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09 CdA - Direito Ambiental ✔

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1. Noções Iniciais 
 
1.1 Conceito de Meio Ambiente 
A nossa principal lei ambiental ainda é a L. 6.938/81 (Política Nacional do Meio 
Ambiente). O art. 3º dessa lei conceitua meio ambiente: 
 
Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
 
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações 
de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida 
em todas as suas formas; 
 
 
1.2 Natureza Jurídica do Meio Ambiente 
A natureza jurídica do meio ambiente pode ser encontrada na CF/88, no art. 225: 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para 
as presentes e futuras gerações. 
 
Assim, a natureza jurídica do meio ambiente é bem de uso comum do povo. Atenção 
para o fato que não tem a palavra público no termo, não sendo descrito como bem público pela 
CRFB/88. José Afonso da Silva o chama de bem de interesse público, não é bem público! 
Lembrando que o meio ambiente é direito fundamental de 3ª Geração. 
 
O código de caça diz que a caça é proibida e que os animais silvestres são bens do Estado. 
Todavia, esse dispositivo não foi recepcionado pela CF/88, tendo em visto que os animais não 
são bens públicos, nos termos explicados anteriormente. 
 
O Código Florestal (L. 12.651/12) apresenta no seu art. 2º: 
 
Art. 2º As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação nativa, 
reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os 
habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações que a 
legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem. 
 
Assim, o Código Florestal reafirma que não se trata de bem público, mas de bem de 
interesse comum ou de interesse público. Ademais, informa como o Código Florestal protege 
as florestas, qual seja, por meio de limitações administrativas1. As principais limitações 
administrativas são as ARL (área de reserva legal – arts. 12 a 24) e a APP (área de preservação 
permanente arts. 4º ao 9º). 
 
Na ARL, todo imóvel rural deve destinar um percentual da área do imóvel para 
manutenção da floresta nativa. No Estado do Rio de Janeiro, essa área é de 20%. Assim 
possível visualizar porque não se trata de bem público, essa área do imóvel continua sendo 
particular, por se tratar de uma intervenção branda.2 
 
1.3 Imprescritibilidade do Dano Ambiental 
O art. 225, §3º da CRFB/88 apresenta as três formas de responsabilidade ambiental, quais 
sejam, penal, administrativa e civil: 
 
Art. 225. §3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os 
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, 
independentemente da obrigação de reparar os danos causados. 
 
A única responsabilidade imprescritível em dano ambiental é a responsabilidade civil, 
em que terá o infrator que recuperar o dano causado. Então é essencial ter cuidado ao falar 
que o dano ambiental é imprescritível, porque é importante especificar. Veja o art. 21 do 
Decreto 6.514/08, que dispõe sobre infrações ambientais administrativas: 
 
Art. 21. Prescreve em cinco anos a ação da administração objetivando apurar a 
prática de infrações contra o meio ambiente, contada da data da prática do ato, ou, 
no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que esta tiver cessado. 
 
2. Princípios do Direito Ambiental 
 
2.1 Dignidade da Pessoa Humana e Desenvolvimento Sustentável 
Tendo em vista que o meio ambiente é direito fundamental de 3ª geração, é certo que 
se trata de direito afeto à dignidade da pessoa humana. 
 
 
1 Limitações administrativas devem sempre ser instituídas por lei. 
2 Quando escrever sobre isso na prova, nunca utilizar recursos hídricos como exemplo, porque a natureza jurídica da 
água como bem público ou bem de interesse público é um tanto discutível. Assim, usar a ARL e a APP como exemplos 
do porquê a se trata de bem de interesse público e intervenção branda. 
O desenvolvimento sustentável possui exatamente o mesmo conceito da função social 
da propriedade rural, possuindo um tripé essencial que devem ser observados 
simultaneamente: (a) aproveitamento racional e adequado; (b) utilização adequada dos recursos 
naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; (c) observância das disposições que 
regulam as relações de trabalho; e a exploração que favoreça os bem-estar dos proprietários e 
dos trabalhadores. 
 
(a) Desenvolvimento econômico 
(b) Preservação ambiental 
(c) Desenvolvimento Social 
 
Assim, se tiver que falar sobre desenvolvimento sustentável, é só olhar o art. 186 da 
CRFB/88 que fala de função social da propriedade rural e copiar os termos que lá estão, mas não 
mencionar que está sendo retirado do art. 186, vez que ele não pode ser usado como 
fundamento direto. 
 
2.2 Princípio da Logística Reversa/Destinação Final 
Ele é previsto no art. 33 da Política Nacional de Resíduos Sólidos (L. 12.305/10): 
 
Art. 33. São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, 
mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma 
independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos 
sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de: 
 
I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos 
cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas as 
regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou regulamento, 
em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em 
normas técnicas; 
 
II - pilhas e baterias; 
 
III - pneus; 
 
IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; 
 
V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; 
 
VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes. 
 
 
2.3 Princípios da Prevenção e Precaução 
A recuperação do dano ambiental, quando possível, é cara e demorada. Assim, 
a prevenção acaba por ser o principal princípio do direito ambiental, porque tudo é voltado 
para evitar o dano das atividades potencialmente causadoras de dano ambiental. 
 
Do princípio da prevenção resulta o licenciamento ambiental, que não é ato, mas um 
processo administrativo. Esse procedimento é composto por fases, essas fases sim são atos: 
(a) licença prévia; (b) licença de instalação; e (c) licença de operação. Destarte, temos três 
atos principais formando um procedimento. Além desses atos ainda existem EIA/RIMA que 
também são atos. 
 
Assim, a prevenção trabalha com uma circunstância científica. Se eu tenho 
certeza cientifica de que aquele dano ambiental é possível, eu vou fazer tudo para prevenir 
que ele não ocorra ou ocorra em circunstâncias controláveis. Por outro lado, a precaução existe 
para as atividades que a tecnologia não consegue prever qual é o impacto ambiental 
(in dubio pro natura). Assim, quando não se sabe os possíveis efeitos danosos de determinada 
atividade, essa atividade não poderá ser exercida enquanto não se tiver provas de seus danos. 
 
2.4 Princípio do Poluidor-pagador 
A base do poluidor-pagador é um princípio normativo de caráter econômico, tendo 
em vista que imputa ao poluidor os custos relacionados a uma atividade poluente. O 
poluidor-pagador consiste na obrigação do poluidor de arcar com os custos da reparação 
do dano por ele causado ao meio ambiente. 
 
O STJ, em julgado recente, entendeu que a responsabilidade ambiental administrativa 
e penal, aplica-se a teoria subjetiva, e à responsabilidade civil, a teoria objetiva. 
 
A teoria objetiva, aplicada à responsabilidade ambiental civil, é gênero, sendo espécies 
destas: i) teoria do risco; ii) teoria do risco integral; iii) teoria da falta no serviço. 
Em dano ambiental, o STJ entendeque se aplica a teoria do risco integral, no INFO 507. 
 
O conceito de poluidor pode ser encontrado na PNMA, no art. 3º: 
 
Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
 
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, 
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de 
degradação ambiental; 
 
Assim, o poluidor pode ser direto ou indireto (corresponsável ambiental). Lembrando 
a corresponsabilidade só existe na esfera cível, não existindo poluidor indireto na 
responsabilidade penal e administrativa. 
(Ex.: eu quero começar atividade poluidora e vou ao BNDES pedir financiamento, 
o banco não questiona ou pede nenhuma prova de adequação ambiental, se o 
poluidor direto causar dano ambiental, o BNDES será corresponsável, 
respondendo solidariamente). 
 
Outro grande caso de corresponsabilidade ambiental, se trata do adquirente de imóvel 
rural com passivo ambiental, previsto na L. 12.651/12: 
 
Art. 7º A vegetação situada em Área de Preservação Permanente deverá ser 
mantida pelo proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título, 
pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado. 
 
§1º Tendo ocorrido supressão de vegetação situada em Área de Preservação 
Permanente, o proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer 
título é obrigado a promover a recomposição da vegetação, ressalvados os 
usos autorizados previstos nesta Lei. 
 
§2º A obrigação prevista no § 1º tem natureza real e é transmitida ao 
sucessor no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural. 
 
Outra hipótese de poluidor indireto (corresponsável) é a de omissão estatal, mas para os 
cofres públicos não paguem duas vezes pelo erro do governante, o STJ entende que o ente é 
obrigado a ingressar com ação regressiva contra o poluidor direto. 
 
2.5 Princípio do Usuário-pagador 
Aqui não existe poluidor, o usuário não poluiu nada, mas no curso natural da cadeia de 
produção dele, o usuário se beneficia de bem natural, tendo que pagar por isso. Geralmente 
se aplica ao uso de águas, no RJ teve o grande caso da CSN que capta água do Rio Paraíba do 
Sul e usa para esfriar seus fornos, depois volta para um tanque de decantação, é limpa e volta 
ao rio. A CSN não poluiu nada, mas utilizou bem de interesse comum para uso próprio em 
sua cadeia produtiva, devendo pagar pela utilização. 
 
 
3. Competência Ambiental 
 
A competência em matéria de direito ambiental pode ser normativa ou administrativa, 
dividindo-se a esta última em preventiva e repressiva. Na competência administrativa 
preventiva se verifica quem é competente para dar o licenciamento ambiental. Enquanto a 
repressiva/punitiva, verifica-se quem tem o poder de polícia ambiental para aplicar as 
sanções diante do dano ambiental. 
 
3.1 Competência Normativa 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente 
sobre: 
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos 
naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; 
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; 
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de 
valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; 
§1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a 
estabelecer normas gerais. 
 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
 
O art. 24 da CF/88 dispõe sobre a competência concorrente da União e dos Estados, 
competindo à União legislar sobre normas gerais e aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
de maneira suplementar para atender às particularidades de suas regiões. 
 
Nos termos do art. 30, os Municípios podem legislar de maneira plena se tratando de 
assunto de interesse local, desde que não disponham de maneira diversa da legislação dos 
entes maiores. Assim, se existir interesse local em matéria ambiental, poderá o município legislar 
livremente. 
 
Grande dificuldade é a identificação do que seria uma norma geral. O autor e 
Desembargador do TJ-RJ Jessé Torres ensina que para verificar se uma norma é geral ou não, 
devemos analisar se no dispositivo legal é possível verificar a defesa e materialização de um 
princípio, caso positivo, será uma norma geral. 
 
Na hora da prova, talvez seja necessário fazer essa análise, mas é importante verificar antes 
se o tema está no rol do art. 22, porque as matérias ali elencadas são de competência privativa 
da União, não havendo que se falar somente em edição de normas gerais. 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
 
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; 
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; 
XIV - populações indígenas; 
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; 
 
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre 
questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. 
 
O tema de mineração e populações indígenas está em voga, considerando que o Presidente 
Jair Bolsonaro deseja iniciar a exploração mineral em terras indígenas. 
 
CF/88, Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, 
crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, 
competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. 
 
§2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse 
permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos 
lagos nelas existentes. 
 
§3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a 
pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados 
com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-
lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei. 
 
Dessa forma, de acordo com a CF/88, é possível a exploração das riquezas minerais do 
solo em terras indígenas, desde que com autorização do Congresso Nacional, e desde 
ouvidas as comunidades afetadas3, assegurada a estas a participação nos resultados da 
lavra (royalties). 
 
Importante ter cuidado com a velha frase de manuais esquematizados afirmando que, na 
hipótese de normas conflitantes em matéria ambiental, deve permanecer a mais restritiva e 
que mais protege o meio ambiente. O Prof. Paulo de Bessa Antunes ensina que, nos termos da 
CF/88, deve prevalecer a norma geral, a Constituição não faz menção a esse critério. Se o 
assunto é de norma geral e o Estado legislou sobre o tema, impensável que a legislação estadual 
deve prevalecer somente porque é mais restritiva, tendo em vista que o Estado-membro está 
usurpando a competência da União. Todavia, o candidato deve tomar muito cuidado, muitos 
concursos, especialmente em questões objetivas, trazem essa afirmação como correta. 
 
Está indiretamente legitimando essa afirmação a decisão do STF na ADI 3937, que trata da 
utilização de amianto. Existe uma lei federal banindo todas as variações do amianto, permitindo 
somente uma, que não seria prejudicial. Todavia, o Estado de São Paulo editou uma norma 
banindo todas as variações do amianto, inclusive a permitida por lei federal. Na ADI 3937 o STF 
entendeu por manter a legislação estadual, reforçando a tese de que a lei restritiva permanece. 
Mas não foi isso que aconteceu, uma análise mais profunda demonstra que o STF na verdade 
entendeu ser inaplicável a lei, mas não entendeu que deve prevalecer a lei estadual sobre a 
federal. Isso se dá porque a União é signatária da Convenção 162 da OIT, que proíbe todo e 
qualquer uso do amianto, convenção essa que já foi internalizada com status de lei ordinária, ou 
seja, a lei federal foi revogada tacitamente pela Convenção 162 da OIT, estandoa lei estadual de 
acordo com a nova norma geral. 
 
O Prof. Paulo de Bessa Antunes apresenta um único caso em que deve prevalecer a norma 
mais restritiva, e isso ocorre apenas porque a própria lei expressamente assim determina 
(L. 7.661/88; Lei de Gerenciamento Costeiro): 
 
 
3 Eles são ouvidos, mas não tem poder de decisão, é somente uma consulta não vinculante, podendo o Congresso 
Nacional decidir pela exploração ainda que eles sejam contra. 
Art. 5º. §2º Normas e diretrizes sobre o uso do solo, do subsolo e das águas, bem como 
limitações à utilização de imóveis, poderão ser estabelecidas nos Planos de Gerenciamento 
Costeiro, Nacional, Estadual e Municipal, prevalecendo sempre as disposições de natureza 
mais restritiva. 
 
3.2 Competência Administrativa 
A competência administrativa se divide em preventiva e repressiva, conhecidas também 
como poder de polícia ambiental preventivo e poder de polícia ambiental repressivo. 
 
3.2.1 Competência Administrativa Preventiva 
CF/88, Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios: 
 
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os 
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; 
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; 
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; 
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e 
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento 
e do bem-estar em âmbito nacional. 
 
A LC 140/11 acabou por regularizar o parágrafo único do art. 23, mas até a edição dessa 
lei, foi a Resolução CONAMA4 237/97 que regulamentou a questão. A resolução do CONAMA é 
um ato do Poder Executivo, sendo ato administrativo normativo, vinculando a Administração 
Pública e guiando-a para a fiel execução da lei, que na época era a L. 6.938/81. 
 
A L. 6.938/81 (anterior à CF/88) tratou da competência administrativa da União e dos 
Estados, mas era silente quanto aos Municípios, tendo em vista que estes não possuíam 
autonomia antes da CF/88. Assim, a Res. CONAMA 237/97 apenas replicou as normas da L. 6.938 
no que se refere aos Estados e à União, mas inovou no que se refere aos Municípios. Obviamente, 
isso causou diversas polêmicas, tendo em vista que a CF/88 pede lei complementar e uma 
resolução estava fazendo o papel desta. 
 
Mas na prática a resolução acabou sendo acatada porque o CONAMA acabou fazendo um 
bom trabalho e fundamentou sua divisão utilizando-se de uma expressão técnica cabal: 
“área de influência direta do projeto”. Assim, se área de influência do projeto se limita ao 
município, a competência será do município; se extrapola a área do município e fica dentro 
dos limites de um mesmo Estado-membro, a competência será estadual; se extrapolar a 
 
4 Conselho Nacional de Meio Ambiente. 
área de um Estado-membro ou adentrar território estrangeiro, a competência será da 
União. 
 
Ademais, além de distribuir as competências de maneira segura, a Res. 237/97 trouxe 
também o arts. 7º e 20, trazendo segurança jurídica ao empreendedor e pensando nos 
municípios que não possuem estrutura para realizar licenciamento: 
 
Art. 7º. Os empreendimentos e atividades serão licenciados em um único nível de 
competência, conforme estabelecido nos artigos anteriores.5 
 
Art. 20. Os entes federados, para exercerem suas competências licenciatórias, deverão ter 
implementados os Conselhos de Meio Ambiente, com caráter deliberativo e participação 
social e, ainda, possuir em seus quadros ou a sua disposição, profissionais legalmente 
habilitados.6 
 
Assim, se o município em questão não tiver estrutura para realizar o procedimento de 
licenciamento, ele perderá sua competência. 
 
Tudo isso foi copiado pela LC 140/11 e ainda está valendo. Simples assim. Mas ela não se 
limitou apenas ao licenciamento ambiental, tratando de maneira geral das ações administrativas, 
com o fim de regular completamente a competência comum do art. 23 da CRFB/88, incluindo o 
licenciamento. 
 
O art. 15 da LC 140/11 complementa o que estava disposto no art. 20 da Res. 237/97, 
informando quem será competente na hipótese de o ente não ter estrutura. 
 
Art. 15. Os entes federativos devem atuar em caráter supletivo nas ações administrativas de 
licenciamento e na autorização ambiental, nas seguintes hipóteses: 
 
I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado 
ou no Distrito Federal, a União deve desempenhar as ações administrativas estaduais ou 
distritais até a sua criação; 
 
II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no 
Município, o Estado deve desempenhar as ações administrativas municipais até a sua 
criação; e 
 
 
5 Art. 13 da LC 140/11. 
6 Art. 15 da LC 140/11. 
III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado 
e no Município, a União deve desempenhar as ações administrativas até a sua criação 
em um daqueles entes federativos. 
 
Conselho da União (CONAMA) 
Conselho Estadual (CONEMA7) + [No RJ tem também CECA8, são dois órgãos] 
Conselho Municipal (varia de acordo com o município) 
 
Uma questão interessante que pode aparecer especialmente em prova de PGM é o 
conteúdo do art. 9º, XIV da LC 140: 
 
Art. 9º São ações administrativas dos Municípios: 
 
XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei 
Complementar, promover o licenciamento ambiental das atividades ou 
empreendimentos: 
 
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme 
tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, 
considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade; ou 
 
b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de 
Proteção Ambiental (APAs); 
 
Assim, a LC 140/11 estabelece que quem define o que será área de âmbito local para 
fins de competência no licenciamento ambiental é o ente estadual. Se tiver fazendo prova 
de PGM, tem que invocar autonomia municipal, dizendo que não cabe ao ente estadual 
estabelecer o que é área de influência direta e inventar tudo mais que puder, mas a lei é clara. 
 
Inclusive o ERJ já regulamentou esse dispositivo. O CONEMA-RJ editou a Resolução 
42/2012: 
 
Art. 1º. Fica definido, para fins desta Resolução, que impacto ambiental de âmbito local é 
qualquer alteração direta ou indireta das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio 
ambiente, que afetem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais 
e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e/ou a qualidade 
dos recursos ambientais, dentro dos limites do Município. 
 
Parágrafo único. Não será considerado de âmbito local o impacto ambiental quando: 
 
I - sua área de influência direta ultrapassar os limites do Município, 
 
7 Geralmente é CONEMA (Conselho Estadual de Meio Ambiente), mas pode variar, no RJ é isso mesmo. 
8 Comissão Estadual de Controle Ambiental. 
II- atingir ambiente marinho ou unidades de conservação do Estado ou da União, à exceção 
das Áreas de Proteção Ambiental, 
III- a atividade for listada em âmbito federal ou estadual como sujeita à elaboração 
de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo relatório de impacto ambiental 
(RIMA). 
 
Assim, o art. 1º, p.ú., III da Res. 42/2012 do CONEMA-RJ determina que o ente municipal 
jamais exigirá o EIA/RIMA, porque se este for necessário, a competência não será 
municipal, por não ser atividade de impacto local. Lembrando que o EIA/RIMA não é o único 
estudo para verificar os danos ao meio ambiente, sendo aplicáveis nas hipóteses de significativo 
impacto ambiental, ou seja, tratando-se de significativo impacto ambiental, não será 
somentede interesse local. 
(Na Prova da PGE tem que tomar essa posição). 
 
3.2.2 Competência Administrativa Repressiva 
Essa competência vai tratar do poder de polícia ambiental repressivo, a competência 
para aplicação de infrações administrativas. Art. 3º do Decreto nº 6.514/08 elenca as possíveis 
sanções aplicáveis no exercício dessa competência. 
 
Art. 3º As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções: 
 
I - advertência; 
II - multa simples; 
III - multa diária; 
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora e demais produtos e 
subprodutos objeto da infração, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de 
qualquer natureza utilizados na infração; 
V - destruição ou inutilização do produto; 
VI - suspensão de venda e fabricação do produto; 
VII - embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas; 
VIII - demolição de obra; 
IX - suspensão parcial ou total das atividades; e 
X - restritiva de direitos. 
 
O art. 17 da LC 140/11 esclarece a competência para aplicação de sanções administrativas 
ambientais: 
 
Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização, conforme o 
caso, de um empreendimento ou atividade, lavrar auto de infração ambiental e instaurar 
processo administrativo para a apuração de infrações à legislação ambiental 
cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada. 
 
§3º O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da 
atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades 
efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação 
ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que 
detenha a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o caput. 
 
Em suma, o art. 17 diz: quem licencia, também sanciona. Assim, as regras estudadas no 
tópico anterior serão também aplicadas aqui para a hipótese de análise de questões que 
envolvam a competência sancionadora do ente. 
 
O parâmetro legal se mostrou infeliz, sendo mais pertinente considerar a área de influência 
direta do dano. O dano ambiental pode acabar atingindo mais de um ente, ainda que a 
competência de licenciamento seja de um só. O parâmetro inclusive já se mostrou problemático 
no caso da quebra da barragem de Mariana em Minas Gerais. No caso concreto, quem licenciou 
a barragem foi o Estado de Minas Gerais, mas quem aplicou a multa foi o IBAMA, possivelmente 
ocorreu algum acordo entre os entes. 
 
O §3º permite a aplicação de sanções por outros entes, mas se existir conflito, deverá 
prevalecer a sanção imposta pelo ente licenciador. 
 
3.3 Competência dos Tribunais de Justiça 
A competência dos tribunais é relevante para apuração de crimes ambientais, 
especialmente para o MP. Existe apenas um parâmetro, não existindo conflito doutrinário ou de 
jurisprudência: a competência será da Justiça Federal se o dano ocorrer sobre bem da União. 
 
Art. 20. São bens da União: 
 
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; 
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções 
militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; 
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais 
de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele 
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; 
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas 
oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas 
áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; 
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva; 
VI - o mar territorial; 
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; 
VIII - os potenciais de energia hidráulica; 
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; 
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos; 
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. 
 
No caso concreto deve ser analisado se algum dos bens do art. 20 da CF/88 está envolvido, 
caso positivo, a competência será obrigatoriamente do da PF, MPF e JF. Por outro lado, não 
existindo bem da União envolvido, será caso de competência da PC, MPE e JE. 
 
Essencial não determinar como competência da JF o dano que abranger múltiplos 
Estados-membros. O parâmetro é a existência de dano ao bem União, se este não estiver 
envolvido, a competência será estadual, ainda que envolva três estados. Nesse caso, o MPE 
que apresentar a denúncia primeiro transformará a Tribunal de Justiça correspondente em juízo 
prevento, devendo os estados restantes se submeterem à jurisdição daquele. 
 
É importante tomar especial cuidado com o inciso III do art. 20, ainda que o dano se 
contenha à área do rio de um único Estado-membro, se este rio banhar mais de um estado, ele 
será classificado como federal, atraindo a competência da Justiça Federal. 
 
 
3.4 Competência dos Tribunais de Contas 
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União 
e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, 
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo 
Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada 
Poder. 
 
Diante disso, possível concluir que, se o patrimônio do ente estiver afeto à proteção 
ambiental, o Tribunal de Contas poderá ter controle sobre a destinação dessa área, por exemplo. 
 
3.5 SISNAMA 
Art. 6º Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos 
Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela 
proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio 
Ambiente - SISNAMA, assim estruturado: 
 
I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da 
República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio 
ambiente e os recursos ambientais; 
 
II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), 
com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de 
políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito 
de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente 
ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida; 
III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente (Ministério do Meio Ambiente) da 
Presidência da República, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, 
como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio 
ambiente; 
 
IV - órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis - IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - 
Instituto Chico Mendes, com a finalidade de executar e fazer executar a política e as diretrizes 
governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com as respectivas competências; 
 
V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de 
programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a 
degradação ambiental; 
 
VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e 
fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições; 
 
§ 1º - Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição, elaborarão 
normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio ambiente,observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA. 
 
§ 2º Os Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, também poderão 
elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior. 
 
§ 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais mencionados neste artigo deverão 
fornecer os resultados das análises efetuadas e sua fundamentação, quando solicitados por 
pessoa legitimamente interessada. 
 
§ 4º De acordo com a legislação em vigor, é o Poder Executivo autorizado a criar uma 
Fundação de apoio técnico científico às atividades do IBAMA. 
 
União 
 Órgão Central → Ministério do Meio Ambiente (MMA) 
Órgão Consultivo e Deliberativo → CONAMA 
 Órgão Executor → IBAMA (autarquia) e ICMBio. 
 
ERJ 
 Órgão Central → Secretaria Estadual do Ambiente (SEA) 
Órgão Consultivo e Deliberativo → CONEMA e CECA 
 Órgão Executor → INEA (Instituto Estadual do Ambiente - autarquia) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. Licenciamento Ambiental 
O licenciamento é um processo9. O art. 1º e 8º da Resolução 237/97 do CONAMA 
expressamente define a natureza jurídica divide o procedimento em atos: 
 
Art. 1º - Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições: 
I - Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão 
ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de 
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas 
efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam 
causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as 
normas técnicas aplicáveis ao caso. 
 
II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, 
estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser 
obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, 
ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos 
ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob 
qualquer forma, possam causar degradação ambiental. 
 
III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais 
relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou 
empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: 
relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, 
diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada10 e análise 
preliminar de risco. 
 
IV – Impacto Ambiental Regional: é todo e qualquer impacto ambiental que afete 
diretamente (área de influência direta do projeto), no todo ou em parte, o território de dois 
ou mais Estados. 
 
Art. 8º. O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes 
licenças: 
I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do 
empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a 
viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem 
atendidos nas próximas fases de sua implementação; 
 
II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade 
de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, 
 
9 Celso A. Bandeira de Mello: processo e procedimento administrativo, diferentemente do processo civil, são 
considerados sinônimos no âmbito do estudo do direito ambiental e administrativo. 
10 PRAD → exigência constitucional do art. 235, § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar 
o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. 
incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem 
motivo determinante; 
 
III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, 
após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as 
medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. 
 
Parágrafo único. As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou 
sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou 
atividade. 
 
Assim, (LP+LI+LO) são atos que integram o procedimento administrativo de licenciamento 
ambiental. Lembrando que na esfera federal o IBAMA editou a IN 184/2008, trazendo em seu 
art. 8º um quarto ato, o termo de referência (TR), o INEA aqui no RJ chama esse quarto ato 
de instrução técnica (IT), sendo esse quarto ato responsável por definir qual estudo 
ambiental será necessário para que se consiga a licença prévia, ou seja, o TR/IT é prévio: 
TR/IT → LP → LI → LO. 
 
Lembrando que todo esse procedimento não é necessário para todo e qualquer 
licenciamento, apesar de ser o mais cobrado. Esse é o licenciamento ambiental para atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação ambiental, sendo o mais rigoroso. Isso 
pode ser verificado no art. 12 da Res. 237/97 do CONAMA: 
 
Art. 12. O órgão ambiental competente definirá, se necessário, procedimentos específicos 
para as licenças ambientais, observadas a natureza, características e peculiaridades da 
atividade ou empreendimento e, ainda, a compatibilização do processo de licenciamento com 
as etapas de planejamento, implantação e operação. 
 
§1º. Poderão ser estabelecidos procedimentos simplificados para as atividades e 
empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental, que deverão ser aprovados 
pelos respectivos Conselhos de Meio Ambiente. 
 
§2º. Poderá ser admitido um único processo de licenciamento ambiental para pequenos 
empreendimentos e atividades similares e vizinhos ou para aqueles integrantes de planos de 
desenvolvimento aprovados, previamente, pelo órgão governamental competente, desde que 
definida a responsabilidade legal pelo conjunto de empreendimentos ou atividades. 
 
§3º. Deverão ser estabelecidos critérios para agilizar e simplificar os procedimentos de 
licenciamento ambiental das atividades e empreendimentos que implementem planos e 
programas voluntários de gestão ambiental, visando a melhoria contínua e o aprimoramento 
do desempenho ambiental. 
 
Dessa forma, o órgão ambiental competente poderá estabelecer procedimentos distintos 
de acordo com a natureza e complexidade do empreendimento. O EIA/RIMA são procedimentos 
rigorosos para os casos de atividades que resultem em efetivo ou potencialmente significativo 
dano ambiental. Vejamos o art. 3º da mesma Res. 237/97: 
 
Art. 3º A licença ambiental para empreendimentos e atividades consideradas efetiva 
ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente 
dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto 
sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, garantida a realização 
de audiências públicas, quando couber, de acordo com a regulamentação. 
 
Parágrafo único. O órgão ambiental competente, verificando que a atividade ou 
empreendimento não é potencialmente causador de significativa degradação do meio 
ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao respectivo processo de 
licenciamento. 
 
Existe um rol das atividades potencialmente causadoras de significativa degradação 
ambiental? → a Resolução CONAMA 001/86 traz em seu art. 2º um rom exemplificativo de 
atividades que devem se submeter ao licenciamento ambiental mais rígido do EIA/RIMA: 
 
Artigo 2º. Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório 
de impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual 
competente, e do IBAMA em caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras 
do meio ambiente,tais como: 
 
I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; 
II - Ferrovias; 
III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; 
IV - Aeroportos; 
V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários; 
VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV; 
VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins 
hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para 
navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d'água, abertura de barras e 
embocaduras, transposição de bacias, diques; 
VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); 
IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração; 
X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos; 
Xl - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima 
de 10MW; 
XII - Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos, siderúrgicos, 
cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos); 
XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI; 
XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou 
menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do 
ponto de vista ambiental; 
XV - Projetos urbanísticos, acima de 100ha ou em áreas consideradas de relevante interesse 
ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes; 
XVI - Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a dez toneladas 
por dia. 
 
4.1 Aplicação Subsidiária da L. 5427 e L. 9784 
O licenciamento ambiental é um procedimento administrativo regido pela Resolução 
CONAMA 237/97. Todo procedimento administrativo específico terá aplicação subsidiária da Lei 
do Processo Administrativo do ente (L. 5.427/09 no ERJ), ou ainda da L. 9.784/99. Todavia, no 
caso da Res. 237/97, por se tratar de uma resolução, não deve o candidato argumentar que ela, 
a resolução, prevalece quando dispor de maneira específica, devendo deixar bem claro que 
se trata do art. 10 da L. 6.938, regulamentado pela Res. 237/97, prevalecerá sobre a lei do 
processo administrativo. Assim, somente busca-se a lei do processo administrativo de maneira 
subsidiária. 
 
4.2 Influência da IN 184/2008 IBAMA no Licenciamento Ambiental 
Como mencionado, a IN 184/2008 do IBAMA criou a necessidade de uma nova fase no 
licenciamento ambiental, anterior à licença preliminar no caso do EIA/RIMA, chamada de 
Termo de Referência. O empreendedor deverá instaurar o processo por meio do 
preenchimento da Ficha de Caracterização de Atividade (FCA), que é enviada 
eletronicamente ao IBAMA em forma de proposta de termo de referência, ou seja, o 
empreendedor sabe o que pretende fazer e tem seus técnicos, devendo formular proposta de 
termo de referência para definir quais serão os estudos necessários. O empreendedor sempre 
tenta diminuir, dizendo que não precisa de EIA/RIMA etc. 
 
Assim, será responsabilidade do IBAMA dizer se aceita ou não a proposta do 
empreendedor, no prazo de 60 dias. O IBAMA então enviará ao empreendedor o termo de 
referência definitivo informando os estudos necessários para o empreendimento, incluindo 
se é ou não o caso de EIA/RIMA. Esse termo de referência definitivo terá validade de 2 anos. 
 
O empreendedor terá 2 anos para cumprir as exigências do IBAMA, se não o fizer, o pedido 
de licenciamento será arquivado e o procedimento terá que começar do zero. Por outro lado, se 
o empreendedor executar os estudos conforme determinado pelo IBAMA, conseguirá a 
licença prévia (LP). 
 
 
Art. 2º Os procedimentos para o licenciamento ambiental deverão obedecer às seguintes 
etapas: 
Instauração do processo; 
Licenciamento prévio; 
Licenciamento de instalação; e 
Licenciamento de operação. 
 
Art. 7º. A instauração do processo de licenciamento obedecerá às seguintes etapas: 
Preenchimento pelo empreendedor do Formulário de Solicitação de Abertura de Processo -
FAP e seu envio eletrônico ao IBAMA pelo sistema; 
 
Art. 8º Instaurado o processo, o empreendedor deverá providenciar o envio pelos Serviços 
online -Serviços -Licenciamento Ambiental de proposta de Termo de Referência -TR para 
elaboração do Estudo Ambiental, com base no Termo de Referência Padrão da tipologia 
específica do empreendimento, disponibilizado no site do IBAMA/Licenciamento. 
 
Art. 12. O IBAMA providenciará o envio ao empreendedor do TR definitivo, o qual terá 
validade de 2 (dois) anos, e será disponibilizado no site do IBAMA/Licenciamento. 
 
Assim, o mais importante do TR é informar quais estudos ambientais são exigidos para 
conseguir a licença prévia, de instalação e de operação sequencialmente, informações que 
eram difíceis de compreender pelo empreendedor anteriormente. 
 
Ato contínuo, uma vez adquirida a licença prévia, o empreendedor buscará a licença de 
instalação: 
 
Art. 27. A concessão da Licença de Instalação - LI é subsidiada pelo Projeto Básico Ambiental 
- PBA e a emissão de autorização de supressão de vegetação, por PRAD11 e Inventário 
Florestal. 
 
Assim, o empreendedor deverá apresentar o Projeto Básico Ambiental (PBA) e o Plano 
de Compensação Ambiental (PCA) e, se houver necessidade, o PRAD e o Inventário 
Florestal. Assim, o PBA é apresentado no meio do procedimento, após a concessão da licença 
prévia, após o EIA/RIMA e as consultas públicas. Dessa forma, possível concluir que o termo de 
referência é uma espécie de projeto básico antecipado, similar ao regime da contratação 
integrada do RDC, que prevê o anteprojeto de engenharia. 
 
O PCA nasceu na Lei do SNUC (L. 9.985/00), que criou a compensação ambiental: 
 
SNUC, Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo 
impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento 
em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é 
 
11 Plano de Recuperação de Área Degradada, conforme previsto no §2º do art. 225 da CF/88. 
obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de 
Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento desta Lei 
 
§1º O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade não 
pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do 
empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com 
o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento. 
 
O STF declarou que essa previsão rígida de 0,5% é inconstitucional, tendo em vista que 
0,5% de um empreendimento bilionário não é razoável. Assim, deve existir um balizamento entre 
o empreendimento e o valor. O IBAMA criou uma Câmara de Compensação para negociar os 
valores de compensação ambiental com o empreendedor. O licenciamento ambiental fica 
parado e não anda enquanto um valor não for acordado. Findo essa fase do procedimento, será 
concedida a licença de instalação (LI). 
 
Por fim, o art. 32 da IN 184/2008 prevê a necessidade de relatório final elaborado por meio 
de auditoria, sendo somente concedida a licença de operação (LO) se tiverem sido 
implementadas corretamente todas as diretrizes exigidas durante o licenciamento e pelos atos 
anteriores. 
 
O art. 18 da Res. 237/97 traz o lapso temporal desse procedimento de licenciamento: 
 
Art. 18 - O órgão ambiental competente estabelecerá os prazos de validade de cada tipo de 
licença, especificando-os no respectivo documento, levando em consideração os seguintes 
aspectos: 
 
I - O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo 
cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimentoou atividade, não podendo ser superior a 5 (cinco) anos. 
II - O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá ser, no mínimo, o estabelecido 
pelo cronograma de instalação do empreendimento ou atividade, não podendo ser superior 
a 6 (seis) anos. 
III - O prazo de validade da Licença de Operação (LO) deverá considerar os planos de 
controle ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, no máximo, 10 (dez) anos. 
 
Esse artigo acaba gerando discussões acerca da natureza do licenciamento ambiental, se 
ele teria natureza de licença ou de autorização. Em direito administrativo, o aluno aprende que 
alvará é gênero, tendo como espécie a licença e a autorização. 
 
 Alvará de licença → ato vinculado, declaratório, permanente 
Alvará de autorização → ato discricionário, constitutivo, precário 
 
Assim, se a Licença Operação permite o funcionamento somente de 4 a 10 anos, sendo 
necessária a renovação da licença após esse período, falta o caráter permanente da licença 
ao licenciamento ambiental. Não obstante a celeuma doutrinária, a maioria entende se tratar de 
licença, mas é uma licença com características e princípios próprios do direito ambiental, 
tendo em vista que o princípio da prevenção enseja prazo ao licenciamento ambiental. 
Conforme surgem novas tecnologias e se descobrem novos danos, as exigências para aquela 
atividade devem se adequar à realidade. Ademais, a licença ambiental é ato discricionário 
técnico, não permeado pela conveniência e oportunidade. 
 
O art. 19 da Res. 237/97 do CONAMA prevê que a licença poderá ainda ser revista dentro 
do prazo concedido (4 a 10 anos): 
 
Art. 19 – O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os 
condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença 
expedida, quando ocorrer: 
 
I - violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais. 
II - omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença. 
III - superveniência de graves riscos ambientais e de saúde. 
 
Isso ocorreu recentemente em um shopping de São Paulo. A notícia teve grande 
repercussão. O shopping foi construído em cima de um antigo lixão, após muitos anos de 
funcionamento, o shopping construiu um novo andar e com o aumento do peso e da pressão 
sobre o lixão, começou a vazar gás metano, gerando risco de explosão. Diante disso, o 
licenciamento foi suspenso e o shopping ficou fechado até a solução do problema. 
 
A legislação diz suspender e cancelar, não anular ou revogar, então é melhor usar a 
nomenclatura da lei. 
 
O art. 14 da Res. 237/97 dá o prazo máximo de 6 meses para a realização de todo o 
procedimento de licenciamento ambiental, podendo se estender por 12 meses no caso de 
EIA/RIMA. Ora, como pode ser de até 12 meses diante dos prazos apresentados anteriormente 
de 5 anos a da LP, 6 anos da LI etc? Veja-se: 
 
Art. 14 - O órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de análise diferenciados 
para cada modalidade de licença (LP, LI e LO), em função das peculiaridades da atividade ou 
empreendimento, bem como para a formulação de exigências complementares, desde que 
observado o prazo máximo de 6 (seis) meses a contar do ato de protocolar o requerimento 
até seu deferimento ou indeferimento, ressalvados os casos em que houver EIA/RIMA e/ou 
audiência pública, quando o prazo será de até 12 (doze) meses. 
 
§1º. A contagem do prazo previsto no caput deste artigo será suspensa durante a 
elaboração dos estudos ambientais complementares ou preparação de 
esclarecimentos pelo empreendedor. 
 
Assim, o prazo do art. 14 da Res. 237/97 deve ser observado pelo ente enquanto o 
processo estiver com ele, não escoando enquanto estiver em fase de atuação do 
empreendedor. 
 
Diante da demora, se o ente perder o prazo, por óbvio que a licença não será concedida 
automaticamente. Muitos empreendedores recorrem ao judiciário, não para pedir a licença 
(nunca isso) mas para determinar o cumprimento do prazo. A regra geral é que os prazos dos 
procedimentos administrativos nunca serão fatais para a Administração, mas 
meramente indicativos, não gerando nulidade do processo administrativo. Mas o 
empreendedor pode solicitar a determinação de multa diária diante da permanência da inércia. 
 
O Código Florestal, em seu art. 38, fala sobre a proibição do fogo e o controle de incêndios. 
Mas permite seu uso nos locais ou regiões cujas peculiaridades justifiquem o emprego de fogo, 
mediante prévia autorização do órgão ambiental competente, por exemplo. Nesse contexto, 
existe o Decreto 2.661/98 que trata da queima controlada, estando ela autorizada 
automaticamente se o governo não responder à solicitação dentro do prazo de 15 dias. 
 
 
 
 
4.3 EIA/RIMA 
O licenciamento ambiental é um procedimento composto diversos de atos, dentro desses 
atos está o EIA e o RIMA. 
 
Como mencionado anteriormente a Res. 001/86 do CONAMA traz um rol exemplificativo 
de hipóteses em que obrigatoriamente a atividade deve ser compreendida como 
potencialmente causadora de significativa degradação ambiental. 
 
Porque o EIA/RIMA estão sempre juntos? A CRFB/88 estabelece como dever do Estado 
informar e educar o cidadão acerca de matéria ambiental, contribuindo para a preservação do 
meio ambiente para as futuras gerações. 
 
CF/88, Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de 
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e 
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações. 
 
Assim, enquanto o empreendedor tem o dever de elaborar o EIA, o Poder Público tem o 
dever de elaborar o RIMA, fazendo com que o EIA se torne mais acessível à população, por meio 
de uma linguagem mais simples. O RIMA é um resumo do EIA. Veja-se o art. 9, p.ú., da Res. 
001/86: 
 
Artigo 9º - O relatório de impacto ambiental - RIMA refletirá as conclusões do estudo de 
impacto ambiental e conterá, no mínimo: 
 
Parágrafo único - O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada a sua 
compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, 
ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação 
visual, de modo que se possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como 
todas as consequências ambientais de sua implementação. 
 
O RIMA é que deve ser levado para a audiência pública. O EIA possui termos complexos 
e técnicos, sendo utilizados primariamente pelos técnicos a serviço do empreendedor e pelo 
corpo de agentes do órgão ambiental. 
 
Ato contínuo, o que EIA/RIMA vai estudar? Veja-se: 
 
Artigo 6º - O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, as seguintes atividades 
técnicas: 
 
I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa descrição e análise dos 
recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação 
ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando: 
a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a 
topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d'água, o regime hidrológico, as correntes 
marinhas, as correntes atmosféricas; 
b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as espécies 
indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de 
extinção e as áreas de preservação permanente; 
c) o meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a sócio-economia, 
destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as 
relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial 
utilização futura desses recursos. 
 
II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas12, através de 
identificação,previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos 
relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e 
indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de 
reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e 
benefícios sociais. 
 
III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos 
de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas. 
 
IV - Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os impactos positivos 
e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados. 
 
Parágrafo Único - Ao determinar a execução do estudo de impacto Ambiental o órgão 
estadual competente; ou o IBAMA ou quando couber, o Município fornecerá as instruções 
adicionais que se fizerem necessárias, pelas peculiaridades do projeto e características 
ambientais da área. 
 
O art. 7º da Res. 001/86 proibia a utilização de profissionais do corpo técnico próprio do 
empreendedor, mas isso nunca foi suficiente para inibir a atuação de profissionais que 
desejavam agradar aquele que paga pelo seu trabalho. Diante disso, o art. 11 da Res. 237/97 
revogou o art. 7º da Res. 001/86, permitindo a utilização, mas responsabilizando esses técnicos 
nas esferas administrativa, penal e cível. 
 
Art. 11 - Os estudos necessários ao processo de licenciamento deverão ser realizados por 
profissionais legalmente habilitados, às expensas do empreendedor. 
 
Parágrafo único - O empreendedor e os profissionais que subscrevem os estudos previstos 
no caput deste artigo serão responsáveis pelas informações apresentadas, sujeitando-
se às sanções administrativas, civis e penais. 
 
 
12 Todo EIA deve conter apreciações sobre eventuais alternativas. Inclusive, quando se trata do bioma da mata atlântica, 
a utilização de projeto alternativo será obrigatória. 
4.4 Audiência Pública 
Não existe texto legal determinado que a audiência pública será obrigatória. 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso 
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à 
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
 
§1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora 
de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que 
se dará publicidade; 
 
O requisito da publicidade pode ser garantido de múltiplas formas, não necessariamente 
por meio de audiência pública. O art. 3º da Res. 237/97 menciona expressamente a audiência 
pública, mas não diz que ela é obrigatória, determinando simplesmente que ela deverá ocorrer 
“quando couber”. 
 
Art. 3º. A licença ambiental para empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou 
potencialmente causadoras de significativa degradação do meio dependerá de prévio estudo 
de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), 
ao qual dar-se-á publicidade, garantida a realização de audiências públicas, quando couber, 
de acordo com a regulamentação. 
 
A Res. 009/87 determina que a audiência pública poderá ser solicitada pelas seguintes 
figuras: (a) entidade civil, (b) Ministério Público e (c) 50 ou mais cidadãos e, ainda, (d) o órgão 
do meio ambiente, devendo este órgão do meio ambiente promover a realização de audiência 
pública quando solicitada pelas outras figuradas. Mas se uma dessas figuras realizar o pedido 
de audiência pública, ela passará a ser obrigatória, não possuindo validade a licença 
concedida sem a audiência. 
 
Art. 2º - Sempre que julgar necessário, ou quando for solicitado por entidade civil, pelo 
Ministério Público, ou por 50 (cinqüenta) ou mais cidadãos, o Órgão de Meio Ambiente 
promoverá a realização de audiência pública. 
 
§2º - No caso de haver solicitação de audiência pública e na hipótese do Órgão Estadual não 
realizá-la, a licença concedida não terá validade. 
 
Em suma, a priori pode ser dito que a audiência pública13 não será obrigatória, tendo em 
vista ser possível a concessão de licença sem vícios ainda que ela não ocorra, mas de acordo 
 
13 Audiência pública é oral; consulta pública é por escrito. 
com o art. 2º da Res. 009/87, ela passará a ser obrigatória se for requerida pelo MP, entidade 
civil ou 50 ou mais cidadãos, devendo o órgão do meio ambiente responsável realizá-la. 
 
5. SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação) 
 
5.1 Criação e Extinção das Unidades de Conservação 
A L. 9.985/00 trata do SNUC, tratando em seu art. 22 das formas de criação e extinção das 
unidades de conservação: 
 
Art. 22. As unidades de conservação são criadas por ato do Poder Público. 
(...) 
§2º A criação de uma unidade de conservação deve ser precedida de estudos técnicos 
e de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais 
adequados para a unidade, conforme se dispuser em regulamento. 
 
§4º Na criação de Estação Ecológica ou Reserva Biológica não é obrigatória a consulta 
de que trata o §2º deste artigo. 
 
§5º As unidades de conservação do grupo de Uso Sustentável podem ser transformadas total 
ou parcialmente em unidades do grupo de Proteção Integral, por instrumento normativo do 
mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, desde que obedecidos os procedimentos de 
consulta estabelecidos no § 2º deste artigo. 
 
§6º A ampliação dos limites de uma unidade de conservação, sem modificação dos 
seus limites originais, exceto pelo acréscimo proposto, pode ser feita por instrumento 
normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, desde que obedecidos 
os procedimentos de consulta estabelecidos no § 2o deste artigo. 
 
§7º A desafetação ou redução dos limites de uma unidade de conservação só pode ser 
feita mediante lei específica. 
 
Nos termos do art. 22, caput, as unidades de conservação são criadas por ato do Poder 
Público, esse ato pode ser lei, decreto, resolução, portaria etc. Assim, a L. 9.985/00 tornou 
extremamente fácil a criação de uma unidade de conservação, desde que respeitado o §2º do 
mesmo artigo, que prevê a necessidade de estudos técnicos e consulta pública que permitam a 
identificação, localização, dimensão e limites adequados para a unidade. 
 
Por outro lado, o §7º proíbe a redução dos limites, supressão, desafetação, extinção etc. da 
unidade de conservação por ato comum, devendo necessariamente ser feita mediante lei 
específica. Nesse contexto, importante lembrar que medida provisória possui força de lei, 
mas o STF decidiu na ADI 4717 que, apesar da natureza da medida provisória, ela não poderá 
ser utilizada para a supressão de unidade de conservação, tendo em vista que o fim do 
dispositivo é que o debate passe pela casa legislativa, o que a MP inviabiliza. Assim, é 
inconstitucional MP que tente suprimir ou extinguir unidade de conservação. 
 
5.2 As Unidades de Conservação 
Ato contínuo, a L. 9.985/00 cria dois grandes grupos de unidades de conservação: 
(a) de proteção integral; e (b) de uso sustentável. 
 
Art. 7º As unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos, com 
características específicas: 
 
I - Unidades de Proteção Integral; 
II - Unidades de Uso Sustentável. 
 
§1º O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo 
admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos 
nesta Lei. 
 
§2º O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da 
natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. 
 
Unidades de Conservação Integral Unidades de Uso Sustentável 
Estação Ecológica Área de Proteção Ambiental;Reserva Biológica Área de Relevante Interesse Ecológico 
Parque Nacional; Floresta Nacional 
Monumento Natural Reserva Extrativista 
Refúgio de Vida Silvestre Reserva de Fauna 
 Reserva de Desenvolvimento Sustentável 
 Reserva Particular do Patrimônio Natural 
 
Para provas objetivas de outras procuradorias, essencial ler os arts. 7º a 21 da L. 9.985/00, 
vez que, apesar de serem chatos e decoreba, são cobrados com frequência. Se tiver em reta final 
e não der tempo, decore pela menos a RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural, art. 21)14, 
Floresta Nacional (art. 17) e a APA (Área de Proteção Ambiental). 
 
Dentre os tipos de unidades apresentados (12 no total, 5 de proteção integral e 7 de uso 
sustentável), relevante indagar se uma vez criada a unidade de conservação, seria possível a 
manutenção das unidades privadas em seu interior ou se seria o caso de desapropriação. 
Isso vai variar de acordo com a unidade de conservação, não existindo uniformidade; 
quando for necessária a desapropriação, o dispositivo relacionado irá determinar 
expressamente. A título de exemplo: 
 
 
 
 
14 Importante: a RPPN é perpétua! 
Art. 9o A Estação Ecológica tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de 
pesquisas científicas. 
 
§1o A Estação Ecológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares 
incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. 
 
Lembrando que a desapropriação possui dois pressupostos: (a) utilidade pública, 
DL 3.365 e (b) interesse social, L. 4.132. No caso de desapropriação para implantação das 
unidades de conservação, seria o caso de interesse social, nos termos do art. 2º, VII da L. 
4.132/6215. 
 
Poderia um ente criar uma unidade inédita fora dessas 12? → SIM! Mas será necessária 
a apresentação de motivação técnica, que deverá passar pelo crivo do CONAMA. Nos termos 
do art. 6, p.ú. da L. 9.985/00. 
 
Art. 6º Parágrafo único. Podem integrar o SNUC, excepcionalmente e a critério do Conama, 
unidades de conservação estaduais e municipais que, concebidas para atender a 
peculiaridades regionais ou locais, possuam objetivos de manejo que não possam ser 
satisfatoriamente atendidos por nenhuma categoria prevista nesta Lei e cujas características 
permitam, em relação a estas, uma clara distinção. 
5.3 Corredor Ecológico e Zona de Amortecimento 
O art. 25 da L. 9.985/00 cria as figuras do corredor ecológico e da zona de amortecimento. 
 
Art. 25. As unidades de conservação, exceto (APA) Área de Proteção Ambiental e 
(RPPN) Reserva Particular do Patrimônio Natural, devem possuir uma zona de 
amortecimento e, quando conveniente, corredores ecológicos16. 
 
§1º O órgão responsável pela administração da unidade estabelecerá normas específicas 
regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da zona de amortecimento e dos corredores 
ecológicos de uma unidade de conservação. 
 
§2º Os limites da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos e as respectivas normas 
de que trata o §1º poderão ser definidas no ato de criação da unidade ou posteriormente. 
 
Assim, exceto pela APA e penal RPPN, todas as outras 10 unidades de conservação terão 
que ter, necessariamente, uma zona de amortecimento, sendo ainda facultada a implementação 
de corredor ecológico. 
 
 
15 Art. 2º Considera-se de interesse social: 
 VII - a proteção do solo e a preservação de cursos e mananciais de água e de reservas florestais. 
16 Zona de amortecimento é obrigatória, o corredor ecológico somente quando conveniente. 
A Zona de Amortecimento (ZA, também chamada de “Zona Tampão”) é uma área 
estabelecida ao redor de uma unidade de conservação com o objetivo de filtrar os impactos 
negativos das atividades que ocorrem fora dela, como: ruídos, poluição, espécies invasoras e 
avanço da ocupação humana, especialmente nas unidades próximas a áreas intensamente 
ocupadas. 
 
A zona de amortecimento não é nada mais do que uma servidão administrativa, sendo 
similar à figura do tombamento. Quando ocorre o tombamento, o seu entorno passa a sofrer 
uma servidão administrativa, não podendo ser feita construção que afete o bem 
negativamente.17 
 
Assim, nos termos do §1º do art. 25, o órgão responsável pela administração dessa unidade 
de conservação será responsável por regulamentar a zona de amortecimento e os corredores 
ecológicos, determinando o que poderá ser construído em seu entorno. 
 
Isso é muito relevante e pode trazer uma questão discursiva interessante, especialmente 
porque a administração de uma unidade de conservação pode ser realizada por uma OSCIP por 
meio de um termo de parceria, por exemplo. Aí fica o questionamento: a deliberação da OSCIP 
regulamentando essa zona de amortecimento prevalece sobre o plano diretor municipal? O 
ponto chave é não usar o termo prevalecer, tem que ser compreendido como mais um requisito 
para o regular licenciamento da obra, tendo em vista a especificidade de servidão administrativa 
no local da construção, devendo o empreendedor cumprir todos os requisitos do licenciamento 
ambiental municipal/estadual/federal e ainda verificar as restrições da zona de amortecimento, 
com fundamento em norma geral federal, a L. 9.985/00. 
 
Art. 49. A área de uma unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral é considerada 
zona rural, para os efeitos legais. 
 
Parágrafo único. A zona de amortecimento das unidades de conservação de que trata este 
artigo, uma vez definida formalmente, não pode ser transformada em zona urbana. 
 
Lembrando que deve ser distinguido zona rural de imóvel rural. É possível existir imóvel 
rural no meio do centro urbano, tendo em vista que ele será definido de acordo com sua 
destinação, não a sua localização, como aprendemos em tributário quanto à incidência de ITR 
vs IPTU. 
 
 
 
 
17 DL 25/37, Art. 18. Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não se poderá, na 
vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibilidade, nem nela colocar anúncios ou 
cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o objeto, impondo-se neste caso a multa de cinquenta por 
cento do valor do mesmo objeto. 
6. Recursos Hídricos 
 
6.1 Água e Bens Públicos 
L. 9.433/97, Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes 
fundamentos: 
 
I - a água é um bem de domínio público; 
 
II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; 
 
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e 
a dessedentação de animais; 
 
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; 
 
V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional 
de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; 
 
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do 
Poder Público, dos usuários e das comunidades. 
 
Prevalece na doutrina o entendimento de que o art. 1º da L. 9.433 deve ser interpretado 
conforme a CF/88, ou seja, a água é um bem de interesse público, mas não um bem público. 
O Prof. José dos Santos Carvalho Filho é categórico ao afirmar que não coaduna com a doutrina 
defensora da tese de que todos as águas do Brasil são públicas. Assim, seguindo esse 
entendimento e com fundamento no antigo Código de Águas (Decreto 24.643/34), ainda é 
possível a manutenção de águas particulares. 
 
Adicionalmente, nos termos do Código de Águas, a água será bem público se for 
navegável. Não é necessário que o corpo aquático seja navegável em sua inteireza, se parte 
dele possuir a caraterística da navegabilidade, será bem público. 
 
6.2 Bacia Hidrográfica 
Ato contínuo, nos termos do art. 1º, V da L. 9.433/97, a bacia hidrográfica é uma unidade 
territorial, devendo ser administrada do começo ao fimpela mesma gestão, chamada de 
Comitê de Bacia Hidrográfica (CBH), que deverá ter uma formação plural, incluindo um 
representante de todos os entes da federação por onde esse rio passar, assim como da 
sociedade civil, das empresas que captam a água desse rio para distribuição, da União se este 
rio for federal etc. 
 
Aqui no ERJ existe o a CBH-BG, que é o comitê da Baía de Guanabara, formado por 60 
integrantes, que formam o plano de manejo da bacia hidrográfica. 
 
Para que os atos da CBH produzam efeitos, a lei criou a figura da Agência de Águas, que 
poderá ter a roupa de OSC (Organização da Sociedade Civil), exercendo a função de secretaria 
executiva do Comitê de Bacia Hidrográfica. Não confundir a agência de águas da CBH com a 
ANA (Agência Nacional de Águas), que é uma autarquia federal. 
 
Todavia, apesar da explanação, a L. 9.984 criou a supramencionada ANA (Agência Nacional 
de Águas), que acaba por esvaziar essa esquematização, trazendo para a competência da 
autarquia federal as funções da CBH e de suas agências de águas. No ERJ, quem exerce essa 
função é o INEA18. 
 
Um dos maiores objetivos da L. 9.433 foi estabelecer um sistema de pagamento pelo uso 
da água, criando a outorga onerosa do uso dos recursos hídricos, não implicando essa 
outorga em alienação, tendo em vista ser bem inalienável, mas simples direito de seu uso. 
Essa outorga se dará por meio de autorização, tendo em vista o art. 5º da L. 9.984/00. 
 
L. 9.433/97, Art. 18. A outorga não implica a alienação parcial das águas, que são 
inalienáveis, mas o simples direito de seu uso. 
 
L. 9.984/00, Art. 5º Nas outorgas de direito de uso de recursos hídricos de domínio da 
União, serão respeitados os seguintes limites de prazos, contados da data de publicação dos 
respectivos atos administrativos de autorização: 
 
I – até 2 anos, para início da implantação do empreendimento objeto da outorga; 
 
II – até 6 anos, para conclusão da implantação do empreendimento projetado; 
 
III – até 35 anos, para vigência da outorga de direito de uso. 
 
 
7. Florestas e Mineração 
 
 
7.1 Código Florestal (L. 12.651/12) 
O Código Florestal protege o meio ambiente por meio de limitações administrativas, sendo 
as duas mais conhecidas a APP (Área de Proteção Permanente) e a ARL (Área de Reserva Legal), 
encontradas no art. 4º ao 9º e 12 ao 24 da L. 12.651/12. 
 
Art. 2º As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação 
nativa, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a 
todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações 
que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem. 
 
O art. 4º do Código Florestal apresenta os critérios para que a área seja considerada APP, 
seja em zona rural ou urbana. 
 
 
18 Instituto Estadual do Ambiente. 
Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, 
para os efeitos desta Lei: 
 
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos 
os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de (mata ciliar): 
 
a) 30 metros, para os cursos d’água de menos de 10 metros de largura; 
 
b) 50 metros, para os cursos d’água que tenham de 10 a 50 metros de largura; 
 
c) 100 metros, para os cursos d’água que tenham de 50 a 200 metros de largura; 
 
d) 200 metros, para os cursos d’água que tenham de 200 a 600 metros de largura; 
 
e) 500 metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 metros; 
 
II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de: 
 
a) 100 metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 hectares de 
superfície, cuja faixa marginal será de 50 metros; 
 
b) 30 metros, em zonas urbanas; 
 
III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou 
represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do 
empreendimento; 
 
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua 
situação topográfica, no raio mínimo de 50 metros; 
 
V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45º, equivalente a 100% (cem 
por cento) na linha de maior declive; 
 
VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; 
 
VII - os manguezais, em toda a sua extensão; 
 
VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca 
inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; 
 
IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros 
e inclinação média maior que 25º , as áreas delimitadas a partir da curva de nível 
correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, 
sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água 
adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação; 
 
X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a 
vegetação; 
 
XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 
(cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado. 
 
O art. 12 mostra o que foi discutido anteriormente acerca da queimada legal. Todo imóvel 
rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a área restante pode ser desmatada, 
sendo a queimada controlada a forma mais comum de desmatamento. Lembrando que o imóvel 
pode ser rural ainda que esteja localizado na zona urbana, tendo em vista que recebe essa 
classificação de acordo com sua destinação. 
 
Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de 
Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação 
Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel, 
excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei: 
 
I - localizado na Amazônia Legal: 
 
a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas; 
b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado; 
c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais; 
 
II - localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento). 
 
O Código Florestal criou o CAR (Cadastro Ambiental Rural) e a CRA (Cota de Reserva 
Ambiental). As Cotas de Reserva Ambiental (art. 44 e seguintes) são títulos que representam 
de uma área de cobertura vegetação natural em uma propriedade que podem ser 
usados para compensar a falta de Reserva Legal em uma outra. 
 
O Código Florestal Brasileiro exige que todas as propriedades rurais, em território nacional, 
mantenham uma porcentagem da área com cobertura de vegetação nativa. Esta Reserva Legal 
pode variar entre 20% a 80% da propriedade, conforme o bioma e a região em que se localize 
o imóvel. Repita-se: precisa ser no mesmo bioma, possuindo a mesma identidade ecológica, 
devendo ser na mesma região. 
 
As propriedades rurais que não atendem aos percentuais acima estão em déficit de 
reserva legal e precisam ser regularizadas. As cotas podem ser vendidas para aqueles que 
precisam compensar a Reserva Legal, sendo assim uma fonte de renda extra para quem as cria 
e vende. Importante ressaltar que as CRAs dão direito apenas à regularização do passivo 
ambiental de quem compra. A responsabilidade pela manutenção da vegetação nativa, 
assim como a propriedade da terra, continua a ser do vendedor. 
 
Só poderá emitir a CRA, o imóvel rural que esteja inscrito no CAR (Cadastro de Reserva 
Ambiental). 
 
7.2 Concessão Florestal (L. 11.284/06) 
A L. 11.284/06 não trata somente de concessão florestal, mas de gestão de florestas. O art. 
4º apresenta as três formas de gestão florestal: 
 
 
 
Art. 4º A gestão de florestas públicas para produção sustentável compreende:

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