do compartimento. Podemos relacionar a estanqueidade com a 
integridade da estrutura. A integridade dos componentes estruturais envolvidos em uma 
edificação está diretamente relacionada com a presença de trincas ou fissuras resultantes do 
calor do incêndio. Determinada parede pode não ser estanque pois perdeu a sua integridade 
devido ao calor recebido pelas chamas de um incêndio. 
 
Isolamento: De forma semelhanteà estanqueidade, esta propriedade apresenta uma 
capacidade de impedir o fluxo de calor de dentro para fora do cômodo. A diferença entre os 
conceitos se encontra no fato de o isolamento impedir o fluxo de calor de tal forma que 
provoque a ignição espontânea do cômodo vizinho. Caso haja a passagem de energia calorífica 
para o cômodo adjacente de forma a provocar uma ignição espontânea pode-se dizer que o 
isolamento daquela estrutura não foi suficiente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3–PROCESSAMENTO EM UM LOCAL DE INCÊNDIO 
Trataremos nesta seção os aspectos práticos relacionados à atividade pericial. O trabalho 
relacionado à perícia de incêndio deve conter alguns critérios de segurança a fim de preservar 
a vida e a saúde do profissional que adentra em um local sinistrado. 
 
Algumas observações preliminares levadas em conta pelo perito em incêndio auxilia a 
confecção do laudo pericial e consequentemente fornece um melhor esclarecimento aos 
operadores do direito. Detalhes que antecedem uma perícia de incêndio serão analisados e 
posteriormente elucidaremos as áreas imediata, mediata e relacionada. Posteriormente ao 
entendimento das áreas e detalhes do local incendiado serão expostos alguns dos materiais e 
instrumentos utilizados em uma perícia de incêndio. 
 
 
3.1 – CRITÉRIOS DE SEGURANÇA OBSERVADOS PELO PERITO 
 
Apesar de encontrarmos, nos dias atuais, uma equipe multidisciplinar laborando como perito 
criminal e/ou profissional destinado a combate de incêndio, analisaremos alguns dos princípios 
da engenharia de segurança do trabalho e os relacionaremos com as perícias de incêndio. A 
Engenharia de segurança do trabalho fundamenta seu estudo em procedimentos e programas 
que visam preservar a saúde e a segurança do trabalhador. 
 
Embora alguns locais incendiados não representem um elevado grau de insalubridade e/ou 
periculosidade, o profissional perito de campo deve sempre adotar a cultura prevencionista 
visando a integridade da sua saúde e segurança. 
 
 
Figura 3.1 – Representação de alguns equipamentos de proteção individual. 
 
3.1.1 – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL 
 
Em relação às perícias de incêndio o profissional de campo deve atentar-se quanto ao uso de 
alguns equipamentos de proteção individual por se tratar de um local com possível exposição 
de partículas suspensas, irregularidades sobre o piso, probabilidade de colapso estrutural 
dentre outros. 
 
Equipamentos de Proteção Individual ou EPI são quaisquer meios ou dispositivos destinados a 
proteger uma pessoa contra possíveis riscos ameaçadores à sua saúde ou à sua segurança 
durante o exercício de uma determinada atividade. Um equipamento de proteção individual 
pode ser constituído por vários meios ou dispositivos associados conjuntamente de forma a 
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proteger o profissional contra um ou vários riscos simultâneos. O uso deste tipo de 
equipamentos só deverá ser contemplado quando não for possível tomar medidas que 
permitam eliminar os riscos do ambiente em que se desenvolve a atividade. 
 
No caso de uma perícia de incêndio é necessário, na maioria dos locais, o uso de EPI pelo fato 
de tratar-se de provável local inóspito em que inexiste a possibilidade de medidas alternativas 
que possam eliminar o risco do ambiente. 
 
Alguns equipamentos de proteção obrigatória que devem ser levados em um ambiente sujeito 
a perícia de incêndio são: 
 Capacete; 
 Luvas; 
 Botas; 
 Máscara; 
 
Capacete: O capacete de segurança reduz os efeitos de impactos de objetos direcionados à 
cabeça e diminui a possibilidade de ferimentos. É composto pelo casco e pela suspensão. O 
primeiro geralmente é produzido em polietileno de alta densidade ou ABS. Já a suspensão tem 
a carneira, em geral, de polietileno de baixa densidade, e coroa, do mesmo material ou de 
tecido. 
 
Figura 3.2 – Ilustração de um EPI do tipo capacete 
Luvas: As luvas de segurança protegem as mãos dos peritos contra riscos mecânicos que 
podem ser provocados por escombros ou vestígios cortantes. As luvas, além da proteção 
contra ferimentos, oferecem um suporte para a manipulação mecânica de vestígios sem que a 
fuligem e o material carbonizado entre em contato com a pele do profissional. 
 
Figura 3.3 – Ilustração de um EPI do tipo luva 
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Botas de segurança: Sua principal função é manter os pés do perito protegidos de qualquer 
perigo contido no local incendiado, como vestígios cortantes, pregos, chão irregular, objetos 
caindo sobre os calçados dentre outros. 
 
 
Figura 3.4 – Ilustração de um EPI do tipo bota de segurança 
 
Máscara: Indispensáveis para proteger o sistema respiratório e digestório, as máscaras de 
proteção semifacial são Equipamentos de Proteção Individual (EPI) que protegem 
parcialmente o rosto do usuário, na região do seu nariz e boca. Trata-se de um dispositivo que 
serve para purificar o ar e bloquear partículas em suspensão contidas no local incendiado que 
podem apresentar certa nocividade ao perito. 
 
 
Figura 3.5 – Ilustração de um EPI do tipo máscara respiratória reutilizável 
 
 
 
Figura 3.6 – Atuação em um local incendiado 
 
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3.1.2 – CUIDADOS QUANTO AO CALOR CONTIDO NO AMBIENTE 
 
Entende-se como exposição ao calor a quantidade de calor recebida pelo ser humano a qual 
deve ser dissipada para que o organismo atinja o equilíbrio térmico, representado pela soma 
do calor metabólico e os ganhos ou perdas por convecção e radiação. 
 
Quando se submete o organismo a determinada quantidade de calor, pode-se verificar reações 
fisiológicas como sudorese, aumento da frequência cardíaca, elevação da temperatura interna 
do corpo e outras modificações fisiológicas. Quanto maior a quantidade de calor recebida, 
maiores os efeitos resultantes e, em certas condições, eles são capazes de provocar agravos á 
saúde do perito. 
 
Dentre os diversos fatores que influem nas trocas térmicas, algumas podem ser verificadas 
com maior frequência em um ambiente sujeito a perícia de incêndio: 
 Temperatura do ar 
 Umidade relativa do ar; 
 Velocidade do ar; 
 Calor radiante; 
 
Temperatura do ar: Em um local em que haja uma exposição do perito a uma temperatura 
mais elevada, o profissional ficará sujeito às trocas de calor que serão diretamente 
proporcionais à diferença entre as temperaturas do ar e da pele. 
 
Umidade relativa do ar: A umidade relativa do ar influirá nas trocas térmicas em que 
ocorrerão entre o organismo e o ambiente trabalhado através da evaporação. Quanto maior a 
umidade relativa do ar menor será a perda de calor do profissional por evaporação. 
 
Velocidade do ar: A velocidade do ar pode interferir na troca de calor entre o organismo e o 
meio ambiente. Quanto maior a velocidade do ar maior o fluxo de interação entre as camadas 
gasosas e o corpo. Consequentemente haverá um aumento na troca de calor entre o 
organismo e o meio ambiente. Caso haja uma alta temperatura no ambiente, o corpo irá 
ganhar mais calor com o aumento da velocidade do ar. 
 
Calor radiante: Em locais em que o perito perceba uma determinada quantidade de calor 
irradiado, seu corpo ganhará calor pelo mecanismo da irradiação. 
 
3.1.3 – REAÇÕES DO ORGANISMO QUANDO EXPOSTO AO CALOR 
 
O organismo apresenta diversas reações quanto exposto ao calor, entre as quais destacamos: 
 
 sudorese; 
fadiga; 
 exaustão; 
 desidratação; 
 câimbras; 
 choque térmico. 
 
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Sudorese: Pode ser considerado como sendo um mecanismo de defesa do organismo. O 
número de glândulas sudoríparas ativadas é diretamente proporcional ao desequilíbrio 
existente. A quantidade de suor produzido pode, em curtos períodos, atingir até dois litros por 
hora. Em perícias de incêndio é fundamental uma boa hidratação por parte do profissional a 
fim de suprir a perda de líquidos em virtude da sudorese 
 
Distúrbios do calor: Se o aumento do fluxo de sangue na pele e a produção de suor forem 
insuficientes para promover a perda adequada de calor entre o organismo e o meio ambiente, 
ou se estes mecanismos deixarem de funcionar corretamente, uma fadiga fisiológica poderá 
ocorrer. 
 
Exaustão: A exaustão ao calor decorre de uma insuficiência do suprimento de sangue no 
córtex cerebral, resultante da dilatação dos vasos sanguíneos periféricos, em resposta ao 
calor. A baixa pressão arterial é o sintoma crítico, devido em parte a uma inadequada saída 
de sangue do coração e, em parte, a uma vaso dilatação que abrange extensa área do 
corpo. 
 
Desidratação: de início, a desidratação atua principalmente reduzindo o volume de sangue 
e promovendo a exaustão pelo calor. Em casos extremos, produz distúrbios nas funções 
celulares, ineficiência muscular, redução de secreções (especialmente das glândulas salivares), 
perda de apetite, dificuldade de engolir, uremia temporária e febre, podendo chegar até à 
morte. 
 
Câimbras: o calor excessivo pode provocar espasmos musculares, com redução do cloreto de 
sódio no sangue, que pode atingir concentrações abaixo do nível crítico. 
 
Choque térmico: É a mudança rápida de temperatura do corpo. É importante saber que o 
organismo leva um tempo para se adaptar à temperatura diferente da qual estava 
acostumado. E isso exige bastante esforço dos vasos sanguíneos e do coração. 
Em perícias de incêndio ocorridas onde o local externo encontra-se em uma baixa temperatura 
em relação ao ambiente sinistrado, ao adentrar a área imediata, os vasos sanguíneos podem 
aumentar de tamanho de uma vez por causa do calor brusco percebido. Nesse caso, porém, 
ficamos avermelhados e passamos a transpirar rapidamente. 
 
 
Figura 3.7 – O calor excessivo provoca reações fisiológicas no organismo 
 
A maior parte dos locais incendiados é previamente combatida pelo corpo de bombeiros com 
a finalidade de controlar a ação do fogo e/ou evitar maiores consequências. O perito de local 
por sua vez é acionado no momento posterior ao trabalho dos bombeiros com a finalidade de 
coletar vestígios e posteriormente apontar evidências com relação ao foco do fogo e causa 
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patrocinadora da ignição. Mas deve-se atentar quanto ao lapso temporal entre o combate 
efetuado pelo corpo de bombeiros e a atuação da perícia. Muitos locais não foram 
devidamente “resfriados” o suficiente para que o perito atue com segurança e eficiência. 
Nesses casos a exposição do organismo ao calor pode ser intensa e deve-se aguardar um 
período até que a área imediata forneça condições seguras para efetuar um trabalho eficiente 
e seguro. 
 
3.1.4 – CUIDADOS QUANTO ÀS PARTÍCULAS EM SUSPENSÃO 
 
A fumaça, aerodispersóide sólido encontrado em maior quantidade em uma perícia de 
incêndio, é a mistura formada por partículas suspensas no ar, gases e vapores resultantes 
de combustão incompleta de materiais combustíveis e contém partículas sólidas de 
carbono devido à combustão incompleta de materiais orgânicos. As fumaças são 
partículas sólidas, com tamanho menor que 0,1 µm. 
 
O monóxido de carbono, presente no produto da combustão incompleta, é uma substância 
tóxica que dificulta a absorção do oxigênio. Dessa forma, em um ambiente pericial o 
profissional deve atentar-se quanto à concentração de fumaça suspensa no ar e se possível 
aguardar ou efetuar a abertura das portas e janelas para auxiliar o processo de exaustão do 
aerodispersóide. 
 
 
Figura 3.8 – A inalação de fumaça pode dificultar a absorção do oxigênio em virtude da 
presença do monóxido de carbono 
 
O monóxido de carbono exerce sua ação de asfixiante químico ao reduzir a capacidade da 
hemoglobina, de transportar o oxigênio através de, principalmente, dois mecanismos. O 
primeiro mecanismo é ao fixar-se à hemoglobina com sua afinidade 210 a 300 vezes maior do 
que a do oxigênio, vindo a formar a Carboxihemoglobina. Esta afinidade pode ser medida pelo 
número de moles de oxigênio, necessário para cada mole de CO, a fim de manter igual 
saturação da hemoglobina. 
 
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Figura 3.9 – Fumaça encontrada em uma perícia de incêndio 
 
 
3.1.5 – CUIDADOS QUANTO A POSSÍVEL COLAPSO ESTRUTURAL 
 
A ação do fogo sobre a estrutura do imóvel incendiado pode gerar trincas e alterações físico-
químicas que podem potencializar um colapso inesperado. A elevação gradual de temperatura 
provoca efeitos distintos no concreto e nas argamassas, verificando-se alteração na coloração, 
perda de resistência mecânica, esfarelamento superficial, fissuração até a própria 
desintegração da estrutura. 
 
Dentre as causas que podem levar uma estrutura sujeita a altas temperaturas ao colapso, 
estão a temperatura máxima atingida, o tempo de exposição, o tipo de estrutura, o elemento 
estrutural e a velocidade do resfriamento efetuado pela equipe do corpo de bombeiros. 
 
Valores acima de 300ºC são considerados como suficiente para que haja uma acentuada 
quedada resistência do concreto. Nesta faixa de temperatura já ocorre uma perda considerada 
de resistência mecânica do concreto, fato que se acentua em situações de resfriamento 
rápido em um processo de combate ao incêndio.O resfriamento brusco da temperatura é 
responsável pelas maiores perdas de resistências, fato que deve ser analisado pelo perito em 
conjunto com a equipe que promoveu o combate do incêndio preliminarmente à entrada no 
local. 
 
A elevação da temperatura também interfere na coloração do concreto, variando de tons 
rosáceos nas temperaturas mais baixas, passando por tons cinza em temperaturas 
intermediárias e chegando a tons esbranquiçados e amarelecidos a altas temperaturas. 
 
 
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Tabela 3.1 – Características do concreto superaquecido 
Fonte: Rosso (1975) apud Neville (1923) 
 
 
3.1.6 – CUIDADOS QUANTO A PONTOS ENERGIZADOS 
 
Muitas perícias em matéria de incêndio, embora não tenham o fator elétrico como fonte 
ígnea, podem apresentar um local em que há a presença de vários pontos relativos aos 
circuitos elétricos da instalação elétrica local. Interruptores e pontos de tomada, por exemplo, 
perdem parte da sua estrutura polimérica de forma a expor os condutores de maneira a 
potencializar a ocorrência de um choque elétrico caso estes estejam energizados e em contato 
com o perito. 
 
O choque elétrico é a passagem de uma corrente elétrica através do corpo, utilizando-o como 
um condutor. O contato com algum fio exposto, por exemplo, fechará um percurso em que 
parte do corpo humano servirá de caminho para que as cargas elétricas encontrem uma 
direção e sentido. 
 
 
Figura 3.9 – Ilustração da passagem de corrente elétrica através do corpo humano 
 
Esta passagem de corrente pode causar um susto, podendo tambémcausar queimaduras, 
parada cardíaca ou até mesmo a morte. 
 
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Preliminarmente o perito deverá verificar o disjuntor geral do ramal de entrada de energia da 
residência ou estabelecimento de interesse para posteriormente prosseguir às análises 
periciais de praxe. O fato de verificar o disjuntor geral permite o perito concluir se o dispositivo 
de proteção atuou, se está na posição “ligado” ou “desligado”. 
 
 
Figura 3.10 – Ilustração de esquema elétrico 
 
 
Estes disjuntores representam a proteção para cada circuito da instalação elétrica. O circuito 
de uma instalação elétrica corresponde a parte do projeto em que, por exemplo, algumas 
tomadas estarão interligadas por um condutor fase e neutro e protegidas por determinado 
disjuntor. 
 
Geralmente muitas instalações elétricas não seguem a norma NBR 5410 e podem oferecer 
risco quanto ao dimensionamento dos condutores, conforme veremos em capítulo referente 
ao tema incêndios ligados a fatores elétricos. 
 
 
3.2 – ANÁLISES QUE ANTECEDEM UMA PERÍCIA DE INCÊNDIO 
 
Tendo em vista a observância dos critérios de segurança elencados no item 3.1 citaremos 
neste tópico alguns cuidados preliminares que devem ser levados em consideração. 
 
Apesar de todo o equipamento de proteção individual adquirido bem como a cultura 
prevencionista adotada pelo perito de local, algumas partes estruturais podem oferecer 
instabilidade devido a ação do fogo. 
 
Por vezes a defesa civil realiza uma inspeção no local preliminarmente ao trabalho pericial e 
pode interditar a área por motivo de segurança. Neste caso a incursão na área imediata deve 
ser suspensa ou realizada com cautela visando preservar a segurança do profissional. 
 
Deve ser inspecionado pelo perito 
para concluir a posição da chave. 
Estes disjuntores 
representam a proteção 
para cada circuito da 
instalação elétrica. 
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Conforme descrito na seção 3.1.5, as estruturas de concreto sofrem alterações quando 
submetidas a elevação de temperatura. Materiais como estrutura metálica, vigas de madeira, 
dentre outros sólidos também estão susceptíveis a uma instabilidade caso haja uma exposição 
a elevadas temperaturas. 
 
Neste caso o perito deve buscar informações a respeito da integridade estrutural do local para 
posteriormente adentrar ao ambiente e realizar os procedimentos de praxe. 
 
 
Figura 3.11 – Ilustração de comprometimento estrutural 
 
Durante o curso do incêndio a disposição das massas remanescentes torna-se divergente da 
configuração verificada antes da ação do fogo. Dessa forma, alguns escombros podem 
precipitar e depositar sobre a laje. 
 
No caso de prédios ou imóveis com mais de um pavimento deve-se verificar se a quantidade 
de massa depositada sobre a laje coloca em risco a incursão no pavimento inferior a fim de 
realizar a perícia de incêndio. 
 
Durante a incursão no local sinistrado o perito deve atentar-se quanto a obstáculos e/ou 
estruturas pontiagudas com potencial de lesão incisa ou pérfuro-cortante. 
 
Determinadas perícias em que o profissional suspeite da utilização de líquidos inflamáveis ou 
substâncias químicas para potencializar a ação do fogo, o perito deve atentar-se quando a 
toxicidade dos gases presentes no local bem como evitar o contato com vestígios suspeitos. 
 
Em relação à parte externa do local sujeito a exame pericial deve ser verificado se o 
isolamento da área foi realizado de maneira correta e há alguma região que necessita de ser 
isolada a fim de que o exame não seja comprometido. 
 
Caso as condições de segurança para o trabalho estejam em conformidade, o perito 
responsável pelo local poderá, a fim de contribuir com o seu trabalho, coletar informações 
com terceiros a respeito do sinistro. Algumas informações podem ser interessantes para 
sustentar ou corroborar uma hipótese e/ou sustentar uma evidência coletada nas áreas 
interessadas. As informações coletadas por pessoas envolvidas, ou por aquelas que possam 
contribuir de alguma maneira com o trabalho pericial, devem ser utilizadas somente com o 
intuito de direcionar o trabalho em campo. 
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Um laudo pericial deve se sustentar nos elementos técnicos colhidos e interpretados no local 
do exame e as informações coletadas por terceiros não devem ser utilizadas como base para 
fundamentar uma convicção. Geralmente vizinhos, funcionários do local, pedestres próximos, 
etc podem fornecer informações quanto ao local de origem da fumaça, horário em que o 
combate ao incêndio foi iniciado pela equipe do corpo de bombeiros, se os ocupantes eram 
fumantes ou utilizavam cargas elétricas de maior potência dentre outros elementos. 
 
Para perícias em sítios industriais é recomendável verificar a forma de condicionamento e 
estocagem dos materiais, entrada e saída de mercadorias e posição do estoque com relação 
aos pontos energizados. 
 
Em relação à equipe do corpo de bombeiros é interessante verificar se foi possível identificar 
de qual região o fogo emergia e qual a sua direção e sentido. Se foi necessário arrombar 
alguma via de acesso para a realização do resfriamento e se houve explosões durante o 
trabalho da referida equipe. 
 
3.2.1 – DETALHES A RESPEITO DA COLORAÇÃO DA FUMAÇA 
 
Com relação à coloração das chamas e da fumaça é interessante coletar ambas as informações 
em virtude da característica do combustível inflamado bem como da temperatura estimada no 
local. 
 
Fumaça de cor branca: Indica que a combustão é mais completa com rápido consumo do 
combustível e boa quantidade de comburente; 
 
Fumaça de cor negra: Combustão que se desenvolve em altas temperaturas, porém com 
deficiência de comburente; 
 
Fumaça amarela, roxo ou violeta: Presença de gases altamente tóxicos. São os gases 
incandescentes, visíveis, ao redor da superfície do material em combustão. 
 
 
Figura 3.12 e 3.13 – Fumaças de cor branca e fumaça de cor preta 
 
 
 
 
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3.2.2 – DETALHES A RESPEITO DA COLORAÇÃO DAS CHAMAS E DAS BRASAS 
 
Assim como a fumaça apresenta algumas particularidades ligadas a sua coloração, as brasas e 
as chamas podem fornecer alguns subsídios para que o perito levante algumas conclusões. 
 
 
Tabela 3.2 – Coloração das chamas com base na variação da temperatura. 
 
Conforme informações expressas pela Tabela 3.2 podemos concluir que na medida em que as 
chamas tendem a um amarelo mais esbranquiçado a temperatura do ambiente tenderá a 
valores mais elevados. 
 
 
Tabela 3.3 – Coloração das brasas com base na variação da temperatura 
 
A Tabela 3.3 informa que na medida em que as brasas vão tendendo à coloração azulada, as 
temperaturas percebidas pelo material tendem a atingir valores mais elevados. 
 
 
3.3 – FORMAS DE INCURSÃO 
 
As perícias de incêndio estão contidas no campo das ciências forenses, identificadas como 
sendo o conjunto de todos os conhecimentos científicos e técnicas destinadas a elucidar 
crimes, assuntos referentes ao campo cível, penal ou administrativo. Dentre as técnicas 
utilizadas pelas ciências forenses estão as formas de incursão em um local sujeito a exame 
pericial com a finalidade de proceder à busca de vestígios. 
 
Vestígios podem ser entendidos como sendo qualquer marca, objeto ou sinal sensível que 
possa ter relação com o incêndio investigado. Uma das funções do isolamento do local 
incendiado é a de preservar os vestígios para que o perito

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