Buscar

Medicina Legal - energias de ordem mecânica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
SUMÁRIO
1. Introdução ..................................................................... 3
2. Energias de Ordem Mecânica ............................... 4
3. Classificação dos Instrumentos Mecânicos .... 5
Referências Bibliograficas .........................................32
3ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
1. INTRODUÇÃO
Energia cinética é a forma de ener-
gia que um corpo qualquer possui 
em razão de seu movimento, em 
outras palavras, é a forma de energia 
associada à velocidade de um corpo. 
Quando aplicado uma força resultan-
te não nula sobre algum corpo, haverá 
realização de trabalho sobre ele, des-
se modo, ele adquire energia cinética 
na medida em que sua velocidade 
aumenta.
A energia cinética não depende ex-
clusivamente da velocidade de um 
corpo mas também de sua massa. 
Qualquer tipo de corpo em movimen-
to é dotado desse tipo de energia, 
que pode ser por translação, rotação, 
vibração entre outros. 
Sabe-se que existem energias que 
ofendem a integridade física ou a 
saúde, tanto do ponto de vista ana-
tômico, fisiológico ou mental, oca-
sionam lesões corporais e morte. 
Sendo classificadas em sete ordens 
de grupos de energias produtoras do 
dano: mecânica, física, química, físi-
co-química, bioquímica, biodinâmi-
ca e mista.
FLUXOGRAMA - TIPOS DE ENERGIAS
Temperatura, pressão 
atmosférica, eletricidade, 
radioatividade
ENERGIAS
Ordem física 
Ordem 
biodinâmica
Ordem mecânica 
Ordem mista
Ordem química
Ordem 
físico-química
Faca, revólveres, navalha, 
foice, punhos, pés, dentes, 
máquinas, quedas, animais, 
veículos, explosões
Ácido sulfúrico, ácido nítrico, 
venenos em geral
Inanição, doenças 
carenciais, intoxicações 
alimentares, infecções 
(choque), castração química
Doenças parasitárias, sevícias, 
Síndrome da criança maltratada, 
Síndrome da alienação parental 
ou Síndrome de Medeia
Asfixia por monóxido de 
carbono, confinamento, 
sufocação direta, 
afogamento, enforcamento, 
estrangulamento, esganadura
4ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
CONCEITO! A Traumatologia ou Leso-
nologia Médico-legal estuda as lesões 
e estados patológicos, imediatos ou 
tardios, produzidos por violência sobre 
o corpo humano, nos seus aspectos do 
diagnóstico, do prognóstico e das suas 
implicações legais e socioeconômicas. 
Além disso, trata também do estudo das 
diversas modalidades de energias cau-
sadoras desses danos.
2. ENERGIAS DE ORDEM 
MECÂNICA
São as energias que, atuando me-
canicamente sobre o corpo, mo-
dificam, completa ou parcialmen-
te, o seu estado de repouso ou de 
movimento. 
As lesões produzidas por ação mecâ-
nica no ser humano podem ter suas re-
percussões externa ou internamente. 
Podem ter como resultado o impacto 
de um objeto em movimento contra 
o corpo humano parado, sendo um 
meio ativo, ou o instrumento encon-
trar-se imóvel e o corpo humano em 
movimento, sendo meio passivo, ou, 
finalmente, os dois se acharem em 
movimento, indo um contra o outro, 
caracterizando uma ação mista. 
Esses meios atuam por pressão, 
percussão, tração, torção, com-
pressão, descompressão, explosão, 
deslizamento e contrachoque. A 
intensidade e a gravidade do trauma 
dependem da “força de choque”, da 
importância da região atingida e da 
maior ou menor resistência tissular. 
Os principais agentes dessas ener-
gias são descritos abaixo: 
FLUXOGRAMA - TIPOS DE MEIOS MECÂNICOS
Mãos, pés, cotovelos, joelhos, cabeça, dentes, unhas
Armas de fogo, punhal, soco-inglês, 
cassetete, peixeira, tacape, borduna
Navalha, lâmina de barbear, canivete, 
faca, barra de ferro, bengala, tijolo, foice
Maquinismos, veículos e peças de máquinas
Animais
Quedas, explosões, precipitações
Armas naturais
Armas propriamente ditas
Armas eventuais
Diversos
5ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
3. CLASSIFICAÇÃO 
DOS INSTRUMENTOS 
MECÂNICOS 
Segundo o contato, o modo de ação 
e as características que imprimem 
às lesões, classificam-se os instru-
mentos mecânicos em: cortantes, 
contundentes, perfurantes, perfu-
rocortantes, cortocontundentes e 
perfurocontundentes. Sendo que, 
eles produzem, respectivamente, feri-
das incisas ou cortes, contusas, punc-
tórias ou puntiforme, perfuroincisas, 
cortocontusas e perfurocontusas. 
Perfurante
(punctória)
Perfurocortante
(perfuroincisa)
Perfurocontundente
(perfurocontusa)
Contundente
(contusa)
Cortocontundente
(cortocontusa)
Cortante
(incisa)
Figura 1. Classificação dos modos de ação dos instrumentos mecânicos. Fonte: https://bit.ly/2CocK0m
SAIBA MAIS!
Não é aceitável as denominações de feridas dilacerantes, cortodilacerantes, perfurodilace-
rantes e contusodilacerantes pelo fato de não existirem instrumentos dilacerantes. As feridas, 
por exemplo, produzidas por fragmentos de vidro, lança, dentes ou explosão, ainda que ve-
nham a apresentar perdas vultosas de tecidos, não deixam de ser cortantes, perfurocortan-
tes, cortocontusas e contusas, correspondentemente.
6ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
Instrumentos cortantes 
São os que, agindo por um gume 
afiado, por deslizamento, linear ou 
obliquamente sobre a pele e os ór-
gãos, produzem soluções de conti-
nuidade chamadas feridas incisas. 
Não existem feridas cortantes, pois 
cortantes são os instrumentos que 
as produzem. 
São instrumentos cortantes a nava-
lha, o bisturi, a faca, as lâminas de bar-
bear, as lâminas metálicas de borda 
linear, os estilhaços de vidro, o papel, 
o capim-navalha. Os instrumentos 
cortantes não devem ser confun-
didos com os instrumentos corto-
contundentes, como a foice, o ma-
chado, o podão, o espadagão, a roda 
de trem, que agem mais pelo peso e 
pela força com que são empregados 
do que pelo gume.
A aplicação perpendicular à superfí-
cie corporal de instrumento cortante, 
de gume afiado, produz lesão inci-
sa linear, salvo quando compromete 
pregas cutâneas, como no cotovelo, 
o pulso, em que resultará lesão em 
ziguezague. 
Figura 2. Ferida produzida por meio cortante (cauda de escoriação voltada para baixo). 
Fonte: Medicina Legal. Genival Veloso de França. 11. ed. Rio de Janeiro. 2017.
Uma das margens será em bisel, a 
outra formando retalho agudo, se a in-
cidência do instrumento se fizer obli-
quamente. A profundidade da ferida 
incisa depende de gume afiado, da 
intensidade de manejo do instru-
mento e da resistência dos tegu-
mentos, pois, em qualquer circuns-
tância, o efeito produzido por uma 
mesma força depende da natureza 
7ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
da superfície e dos planos subjacen-
tes sobre os quais é aplicada. 
Habitualmente, as feridas incisas são 
pouco profundas e não penetram as 
grandes cavidades torácica e abdo-
minal. Possuem suas extremidades 
mais superficiais e a parte media-
na mais profunda, nem sempre se 
apresentando de forma regular. Tem 
como característica principal a cha-
mada “cauda de escoriação” e po-
dem ser também conhecidas como 
feridas fusiformes, quando em forma 
de fuso. 
As feridas incisas podem ser diferen-
ciadas das demais lesões pelas se-
guintes características:
FLUXOGRAMA - CARACTERÍSTICAS DAS FERIDAS INCISAS
Forma linear
Regularidade do fundo da lesão
Hemorragia quase sempre abundante
Vertentes cortadas obliquamente
Afastamento das bordas da ferida
Paredes da ferida lisas e regulares
Regularidade das bordas
Ausência de vestígios 
traumáticos em torno da ferida
Predominância do comprimento 
sobre a profundidade
Centro da ferida mais 
profundo que as extremidades
Presença de cauda de escoriação voltada para 
o lado onde terminou a ação do instrumento
Perfil de corte de aspecto angular, quando o 
instrumento atua de forma perpendicular
Nesses tipos de ferimentos, não há 
vestígios de outra ação traumática, 
em virtude da ação rápida e deslizan-
te do instrumento e, ainda, pelo fio de 
gume, que não permite uma forma de 
pressão mais intensa sobre os tecidos 
lesados. Assim, não se observam 
escoriações, equimoses ou infiltra-
ção hemorrágica nas bordas ou em 
volta da ferida, nem, tampouco, pon-
tes de tecido ligando uma vertente da 
feridaà outra. 
Quase sempre a hemorragia é vo-
lumosa, devido à fácil secção dos 
vasos, que, não sofrendo hemosta-
sia traumática, deixam seus orifícios 
naturalmente permeáveis. Outro fato 
explicativo desse fenômeno é a maior 
8ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
retração dos tecidos superficiais, dei-
xando o sangramento se processar 
livremente. Tanto mais afiado o gume 
do instrumento, a profundidade da le-
são e a maior riqueza vascular da re-
gião atingida, mais abundante será a 
hemorragia.
O comprimento predomina sobre 
a profundidade nessas feridas, fato 
este devido à ação deslizante do ins-
trumento, à extensão usual do gume, 
ao movimento em arco exercido pelo 
braço do agente e ao abaulamento 
das muitas regiões ou segmentos do 
corpo.
A extensão da ferida é quase sem-
pre menor da que realmente foi pro-
duzida, em virtude da elasticidade e 
da retração dos tecidos moles lesa-
dos. Nas regiões onde esses tecidos 
são mais ou menos fixos, como, por 
exemplo, nas palmas das mãos e nas 
plantas dos pés, essas dimensões 
são teoricamente iguais.
A gravidade e a letalidade das feri-
das incisas dependem de sua pro-
fundidade e, principalmente, do dano 
que produziram em órgãos de particu-
lar importância. Deste modo, a lesão 
poderá variar, desde o mais simples 
ferimento inciso da superfície cutâ-
nea as mais sérias destruições das 
partes moles externas e internas e do 
próprio esqueleto osteocartilaginoso. 
O diagnóstico das feridas produ-
zidas por ação cortante é relativa-
mente fácil. A dificuldade pode-se 
apresentar na distinção de outros 
instrumentos que porventura forem 
também usados. A evolução cicatri-
cial de uma ferida incisa permite a 
presunção da data de sua produ-
ção, sendo que as lesões superficiais 
cicatrizam, em geral, rapidamente, 
formando cicatriz linear, nos tegu-
mentos em estado trófico normal. 
Na vertente, convém recordar que a 
capacidade de cicatrização é inerente 
a todo organismo vivo, distinguem-se 
três fases no processo de formação 
de uma cicatriz incisa: 
9ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
O prognóstico desses ferimentos 
é, em geral, de pouca gravidade, 
exceto no casos que as feridas fo-
rem profundas atingindo vasos ou 
nervos, e até mesmo órgãos, como 
no esgorjamento, levando a vítima, 
em muitas ocasiões, à morte. 
FLUXOGRAMA - FASES DO PROCESSO DE FORMAÇÃO DA CICATRIZ INCISA
FASES DA 
FORMAÇÃO DA 
CICATRIZ INCISA 
Fase inicial ou de quiescência Fase de fibroplasia ou de proliferação celular Fase de maturação
Simultaneamente à produção 
do ferimento dos tecidos 
Surgimento de coágulo 
sanguíneo, exsudato-
serofibrinoso e elementos 
celulares na área lesada
Proliferam células endoteliais 
dos capilares e do 
revestimento epitelial para 
restabelecimento da pele 
Início no segundo dia 
através de uma intensa 
reprodução de fibroblastos 
Fibras colágenas 
justapostas aumentam a sua 
resistência à tração
Aspecto do tecido de 
granulação varia com o 
grau de infecção, edema, 
traumatismos repetidos e 
tipo de tecido lesado
Também chamada 
fase de retração cicatricial 
e se inicia por volta do sexto 
dia pós-trauma
Intensificação de 
produção de fibras 
colágenas pelos fibroblastos e 
elaboração do colágeno
Nesta fase a cicatriz, 
de rósea, passa a mostrar 
coloração branca nacarada, 
a partir da segunda 
semana de sua produção
SAIBA MAIS!
No âmbito jurídico, nas feridas cortantes devem-se levar em conta, entre outros dados, o 
número de lesões, as regiões atingidas, a direção, a profundidade e a regularidade. Não pode 
esquecer as clássicas lesões de defesa, principalmente nas mãos, nos braços e até mesmo 
nos pés. Em tese, as feridas cortantes são mais acidentais e homicidas que suicidas. Além 
disso, deve-se alertar ao fato que tais lesões, chamadas de defesa, podem também ser resul-
tantes de ações perfurantes, perfurocortantes, cortocontundentes e contundentes.
10ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
Lesões produzidas por 
instrumentos cortantes
Os instrumentos cortantes produ-
zem lesões no pescoço chamadas 
esgorjamento, degolamento, de-
capitação, castração e esquarteja-
mento. Esgorjamento são as lesões 
produzidas por instrumentos cortan-
tes, eventualmente por instrumentos 
cortocontundentes, nas regiões an-
terior, lateral, anterolateral ou late-
rolateral do pescoço. No esgorjado, 
as lesões incisas, de profundidade 
variável, situam-se entre o laringe e o 
osso hioide, ou sobre o laringe, rara-
mente acima ou abaixo desses limites. 
Figura 3. Esgorjamento. Fonte: Medicina Legal. Genival Veloso de França. 11. ed. Rio de Janeiro. 2017.
SE LIGA! A sobrevida no esgorjamen-
to manifesta importantes sequelas da 
glote, afonia e disfagia por secções 
nervosas, abolição da sensibilidade e 
infecções intercorrentes. A morte é de-
terminada pela secção dos nervos frêni-
co e vagossimpático, por anemia aguda 
consequente à hemorragia fulminante 
originada pela lesão dos grandes va-
sos do pescoço. Nas secções completas 
da carótida a hemorragia é tão violenta 
que, em geral, a vítima não é socorrida 
a tempo.
O degolamento é caracterizado por 
lesões provocadas por instrumentos 
cortantes na região posterior do 
pescoço, na nuca. Como no esgor-
jamento, essas lesões podem, even-
tualmente, ser produzidas também 
por instrumentos cortocontundentes. 
A morte pode ocorrer por hemorragia 
fulminante, quando vasos de grosso 
calibre são atingidos, ou por lesão da 
11ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
medula, se o golpe, profundo ou vio-
lento, atingir a coluna cervical.
Já a decapitação é o ato de sepa-
rar completamente a cabeça do 
corpo, produzido especialmente por 
instrumentos cortocontundentes, 
como roda de trem, espadagão, foice, 
machado. 
Existe ainda o esquartejamento, tra-
duzido pelo ato de dividir o corpo 
em partes, por amputação ou desar-
ticulação, quase sempre como mo-
dalidade de o autor livrar-se crimino-
samente do cadáver ou impedir sua 
identificação. Além da castração, que 
na maioria das vezes tem como finali-
dade o instinto de vingança.
Instrumentos contundentes
Entre os agentes mecânicos, os ins-
trumentos contundentes são os 
maiores causadores de dano. Sua 
ação é quase sempre produzida por 
um corpo de superfície e suas lesões 
mais comuns se verificam externa-
mente, embora possam repercutir na 
profundidade. Agem por pressão, 
explosão, deslizamento, percus-
são, compressão, descompressão, 
distensão, torção, fricção, por con-
tragolpe ou de forma mista. 
São meios ou instrumentos geral-
mente com uma superfície plana, a 
qual atua sobre o corpo humano, pro-
duzindo as mais diversas modalida-
des de lesões. Essa superfície pode 
ser lisa, áspera ou irregular. 
A contusão pode ser ativa, passiva 
ou mista, de conformidade com o es-
tado de repouso ou de movimento do 
corpo ou do meio contundente. É ati-
va a contusão quando apenas o meio 
ou o instrumento se desloca, passiva 
quando só o corpo humano está em 
movimento e mista quando o corpo 
humano e o instrumento se movi-
mentam com certa violência. 
São instrumentos contundentes as 
armas naturais, como mãos, pés, ca-
beça, joelhos, as armas ocasionais, 
como bengala, barra de ferro, tijolo, 
as saliências obtusas e as superfí-
cies duras, especialmente solo e pa-
vimentos, os desabamentos, as ex-
plosões, os acidentes de veículos e 
os atropelamentos.
Como as feridas contusas são produ-
zidas por meios ou instrumentos de 
superfície e não de gume, apresen-
tam elas as seguintes características: 
12ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
A irregularidade das bordas da fe-
rida contusa é justificada pela ação 
brusca da superfície do meio ou ins-
trumento causador da agressão e as 
escoriações em torno do ferimento ou 
nas bordas da própria ferida são justi-
ficadas pelo mecanismo de contusão 
por ação oblíqua ou perpendicular ao 
plano cutâneo. Não é muito raro exis-
tirem, entre uma borda e outra da feri-
da, pontes de tecido íntegro constituí-
das principalmente de fibras elásticas 
da derme que distenderam durante 
a contusão, mas não chegaram ase 
romper.
Lesões produzidas por 
instrumentos contundentes
As lesões produzidas por essa for-
ma de energia mecânica sofrem uma 
incrível variação e todos eles podem 
agir de forma ativa, de forma passi-
va ou de modo misto, determinan-
do lesões superficiais e profundas, 
denominadas contusão e ferida 
contusa.
CONCEITO! Contusão é a denominação 
genérica do derramamento de sangue 
nos interstícios tissulares, sem qualquer 
ruptura dos tegumentos, consequente a 
uma ação traumática sobre o organis-
mo. Dessa forma, contusão é lesão fe-
chada com comprometimento do tecido 
celular subcutâneo e integridade real ou 
aparente da pele e das mucosas. Ferida 
contusa é contusão que sofreu solução 
de continuidade pela ação traumática do 
instrumento vulnerante, sendo entendi-
da como uma contusão aberta.
O dano corporal produzido por essa 
forma de energia mecânica pode re-
sultar em diversos tipos de lesões 
como escoriação, equimose, hema-
tomas, rubefação, bossa sanguínea 
e edema.
A escoriação tem quase sempre 
como origem a ação tangencial 
dos meios contundentes. Pode ser 
FLUXOGRAMA - CARACTERÍSTICAS DAS FERIDAS CONTUSAS
Forma estrelada, sinuosa ou retilínea
Fundo irregular
Pontes de tecido íntegro ligando as vertentes
Pouco sangrantes
Bordas irregulares, escoriadas e equimosadas
Vertentes irregulares
Retração das bordas da ferida
Integridade de vasos, nervos 
e tendões no fundo da lesão
13ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
encontrada isolada ou associada a 
outras modalidades de lesões contu-
sas mais graves, possui pouco signi-
ficado clínico, mas assume um valor 
indiscutível na perícia médico-legal. 
Define-se, de forma mais simples, 
como o arrancamento da epiderme e 
o desnudamento da derme, de onde 
fluem serosidade e sangue. Escoria-
ção típica é aquela em que apenas a 
epiderme sofre a ação da violência, 
quando a derme é atingida, não é 
mais escoriação, e sim uma ferida. 
Dessa forma, a escoriação não cica-
triza e não deixa marcas, tendo a re-
generação da área lesada através da 
reepitelização. 
Quando a ação atinge as cristas das 
papilas dérmicas, a crosta não é se-
rosa, como na escoriação típica, mas 
de constituição sero-hemática ou he-
mática, seguindo-se a uma tonalida-
de amarelo-avermelhada até um final 
pardacento, quando a crosta vai-se 
despregando, pouco a pouco, da pe-
riferia para o centro, deixando uma 
área despigmentada. 
Consequentemente, o único vestígio 
será uma mancha rósea, descorada, 
que desaparece com poucos dias. A 
idade de uma escoriação tem funda-
mental interesse médico-legal, e isto 
é feito através da observação cuida-
dosa do aspecto da lesão, da crosta 
e da coloração concernente ao tempo 
de reepitelização.
Figura 4. Escoriação. Fonte: https://bit.ly/2AFnJCc
14ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
A equimose trata-se de lesões que 
se traduzem por infiltração hemor-
rágica nas malhas dos tecidos. Em 
geral, são superficiais, mas podem 
surgir nas massas musculares, nas 
vísceras e no periósteo. A intensidade 
e o tamanho da equimose dependem 
do instrumento produtor, do grau de 
violência, das condições anatômicas 
e de vascularização da região lesada, 
da constituição pessoal, do sexo e da 
idade.
Quando se apresenta em forma de 
pequenos grãos, recebe o nome de 
sugilação e, quando em forma de 
estrias, toma a denominação de víbi-
ce. Já as petéquias, são caracteriza-
das por pequenas equimoses, quase 
sempre agrupadas e com um ponti-
lhado hemorrágico.
As equimoses nem sempre sur-
gem de imediato ou nos locais de 
traumatismo. Não é muito raro, nos 
traumatismos cranioencefálicos mais 
graves, surgirem tardiamente equi-
moses palpebrais, subconjuntivas, 
mastoideas, faríngeas e, com menos 
frequência, cervicais.
Figura 5. Equimose palpebral. Fonte: Medicina Legal. Genival Veloso de França. 11. ed. Rio de Janeiro. 2017.
A tonalidade da equimose é outro 
aspecto de grande interesse médico-
-pericial. De início, é sempre averme-
lhada, depois, com o correr do tempo, 
ela se apresenta vermelho-escura, 
violácea, azulada, esverdeada e, fi-
nalmente, amarelada, desaparecen-
do, em média, entre 18 a 20 dias. 
Essa mudança de tonalidades que 
se processa em uma equimose tem 
o nome de “espectro equimótico de 
Legrand du Saulle”, como demons-
trado a seguir:
15ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
Tabela 1. Idade da ferida contusa
O tempo de duração e por consequ-
ência a implicação na modificação da 
tonalidade das equimoses variam de 
acordo com a quantidade e a profun-
didade do sangue extravasado, com 
a elasticidade do tecido que pode ou 
não facilitar a reabsorção, com a ca-
pacidade individual de coagulação, 
com a quantidade e o calibre dos va-
sos atingidos e com algumas caracte-
rísticas das vítimas como idade, sexo 
e estado geral. Por isso, este valor 
cronológico é relativo.
ALTERAÇÕES 
CROMÁTICAS​
EVOLUÇÃO EM 
DIAS​
Vermelho-escuro
Violeta
Azulado
Verde-escuro
Verde-amarelado
Amarelo
Cor natural da 
epiderme
​
Primeiro dia
Segundo e terceiro dias
Do quarto ao sexto dia
Do sétimo ao décimo dia
Entre décimo primeiro e décimo segundo dia 
Do décimo segundo ao décimo sétimo
Do décimo oitavo ao vigésimo dia
​
SE LIGA! O diagnóstico diferencial da 
equimose deve ser feito com o livor hipostáti-
co (mudança de coloração que surge na pele 
dos cadáveres, decorrente do depósito do 
sangue estagnado pela ação da gravidade) . 
A equimose apresenta sangue coagulado, 
presença de malhas de fibrina, infiltração he-
morrágica, presença em qualquer lugar do 
corpo, sangue fora dos vasos, rupturas de 
vasos e mais particularmente de capilares, 
sinais de transformação de hemoglobina e 
ausência de meta-hemoglobina. 
O livor hipostático mostra sangue não co-
agulado, ausência de malhas de fibrina, au-
sência de infiltração hemorrágica, presença 
em locais específicos, sendo visível nas zo-
nas de decúbito, integridade de vasos capi-
lares, sangue dentro dos vasos, ausência de 
transformação hemoglobínica, presença de 
meta-hemoglobina neutra e sulfídrica vista 
através da espectroscopia.
16ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
O maior extravasamento de sangue 
de um vaso bastante calibroso e a sua 
não difusão nas malhas dos tecidos 
moles dão, em consequência, um he-
matoma. Formam-se, no interior dos 
tecidos, verdadeiras cavidades, onde 
surge uma coleção sanguínea. 
O hematoma, em geral, faz relevo na 
pele, tem delimitação mais ou menos 
nítida e é de absorção mais demora-
da que a equimose. Pode também ser 
profundo e encontrado nas cavidades 
ou dentro dos órgãos, e, por isso, é 
chamado de hematoma intraparen-
quimatoso, podendo ser intra-hepáti-
co, intrarenal ou intracerebral.
Figura 6. A. Lesão produzida por ação contundente. Legenda: A. Lesão produzida por ação contundente (hematoma 
extradural). B. Desenluvamento por tração de anel. 
Fonte: Medicina Legal. Genival Veloso de França. 11. ed. Rio de Janeiro. 2017.
17ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
No couro cabeludo o plano ósseo 
subjacente favorece a produção de 
ferida contusa linear, com aparen-
te aspecto de ferida incisa. Os ins-
trumentos contundentes, atuando 
violentamente, ocasionam hemato-
mas, feridas contusas, lesões encefá-
licas e fraturas dos ossos da abóbada 
com ou sem afundamento, da base e 
da abóbada à base do crânio.
Figura 7. Aspectos das fraturas assentadas na abóbada do crânio. Legenda: Aspectos das fraturas assentadas na 
abóbada do crânio, consoante o formato dos instrumentos: 1. perfurocortantes de um só gume; 2. martelo quadrangu-
lar; 3. sabre de cavalgaria; 4. martelo de base redonda: fratura parcial “em terraço”; 5. barra de ferro de borda retangu-
lar; 6. coice de cavalo: fratura com afundamento; 7. fratura estrelada. Fonte: Manual de medicina legal. Delton Croce e 
Delton Croce Jr. 8. ed. São Paulo. 2012
Instrumentos perfurantes
São perfurantes os instrumentos 
puntiformes, finos, cilíndricos ou cilin-
drocônicos, com o comprimento pre-
dominando sobre a largura e a espes-
sura, como alfinetes, agulhas, pregos, 
furador de gelo, estoque,estilete agu-
lhado, espinhos entre outros. 
Agem simultaneamente por per-
cussão ou pressão por um ponto, 
afastando fibras, sem seccioná-las. 
Os instrumentos perfurantes de for-
ma excessivamente cilindrocônica 
podem, muito raramente, dilacerar 
algumas fibras dos tecidos. Em feri-
da transfixante é possível orifício de 
18ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
saída em tudo similar ao de entra-
da, porém, com os bordos evertidos, 
quando a agressão for em mãos, bra-
ços, pernas, coxas.
Lesões produzidas por 
instrumentos perfurantes
As lesões oriundas desse tipo de 
ação denominam-se feridas pun-
tiformes ou punctórias, pela sua 
exteriorização em forma de ponto. 
Têm como características a abertu-
ra estreita, são de raro sangramento, 
de pouca nocividade na superfície e, 
às vezes, de certa gravidade na pro-
fundidade, em face desse ou daque-
le órgão atingido, e, por fim, quase 
sempre de menor diâmetro que o do 
instrumento causador, graças à elas-
ticidade e à retratilidade dos tecidos 
cutâneos.
Figura 8. Ferimentos puntiformes (garfo). 
Fonte: Medicina Legal. Genival Veloso de França. 11. ed. Rio de Janeiro. 2017.
O trajeto dessas feridas é representa-
do por um túnel estreito que se con-
tinua pelo tecido lesado e o ferimento 
de saída, quando isso ocorre, é em 
geral mais irregular e de menor di-
âmetro que o de entrada, em face 
do instrumento atuar nessa fase atra-
vés de sua parte mais afilada.
Quando o instrumento perfurante é 
de médio calibre, a forma das lesões 
assume aspecto diferente, obedecen-
do às leis de Filhos e Langer:
19ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
Primeira lei de Filhos: as soluções 
de continuidade dessas feridas as-
semelham-se às produzidas por ins-
trumento de dois gumes ou tomam a 
aparência de “casa de botão” 
Segunda lei de Filhos: quando essas 
feridas se mostram em uma mesma 
região onde as linhas de força tenham 
um só sentido, seu maior eixo tem 
sempre a mesma direção 
Lei de Langer: na confluência de re-
giões de linhas de forças diferentes, a 
extremidade da lesão toma o aspec-
to de ponta de seta, de triângulo, ou 
mesmo de quadrilátero.
Figura 9. Distribuição das linhas de força no tronco. Fonte: Manual de medicina legal. 
Delton Croce e Delton Croce Jr. 8. ed. São Paulo. 2012
As feridas produzidas por instrumen-
tos cilíndricos ou cilindrocônicos apre-
sentam direção fixa para cada parte 
do corpo porque não seccionam as 
fibras do tegumento, limitando-se a 
afastá-las, ao contrário das causadas 
por instrumentos perfurocortan-
tes, que não têm direção constante 
e podem, portanto, orientar-se em 
qualquer sentido, pois a secção tis-
sular desorienta estruturalmente o 
20ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
grupamento de fibrilas da pele e das 
fibras estriadas dos músculos.
O trajeto dependerá, no que diz res-
peito à sua profundidade, do tama-
nho do instrumento ou da pressão 
utilizada pelo agressor. No entanto, 
não se pode estabelecer o compri-
mento do meio perfurante pela pro-
fundidade de penetração. Além de 
nem sempre penetrar em toda a sua 
extensão, pode ainda variar essa pro-
fundidade com a posição da vítima. 
Pode acontecer de a profundidade de 
penetração ser maior que o próprio 
comprimento da arma quando essa, 
por exemplo, atinge uma região onde 
haja depressibilidade dos tecidos su-
perficiais, como no ventre.
A gravidade desses ferimentos de-
pende do caráter vital dos órgãos e 
estruturas atingidos ou da eventua-
lidade de infecções supervenientes. 
Sua causa jurídica é, na maioria das 
vezes, homicida e, mais raramente, 
de origem acidental ou suicida
21ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
RESUMO DAS LESÕES SIMPLES
TIPO DE 
LESÃO 
SIMPLES
Lei de Langer
Leis de Filhos (1º e 2º) 
FERIDA CONTUSA
FERIDA PUNCTÓRIA 
OU PUNTIFORME FERIDA INCISA
Sangramento 
menor que no corte
Por pressão e esmagamento
Exemplos de instrumentos 
contundentes: mãos, 
tijolo, solo e pavimentos
Pode causar: escoriação, 
equimose, hematomas, rubefação, 
bossa sanguínea e edema
Maior destruição 
das fibras teciduais
Forma estrelada, sinuosa ou 
retilínea, fundo irregular, pouco 
sangrantes e retração das bordas 
Comprimento maior 
que a profundidade
Exemplos de instrumentos 
cortantes: navalha, bisturi, faca, 
lâminas de barbear
Secção das fibras teciduais
Por deslizamento
Forma linear, extremidades 
mais superficiais e a parte 
mediana mais profunda
Principal característica: 
“cauda de escoriação”
Abertura estreita, raro 
sangramento, pouca nocividade na 
superfície e gravidade depende da 
profundidade 
Exemplos de instrumentos 
perfurantes: alfinetes, agulhas, 
pregos e estilete 
Profundidade maior que a largura
Quase sempre de menor 
diâmetro que o do instrumento
Divulsão das fibras teciduais
Por pressão e penetração
Não há relação pericial 
entre profundidade da ferida e 
extensão do instrumento
22ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
Instrumentos perfurocortantes 
São chamados perfurocortantes os 
instrumentos puntiformes, com o 
comprimento predominando sobre 
a largura e a espessura, dotados de 
gume ou corte. O contato desses ins-
trumentos é feito por um ponto que 
atua simultaneamente por percussão 
ou pressão, afastando fibras e, por 
corte, seccionando-as. Existem ainda 
os instrumentos de ponta e de ares-
tas, contendo várias faces e múltiplos 
ângulos diedros, cortantes ou não.
Lesões produzidas por ação 
perfurocortante
As lesões perfurocortantes são pro-
vocadas por instrumentos de ponta 
e gume, atuando por um mecanismo 
misto: penetram perfurando com a 
ponta e cortam com a borda afiada 
os planos superficiais e profundos 
do corpo da vítima. Agem, portanto, 
por pressão e por secção, onde há os 
de um só gume, como faca-peixeira, 
canivete, espada, os de dois gumes 
(punhal, faca “vazada”) e os de três 
gumes ou triangulares (lima). 
As soluções de continuidade produ-
zidas por instrumentos perfurocor-
tantes de um só gume resultam em 
ferimentos em forma de botoeira com 
uma fenda regular e quase sempre 
linear, com um ângulo agudo e ou-
tro arredondado. Sua largura é no-
tadamente maior que a espessura 
da lâmina da arma usada e o seu 
comprimento menor que a largura, 
se o trajeto da arma foi perpendicular 
ao plano do corpo, saindo da mesma 
direção, e maior se agiu obliquamen-
te. Se, ao sair, tomou um sentido incli-
nado, corta mais a pele, aumentando 
o diâmetro da fenda.
O trajeto das feridas produzidas por 
esses instrumentos tem as caracte-
rísticas das resultantes da ação dos 
meios perfurantes. A perícia, diante 
dessas lesões, entre outros proble-
mas, tem de levar em conta a iden-
tificação da arma usada, a gravidade 
dos ferimentos, o tempo da lesão, se 
esta foi produzida em vida ou depois 
da morte, sua causa jurídica, a posi-
ção da vítima e do agressor, a ordem 
das lesões e o número de agressores.
23ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
SE LIGA! No diagnóstico da arma usa-
da, devem-se levar em consideração as 
dimensões, a forma e a profundidade do 
ferimento, atentando-se para o fato de 
que o tamanho dessas lesões, devido à 
elasticidade da pele, pode ser inferior, 
igual ou superior ao diâmetro da arma.
As feridas penetrantes são geral-
mente graves, não apenas pela in-
fecção causada no interior do orga-
nismo, como também pelas lesões 
sofridas pelos órgãos de maior impor-
tância. As mais graves, e que impõem 
tratamento cirúrgico imediato, são as 
penetrantes à cavidade peritoneal. 
O tempo da lesão é verificado 
pela evolução da ferida, através 
do aspecto cicatricial, da reação 
inflamatória ou da infecção. Há ca-
sos em que se utilizam os recursos do 
exame histológico do ferimento por 
meio de secções paralelas à superfí-
cie cutânea. Entretanto, a investiga-
ção desses elementos são de pouca 
significância para as lesões dos casos 
que morrem imediatamente.
Instrumentos 
perfurocontundentes
As feridas perfurocontusas são pro-
duzidas por um mecanismo de ação 
que perfura e contunde ao mesmo 
tempo. Na maioria das vezes, esses 
instrumentos são mais perfurantes 
que contundentes.Esses ferimentos 
são produzidos quase sempre por 
Figura 10. Ferimentos produzidos por ação perfurocortantes. 
Fonte: Medicina Legal. Genival Veloso de França. 11. ed. Rio de Janeiro. 2017.
24ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
projéteis de arma de fogo; no entan-
to, podem estar representados por 
meios semelhantes, como, por exem-
plo, a ponta de um guarda-chuva.
CONCEITO! As armas de fogo são pe-
ças constituídas de um ou dois canos, 
abertos em uma das extremidades e 
parcialmente fechados na parte de trás, 
por onde se coloca o projétil, o qual é lan-
çado a distância por causa da força ex-
pansiva dos gases devida à combustão 
de determinada quantidade de pólvora. 
Produzido o tiro, escapam pela boca da 
arma o projétil ou projéteis, gases supe-
raquecidos, chama, fumaça, grânulos de 
pólvora incombusta e a bucha. Classifi-
cam-se as armas, segundo suas dimen-
sões, em portáteis, semiportáteis e não 
portáteis.
Lesões produzidas por ação 
perfurocontundente
No estudo das lesões produzidas por 
projéteis de arma de fogo, devem-se 
considerar o ferimento de entrada, o 
ferimento de saída e o trajeto. Já o 
ferimento de entrada pode ser resul-
tante de tiro encostado, a curta dis-
tância ou a distância.
Os ferimentos de entrada nos tiros 
encostados com plano ósseo logo 
abaixo, têm forma irregular, dente-
ada ou com entalhes, devido à ação 
resultante dos gases que descolam e 
dilaceram os tecidos. Isso ocorre por-
que os gases da explosão penetram 
no ferimento e refluem ao encontrar a 
resistência do plano ósseo. 
É muito comum nos tiros encostados 
na fronte e chama-se câmara de mina 
de Hoffmann. Na redondeza do feri-
mento, nota-se crepitação gasosa da 
tela subcutânea proveniente da infil-
tração dos gases. 
Em geral, não há zona de tatuagem 
nem de esfumaçamento, pois todos 
os elementos da carga penetram pelo 
orifício da bala e, por isso, suas ver-
tentes mostram-se enegrecidas e 
desgarradas, com aspecto de crate-
ra de mina. O diâmetro dessas lesões 
pode ser maior do que o do projétil 
em face de explosão dos tecidos pelo 
efeito “de mina”, e suas bordas algu-
mas vezes voltadas para fora, devido 
ao levantamento dos tecidos pela ex-
plosão dos gases.
25ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
Em relação aos ferimentos de entra-
da nos tiros a curta distância, estes 
podem mostrar forma arredondada 
ou elíptica, orla de escoriação, bor-
das invertidas, halo de enxugo, halo 
ou zona de tatuagem, orla ou zona de 
esfumaçamento, zona de queimadu-
ra, aréola equimótica e zona de com-
pressão de gases. 
Diz-se que um tiro é a curta distân-
cia quando, desferido contra um alvo, 
além da lesão de entrada produzida 
pelo impacto do projétil são encontra-
das manifestações provocadas pela 
ação dos resíduos de combustão ou 
semicombustão da pólvora e das par-
tículas sólidas do próprio projétil ex-
pelido pelo cano da arma. 
Quando além das zonas de tatuagens 
e de esfumaçamento há alterações 
produzidas pela elevada temperatura 
dos gases, como crestação de pelos 
e cabelos, manifestações de queima-
dura sobre a pele e zona de compres-
são de gases, considera-se essa for-
ma de tiro a curta distância como à 
queima-roupa.
Figura 11. Ferimento de entrada – tiro encostado. 
Fonte: Medicina Legal. Genival Veloso de França. 11. ed. Rio de Janeiro. 2017.
26ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
Os ferimentos de entrada de bala, 
nos tiros a distância, têm as seguin-
tes características: diâmetro menor 
que o do projétil, forma arredondada 
ou elíptica, orla de escoriação, halo de 
enxugo, aréola equimótica e bordas 
reviradas para dentro.
Diz-se que uma lesão tem as carac-
terísticas das produzidas por tiro a 
distância quando ela não apresenta 
os efeitos secundários do tiro, e por 
isso não se pode padronizar essa ou 
aquela distância. Nesses tipos de le-
sões, quando o tiro é dado em per-
pendicular, o diâmetro da ferida é 
quase sempre menor que o do pro-
jétil, explicado pela elasticidade e re-
tratilidade dos tecidos cutâneos. Essa 
diferença será mais acentuada quan-
to maior for a elasticidade dos tecidos 
da região atingida, mais pontiaguda 
for a ogiva do projétil e maior for a sua 
velocidade.
Figura 12. Ferimento de entrada de projétil de arma de fogo. Legenda: Halo de tatuagem e orla de escoriação e zona 
de queimadura (tiro à queima-roupa). Fonte: Medicina Legal. Genival Veloso de França. 11. ed. Rio de Janeiro. 2017.
27ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
A lesão de saída das feridas produ-
zidas por projéteis de arma de fogo 
tem forma irregular, bordas reviradas 
para fora, maior sangramento e não 
apresenta orla de escoriação, nem 
halo de enxugo e nem a presença 
dos elementos químicos resultantes 
da decomposição da pólvora.
O trajeto é o caminho percorrido pelo 
projétil no interior do corpo, sendo 
que quando o ferimento é transfixan-
te, teoricamente traçado por uma li-
nha reta, ligando a ferida de entrada 
à da saída. Pode terminar em fundo 
cego ou perder-se dentro de uma ca-
vidade. Alguns usam a expressão tra-
jetória para todo o percurso do projé-
til, desde a sua saída da boca do cano 
até o local de sua parada final.
Figura 13. Ferimento de entrada de projétil de arma de fogo. Legenda: Orla de escoriação e halo de enxugo (tiro a 
distância). Fonte: Medicina Legal. Genival Veloso de França. 11. ed. Rio de Janeiro. 2017.
28ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
Instrumentos cortocontundentes
São instrumentos que, mesmo com 
gumes, têm a sua principal ação pela 
contusão, pela pressão devido ao seu 
próprio peso. Sua gravidade depende 
do ângulo de incidência, da superfície 
atingida e pela força de impacto.
Sua ação tanto se faz pelo desliza-
mento, pela percussão, como pela 
pressão. São exemplos desse tipo de 
instrumento: a foice, o facão, o ma-
chado, a enxada, a guilhotina, a serra 
elétrica, as rodas de um trem, a te-
soura, as unhas e os dentes.
Figura 14. Trajetos de projéteis de arma de fogo. Legenda: A. Trajetos de projéteis de arma de fogo. B. Trajeto em “chu-
leio” por um único projétil de arma de fogo. Fonte: Medicina Legal. Genival Veloso de França. 11. ed. Rio de Janeiro. 2017.
29ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
Lesões produzidas por ação 
cortocontundente
As lesões são chamadas cortocontu-
sas, sendo sempre profundas, com 
bordas e formas irregulares, com 
destruição de tecidos, inclusive 
com fraturas. Têm forma bem vari-
ável, dependendo da região atingida 
e da inclinação, do peso, do gume e 
da força viva que atua. Sendo o ins-
trumento mais afiado, predominam 
as características dos ferimentos 
cortantes.
Quando o fio de corte não for vivo, 
prevalecem os caracteres de con-
tusão nos tecidos. Não apresentam 
cauda de escoriação nem pontes de 
tecidos íntegros entre as vertentes da 
ferida, o que as diferencia das feridas 
cortantes e contusas.
Figura 15. Lesão produzida por ação cortocontundentes. 
Fonte: Medicina Legal. Genival Veloso de França. 11. ed. Rio de Janeiro. 2017.
O diagnóstico é feito através do es-
tudo cuidadoso das bordas da ferida, 
sua profundidade, comprometimen-
to com os órgãos mais internos, en-
tre eles os ossos, fazendo-se assim a 
distinção entre esses instrumentos e 
os cortantes propriamente ditos.
As principais características das le-
sões de ordem mecânica, são descri-
tas na tabela abaixo:
30ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
INSTRUMENTO 
APLICAÇÃO DE 
ENERGIA SOBRE
MECANISMO LESÃO EXEMPLOS
Perfurante Um ponto
Pressão + 
penetração
Puntiforme ou 
punctória 
Alfinete prego, 
agulha
Cortante Um linha Deslizamento Incisa ou corte
Navalha, lâmina de 
barbear
Contundente Área + massa
Pressão + 
esmagamento
Contusa
Cassetete, chão, 
tijolo
Perfurocortante Ponto + linha
Pressão + 
deslizamento
Perfuroincisa Faca
Perfurocontundente Ponto + massa
Pressão + 
penetração
Perfurocontusa Chave de fenda
Cortocontundente Linha + massa
Pressão + 
esmagamento
Cortocontusa
Machado, foice, 
facão 
Tabela 2. Características das lesões de ordem mecânica
31ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
MAPA RESUMO DAS ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA 
IncisasENERGIAS 
DE ORDEM 
MECÂNICA 
Classificação 
dos instrumentos 
mecânicos
Pode ser por armas 
naturais, armas 
propriamente ditas, 
armas eventuais ou por 
veículos, explosões, 
precipitações e animais
Atuam mecanicamente 
sobre o corpo, 
modificam, completa 
ou parcialmente, o 
seu estado de repouso 
ou de movimento
Por pressão, 
percussão, tração, 
torção, compressão, 
descompressão, 
explosão, deslizamento 
e contrachoque
Cortantes, contundentes, perfurantes, perfurocortantes, 
cortocontundentes e perfurocontundentes
Tipos de lesões
Comprimento maior 
que a profundidade
Por deslizamento
Forma linear, 
extremidades 
superficiais e parte 
mediana mais profunda
Perfuroincisas
Sempre profundas, 
com bordas e formas 
irregulares e destruição 
de tecidos
Por pressão e 
esmagamento
Contusas
Maior destruição das 
fibras teciduais
Forma estrelada, 
sinuosa ou retilínea, 
fundo irregular, pouco 
sangrantes e retração das 
bordas 
Pode causar: escoriação, 
equimose, hematomas, 
rubefação, bossa 
sanguínea e edema
Por pressão e 
esmagamento
Punctórias ou 
puntiformes
Divulsão das 
fibras teciduais
Por pressão e 
penetração 
Abertura estreita, raro 
sangramento, pouca 
nocividade na superfície 
e gravidade depende 
da profundidade 
Profundidade 
maior que a largura
Perfurocontusas
Mecanismo de ação que 
perfura e contunde ao 
mesmo tempo
Lesões produzidas por 
projéteis de arma de fogo
Por pressão e 
penetração
Cortocontusas
Largura maior que a 
espessura da lâmina da 
arma e o seu comprimento 
menor que a largura
São geralmente graves
Por pressão e 
deslizamento
32ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA
REFERÊNCIAS 
BIBLIOGRAFICAS
LIPKA, R.et al. A importância da traumatologia na elucidação do crime. Revista Extensão em 
Foco. v.5, n.1, p. 103-117, 2017
Manual de medicina legal. Delton Croce e Delton Croce Jr. 8. ed. São Paulo. 2012 
Medicina Forense Aplicada. Reginaldo Franklin. 2017
Medicina Legal. Genival Veloso de França. 11. ed. Rio de Janeiro. 2017.
Medicina Legal e Noções de Criminalística - Neusa Bittar, 5ª Ed. 2016.
33ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA

Continue navegando