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1 Direito Penal II - Resumo INIMPUTABILIDADE E CULPABILIDADE DIMINUÍDA (PARTE 1) Sistemas adotados para estudo da imputabilidade A imputabilidade é o juízo de um fato futuro, que é previsto como meramente possível. Já a imputação é o juízo de um fato ocorrido. Enquanto a imputabilidade é uma ideia, a imputação é o exame de um fato concreto. Como elemento da culpabilidade, a imputabilidade é a capacidade de culpabilidade, ou seja, a aptidão para ser culpável. Quem não é imputável não pode ser culpável e não pode ser responsável penalmente pelos seus atos, ainda que eles sejam atípicos e antijurídicos. A imputabilidade não pode ser confundida com responsabilidade, que é o princípio segundo o qual a pessoa imputável deve responder pelos seus atos. O Código Penal não define a imputabilidade penal de forma direta, mas por exclusão, ou seja, ele estabelece as causas que afastam a imputabilidade penal, definindo então a inimputabilidade, de acordo com o art. 26, caput, CP. A doutrina ensina que existem 3 sistemas definidores dos critérios que fixam a inimputabilidade ou a culpabilidade diminuída (explicados na Exposição de Motivos do CP de 1940): o o critério biológico o o critério psicológico o e o critério biopsicológico O sistema biológico está relacionado à saúde mental, à “normalidade” do agente. Então, se o agente é portador de uma enfermidade ou grave deficiência mental, deve ser declarado irresponsável, e não há a necessidade de um questionamento psicológico. O critério psicológico não questiona se existe alguma “perturbação mental mórbida”. A pergunta é se, no momento do crime, o agente não era capaz de conhecer a criminalidade do fato ou de se determinar de acordo com esse conhecimento. O método biopsicológico é a união dos outros dois, ou seja, a responsabilidade é excluída se o agente, em razão de enfermidade ou retardamento mental, era, no momento da ação, incapaz de entender o fato criminalmente e de se autodeterminar. 2 O Direito Penal brasileiro adota, como regra geral, o sistema biopsicológico, e, como exceção, o sistema puramente biológico, para hipótese de indivíduos com menos de 18 anos (art. 228, CRFB/88 e art. 27, CP). Inimputabilidade De forma genérica, a imputabilidade está presente sempre que o agente apresentar condições de normalidade e maturidade psíquicas mínimas para que possa ser considerado um sujeito capaz de ser motivado pelas normas proibitivas do CP. Então o sofrimento psíquico grave e a falta de maturidade mental podem levar ao reconhecimento da inimputabilidade, pela incapacidade de culpabilidade. Nos casos em que o agente está em sofrimento psíquico grave ou tem desenvolvimento mental incompleto ou retardado, é preciso constatar a consequência psicológica desse problema, a partir do sistema biopsicológico, já que esse é o aspecto relevante para o DP no momento de decidir se o sujeito pode ser ou não punido com uma pena. Para que o sujeito não seja submetido a uma pena, é necessário que esse “distúrbio” leve à falta de capacidade de discernir, de avaliar os próprios atos e de comparar esses atos com a norma. Para reconhecer a existência da incapacidade de culpabilidade, é suficiente que o agente não tenha uma das duas capacidades, ou seja, basta que a pessoa ou não entenda a ilicitude do ato ou não tenha capacidade de autodeterminação. Se falta a capacidade de avaliar a sua própria conduta, ou seja, se ela é positiva, negativa, ou caso se esteja em conflito com a ordem jurídica, fatalmente o agente não vai saber também a natureza valorativa do ato que está praticando. Nesse caso, não a possiblidade de o agente se autodeterminar, porque a capacidade de autocontrole depende da capacidade de entendimento. Contudo, o contrário não acontece, ou seja, ser capaz de entender não significa que o agente pode se autodeterminar, controlando seus impulsos.
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