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Introdução à Farmacologia

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FARMACOLOGIA GERAL
PROF.A DRA. RENATA SESPEDE MAZIA
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-reitor: 
Prof. Me. Ney Stival
Diretor de Ensino a Distância: 
Prof. Me. Fábio Oliveira Vaz
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Gabriela de Castro Pereira
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim 
Mariana Tait Romancini 
Produção Audiovisual:
Heber Acuña Berger 
Leonardo Mateus Gusmão Lopes
Márcio Alexandre Júnior Lara
Gestão da Produção: 
Kamila Ayumi Costa Yoshimura
Fotos: 
Shutterstock
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de 
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios 
não vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande 
responsabilidade sobre as escolhas que 
fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida 
acadêmica e profissional, refletindo diretamente 
em nossa vida pessoal e em nossas relações 
com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade 
é exigente e busca por tecnologia, informação 
e conhecimento advindos de profissionais que 
possuam novas habilidades para liderança e 
sobrevivência no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a 
Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, 
capaz de formar cidadãos integrantes de uma 
sociedade justa, preparados para o mercado de 
trabalho, como planejadores e líderes atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
1 - COMPREENDENDO A FARMACOLOGIA ............................................................................................................. 5
1.1.A SIMBOLOGIA DA FARMÁCIA ............................................................................................................................ 5
1.2.CONCEITOS BÁSICOS .......................................................................................................................................... 6
1.3. DESCOBERTA, DESENVOLVIMENTO E COMERCIALIZAÇÃO FARMACÊUTICA ........................................... 10
1.3.1. EXPERIMENTAÇÃO DAS PLANTAS VERSUS QUÍMICA MODERNA ........................................................... 10
1.3.2. PESQUISA DE NOVOS FÁRMACOS ............................................................................................................... 11
1.3.3. PESQUISA PRÉ-CLÍNICA DO DESENVOLVIMENTO DE UM FÁRMACO .................................................... 12
2 - ENSAIOS CLÍNICOS E O PAPEL DO FDA E ANVISA NO DESENVOLVIMENTO DE UM FÁRMACO .............. 13
3 - ÉTICA EM PESQUISA FUNDADA NOS DIREITOS HUMANOS ........................................................................ 15
4 - O QUE É TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)? ................................................... 17
5 - ENSAIOS CLÍNICOS NO BRASIL ........................................................................................................................ 17
FARMACOLOGIA GERAL
PROF.A DRA RENATA SESPEDE MAZIA
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
FARMACOLOGIA GERAL
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INTRODUÇÃO
Este material tem grande importância para a boa atuação dos profissionais de saúde. 
Tem como objetivo inicial inserir os conceitos básicos e clínicos fundamentais para o estudo da 
farmacologia e favorecer, de início, uma visão crítica sobre a descoberta, o desenvolvimento e a 
comercialização de um fármaco. 
É necessário compreender como o medicamento atua no organismo, seus benefícios, 
riscos, as formas farmacêuticas e as maneiras de administrá-lo corretamente, para que, ao final 
do processo, os objetivos do tratamento medicamentoso sejam alcançados. Uma dose errada, um 
horário errado, uma administração incorreta, uma interação ou toxicidade medicamentosa pode 
vir a culminar com a morte do paciente e acarretar problemas aos profissionais envolvidos.
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1 - COMPREENDENDO A FARMACOLOGIA
1.1.A Simbologia Da Farmácia
A origem do símbolo da farmácia remonta a Antiguidade, sendo parte da mitologia 
grega. É representado pela taça com a serpente enrolada (Figura 1). A cobra representa o poder, 
a ciência, a sabedoria e a transmissão do conhecimento compreendido de forma sábia e a taça 
simboliza a cura, segundo CFF (2008).
Figura 1- Símbolo da farmácia, representando “o poder da cura”. Fonte: (CFF, 2008).
A simbologia, a mitologia sempre foi um campo vasto para o ser humano poder 
colocar seu maior dom em prática: a criatividade. Inventam-se histórias, mitos, 
para explicar os fenômenos da vida e da natureza. A farmácia, como arte milenar, 
não poderia ser diferente. Na Resolução do Conselho Federal de Farmácia n. 471/ 
2008 encontra-se descrito a lenda do centauro: de Asclépio e Hígia (CFF, 2008).
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Farmacologia tem origem grega, farmakon significa drogas e logos, estudo. Portanto, é a 
ciência que estuda os efeitos de uma substância química sobre a função dos sistemas biológicos, 
fundamentalmente dependente da interação droga/organismo, resultando em um efeito benéfico 
(medicamento) ou maléfico (tóxico). A farmacologia é uma ferramenta indispensável para os 
profissionais da área de saúde que lidam direta e indiretamente com a prescrição médica. O 
conhecimento dela, alicerçado em diversos conceitos, possibilita o entendimento desta ciência, 
expõe CFF (2008).
1.2.Conceitos Básicos
• Droga: é qualquer substância que cause alguma alteração no funcionamento do 
organismo, com ou sem intenção benéfica. Têm origem diversificada, podendo vir dos três reinos, 
animal, vegetal e mineral, explica Taveira (2014).
• Fármaco: é qualquer uma substância que tem uma estrutura química já definida e, 
devido a imensos estudos, são conhecidos os seus efeitos no organismo, ou seja, propriedades 
ativas. Tem como finalidade o uso para um efeito terapêutico no organismo. Pensando assim, 
podemos chegar à conclusão de que todo fármaco é uma droga, mas nem toda droga é um 
fármaco, declara Taveira (2014). 
Reflita a diferença entre droga e fármaco
Observe os exemplos a seguir para entender melhor a diferença entre droga e 
fármaco. 
Exemplo 1 – Diclofenaco Sódico 
( V ) é uma droga
( V ) é um fármaco
O diclofenaco sódico, é um fármaco classificado como anti-inflamatório não-
esteroide (AINE) que ocasiona efeitos terapêuticos no organismo. Mas, 
observando o conceito de droga “que é mais generalista”, o diclofenaco também 
pode ser considerado uma droga, porque é uma substancia que causa alterações 
no organismo. 
Exemplo 2 – Exctasy 
 ( V ) é uma droga
 ( F ) é um fármaco
O exctasy, por exemplo, causa alterações no nosso corpo, mas nenhum dos efeitos 
observados pode ser considerado terapêutico, ou seja, essa substância é uma 
droga, mas não um fármaco.
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• Medicamento: é quando ao fármaco (ativo) são adicionados os componentes (corantes, 
emulsificantes, líquidos e outros) para que seja administrado terapeuticamente. São produtos 
feitos a partir de fármacos que têm como objetivo um efeito benéfico. São produzidos para fins 
comerciais com finalidade terapêutica. Para tanto, essa produção não é de forma desordenada; 
existem normas e controle da fabricação pela AgênciaNacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) 
e supervisão dos processos de produção por um farmacêutico, define Taveira (2014).
• Remédio: tem um conceito um pouco mais amplo, pois abrange qualquer coisa que faça 
o indivíduo se sentir melhor, desde um medicamento até uma massagem, fisioterapia, fé, crenças 
e outros. Preparações caseiras também são consideradas remédios, mas não medicamentos. Ou 
seja, os benefícios ao indivíduo podem vir de várias formas. Com isso, podemos concluir que: 
Todo medicamento é um remédio, mas nem todo remédio é um medicamento, afirma Taveira 
(2014)
• Forma farmacêutica: forma de apresentação do medicamento: comprimidos, capsulas, 
xaropes, comenta Taveira (2014).
  Substância Efeito
Droga Qualquer Qualquer
Fármaco Definida (propriedade ATIVA) Terapêutico
Medicamento Ao fármaco se adiciona componentes Terapêutico
Forma Farmacêutica Forma final de como o medicamento se apresenta. Ex. comprimido, cápsula...
Tabela 1 - Conceitos básicos em farmacologia: Substância x Efeito. Fonte: MAZIA(2018).
Veja se você se sente apto a compreender a diferença entre remédio, medicamento, 
fármaco e droga e siga nos estudos.
• Medicamento de Referência: Medicamento inovador registrado no órgão federal 
responsável pela vigilância sanitária e comercializado no País, cuja eficácia, segurança e qualidade 
foram comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do registro. 
A eficácia e a segurança do medicamento de referência são comprovadas por estudos clínicos, 
declara CRF-MS (2014).
• Medicamento Similar: Contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, apresenta 
mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação 
terapêutica. Desde 2003 passou a comprovar a equivalência com o medicamento de referência 
registrado na Anvisa, expõe CRF-MS (2014).
Seu registro só é liberado e publicado pela Anvisa mediante á apresentação dos testes de 
equivalência farmacêutica e de biodisponibilidade relativa exigidos pelo Ministério da Saúde no 
cumprimento da Resolução RDC nº 72, de 7 de abril de 2004. No entanto, não é realizado o teste 
de bioequivalência. Este teste de bioequivalência garante a intercambialidade dos genéricos e 
devido a isto os medicamentos similares não são intercambiáveis. (CRF-MS, 2014). 
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Caso o similar, baseado novas legislações, apresentem os testes de biodisponibilidade 
relativa e equivalência farmacêutica (igualmente ao genérico), poderá ser intercambiável com 
o referencia. Atenção a intercambialidade entre genérico e similar não é permitida, mostra 
ANVISA (2007).
• Medicamento Genérico - O medicamento genérico é aquele que contém o mesmo 
princípio ativo, na mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e 
com a mesma indicação terapêutica do medicamento de referência. O genérico já é intercambiável 
pela norma atual (CRF-MS, 2014).
Figura 2 – Diferença entre medicamentos de referencia, genérico e similar. Fonte: (MAZIA, R.S.; 2018).
• Intercambialidade - A intercambialidade pode ocorrer somente entre medicamento de 
referência e genérico e/ou medicamento de referência e similar. Para a troca entre o medicamento 
de referência e similar, a intercambialidade funciona por meio de uma lista publicada no site da 
Anvisa, onde o órgão anuncia o nome dos medicamentos similares equivalentes que podem ser 
trocados por medicamentos de referência. Nesta lista estão inclusos medicamentos similares que 
comprovaram os testes de biodisponibilidade relativa e equivalência farmacêutica igualmente ao 
genérico, fato que confere segurança e gera mais confiança na comunidade médica e na população.
• Janela terapêutica: faixa entre a dose mínima eficaz e máxima eficaz, comenta 
Goodmam & Gilman (2012).
Figura 3 – Janela terapêutica. Eixo X-tempo; eixo Y- concentração plasmática de um fármaco e linha azul- 
biodisponibilidade almejada para o fármaco. Fonte: Mazia (2018)
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• Equivalência farmacêutica: Teste feito “in vitro” (não envolve seres humanos), o teste 
comprova a fórmula farmacológica do produto. Segundo a legislação brasileira, o medicamento 
similar deve ser equivalente farmacêutico ao respectivo medicamento de referência. Ou seja, 
deve conter o mesmo fármaco, na mesma dosagem e forma farmacêutica. Esse teste vai mensurar 
se a fórmula foi seguida ou não pelo fabricante de similar, na comparação com a medicação de 
referência, coloca ANVISA (2007).
Duas formulações são terapeuticamente equivalentes se elas são equivalentes 
farmacêuticos, isto é, se apresentam a mesma dosagem, contêm a mesma substância ativa e são 
indicadas pela mesma via de administração, com perfis clínicos e de segurança similares. A 
eficácia clínica com frequência depende da concentração sérica máxima e do tempo necessário 
[após a administração] para alcançar o pico de concentração. Portanto, dois fármacos que são 
bioequivalentes podem não ser terapeuticamente equivalentes, aponta Whalen e Panavelil (2016).
• Bioequivalência: O teste de bioequivalência é a demonstração de que o medicamento 
similar ou genérico e seu respectivo medicamento de referência apresentam a mesma 
biodisponibilidade no organismo. A bioequivalência, na grande maioria dos casos, assegura que 
o medicamento é equivalente terapêutico do medicamento de referência, ou seja, que apresenta 
a mesma eficácia clínica para resolução da doença que está sendo tratada, esclarece ANVISA 
(2007).
Duas formulações de fármacos são bioequivalentes se elas apresentam biodisponibilidades 
comparáveis e tempos similares para alcançar o pico de concentração plasmática Whalen e 
Panavelil (2016).
• Biodisponibilidade: O teste de biodisponibilidade significa estudar a quantidade 
absorvida e a velocidade do processo de absorção do fármaco contido no similar e liberado 
no organismo humano ao ser ingerido. Quando dois medicamentos apresentam a mesma 
biodisponibilidade no organismo, sua eficácia clínica é considerada comparável ou compatível, o 
que permite a intercambialidade, afirma ANVISA (2007).
• Farmacocinética estuda a correlação do organismo com o fármaco, ou seja, em qual ponto 
ocorre a absorção, locais no qual o fármaco se acumula no organismo, rota de biotransformação e 
onde ocorre a sua excreção. É muito aplicada para determinação adequada da posologia, reajuste 
posológico, interpretação de resposta inesperada ou ausência de efeito, melhor compreensão da 
ação dos fármacos e uso racional de fármacos, evidencia Le Jennifer (2018). 
• Farmacodinâmica estuda a correlação do fármaco com o organismo, quais processos 
fisiológicos são afetados pelos fármacos, com isso pode-se afirmar que o foco da farmacodinâmica 
é o local e mecanismo de ação, relação entre concentração e magnitude do efeito, variação de 
efeitos e respostas, aponta Le Jennifer (2018). Portanto, a correlação entre farmacocinética e 
farmacodinâmica são fundamentais para no planejamento clinico da terapêutica.
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Figura 4 - Correlação dos processos farmacocinéticos e farmacodinâmicos. Fonte: Mazia (2018).
1.3. Descoberta, Desenvolvimento e Comercialização Far-
macêutica
1.3.1. Experimentação das plantas versus química moderna
A fascinação do homem pelas substâncias químicas que alteram funções biológicas é antiga 
e resultado da sua experimentação e da dependência das plantas. Ainda que vários organismos 
terrestres e marinhos continuem sendo fontes valiosas de compostos de ocorrência natural com 
várias atividades farmacológicas, incluindo especialmente os efeitos letais em microrganismos 
e células eucarióticas, a invenção de fármacos por síntese passou a ser uma opção melhor com 
o desenvolvimento da química orgânica sintética que floresceu nos últimos 150 anos, coloca 
Goodmam & Gilman (2012).O desenvolvimento da tecnologia do DNA recombinante permitiu 
a síntese de proteínas de vários organismos (bactérias, leveduras) e de células de mamíferos, no 
início da década de 1980, enfatiza Soares (2009).
Enquanto no passado a descoberta de fármacos resultava de observações acidentais do 
efeito de extratos de plantas ou substâncias individuais administradas a animais ou ingeridas 
pelo homem, a abordagem atual se apoia no escrutínio altamente focalizado de bibliotecas 
químicas contendo centenas de milhares ou mesmo milhões de compostos capazes de interagir 
com um alvo molecular específico ou de produzir uma determinada resposta. As bibliotecas 
químicas são sintetizadas usando técnicas modernas de síntese química orgânica, como a 
química combinatorial que cria grandes coleções de substâncias químicas relacionadas, as quais 
podem ser testadas quanto a atividade em sistemas altamente específicos. A síntese orientada na 
diversidade também tem valor óbvio, pois os produtos naturais são fontes de estruturas químicas 
novas e as vezes extremamente complexas, cita Kola e Rafferty (2002).
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Químicos qualificados sintetizam derivados da molécula promissora fazendo substituições 
nas posições acessíveis e desta forma começam a definir as relações entre a estrutura química e a 
atividade biológica. Vários parâmetros podem exigir aperfeiçoamento, incluindo a afinidade pelo 
alvo, atividade agonista/antagonista, permeabilidade através de membranas celulares, absorção e 
distribuição no organismo, metabolismo do fármaco e efeitos adversos. Enquanto esta abordagem 
era, no passado, realizada largamente por instinto, ensaio e erro, o moderno desenvolvimento 
dos fármacos frequentemente usa a vantagem da determinação da estrutura de alta resolução do 
suposto fármaco ligado ao seu alvo, comenta Kola e Rafferty (2002).
A cristalografia de raios X oferece informações estruturais pormenorizadas se a proteína 
alvo pode ser cristalizada com o fármaco principal ligado a ela. Usando técnicas de modelagem 
molecular e química computacional, a estrutura municia o químico com informações sobre as 
substituições que provavelmente melhoram o ajuste do fármaco com seu alvo e, assim, aumentam 
sua afinidade. Outra técnica valiosa para aprender a estrutura de um complexo fármaco-receptor 
é a espectroscopia de ressonância magnética (RM). A grande vantagem desta abordagem na 
invenção de fármacos é que o sucesso pode ser alcançado inteiramente por meio de computação, 
assevera Soares (2009). 
Figura 4 – Ferramentas utilizadas para obtenção de moléculas com potencial terapêutico a partir de 
compostos naturais. Fonte: Mazia (2018).
1.3.2. Pesquisa de novos fármacos
Para que uma droga seja aprovada como medicamento para ser humano, são necessárias 
várias etapas, que podem se prolongar por mais de uma década. A vida de um fármaco passa por 
fases, conforme Silva (2009): 
1) Descoberta ou fase pré-clínica, caracterizada pela ideia, síntese da molécula potencial, 
testes em laboratório in vitro e in vivo (animais), expõe Silva (2009).
2) Desenvolvimento ou fase clínica, em que o fármaco é testado primeiramente em 
indivíduos saudáveis para avaliar a segurança do fármaco (fase I) e posteriormente em indivíduos 
doentes para analisar a eficácia (fase II). Nesta etapa, também inclui os estudos multicêntricos, 
em que o fármaco é estudado em populações por diferentes centros de pesquisa especializados 
(fase II), coloca Silva (2009).
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3) Comercialização
Figura 5 – Fases das pesquisas clínicas e pré-clínicas necessárias para a descoberta, desenvolvimento e 
comercialização de um fármaco. Fonte: Mazia (2018).
1.3.3. Pesquisa pré-clínica do desenvolvimento de um fármaco
Após a invenção de uma molécula potencial que interage com um alvo validado e altera 
sua função da forma desejada é preciso considerar também todos os aspectos da molécula em 
questão sua afinidade e seletividade para interagir com o alvo, suas propriedades farmacocinéticas, 
questões como a síntese em larga escala ou purificação a partir de fontes naturais, suas propriedades 
farmacêuticas (estabilidade, solubilidade, questões de formulação) e sua segurança para então 
seguir a pesquisa clínica, explica Dimasi (1995).
 O estudo pré-clínico tem duração de três a seis anos. Em um primeiro momento, a 
nova droga é testada em laboratório, por meio de sua interação com células. Nesta fase, muitas 
moléculas apresentam propriedades promissoras. No entanto, estima-se que, para cada 5 a 10 mil 
substâncias analisadas, só uma vai vencer todas as fases seguintes de pesquisa e efetivamente ter 
efeito como medicação. As substâncias que apresentam bons resultados nos testes com culturas 
de células são testadas, na etapa seguinte, em animais doentes, comenta Dimasi (1994). Antes 
de serem administrados em humanos, os fármacos potenciais são testados quanto a toxicidade 
e eficácia geral monitorando as atividades de vários modelos em espécies de animais por um 
extenso período de tempo, coloca Golan (2014) e Andrade (2002).
 Os compostos também são avaliados quanto à carcinogenicidade, genotoxicidade e 
toxicidade reprodutiva. Para muitos destes testes são usados animais, apesar do valor preditivo 
dos resultados obtidos em espécies não humanas serem certamente imperfeitos. Em geral são 
usadas três espécies de mamíferos, sendo roedor (em geral camundongo) e não roedor (em geral 
coelhos). Quando possível são usados testes in vitro e ex vivo, ambos para poupar animais e 
minimizar custos, explica Andrade (2002)
 
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2 - ENSAIOS CLÍNICOS E O PAPEL DO FDA E ANVISA 
NO DESENVOLVIMENTO DE UM FÁRMACO
O FDA (Department of Health and Human Services) é a agência reguladora do EUA. É 
responsável por proteger a saúde pública assegurando a segurança, eficácia e garantia dos fármacos 
humanos e veterinários, produtos biológicos, aparelhos médicos, suprimento de alimentos da 
nação, cosméticos e produtos que emitem radiação. O FDA também é responsável pelo progresso 
da saúde pública ajudando a acelerar as inovações que tornam os medicamentos e alimentos mais 
eficazes, seguros e acessíveis; ajudar o público a obter informações precisas, necessárias para usar 
os medicamentos e alimentos na melhoria de sua saúde, baseadas na ciência, justifica Goodmam 
& Gilman (2012).
Até 1906, existia somente legislação referente ao transporte interestadual de alimentos 
e medicamentos adulterados ou falsificados. Não havia obrigações em estabelecer eficácia e 
segurança dos medicamentos. Em 1938, passaram a ser exigidos estudos de toxicidade, após 
a morte de 105 crianças devido ao “elixir de sulfanilamida”, uma solução de sulfanilamida em 
dietilenoglicol, um excelente, porém altamente tóxico solvente e ingrediente anticongelamento, 
revela Goodmam & Gilman (2012).
sobre as boas práticas em experimentação animal, os modelos animais 
para pesquisa no desenvolvimento de fármacos, a ética e biossegurança na 
experimentação animal dentre outros assuntos relacionados no e-book citado no 
quadro abaixo e disponibilizado gratuitamente pela editora FIOCRUZ, indexado na 
base de dados do scielo books. 
ANDRADE, A., PINTO, SC., and OLIVEIRA, RS., orgs. Animais de Laboratório: criação 
e experimentação [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2002. 388 p. ISBN: 85-
7541-015-6. Available from SciELO Books.
Se aprofunde mais sobre os estudos não clínicos de segurança fazendo a leitura 
do manual citado no quadro abaixo. A sua elaboração foi baseada em documentos 
de agências reconhecidas pela vigilância sanitária de medicamentos (FDA, EMA), 
e de instituições de interesse na área (ICH, OECD, NCI, WHO), visando uma maior 
harmonização com a regulamentação internacional. Os estudos não clínicos 
de segurança propostosnesse documento incluem: estudos de toxicidade 
de dose única (Aguda), toxicidade de doses repetidas, toxicidade reprodutiva, 
genotoxicidade, tolerância local e carcinogenicidade além de estudos de interesse 
na avaliação da segurança farmacológica e toxicocinética (ANVISA, 2013). 
ANVISA – AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Guia para Condução 
de Estudos Não Clínicos de Segurança Necessário ao Desenvolvimento de 
Medicamentos - Gerência de Avaliação de Segurança e Eficácia – GESEF, 2013.
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Em 1962 decretou-se a exigência de provas de eficácia bem como documentação relativa 
à segurança em termos de relação risco-beneficio (emenda Harris-Kefauver a Food, Drug and 
Cosmetic Act), após o evento da talidomida. Um fármaco hipnótico sem óbvias vantagens 
sobre outros, foi introduzida na Europa. Levantamentos epidemiológicos estabeleceram que 
este fármaco ingerido no início da gestação foi responsável por uma grave e relativamente rara 
epidemia de defeitos congênitos, a focomelia, mostra Nishioka e Sá (2006).
Além das normas internacionais, os países têm leis próprias sobre pesquisas clínicas. 
A realização de ensaios clínicos com medicamentos no BRASIL requer aprovação prévia pelos 
Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) e, em certos casos, pela Comissão Nacional de Ética em 
Pesquisa (CONEP). Aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), através 
de sua Gerência de Medicamentos Novos, Pesquisa e Ensaios Clínicos (GEPEC) é também 
necessária para ensaios clínicos com medicamentos e produtos para a saúde, aponta Lousana e 
Acceturi (2002); Nishioka e Sá (2006). 
No Brasil, em 1996, o Conselho Nacional de Saúde estabeleceu a principal regulamentação 
em pesquisa clínica, a Resolução 196/96 CNS/MS. Esta regulamentação estabelece a criação de 
CEPs e a criação da CONEP. Estas estruturas devem avaliar, aprovar e acompanhar os estudos. 
Este processo visa principalmente a proteção dos participantes de pesquisa, expõe Nishioka e Sá 
(2006). 
• Comitê de Ética em Pesquisa (CEP): aprova a realização do estudo em um determinado 
Centro de Pesquisa. É formado por no mínimo sete (7) pessoas de diferentes formações e também 
por um representante de usuários, segundo Lousana e Acceturi (2002). 
• Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP): aprova a realização do estudo 
no Brasil. É uma Comissão do Conselho Nacional de Saúde - composta por treze (13) membros 
titulares e treze (13) suplentes. Somente após a aprovação do CEP e da CONEP, o estudo pode 
ser iniciado e os pacientes poderão ser convidados para participar do estudo, conforme Lousana 
e Acceturi (2002). 
A Resolução CNS nº 196/1996 e suas complementares determinam a criação dos Comitês 
de Ética em Pesquisa nas instituições de pesquisa que realizam essas pesquisas, constituído por 
colegiados interdisciplinares e independentes, com “munus público”, de caráter consultivo, 
deliberativo e educativo, criado para defender os interesses dos sujeitos da pesquisa em sua 
integridade e dignidade e para contribuir no desenvolvimento de pesquisa dentro de padrões 
éticos e constituídos de forma multi- e transdisciplinar, com profissionais da área da saúde, das 
ciências exatas, sociais e humanas e, incluindo, pelo menos, um membro da sociedade, este 
representando os usuários, com total independência na tomada das decisões no exercício das 
suas funções, conforme CNS (1996). 
Figura 6 – Fluxo entre o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa 
(CONEP) para avaliar, aprovar e acompanhar o estudo de um novo fármaco. Fonte: Mazia (2018).
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No Brasil, foi criada em 1999 a ANVISA (Lei n° 9782/99), com papel de regulação 
sanitária dos ensaios clínicos no Brasil, sendo a anuência e monitorização dos mesmos atribuídas 
à Gerência de Medicamentos Novos, Pesquisa e Ensaios Clínicos (GEPEC), conforme Lousana e 
Acceturi (2002).
3 - ÉTICA EM PESQUISA FUNDADA NOS DIREITOS 
HUMANOS
Dividiu-se a abordagem da interconexão entre o referencial dos direitos humanos e a 
ética em pesquisa em três fases, conforme Goodmam & Gilman (2012): 
- Instituição dos princípios de Nüremberg; 
- Hegemonia da Declaração de Helsinque; 
-Incremento das pesquisas internacionais, o declínio da Declaração de Helsinque e a 
adoção da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos.
Os princípios balizadores de experimentos humanos denominados Código de Nüremberg 
e Direito Internacional dos Direitos Humanos afloraram no mesmo contexto histórico, o final da 
Segunda Grande Guerra, afirma Goodmam & Gilman (2012).
Os Estados Unidos da América, em 1946, acusaram médicos nazistas por crimes contra 
a humanidade relacionados à investigação científica e médica envolvendo seres humanos. Estes 
foram condenados pelas autoridades e assim foi descrito dez princípios, denominados Código 
de Nüremberg, segundo Nuremberg Military Tribunals (1949); Goodmam & Gilman (2012) e 
Alburquerque (2013). Os principais princípios que regem este código dizem respeito à integridade 
física e mental dos participantes dos estudos e a participação voluntária livre e esclarecida perante 
o conhecimento expresso sobre os riscos dos envolvidos, segundo Albulquerque (2013)
sobre a Resolução 196/96:
https://www.youtube.com/watch?v=SnpW6u1zFLk
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Figura 7 – Organização de tribunal militar internacional para julgar o alto escalão nazista por crimes de 
guerra e contra a humanidade durante a 2a Guerra Mundial. Aconteceu no período de 11/1945 a 10/1946 no Palácio 
da Justiça de Nuremberg (Alemanha), desmistificando a aura do regime de Adolf Hitler. A operação serviu de base 
para a criação de leis militares e internacionais válidas até hoje. Fonte: Mazia (2018).
sobre os princípios do código de Nuremberg:
Vídeo aula sobre código de Nuremberg que norteou os primeiros princípios éticos 
envolvendo seres humanos.
Vídeo aula sobre código de Nuremberg que norteou os primeiros princípios éticos 
envolvendo seres humanos.
https://www.youtube.com/watch?v=ktSloCcpE0M
Indicação de filme sobre o código de Nuremberg:
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os países 
aliados reuniram-se em Nuremberg, na Alemanha, 
para decidirem o destino de oficiais nazistas, 
julgados por seus bárbaros crimes, cometidos nos 
campos de concentração, em nome da loucura do 
III Reich. Entre eles está o notório Hermann Goering. 
Com os ombros pesados pela responsabilidade e 
todos os olhos do mundo voltados para aquela corte, 
o promotor Robert Jackson, questiona os direitos 
dos acusados. É como fazer valer a justiça no mais 
importante julgamento da história. 
Fonte: Kamer (1961).
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Garrafa descreve que em 2014, a Associação Médica Mundial, após anos seguindo o 
código de Nuremberg e observando suas falhas, elaborou suas próprias diretrizes em 1964 em 
Helsinque, na Finlândia. Na declaração de Helsinque, assim conhecida após a publicação, dizia 
que “o bem-estar do ser humano é prioridade sobre os interesses da ciência e da sociedade. 
Além disso, afirmava que é fundamental o consentimento livre e esclarecido do participante”. A 
declaração de Helsinque foi revisada e alterada no período de 1975 a 2013.
Não obstante a relevância incontestável da Declaração de Helsinque para a 
edificação da cultura de respeito e proteção do sujeito da pesquisa, assume-se 
o enfraquecimento de sua legitimidade. A fragilização do documento ocorreu 
a partir de sua alteração em 2008, decorrente de pressões feitas por aqueles que 
desejavam flexibilizar seus preceitos e permitir maior liberdade de atuação para 
pesquisadores e patrocinadores. Contudo, com o incremento da pesquisa clínica 
internacional nas últimas décadas do século XX, éimperiosa a existência de 
balizamentos normativos globais. Tendo em conta que a Declaração de Helsinque 
não mais cumpre esse papel, a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos 
Humanos e o Direito Internacional dos Direitos Humanos devem ser os novos 
parâmetros da eticidade da pesquisa no mundo e no Brasil. (ALBURQUERQUE, 
2013). 
4 - O QUE É TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E 
ESCLARECIDO (TCLE)? 
Documento muito importante, pois garante que os direitos do participante serão 
respeitados. Ele contém todas as informações sobre o participante e deve estar escrito em uma 
linguagem clara e compreensível. É feito em duas vias: uma via fica com o investigador e a outra 
fica com o participante, difunde Goodmam & Gilman (2012); Brasil (2015).
5 - ENSAIOS CLÍNICOS NO BRASIL
As pesquisas clínicas são estudos realizados com humanos para medir os parâmetros de 
segurança e eficácia de novos medicamentos, sendo essencial para a chegada de novas alternativas 
terapêuticas no mercado. Quando conduzimos um ensaio clínico com um medicamento, 
dividimos o processo em fases. Cada fase possui um objetivo, mas o importante é que a segurança 
deve estar sempre presente. Depois de realizadas todas as etapas, as autoridades regulatórias, 
no caso do Brasil, a ANVISA, avaliam os resultados e se eles forem satisfatórios, registram o 
medicamento que pode ser prescrito pelos médicos e dentistas, explica Goodmam & Gilman 
(2012). 
Antes que qualquer ensaio clínico se inicie, os pesquisadores devem preencher uma 
requisição para uma medicação experimental –IND. Este documento inclui os resultados do 
trabalho pré-clínico, a estrutura química do fármaco candidato e como este funcionará no 
corpo humano, listagem de possíveis efeitos secundários e informações sobre a produção Este 
documento é reavaliado de forma a garantir que os participantes não estarão expostos a riscos 
desnecessários.
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O Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC) é uma plataforma virtual de acesso 
livre para registro de estudos experimentais e não-experimentais realizados em seres humanos e 
conduzidos em território brasileiro, por pesquisadores brasileiros e estrangeiros. O ReBEC é um 
Projeto conjunto do Ministério da Saúde (DECIT/MS), da Organização Panamericana de Saúde 
(OPAS) e da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). O Comitê Executivo do RebEC é composto 
pelas instituições supracitadas e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Figura 8 - Plataforma virtual (ReBEC) responsável pelo registro Brasileiro de Ensaios Clínicos realizados 
em seres humanos e conduzidos em território brasileiro. Fonte: ReBEC (2018)
 
 
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✓ Fase não clínica 
Antes de começar a testar novos tratamentos em seres humanos, os cientistas testam as 
substâncias em laboratórios e em animais de experimentação. Esta é a chamada fase não-clínica. 
O objetivo principal desta fase é verificar como esta substância se comporta em um organismo. 
Para que isso ocorra são seguidas normas de proteção aos animais de experimentação, afirma 
Goodmam & Gilman (2012); Golan (2014). 
✓ Fase clínica 
A fase clínica é a fase de testes em seres humanos. É composta por quatro fases sucessivas 
e somente depois de concluídas todas as fases, o medicamento poderá ser liberado para 
comercialização e disponibilizado para uso da população, conforme Lima (2007); Levy (2010); 
Goodmam & Gilman (2012); Golan (2014). 
• Fase I: Testa o medicamento pela primeira vez. O objetivo principal é avaliar 
a segurança do produto investigado. Nesta fase a medicação é testada em 
pequenos grupos (10 – 30 pessoas), geralmente, de voluntários sadios. Podemos 
ter exceções se estivermos avaliando medicamentos para câncer ou portadores 
de HIV-aids. Se tudo ocorrer de acordo com o esperado, ou seja, se o produto se 
mostrar seguro, podemos passar para a Fase II, cita Lima (2007); Levy (2010); 
Goodmam & Gilman (2012); Golan (2014).
• Fase II: O número de pacientes que participam desta fase é maior (70 - 100). 
Aqui, o objetivo é avaliar a eficácia da medicação, isto é, se ela funciona para 
tratar determinada doença, e também obter informações mais detalhadas 
sobre a segurança (toxicidade). Somente se os resultados forem bons é que o 
medicamento será estudado sob forma de um estudo clínico fase III, explica 
Lima (2007); Levy (2010); Goodmam & Gilman (2012); Golan (2014).
• Fase III: Nesta fase, o novo tratamento é comparado com o tratamento padrão 
existente. O número de pacientes aumenta para 100 a 1.000. Geralmente, os 
estudos desta fase são randomizados, isto é, os pacientes são divididos em dois 
grupos: o grupo controle (recebe o tratamento padrão) e o grupo investigacional 
(recebe a nova medicação). A divisão entre os grupos é feita sob a forma de um 
sorteio. Assim, os pacientes que entram em estudos fase III têm chances iguais 
de cair em um ou outro grupo de estudo. Algumas vezes, os estudos fase III são 
realizados para verificar se a combinação de dois medicamentos é melhor do 
que a utilização de um medicamento somente. Por exemplo, se a combinação 
do antibiótico X (novo) com o antibiótico Y (tratamento atual) é melhor do que 
o antibiótico Y somente para tratar uma determinada infecção, mostra Lima 
(2007); Levy (2010); Goodmam & Gilman (2012); Golan (2014).
• Fase IV: Estes estudos são realizados para se confirmar que os resultados obtidos 
na fase anterior (fase III) são aplicáveis em uma grande parte da população 
doente. Nesta fase, o medicamento já foi aprovado para ser comercializado. A 
vantagem dos estudos fase IV é que eles permitem acompanhar os efeitos dos 
medicamentos em longo prazo, cita Lima (2007); Levy (2010); Goodmam & 
Gilman (2012); Golan (2014).
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Tabela 2 - Características típicas das várias fases dos ensaios clínicos necessários para a comercialização de 
novos fármacos. Fonte: Goodmam & Gilman (2012).
Figura 9 - Invenção de novos fármacos. A imagem mostra o numero de substancias químicas estudadas 
no decorrer do tempo passando por todas as fases legais de um estudo clínico. Fonte: Goodmam & Gilman (2012).
Os envolvidos na pesquisa clínica são: pesquisador e equipe, paciente, patrocinador 
(empresa, instituição pública ou privada) e, autoridades regulatórias, conforme Levy (2010); 
Golan (2014). A descoberta de fármacos, como qualquer outra, resulta em propriedade intelectual 
passível de proteção por patente, cita Goodmam & Gilman (2012); Golan (2014).
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Figura 10 - Patrocinadores envolvidos na pesquisa clínica. Fonte: Eden Pesquisa Médica (2013).
vídeo sobre a pesquisa clínica.
Vídeo aula sobre o que é pesquisa clínica, os envolvidos, os desafios e as fases 
da mesma.
https://www.youtube.com/watch?v=_h91ft_x_MA
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02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 24
1 - ABSORÇÃO .......................................................................................................................................................... 26
2 - MEMBRANA CELULAR ...................................................................................................................................... 26
3. TRANSPORTE ATRAVÉS DE MEMBRANAS CELULARES ................................................................................. 28
3.1.TRANSPORTE PASSIVO ..................................................................................................................................... 28
3.2. FÁRMACOS IÔNICOS QUE SÃO ÁCIDOS OU BASES FRACAS E A INFLUENCIA DO PH ............................ 29
3.3. TRANSPORTE DE MEMBRANAMEDIADO POR CARREADORES (CARRIERS) ........................................... 31
3.4. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DOS FÁRMACOS ................................................................................................. 31
3.4.1. ADMINISTRAÇÃO ENTERAL VERSUS PARENTERAL ................................................................................... 31
3.4.2. VIA ORAL ........................................................................................................................................................ 32
3.4.3. ADMINISTRAÇÃO SUBLINGUAL .................................................................................................................. 33
3.4.4. ABSORÇÃO TRANSDÉRMICA ....................................................................................................................... 33
FARMACOCINÉTICA BÁSICA
PROF.A DRA RENATA SESPEDE MAZIA
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
FARMACOLOGIA GERAL
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3.4.5. ADMINISTRAÇÃO RETAL ............................................................................................................................. 34
3.4.6. VIA INTRATECAL ........................................................................................................................................... 33
3.4.7. INALAÇÃO PULMONAR ................................................................................................................................. 34
3.4.8. VIA TÓPICA .................................................................................................................................................... 34
4 - DISTRIBUIÇÃO ................................................................................................................................................... 36
5 - EXCREÇÃO .......................................................................................................................................................... 38
6. METABOLISMO OU BIOTRANSFORMAÇÃO ..................................................................................................... 40
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INTRODUÇÃO
O tempo do início de ação e a duração de ação de fármaco dependem das características 
do fármaco e dos processos do organismo sobre a molécula farmacêutica. Estes processos são 
estudados pela farmacocinética. O entendimento e a utilização dos princípios farmacocinéticos 
podem ampliar a probabilidade de sucesso terapêutico e reduzir a ocorrência de efeitos adversos 
dos fármacos no organismo.
Princípios dos processos farmacocinéticos LADME 
Figura 1 – LADME. Fonte: a autora.
Embora os processos do LADME geralmente sigam a sequência acima, estes não são 
eventos isolados, ou seja, os cinco processos podem ocorrer simultaneamente, explica Golan 
(2014).
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Figura 2 - Princípios da farmacocinética (LADME): ingestão da forma farmacêutica e a liberação do ativo, 
absorção, distribuição, metabolismo e excreção. Fonte: Eupati (2018).
Os princípios básicos de farmacocinética afetam a quantidade de fármaco livre que 
alcançará o sítio-alvo. O fármaco precisa ser absorvido e, a seguir, distribuído pelo seu alvo antes 
de ser metabolizado e excretado. Em qualquer momento, o fármaco livre na circulação sistêmica 
encontra-se em equilíbrio com os reservatórios teciduais, as proteínas plasmáticas e o sítio-
alvo; apenas a fração do fármaco que consegue ligar-se a receptores específicos terá um efeito 
farmacológico. O metabolismo de um fármaco pode resultar em metabólitos tanto ativos quanto 
inativos e por fim excretados, expõe Goodmam & Gilman (2012).
Figura 3 - Correlações dos processos farmacocinéticos. Fonte: GOODMAM & GILMAN, 2012.
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1 - ABSORÇÃO
Conceitos importantes no processo de absorção de fármaco:
• Absorção é a transferência do fármaco do seu local de administração para o 
compartimento central, afirma Golan (2014).
• Biodisponibilidade é a porcentagem de fármaco que chega ao seu local de ação, cita 
Golan (2014).
O fármaco administrado por via oral é inicialmente absorvido pelo trato gastrointestinal. 
Esta absorção é limitada dependendo das suas propriedades físico-químicas e do metabolismo 
intestinal. A fração que foi absorvida sofrerá metabolização hepática e excreção biliar antes que 
ele chegue à circulação sistêmica, ou seja, será inativada ou desviada no intestino e no fígado, 
antes que chegue à circulação sistêmica e seja distribuída para seus locais de ação. Este fenômeno 
é conhecido como perda por efeito de primeira passagem, comenta Goodmam & Gilman (2012).
2 - MEMBRANA CELULAR
O fármaco precisa atravessar a membrana plasmática de muitas células até alcançar 
seu local e ação. Todo processo depende do seu transporte através de membranas celulares. Os 
mecanismos pelos quais fármacos atravessam as membranas e as propriedades físico-químicas 
das moléculas e das membranas são essenciais para compreender este processo. A membrana 
plasmática é uma barreira comum mesmo quando o obstáculo é composto por várias camadas de 
células e proteínas (pele) ou uma única camada (intestino), informa Rang & Dale (2012).
A organização da membrana plasmática celular é hoje conhecida como modelo do 
mosaico fluido (Singer & Nicolson, 1972). É formada basicamente por fosfolipídeos, proteínas e 
carboidratos. Consiste em uma camada dupla de lipídeos anfipáticos, com suas cadeias de ácidos 
graxos orientadas para o interior de modo a formar uma fase hidrofóbica contínua, enquanto seus 
polos hidrofílicos estão orientados para o exterior. Observa-se intercalada na bicamada lipídica 
moléculas de colesterol e proteínas, algumas destas adsorvidas a superfície, outras parcialmente 
imersas na matriz lipídica e outras ainda se estendendo pela espessura total da membrana (RANG 
& DALE, 2012).
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Figura 4 - Fosfolipídios constituídos por duas cadeias longas de ácidos graxos e um grupo fosfato, 
caracterizando uma região hidrofílica onde se localiza o fosfato, e uma região hidrofóbica, onde se localizam as duas 
cadeias de ácidos graxos (esquerda). Regiões da membrana: central hidrofóbica e duas periféricas hidrofílicas (uma 
voltada para o meio externo e outra voltada para o meio intracelular). Fonte: a autora.
As proteínas incrustadas na camada dupla da membrana plasmática funcionam como 
“âncoras” estruturais, receptores, canais iônicos ou transportadores para a transdução dos 
sinais elétricos ou químicos, atuando como alvos seletivos para a ação dos fármacos, segundo 
Goodmam & Gilman (2012).
Figura 5 - Funções das proteínas incrustadas na camada dupla de lipídeos da membrana plasmática. Fonte: 
Campbel (1999).
As membranas celulares são relativamente permeáveis à água, seja por difusão ou fluxo 
resultante dos gradientes hidrostáticos ou osmóticos existentes na membrana, mas o fluxo 
volumoso de água pode levar consigo as moléculas dos fármacos livres (forma ativa). Entretanto, 
as moléculas de fármacos conjugadas a proteínas plasmáticas (reservatório inativo) são muito 
grandes e polares para que ocorra esse tipo de passagem pela membrana, segundo Goodmam & 
Gilman (2012).
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 O fluxo volumoso de água pode levar consigo pequenas substâncias hidrossolúveis, mas a 
transferência de fluxos volumosos junto com a água é limitada quando o peso molecular do soluto 
passa de 100-200 Da. Por essa razão, a maioria dos fármacos lipofílicos grandes não conseguem 
atravessar a membrana celular com a ajuda da água. Os fármacos atravessam a membrana por 
processos passivos ou ativos (participação ativa dos componentes da membrana), cita Goodmam 
& Gilman (2012).
Figura6 - Transportes usados pelos fármacos para atravessar a membrana plasmática. Fonte: Goodmam 
& Gilman (2012).
3. TRANSPORTE ATRAVÉS DE MEMBRANAS 
CELULARES
3.1. Transporte Passivo
A difusão passiva é a passagem do fármaco através da membrana celular por dissolução 
na bicamada lipídica. É o transporte predominante da maioria dos fármacos. A taxa de transporte 
dependente do gradiente de concentração e do coeficiente de partição do fármaco e obedece a 
cinética de primeira ordem (taxa de transporte é proporcional ao gradiente de concentração no 
local de transporte). Observa-se ainda a filtração através de canais aquosos, cita Persky e Pollack 
(2017).
• Fármacos lipossolúveis movem-se facilmente através das membranas biológicas devido 
sua lipossolubilidade. Ex. Anestésicos (SILVA, 2009).
• Fármacos hidrossolúveis e baixo peso molecular atravessam as membranas celulares 
por canais ou poros aquosos (SILVA, 2009).
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O fármaco penetra por difusão a favor do gradiente de concentração, em virtude da sua 
solubilidade na camada lipídica da membrana. Este transporte é diretamente proporcional à: 
amplitude do gradiente de concentração através da membrana; área da membrana exposta ao 
fármaco; coeficiente de partição óleo/água do fármaco, segundo Persky e Pollack (2017).
O coeficiente de partição é a relação entre a concentração no óleo sobre a concentração 
na água. Este fator vai determinar a lipossolubilidade do fármaco. Ele sendo muito 
lipossolúvel terá uma boa absorção, caso contrário será pouco absorvido.
 
Quanto maior o Coef. Partição, maior será Cóleo, maior será a lipossolubilidade e 
maior será a absorção.
Quanto menor o Coef. Partição, menor será Cóleo, menor a lipossolubilidade e 
menor será a absorção.
Obs: Cóleo (concentração no óleo- fase oleosa); Cágua (concentração na água- fase 
aquosa).
Quadro 1 – Coeficientes. Fonte: Goodmam & Gilman (2012).
Quanto maior for o coeficiente de partição, maior será a concentração do fármaco 
na membrana e mais rápida a sua difusão. Depois que o estado de equilíbrio for atingido, a 
concentração do fármaco livre é igual nos dois lados da membrana, desde que ele não seja um 
eletrólito (fármaco iônico), conforme Persky e Pollack (2017). 
3.2. Fármacos iônicos que são ácidos ou bases fracas e a 
influencia do pH
No caso dos fármacos iônicos, as concentrações no estado de equilíbrio dependem do 
gradiente eletroquímico do íon e das diferenças de pH através da membrana, que influenciam de 
maneira diversa o estado de ionização da molécula em cada lado da membrana e podem reter de 
forma eficaz o fármaco em um dos seus lados, expõe Tozer (2009); Golan (2014).
A relação entre o pka do fármaco e o pH do meio, também interfere na absorção e será 
analisada pela equação de henderson-hasselbalch onde, pH= pKa + log [fração ionizada] / [fração 
não ionizada]. Ela vai determinar se o fármaco estará na forma iônica ou na forma não iônica, de 
acordo com o pH do meio. Estando na forma iônica (baixa lipossolubilidade) terá baixa difusão 
pela membrana; estando na forma não-iônica ou molecular (grande lipossolubilidade) alta 
difusão pela membrana, segundo Tozer (1981); Golan (2014).
Forma ionizada → membrana é impermeável (GOLAN, 2014). 
Forma molecular (lipossolúvel) → há fluxo segundo gradiente eletroquímico 
transmembrana (GOLAN 2014).
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A quantidade de fármaco presente na forma iônica ou molecular é função do pka, do 
fármaco e do pH do meio onde se encontrar, explica Golan (2014).
Quadro 2 - Dissociação de fármacos iônicos versus pH. Fonte: Goodmam & Gilman (2012).
A ausência de efeitos sedativos com os antagonistas histamínicos H1 de segunda geração 
é uma das consequências do fato de o fármaco estar ionizado no pH fisiológico de 7,4. Estes são 
moléculas ionizadas (hidrofílicas) que não atravessam a barreira hematencefálica. Já os fármacos 
de primeira geração são lipofílicos (apolares no pH de 7,4) e atravessam a barreira hematencefálica 
causando sedação, segundo Tozer (1981) e Golan (2014).
Nos túbulos renais o pH da urina pode variar amplamente de 4,5 a 8,0. À medida que o pH 
urinário diminui, os fármacos ácidos fracos encontram-se na sua forma molecular (lipossolúvel) e 
fármacos bases fraca predominam na forma iônicas. O contrário aplica-se quando o pH da urina 
aumenta, ou seja, os fármacos ácidos fracos encontram-se na sua forma iônica e fármacos bases 
fraca predominam na forma molecular (lipossolúvel), conforme Tozer (2009) e Golan (2014). 
Quadro 3 – Influencia do pH urinário na absorção de fármacos. Fonte: Mazia (2018).
Nos túbulos renais o fármaco lipossolúvel pode ser reabsorvido por difusão passiva. A 
urina alcalina facilita a excreção dos ácidos fracos, enquanto a urina ácida favorece a excreção 
das bases fracas. A alcalinização da urina por administração de bicarbonato de sódio, estimula a 
excreção urinária dos ácidos fracos como o ácido acetilsalicílico (pKa de cerca de 3,5) e o urato 
(pKa de cerca de 5,8), expõe Tozer (2009); Goodmam & Gilman (2012).
Estas considerações têm implicações na absorção e na excreção de fármacos. Os gradientes 
de concentração dos eletrólitos fracos através das membranas é um processo físico e depende 
apenas uma membrana permeável a forma do eletrólito, cita Goodmam & Gilman (2012).
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3.3. Transporte de membrana mediado por carreadores 
(carriers)
Processo de transporte mediado por carreador, ou seja, proteínas transportadoras 
transmembrana que facilitam passagem de grandes moléculas ou/e polares. O fármaco é levado 
para o interior celular ao se ligar no carreador formando um complexo em um dos lados da 
membrana. Este se desloca segundo seu próprio gradiente de difusão, para o outro lado da 
membrana, onde o fármaco é liberado. Dessa forma, após entregar o fármaco, o carreador volta 
á superfície original para nova viagem, apresenta Winter (2009)
O transporte mediado por transportadores, por envolver uma etapa de ligação, apresenta 
característica de SATURAÇÃO, com sítios transportadores tornando-se saturados com altas 
concentrações de ligante, e a velocidade de transporte não aumenta além deste ponto. Pode ainda 
ocorrer INIBIÇÃO COMPETITIVA do transporte se houver um segundo ligante que se liga ao 
transportador, coloca Winter (2009).
Difusão facilitada – Transporte mediado por carreador no qual o processo não há gasto 
de energia e segue um gradiente de concentração. Exemplo- difusão da glicose no musculo 
esquelético mediada pelo GLUT4 (transportador de glicose dependente de insulina), aponta 
Rang & Dale (2012).
Transporte ativo - Transporte mediado por carreador no qual o processo exige 
energia imediata, pois funciona contra gradiente de concentração. Ex: Bomba Na/K ATPase e 
transportadores de glicose dependentes de sódio (SGT1 e 2), expõe Rang & Dale (2012).
3.4. Vias De Administração dos Fármacos
3.4.1. Administração enteral versus parenteral
Em síntese, existem diferentes vias de administração dos fármacos e, por esta razão, o 
conhecimento das vantagens e desvantagens destas é fundamental, revela Katzung (2014). A via 
oral (enteral) é a mais utilizada para administrar os fármacos, por ser mais segura, conveniente 
e econômica. Suas desvantagens são a absorção limitada de alguns fármacos em função de 
características físico-química de hidrossolubilidade e baixa permeabilidade pelas membranas. 
Além dos vômitos causados pela irritação da mucosa gastrointestinal, destruição do fármaco pelas 
enzimas digestivas, pH gástrico baixo, irregularidades na absorção ou propulsão na presença de 
alimentos ou outros fármacos, perda por efeito de primeira passagem, aponta Le Jennifer (2018).
A via parenteral (injetável) tem algumas vantagens em comparação com a oral. Em 
alguns casos, é essencial para queo fármaco seja liberado em sua forma ativa. Em geral, a 
biodisponibilidade é maior, mais rápida e previsível. A dose eficaz pode ser administrada com 
maior precisão. No tratamento de emergência e quando o paciente estiver inconsciente, esta via é 
indispensável. Entretanto, a injeção de fármacos tem como desvantagens os cuidados de assepsia 
durante a aplicação, podem ser dolorosas e a automedicação não é sempre possível, segundo Le 
Jennifer (2018).
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Figura 7- O caminho de fármaco no corpo. Os medicamentos administrados por via oral passam pelo fígado antes de serem 
absorvidos pela corrente sanguínea. Outras formas de administração contornam o fígado, entrando diretamente no sangue. Fonte: Instituto 
Nacional de Ciências Médicas Gerais. Fonte: NIH (2018).
3.4.2.Via oral
Os medicamentos administrados por essas vias são absorvidos diretamente pela mucosa GI (gastrointestinal) 
e caem na corrente sanguínea, indo em direção ao fígado através da veia porta, conforme Walsh (2005).
Os determinantes da administração oral são:
• Dissolução em fluídos aquosos no local de absorção, 
• Solubilidade lipídica,
• Gradiente de concentração
• Fluxo sanguíneo no local de absorção,
• Área de absorção local. 
Quadro 4 – Via Oral. Fonte: WALSH (2005).
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Na preparação sólida, a taxa de dissolução limita a absorção dos fármacos lipofílicos 
(pouco hidrossolúveis). Como a maior parte da absorção do fármaco pelo trato gastrointestinal 
ocorre por difusão passiva, a absorção é facilitada quando o fármaco estiver em sua forma 
molecular (lipofílica), conforme já discutido [fármacos ácidos fracos → ↑absorvidos pelo estômago 
(pH de 1,0-2,0) e ↓ absorvidos pelo intestino (pH de 3,0-6,0) e vice-versa para as bases fracas]. 
Contudo, o epitélio estomacal possui uma área de absorção pequena em função da camada 
espessa de muco. Já o intestino oferece uma área de superfície absortiva ampla. Por essa razão, 
a taxa de absorção de um fármaco pelo intestino será maior que a do estômago, mesmo que o 
fármaco esteja predominantemente em sua forma ionizada no intestino e na forma molecular no 
estômago, explica Sakay (2009); Silva (2009); Goodmam & Gilman (2012). Portanto, qualquer 
fator que acelere o esvaziamento gástrico, aumentará a taxa de absorção do fármaco, enquanto 
qualquer fator que retarde o esvaziamento do estômago poderá produzir efeito contrário, 
independentemente das características do fármaco, afirma Winter (2009). 
Os fármacos que são destruídos pelas secreções gástricas com pH ácido ou que causam 
irritação na mucosa gástrica, são administrados em preparações com revestimento entérico, o que 
impede a dissolução do fármaco no conteúdo ácido estomacal. Esses revestimentos compostos 
de polímeros de celulose são inertes e têm limiares de dissolução entre o pH de 5,0 e 6,0, coloca 
Sakay (2009); Silva (2009); Goodmam & Gilman (2012).
O mercado disponibiliza as preparações farmacêuticas de liberação controlada (ampliada, 
continuada ou prolongada). A taxa de absorção de um fármaco administrado sob a forma de 
preparação sólida depende da sua taxa de dissolução nos líquidos gastrointestinais. As vantagens 
potenciais dessas preparações são a redução da frequência de administração favorecendo a adesão 
do paciente e manutenção do efeito terapêutico principalmente ao longo da noite, mostra Sakay 
(2009); Silva (2009); Golan (2014).
3.4.3. Administração Sublingual
A absorção pela mucosa oral tem importância para alguns fármacos. A drenagem venosa 
da boca dirige-se à veia cava superior, desviando–se da circulação hepática e consequentemente, 
evita perda de primeira passagem. Por exemplo, a nitroglicerina é administrada sob a língua e por 
ser lipossoluvel é absorvida rapidamente, cita Golan (2014).
3.4.4. Absorção Transdérmica
Os fármacos que penetram facilmente a pela pele intacta são lipossolúveis, pois a 
epiderme comporta-se como uma barreira lipídica. A absorção pela pele pode ser ampliada pela 
suspensão do fármaco em um veículo oleoso e pela fricção desta preparação na pele, explica Sakay 
(2009); Silva (2009); Goodmam & Gilman (2012). A disponibilidade no mercado de adesivos 
transdérmicos tópicos de liberação controlada. Exemplos, adesivo de nicotina (Tabagismo); de 
nitroglicerina (angina do peito); hormonais (de reposição hormonal e contracepção); e fentanila 
(analgesia), afirma Sakay (2009).
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3.4.5. Administração Retal
Apenas metade do fármaco absorvido pelo reto desvia-se para o fígado, por esta razão, 
efeito de primeira passagem é menor em comparação com a via oral. Entretanto, a absorção 
retal pode ser irregular e incompleta e alguns fármacos podem causar irritação da mucosa retal, 
comenta Sakay (2009).
Injeção Parenteral: intravenosa, subcutânea e intramuscular. A absorção a partir dos 
tecidos subcutâneos e intramusculares ocorre por difusão simples ao longo do gradiente existente 
entre o depósito de fármaco e o plasma. A taxa de absorção é limitada pela área das membranas. 
Canais aquosos na membrana endotelial explicam à difusão de substancias hidrossolúveis 
e canais linfáticos a difusão de moléculas grandes, aponta Silva (2009); Goodmam & Gilman 
(2012); Golan (2014).
Os fármacos administrados na circulação sistêmica estão sujeitos à eliminação 
potencial pelos pulmões, antes da distribuição para o restante do corpo, pois estes funcionam 
como reservatório temporário, expõe Golan (2014). A absorção é mais extensa para moléculas 
polares de alto peso molecular do que por via ora. A taxa de absorção pode ser manipulada por 
formulação: solução aquosa de absorção rápida, suspensão de absorção lenta e pellet (sólido) 
de liberação prolongada. A via intravenosa fornece a biodisponibilidade completa. A drogas é 
veiculada exclusivamente em solução estéril. É importante quando necessita-se de efeito imediato, 
no entanto, possui risco aumentado de toxicidade, comenta Walsh (2005).
3.4.6. Via Intratecal
É utilizada quando é necessário que o fármaco atinja a meninge ou no eixo cerebrospinal, 
casos de tratamento das infecções agudas do SNC, segundo Jones e Shusta (2007); Matsuhisa 
(2009).
3.4.7. Inalação pulmonar
Os fármacos gasosos e voláteis podem ser inalados e absorvidos pela extensa área do 
epitélio e mucosa pulmonar e a absorção é quase instantânea na corrente sanguínea. Evita a perda 
pela primeira passagem hepática, conforme Goodmam & Gilman (2012). 
3.4.8. Via Tópica
Alguns fármacos são aplicados nas mucosas da conjuntiva, nasofaringe, orofaringe, 
vagina, colo, uretra e bexiga principalmente em decorrência de seus efeitos locais e a absorção 
pelas mucosas ocorre rapidamente. Em contrapartida, a absorção através da pele geralmente 
é lenta, mas pode aumentar dependo da lipofilicidade do fármaco, danos no estrato córneo e 
aumento do fluxo sanguíneo, afirma Furlani (2012).
Atualmente, na medicina emprega-se por via tópica o Patch, termo derivado do inglês 
emplasto. São dispositivos colocados sobre a pele os quais liberam ativos nesta camada, que 
podem ficar retidos na camada córnea e exercer ação localizada, podem permear entre as camadas 
abaixo do estrato córneo e na derme (liberação intradérmica) assim como podem proporcionar a 
ação sistêmica (transdérmica), explica Furlani (2012). 
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Tabela 1 - Vantagens e desvantagens das vias de administração. Fonte: Golan (2014).
Tabela 2 - Vias de administração parenteral. Fonte: Golan (2014).
Não confundir os conceitos de bioequivalênda e equivalentes farmacêuticos:
• Equivalentes farmacêuticos – fármacos com os mesmos ingredientes ativos e 
idênticos em potência ou concentração, apresentação e via de administração.
• Bioequivalentes quando as taxase amplitudes da biodisponibilidade do ativo 
em dois produtos não forem significativamente diferentes sob condições 
experimentais adequadas.
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4 - DISTRIBUIÇÃO
O fármaco que foi absorvido na corrente sanguínea pode ser transportado por todo o 
corpo, este processo é chamado de distribuição. É um processo reversível, enquanto algumas 
moléculas podem estar interagindo com receptores membranares ou intracelulares, outras 
moléculas podem se mover de volta à corrente sanguínea, afirma Silva (2009); Goodmam & 
Gilman (2012). A passagem do fármaco da corrente sanguínea para o local de ação depende 
principalmente do fluxo sanguíneo, da permeabilidade capilar, grau de ligação com proteínas 
plasmáticas e/ou teciduais e solubilidade lipídica do fármaco Silva (2009).
O fluxo sanguíneo é diferente entre os órgãos, os vitais como o cérebro, fígado e rins 
recebem maior suprimento de sangue. O músculo esquelético e os ossos recebem menos sangue e 
o tecido adiposo recebe quantidade menor ainda. Apesar de altamente irrigado, poucos fármacos 
conseguem penetrar no sistema nervoso central (SNC), devido a sua estrutura anatômica 
formada por uma rede capilar conhecida como barreira hematoencefálica. Esta barreira é uma 
adaptação que protege o tecido cerebral da entrada de substâncias. Para penetrar no cérebro, as 
drogas devem ser bastante pequenas e lipossolúveis. Os gases anestésicos conseguem penetrar 
rapidamente no cérebro e causar anestesia porque são moléculas pequenas e altamente solúveis 
em lipídeos, já a penicilina, uma molécula hidrossolúvel, penetra o sistema nervoso central em 
menor grau. A figura 7 representa os capilares impermeáveis do cérebro e permeáveis do fígado 
e baço, coloca Sakai (2009).
Os capilares do fígado têm lacunas que permitem a passagem de moléculas como 
aminoácidos, açúcares e outras moléculas oriundas da corrente sanguínea, pois o fígado é o 
principal produtor de proteína. As células endoteliais dos capilares cerebrais têm junções de 
oclusão contínuas, assim a penetração do fármaco no cérebro depende do transporte transcelular, 
em vez da transferência paracelular. A forma molecular e livre de um fármaco é um determinante 
importante na captação pelo cérebro para a passagem pela barreira hematencefálica. Os fármacos 
também podem penetrar no SNC por transportadores de captação específica, que normalmente 
estão envolvidos no transporte de nutrientes e compostos endógenos do sangue para o cérebro, 
cita Goodmam & Gilman (2012); Golan (2014).
Outro fator importante da barreira hematencefálica funcional são os transportadores 
de membrana, que são carreadores de efluxo presentes nas células endoteliais dos capilares 
cerebrais capazes de remover da célula cerebral grande número de fármacos. O MDR1 (P-gp) e 
o polipeptídeo transportador de ânions orgânicos (PTAO) são os representantes de efluxo mais 
importantes mostra Silva (2009); Golan (2014).
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Figura 8 - Diagrama demonstrando a diferença na anatomia dos capilares do cérebro e do fígado. As 
junções apertadas nos capilares do cérebro impedem a passagem da maioria das drogas para o cérebro. Fonte: Sakai 
(2009).
O determinante mais importante do fracionamento entre o sangue e os tecidos é a 
ligação relativa do fármaco às proteínas plasmáticas e macromoléculas teciduais, que limita 
a concentração do fármaco livre. Alguns fármacos circulam na corrente sanguínea ligados às 
proteínas plasmáticas. A albumina é o principal carreador dos fármacos ácidos, enquanto a 
glicoproteína ácida α-1 liga-se aos fármacos básicos, coloca Zhang (2006).
Uma fração expressiva do fármaco pode estar ligada e funciona como reservatório, que 
prolonga a ação do fármaco. Esta ligação e acumulação tecidual também podem causar efeitos 
tóxicos locais, como ocorre depois da acumulação do antibiótico aminoglicosídeo e gentamicina 
nos rins e no sistema vestibular, explica coloca Zhang (2006); Sakai, 2009). 
Muitos fármacos lipossolúveis são armazenados por solubilização física na gordura. Por 
exemplo, o tiopental, barbitúrico altamente lipossolúvel, em torno de até 70% pode estar presente 
na gordura, cerca de 3 h depois da administração quando as concentrações plasmáticas são 
inexpressivas e não há efeitos anestésicos detectáveis. O tecido adiposo é um reservatório muito 
estável, porque sua irrigação sanguínea é relativamente escassa, expõe Goodmam & Gilman 
(2012); Golan (2014).
Outra barreira de importância fundamental é a hematoplacentária, porque alguns 
fármacos podem causar anomalias no desenvolvimento do feto. A lipossolubilidade, a ligação 
plasmática e o grau de ionização dos fármacos são determinantes importantes da passagem dos 
para a placenta. O plasma fetal é mais ácido do que o matemo (pH de 7,0-7,2 versus 7,4) e por esta 
razão, há sequestro iônico dos fármacos básicos. Assim como ocorre no cérebro estão presentes 
alguns transportadores de efluxo P-gp na placenta, coloca Sakai (2009); Goodmam & Gilman 
(2012); Golan (2014).
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Figura 9 - Localização tecidual dos transportadores e seu papel no transporte dos fármacos. Fonte: Zhang 
(2006).
5 - EXCREÇÃO
Os compostos lipossolúveis não são excretados, precisam ser metabolizados em compostos 
polares para serem eliminados. Os órgãos excretores, exceto os pulmões, eliminam facilmente os 
fármacos hidrossolúveis, comenta Silva (2009); Goodmam & Gilman (2012). O rim é o órgão mais 
importante para a excreção dos fármacos e seus metabólitos. Quando as drogas são excretadas 
na urina, isso acontece na sua forma original, não modificada, polar e hidrossolúvel (chamada 
de composto parental) ou na forma de seus metabólitos polares e hidrossolúveis (produzidos 
durante a biotransformação da droga), cita Goodmam & Gilman (2012).
A excreção renal envolve a filtração, secreção e a reabsorção. Os poros dos glomérulos 
de malpighi permitem a passagem das moléculas de fármacos não conjugados para dentro dos 
túbulos renais (filtração glomerular). Apenas a fração livre pode ser filtrada. No túbulo renal 
proximal a secreção tubular ativa é dependente de proteínas carreadoras (gp-P, MRP2, OCDs), 
expõe Goodmam & Gilman (2012).
O grau de ionização e de lipossolubilidade de uma droga determinará o grau em que 
ela poderá ser reabsorvida de volta para a corrente sanguínea (reabsorção tubular passiva). 
A biotransformação do fármaco em hidrossolúvel impedirá sua reabsorção nos túbulos renais. 
Moléculas ionizadas não são, portanto, reabsorvidas. Apenas as moléculas na forma molecular 
sofrerão a reabsorção. Em casos de intoxicação por um fármaco é importante relembrar que a 
alcalinização da urina aumentará a taxa de excreção de um ácido fraco, enquanto a acidificação da 
urina aumentará a taxa de excreção de uma base fraca, define Golan (2014). 
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Figura 9 - O néfron formado pelo corpúsculo renal e túbulo renal. Fonte: UNESP (2018).
A produção de urina inicia com o processo chamado FILTRAÇÃO (1). O sangue que 
chega pela arteríola aferente entra no capilar glomerular e é filtrado pela sua membrana altamente 
permeável a vários solutos. A parte não filtrada segue pela arteríola eferente que continua 
como capilar peritubular em paralelo ao túbulo renal. O filtrado segue dentro do túbulo renal 
e é modificado tanto em composição como em osmolaridade, conforme as necessidades do 
organismo. O processo de REABSORÇÃO (2) serve para tomar de volta a maioria de solvente 
e de soluto filtrados. Aproximadamente, 99% de sódio e do plasma filtrado serão reabsorvidos. 
Mais adiante, ocorre SECREÇÃO (3) que serve para eliminar produtos indesejáveis ao organismo 
(excretas, excesso de íons, drogas metabolizadas, etc.). No duto coletor,o balanço final de água 
é realizado, e o produto final é finalmente excretado na forma de urina. Assim, depois de os 
túbulos renais processarem quase 180litros de sangue diariamente, apenas 1,5 litro de urina são 
excretados diariamente.
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Transportadores semelhantes aos que existem nos rins também estão, presentes na 
membrana canalicular do hepatócito e secretam ativamente fármacos para a bile. Por fim os 
fármacos ou seus metabolitos presentes na bile são liberados no trato gastrointestinal, em seguida 
podem ser reabsorvidos no intestino e voltando para a circulação geral, esta reciclagem pode 
continuar (circulação êntero-hepática) até que o fármaco sofra alterações metabólicas no fígado 
ou seja excretada por outra via, como a renal. Carvão ativado e resinas de troca iônica podem 
ser utilizadas para interromper esse ciclo êntero-hepático. As reações de fase II potencializam a 
excreção biliar uma vez que introduz um centro polar no fármaco, esse composto conjulgado não 
é reabsorvido no TGI, facilitando assim sua excreção nas fezes, no entanto caso ele sofra ação 
de hidrolases ocorre a perda do núcleo polar e assim o fármaco é reabsorvido. As disfunções 
hepáticas podem afetar de forma marcante a excreção biliar, não somente por reduzirem a 
produção de bilemas também por reduzirem a atividade metabólica, estas ocorrências podem 
levar ao acumulo de drogas no organismo, cita Lin e Lu (1997); Le Jennifer (2018).
A excreção pulmonar envolve dois aspectos de interesse farmacológico: a excreção 
pelas glândulas de secreção bronquiolar e a excreção através dos alvéolos. Através dos alvéolos 
são excretado principalmente gases e substâncias voláteis. Não existem sistemas de transporte 
especializados, predomina a difusão simples. O grau de solubilidade de gás na corrente 
sanguínea é um fator determinante, gases pouco solúveis são mais rapidamente excretados. O 
debito cardíaco seria um elemento de grande repercussão na eliminação destes gases de precária 
solubilidade. Nos recém-nascidos, a função renal é baixa, em comparação com a massa corporal, 
mas se desenvolve rapidamente nos primeiros meses após o nascimento. Na vida adulta, há um 
declínio lento da função renal (cerca de 1% ao ano) e, por essa razão, os indivíduos idosos podem 
ter graus significativos de limitação funcional, segundo Le Jennifer (2018).
6. METABOLISMO OU BIOTRANSFORMAÇÃO
Os fármacos são excretados do organismo pelos rins ou pela bile como mencionado 
anteriormente. Quando absorvido pelo trato gastrointestinal são direcionados diretamente para a 
circulação porta, que nutre o fígado. A função hepática é eliminar as toxinas do organismo através 
da metabolização. A maioria dos agentes terapêuticos consiste em compostos lipofílicos filtrados 
pelos glomérulos e reabsorvidos em grande parte para a circulação sistêmica durante a passagem 
pelos túbulos renais. Portanto, a biotransformação em metabólitos mais hidrofílicos é essencial 
para a cessação das suas atividades biológica e excreção do organismo. A metabolização de 
fármacos ou metabolismo de primeira passagem é caracterizado pelas reações de funcionalização 
da fase I e de biossíntese da fase II (conjugação), cita Goodmam & Gilman (2012).
 As reações da fase I introduzem ou expõem um grupo funcional do composto original, 
como ocorre nas reações de hidrólise ou oxi-reduções. As reações de conjugação da fase II 
resultam na formação de uma ligação covalente entre um grupo funcional do composto original 
ou do metabólito da fase I e o ácido glicurônico, sulfato ou glutationa. Em geral, esses conjugados 
altamente polares são na urina e nas fezes, expõe Aimone e De Lannoy (2014); Goodmam & 
Gilman (2012); Golan (2014).
Os sistemas enzimáticos, CYPs (isoformas do citocromo P450) e transferases, envolvidos 
nas reações da fase I estão localizados principalmente no retículo endoplasmático, enquanto 
os sistemas enzimáticos de conjugação da fase II são predominantemente citosólicos, segundo 
Golan (2014).
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Figura 9 - Metabolismo hepático dos fármacos através das reações de fase I e fase II. Fonte: Yacubian (2015).
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03
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 44
1 - FARMACOCINÉTICA CLÍNICA ........................................................................................................................... 44
2. DEPURAÇÃO (CLEARANCE - CL) ....................................................................................................................... 46
3 - ÁREA SOB A CURVA - ASC (AREA UNDER THE CURVE - AUC) .................................................................... 48
4 - VOLUME DE DISTRIBUIÇÃO ............................................................................................................................. 51
4.1. EXEMPLO ............................................................................................................................................................ 51
5 - METABOLISMO .................................................................................................................................................. 54
6 - REAÇÕES DE FASE I UTILIZANDO O SISTEMA P450 .................................................................................... 54
7 - INDUÇÃO DE ISOENZIMAS CYP-ESPECÍFICAS. ............................................................................................. 55
8 - INIBIÇÃO DE ISOENZIMAS CYP-ESPECÍFICAS. ............................................................................................. 55
9. REAÇÕES DE FASE II ........................................................................................................................................... 56
FARMACOCINÉTICA CLÍNICA
PROF.A DRA RENATA SESPEDE MAZIA
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
FARMACOLOGIA GERAL
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10. CORRELAÇÃO CLÍNICA ..................................................................................................................................... 56
10.1.MEIA-VIDA ........................................................................................................................................................ 56
10.1.1. EFEITO DO VOLUME DE DISTRIBUIÇÃO (VD) NA MEIA-VIDA (T1/2) DO FÁRMACO ............................. 57
10.1.2. PARÂMETRO FUNDAMENTAL NA PRÁTICA CLÍNICA: CLEARANCE RENAL DA CREATININA ............. 57
10.1.3. REGIME POSOLÓGICO ................................................................................................................................. 58
10.1.3.1.DOSE TERAPÊUTICA E FREQUÊNCIA ....................................................................................................... 58
10.1.3.2. DOSE DE ATAQUE ...................................................................................................................................... 58
10.1.3.3. DOSE DE MANUTENÇÃO .......................................................................................................................... 59
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INTRODUÇÃO
A farmacocinética clínica é o estudo das interações entre os processos farmacocinéticos, 
estudados no módulo anterior (ADME), que determinará a concentração efetiva do fármaco no 
plasma que terá ação nos alvos terapêutico para se obter o efeito terapêutico desejado. Durante o 
tratamento farmacológico necessitamos de múltiplas doses do fármaco em concentrações efetivas, 
constantes e dentro da janela terapêutica. Isto implica no PLANEJAMENTO POSOLÓGICO, 
que depende das características cinéticas do fármaco e na diferença entre os pacientes, ou seja, no 
perfil farmacogenômico

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