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ELETROTÉCNICA BÁSICA AULA 2 Prof. Fábio José Ricardo 2 CONVERSA INICIAL Esta aula tem por objetivo apresentar os conceitos básicos do triângulo de potências de uma instalação elétrica, suas componentes, fator de potência, bem como causas do baixo valor de fator e métodos para correções, segundo a ABNT. Serão apresentados, ainda, os conceitos básicos de circuitos, elementos de cálculos como potências, tensões, correntes. Serão realizados alguns exercícios e dimensionamentos de variáveis utilizando-se a primeira e a segunda lei de Ohm, bem como os cálculos de potências e correntes para circuitos de corrente alternada monofásicos, bifásicos e trifásicos. Também serão demonstradas simbologias utilizadas em circuitos e projetos elétricos e os tipos de ligações em baixa tensão para as cargas monofásicas, bifásicas e trifásicas. 1 TEMA 1 – INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E SISTEMAS 1.1 Tensões elétricas Os sistemas elétricos são caracterizados por três valores de tensão (volts): tensão eficaz; tensão nominal; máxima e mínima. Segundo Cotrim (2010), a tensão nominal é aquela que caracteriza a tensão, ou diferença de potencial do sistema. As tensões de máxima e mínima de um sistema são, respetivamente, o maior e o menor valor de tensão que podem ocorrer em condições normais de operação. 1.2 Instalação em baixa tensão As instalações em baixa tensão podem ser alimentadas de diversas formas, entre elas: diretamente por uma rede de distribuição de baixa tensão, por meio de um ramal de ligação; exemplos típicos são as residências, edificações comerciais de pequeno porte ou industriais de pequeno porte; 3 de uma rede de distribuição de média tensão, por meio de uma subestação ou de um transformador exclusivo, de propriedade da concessionária de energia; é o caso típico de instalações residenciais de uso coletivo e comerciais de grande porte; de uma rede de distribuição de média tensão, por meio de uma subestação do próprio consumidor, como é o caso de grandes indústrias ou comércios de médio e grande porte; por fonte autônoma, como é o caso de instalações de segurança ou de instalações situadas fora de zonas servidas por concessionárias. A Figura 1 exemplifica a alimentação, em baixa tensão, a partir de uma rede pública (concessionária local). Figura 1 – Alimentação por rede pública (BT) Fonte: Cotrim, 2010. Já a Figura 2 demonstra uma instalação em baixa tensão, alimentada por uma rede em média tensão, pública, com o uso de um transformador. 4 Figura 2 – Alimentação por rede pública (MT) Fonte: Cotrim, 2010. 1.3 Instalação em média tensão Uma instalação que é alimentada por média tensão, a partir da concessionária local, caracteriza-se por ter uma subestação própria, ou transformador próprio. A subestação é instalada dentro da edificação da unidade consumidora para rebaixar os níveis de tensões para uso interno nas instalações. Estão inclusas as grandes edificações, indústrias de forma geral. 1.4 Circuito Um circuito de uma instalação elétrica é o conjunto de componentes da instalação alimentados por uma mesma origem e protegidos pelo mesmo dispositivo de proteção. Em uma instalação há dois tipos de circuito: distribuição; terminais. O circuito de distribuição é o que alimenta um ou mais quadros de distribuição. Já um circuito terminal é aquela ligado diretamente a equipamentos de utilização ou a tomadas de corrente. 5 Um circuito compreende todos os condutores e dispositivos elétricos ligados a ele (dispositivos de proteção, dispositivos de comando, tomadas de corrente etc.). Uma instalação deve ser dividida em vários circuitos para: limitar as consequências de uma falta, que provocará (por meio do dispositivo de proteção) apenas o seccionamento, ou desligamento, do circuito atingido, deixando apenas estas cargas sem energia; facilitar as inspeções, os ensaios e a manutenção; evitar os perigos que possam resultar da falha de um circuito único, por exemplo, no caso de circuitos de iluminação. A Figura 3 demonstra um exemplo de circuitos elétricos dentro de uma instalação. Figura 3 – Exemplo de distribuição de circuitos elétricos 6 1.5 Quadros de distribuição Um quadro de distribuição é um equipamento elétrico que recebe energia elétrica de uma alimentação (em alguns casos mais de uma) e a distribui a um ou mais circuitos. Pode, também, desempenhar funções de proteção, seccionamento, controle e medição. 2 TEMA 2 – TRIÂNGULO DE POTÊNCIAS Em circuitos puramente resistivos (caso de resistência de chuveiros e resistências de aquecimento, por exemplo), a potência dissipada pode ser considerada praticamente 100% da potência exigida à fonte, pois as perdas são, em muitos casos, desprezíveis. O mesmo não ocorre para equipamentos que possuem componentes indutivos e/ou capacitivos, a exemplo de motores e transformadores. Para que a energia elétrica fornecida aos terminais do equipamento possa ser transformada em outro tipo de energia (mecânica, por exemplo, no caso dos motores), o motor desenvolve também o uso de outro tipo de potência, chamada potência reativa. Essa potência está ligada ao processo interno que o motor necessita para seu funcionamento. 2.1 Potências Sendo assim, em instalações e circuitos elétricos, em virtude da natureza das cargas terem componentes indutivos e/ou capacitivos junto aos componentes resistivos, há três tipos de potências: potência ativa P, cuja unidade é o W; potência reativa Q, cuja unidade é o var; potência aparente S, cuja unidade é o VA. A análise das três potências e a correlação entre elas é feita por meio do triângulo retângulo de potências, conforme Figura 4. 7 Figura 4 – Triângulo de potências Para o triângulo descrito, valem as regras e fórmulas de trigonometria, que envolvem um triângulo retângulo, desta forma é possível identificar que: 𝑆2 = √𝑃2 + 𝑄2 (1) cos 𝜑 = 𝑃 𝑆 ou sin 𝜑 = 𝑄 𝑆 ou tan 𝜑 = 𝑄 𝑃 O ângulo “𝜑” dependerá do valor da potência reativa, e o cos 𝜑 é chamado de fator de potência da instalação. Quando a instalação possui predominância de cargas indutivas, o valor de "𝑄" é positivo e o triângulo terá características conforme a Figura 4. Caso a predominância de cargas seja capacitiva, o triângulo se inverte, conforme a Figura 5. Tem-se, então, energia reativa indutiva, com o "𝑄" positivo, ou energia reativa capacitiva, com o "𝑄" negativo. Figura 5 – Triângulo de potências: 𝑄 capacitivo Por resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o valor do fator de potência, ou o cos 𝜑, não poderá ser inferior a 0,92, sob pena de multa nas contas de energia mensais da unidade. Caso o valor seja inferior a 0,92 (ou 92%), a potência excedente, seja reativa indutiva ou reativa capacitiva, deve ser 8 corrigida para que a unidade não seja multada mensalmente pela concessionária local. As formas de correção estão explanadas no tema Correção do Baixo Fator de Potência. 2.2 Exercícios de fixação Exercício resolvido: Para uma instalação qualquer, foram medidos os seguintes valores de potências da instalação: potência ativa: 1600 kW; potência reativa: 400 kvar. Monte o triângulo de potências e indique se o fator de potência está dentro da resolução ANEEL. Resolução: Utilizando a fórmula: 𝑆2 = √𝑃2 + 𝑄2 𝑆2 = √1.6002 + 4002 𝑆 = 1.649,24 𝑘𝑉𝐴 Para o cálculo do valor do fator de potência, basta dividir o valor da potência aparente obtida pela potência ativa, ou seja: 𝐹𝑃 = cos 𝜑 = 𝑃 𝑆 𝐹𝑃 = 1.600 1.649,24 𝐹𝑃 = 09701 𝑜𝑢 97,01% O valor do fator de potência ficou acima do valor mínimo, conforme resoluções ANEEL (0,92), por isso está dentro das normas, nãonecessitando correções. Exercício proposto: Para uma instalação qualquer, foram medidos os seguintes valores de potências da instalação: potência ativa: 1.750 kW; potência aparente: 1.995 kVA. F.P. = 0,97 P = 1.600 kW Q = 400 kvar S = 1.649,24 kVA 9 Monte o triângulo de potências e indique se o fator de potência está dentro da resolução ANEEL. Respostas: 3 TEMA 3 – CORREÇÃO DO BAIXO FATOR DE POTÊNCIA 3.1 Descrição Para uma instalação que apresente valor de fator de potência abaixo do recomendado pela ANEEL, é necessário que a correção dos valores seja efetuada por meio da inserção de fontes capacitivas, ou banco de capacitores, na instalação. Normalmente o baixo fator de potência está concentrado em indústrias devido ao alto uso de equipamentos que envolvem motores. Equipamentos antigos normalmente também estão relacionados a um baixo valor do fator de potência. A correção pode ser efetuada inserindo-se banco de capacitores junto ao equipamento que apresenta o baixo fator ou na instalação como um todo, após a medição do valor total do F.P. da instalação. Normalmente é feita a correção instalando-se bancos de capacitores próximos aos transformadores da instalação, junto à subestação de energia. Em alguns casos (indústrias de alta carga), os bancos podem ser instalados na média tensão. Ainda é possível optar pela inserção de bancos fixos de capacitores, que entram 100% em funcionamento quando acionados, ou bancos automáticos, que são providos de dispositivos de medição da energia reativa presente na instalação e consegue gerenciar a entrada do banco de capacitores, em partes, o suficiente para a correção. Desta forma não há risco do triângulo se inverter pelo excesso de carga capacitiva na instalação, quando da saída dos equipamentos que estão injetando potência reativa indutiva. A Figura 6 demonstra um exemplo de banco de capacitores para correção do baixo F.P. P = 1.750,00 kW Q = 957,88 kvar S = 1.995,00 kVA FP = 0,8772 10 Figura 6 – Banco de capacitores automático O método de correção do baixo fator de potência pela inserção de capacitores é o mais utilizado nas instalações, sendo considerado o mais econômico e que permite maior flexibilidade. São chamados de “capacitores de potência”, porém outros métodos podem ser utilizados, como a inserção de motores síncronos superexcitados, que possuem a possibilidade de injetar maior volume de energia reativa que seu consumo próprio e podem ser um bom recurso nas instalações industriais de grande porte. Outro método também é o acréscimo de energia ativa (kWh) na instalação. Segundo Cotrim (2010), as perdas em processos industriais relativas a problemas com consumo de energia relativa e qualidade de energia tendem a ser mais importantes e consideráveis que as próprias cobranças de excedente de energia reativa (multas) pelas concessionárias devido ao baixo fator de potência que este consumo de reativos possa causar. Em muitas situações, as condições de perdas de produção estão relacionadas ao baixo fator de potência e também a distorções harmônicas, regulação de tensão, entre outros. O baixo fator de potência é calculado na instalação, a partir dos valores medidos de energia ativa (kWh) e energia reativa (kVArh), energia reativa esta necessária à excitação dos motores, transformadores e demais cargas indutivas da indústria. O valor do fator de potência é definido pela equação: 11 𝐹𝑃 = 𝑃 𝑆 (2) Sendo: 𝑃 → valor da potência ativa em kW 𝑆 → valor da potência aparente em kVA 3.2 Razões do baixo fator de potência Em uma indústria ou instalação, muitos podem ser os motivos relacionados ao baixo fator de potência. Os mais comuns são: motores de indução e transformadores operando a vazio ou com pequena carga, não representativa; lâmpadas de descarga, como vapor de mercúrio, vapor de sódio ou fluorescentes que necessitem de reatores para funcionamento, especialmente os reatores magnéticos antigos; acoplamento de vários motores de pequeno porte em uma instalação, devido à dificuldade em dimensionamento destes às máquinas; tensão acima da nominal, pois a potência reativa é proporcional, aproximadamente, ao quadrado da tensão nominal aplicada; nos motores de indução, a potência ativa depende, em grande parte, da carga mecânica conectada ao eixo do motor; desta forma, quanto maior a tensão aplicada aos motores, maior será a energia reativa consumida, diminuindo, assim, o valor do fator de potência; equipamentos eletrônicos; fornos a arco; máquinas de solda a transformador. 3.3 Exercícios de fixação Exercício resolvido: Para uma instalação qualquer, foram medidos os seguintes valores de potências da instalação: potência ativa: 3.500 kW; potência reativa: 2.200 kvar. Monte o triângulo de potências e indique se o fator de potência está dentro da 12 resolução da Aneel. Caso esteja fora, indique o valor mínimo do capacitor que deverá ser inserido na instalação para a correção do valor. Resolução: Utilizando a fórmula: 𝑆2 = √𝑃2 + 𝑄2 𝑆2 = √3.5002 + 2.2002 𝑆 = 4.134,01 𝑘𝑉𝐴 Para o cálculo do valor do fator de potência, basta dividir o valor da potência aparente obtida pela potência ativa, ou seja: 𝐹𝑃 = cos 𝜑 = 𝑃 𝑆 𝐹𝑃 = 3.500 4.134,01 𝐹𝑃 = 0,8591 𝑜𝑢 84,66% Como o valor do fator de potência ficou abaixo do valor mínimo, conforme resoluções da ANEEL (0,92), será necessária a aplicação de um banco de capacitores para a correção do valor, de acordo com os cálculos a seguir: No triângulo acima, tem-se a projeção de um triângulo menor em relação ao original. A potência ativa original, em kW, não se altera. Assim, sobre este valor e sobre o valor mínimo do fator de potências (0,92), calcula-se o valor da energia reativa máxima (Qmáx) que a instalação pode conter. A diferença entre a potência reativa inicial (Q=2.200 kvar) e a potência Qmáx é o valor do capacitor que deve ser inserido na instalação para a correção, assim: F.P. = 0,847 P = 3.500 kW Q = 2.200 kvar S = 4.134,01 kVA F.P. = 0,867 P = 3.500 kW Q = 2.200 kvar S = 4.134,01 kVA Q máx S´ 13 tan 𝜑´ = 𝑄𝑚á𝑥 𝑃 tan cos−1 0,92 = 𝑄 𝑚á𝑥 𝑃 tan cos−1 0,92 = 𝑄 𝑚á𝑥 3.500 𝑄 𝑚á𝑥 = 1.490,99 𝑘𝑣𝑎𝑟 𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑡𝑜𝑟 = 𝑄 − 𝑄 𝑚á𝑥 = 2.200 − 1.490,99 = 709,01 𝑘𝑣𝑎𝑟 Neste exemplo, portanto, deve-se inserir um banco de capacitores na instalação de 709,01 kvar, que possuirá indicação Q negativo, somando-se (vetorialmente) ao valor inicial de Q. Exercício proposto: Para uma instalação qualquer, foram medidos os seguintes valores de potências da instalação: potência ativa: 5.300 kW; potência reativa: 4.200 kvar. Monte o triângulo de potências e indique se o fator de potência está dentro da resolução da Aneel. Caso esteja fora, indique o valor mínimo do capacitor que deverá ser inserido na instalação para a correção do valor. Resultado: 4 TEMA 4 – CÁLCULOS INICIAIS DE UM CIRCUITO 4.1 Leis de Ohm Em física, são vistos os conceitos de eletricidade e repassados pela primeira e pela segunda Lei de Ohm. Nos diversos circuitos elétricos, estes conceitos são replicados de forma a gerar subsídios necessários para cálculo de algumas variáveis presentes, como resistência dos condutores e circuitos, tensões, correntes e potência presente. Da primeira lei de Ohm, tem-se as seguintes expressões: P = 5.300,00 kW Q = 4.200,00 kvar S = 6.762,40 kVA FP = 0,7837 Q máx . = 2.257,79 kvar Capacitor = 1.942,21 kvar 14 𝑅 = 𝑉 𝑖 (3) e 𝑃 = 𝑉 𝑥 𝑖 (4) Onde: 𝑅 → Resistência em ohms (Ω) 𝑉 → Tensão em volts (V) 𝑖 → Corrente em ampères (A) 𝑃 → Potência em watts (W) Ainda da correlação da equação (3) e (4), obtém-se:𝑃 = 𝑉 𝑥 𝑖2 = 𝑉2 𝑅 (5) “Primeira Lei de Ohm: para um condutor mantido à temperatura constante, a razão entre a tensão entre dois pontos e a corrente elétrica é constante. Essa constante é denominada de resistência elétrica.” Da segunda lei de Ohm, tem-se as seguintes expressões: 𝑅 = 𝜌 𝑥 𝑙 𝐴 (6) e 𝜌 = 1 𝜎 (7) Onde: 𝑅 → Resistência em ohms (Ω) 𝜌 → Resistividade elétrica (Ω x m) 𝑙 → Comprimento do condutor (m) 𝐴 → Área do condutor (m2) 𝜎 → Condutividade elétrica do material [(Ω x m)-1] “Segunda lei de Ohm: a resistência elétrica de um condutor homogêneo e de seção transversal constante é proporcional ao seu comprimento, inversamente proporcional à sua área transversal e depende da temperatura e do material de que é feito o condutor.” A Tabela 1 Tabela 1traz os valores de resistividade dos principais materiais condutores. 15 Tabela 1 – Resistividade dos principais materiais Já a Tabela 2 traz os valores de resistividade e condutividade dos principais materiais condutores. Tabela 2 – Resistividade e condutividade dos principais materiais 4.2 Exercícios de fixação Exercício resolvido: 1) Um condutor de cobre apresenta 50 m de comprimento por 2,5mm2 de secção e uma resistividade de 0,17x10-6 ohm x m. Aplicando-se uma diferença de potencial de 50V, que intensidade de corrente elétrica irá percorrer o fio? Resolução: 𝑅 = 𝜌 𝑥 𝑙 𝐴 = 1,7 𝑥 10−7 𝑥 50 2,5 𝑥 10−6 = 3,40 [𝛺] 𝑅 = 𝑉 𝑖 𝑖 = 𝑉 𝑅 = 50 3,40 = 14,7 [𝐴] Material ρ [Ω x m] ρ [Ω x mm 2/m] Alumínio 2,8 x 10 -8 2,8 x 10-2 Cobre 1,7 x 10 -8 2,8 x 10-2 Prata 1,6x 10 -8 2,8 x 10-2 16 Exercícios propostos: 2) Um fio de alumínio tem 2mm de diâmetro. Aplicando-se uma tensão de 10V, resulta uma corrente de 1A. Qual o comprimento do fio? Resposta: l=1,12 km 3) Um fio de cobre tem 2mm de diâmetro. Aplicando-se uma tensão de 10V, resulta uma corrente de 1A. Qual o comprimento do fio? Resposta: l=1,85 km 4) Um fio de prata tem 2mm de diâmetro. Aplicando-se uma tensão de 10V, resulta uma corrente de 1A. Qual o comprimento do fio? Resposta: l=1,96 km 5) Em termos de condução de corrente elétrica, dos três materiais acima (alumínio, cobre e prata), qual o melhor condutor? Resposta: fio de prata, pois atinge um maior comprimento com o mesmo valor de corrente e tensão. 5 TEMA 5 – CARGAS MONOFÁSICAS, BIFÁSICAS E TRIFÁSICAS EM CA 5.1 Definições de carga Conforme já verificado anteriormente, a energia é produzida nas usinas de forma trifásica e transmitida às cidades para distribuição. Ao passar pelos últimos transformadores, a energia é disponibilizada de forma trifásica ao consumidor, acrescido do condutor neutro e de proteção (ou aterramento), em tensão de abastecimento direto residencial ou baixa tensão. Para um sistema em baixa tensão em 220/127 V, como é o caso da maioria dos níveis de tensão do estado do Paraná, por exemplo, compõem-se de até três condutores, um neutro e um aterramento que são entregues aos consumidores. Nos sistemas são ligadas as cargas monofásicas, bifásicas ou trifásicas. Uma carga monofásica, no sistema descrito, irá utilizar um dos cabos “fase” (fase R, S ou T), um cabo “neutro” e um condutor de “aterramento” ou “proteção”. 17 Uma carga bifásica, no mesmo sistema, para seu correto funcionamento, irá utilizar dois condutores fases, um condutor de aterramento e, se necessário, o condutor neutro também, como é o caso de equipamentos como no-breaks e equalizadores. Já uma carga trifásica utilizará os três condutores fases e o condutor de aterramento. A Figura 7 demonstra os métodos existentes, segundo as normas NBR 5410, para as instalações elétricas, com sistemas monofásicos, bifásicos ou trifásicos. Figura 7 – Esquema de condutores vivos segundo a NBR 5410 5.2 Simbologias Praticamente todas as instalações são compostas inicialmente de projetos elétricos, em que são alocadas as informações e cálculos que irão dar subsídios para a instalação posteriormente. Os projetos requerem a adoção de simbologias padronizadas para indicar os diversos materiais e equipamentos que serão adotados na instalação elétrica. Existem várias normas nacionais e internacionais que recomendam a utilização de simbologias padronizadas por elas, porém, no Brasil, as mais usuais seguem as determinações da ABNT, apresentadas no Quadro 1. No 18 entanto, os fabricantes de equipamentos oriundos de outros países também reservam o direito de adotar simbologias próprias para evitar dúvida ou interpretações errôneas a respeito de seus produtos. Quadro 1 – Simbologia ABNT Fonte: Mamede, 2010. 5.3 Cálculos de variáveis CA Em eletricidade básica, tem-se como fórmula de potência a seguinte expressão: 𝑃 = 𝑉 𝑥 𝑖 (8) 19 Sendo 𝑃 →potência ativa (W) 𝑉 →Tensão em volts (V) 𝑖 → corrente em amperes (A) No entanto, a fórmula em questão refere-se diretamente ao uso para cargas puramente resistivas, em que o fator de potência é unitário (cos φ = 1), portanto, para cargas com componentes indutivos e/ou capacitivos, escreve-se: para cargas monofásicas e bifásicas: Figura 1 – Esquema de cargas monofásicas e bifásicas 𝑃 = 𝑉 𝑥 𝑖 𝑥 cos(𝜑) (9) para cargas trifásicas: Figura 9 – Esquema de cargas trifásicas 𝑃 = √3 𝑥 𝑉 𝑥 𝑖 𝑥 cos(𝜑) (10) 20 Observação: o fator multiplicativo de √3 refere-se à composição e defasagem de 120° entre as três fases. 5.4 Exercícios de fixação Exercício com carga monofásica: Em uma indústria, com sistema elétrico de 220/127V, tem-se um equipamento instalado monofásico, 127V. Sabe-se que o equipamento consome uma corrente de 25A e possui um F.P. = 95%. Calcule o valor da potência ativa liberada pelo equipamento: Resolução: 𝑃 = 𝑉 𝑥 𝑖 𝑥 cos(𝜑) 𝑃 = 127 𝑥 25 𝑥 0,95 𝑃 = 3.016,25 𝑊 𝑜𝑢 𝑃 = 3,02 𝑘𝑊 Exercício com carga bifásica: Em uma indústria, com sistema elétrico de 220/127V, tem-se um equipamento instalado bifásico, 220V. Sabe-se que o equipamento consome uma corrente de 28A e possui um F.P. = 95%. Calcule o valor da potência ativa liberada pelo equipamento: 21 Resolução: 𝑃 = 𝑉 𝑥 𝑖 𝑥 cos(𝜑) 𝑃 = 220 𝑥 28 𝑥 0,95 𝑃 = 5.852 𝑊 𝑜𝑢 𝑃 = 5,85 𝑘𝑊 Exercício com carga trifásica: Em uma indústria, com sistema elétrico de 220/127V, tem-se um equipamento instalado trifásico, 220V. Sabe-se que o equipamento consome uma corrente de 70A e possui um F.P. = 86%. Calcule o valor da potência ativa liberada pelo equipamento: Resolução: 𝑃 = √3 𝑥 𝑉 𝑥 𝑖 𝑥 cos(𝜑) 𝑃 = √3 𝑥 220 𝑥 70 𝑥, 86 𝑃 = 22.939,28 𝑜𝑢 𝑃 = 22,94 𝑘𝑊 22 6 FINALIZANDO Esta aula tratou inicialmente dos sistemas e instalações elétricas, seus elementos e algumas características de alimentações. Verificou-se as questões do triângulo de potências (ativa, reativa e aparente), bem como o fator de potência aliado a estas potências, como efetuar o seu cálculo e como efetuar a correção em valores abaixo do permitido pelas normas. Iniciou-se os cálculos básicos de circuitos por meio da primeira e segunda Lei de Ohm e, na sequência, apresentou-se as características das cargas monofásicas, bifásicas e trifásicas, com o cálculo das principais variáveis de cada uma, como tensões, potências e correntes. Também foram demonstradas algumas simbologias utilizadas em projetos e instalações para denotar equipamentos e demais utilizados. 23 7 REFERÊNCIAS CREDER, HÉLIO, Instalações Elétricas, 16º edição, LTC COTRIM, A. A. M. B. Instalações elétricas, 5. ed., Pearson, 2010. MAMEDE FILHO, J. Instalações elétricas industriais. 8. ed. LTC, 2010.
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