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No ranking dos problemas que mais apare- cem no divã, a busca pela vocação ocupa lu- gar de destaque. Mas o problema vocacional é reflexo de um problema mais profundo, que denomino de DIFICULDADE DE HARMONIZAÇÃO DOS CONTRÁRIOS. No grande campo da vocação, essa dificulda- de deixa seus contornos em maior evidência, permitindo-nos abordá-la de modo mais cla- ro. A CRISE VOCACIONAL, em regra, surge quando o sujeito desloca sua busca para o mundo abstrato das idéias, onde to- das as vocações lhe aparecem como nomes pairando no nada. Instalado no mundo da fantasia, ele contempla as vocações que lhe são mais agradáveis como se escolhesse uma peça de vestuário, uma fantasia de Carnaval. E, ao descer para o mundo real revestido de nuvem, passa a nutrir um desprezo pela re- alidade onde se move todos os dias, subes- timando-a como muito inferior às suas mais altas ilusões. Aqui você será convidado a descer desse mun- do abstrato e encontrar, no seio da obriga- ção que se lhe oferece a cada momento, uma ocasião de realização da vocação. É na har- monização entre o mundo perfeito das idéias e o mundo perfeitamente concreto onde sua vida se desenrola que reside a possibilidade de tornar-se um ser humano de verdade — de deixar de viver a vida como se fosse um baile de Carnaval, apenas para que a Quarta-Feira de Cinzas venha surpreendê-lo de mãos va- zias. A FESTA ACABOU. E AGORA, JOSÉ? A festa acabou. No salão onde tudo era di- versão, restou apenas lixo — e pode ser até que, em um coração que se deixou levar, te- nha restado apenas o vazio do desencontro e o tédio do “retorno à vida cotidiana”. Se de um lado existe em cada um de nós o desejo de fuga para um mundo de fantasia, a verdade é que o dia seguinte vem para todos. Um dia que pede para ser vivido, que deman- da algo de nós. A NOSSA RESPOSTA A ESSE CHAMADO É O QUE VAI TALHANDO OS CONTORNOS DA NOSSA VIDA, LAPIDANDO SUA FORMA, DISTINGUINDO-A DE TODAS AS OUTRAS. Mas esse chamado — verdadeiramente, a única vocação do homem e da mulher em concreto — não existe no mundo das idéias, pairando acima de tudo e de todos. Pelo con- trário, ele se faz ouvir na concretude cotidia- na, revelando-se em cada momento vivido, porque cada momento demanda de nós uma resposta — e é nesse responder que exerce- mos a liberdade. Liberdade não é poder fazer qualquer coisa que se queira, mas poder dizer sim ou não. É NO SEIO DA OBRIGAÇÃO QUE SE APRESENTA A CADA UM DE NÓS, A CADA MOMENTO, QUE EXERCEMOS A LIBERDADE. Parece contraditório? Na harmonização dos contrários desenrola-se a vida humana real. A vida sem contraditórios só existe na sua cabeça. Aquele que vive perseguindo ideais abstratos, deslocando para lá a própria vida, negando-se a cumprir as obrigações que se apresentam, desperdiça a chance de perso- nalizar-se; no limite, não reconhecerá a pró- pria vida como tendo sido sua. A OBRIGAÇÃO É O LUGAR ANTROPOLÓGICO ONDE A VOCAÇÃO SE DESENVOLVE. É nas escolhas do homem e da mulher de carne e osso que a vocação se concretiza e a vida acontece. A VIDA VIVIDA COM ALTO GRAU DE REALIDADE É O ÚNICO CAMINHO POSSÍVEL PARA A FELICIDADE. Você pode até achar que tem um chamado, mas o que importa é como ele se concretiza no mundo real, no curso da sua vida. É olhar para ISTO que vai determinar a sua felicida- de. Quem lhe diz que “você pode ser o que você quiser” o está estimulando a viver com baixo grau de realidade. E, QUANTO MENOR O SEU GRAU DE REALIDADE, MAIS INFELIZ VOCÊ SERÁ. Confronte as afirmações abaixo e veja qual tem maior grau de realidade: A. Busque a sua vocação. Você só será feliz fazendo o que ama. B. Dê o máximo de si no cumprimento do seu dever. A vocação não reside no mundo abs- trato, mas se traduz concretamente em um chamado a cumprir suas obrigações. A. As obrigações tolhem a sua liberdade e sufocam a sua realização pessoal. Quem “só cumpre obrigações” anula-se. B. A liberdade humana é uma margem de es- colha que nasce no seio da obrigação. O ver- dadeiro exercício da liberdade é discernir, em cada circunstância concreta, o melhor a fazer. É isso que vai formar a sua personali- dade. A. A vocação é uma coisa que se sente no pei- to. Siga os seus instintos. Eles não falham. B. A vocação é uma coisa que aparece na sua cara todos os dias. Abra seus olhos e seus ou- vidos. Siga a realidade. Ela não falha. Muitas coisas na vida você não escolhe. Você não escolhe apaixonar-se, mas escolhe transformar a vida do outro em um projeto que também seja o seu. Pode ser que você não tenha escolhido o seu trabalho atual, mas pode escolher abraçá-lo e cumprir o seu dever dando o melhor de si em cada tarefa. Essa escolha, renovada a cada dia, é o ele- mento vocacional da vida humana. TESTE: Você está vivendo com baixo grau de realida- de? 1. Quando algo em seu trabalho contraria as suas expectativas, você: A) Pensa imediatamente em desistir, em como sua vida seria melhor se aquela obrigação não existisse. B) Diz para si mesmo que faz parte da reali- dade que as coisas nem sempre saiam como a gente espera, mas ainda reluta intimamen- te com a frustração. C) Readapta-se rapidamente às novas cir- cunstâncias, sem remoer as expectativas frustradas. 2. Quando o seu cônjuge/noivo/namorado faz algo que você considera errado, você: A) Dá-lhe uma bela bronca e fica muito satis- feita consigo mesma. B) Procura imaginar-se no lugar dele e tenta abordá-lo como você mesma gostaria de ser abordada. C) Pensa que seria melhor ter-se casado com o Joca. Aquilo, sim, era um partidão! COMENTÁRIOS: 1. A) Baixo grau de realidade. Você odeia obri- gação. Isso é um sinal de que você tem vivi- do no mundo das suas idéias, das suas fan- tasias. Cuidado! Isso é a receita da tristeza, da infelicidade, da vida improdutiva. B) Estamos melhorando! Você está saindo do mundo da fantasia e entrando no mun- do real. Aqui é muito melhor, e você vai ficar muito mais forte quando tirar os seus pezi- nhos dessa Terra do Nunca em que andou metido nos últimos tempos. C) Nível GW. É assim que se faz! A vida já tem complicações o bastante. Você já entendeu que não adianta ser mais um problema. 2. A) Baixo grau de realidade. Entenda uma coi- sa: você pode ter, aí na sua cabeça, um mun- do todo perfeitinho, onde você acha que se desenrola a sua vida. Mas o fato é que em- purrar os outros para dentro do seu mundo imaginário, confrontando pessoas reais com os seus arremedos de realidade, só vai depri- mi-las ou irritá-las. Se você não pode descer até o mundo concreto onde vivem as pesso- as, ao menos não tente carregá-las para o mundo dos seus fantasmas. B) Estamos caminhando! Você já entendeu que esse é o exercício da maturidade huma- na. Nem sempre você vai ter sucesso, às ve- zes vai errar feio, mas o caminho é esse daí. C) Muito baixo grau de realidade. Que coisa, não? Sorte do Joca que ele pulou fora! Pegue na minha mão, flor. Bora sair desse mundo de fantasia onde você está vivendo. . Até aqui, você já entendeu que a vocação do homem e da mulher em concreto é atender ao chamado que a vida concreta apresenta a cada um de nós. Essa resposta convoca você a utilizar os seus recursos — a colocar em marcha sua capa- cidade de trabalho, sua dedicação, sua aten- ção, seu tempo a serviço do outro. Pode ser, então, que você comece a experimentar na pele a diferença entre ser VALIDADO pelos OUTROS e ser APROVADO no TESTE REAL da VIDA. Você deve conhecer alguém assim: a pessoa até consegue fazer bem alguma coisa, mas não tem coragem de cobrar pelo que faz. SOB A APARÊNCIA DE MODÉSTIA OU DESPRENDIMENTO, PODE ESCONDER-SE APENAS O MEDO DE TER DE MOSTRAR RESULTADO, DE SER COLOCADO À PROVA, DE TER DE ENFRENTAR E VENCER. O desejo de vencer é a peça fundamental de uma vida que funciona. Pode observar: quem se contenta com um elogio, um afago, um “like”, e jamais se coloca a pergunta: eu de fato domino a minhatécnica?, está mais inte- ressado em alimentar uma boa opinião sobre si mesmo do que em resolver problemas re- ais. Por isso, o primeiro passo da vida madura é querer vencer, provando suas habilidades no mundo, superando desafios reais, produ- zindo valor, entregando algo útil. Você pode até se sentir bem quando o elogiam por algo bom que você faça esporadicamente, mas só entrará no caminho da felicidade no dia em que conquistar algo valoroso tornar-se um hábito. A GENTE TEM DE BUSCAR O PRAZER, SER FELIZ. VOCÊ QUER SER VALIDADO OU VENCER? Se o ideal de buscar o prazer a qualquer cus- to arrastou gerações por um caminho de ex- travagâncias, frustração e solidão, hoje já não engana mais ninguém. Todo mundo sabe que há uma infinidade de coisas prazerosas que nos levam para o buraco. O ideal que veio substituí-lo, entretanto, está longe de ser mais esclarecedor sobre o que devemos buscar nesta vida. Se o fetiche antes era a busca pelo prazer, hoje é a busca pela felicidade — e esse erro, se por um lado não conduz o sujeito para abismos tão profundos quanto o erro anterior, por outro lado impede que ele tome o caminho certo. O que comumente se entende por felicidade é um estado mental passageiro. Mas se que- bramos a casca do “momento feliz” e olhamos para dentro dele, veremos que, em geral, a fe- licidade está relacionada à conquista de um bem valoroso. Isso nos fornece uma pista importante sobre a vida feliz: O QUE VALE NÃO É “BUSCAR A FELICIDADE”, MAS CONQUISTAR ALGO DE FATO. Um elogio, um olhar de aprovação, uma pa- lavra reconfortante, podem nos fazer sentir bem, mas nada dizem sobre o que de fato es- tamos produzindo no mundo — e o que con- ta, de verdade, para a nossa felicidade, é o que entregamos. Quando você vence por suas habilidades, quando conquista por seu talento aprimora- do, você experimenta uma força efetiva — sua existência vai ganhando densidade, você vai construindo a sua personalidade. Quando, por outro lado, você entrega apenas o míni- mo e espera a validação exterior, você cami- nha sempre inseguro e frustrado, sentindo-se deslocado e inútil. E o pior: essa sensação é bastante exata. Mas existe um mapa para sair dessa rota que não leva a lugar nenhum. E eu vou te mostrar qual é. A felicidade é um estado de ânimo que expe- rimentamos ao obter certas coisas de valor, e dura alguns instantes. Se dura apenas alguns instantes, não faz sen- tido viver buscando a felicidade — seria como buscar sentir cócegas o tempo inteiro. O que importa na vida é conquistar as coisas que fazem sentido, e essa conquista é PENOSA. O prazer é autorreferente: é algo que acon- tece somente em você e não está conectado com nada mais. Acontece que você muda no momento seguinte! Depois de sentir o prazer, aquilo já não faz mais sentido e você já está querendo outra coisa. Você é uma pessoa susce- tível? Está sempre buscan- do aprovação? Sentir-se aceito? Está sempre bus- cando satisfazer aque- le desejozinho de que olhem para você, façam- -lhe um elogio, gostem de você? Meu filho, VENCER al- guma coisa real é mui- to melhor do que “se sentir bem”. Vencer te instala na realida- de; sentir-se bem te instala no seu mundo mental. VOCÊ ENTRA EM CENA PARA DESEMPENHAR O SEU PAPEL COM O MELHOR DA TÉCNICA, OU SÓ PARA RECEBER APLAUSO? RESPONDA OU : Você procura sempre testar as coisas que aprende, ou ____ contenta-se em “ter feito o curso”? Quando recebe uma crítica, você procura ver se pode aproveitá-la para melhorar sua en- trega, ou ____ fica mortalmente ofendido e se entristece, e nem se lembra mais do que é que você deve fazer? Você muda constantemente de atividade, nunca dando tempo suficiente para dominar um ofício? Você fundamenta seus elogios ou suas críti- cas em fatos, ou ____ apenas numa impres- são agradável ou desagradável que tenha sentido? SIM NÃO Imagine um ator que entrasse no palco sem saber suas falas, sem dominar a arte dramáti- ca, sem ter o controle da voz, e quisesse ape- nas ser aplaudido. Esta é a situação de quem vive buscando a validação externa, em vez de entregar um va- lor efetivo. A busca pela validação dos outros, pela sen- saçãozinha de que “todos gostam de mim”, leva sempre à frustração e ao vitimismo. E como se vence isso? Entendendo que o que você tem de desejar não é o aplauso, mas enfrentar, conquistar e vencer, por meio da excelência em seu ofício, seja ele qual for. VOCÊ SE SENTE MAL EM COBRAR PELO QUE FAZ? Muitas pessoas sentem-se constrangidas quando têm de colocar um preço naquilo que fazem. Essa dificuldade pode ser justificada como “modés- tia”, mas pode esconder uma realidade mais dura: a pessoa não está querendo se colocar à prova, enfrentar e vencer. Se ela não cobrar, ninguém pode- rá cobrar dela. EX AM IN E- SE . Você não quer cobrar porque está buscando apenas a validação do outro, em vez de entregar uma utilidade e ter responder por aquilo? Para enfrentar e vencer, você precisa ficar BOM. Para ficar bom, você precisa se dedicar a uma mesma atividade por tempo suficiente. Cada vez que você muda, você perde a chance de se especializar na sua área. SOSSEGUE O SEU RABICÓ NO MESMO LUGAR QUER SABER COMO FICAR BOM EM ALGUMA COISA? Passe 5 anos aprimorando o seu talento na solidão, fazendo curso, observando a sua pro- fissão, o seu ofício, entregando cada vez me- lhor, ouvindo o seu cliente e reunindo tudo isso sem julgamentos, sem histeria, incorpo- rando tudo isso na sua personalidade. Se você não fez nada disso, não pode nem di- zer que fracassou, porque não chegou a ten- tar de verdade. Qual é o seu trabalho? Dona de casa? Esteti- cista? Professor? Quais são as habilidades nas quais você deve ser EXCELENTE? Sou _______________________ e preciso ser excelente em: _____________________, _____________________ e ______________________. O que você pode fazer para aperfeiçoar essas habilidades? Faça! Invista na sua capacitação. QUANDO VOCÊ FICAR BOM EM ALGUMA COISA, QUANDO AS PESSOAS PUDEREM DE FATO CONTAR COM VOCÊ, VOCÊ VAI COMEÇAR A VER QUE TODO AQUELE SEU VITIMISMO ERA UMA AUTOJUSTIFICAÇÃO PARA A SUA INCOMPETÊNCIA. MAS SE AINDA RESTAR ALGUM VITIMISMO NO SEU PEITO, AGORA É A HORA DE EXTIRPÁ-LO DE UMA VEZ POR TODAS... Você com certeza já deve ter me ouvido falar da quarta camada, e por que é preciso sair dela. Para o sujeito na quarta camada, suas dores são o centro do universo. Ele acredita que suas mazelas lhe conferem automatica- mente o direito de ser ouvido, tenha ele algo relevante a dizer ou não. Mas a verdade é que, quando um vitimista abre a boca, ninguém lhe dá ouvidos, todos saem de perto — com exceção de outros viti- mistas, que ficam ali só esperando a sua opor- tunidade de falar. Vitimistas só sabem falar, jamais ouvir. A solidão do vitimista é auto-provocada. Para combatê-la, o caminho não é exigir dos ou- tros empatia, solidariedade na miséria, mas parar de olhar para as próprias feridas e en- xergar o outro, a realidade, o mundo fora de si mesmo. Ele é bom, e só ele pode salvar o vitimista da sua imensurável chatice. Num mundo de tantas minorias artificiais, é hora de falar sobre a menor minoria do mun- do: o indivíduo. LIVRE-SE DA SOLIDÃO MATANDO O VITIMISMO! Não é só porque você disse alguma coisa, que a outra pessoa tem a obrigação de te escutar. Se o que você diz só diz respeito a você e não resolve problema ninguém, por que você me- rece ser escutado? Aqui está o motivo princi- pal de sua solidão: você é sozinho porque é chato para cacete. Ninguém está ligando se você é anão, negro, católico, evangélico, ou faz parte de outra mi- noria qualquer. Falar a partir de um grupo é o caminho certo para a solidão, pois é dizer algo que não é real, que não é vital. A me- nor minoria do mundo é o indivíduo, e é a partir do indivíduo que você deve falar. Não falar em primeira pessoa, não dizer algoque venha do seu coração e que seja importante para alguém, é pedir para não ser escutado, e o movimento psicológico que resulta disso é a solidão. Da solidão vem outro movimento terrível: o vitimismo. Você começa a acredi- tar que não tem atenção por ser mulher ne- gra ou homem branco, por ser lula-livre ou pró-bolsonaro e, assim, você se torna ainda mais chato. As únicas pessoas com as quais fica possível conversar são os seus amigui- nhos vitimistas, mas isso só piora o problema. Quando dois vitimistas conversam, ninguém se comunica, os dois são surdos-mudos um para o outro, e a percepção final que cada um tem dessa conversa é de solidão. Não tem escapatória, é preciso matar o vi- timismo, é preciso parar de acreditar que o mundo lhe deve alguma coisa. Ninguém se importa com você quando você é vitimista. Todos têm algum sofrimento e, a seu modo, todos podem contar a história de sua própria vida por esse viés; você não é especial por se vitimizar. Ninguém está neste mundo para ser vítima, mas para servir aos outros sem re- clamação. Este CA é para ajudar você nessa tarefa, porque, se você percebe isso, a espe- rança volta ao seu peito, o seu sorriso dilata, a sua vida prospera, você fica relevante, e as pessoas até acabam te dando atenção. Você tem direito de falar, assim como os cachorros têm direito de latir. Agora, se alguém vai prestar atenção, é outra história. “AH, MAS EU SOU UM SER HUMANO, TENHO DIGNIDADE…” Está na hora de você entender que, nos rela- cionamentos humanos reais, as pessoas não vão te dar valor só porque o Estatuto dos Di- reitos Humanos se aplica a você... … só porque o Estatuto da Criança e do Adolescente se aplica a você. … só porque o Estatuto da OAB se aplica a você. … só porque o Estatuto do Idoso se aplica a você. Se você passa a reivindicar atenção com base em um pertencimento grupal, saiba: além de desinteressante pra burro, você é insuporta- velmente CHATO. VOCÊ BUSCA ATENÇÃO ESFREGANDO UM RÓTULO NA CARA DOS OUTROS? Veja quais dessas frases você já disse, ou já passaram seriamente pela sua cabeça: Ah, mas eu sou pobre! Ah, mas eu sou manco de uma perna! Ah, mas eu sou gay! Ah, mas eu sou macho pra chuchu! Ah, mas eu sou médico formado! Ah, mas eu sou criador de pulgas com PhD! Meu filho, você pode ser o que você quiser. O problema é que você é DESINTERESSANTE DEMAIS! PARE DE FALAR EM NOME DE UM GRUPO. PARE DE FALAR EM NOME DE UMA MINORIA. Quem foi que meteu na sua cabeça que, só porque você é parte de uma “minoria”, al- guém tem de prestar atenção em qualquer coisa que você diga? Quem fala em nome de um estamento não está falando diretamente do coração. Se você fala a partir de um rótulo, a partir da sua ins- talação no vitimismo, a partir de um roteiro que lhe passaram pronto, é porque não tem nada melhor a dizer. Se for falar, fale em nome do indivíduo que você é. Fale em 1a pessoa! VOCÊ É UM INDIVÍDUO, E ESSA É A MENOR MINORIA DO MUNDO. Você tem a sensação psicológica de solidão porque, quando você fala, ninguém se inte- ressa. E eles têm toda razão! Você fala em nome de uma fantasia que só existe na sua cabeça. UM ESTAMENTO BUROCRÁTICO UMA “MINORIA” UMA IDIOSSINCARASIA Então, como ninguém presta atenção em você, você começa a se VITIMIZAR. VOCÊ ACHA QUE NÃO PRESTAM ATENÇÃO EM VOCÊ PORQUE VOCÊ É MANCO DE UMA PERNA, MAS A VERDADE É QUE NÃO PRESTAM ATENÇÃO EM VOCÊ PORQUE VOCÊ É: DESINTERESSANTE CHATO VITIMISTA SER MANCO DE UMA PERNA É O MENOR DOS SEUS PROBLEMAS. O que vai fazer com que as pessoas prestem atenção no que você diz não é rótu- lo que você ostenta, mas o valor que você entrega. BOTE UM SORRISO NO ROSTO. ACORDE PARA SERVIR. SAIBA FAZER COISAS. SAIBA RESOLVER PROBLEMAS. SAIBA CONVERSAR OUVINDO O OUTRO DE VERDADE. ABRA A SUA BOCA PARA FALAR ALGO QUE PRESTE. ABRA O SEU CORAÇÃO PARA AMAR OS OUTROS. Se alguém está se afogando, quem você cha- ma? •Quem sabe chorar mais alto e protestar porque nunca teve condições de fazer es colinha de natação. •Quem sabe nadar. Se o seu quintal precisa de uma capinagem, para quem você liga? •Para aquele sujeito que vive protestan do contra a propriedade privada. •Para o jardineiro. Se você quer uma companhia para tomar um café, quem você chama? •Aquele amigo que tem um papo interes sante e está sempre bem disposto. •Aquele amigo que está sempre reclaman do que ninguém liga pra ele. NINGUÉM TE CHAMA? PENSE AQUI COMIGO: A VIDA É SIMPLES. TIRE O SEU VITIMISMO DA FRENTE E TUDO FICARÁ MAIS FÁCIL. COMECE AGORA. Você não é mais um vitimista — tornou-se GENTE. Agora precisa tornar-se GENTE DE VALOR. O desencanto diante da vida, a falta de alegria, a falta de ânimo, muitas vezes, têm sua origem na falta de CORAGEM. Mas como agir com coragem? É o que você vai descobrir agora. O poeta indiano Rudyard Kipling enumerou, em seu poema "SE", uma série de condições para que seu filho John se tornasse um ho- mem de verdade. Na lista das condições, que valem para qualquer pessoa, está "Se és capaz de arriscar numa única parada / Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida". Enfrentamos uma escassez de gente dispos- ta a cumprir essa condição. Por outro lado, abundam os que só pensam em preservar seus bens, em manter sua auto-imagem, em salvaguardar a integridade de seu lindo um- bigo. É necessariamente assim se a pessoa está pre- sa na auto-referência, se não ama nada além dela própria. Com ela ninguém pode contar, porque é uma egoísta. O sujeito que está trancado em seu quarto e não consegue enfrentar o mundo por medo é, na verdade, alguém mau. Como pode ser bom quem não valoriza a necessidade do ou- tro nem a ponto de sair do quarto para aten- dê-la? É força que você não seja um covarde, que você olhe para o mundo e não para si mes- mo, que tenha tesão pela vida. Estou aqui para te ajudar nisso. Vamos juntos. CORAGEM E TESÃO DE VIVER A coragem não tem em si uma substância. É impossível apontar para algum movimen- to interior e dizer: "é isso que é a coragem". Você não vai conseguir ser corajoso olhando para si mesmo. A coragem surge depois que se percebe uma hierarquia de valores. Saber o que é mais importante e o que é menos im- portante, o que é mais bom e o que é menos bom é fundamental para que a gente possa adquirir coragem. Todos aqueles que assumem uma posição de liderança têm de ter em mente essa hierar- quia, têm de saber dar nome aos bois. Não se trata de conhecer uma hierarquia geral e abstrata, mas saber o que é mais bom e me- nos bom em cada caso concreto e arriscar-se. Se você liderou ou aconselhou alguém a fa- zer algo sem sentir que era você mesmo que estava se arriscando, é porque você não foi corajoso. É necessário agir abandonando o mundo do pensamento, do cálculo premeditado, para que se possa conhecer essa hierarquia. Ao fi- car preso no mundo do pensamento ou, pior, nas noções subjetivas de derrota e triunfo, você perde o tesão de viver. Se seu quarto está pegando fogo e seu filho está lá dentro cho- rando, o impulso que surge dentro de você é o de salvá-lo. Ora, esse impulso só surge porque você per- cebe uma hierarquia de bens: a vida do seu filho vale mais que a sua. Não admitir isso, não se dispor a perder sua vida pela vida de alguém é egoísmo. O covarde é um egoísta; só tem coragem quem olha para fora de si. O sujeito que está auto-centrado, que é au- to-referente, que tem a si mesmo como va- lor supremo e digno de proteção nunca será corajoso, mas só quem se diminui, quem ar- risca sua vida por um valor que está acima dela. Talvez nunca possamos ter a coragem do mártir ou do soldado que vai à guerra por sua pátria, mas é obrigatório que tenhamos a coragem biográfica, que nasce do abandono da própria auto-imagem para pôr-se a servi- ço. Vamos lá: você não é um missionárioem terras infiéis, um perseguido político, um mártir. Provavelmente, ninguém espera grandes atos de bravura da sua parte. Qual é a coragem que se espera de você? Só é capaz dessa coragem o sujeito que sabe distinguir, no caso concreto, o que é mais importante do que é menos importante, o que é mais bom do que é menos bom. A coragem então se traduz na escolha do melhor. É A CORAGEM BIOGRÁFICA, DE ENTRAR NA VIDA ACEITANDO AS CONSEQUÊNCIAS. A CORAGEM DE SE DESAPEGAR DAS SUAS COISINHAS, DAS SUAS IDEIAZINHAS, E DEIXAR-SE INVADIR PELA PRESENÇA TOTAL DA REALIDADE. É A CORAGEM DE SER HUMANO. ISSO SIGNIFICA QUE, PARA SER CORAJOSO, VOCÊ PRECISA ANTES DE TUDO RECONHECER A EXISTÊNCIA OBJETIVA DE UMA HIERARQUIA DE VALORES. VOCÊ NÃO VALE NADA, MAS ISTO VALEA ALGUMA COISA Se você é o que mais importa, se você é o seu maior valor, o seu maior objeto de estima e proteção; aí, meu caro, é que você não vai passar de um covarde mesmo. Deve existir algo na sua hierarquia de valores que esteja acima de você, algo pelo qual você não se incomoda de dar um pouquinho seu conforto. Vamos descobri-lo preenchendo as lacunas abaixo: a) Eu não me importaria em ter que vender minha casa se fosse para __________________________________. b) Com um sorriso no rosto, hospedaria _______________ em minha casa, sem me incomodar com quanto gastaria para mantê-la. c) Não tenho medo de dizer que acredito em ____________ para quem quer que seja, ainda que tirem sarro com minha cara. d) Se alguém vier ofender _________________ sairei no tapa, se preciso, para defender essa pessoa. Sem essa hierarquia de valores, você viverá apegado a ninharias, morrendode medo de “tomar um prejuízo”, de perder suas quinquilharias, de levar uma rasteira, de tomar um chifre… … você entendeu. Quem não vive segundo uma hierarquia genuína de valores não parte pro jogo, por medo de desgastar as chuteiras. Não constrói coisa nenhuma, por medo de cegar as ferramentas. Não faz merda nenhuma, por medo de arriscar a porcaria da sua vida. É aí que o tesão de viver DESAPARECE. PARE DE MORRER DE MEDO Marque a alternativa que corresponda ao que você faria em cada situação e confira nas respostas se você agiu com bravura ou se borrou as calças. 1 – Um amigo seu está passando por um problema financeiro e pede dinheiro emprestado. Você, que tem lá seu pezinho de meia... a) Empresta prontamente, porque não é certo deixar seu amigo passando por dificuldades. b) Nega, porque esse dinheiro renderá 4% ao ano + IPCA se aplicado no Tesouro Direto. 2 – Seu chefe oferece uma gorda bonificação para que você faça um trabalho extra, você... a) Recusa, porque morre de medo não dar conta do trabalho e ser julgado por seu chefe e seus colegas. b) Aceita logo, porque seu nome é Pronto! 3 – Uma pessoa muito atraente vem conversar com você, e você percebe que ela está sendo muito solícita e gentil. Vocês são solteiros e desimpedidos, então... a) Você nem flerta, porque tem medo de parecer ridículo(a). b) Você aciona aquele 1%. [1] Respostas: a) Bravo! b) Piupiupiu. a) Piupiupiu. b) Bravo! a) Piupiupiu. b) Bravo! Se eu pudesse escolher apenas uma coisa para ficar gravada na sua memória depois deste CA, seria isto: A COVARDIA VEM DO EGOÍSMO. O sujeito que só olha para si não tem coragem de arriscar nada pelos outros. O egoísta está convencido de que o maior serviço que pode prestar neste mundo é a veneração de si mesmo. “ — Não existe mundo exterior. Não existe realidade objetiva. Não existe o sofrimento do outro. Não existe o outro. Não existe Deus. Não existe a graça. Não existe nada, somente eu (e olha que às vezes fico em dúvida). ” O egoísta vive inseguro, porque vive fechado no seu mundinho mental, que não tem nenhuma consistência. E, quanto mais inseguro, mais busca se proteger. E, quando mais busca de proteger, mais covarde fica. Quando você se coloca no seu devido lugar, a coragem aparece no seu peito e você começa a enxergar o que deve preferir. Quem muito se poupa não vence. Mas quem pauta suas decisões tendo em vista, não a sua autoproteção em primeiro lugar, mas a proteção daquilo que merece MAIS ser protegido, encontra finalmente o tesão de viver. Então fica claro por que é dando a nossa vida que a encontramos. CONFESSANDO A VERDADE porque a realidade é o que é, não importa o que todos ou o que você mesmo diga. SERVINDO AOS OUTROS porque estamos no mundo para servir. DEFENDENDO QUEM CONTA COM O NOSSO BRAÇO porque deixar de proteger quem está sob nossa guarda é falsear a realidade Quando isso se tornar habitual na sua vida, você experimentará uma força inimaginável: a força da sua PERSONALIDADE. DEPOIS DE CRAVAR OS PÉS NO SOLO DA REALIDADE, É HORA DE LIMPAR O CORAÇÃO PARA QUE ELE PARE DE BOMBEAR O VENENO DO EGOÍSMO E VOLTE A BOMBEAR O SANGUE QUE LHE CONFERE A VIDA. AMANHÃ DECLARAREMOS GUERRA AO IMPÉRIO DO CORAÇÃO MESQUINHO.
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