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SISTEMA DE ENSINO
CRIMINOLOGIA
Teorias Sociológicas do Consenso. 
Teoria da Associação Diferencial e suas 
Formulações Posteriores. Crime do 
Colarinho Branco. Crime do Colarinho 
Branco no Brasil. Teorias da Anomia. 
Émile Durkheim e Robert Merton. 
Teorias das Subculturas Delinquentes
Livro Eletrônico
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Mariana Barros Barreiras
Teorias Sociológicas do Consenso. Teoria da Associação Diferencial e suas Formulações 
Posteriores. Crime do Colarinho Branco. Crime do Colarinho Branco no Brasil. Teorias da 
Anomia. Émile Durkheim e Robert Merton. Teorias das Subculturas Delinquentes
CRIMINOLOGIA
Sumário
Teorias Sociológicas do Consenso; Teoria da Associação Diferencial (Crime do 
Colarinho Branco) e Demais Teorias da Aprendizagem Social; Teorias da Anomia; 
Teoria das Subculturas Delinquentes ..............................................................................3
1. Teoria da Associação Diferencial .................................................................................5
1.1. Crime do Colarinho Branco (White-Collar Crime) ...................................................... 7
1.2. Crime do Colarinho Branco no Brasil ........................................................................9
1.3. Cifras da Criminalidade .......................................................................................... 14
1.4. Formulações Posteriores à Associação Diferencial .................................................17
2. Teoria da Anomia ..................................................................................................... 20
2.1. Émile Durkheim ..................................................................................................... 20
2.2. Robert Merton .......................................................................................................23
3. Teoria da Subcultura Delinquente .............................................................................25
4. Quadro Sinóptico das Teorias do Consenso ...............................................................27
Resumo ........................................................................................................................29
Mapa Mental .................................................................................................................32
Questões de Concurso ..................................................................................................33
Gabarito ....................................................................................................................... 51
Gabarito Comentado .....................................................................................................52
Referências ................................................................................................................. 85
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Posteriores. Crime do Colarinho Branco. Crime do Colarinho Branco no Brasil. Teorias da 
Anomia. Émile Durkheim e Robert Merton. Teorias das Subculturas Delinquentes
CRIMINOLOGIA
TEORIAS SOCIOLÓGICAS DO CONSENSO; TEORIA DA 
ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL (CRIME DO COLARINHO 
BRANCO) E DEMAIS TEORIAS DA APRENDIZAGEM 
SOCIAL; TEORIAS DA ANOMIA; TEORIA DAS 
SUBCULTURAS DELINQUENTES
Bem-vindo(a), querido(a) aluno(a), à nossa quarta aula de Criminologia.
Hoje vamos continuar estudando as teorias sociológicas do consenso, também chama-
das de funcionalistas, estrutural-funcionalistas ou integralistas. Lembre-se: as teorias do 
consenso partem do pressuposto de existência de objetivos comuns a todos os cidadãos, que 
aceitam as regras vigentes. Essas teorias são consideradas conservadoras, porque acredi-
tam na coesão social e querem garanti-la, preservando o status quo, ou seja, o estado vigente 
das coisas.
Antes de prosseguirmos, quero explicar como as bancas costumam pedir esses assuntos. 
Em geral, as escolas sociológicas do consenso que mais aparecem nas provas são qua-
tro: Escola de Chicago, Teoria da Associação Diferencial de Sutherland, Teoria da Anomia de 
Durkheim e Teoria da Subcultura Delinquente de Cohen.
Vamos fazer um recurso mnemônico para memorizar essas quatro principais. Para isso, pre-
cisamos da primeira letra da palavra principal de cada uma:
CONSENSO
Chicago
Anomia
Subcultura
Associação
É CONSENSO que todo mundo quer CASA!
Já vimos a Escola de Chicago e hoje veremos as demais.
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Posteriores. Crime do Colarinho Branco. Crime do Colarinho Branco no Brasil. Teorias da 
Anomia. Émile Durkheim e Robert Merton. Teorias das Subculturas Delinquentes
CRIMINOLOGIA
Mas antes farei um brevíssimo comentário.
Teorias Multifatoriais
Você talvez se lembre que na aula 3, falei sobre o estudo do casal Glueck. Estávamos analisan-
do as teorias biológicas, mais especificamente as teorias biotipológicas. Falei para você o seguinte:
O casal Glueck, formado por Sheldon e Eleanor Glueck, criminólogos de Harvard, analisou, na 
década de 1950, dois grupos de quinhentos jovens (um grupo de delinquentes e um grupo de 
controle). Em sua obra Unraveling Juvenile Delinquency, eles chegaram à conclusão de que as 
pessoas mesomórficas tinham traços que os habilitavam à prática de crimes violentos (for-
ça física, energia, insensibilidade, instabilidade emocional). Notaram também que aspectos 
familiares influenciavam na decisão de respeito ou desrespeito às normas. Nesse aspecto, 
alguns fatores socioculturais estariam associados com a delinquência: pais que dependem 
da assistência social para a sobrevivência; lares em que há rompimento ou modificação pre-
matura na estrutura familiar; método educacional em que há excessos, seja de rigor ou de 
leniência; desatenção às atividades domésticas; ausência de lazer em família; falta de entre-
tenimento na própria casa. Os estudos dos Glueck possuem, portanto, um componente bioti-
pológico aliado a fatores socioculturais. Por isso, não se encaixam somente nos modelos de 
cunho biológico, mas também nos de viés sociológico.
Pois bem. Os Glueck, no que diz respeito ao viés mais sociológico de seus estudos, são 
considerados integrantes das Teorias Multifatoriais. Trata-se de um grupo de teorias que 
se debruçava preferencialmente sobre a delinquência juvenil e que defendia que a criminali-
dade nunca é resultado de único fator ou causa. Há quem diga que o empirismo das teorias 
multifatoriais (ou plurifatoriais) era um empirismo grosseiro, com pouco método, pouco em-
basamento teórico e que não hierarquizava os fatores que intervinham no crime. E os tais 
multifatores acabaram sendo tantos – mais de 400 para os Glueck – e tão heterogêneos, 
que houve pouco prestígio dessas teorias no campo teórico. Por tudo isso, elas foram sendo 
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Posteriores. Crime do Colarinho Branco. Crime do Colarinho Branco no Brasil. Teorias da 
Anomia. Émile Durkheim e Robert Merton. Teorias das Subculturas Delinquentes
CRIMINOLOGIA
abandonadas. Às vezes, aparece alguma (rara) menção a esse grupo de teorias nas provas, e 
foi por isso que fiz questão de citá-lo aqui, apenas para que você saiba que ele existe e onde 
se encaixa.
Agora vamos retornar às teorias mais cobradas em provas.
1. Teoria da associação diferencial
A Teoria da Associação Diferencial se insere num grupo maior, chamado Teorias da 
Aprendizagem Social. Esse grupo de teorias possui em comum a noção de que a chave para 
a compreensão da criminalidade está na aprendizagem. Assim como aprendem a fazer qual-
quer outra coisa, as pessoas, que não nascem criminosas, aprendem a cometer delitos e a 
desenvolver mecanismos de neutralização da culpa. Não se trata de uma questão de pobreza 
ou riqueza. Aliás, grande parte da importância dessas teorias reside exatamente na demons-
tração de que os ricos também cometem crimes.
Essas teorias se baseiam no pensamento de Gabriel Tarde. Já falamos dele, quando estu-
damos a Escola de Lyon. Vamos relembrar rapidamente.
Gabriel Tarde foi um importante expoente da Escola de Lyon. Juiz criminal, também se opôs 
a algumas ideias de Lombroso. Para Tarde, eram as causas sociais, e não as somáticas, que 
influenciavam as diferentes taxas criminais. A escola do crime era a praça, a rua. Ele pro-
pugnava a existência de três leis da imitação: o indivíduo, em contato próximo com outros, 
imita-os na proporção direta do contato que mantêm entre si; o inferior imita o superior, os 
jovens imitam os mais velhos, os pobres imitam os ricos etc.; se duas modas se sobrepõem, a 
mais nova substitui a mais antiga. Assim, se há contato social deletério, haverá criminalidade. 
Por ter essa visão de necessidade de investigação sociológica da delinquência, ele também é 
considerado um dos pais da sociologia criminal.
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Anomia. Émile Durkheim e Robert Merton. Teorias das Subculturas Delinquentes
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Essas leis da imitação foram recuperadas para a formulação das teorias da aprendiza-
gem. Em sua obra “As leis da imitação”, Tarde defendia que a sociedade é uma reunião de 
pessoas que se imitam e que os atos importantes da vida social são executados sob o impé-
rio do exemplo. A imitação, ele dizia, faria parte da sociedade e seria uma espécie de sonam-
bulismo. Para Tarde, o fenômeno da imitação seria mais frequente nas grandes cidades, já 
que o criminoso gosta de estar na moda.
Feita essa introdução, passo a falar agora especificamente da Teoria da Associação Dife-
rencial, cujo principal pensador foi Edwin Sutherland, sociólogo (e criminólogo) norte-ameri-
cano. Suas ideias são do começo da década de 1940. Para Sutherland, o crime não é cometi-
do somente por pessoas menos favorecidas. As pessoas de qualquer classe social aprendem 
a conduta desviada e se associam com outras pessoas tendo por base essa conduta. O pro-
cesso de comunicação, que permite a aprendizagem, é fundamental para a prática criminal.
Segundo Sutherland, a pessoa se torna criminosa quando as definições favoráveis à vio-
lação da norma superam as definições desfavoráveis, tudo no âmbito de um processo de 
imitação. Esse processo é tanto mais intenso quanto mais íntimas as relações estabelecidas 
pelo indivíduo. As pessoas, então, interagem, aprendem umas com as outras, se associam, 
mas não para seguir os padrões da sociedade, e sim para agir de modo diferente (praticando 
delitos). Daí o nome associação diferencial.
Uma das causas fundamentais para a existência de associação diferencial é o conflito 
cultural: na sociedade existem diversos grupos culturais, e a cultura criminosa pode prevale-
cer por diversos fatores. Outra causa básica para o comportamento criminoso é a desorga-
nização social, que já havia sido bem explicada pela Escola de Chicago. Quando há desorga-
nização social, os mecanismos de controle social informal são precários em virtude da perda 
de raízes, e isso pode facilitar a escolha pelo caminho do crime.
Sutherland elencou nove princípios da Teoria da Associação Diferencial:
1. A conduta criminosa se aprende, como qualquer outra atividade.
2. O aprendizado se produz por interação com outras pessoas em um processo de 
comunicação.
3. A parte mais importante do aprendizado tem lugar dentro dos grupos pessoais íntimos.
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Anomia. Émile Durkheim e Robert Merton. Teorias das Subculturas Delinquentes
CRIMINOLOGIA
4. O aprendizado do comportamento criminoso abrange tanto as técnicas para cometer o 
crime, que às vezes são muito complicadas e outras, muito simples, quanto a direção especí-
fica dos motivos, atitudes, impulsos e racionalizações.
5. A direção específica dos motivos e impulsos se aprende de definições favoráveis ou 
desfavoráveis a elas.
6. Uma pessoa se torna delinquente por efeito de um excesso de definições favoráveis à 
violação da lei, que predominam sobre as definições desfavoráveis a essa violação.
7. As associações diferenciais podem variar tanto em frequência como em prioridade, 
duração e intensidade.
8. O processo de aprendizagem do comportamento criminoso por meio da associação 
com pautas criminais e anticriminais compreende os mesmos mecanismos abrangidos por 
qualquer outra aprendizagem.
9. Se o comportamento criminoso é expressão de necessidades e valores gerais, não se 
explica por estes, já que o comportamento não criminoso também é expressão dos mesmos 
valores e necessidades1.
Essas ideias foram importantes para demonstrar que o crime pode ser cometido por qual-
quer pessoa na sociedade, independentemente de fatores biológicos, de pobreza, de deficit 
de inteligência ou falta de inserção social. A teoria da associação diferencial foi a primeira a 
colocar o foco na criminalidade dos poderosos, estudando a forma distinta como a justiça 
penal os tratava.
Como crítica, costuma-se delinear que a teoria de Sutherland não explicava por que, con-
vivendo no seio de uma mesma cultura, certas pessoas aprendiam ou optavam pelo com-
portamento criminoso, enquanto outras não. Ademais, a teoria da associação diferencial não 
considerava, como relevantes para a prática de um crime, fatores impulsivos, ocasionais, 
passionais, calamitosos. Em casos onde esses fatores se apresentam, muitas vezes não há 
que se falar em aprendizado, mas sim em reação isolada.
1.1. crime do colarinho Branco (WhiTe-collar crime)
Sutherland cunhou a expressão crime de colarinho branco (white-collar crime). Utilizou-a 
por primeira vez em um discurso de 1939. Trata-sedo crime cometido no âmbito da profissão 
1 SUTHERLAND, Edwin H. Crime de colarinho branco: versão sem cortes. Rio de Janeiro: Revan, 2015, p. 14.
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Posteriores. Crime do Colarinho Branco. Crime do Colarinho Branco no Brasil. Teorias da 
Anomia. Émile Durkheim e Robert Merton. Teorias das Subculturas Delinquentes
CRIMINOLOGIA
por uma pessoa de respeitabilidade e elevado estatuto social. Em seu livro que leva esse 
nome – Crime de colarinho branco: versão sem cortes –, ele analisa decisões da justiça e 
das comissões administrativas relativas a 70 grandes empresas americanas para defender 
a tese de que as pessoas da classe socioeconômica mais alta estão engajadas em muitos 
comportamentos criminosos e que este comportamento criminoso difere do comportamento 
criminoso da classe econômica mais baixa principalmente por conta dos procedimentos ad-
ministrativos – mais brandos – para lidar com os infratores. A diferença entre a criminalidade 
dos poderosos e a criminalidade das pessoas mais pobres não é, no entanto, significativa do 
ponto de vista da causação do crime: a razão pela qual os crimes são cometidos é a mesma, 
o aprendizado somado a definições favoráveis à violação da lei2.
São crimes que, em geral, não podem ser explicados pela pobreza ou educação de má 
qualidade. São, ademais, crimes difíceis de se detectar ou mesmo de se sancionar.
A própria população tem, em muitos momentos, dificuldade de classificar tais condutas 
como criminosas. Há um sentimento de admiração e respeito aos grandes empresários, ban-
queiros, homens de negócio, políticos. É como se houvesse uma “imunidade do negócio”. A 
concessão de prisão especial para os possuidores de diploma de nível superior costuma ser 
citada como exemplo de imunidade do negócio.
Sutherland relatava que costuma haver, em relação aos crimes de colarinho branco, a 
previsão de penas não muito elevadas e de penas pecuniárias e restritivas de direito em subs-
tituição à pena privativa da liberdade, pois o pensamento dominante é que os autores desses 
crimes não precisam ser ressocializados, já que têm boa situação econômica e estão integra-
dos na sociedade.
Os efeitos dos crimes de colarinho branco costumam ser significativos, porém difusos. 
Não é uma pessoa particular que sente o efeito danoso da conduta, e sim uma coletividade. 
Essa característica também contribui para a leveza das penas e para as baixas taxas de per-
secução do crime.
Apesar de tudo isso, defende Sutherland, o crime do colarinho branco é, por diversas ra-
zões, um tipo de criminalidade organizada praticada pelos homens de negócio. É um tipo de 
crime organizado porque são condutas deliberadas, com unidade relativamente consistente. 
2 SUTHERLAND, Edwin H. Crime de colarinho branco: versão sem cortes. Rio de Janeiro: Revan, 2015, p. 33.
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Anomia. Émile Durkheim e Robert Merton. Teorias das Subculturas Delinquentes
CRIMINOLOGIA
É uma criminalidade persistente, pois grande parte dos criminosos é reincidente. Mas os cri-
minosos do colarinho branco não se veem como criminosos, até mesmo porque não são tra-
tados com os mesmos procedimentos oficiais destinados aos criminosos comuns; e porque, 
como são oriundos de outra classe social, não se relacionam de forma pessoal e íntima com 
aqueles que se definem como os criminosos típicos.
1.2. crime do colarinho Branco no Brasil
O tema da criminalidade dos poderosos está, atualmente, em franca evidência. No Brasil, 
a Operação Lava Jato é citada como exemplo de quebra de paradigma, pois realizou de ma-
neira praticamente inédita uma persecução ampla à delinquência dos poderosos, sobretudo 
políticos e empresários. As investigações sobre o Banestado e o Mensalão costumam ser 
citadas como importantes precedentes da Lava Jato.
Vamos explicar resumidamente cada uma delas.
Banestado
O caso do Banestado, da segunda metade da década de 1990, desvendou um esquema 
de corrupção envolvendo empresários, políticos e doleiros para envio de dezenas de bilhões 
de reais ao exterior, mais especificamente a contas CC53 na agência do Banco do Estado 
do Paraná – Banestado – em Nova Iorque, e, posteriormente, a paraísos fiscais. Entre os 
acusados estava Gustavo Franco, que foi presidente do Banco Central no governo Fernando 
Henrique; o ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta Houve; e o dono das Casas Bahia, Samuel 
Klein. Houve, primeiramente, uma tumultuada CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na 
Câmara dos Deputados. No Poder Judiciário, o juiz federal responsável foi Sérgio Moro. Cer-
ca de 100 pessoas foram condenadas pelo escândalo. Políticos de projeção nacional e em-
presários não chegaram a ser presos. Alguns fecharam acordos de delação, outros foram 
3 As contas CC5 recebem esse nome porque foram instituídas pela Carta Circular 5 do Banco Central. Segundo a definição 
do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), são contas especiais, mantidas no Brasil por brasileiros que moram 
no exterior. O objetivo inicial era que o titular, ao vir ao Brasil, depositasse o dinheiro em moeda nacional (atualmente em 
reais) e, ao voltar ao exterior, pudesse sacar o dinheiro em moeda estrangeira. Posteriormente, foi permitido que outras 
pessoas, desde que devidamente identificadas, depositassem nas CC5 para que o dinheiro fosse sacado pelo titular no 
exterior. Isso facilitou o envio de divisas para fora do país.
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Anomia. Émile Durkheim e Robert Merton. Teorias das Subculturas Delinquentes
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absolvidos. Nesse processo, Moro se indignaria com o fato de a maioria das penas terem 
prescrito em virtude das estratégias recursais protelatórias dos acusados e essa constata-
ção faria com que ele mudasse algumas práticas no futuro. Como você já sabe, Moro voltou 
a ter protagonismo na Lava Jato, foi nomeado Ministro da Justiça por Jair Bolsonaro e aca-
bou pedindo demissão em abril de 2020 em virtude de discórdias com o Presidente sobre a 
troca no comando da Polícia Federal.
Mensalão
O Mensalão era um esquema de compra de votos de parlamentares que foi denunciado 
pelo então deputado federal Roberto Jefferson, em 2005, durante o primeiro mandato do Pre-
sidente Lula. Segundo suas informações, os deputados da base aliada do Partido dos Traba-
lhadores recebiam uma mesada de R$ 30 mil para votarem segundo as orientações dogo-
verno. O valor era arrecadado tanto em empresas públicas e privadas, como a partir o desvio 
de dinheiro público de contratos da Câmara dos Deputados e do Banco do Brasil. Dentre os 
principais acusados constavam José Dirceu (ministro da Casa Civil na época), Delúbio Soares 
(então tesoureiro do PT), José Genoíno (ex-Presidente Nacional do PT) e Marcos Valério (pu-
blicitário e operador do Mensalão). No Supremo Tribunal Federal, o caso foi tratado na Ação 
Penal n. 470, que condenou mais de vinte réus, aí incluídos políticos de renome.
Lava Jato
A Lava Jato é considerada pelo Ministério Público Federal (MPF) a maior iniciativa de 
combate à corrupção e lavagem de dinheiro da história do Brasil. O nome do caso advém do 
uso, por uma das organizações investigadas. De uma rede de postos de combustíveis e lava a 
jato de automóveis para movimentar recursos ilícitos. Com a palavra, o próprio MPF:
A Operação Lava Jato é a maior iniciativa de combate a corrupção e lavagem de dinheiro da his-
tória do Brasil. Iniciada em março de 2014, perante a Justiça Federal em Curitiba, a investigação 
já apresentou resultados eficientes, com a prisão e a responsabilização de pessoas de grande 
expressividade política e econômica, e recuperação de valores recordes para os cofres públicos. 
O caso se expandiu e, hoje, além de desvios apurados em contratos com a Petrobras, avança em 
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diversas frentes tanto em outros órgãos federais, quanto em contratos irregulares celebrados com 
governos estaduais.
Atualmente, a operação conta com desdobramentos na primeira instância no Rio de Janeiro, Dis-
trito Federal e São Paulo, além de inquéritos e ações tramitando no Superior Tribunal de Justiça 
(STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar fatos atribuídos a pessoas com foro por 
prerrogativa de função. Pelo menos 12 países iniciaram suas próprias investigações a partir de 
informações compartilhadas por meio de acordos de cooperação internacional. Estima-se que o 
volume de recursos desviados dos cofres públicos esteja na casa de bilhões de reais. Soma-se 
a isso a expressão econômica e política dos suspeitos de participar dos esquemas de corrupção 
investigados.
(...)
No primeiro momento, foram investigadas e processadas quatro organizações criminosas lidera-
das por doleiros, que são operadores do mercado paralelo de câmbio. Depois, o Ministério Público 
Federal recolheu provas de um imenso esquema criminoso de corrupção envolvendo a Petrobras.
Nesse esquema, grandes empreiteiras organizadas em cartel pagavam propina para altos exe-
cutivos da estatal e outros agentes públicos. O valor da propina variava de 1% a 5% do montante 
total de contratos bilionários superfaturados. Esse suborno era distribuído por meio de operadores 
financeiros do esquema, incluindo doleiros investigados na primeira etapa.
Mesmo tendo aproximadamente seiscentos réus e duzentos acordos de delação em seu 
bojo, a Lava Jato conseguiu impor um ritmo célere às investigações (exatamente para evitar a 
prescrição das penas). As mais de setenta fases da operação deram resultado: aproximada-
mente trezentas condenações e a devolução de R$ 4 bilhões aos cofres públicos. Em março 
de 2020, a Operação Lava Jato completou seis anos. No balanço desse aniversário, a Polícia 
Federal afirmou que ela está longe de terminar.
Feitas essas considerações sobre cada uma delas, vamos retomar nosso raciocínio. Di-
zíamos que o tema da criminalidade dos poderosos está, atualmente, em franca evidência e 
que houve uma alteração de paradigma no Brasil.
No marco normativo brasileiro, algumas leis foram importantes para essa alteração de 
cenário, desde a década de 1980. A Lei n. 7.492/86 ficou conhecida como Lei dos Crimes de 
Colarinho Branco. Ela é uma lei que tipifica diversos crimes contra o sistema financeiro nacio-
nal, tais como a gestão fraudulenta ou temerária de instituição financeira; a utilização de “caixa 
dois” (manutenção ou movimentação de recursos paralelamente à contabilidade exigida pela 
legislação); evasão de divisas e manutenção de contas no exterior não declaradas à Receita 
Federal.
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Na década de 1990, outras leis importantes apareceram. A Lei contra a Ordem Tributária, 
Econômica e contra as Relações de Consumo (Lei n. 8.137/90) e a Lei de Lavagem de Dinhei-
ro (Lei n. 9.613/98), que criou tipos penais e instituiu o Conselho de Controle de Atividades 
Financeiras (COAF) foram dois atos normativos fundamentais. Também foram importantes 
os crimes definidos na Lei de Licitação (Lei n. 8.666/93), a Lei de Improbidade Administrativa 
(Lei n. 8.492/92), e, no âmbito processual penal, a Lei de Interceptações Telefônicas (Lei n. 
9.296/96).
Já nos anos 2000 foi a vez de aparecerem os crimes contra a ordem previdenciária (Art. 
168-A, apropriação indébita previdenciária e Art. 337-A, sonegação de contribuição pre-
videnciária) no Código Penal e a Convenção da Organização das Nações Unidas contra a 
Corrupção, em 2003.
Em tempos mais recentes, pode-se inserir a Lei de Acesso à Informação, ou simplesmente 
LAI (Lei n. 12.527/11), nesse contexto. Ela não cria nenhum tipo penal, mas impõe a transpa-
rência como regra na administração pública, reduzindo as hipóteses de restrição de acesso. 
O sigilo passa a ser a exceção, com disciplina bastante clara. Cria-se um procedimento ad-
ministrativo específico de Pedido de Acesso à Informação, pelo qual qualquer pessoa pode 
solicitar um dado não sigiloso, e que deve ser respondido pela administração pública em até 
20 dias. Essas imposições de transparência acabam por transformar, pouco a pouco, as prá-
ticas públicas, reforçando o dever de integridade dos servidores.
Pouco a pouco, essa alteração do marco jurídico, combinada com as investigações que 
já estavam em andamento, refletiu-se na mentalidade brasileira. Em junho de 2013, as mani-
festações populares gigantescas contra o Governo Dilma colocaram a corrupção como foco 
central da insatisfação popular. A PEC 37, que pretendia impedir que o Ministério Público, o 
COAF e a Receita realizassem investigações, acabou não sendo aprovada. E foi nesse con-
texto que se deu a aprovação da Lei das Organizações Criminosas (Lei n. 12.850/13), que 
instituiu a delação premiada, tecnicamente denominada “acordo de colaboração premiada”. 
Essa lei foi fundamental para a elucidação de esquemas criminais no seio da Lava Jato, assim 
como os acordos de leniência (acordos na esfera administrativa!) da Lei n. 12.529/11, que 
estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência.
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CRIMINOLOGIA
Em 2014, no II Congresso Luso-Brasileiro de Criminalidade Econômico-Financeira, uma 
pesquisa de doutorado apresentada por Francis Beck, advogado e professor penalista, no-
ticiava que a condenação aos crimes do colarinho branco havia crescido mais de 600% em 
doze anos. Entre 2000 e 2012 o número de condenações saltou de 44 para 325. As operações 
da Polícia Federal para investigar esses crimes saltaram de 3 operações em 2003 para 448 
em 2010, um aumento de 1500%.
Esses crimes, como já dizia Sutherland, são refinados, com alto grau de especialização 
e de difícil detecção e combate. Nem todos os juízes entendem de operações cambiais para 
detectar uma fraude. Nem todos os policiais sabem analisar informações contábeis para per-
ceber a existência de registros ilegais. O emprego de “laranjas” é muito disseminado nes-
ses esquemas e pode facilmente mascarar uma prática delitiva. A inexistência de uma víti-
ma concreta dificulta demasiadamente que esses delitos sejam denunciados e cheguem ao 
conhecimento das autoridades. Por tudo isso, sem a coordenação entre órgãos de controle 
(órgãos fazendários, tribunais de conta, Conselho Administrativo de Defesa Econômica, Con-
troladoria-Geral da União, Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica In-
ternacional (DRCI), Comissão de Valores Mobiliários, Banco Central do Brasil, COAF) e órgãos 
de típica persecução penal (polícias, ministérios públicos e Poder Judiciário) é praticamente 
impossível chegar ao esclarecimento e punição das condutas. E, além disso, igualmente im-
portantes são o emprego de tecnologia na investigação e a criação de delegacias, promoto-
rias e varas especializadas no assunto.
O COAF foi instituído pela Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei n. 9.613/98) no âmbito do Minis-
tério da Fazenda, durante as reformas econômicas feitas pelo governo de Fernando Henrique 
Cardoso. Ele tem por competência, em linhas gerais, identificar ocorrências financeiras ilícitas 
e comunicá-las às autoridades competentes. Em outras palavras, o COAF é a unidade de inte-
ligência financeira do governo federal. Em janeiro de 2020, o Presidente Jair Bolsonaro sancio-
nou a Lei n. 13.974/20, que transferiu o COAF do Ministério da Economia para o Banco Central. 
Essa lei se originou a partir da Medida Provisória n. 893/2019, que além de transferir o COAF 
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para o Banco Central, mudava o seu nome para Unidade de Inteligência Financeira. A mudança 
de nome não foi aprovada pelo Congresso Nacional. Hoje, portanto, ele continua se chamando 
COAF e está vinculado ao Banco Central do Brasil. O Presidente recebeu muitas críticas por ter 
realizado essa migração, sobretudo em virtude do fato de Flávio Bolsonaro, filho mais velho do 
Presidente, ser alvo de investigação pelo órgão no esquema da “rachadinha” (prática em que 
os funcionários de um parlamentar devolvem a ele parte de seu salário). Segundo o Presidente 
da República, a mudança teve apenas o objetivo de blindar o COAF de interferências e pressões 
políticas.
Até alguns anos atrás, era praticamente impensável para o brasileiro acreditar que a clas-
se política corrupta, quase que invariavelmente aliada a grades empresários e baseada em um 
sistema eleitoral cuja mola propulsora é a propina, pudesse ir parar atrás das grades e se ver 
obrigada a devolver bilhões de reais aos cofres públicos. Definitivamente, a mentalidade do 
País mudou. Isso, naturalmente, não significa que a prática desses crimes tenha diminuído. É 
cedo para tecer esse tipo de avaliação. Mas pode-se afirmar que hoje a impunidade deixou de 
ser uma certeza para os poderosos, políticos ou financeiros. Também não podemos chegar 
à conclusão de que o sistema penal está menos seletivo: os grandes “clientes” do sistema 
penal continuam sendo os homens, jovens, negros e pobres (são eles a grande maioria dos 
presos). Mas certamente o ingresso dos criminosos do colarinho branco na mira do sistema 
de persecução penal brasileiro e na lista de encarcerados é paradigmático da mudança de 
cenário.
1.3. cifras da criminalidade
Vou falar um pouco sobre as cifras da criminalidade, porque o crime do colarinho branco 
está intimamente relacionado com esse conceito. O conceito de cifras da criminalidade deriva 
da percepção de quem nem todos os crimes chegam ao conhecimento das autoridades. Ao 
lado da criminalidade real – isto é, da totalidade de delitos praticados – existe a criminalidade 
revelada, ou seja, a parcela da criminalidade real que chega ao conhecimento do Estado.
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Trata-se do chamado efeito de funil, também conhecido como mortalidade de casos cri-
minais. Isso é natural e a criminologia reconhece que o processamento de todos os casos 
(total enforcement) levaria à falência do próprio sistema penal.
Cifra Negra
Uma das consequências do efeito de funil é a existência da denominada cifra negra, aque-
la parcela de crimes que não integra as contagens oficiais. São os crimes que não chegam 
ao conhecimento das autoridades, pelas mais diversas razões. Quantas vezes, por exemplo, 
somos assaltados ou furtados e deixamos de registrar ocorrência? Quando fazemos isso, 
estamos inflando a cifra negra, que nada mais é, portanto, do que a diferença entre a crimina-
lidade real e a criminalidade revelada.
Os crimes do colarinho branco apresentam alta cifra negra, já que são delitos de difícil 
detecção e punição. Outro tipo de delito que apresenta altíssimas taxas de subnotificação são 
os crimes sexuais. Acredita-se que a diferença entre os crimes sexuais praticados e aqueles 
que são comunicados chega a 90%. Às vezes a própria vítima sente vergonha e não denun-
cia; às vezes a vítima quer denunciar, mas não se sente acolhida nos contatos com a polícia 
e acaba desistindo de levar adiante seus relatos; às vezes a própria família acoberta o caso, 
para evitar que se torne um escândalo, já que a maior parte dos crimes sexuais contra me-
nores são cometidas por parentes próximos à vítima. Esses são apenas alguns exemplos de 
motivos que estão na base desse descompassoentre a criminalidade real e a criminalidade 
conhecida.
Por tudo isso, as estatísticas criminais não refletem a criminalidade real, mas apenas uma 
parte dela, restando a cifra negra, oculta, difícil de decifrar. As pesquisas de vitimização, ou 
seja, realizadas com a população em geral questionando se foram vítimas de algum crime, 
procuram suprir essa lacuna.
Cifra Dourada
Cifra negra é o nome mais genérico para designar essa diferença entre a criminalidade 
real e a criminalidade conhecida. Ao longo dos anos, subclassificações das cifras negras têm 
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aparecido. Já disse a você que os crimes do colarinho branco possuem alta taxa de subnoti-
ficação, porque são delitos de difícil detecção. Criou-se, então, um nome específico para essa 
diferença entre criminalidade real e conhecida dos poderosos: é a chamada cifra dourada.
A cifra dourada diz respeito, portanto, aos delitos cometidos pelos poderosos que ficam 
impunes. Pode-se dizer que ela é um subtipo da cifra negra. Quando alguém dos altos estra-
tos sociais comete um crime contra o sistema financeiro ou um crime tributário, por exemplo, 
é possível que fique sem punição porque o sistema penal é desenhado para selecionar a cri-
minalidade de rua, cometida pelos pobres.
Obs.: � Já houve questões da Vunesp considerando que o conceito de cifra dourada equi-
vale ao conceito de crime do colarinho branco. Tecnicamente, não é isso, como 
acabamos de ver. Aos crimes do colarinho branco (crimes dos poderosos cometi-
dos no âmbito laboral) que permanecem desconhecidos ou, segundo algumas defi-
nições, em relação aos quais há uma indulgência do sistema persecutório penal, 
dá-se o nome cifra dourada.
Outras Cifras
• Cifra cinza: crimes que são de conhecimento das instâncias policiais, porém que não 
chegam a virar um processo penal. São casos, por exemplo, solucionados pelos pró-
prios policiais em sua atividade rotineira; ou na própria delegacia de polícia; ou com a 
renúncia da vítima ao direito de queixa ou representação. A cifra cinza demonstra que 
as polícias têm papel conciliador de conflitos e é, nesse aspecto, dotada de muito po-
der, pois exerce suas competências de tratar o fenômeno delitivo longe da supervisão 
direta das instâncias que seriam as intervenientes subsequentes do sistema de perse-
cução, como ministério público, defensoria pública, poder judiciário.
• Cifra amarela: casos em que as vítimas sofreram algum tipo de violência praticada por 
servidor público e deixaram, por temor, de denunciar o ilícito às unidades competentes 
pela apuração.
• Cifra verde: delitos que têm por objeto o meio ambiente e que não chegam ao conhe-
cimento policial ou não são processados porque impossível tentar descobrir a autoria.
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• Cifra rosa: crimes de caráter homofóbico que não chegam ao conhecimento das auto-
ridades.
1.4. formulações PosTeriores à associação diferencial
Em geral, o que as bancas pedem sobre Associação Diferencial é a teoria do Sutherland. 
Mas como eu disse no começo do tópico, a Teoria da Associação Diferencial faz parte de um 
grupo mais amplo, o das Teorias da Aprendizagem Social. Alguns autores, em seus manuais, 
diferenciam bem cada uma das teorias desse grupo, mas outros, como o Shecaira (que foi o 
meu orientador no mestrado em Criminologia da USP), tratam das outras teorias da aprendi-
zagem como correções, modificações a ampliações da teoria do Sutherland. Para não correr-
mos nenhum risco, vou fazer um rápido resumo das demais Teorias da Aprendizagem Social, 
já que elas podem ser cobradas como desdobramento da Teoria da Associação Diferencial.
1.4.1. Teoria da Identificação Diferencial
Essa teoria foi lançada em 1956 por Daniel Glaser, sociólogo estadunidense que fez dou-
torado na Universidade de Chicago e foi presidente da American Society of Criminology. Ele 
deu continuidade ao caminho trilhado por Sutherland.
Para Glaser, a consciência de si mesmo vai sendo formada desde a infância e está em 
constante evolução. Nesse processo, os indivíduos vão escolhendo papéis e mecanismos 
de racionalização. Glaser difere de Sutherland ao defender que não seriam necessárias inte-
rações diretas, de proximidade, para o aprendizado da conduta delitiva. O importante nesse 
processo é que o indivíduo se identifique com pessoas, grupos ou pautas de conduta para os 
quais o delito é aceitável. Como se trata de modelos – e não necessariamente de personagens 
concretos com quem deve haver interação –, Glaser aceita que esses personagens podem ser 
fictícios, imaginários, e que essa mediação pode ser feita pelos meios de comunicação4.
4 VIANA, Eduardo. Criminologia. 6 ed. Salvador: JusPodium, 2018. P. 282 e ss.
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1.4.2. Teoria da Neutralização
A teoria da neutralização foi desenvolvida em um artigo publicado em 1957 por outros dois 
criminólogos norte-americanos: David Matza e Gresham Sykes (também conhecido como 
Grex). Eles se debruçaram sobre a criminalidade juvenil e defenderam que os delinquentes 
não possuem outro sistema de valores, mas sim que compartilham do mesmo sistema de 
valores da sociedade. Chegaram a essa conclusão ao observar que grande parte dos crimino-
sos: sentem culpa e vergonha após o crime; demonstram respeito às pessoas que obedecem 
a lei; e são conscientes da ilegitimidade de seus comportamentos. Assim, além de terem que 
aprender as técnicas de cometimento do delito, os delinquentes têm que aprender a neutra-
lizar o comportamento delitivo. Eles vão desenvolvendo racionalizações e justificações para 
neutralizar a culpa que sentem ao violar um sistema de valores socialmente aceito.
São basicamente cinco as técnicas de neutralização empregadas:
• Negação da responsabilidade (não foi minha culpa): sua conduta é um acidente ou 
uma consequência natural das circunstâncias ao redor (lares desestruturados, bair-
ros violentos).
• Negação da lesão (eu achava que não faria mal a ninguém): sua conduta são atos de 
travessura inofensivos,tais como vandalismo, brigas de gangue, furto de uso.
• Negação da vítima (ele teve o que merecia): sua conduta é uma punição à vítima, que 
merecia o castigo. Esse raciocínio é empregado para justificar, por exemplo, crimes 
homofóbicos.
• Condenação dos condenadores (juízes e policiais são imbecis que implicam comigo): 
sua conduta é hipocritamente reprovada por condenadores parciais e corruptos.
• Apelo à lealdade (eu fiz isso em defesa de algo maior): sua conduta se justifica por va-
lores éticos superiores, como o nacionalismo em crimes de terrorismo5.
1.4.3. Teoria da Ocasião Diferencial
A teoria da ocasião ou oportunidade diferencial foi formulada na década de 1960 por dois 
criminólogos estadunidenses: Richard Cloward e Lloyd Ohlin. Eles concordavam que o crime 
era fruto de aprendizado, mas achavam que a ideia de aprendizagem de Sutherland era muito 
5 VIANA, Eduardo. Criminologia. 6 ed. Salvador: JusPodium, 2018, p. 287 e ss.
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simplista. Cloward e Ohlin defendiam que a aprendizagem não se concretiza de maneira uni-
forme entre as pessoas. O processo de aprender varia de acordo com as diferentes ocasiões 
(daí o nome da teoria), ou seja, de acordo com as circunstâncias e oportunidades que as pes-
soas vivenciam.
Haveria, para os autores, três grandes subculturas, no seio das quais o aprendizado seria 
distinto.
• Subcultura conflitual (conflict subculture): formada por pessoas isoladas do sistema 
institucionalizado, como migrantes e imigrantes. Nessa subcultura a violência seria um 
modo de aliviar a falta de comunicação e a frustração;
• Subcultura da fuga ou evasão (retreatist subculture): formada por pessoas que renun-
ciaram às metas (emprego, salário, moradia etc.) e se transformaram em usuários de 
drogas e álcool;
• Subcultura criminal (criminal subculture): subcultura mais aberta e formada por pesso-
as heterogêneas, com intenso contato e intercâmbio de experiências. Essa subcultura 
favoreceria a aprendizagem de pautas delitivas6.
Como ficará claro mais adiante, essa ideia dialoga também com a teoria de Albert Cohen, 
da subcultura delinquente, e com a teoria da anomia de Merton, sobretudo no que diz respeito 
ao abandono de metas. Por isso, alguns autores, como Figueiredo Dias, dizem que Cloward e 
Ohlin realizam uma das mais interessantes sínteses teóricas da Criminologia.
1.4.4. Teoria do Condicionamento Operante ou Reforço Diferencial
Robert Burgess e Ronald Akers, professores da Universidade de Washington, apresenta-
ram essa teoria em 1965. Para essa teoria, o comportamento criminal decorre do condicio-
namento operante, ou seja, de experiências passadas da vida. O condicionamento operante 
é a aprendizagem por meio das consequências da própria ação. A observação ou vivência 
de oportunidades passadas permite que o indivíduo decida se ele vai ou não praticar crimes. 
Ou seja, o reforço positivo (elogios, reconhecimento, fama) ou negativo (broncas, castigos, 
6 GARCÍA-PABLOS de Molina. GOMES, Luiz Flávio. Criminologia: introdução a seus fundamentos teóricos. 5 ed. São Paulo: 
RT, 2006, p. 277.
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penas) advindos das primeiras experiências são determinantes para que o comportamento 
alternativo seja eventualmente visto como aceitável e, logo, escolhido como curso de ação.
E tem mais um autor que é catalogado aqui. Talvez você se lembre do Jeffery. Ele apare-
ceu quando estudamos a explicação sociobiológica. Jeffery defende que a conduta humana 
deriva tanto de variantes ambientais quanto de genéticas e que a aprendizagem é, aliás, um 
processo psicobiológico que inclui mudanças na estrutura bioquímica e celular do cérebro.
Para Jeffery, portanto, o aprendizado tem componente ambiental (social) e genético (ce-
rebral, bioquímico), e um vai influenciando continuamente no outro. E para ele, o aprendizado 
também se dá por meio das consequências da própria ação. O comportamento delitivo está 
em contínuo processo de interação com o meio, recebendo reforços diferentes em cada caso, 
que determinarão as condutas futuras.
2. Teoria da anomia
Vamos analisar a teoria da anomia sob a ótica de dois grandes nomes: Émile Durkheim e 
Robert Merton. O termo anomia tem origem grega e significa ausência de leis.
2.1. Émile durkheim
Émile Durkheim foi um sociólogo francês do final do século XIX. Ele é considerado um dos 
principais teóricos da anomia. Sua teoria sociológica considera que um ser vivo só pode ser 
feliz e até mesmo viver se suas necessidades forem compatíveis com os meios para satisfa-
zê-las. No animal, o equilíbrio entre necessidades e meios depende de condições puramente 
materiais: é o organismo, o corpo que dita quais são as necessidades (respirar, se alimentar, 
se hidratar). No ser humano, a maioria das necessidades não depende do corpo. Afinal, para 
os seres humanos, além do mínimo necessário para a sobrevivência, existe o desejo de con-
dições melhores, de situações de bem-estar. Esse apetite por conforto em algum momento 
tem que encontrar limites, até mesmo porque desejos ilimitados são insaciáveis por definição 
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e geram um perpétuo estado de desconforto. E como esse limite não é dado pelo corpo, ele 
somente pode vir da sociedade.
Para Durkheim, então, a força reguladora externa ao indivíduo que limita os desejos é a 
sociedade, único poder moral superior ao indivíduo. A sociedade regula, ainda que nem sem-
pre por meio de norma jurídica, o máximo de bem-estar que cada classe social pode legitima-
mente procurar obter e cada um percebe vagamente o ponto extremo até onde podem ir suas 
ambições. O contentamento com essas regras gera prazer de existir e viver. O trabalhador não 
estará em harmonia com sua função social se não estiver convencido de que é mesmo aquela 
a função que deve ter. Ou seja, essa disciplina que a sociedade exerce só é útil se for consi-
derada justa pelos povos submetidos a ela, se for reconhecida como equitativa pela grande 
maioria das pessoas.
Há momentos, explicaDurkheim, em que a sociedade atravessa transformações. Nesses 
transtornos, a sociedade perde a capacidade de exercer seu papel de freio moral. Não importa 
se se trata de uma crise dolorosa ou de uma transformação boa, afortunada, com pujança 
econômica. Em qualquer caso, como as condições de vida mudam, a escala segundo a qual 
as necessidades eram reguladas já não pode permanecer a mesma. Leva tempo até que seres 
humanos e coisas sejam novamente classificados pela consciência pública.
A anomia é esse estado de desregramento ou desintegração das normas sociais, produ-
zindo uma situação de transgressão ou de pouca coesão7. São, por exemplo, aquelas situa-
ções em que não se sabe quais as normas vigentes ou em que uma norma positivada deixa 
de ser amplamente observada pela sociedade. Para Durkheim, o crime se torna um problema 
quando existe uma situação de anomia. Caso contrário, o crime é um fenômeno relativamente 
normal. Afinal, ele ocorre em todas as sociedades, de todos os tipos e muitos índices crimi-
nais vêm aumentando significativamente ao longo da história social. Por isso, ele diz: “Não há 
fenômeno que apresente de maneira mais inconteste todos os sintomas da normalidade. (...) 
7 DURKHEIM, Émile. O suicídio: estudo de sociologia. São Paulo: Edipro, 2014, p. 249.
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Sem dúvida, pode ser que o crime tenha formas anormais; é o que ocorre quando, por exem-
plo, ele atinge uma taxa exagerada”8.
Para Durkheim, além de normal, o crime é útil. Para entender esse ponto é importante 
compreender suas ideias sobre a consciência coletiva, que é um conjunto de crenças e sen-
timentos comuns à média dos membros de uma sociedade e que tem vida própria. A consci-
ência coletiva não é simplesmente a soma de todas as consciências individuais. Ela depende 
das consciências individuais, mas não se confunde com elas. Nas sociedades arcaicas, em 
que as pessoas diferem pouco umas das outras, existe uma solidariedade por semelhança, 
mecânica. Nessas sociedades, os membros têm sentimentos parecidos e por isso diz-se que 
a consciência coletiva abrange a maior parte das consciências individuais, ainda que com 
elas não se confunda. Nas sociedades contemporâneas, os indivíduos são menos parecidos 
entre si. Cada um age de acordo com sua liberdade de crença e ação. Aqui, Durkheim fala em 
solidariedade orgânica. Nessas sociedades, a consciência coletiva tem sua amplitude reduzi-
da. O crime é útil porque permite que a consciência coletiva evolua.
O crime é, portanto, necessário; ele está ligado às condições fundamentais de toda vida social, 
mas por isso mesmo, ele é útil. Pois estas condições são indispensáveis para a evolução normal 
da moral e do direito. (...) A liberdade de pensar de que gozamos atualmente jamais poderia ter sido 
proclamada, se as regras que a proibiam não tivessem sido violadas antes de serem solenemente 
revogadas.9
Como o crime é considerado útil, portador de uma função – a de reforçar a solidariedade da 
sociedade – essa teoria tem forte traço funcional. Uma sociedade sem crimes é pouco de-
senvolvida para Durkheim.
Do mesmo modo como o crime é algo natural, a sanção também é algo normal. A função 
da pena é satisfazer a consciência coletiva, ferida com o crime, mantendo intacta a coesão 
social. Assim, o castigo do condenado age nas pessoas honestas, já que serve para curar a 
8 DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Edipro, 2014, p. 82-83.
9 DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Edipro, 2014, p. 87.
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ferida feita nos sentimentos coletivos que somente residem nos indivíduos corretos. Mas a 
pena segue sendo, ao menos em parte, uma vingança, pois é uma reação passional institu-
cionalizada – e que reforça a coesão social.
2.2. roBerT merTon
Além de Durkheim, outro nome importante para a teoria da anomia na criminologia é o do 
sociólogo estadunidense Robert Merton, que viveu de 1910 a 2003. Ele adaptou a teoria do 
Durkheim para a sociedade norte-americana da década de 1930, que vivia o American Dream.
Merton defendeu, em artigo lançado em 1938, que as estruturas sociais e culturais são 
compostas de vários elementos, dois dos quais são de fundamental importância: os objetivos 
e os meios.
Os objetivos são as metas, propósitos, interesses (Ex.: comprar uma casa; ter um carro; 
viajar para o exterior todo ano). Eles são social e culturalmente ordenados em uma escala de 
valores.
Os meios, por sua vez, definem, regulam e controlam as maneiras consideradas aceitáveis 
para o atingimento dos objetivos (Ex.: trabalhar em troca de um bom salário para poder adqui-
rir seus bens; praticar fraudes).
Segundo Merton, os meios são sempre limitados pelas normas instituídas. Ou seja: nem 
todas as maneiras de se atingir um objetivo são toleradas, lícitas.
Os objetivos culturalmente definidos e os meios considerados válidos pelas normas ins-
tituídas operam em conjunto. Mas a relação entre os objetivos e os meios é uma relação in-
constante. Às vezes, a cultura de uma sociedade coloca muita ênfase na importância de que 
se atinja um certo objetivo, mas não fornece os meios correspondentes para que o êxito se dê. 
Isso é particularmente visível nas situações em que a estrutura cultural impõe aos cidadãos 
padrões de consumo e riqueza, mas a estrutura social não fornece condições para que os 
indivíduos enriqueçam ou consumam do modo como se espera.
Os objetivos e meios têm, entre outras, a função de fornecer uma base de previsibilidade e 
regularidade do comportamento das pessoas em sociedade. Quando esses elementos estão 
dissociados, a efetividade dessas funções fica limitada. No limite, quando a previsibilidade 
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das condutas num grupo social é minimizada, por esse espaçamento entre os objetivos e os 
meios, está configurada a anomia, que também pode ser chamada de caos cultural.
Para lidar com os objetivos e meios, os indivíduos procedem a adaptações individuais, 
que podem serde cinco tipos10:
Modos de Adaptação Objetivos ou Metas Culturais Meios Instituídos
Conformidade + +
Inovação + -
Ritualismo - +
Retração - -
Rebelião ± ±
• Conformidade: os indivíduos se adaptam (+) aos objetivos culturais e (+) aos meios 
existentes. Quando temos uma sociedade estável, esse é o tipo mais comum de adap-
tação.
• Inovação: a ênfase cultural muito forte no objetivo de sucesso convida a esse tipo de 
adaptação, que ocorre pelo uso de meios proibidos, porém efetivos, para se alcançar 
ao menos um simulacro do sucesso, ou seja, riqueza e poder. Esses indivíduos aceitam 
(+) a meta “sucesso”, mas não aceitam (-) se valer dos meios permitidos, regulados 
pelas normas. Aqui reside um tipo de delinquência. É aqui, especificamente, que se fala 
em anomia, como não aceitação das regras que limitam os meios para o alcance das 
metas.
• Ritualismo: os indivíduos abandonam ou diminuem gradualmente (-) as metas de su-
cesso pecuniário e mobilidade social para um ponto em que podem ser atingidas; e, ao 
mesmo tempo, continuam obedecendo (+) quase compulsivamente às normas institu-
ídas.
• Retração: esses indivíduos rejeitam (-) tanto os objetivos culturais como (-) os meios institu-
ídos. Eles abdicam dos objetivos estabelecidos pela sociedade e adotam comportamentos 
10 MERTON, Robert K. On Social Structure and Science. Chicago: The University of Chicago Press, 1996, p. 139.
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em desacordo com as normas instituídas, de modo que estão em constante escapismo 
da realidade. É o caso, segundo Merton, dos psicóticos, autistas, marginais, mendigos, 
pedintes, alcoólatras crônicos, viciados em drogas.
• Rebelião: essas pessoas não aceitam a estrutura social reinante, mas imaginam e pro-
curam dar vida (±) a uma estrutura modificada. A rebelião envolve necessariamente 
ação, transformação dos valores, também chamada de transvaloração. É uma espécie 
de adaptação coletiva, em que se deseja instalar uma estrutura social onde haveria 
correspondência entre mérito, esforço e recompensa.
Esse esquema de Robert Merton foi, posteriormente, ampliado e aprofundado por Talcott 
Parsons, que, em 1951, criou a teoria do sistema social. Ele substituiu as duas variáveis de 
Merton (objetivos e meios) por outras três duplas de fatores: atividade e passividade; pre-
domínio conformativo e predomínio alienativo; e orientação para objetos sociais e orienta-
ção para normas. A combinação desses fatores ditará qual o tipo de resposta – delitiva por 
exemplo – que uma pessoa dará a uma situação em que há uma perturbação no quadro de 
expectativas. A teoria de Parsons é complexa e nunca foi cobrada em detalhes em provas. O 
que as bancas cobram é que o candidato saiba que ela é uma teoria da anomia e, portanto, 
do consenso.
3. Teoria da suBculTura delinquenTe
Essa teoria se desenvolveu a partir da obra Delinquent boys, publicada por Albert Cohen 
em 1955. Para ele, toda sociedade é internamente diferenciada em numerosos subgrupos. 
Esses subgrupos possuem maneiras de pensar e agir: que lhe são peculiares; que as pesso-
as somente podem adquirir participando desses grupos; e que alguém raramente deixará de 
adquirir se for um participante verdadeiro do grupo. Essas culturas dentro das culturas são 
as subculturas. Ele explica que a subcultura delinquente se tornou comum em certos grupos 
da sociedade norte-americana, que são as gangues de meninos que floresceram visivelmen-
te nos bairros delitivos das grandes cidades americanas. Quando crescem, alguns membros 
de gangues passam a cumprir as leis, enquanto outros se profissionalizam no crime, mas, 
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independentemente disso, a tradição delitiva é mantida viva pelos jovens que os sucedem nos 
grupos.
A subcultura delinquente surge como um meio de lidar com problemas de ajuste: certas 
crianças e adolescentes não conseguem preencher os critérios do sistema de status respei-
tável na sociedade. A subcultura delinquente fornece outros critérios de status, esses sim, 
possíveis de serem alcançados por esses jovens, que são em sua maioria meninos da classe 
baixa. Eles se juntam em grupos – as gangues – e nesses grupos praticam diversas ativida-
des, algumas delas delitivas.
A subcultura aceita alguns valores predominantes, mas também expressa sentimentos e 
crenças exclusivos de seus grupos. A subcultura é, como se vê, bastante típica da juventude. 
Os grupos subculturais aceitam, por exemplo, que seus integrantes façam algazarra, van-
dalismo, obscenidades. Os punks, skinheads, hooligans, as gangues são citados por Cohen 
como exemplos de grupos de subcultura.
Um argumento central para a teoria da subcultura delinquente é a existência de diferenças 
essenciais entre a criminalidade subcultural e a criminalidade em geral. A subcultura, típica 
das gangues, valoriza o não utilitarismo, a malícia, o negativismo, a versatilidade, o hedonis-
mo de curto prazo e a autonomia de grupo:
• Não utilitarismo: eles cometem furtos não como uma atitude racional e utilitária. Eles 
roubam porque estão a fim, sem qualquer consideração sobre lucro ou ganho, mas sim 
porque é uma atividade que implica renome, satisfação e valentia naquele grupo. Não 
há explicação racional ou utilitária para o esforço que se emprega e o risco que se corre 
em roubar coisas que muitas vezes acabam sendo descartadas, destruídas ou doadas.
• Malícia: por toda parte, há um tipo de malícia aparente, um prazer no desconforto 
alheio, um deleite em desafiar tabus, uma hostilidade gratuita direcionada aos adultos 
e a quem não é da gangue.
• Negativismo: a subcultura delinquente não é apenas um conjunto de regras que é di-
ferente ou em conflito com as normas dos adultos respeitáveis da sociedade. Ela é 
definida por sua polaridade negativa em relação a essas normas. A subcultura pega 
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emprestadas as normas da cultura geral e as vira de ponta cabeça. A conduta do de-
linquente é correta pelos padrões de sua subcultura exatamente porque elaé errada 
segundo as normas da cultura geral.
• Versatilidade: não há uma tendência à especialização. As gangues cometem furtos, 
vandalismo, danos, invasão de domicílio, com vítimas as mais variadas.
• Hedonismo de curto prazo: não há interesse em metas de longo prazo, atividades pla-
nejadas ou que envolvam conhecimento e habilidade que somente possam ser adqui-
ridos com tempo de estudo, dedicação e prática. Os membros das gangues apenas se 
reúnem em alguma esquina sem nenhuma atividade específica em mente.
• Autonomia de grupo: as relações entre os membros da gangue tendem a ser solidárias 
e prementes. As relações com outros grupos tendem a ser indiferentes, hostis ou rebel-
des. Para eles, as gangues são um foco irresistível de atração, lealdade e solidariedade, 
e é exatamente isso que é a essência da subcultura.
Por ter focado na criminalidade juvenil dentro desses grupos de meninos, uma das críti-
cas mais frequentes que a teoria da subcultura recebe é exatamente a de não ter conseguido 
fornecer uma explicação mais abrangente da criminalidade.
4. quadro sinóPTico das Teorias do consenso
Teoria Autores Ideia Principal
Escola de Chicago
Robert Park
Ernest Burgess
Clifford Shaw
Henry McKay
(1920-1930)
Desorganização social das grandes cidades
Controle social informal enfraquecido
Associação Diferencial Edwin Sutherland (1940)
Crime é aprendizado
Crime do colarinho branco
Anomia
Émile Durkheim (fim séc. 
XIX)
Robert Merton (1938)
Crime é normal e útil, a não ser quando ultra-
passados certos limites
Descompasso entre meios e objetivos
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Subcultura Delinquente Albert Cohen (1955)
Gangues são subculturas delinquentes
Não utilitarismo da ação, malícia, versatili-
dade, negativismo, hedonismo de curto prazo 
e autonomia de grupo
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CRIMINOLOGIA
RESUMO
Teoria da Associação Diferencial
Insere-se nas Teorias da Aprendizagem Social. O principal autor foi Edwin Sutherland, so-
ciólogo norte-americano. No começo dos anos 40, Sutherland defendeu que o crime não é co-
metido somente por pessoas menos favorecidas. As pessoas aprendem a conduta desviada e 
se associam com outras pessoas tendo por base essa conduta. O processo de comunicação, 
é fundamental. A pessoa se torna criminosa quando as definições favoráveis à violação da 
norma superam as definições desfavoráveis, em um processo de imitação.
Crime do colarinho branco (White-collar crime): Sutherland cunhou a expressão (white 
collar crime) em 1939. É o crime cometido no âmbito da profissão por uma pessoa de respei-
tabilidade e elevado estatuto social. A razão pela qual esses crimes são cometidos é a mesma 
da criminalidade dos pobres: aprendizado somado a definições favoráveis à violação da lei. 
Crimes difíceis de se detectar ou sancionar, em virtude da “imunidade do negócio”. Crimes 
com efeitos significativos, porém difusos. É um tipo de criminalidade organizada praticada 
pelos homens de negócio.
Crime do colarinho branco no Brasil: O tema está, atualmente, em franca evidência. A 
Operação Lava Jato é citada como exemplo de quebra de paradigma. Banestado e Mensa-
lão foram importantes precedentes. Algumas leis foram importantes para essa alteração de 
cenário, como a Lei dos Crimes de Colarinho Branco (Lei n. 7.492/86) e a Lei de Lavagem 
de Dinheiro (Lei n. 9.613/98). Impunidade deixou de ser uma certeza para os poderosos, 
políticos ou financeiros.
Cifras da Criminalidade
Cifra negra: crimes que não chegam ao conhecimento das autoridades, pelas mais diver-
sas razões.
Cifra dourada: delitos cometidos pelos poderosos que ficam impunes.
Cifra cinza: crimes que são de conhecimento das instâncias policiais, porém que não che-
gam a virar um processo penal.
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Cifra amarela: casos em que as vítimas sofreram algum tipo de violência praticada por 
servidor público e deixaram, por temor, de denunciar o ilícito às unidades competentes pela 
apuração.
Cifra verde: delitos que têm por objeto o meio ambiente e que não chegam ao conheci-
mento policial ou não são processados porque impossível tentar descobrir a autoria.
Cifra rosa: crimes de caráter homofóbico que não chegam ao conhecimento das au-
toridades.
Teoria da Identificação Diferencial: Daniel Glaser, sociólogo (EUA), 1956. Não seriam ne-
cessárias interações diretas para o aprendizado da conduta delitiva. O importante nesse pro-
cesso é que a pessoa se identifique com pessoas, grupos ou pautas de conduta, reais ou 
fictícias, para os quais o delito é aceitável. A mediação pode ser feita pelos meios de comu-
nicação.
Teoria da Neutralização: David Matza e Gresham Sykes, criminólogos (EUA), 1957. Anali-
saram a criminalidade juvenil. Os delinquentes compartilham do mesmo sistema de valores 
da sociedade e têm que aprender a neutralizar o comportamento delitivo. Há 5 técnicas de 
neutralização: negação da responsabilidade; negação da lesão; negação da vítima; condena-
ção dos condenadores; e apelo à lealdade.
Teoria da Ocasião Diferencial: Richard Cloward e Lloyd Ohlin, criminólogos (EUA), 1960. A 
aprendizagem não se concretiza de maneira uniforme entre as pessoas. Haveria três grandes 
subculturas: subcultura conflitual (conflict subcluture); subcultura da fuga ou evasão (retrea-
tist subculture); subcultura criminal (criminal subculture).
Teoria do Condicionamento Operante ou Reforço Diferencial: Robert Burgess e Ronald 
Akers, criminólogos (EUA), 1965. O comportamento criminal decorre do condicionamento 
operante, ou seja, de aprendizagem por meio das consequências da própria ação.
Para Jeffery (EUA, 1978) o aprendizado tem componente ambiental (social) e genético 
(cerebral, bioquímico), e um vai influenciando continuamente no outro. O aprendizado se dá 
por meio das consequências da própria ação (reforços positivos ou negativos determinam 
condutas futuras).
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