Prévia do material em texto
A LITERATURA ENQUANTO RESISTÊNCIA DÍÁLOGO 1º PROFA. DRA. JÉSSICA PAULA VESCOVI PROF. ME. LUCAN MORENO QUEM SOMOS NÓS? Profa. Jéssica Paula Vescovi, graduação em Letras Português/Inglês – UNIOESTE, Mestrado e Doutorado em Letras – Linguagem e Sociedade – UNIOESTE. Foi professora colaboradora na UNIOESTE (2016-2018) e na UFPR (2019), professora da UESPAR – Facitec entre 2015 e 2019, atuou como professora de língua inglesa e língua portuguesa na rede privada e rede pública de ensino entre 2010 e 2019. Atualmente é professora do IFPR – Campus Coronel Vivida, com projetos voltados para o ensino de escrita. Prof. Lucan Moreno, graduação em Letras Português/Espanhol – UEPG e Mestrado em Linguagem, Identidade e Subjetividade – UEPG. Foi professor da SEED-PR (2013 – 2019), UNICENTRO (2013 - 2015) e UEPG (2016 – 2019), onde trabalhou com a formação inicial de professores de Línguas e Literatura. Atualmente é professor do IFPR – Campus Coronel Vivida, com projeto com ênfase na Formação de Leitores Literários. O EVENTO Ideia de diálogo e troca de experiências; Nasce como uma proposta de interação entre interessados pela literatura nos diversos níveis de ensino; Reaproximação – Literatura e Leitor; 9 encontros – 03 de agosto a 02 de setembro; 20 horas de certificação – 7 dos 9 encontros; Confirmação de participação. PROGRAMAÇÃO “Resistência é um conceito originariamente ético, e não estético”. (BOSI, 1996, p. 11) “O seu sentindo mais profundo apela para a força da vontade que resiste a outra força, exterior ao sujeito. Resistir é opor a força própria à força alheia. O cognato próximo é in/sistir; o antônimo familiar é de/sistir”. LITERATURA RESISTÊNCIA DO AUTOR RESISTÊNCIA DO LEITOR Literatura e resistência - Resistir a quê ou a quem? ANTONIO CANDIDO – O DIREITO À LITERATURA (1988) PROBLEMAS REAIS “Para emitir uma nota positiva no fundo do horror, acho que é um sinal favorável, pois se o mal é praticado, mas não proclamado, quer dizer que o homem não o acha mais tão natural” (2011, p. 171). DIREITOS HUMANOS BENS COMPREENSÍVEIS E IMCOMPRENSÍVEIS O sonho assegura durante o sono a presença indispensável deste universo, independentemente da nossa vontade. E durante a vigília a criação ficcional ou poética, que é a mola da literatura em todos os seus níveis e modalidades, está presente em cada um de nós, analfabeto ou erudito, como anedota, causo, história em quadrinhos, noticiário policial, canção popular, moda de viola, samba carnavalesco. Ela se manifesta desde o devaneio amoroso ou econômico no ônibus até a atenção fixada na novela de televisão ou na leitura seguida de um romance. Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção e da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece corresponder a uma necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito (CÂNDIDO, 2011, p. 174- 175). MARIO VARGAS LLOSA – EM DEFESA DO ROMANCE (2009) O QUE SERIA DE UM POVO SEM LITERATURA? “Uma pesquisa organizada recentemente pela Sociedade Geral de Autores Espanhóis forneceu um dado alarmante: metade dos habitantes daquele país jamais leu um livro. A pesquisa revelou também que, na minoria leitora, o número de mulheres que declaram ler é superior em 6,2% ao dos homens. Muito me alegro pelas mulheres, é claro, mas me preocupo pelos homens, e pelos milhões de seres humanos que, podendo ler, renunciaram a fazer isso. Não só porque desconhecem o prazer que perdem, mas porque estou convencido de que uma sociedade sem romances, ou na qual a literatura foi relegada, como certos vícios inconfessáveis, às margens da vida social e convertida mais ou menos num culto sectário, essa sociedade está condenada a se barbarizar no plano espiritual e a pôr em risco a própria liberdade”. “Borges se irritava quando lhe perguntavam: “Para que serve a literatura?” Parecia-lhe uma pergunta idiota, e ele respondia: “A ninguém ocorreria perguntar-se sobre qual é a utilidade do canto de um canário ou das cores do céu no crepúsculo!”; com efeito, se essas coisas belas estão ali e graças a elas a vida, ainda que por um instante, é menos feia e menos triste, não é mesquinho procurar justificativas práticas?” (LLOSA, 2009) “A literatura não diz nada aos seres humanos satisfeitos com seu destino, de todo contentes com o modo como vivem a vida. A literatura é alimento dos espíritos indóceis e propagadora da inconformidade, um refúgio para quem tem muito ou muito pouco na vida, onde é possível não ser infeliz, não se sentir incompleto, não ser frustrado nas próprias aspirações. Cavalgar junto ao esquálido Rocinante e a seu desregrado cavaleiro pelas terras da Mancha, percorrer os mares em busca da baleia branca com o capitão Ahab, tomar o arsênico com Emma Bovary ou transformar-se em inseto com Gregor Samsa é um modo astuto que inventamos para nos mitigar pelas ofensas e imposições desta vida injusta que nos obriga a sermos sempre os mesmos, enquanto gostaríamos de ser muitos, tantos quantos fossem necessários para satisfazer os desejos incandescentes de que somos possuídos.” (LLOSA, 2009) MOVIMENTO ANTROPOFÁGICO SEMANA DA ARTE MODERNA TROPICÁLIA O CORTIÇO – RESISTÊNCIA À SOCIEDADE A HORA DA ESTRELA: RESISTÊNCIA À HUMANIDADE VIDAS SECAS: RESISTÊNCIA À MORTE AUTO DA COMPADECIDA: RESISTÊNCIA À HIPOCRISIA MACUNAÍMA: A RESISTÊNCIA AO COLONIZADOR QUARTO DE DESPEJO: DIÁRIO DE UMA FAVELADA: RESISTÊNCIA À VIDA A POLAQUINHA – RESISTÊNCIA AO CORPO O FILHO ETERNO – RESISTÊNCIA À DIFERENÇA A RESISTÊNCIA NA LITERATURA BRASILEIRA O homem de ação, o educador ou o político que interfere diretamente na trama social, julgando-a e, não raro, pelejando para alterá-la, só o faz enquanto é movido por valores. Estes, por seu turno, repelem e combatem os antivalores respectivos. O valor é objeto da intencionalidade da vontade, é a força propulsora das suas ações. O valor está no fim da ação, como seu objetivo, e está no começo dela enquanto sua motivação. (BOSI, 1996, p. 14). “Ao contrário da literatura de propaganda – que tem uma única escolha, a de apresentar a mercadoria ou a política oficial sob as espécies da alegoria do bem -, a arte pode escolher tudo quanto a ideologia dominante esquece, evita ou repele”. (BOSI, 1996, p. 16). REFERÊNCIAS BOSI, Alfredo. Narrativa e resistência. Itinerários. Araraquara, nº 10, 1996. CANDIDO, Antonio. O Direito à literatura. In. ________. Vários escritos. 5 ed. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2011. LLOSA, Mario Vargas. Em defesa do romance. Piauí, nº 37, 2009.