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POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE E O DIREITO AMBIENTAL

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Prévia do material em texto

MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
POLÍTICA NACIONAL DO MEIO 
AMBIENTE E O DIREITO AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 
 
0800 283 8380 
 
www.ucamprominas.com.br 
 
 
Impressão 
e 
Editoração 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 
UNIDADE 1 – A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O MEIO AMBIENTE ....................... 7 
UNIDADE 2 – A POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ............................... 11 
2.1 OBJETIVOS DA PNMA ............................................................................................ 12 
2.2 SISNAMA – SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ............................................... 16 
2.3 INSTRUMENTOS DA PNMA ...................................................................................... 17 
2.4 A POLÍTICA AGRÍCOLA AMBIENTAL ............................................................................ 19 
UNIDADE 4 – ESPAÇOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS....................................... 22 
4.1 O SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA (SNUC) ......... 23 
3.2 UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL (UPI) ............................................................... 28 
3.3 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE USO SUSTENTÁVEL ............................................... 31 
UNIDADE 4 – POLUIÇÃO E DANO AMBIENTAL ................................................... 42 
4.1 POLUIÇÃO AMBIENTAL............................................................................................. 42 
4.2 COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA E LEGISLATIVA ......................................................... 45 
4.3 DANO AMBIENTAL ................................................................................................... 47 
4.4 PECULIARIDADES DO DANO AMBIENTAL..................................................................... 48 
UNIDADE 5 – RECURSOS HÍDRICOS .................................................................... 51 
5.1 A POLÍTICA NACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS (PNRH) ....................................... 52 
UNIDADE 6 - GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS ............................................. 57 
6.1 A CONCESSÃO FLORESTAL ...................................................................................... 59 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 62 
 
 
 
3 
 
INTRODUÇÃO 
 
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), instituída pela Lei nº 6.9381, 
em 31 de agosto de 1981, e regulamentada pelo Decreto 99.2742, de 06 de junho de 
1990, teve como objetivo geral a preservação, a melhoria e a recuperação da 
qualidade ambiental propícia à vida. 
Essa lei se fundamenta nos incisos VI e VII do art. 23 e no art. 235 da nossa 
Constituição Federal3 de 1988 e estabelece também seus fins e mecanismos de 
formulação e aplicação, além de constituir o Sistema Nacional do Meio Ambiente 
(Sisnama) e instituir o Cadastro de Defesa Ambiental. 
No Brasil, a proteção ao meio ambiente surge no contexto legal a partir de 
diversas normas esparsas, sendo que o próprio Código de 1916 é considerado 
norma percursora dessa proteção ao tratar, nos direitos de vizinhança, do uso 
nocivo da propriedade. 
FREDERICO AUGUSTO DI TRINDADE AMARO (2014) nos leva a um 
pequeno passeio para mostrar que, em especial, a partir dos anos 60 do século XX, 
os países começaram a editar normas jurídicas mais rígidas para a proteção do meio 
ambiente. No Brasil, pode-se citar, por exemplo, a promulgação do antigo Código 
Florestal, editado por meio da Lei 4.771/1965 (hoje Lei nº 12.727/20124), além da já 
citada Lei nº 6.938/1981, que aprovou a Política Nacional do Meio Ambiente. 
 
1
 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm com modificações pela Decreto 
de 15 de setembro de 2010 que institui o Plano de Ação para Prevenção e Controle do 
Desmatamento e das Queimadas no Bioma Cerrado – PPCerrado –, altera o Decreto de 3 de julho de 
2003, que institui Grupo Permanente de Trabalho Interministerial para os fins que especifica. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Dnn/Dnn12867.htm#art1p 
 
2 Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=328. Regulamenta a Lei 
nº 6.902, de 27 de abril de 1981, e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõem, 
respectivamente sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e sobre a 
Política Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências. A Lei nº 6.902, dispõe sobre a criação 
de Estações Ecológicas, Áreas de Proteção Ambiental, e dá outras providências. Está disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6902.htm 
 
3
 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm com as 
diversas emendas constitucionais. 
 
4
 Na realidade o novo Código Florestal veio por meio da Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, mas 
sofreu alterações/veto daí falarmos em Lei nº 12.727 que está disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm e que dispõe sobre a 
proteção da vegetação nativa; altera as Leis nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, nº 9.393, de 19 de 
dezembro de 1996, e nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nº 4.771, de 15 de 
setembro de 1965, e nº 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de 
agosto de 2001; e dá outras providências. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Dnn/Dnn12867.htm#art1p
http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=328
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
 
 
4 
 
Mundialmente, o marco foi a Conferência de Estocolmo (Suécia), ocorrida 
em 1972, promovida pela ONU, com a participação de 113 países, onde se deu um 
alerta mundial sobre os riscos à existência humana trazidos pela degradação 
excessiva, em que pese à postura retrógrada do Brasil à época, que buscava o 
desenvolvimento econômico de todo modo, pois de maneira irresponsável se 
pregava a preferência por um desenvolvimento econômico a qualquer custo 
ambiental (“riqueza suja”) do que uma “pobreza limpa”. 
Em 1992, realizou-se no Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas 
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – CNUMAD –, conhecida como ECO-92 ou 
RIO-92, oportunidade em que se aprovou a Declaração do Rio, documento contendo 
27 princípios ambientais, bem como a Agenda 21, instrumento não vinculante com 
metas mundiais para a redução da poluição e alcance de um desenvolvimento 
sustentável. Note-se que tais documentos não têm a natureza jurídica de tratados 
internacionais, pois não integram formalmente o ordenamento jurídico brasileiro, 
mas gozam de forte autoridade ética local e mundial. 
Mas o que vem mesmo a ser meio ambiente? 
No dicionário Aurélio (FERREIRA, 2005), ambiente é o “que cerca ou 
envolve os seres vivos ou as coisas, por todos os lados”. Por isso, alguns entendem 
que a expressão meio ambiente é redundante, podendo se referir à ambiente 
simplesmente. 
Para a PNMA ele é o conjunto de condições, leis, influências e interações de 
ordem Física, Química e Biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as 
suas formas (art. 3º, inciso I). 
O meio ambiente é direito fundamental que origina-se da reação do homem 
às ameaças fundamentais que o circundam. Ele é um bem jurídico tutelado. 
Direitos fundamentais são “o conjunto de direitos da pessoa humana 
expressa ou implicitamente reconhecidos por uma determinada ordem 
constitucional” (VIEIRA, 2006, p. 36). 
Os direitos fundamentais apresentam, segundo ANTONIO F. G. BELTRÃO 
(2014), uma dupla faceta: consistem tanto em direitos subjetivos como tambémem 
elementos fundamentais da ordem constitucional vigente. 
Como direitos subjetivos, os direitos fundamentais facultam aos seus 
titulares a possibilidade de impor os seus interesses frente aos órgãos obrigados; na 
condição de elemento fundamental de ordem constitucional, os direitos 
 
 
5 
 
fundamentais representam a base da ordem jurídica de um Estado Democrático de 
Direito (MENDES, 2012). 
Assim, veremos ao longo desta apostila que na nova ordem jurídica advinda 
com a Carta Constitucional de 1988, o direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado assegura qualidade de vida, com desenvolvimento econômico-social, 
para as presentes e futuras gerações, consistindo em instrumento essencial para 
garantir a dignidade da pessoa humana. 
Ao chegarmos ao final do módulo não teremos a menor dúvida que a 
Constituição Federal de 1988 representou um marco na legislação ambiental, pois 
além de ter sido a responsável pela elevação do meio ambiente à categoria dos 
bens tutelados pelo ordenamento jurídico, sistematizou a matéria ambiental e 
estabeleceu o direito ao meio ambiente sadio como um direito fundamental do 
indivíduo (SILVA, 2013). 
Nosso módulo tratará do meio ambiente na CF/88, os objetivos e 
instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA); o Sistema Nacional do 
Meio Ambiente e a política agrícola ambiental; os espaços territoriais protegidos5 e o 
Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC); as questões 
da poluição e do dano ambiental, com respectivas competências administrativa e 
legislativa; os recursos hídricos com algumas noções sobre o ciclo hidrológico, a 
importância da água, os recursos hídricos e geração de energia elétrica, bem como 
justificativas para o disciplinamento da água, por fim, falaremos da gestão de 
florestas públicas. 
 
Desejamos boa leitura e bons estudos, mas antes algumas observações se 
fazem necessárias: 
1) Ao final do módulo, encontram-se muitas referências utilizadas 
efetivamente e outras somente consultadas, principalmente artigos retirados da 
World Wide Web (www), conhecida popularmente como Internet, que devido ao 
acesso facilitado na atualidade e até mesmo democrático, ajudam sobremaneira 
para enriquecimentos, para sanar questionamentos que por ventura surjam ao longo 
da leitura e, mais, para manterem-se atualizados. 
 
5
 Tópicos como os espaços territoriais protegidos que ao longo da evolução da humanidade vêm 
sendo incorporados pela legislação devido a importância de sua preservação e equilíbrio para que as 
gerações atuais e futuras possam viver sem comprometimento de sua qualidade de vida. 
 
 
6 
 
2) Deixamos bem claro que esta composição não se trata de um artigo 
original6, pelo contrário, é uma compilação do pensamento de vários estudiosos que 
têm muito a contribuir para a ampliação dos nossos conhecimentos. Também 
reforçamos que existem autores considerados clássicos que não podem ser 
deixados de lado, apesar de parecer (pela data da publicação) que seus escritos 
estão ultrapassados, afinal de contas, uma obra clássica é aquela capaz de 
comunicar-se com o presente, mesmo que seu passado datável esteja separado 
pela cronologia que lhe é exterior por milênios de distância. 
3) Em se tratando de Jurisprudência, entendida como “Interpretação 
reiterada que os tribunais dão à lei, nos casos concretos submetidos ao seu 
julgamento” (FERREIRA, 2005)7, ou conjunto de soluções dadas às questões de 
direito pelos tribunais superiores, algumas delas poderão constar em nota de rodapé 
ou em anexo, a título apenas de exemplo e enriquecimento. 
4) Por uma questão ética, a empresa/instituto não defende posições 
ideológico-partidária, priorizando o estímulo ao conhecimento e ao pensamento 
crítico. 
5) Sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa ser científica, ou 
seja, baseada em normas e padrões da academia, portanto, pedimos licença para 
fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para que 
os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos 
científicos. 
Por fim: 
6) Deixaremos em nota de rodapé, sempre que necessário, o link para 
consulta de documentos e legislação pertinente ao assunto, visto que esta última 
está em constante atualização. Caso esteja com material digital, basta dar um Ctrl + 
clique que chegará ao documento original e ali encontrará possíveis leis 
complementares e/ou outras informações atualizadas. Caso esteja com material 
impresso e tendo acesso à Internet, basta digitar o link e chegará ao mesmo local. 
 
6
 Trabalho inédito de opinião ou pesquisa que nunca foi publicado em revista, anais de congresso ou 
similares. 
 
7
 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio. Versão 5.0. Editora 
Positivo, 2005. 
 
 
7 
 
UNIDADE 1 – A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O MEIO 
AMBIENTE 
 
Uma Constituição consiste na lei suprema do ordenamento jurídico do 
Estado. De acordo com o princípio da supremacia da Constituição, esta se coloca no 
topo do ordenamento jurídico de uma nação; todas as demais normas apenas serão 
legítimas na medida em que se conformarem com as normas constitucionais. 
A Constituição é, pois, a norma de todas as outras normas, o fundamento da 
autoridade de todos os poderes constituídos (CAETANO, 2015). 
Consequentemente, não se dá conteúdo à Constituição a partir das leis. A fórmula a 
adotar-se para a explicitação de conceitos opera sempre 'de cima para baixo', o que 
serve para dar segurança em suas definições. 
De acordo com CELSO RIBEIRO BASTOS (2014), o postulado da 
supremacia da Constituição repele todo o tipo de interpretação que venha de baixo, 
seria o mesmo que dizer, repele toda a tentativa de interpretar a Constituição a partir 
da lei. O que cumpre ser feito é sempre o contrário, vale dizer, procede-se à 
interpretação do ordenamento jurídico a partir da Constituição. 
Conforme ANTÔNIO HERMAN DE VASCONCELLOS E BENJAMIN (2002, 
p. 93), “A constitucionalização do ambiente, ou seja, a elevação das normas de 
proteção ambiental ao status constitucional, é considerada uma tendência mundial 
irreversível”, dado o crescente número de nações que passaram a incluir em suas 
respectivas Cartas normas de tal natureza. 
Neste contexto, a Constituição Federal do Brasil de 1988 é reconhecida 
internacionalmente como merecedora de elogios quanto à preocupação ambiental 
que ostenta. De fato, a Carta de 1988 apresenta uma série de preceitos quanto à 
tutela ambiental, seja de forma fragmentada em diversos Capítulos, seja em um 
Capítulo específico do ambiente. 
As referências constitucionais ao ambiente iniciam-se entre os direitos e 
deveres individuais e coletivos (Título lI, Capítulo I, art. 5º, LXXIII), ao legitimar 
qualquer cidadão a interpor ação popular para anulação de ato lesivo ao meio 
ambiente. 
O art. 20, lI, prevê serem bens da União Federal as terras devolutas 
“indispensáveis (...) à preservação ambiental, definidas em lei”. 
 
 
8 
 
No art. 23, VI e VII, a Carta dispõe ser competência comum da União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios a proteção do meio ambiente e o combate à 
poluição em qualquer de suas formas, bem como a preservação das florestas, da 
fauna e da flora. 
O art. 24, VI, VII e VIII, estabelece a competência legislativa concorrente da 
União, dos Estados e do Distrito Federal, para, respectivamente, “florestas, caça, 
pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, 
proteção do meio ambiente e controle da poluição”, (...) “proteção ao patrimônio 
histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico”, e “responsabilidade por dano ao 
meio ambiente (...)”. 
Prevê que o Conselho de Defesa Nacional tem por competência, entre 
outras, propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveisà 
segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na 
faixa de fronteira e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos 
naturais de qualquer tipo. 
Igualmente, como matéria que pode ser objeto de inquérito civil e de ação 
civil pública pelo Parquet (art. 129, III), como princípio que rege a ordem econômica 
(art. 170, VI), devendo ser considerado por cooperativas de garimpo a serem 
favorecidas pelo Estado (art. 174, § 3º), e tema a ser compreendido na função social 
da propriedade (art. 186, II). 
Ainda, a Carta de 1988 prevê o dever do sistema único de saúde de 
“colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho” (art. 
200, VIII) e a caracterização de conjuntos urbanos e sítios de valor ecológico como 
patrimônio cultural brasileiro (art. 216, V). 
Finalmente, o art. 220, § 1º, II atribui à lei federal a competência para 
estabelecer “os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de 
se defenderem (...) da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser 
nocivos à saúde e ao meio ambiente”, e o art. 231, § 1º, que prevê a caracterização 
como terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as “imprescindíveis à 
preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias 
a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições”. 
Além das referências apontadas, que se encontram explícitas no texto 
constitucional, há várias outras que também denotam, ainda que de forma indireta, a 
 
 
9 
 
tutela ambiental, as quais o professor JOSÉ AFONSO DA SILVA (2013) denomina 
de referências implícitas. 
Neste sentido, a competência da União para instituir o Sistema Nacional de 
Gerenciamento de Recursos Hídricos (art. 21, XIX), consiste em importante 
instrumento para a proteção da água e racionalização de seu uso. 
No mesmo sentido, temos a previsão de que compete à União instituir 
diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e 
transportes urbanos (art. 21, XX), visto que são temas que apresentam grande 
potencial de degradação ambiental e que, portanto, são merecedores de um 
planejamento em escala nacional (BELTRÃO, 2014). 
Como se vê a Carta assegura a máxima proteção e uso racional dos bens 
ambientais, mas infelizmente, por questões as mais diversas, tais como 
necessidade, ignorância ou ganância, não somente os legisladores como grande 
parte dos cidadãos brasileiros perceberam a necessidade de uma legislação das 
mais severas para que os recursos sejam usados de maneira racional sem 
comprometer as gerações atuais e futuras. 
 
Guarde... 
São temas relacionados ao meio ambiente na CF/88: 
i. Equidade intergeracional. 
ii. Obrigatoriedade da intervenção estatal. 
iii. Participação e cooperação coletiva. 
iv. Responsabilidade objetiva e reparação integral. 
v. Função socioambiental da propriedade. 
Além do art. 225 e da referência à ordem econômica, encontramos normas 
relacionadas ao meio ambiente nos capítulos que tratam: 
a) dos direitos e deveres individuais e coletivos, consagrando princípios de 
direito ambiental internacional e a defesa dos interesses difusos; 
b) da organização dos Estados, quando trata da competência ambiental. 
Neste caso, ressalte-se que a competência legislativa concorrente da União, dos 
Estados e do Distrito Federal, em matéria ambiental, vem definida no art. 24 da 
CF/88 e, no âmbito da competência administrativa, não se pode olvidar a recente 
 
 
10 
 
edição da Lei Complementar 140/20118, a qual “fixa normas, nos termos dos incisos 
III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da CF/88, para a cooperação 
entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações 
administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à 
proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate 
à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da 
flora; 
c) da organização dos poderes, estabelecendo, entre as funções 
institucionais do Ministério Público, a promoção do inquérito civil e ação civil pública; 
d) da política agrícola e fundiária, bem como da ordem social (SILVA, 2013). 
 
Ao estruturar a PNMA com base no que estabelece o art. 23, VI e VII, da 
Carta Magna, a Lei nº 6.938/81, modificada pela Lei nº 8.028/90, pretendeu 
estabelecer critério de proteção do meio ambiente adaptado à chamada 
competência material comum, ou seja, proteção ambiental adstrita a normas que 
conferem deveres aos entes da Federação e não simplesmente faculdades. 
A orientação constitucional, portanto, é estabelecer competências materiais 
comuns a todos os entes da Federação brasileira, a saber, União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios (FIORILLO, 2013). 
 
8 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp140.htm, fixa normas, nos termos 
dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a 
cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas 
decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais 
notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à 
preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp140.htm
 
 
11 
 
UNIDADE 2 – A POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE 
 
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) foi instituída por meio da Lei 
nº 6.938/1981. 
 
Apesar de cronologicamente anteriores, o Código de Águas (Decreto nº 
24.643, de 10.07.1934
9
), o Código Florestal (Lei nº 12.651, de 25 de maio 
de 2012), o Código da Caça (Lei nº 5.197, de 03.01.1967
10
), o Código de 
Pesca
11
 (Decreto-lei 221, de 28.02.1967), o Código de Mineração
12
 
(Decreto-lei 227, de 28.02.1967) e o Código Brasileiro do Ar (Lei nº 6.833, 
de 30.09.1980 – mas que já foi revogado) não são, em regra, considerados 
normas propriamente de tutela do meio ambiente, uma vez que tratam 
apenas incidentalmente do tema (HORTA, 1995, p. 304). 
 
Logo, pode-se afirmar que a Lei nº 6.938/1981 consiste no primeiro diploma 
legal em nosso direito positivo que disciplina de forma sistematizada o meio 
ambiente, definindo meio ambiente, degradação da qualidade ambiental, poluição, 
poluidor e recursos ambientais. 
Essa lei disciplina o meio ambiente não mais com a visão privatista, limitada 
ao conteúdo econômico, própria da doutrina liberal das leis que a antecederam; o 
meio ambiente passa a ser tutelado em seu conjunto, como bem pertencente a toda 
a coletividade, transindividual, de natureza difusa e titularidade indeterminada. 
É instituída uma Política Ambiental de âmbito nacional, que tem por objetivo 
a proteção do meio ambiente, o planejamento racional na utilização dos recursos 
naturais, a responsabilização civil objetiva do infrator, dentre outros, conforme será 
abordado no item seguinte. Outrossim, cria o Sistema Nacional do Meio Ambiente 
(SISNAMA), o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), indica os seus 
instrumentos legais, entre outras disposições (BELTRÃO, 2014). 
 
9 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d24643.htm com modificações dadas 
pelo Decreto nº 4895 de 25 de novembro de 2003, que dispõe sobre a autorização de uso de espaços 
físicos de corpos d’água de domínio da União para fins de aquicultura, e dá outras providência, e está 
disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/D4895.htm#art21 
 
10 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5197.htm e que dispõe sobre a proteção à 
fauna, e dá outras providências. 
 
11 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0221.htme que dispõe sobre a 
proteção e estímulos à pesca, e dá outras providências. 
 
12 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0227.htm com alterações dadas 
pela Medida Provisório nº 790, de 25 de julho de 2017, que altera o Decreto-Lei nº 227, de 28 de 
fevereiro de 1967 – Código de Mineração –, e a Lei nº 6.567, de 24 de setembro de 1978, que dispõe 
sobre regime especial para exploração e aproveitamento das substâncias minerais que especifica, e 
dá outras providências. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/D4895.htm#art21
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5197.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0221.htm
 
 
12 
 
Atualmente, a Lei nº 6.938/1981 precisa ser interpretada conjuntamente com 
a Lei Complementar 140/2011, que passou a disciplinar as competências materiais 
comuns entre todos os entes federativos, na forma do artigo 23, da Constituição 
Federal. 
 
2.1 Objetivos da PNMA 
São objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente estabelecidos em seu 
art. 4º: 
 
I - A compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a 
preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico 
Como já falamos, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente 
Humano, realizada em junho de 1972 em Estocolmo, Suécia, conhecida como a 
Declaração de Estocolmo, consiste em um dos primeiros e mais importantes 
documentos internacionais sobre o meio ambiente. 
Desde então, estabeleceu-se um certo conflito de interesses entre países 
pobres, que não aceitariam restrições de cunho ambiental que dificultassem seu 
desenvolvimento econômico, e países ricos, que, para alcançar o atual estágio de 
desenvolvimento, destruíram, em regra, boa parte de seus recursos naturais. Da 
oposição da tese “proteção ambiental” com a antítese “desenvolvimento econômico” 
surgiu a síntese “desenvolvimento sustentável”, de acordo com a forma de Hegel. 
O inciso acima trata exatamente desse aparente conflito. A PNMA portanto, 
não pretende sacrificar o desenvolvimento econômico do país em benefício do meio 
ambiente. Por outro lado, tal desenvolvimento econômico há de se compatibilizar 
com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico. Um 
dos principais instrumentos para alcançar esse objetivo consiste na utilização de 
tecnologia. 
Ressalte-se que a Constituição Federal prevê expressamente no artigo 170, 
VI que “a defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado 
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de 
elaboração e prestação”, consiste em um dos princípios gerais que regem a 
atividade econômica no país. 
 
 
 
13 
 
II- A definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à 
qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos 
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios 
O Poder Público, por meio do Poder Executivo nas três esferas, Federal, 
Estadual e Municipal, deve editar políticas públicas que tenham por finalidade a 
preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico. 
A qualidade ambiental corresponde ao conjunto de elementos propiciadores 
da vida no mundo natural, sendo pressuposto da qualidade de vida; o equilíbrio 
ecológico consiste na manutenção das características essenciais de um 
ecossistema. 
A Carta de 1988 elevou ao status constitucional essa previsão, conforme 
estabelecido em seu art. 225, § 1º, que atribui ao Poder Público o dever de 
assegurar a efetividade do direito de todos ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, para atender aos fins ali indicados. 
 
III- O estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e de 
normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais 
A Política Nacional do Meio Ambiente deve fixar quais os critérios a serem 
observados para a utilização dos recursos ambientais. Consiste em um dos 
instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, conforme o art. 9º, I, da Lei nº 
6.938/1981, que será mais adiante analisado. 
 
 IV - O desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais 
orientadas para o uso racional de recursos ambientais; o uso de tecnologia é 
absolutamente fundamental para alcançar o desenvolvimento sustentável 
Neste contexto, o Poder Público tem um papel essencial como fomentador 
de pesquisas e de novas tecnologias, sempre com o objetivo de otimizar o processo 
produtivo, reduzindo o volume final de resíduos a serem lançados no ar, nas 
correntes de água ou absorvidos pelo solo. 
Também corresponde a um dos instrumentos da Política Nacional do Meio 
Ambiente, conforme o art. 9º, V, da Lei nº 6.938/1981. 
 
V – A difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação 
de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública 
 
 
14 
 
sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio 
ecológico 
Além da necessidade de criação de novas tecnologias, faz-se fundamental, 
naturalmente, divulgá-las para que passem a ser utilizadas por um maior número 
possível de agentes. 
O acesso à informação consiste em um dos princípios basilares do direito 
ambiental, pressuposto para a participação pública, essencial para a evolução e 
fortalecimento da proteção do ambiente. 
A Lei nº 10.65013, de 16.04.2003, influenciada pela Convenção de Aarhus14 
de 1998, disciplina o “acesso público aos dados e informações existentes nos 
órgãos e entidades integrantes do SISNAMA”, impondo a todos os órgãos e 
entidades da administração direta e indireta que o integram, o que abrange “União 
Federal, Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios,” o dever geral de permitir 
o acesso público aos documentos, expedientes e processos administrativos que 
tratem de matéria ambiental, assim como de fornecer informações ambientais que 
estejam sob sua guarda. 
A formação de uma consciência pública sobre a necessidade de 
preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico relaciona-se à 
educação ambiental, dever do Poder Público nos termos do art. 225, § 1º, VI, da 
Constituição Federal. 
 
13 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.650.htm 
 
14 A Convenção de Aarhus é um acordo multilateral que visa garantir ao público os direitos de 
acesso à informação, a participação do público e o acesso à justiça em matéria de ambiente. 
Juntamente com o Protocolo sobre Registos de Emissões e Transferências de Poluentes, a 
Convenção é um dos dois instrumentos internacionais juridicamente vinculativos que põem em 
prática e aplicam o Princípio 10 da Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento. 
A Convenção entrou em vigor em 2001 e conta com 47 Partes da Europa e da Ásia Central. São 
Partes na Convenção os 28 Estados-Membros da UE e a UE, que aprovou a Convenção em 17 de 
fevereiro de 2005. A nível da UE, as obrigações da Convenção são aplicadas pelo Regulamento 
1367/2006, conhecido como o Regulamento de Aarhus. 
 Em 17 de julho de 2017, o Conselho Europeu adotou uma decisão sobre a posição a tomar pela 
União Europeia na 6ª sessão de reunião das Partes na Convenção de Aarhus (RdP-6), no que diz 
respeito a um processo contra a UE apresentado ao Comité de Avaliação do Cumprimento da 
Convenção. 
A respeito deste processo de cumprimento, o Comité considera que a UE está a violar as regras da 
Convenção ao não conceder às organizações ambientais e aos membros do público um acesso 
suficiente à justiça. As conclusões são apresentadas sob a forma de um projeto de decisão de 
Aarhus, que será submetido à apreciação das Partes na 6ª sessão de reunião. Vale a pena 
acompanhar o desenrolar dos acontecimentos. Disponível em: 
http://www.consilium.europa.eu/pt/press/press-releases/2017/07/17-aarhus-convention/ 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.650.htm
 
 
15 
 
VI - A preservação e restauraçãodos recursos ambientais com vistas à 
sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a 
manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida 
Uma característica comum dos recursos naturais é a escassez. De fato, se 
os recursos naturais fossem infindáveis não haveria necessidade de intervenção 
governamental para regulá-los. Dessa escassez decorre o choque de interesses dos 
diversos setores da sociedade acerca de como utilizá-los. Como consequência, o 
planejamento racional por parte das autoridades governamentais é essencial para 
assegurar que as melhores decisões serão tomadas com intuito do interesse da 
coletividade e do meio ambiente. 
A utilização racional dos recursos naturais tem por finalidade propiciar a sua 
disponibilidade permanente, assegurando, assim, o direito das futuras gerações, 
conforme prevê o art. 225, caput, da Constituição Federal. 
 
VII - A imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar 
e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela 
utilização de recursos ambientais com fins econômicos 
Em sua primeira parte, corresponde ao princípio do poluidor-pagador, que 
decorre da teoria econômica segundo a qual se devem internalizar os custos 
externos, impondo-se ao poluidor a responsabilidade pelo custo social da 
degradação ambiental por ele produzida. 
Quanto à contribuição do usuário, esta consiste no princípio do usuário-
pagador, que impõe a cobrança de um valor econômico pela utilização de um bem 
ambiental. Sua natureza é meramente remuneratória, ou seja, não é punitiva 
(BELTRÃO, 2014). 
Veja-se que já no ano 1981 se plantou legalmente no Brasil a semente do 
desenvolvimento sustentável, pois a PNMA, desde então, prevê entre seus objetivos 
a compatibilização do desenvolvimento econômico com a preservação ambiental. 
Ademais, os Princípios do Poluidor e do Usuário-pagador inspiraram a 
determinação de impor, ao poluidor e ao predador, a obrigação de recuperar e/ou 
indenizar os danos causados, e ao usuário, de contribuir pela utilização de recursos 
ambientais com fins econômicos (AMADO, 2014). 
 
 
 
16 
 
2.2 SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente 
A Lei nº 6.938/81 criou em seu art. 6º, o Sistema Nacional do Meio Ambiente 
(SISNAMA), constituído pelos órgãos e entes responsáveis pela “proteção e 
melhoria da qualidade ambiental” da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios. 
É um sistema de natureza administrativa, composto pelos órgãos ou entes 
ambientais do Poder Executivo, administração direta ou indireta, nas três esferas da 
Federação, que tem por finalidade a gestão do ambiente nacional. 
São órgãos do SISNAMA: 
I - órgão superior – o Conselho de Governo, com a função de assessorar o 
Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes 
governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais; (Redação dada 
pela Lei nº 8.028, de 1990). 
II - órgão consultivo e deliberativo – o Conselho Nacional do Meio Ambiente 
(CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de 
Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos 
naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões 
compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia 
qualidade de vida; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990). 
III - órgão central – a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da 
República, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como 
órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio 
ambiente; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990). 
IV - órgão executor – o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos 
Naturais Renováveis, com a finalidade de executar e fazer executar, como órgão 
federal, a política e diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; 
(Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990). 
IV - órgãos executores – o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos 
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação 
da Biodiversidade – Instituto Chico Mendes, com a finalidade de executar e fazer 
executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, de 
acordo com as respectivas competências; (Redação dada pela Lei nº 12.856, de 
2013). 
 
 
17 
 
V - Órgãos Seccionais – os órgãos ou entidades estaduais responsáveis 
pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades 
capazes de provocar a degradação ambiental; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 
1989). 
VI - Órgãos Locais – os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo 
controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições. 
 
Figura 1: SISNAMA. 
Fonte: http://www.direitoambientalemquestao.com.br/2017/05/estrutura-do-sistema-nacional-do-meio-
ambiente-sisnama-lei-6938-81.html 
 
Vale registrar que não apenas os órgãos e entes ambientais do SISNAMA 
possuem o poder de polícia ambiental. É possível que outras entidades públicas 
também tenham delegação legal para exercê-lo, a exemplo da Agência Nacional do 
Petróleo (AMARO, 2014). 
 
2.3 Instrumentos da PNMA 
A lei nº 6.938/81, com suas modificações subsequentes, elenca em seu art. 
9º, treze instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente. Alguns destes 
instrumentos já se encontram razoavelmente regulados no direito positivo, enquanto 
outros ainda aguardam por um melhor disciplinamento legal. 
São instrumentos da PNMA (Lei 6.938/1981, art. 9º): 
I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; 
 
 
18 
 
II - o zoneamento ambiental15; 
III - a avaliação de impactos ambientais; 
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; 
V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção 
de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; 
VI - a criação de reservas e estações ecológicas, áreas de proteção ambiental e as 
de relevante interesse ecológico, pelo Poder Público Federal, Estadual e Municipal; 
VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público 
Federal, Estadual e Municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante 
interesse ecológico e reservas extrativistas; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 
1989). 
VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; 
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; 
IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das 
medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental; 
X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado 
anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais 
Renováveis – IBAMA; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989). 
XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-
se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 
1989). 
 XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou 
utilizadoras dos recursos ambientais; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989). 
XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, 
seguro ambiental e outros. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006). 
Muito importante enquanto instrumento do PNMA é o Sistema Nacional de 
Informações sobre o Meio Ambiente – SINIMA –, sofrendo regulamentação pelo 
artigo 11, II, do Decreto 99.274/1990, competindo ao Ministério do Meio Ambiente 
coordenar a troca de informações entre as entidades e órgãos que compõem o 
SISNAMA. 
 
15
 Regulamentado pelo Decreto nº 4.297, de 10 de julho de 2002, estabelecendo critérios para o 
Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil – ZEE. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4297.htm,o zoneamento, avaliação de impactos e 
licenciamento veremos em outro momento do curso devido à complexidade da matéria. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4297.htm
 
 
19 
 
O SINIMA é gerido pela Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania 
Ambiental do Ministério do Meio Ambiente – SAIC (Artigo 31, Decreto 6.101/2007), 
por meio do Departamento de Coordenação do SISNAMA – DSIS (Artigo 32), e 
possui três eixos estruturantes: o desenvolvimento de ferramentas de acesso à 
informação baseadas em programas computacionais livres; a sistematização de 
estatísticas e elaboração de indicadores ambientais; a integração e 
interoperabilidade de sistemas de informação de acordo com uma Arquitetura 
Orientada a Serviços – SOA. Este processo de implementação conta com o apoio do 
Comitê Gestor do SINIMA, instituído pela Portaria nº 310, de 13 de dezembro de 
2004, no sentido da definição das diretrizes, acordos e padrões nacionais para a 
integração da informação ambiental. 
Nesse sentido, consoante pontifica o artigo 7º, VIII, da LC 140/2011, 
compete à União organizar e manter, com a colaboração dos órgãos e entidades da 
administração pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o Sistema 
Nacional de Informação sobre Meio Ambiente – SINIMA. 
Inclusive, essa norma passou a prever a criação do Sistema Municipal de 
Informações sobre o Meio Ambiente, a ser organizado e mantido pelos municípios 
(AMARO, 2014). 
 
2.4 A política agrícola ambiental 
A racionalidade na utilização dos recursos ambientais é, sem sombra de 
dúvidas, objetivo e princípio de direito ambiental, conforme foi descrito acima. 
Considerando que os bens ambientais são escassos, faz mister um aproveitamento 
adequado dos mesmos (BELTRÃO, 2014). 
A política agrícola ambiental inclui, além da eletrificação rural (art.187 da 
CF), as atividades agropecuárias, agroindustriais, pesqueiras e florestais. A Lei nº 
8.171/9116 traça os objetivos básicos de proteção, recuperação e preservação dos 
recursos naturais e do meio ambiente. Por sua vez, o Estatuto da Terra, Lei nº 
4.50417, de 30 de novembro de 1964, regula os direitos e obrigações concernentes 
aos bens imóveis rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e promoção 
da Política Agrícola. 
 
16
 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8171.htm com incisos incluídos pelas Leis: 
Lei nº 10.298, de 30 de outubro de 2001, e Lei nº 10.246, de 2 de julho de 2001, e outras. 
 
17
 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4504.htm 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8171.htm
 
 
20 
 
O art. 2º da Lei em tela dispõe sobre a função social da propriedade: 
Art. 2º. É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da 
terra, condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta lei. 
§ 1º. A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social 
quando, simultaneamente: 
a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela 
labutavam, assim como de suas famílias; 
b) mantém níveis satisfatórios de produtividade; 
c) assegura a conservação dos recursos naturais; 
d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho 
entre os que a possuem e a cultivam. 
Portanto, é possível perceber que a Constituição Federal de 1988 em seu 
art. 186, seguiu o que determina o art. 2º do estatuto da terra (PAIM, 2014). 
Quantos aos princípios da política agrícola, estes são disciplinados pela Lei 
nº 8.17418 de 30 de janeiro de 1991, que também estabelece atribuições ao 
Conselho Nacional de Política Agrícola (CNPA), tributação compensatória de 
produtos agrícolas, amparo ao pequeno produtor e regras de fixação e liberação dos 
estoques públicos. 
De acordo com o art. 19 da Lei nº 8.171/91, ao poder público compete o 
seguinte: 
I - integrar, a nível de Governo Federal, os Estados, o Distrito Federal, os 
Territórios, os Municípios e as comunidades na preservação do meio ambiente e 
conservação dos recursos naturais; 
II - disciplinar e fiscalizar o uso racional do solo, da água, da fauna e da flora; 
III - realizar zoneamentos agroecológicos que permitam estabelecer critérios 
para o disciplinamento e o ordenamento da ocupação espacial pelas diversas 
atividades produtivas, bem como para a instalação de novas hidrelétricas; 
IV - promover e/ou estimular a recuperação das áreas em processo de 
desertificação; 
V - desenvolver programas de educação ambiental, a nível formal e informal, 
dirigidos à população; 
VI - fomentar a produção de sementes e mudas de essências nativas; 
 
18
 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8174.htm 
 
 
21 
 
VII - coordenar programas de estímulo e incentivo à preservação das 
nascentes dos cursos d’água e do meio ambiente, bem como o aproveitamento de 
dejetos animais para conversão em fertilizantes. 
Parágrafo único. A fiscalização e o uso racional dos recursos naturais do 
meio ambiente é também de responsabilidade dos proprietários de direito, dos 
beneficiários da reforma agrária e dos ocupantes temporários dos imóveis rurais. 
Destaque-se, no conteúdo da Lei nº 8.171/91, o que consta nos Artigos 20, 
22 e 26, nos quais se reforça a bacia hidrográfica como unidade territorial de gestão 
ambiental, o manejo racional dos recursos naturais e a preservação ambiental, como 
também, a necessidade de planejamento das ações ambientais nas atividades 
agrícolas. O planejamento, embora previsto, nunca foi realizado nos termos desta 
Lei (FLORIANO, 2007). 
 
Guarde... 
Na década de 80, em virtude da grande influência exercida pela Conferência 
das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, em 1972, houve 
o aumento da consciência ecológica, intensificando, pois, o processo legislativo na 
busca de proteção e preservação do meio ambiente (SILVA, 2013). 
Junto à Lei nº 6.938/81 ressaltamos a Lei nº 7.347/85, a qual disciplina a 
ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, 
possibilitando o acesso coletivo à Justiça para defesa do meio ambiente e a Lei nº 
9.605/9819, também na sua qualidade de norma infraconstitucional, merece ser 
destacada, visto que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de 
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente (SILVA, 2013). 
A articulação entre as políticas agrícolas e ambientais é importante ao passo 
que a atividade agrícola apresenta grande importância para a economia do país, 
mas produz impactos ambientais indesejáveis. Somente com a articulação entre as 
duas políticas é aceitável que a atividade agrícola continue expandindo a produção 
para poder atender as projeções futuras de crescimento da demanda sem 
potencializar os impactos ambientais, visto que a atividade agrícola é notavelmente 
uma atividade poluidora do solo, da água e da atmosfera (EMED, 2011). 
 
19 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm, dispõe sobre as sanções 
penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras 
providências. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm
 
 
22 
 
UNIDADE 4 – ESPAÇOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS 
 
Há muito que o ser humano por razões diversas, de ordem religiosa, moral, 
esportiva, por sua beleza cênica, entre outras, delimita áreas para preservação de 
sua fauna e flora. Aponta-se como precursor da ideia hodierna de parques a criação 
do parque nacional de Yellowstone, em 1872, nos Estados Unidos da América. No 
Brasil, o primeiro parque nacional foi o de ltatiaia, que data de 1937. 
De acordo com JOSÉ AFONSO DA SILVA (2012), os espaços territoriais 
especialmente protegido são áreas geográficas públicas ou privadas (porção do 
território nacional) dotadas de atributosambientais que requeiram sua sujeição, pela 
lei, a um regime jurídico de interesse público que implique sua relativa 
imodificabilidade e sua utilização sustentada, tendo em vista a preservação e a 
proteção da integridade de amostras de toda a diversidade de ecossistemas, a 
proteção ao processo evolutivo das espécies, a preservação e a proteção dos 
recursos naturais. 
Não há em nosso direito pátrio um sistema uno a disciplinar harmonicamente 
todos os espaços territoriais especialmente protegidos. De fato, ANTONIO HERMAN 
DE VASCONCELOS BENJAMIN (2001) ressalta que a adoção do modelo de áreas 
protegidas no Brasil, como instrumento de tutela da natureza, é anterior ao 
surgimento do Direito Ambiental, como disciplina orgânica e autônoma, estruturada 
em torno de características, objetivos, princípios e instrumentos próprios. 
 
Por conta dessa evolução histórica, amiúde sem rumo certo, ao sabor de 
pressões localizadas – ou, por vezes, de facilidades de criação, como o 
caráter remoto do território –, as áreas protegidas nacionais foram 
casuística e assistematicamente determinadas e administradas, reféns, no 
seu desenho teórico, legal e prático, da diversidade de filiação filosófica e 
paternidade política, daí resultando, de forma inevitável, frequente confusão 
de regimes, sobreposição de unidades e, pior, ineficiência na consecução 
de suas finalidades (BENJAMIN, 2001, p. 11). 
 
Como algumas das áreas territoriais especialmente protegidas podem 
abranger propriedades particulares, a sua criação pode impor aos proprietários 
privados limites relevantes na utilização e fruição do seu respectivo domínio. 
De fato, MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO (2002, p, 126) assevera que 
“as limitações administrativas à propriedade originam-se de normas gerais e 
 
 
23 
 
abstratas, destinadas a propriedades indeterminadas, e têm o propósito de atender 
interesses coletivos abstratamente considerados”. 
O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado consiste, por 
excelência, em um direito de interesse coletivo lato sensu, visto pertencer a todos, 
nos termos do caput do art. 225 da Constituição Federal. 
Como a natureza é una, não respeitando as fronteiras e limites políticos 
erigidos artificialmente pelo homem, o modelo de criação de espaços especialmente 
protegidos padece em sua origem do grave defeito de pretender disciplinar de forma 
fragmentada a natureza, consistindo, portanto, em um contrassenso. 
Outrossim, tal modelo pode dar a falsa ideia de que fora de tais espaços 
especialmente protegidos inexistiria natureza, ou, ao menos, digna de preservação 
pela legislação ambiental, o que, naturalmente, não corresponde à verdade. Assim, 
perigosamente passa-se a impressão de que a natureza pode ser algo distante, a 
ser preservado em um local longínquo e inacessível, hermeticamente fechado, 
resultando no esquecimento de nossa própria origem e no essencial elo que nos une 
(BELTRÃO, 2014). 
Os espaços territoriais especialmente protegidos estão previstos 
expressamente pelo art. 225, § 1º, III, da Constituição Federal e são o gênero do 
qual as unidades de conservação, as áreas de preservação permanente e de 
reserva legal são espécies. 
 
4.1 O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) 
A Lei nº 9.98520, de 18 de setembro de 2000, instituiu o Sistema Nacional de 
Unidades de Conservação da Natureza, disciplinando os critérios para sua criação, 
implantação e gestão. Encontra-se regulamentada pelo Decreto nº 4.34021, de 
22.08.2002. 
Em seu art. 2°, de forma bastante salutar, conforme já tradicional técnica 
legislativa em matéria ambiental, a lei apresenta uma série de definições. A unidade 
de conservação consiste no 
 
20 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9985.htm e que regulamenta o art. 225, § 
1º, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de 
Conservação da Natureza, e dá outras providências, com inclusão do Decreto nº 4.519, de 13 de 
dezembro de 2002, dispondo sobre o serviço voluntário em unidades de conservação federais, e dá 
outras providências. 
21
 Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=374 
 
 
24 
 
espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas 
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído 
pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob 
regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas 
de proteção (art. 2º, I, da Lei nº 9.985/2000). 
 
Por tratar-se de um sistema de âmbito nacional, os Estados e Municípios 
também podem criar unidades de conservação, as quais estarão inseridas no 
Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (art. 3º). 
Caso necessário, para atender às peculiaridades regionais ou locais, os 
Estados e Municípios poderão, em caráter excepcional, criar nova categoria de 
unidade de conservação que integrará o SNUC, desde que não se confunda com 
categoria já existente (art. 6º, parágrafo único, da Lei nº 9.985/2000). 
O SNUC é gerido a partir de três órgãos: 
I - o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que tem função 
consultiva e deliberativa; 
II - o Ministério do Meio Ambiente, com o papel de coordenação do sistema; 
e, 
III - o Instituto Chico Mendes e o IBAMA, em caráter supletivo, e os órgãos 
estaduais e municipais com competência ambiental, na qualidade de executores do 
sistema (art. 6º da Lei nº 9.985/2000, com a redação dada pela Lei nº 
11.516/200722). 
Logo, a partir da Lei nº 11.516/2007, que deu início ao Instituto Chico 
Mendes de Conservação da Biodiversidade – Instituto Chico Mendes –, o qual tem 
por função, entre outras, executar ações da política nacional de unidades de 
conservação da natureza, referentes às atribuições federais relativas à proposição, 
implantação, gestão, proteção, fiscalização e monitoramento das unidades de 
conservação instituídas pela União (art. 1º, I), a atuação do IBAMA como órgão 
executor, na esfera Federal, do SNUC passou a ser meramente supletiva, ou seja, 
atuará apenas quando o Instituto Chico Mendes for omisso, por falta de estrutura, de 
pessoal, entre outras. 
 
22 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11516.htm, a lei 
dispõe sobre a criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – Instituto Chico 
Mendes; altera as Leis nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, nº 11.284, de 2 de março de 2006, nº 
9.985, de 18 de julho de 2000, nº 10.410, de 11 de janeiro de 2002, nº 11.156, de 29 de julho de 
2005, nº 11.357, de 19 de outubro de 2006, e nº 7.957, de 20 de dezembro de 1989; revoga 
dispositivos da Lei nº 8.028, de 12 de abril de 1990, e da Medida Provisória nº 2.216-37, de 31 de 
agosto de 2001; e dá outras providências. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11516.htm
 
 
25 
 
Compete aos órgãos executores propor a criação de unidades de 
conservação, devendo, para tanto, elaborar os estudos preliminares e, quando for o 
caso, realizar consulta pública (art. 4º do Decreto nº 4.340/2002). 
A consulta pública, que é pressuposto obrigatório para a criação de unidade 
de conservação, com exceção da Estação Ecológica e da Reserva Biológica, tem 
por finalidade “subsidiar a definição da localização, da dimensão e dos limites mais 
adequados para a unidade”, ouvindo, para tanto, a população local e outras partes 
interessadas (art. 5.° do Decreto nº 4.340/2002). 
Segundo ANTONIO F. G. BELTRÃO (2014), agiu bem o legislador em exigir 
a consulta pública como condição prévia para quase todas as categorias de unidade 
de conservação, visto que a participação da coletividade nos processos decisórios 
das autoridades públicas relacionados ao ambiente é um dos princípios que regem o 
direitoambiental (princípio da participação). Para melhor subsidiar o público 
interessado em participar do procedimento, o Poder Público tem a obrigação de 
fornecer informações adequadas e inteligíveis (art. 22, § 3º, da Lei nº 9.985/2000). 
O art. 22 da Lei nº 9.985/2000 prevê que “as unidades de conservação são 
criadas por ato do Poder Público”, não exigindo, portanto, a forma de lei. Da mesma 
forma, a ampliação dos seus limites territoriais. 
Entretanto, a desafetação ou a redução dos limites de uma unidade de 
conservação só poderá ser feita mediante lei, ainda que tenha sido criada por ato 
diverso como, por exemplo, o decreto (BELTRÃO, 2014), sendo que tal previsão 
decorre diretamente do art. 225, § 1º, III, da Constituição Federal que 
expressamente estabelece que a alteração e a supressão de espaço territorial 
especialmente protegido somente poderão ocorrer mediante lei. 
As unidades de conservação podem abranger os respectivos subsolo e 
espaço aéreo caso exerçam alguma influência na estabilidade do ecossistema local. 
Outrossim, todas as unidades de conservação, com exceção da Área de 
Proteção Ambiental (APA) e da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), 
devem possuir uma zona de amortecimento e, quando conveniente, corredores 
ecológicos (art. 25 da Lei nº 9.985/2000). 
A zona de amortecimento consiste no “entorno de uma unidade de 
conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições 
específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade” 
(art. 2º, XVIII, da Lei nº 9.985/2000). 
 
 
26 
 
Os corredores ecológicos, por sua vez, correspondem a 
 
porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de 
conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da 
biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas 
degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para 
sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades 
individuais (art. 2º, XIX, da Lei nº 9.985/2000). 
 
Quando houver uma justaposição ou sobreposição de unidades de 
conservação de categorias distintas e/ou outras áreas protegidas, públicas ou 
privadas, deverá haver uma gestão de todo o conjunto, de forma integrada e 
participativa. É o que se denomina de “mosaico” de unidades de conservação, que 
deve ser reconhecido por ato formal do Ministério do Meio Ambiente e gerido por um 
conselho. 
Questão complexa e que, certamente, ainda ocasionará muitos conflitos 
entre os entes da federação corresponde à justaposição ou sobreposição de 
unidades de conservação de entes distintos, ou seja, uma unidade de conservação 
federal que abrange parte de unidade de conservação estadual, por exemplo 
(BELTRÃO, 2014). 
Trata-se de tema que a doutrina e a jurisprudência ainda praticamente não 
enfrentaram e que será decidido, em última análise, pelo Supremo Tribunal Federal, 
com fulcro no art. 102, I, f, da Constituição Federal, por se tratar de conflito 
federativo. 
O Plano de Manejo, documento que define o zoneamento da unidade de 
conservação, assim como o uso da área e o manejo dos seus recursos naturais, 
conforme a definição legal do art. 2º, XVII, da Lei nº 9.985/2000, deve abranger não 
apenas a área da unidade de conservação, mas também a zona de amortecimento e 
os corredores ecológicos, caso existentes. 
A lei assegura ampla participação da população residente na 
 
elaboração, atualização e implementação do Plano de Manejo das 
Reservas Extrativistas, das Reservas de Desenvolvimento Sustentável, das 
Áreas de Proteção Ambiental e, quando couber, das Florestas Nacionais e 
das Áreas de Relevante Interesse Ecológico (art. 27, § 2º, da Lei nº 
9.985/2000). 
 
Igualmente, prevê que o Plano de Manejo deverá ser elaborado no prazo de 
até cinco anos a partir da criação da respectiva unidade de conservação. Entretanto, 
 
 
27 
 
não há a indicação de qual será a consequência legal caso este prazo não seja 
cumprido (art. 27, § 3º, da Lei nº 9.985/2000). 
Já o art. 36 impõe a obrigação de compensação por significativo impacto 
ambiental, que consiste no dever de o empreendedor de obra ou atividade que seja 
considerada de impacto significativo ao ambiente, pelo órgão ambiental competente, 
apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do grupo de 
Proteção Integral. 
O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para essa 
implantação e manutenção de unidade de conservação do grupo de Proteção 
Integral será fixado pelo órgão ambiental licenciador de acordo com o grau de 
impacto ambiental causado pela obra ou atividade licenciada. É interessante ver a 
decisão do Supremo Tribunal Federal na ADI 3.37823. 
Competirá ao órgão ambiental licenciador definir as unidades de 
conservação a serem beneficiadas ou até mesmo criadas com esses recursos. 
Excepcionalmente, tais recursos poderão ser destinados à unidade de conservação 
do grupo de Uso Sustentável quando for a mesma, ou sua zona de amortecimento, 
afetada pelo respectivo empreendimento (art. 36, § 3º). 
A Resolução CONAMA nº 371/200624 estabelece “diretrizes aos órgãos 
ambientais para o cálculo, cobrança, aplicação, aprovação e controle de gastos” 
relativos às receitas obtidas por meio da compensação ambiental prevista pela Lei nº 
9.985/2000. 
 
Guarde... 
Há dois grandes grupos de unidades de conservação: as de Proteção 
Integral e as de Uso Sustentável. O primeiro tem por objetivo “preservar a natureza, 
sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos 
casos previstos nesta Lei” (art. 7º, § 1º, da Lei nº 9.985/2000). Já as Unidades de 
Uso Sustentável têm por propósito “compatibilizar a conservação da natureza com o 
uso sustentável de parcela de seus recursos naturais” (art. 7º, § 2º, da Lei nº 
9.985/2000). 
É permitida a introdução de espécies não autóctones nas Áreas de Proteção 
Ambiental, nas Florestas Nacionais, nas Reservas Extrativistas e nas Reservas de 
 
23
 Disponível em: http://www.stf.jus.br/imprensa/pdf/ADI3378.pdf 
24
 Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=493 
 
 
28 
 
Desenvolvimento Sustentável, sendo vedada nas demais categorias de unidades de 
conservação (art. 31, § 1º, da Lei nº 9.985/2000). 
Com exceção da Área de Proteção Ambiental e da Reserva Particular do 
Patrimônio Natural, toda exploração comercial de produtos, subprodutos ou serviços 
“obtidos ou desenvolvidos a partir dos recursos naturais, biológicos, cênicos ou 
culturais ou da exploração da imagem de unidade de conservação” de unidade de 
conservação dependerá de prévia autorização de sua respectiva administração e de 
retribuição econômica por parte do explorador (art. 33). 
Com o intuito de evitar burocracia e facilitar a entrada de receitas, a Lei 
expressamente autoriza os órgãos que administram as unidades de conservação a 
receberem diretamente recursos ou doações de qualquer natureza, nacionais ou 
estrangeiras, com ou sem encargos, oriundas de organizações públicas ou privadas. 
Por fim, as unidades de conservação do grupo de Uso Sustentável podem 
ser transformadas total ou parcialmente em unidades do grupo de Proteção Integral 
por meio de instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a 
unidade, desde que obedecidos os procedimentos de consulta estabelecidos no § 2º 
do art. 22 da Lei nº 9.985, de 2000 (art. 22, § 5º). 
 
3.2 Unidades de Proteção Integral (UPI) 
O grupo dessas unidades compreende cinco categorias de unidades de 
conservação. Cada uma dessas UPI será dotada de um Conselho Consultivo, 
presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por 
representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil, por 
proprietários de terras localizadas em Refúgios de Vida Silvestre ou Monumento 
Natural, quando for o caso, e,na hipótese prevista no § 2º do art. 42, das 
populações tradicionais residentes, conforme se dispuser em regulamento e no ato 
de criação da unidade (art. 29). 
As Unidades de Conservação de Proteção Integral têm por objetivo 
preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos 
naturais. 
As categorias das Unidades de Conservação de Proteção Integral são as 
seguintes (Lei nº 9.985/2000, art. 8º): 
a) Estação Ecológica; 
b) Reserva Biológica; 
 
 
29 
 
c) Parque Nacional; 
d) Monumento Natural; e 
e) Refúgio da Vida Silvestre. 
 
A Estação Ecológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas 
particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, e tem como objetivo a 
preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas, as quais dependem 
de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade (Lei nº 
9.985/2000, art. 9º, § 1º). 
Na Estação Ecológica, a visitação pública é proibida, exceto quando com 
objetivo educacional, de acordo com o que dispuser o Plano de Manejo da unidade 
ou regulamento específico (Lei nº 9.985/2000, art. 9º, § 2º). 
Na Estação Ecológica só podem ser permitidas alterações dos ecossistemas 
no caso de (Lei nº 9.985/2000, art. 9º, § 4º, I a IV): 
I. medidas que visem a restauração de ecossistemas modificados; 
II. manejo de espécies com o fim de preservar a diversidade biológica; 
III. coleta de componentes dos ecossistemas com finalidades científicas; 
IV. pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior do que aquele 
causado pela simples observação ou pela coleta controlada de componentes 
dos ecossistemas em uma área correspondente a no máximo 3% (três por 
cento) da extensão total da unidade e até o limite de 1.500 (mil e quinhentos) 
hectares. 
A Reserva Biológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas 
particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas. A visitação pública é 
proibida, exceto aquela com objetivo educacional (Lei nº 9.985/2000, art. 10, §§ 1º e 
2º). 
Na Reserva Biológica, a realização de pesquisa científica depende de 
autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está 
sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas 
previstas em regulamento (Lei nº 9.985/2000, art. 10, § 3º). 
O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas 
particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas. 
A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no 
Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por 
 
 
30 
 
sua administração e àquelas previstas em regulamento (Lei nº 9.985/2000, art. 11, 
§§ 1º e 2º). 
No Parque Nacional, a pesquisa científica depende de autorização prévia do 
órgão responsável pela administração da unidade, bem como àquelas previstas em 
regulamento (Lei nº 9.985/2000, art. 11, § 3º). 
Os Parques, quando forem criados pelos Estados ou pelos Municípios, serão 
denominados, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal (Lei nº 
9.985/2000, art. 4º). 
O Monumento Natural pode ser constituído por áreas particulares, desde 
que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e 
dos recursos naturais do local pelos proprietários. Caso não haja esta 
compatibilização, a área deve ser desapropriada (Lei nº 9.985/2000, art. 12, §§ 1º e 
2º). 
No Monumento Natural, a visitação pública está sujeita às condições e 
restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas 
pelo órgão responsável pela administração e àquelas previstas em regulamento (Lei 
nº 9.985/2000, art. 12, § 3º). 
O Refúgio da Vida Silvestre pode ser constituído por áreas particulares, 
desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da 
terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários. Caso não haja esta 
compatibilização, a área deve ser desapropriada (Lei nº 9.985/2000, art. 13, §§ 1º e 
2º). 
No Refúgio da Vida Silvestre, a visitação pública está sujeita às normas e às 
restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas 
pelo órgão responsável pela administração e àquelas previstas em regulamento (Lei 
nº 9.985/2000, art. 13, § 3º). 
No Refúgio da Vida Silvestre, a pesquisa científica depende de autorização 
prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às 
condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em 
regulamento (Lei nº 9.985/2000, art. 13, § 4º). 
 
 
 
31 
 
3.3 Unidades de Conservação de Uso Sustentável 
Como visto, estas unidades têm por objetivo compatibilizar a conservação da 
natureza com o uso sustentável dos recursos naturais, sendo admitido o uso direto 
dos recursos naturais. 
As categorias das Unidades de Conservação de Uso Sustentável são as 
seguintes (Lei nº 9.985/2000, art. 14): 
i. Área de Proteção Ambiental (APA); 
ii. Área de Relevante Interesse Ecológico; 
iii. Floresta Nacional; 
iv. Reserva Extrativista; 
v. Reserva de Fauna; 
vi. Reserva de Desenvolvimento Sustentável; 
vii. Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). 
 
A Área de Proteção Ambiental é constituída por terras públicas ou privadas 
(Lei nº 9.985/2000, art. 15, § 1º). 
Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e 
restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de 
Proteção Ambiental (Lei nº 9.985/2000, art. 15, § 2º). 
Na Área de Proteção Ambiental, as condições para a realização de pesquisa 
científica e visitação pública nas áreas sob domínio público serão estabelecidas pelo 
órgão gestor da unidade e nas áreas sob propriedade privada caberá ao proprietário 
estabelecê-las (Lei nº 9.985/2000, art. 15, §§ 3º e 4º). 
A Área de Proteção Ambiental (APA) disporá de um Conselho presidido pelo 
órgão responsável por sua administração e constituído por representantes dos 
órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e da população residente (Lei nº 
9.985/2000, art. 15, § 5º). 
A Área de Relevante Interesse Ecológico é constituída por terras públicas ou 
privadas (Lei 9.985/2000, art. 16, § 1º). 
Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e 
restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de 
Relevante Interesse Ecológico (Lei nº 9.985/2000, art. 16, § 2º). 
 
 
32 
 
A Floresta Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas 
particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas (Lei nº 9.985/2000, 
art. 17, § 1º). 
Na Floresta Nacional, a visitação pública é permitida, condicionada às 
normas estabelecidas para o manejo da unidade pelo órgão responsável por sua 
administração (Lei nº 9.985/2000, art. 17, § 3º). 
Na Floresta Nacional, a pesquisa científica é permitida e incentivada, 
sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da 
unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e àquelas previstas em 
regulamento (Lei nº 9.985/2000, art. 17, § 4º). 
A Floresta Nacional disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo 
órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos 
públicos, de organizações da sociedade civil e, quando for o caso, das populações 
tradicionais residentes (Lei nº 9.985/2000, art. 17, § 5º). 
A Floresta, quando criada pelo Estado ou Município, será denominada, 
respectivamente, Floresta Estadual e Floresta Municipal (Lei nº 9.985/2000, art. 17, 
§ 6º). 
Reserva Extrativista é de domínio público, com uso concedido às 
populações extrativistas, mediante contrato, sendo que as áreas particulares 
incluídas em seus limites devem ser desapropriadas (Lei nº 9.985/2000, art. 18, § 
1º). 
A Reserva Extrativista será gerida por um Conselho Deliberativo, presidido 
pelo órgão responsável porsua administração e constituído por representantes de 
órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das populações tradicionais 
residentes na área, conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da 
unidade (Lei nº 9.985/2000, art. 18, § 2º). 
Na Reserva Extrativista, a visitação pública é permitida, desde que 
compatível com os interesses locais e de acordo com o disposto no Plano de Manejo 
da área (Lei nº 9.985/2000, art. 18, § 3º). 
Na Reserva Extrativista, a pesquisa científica é permitida e incentivada, 
sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da 
unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e às normas previstas em 
regulamento (Lei nº 9.985/2000, art. 18, § 4º). 
 
 
33 
 
A Reserva de Fauna é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas 
particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas (Lei nº 9.985/2000, 
art. 19, § 1º). 
Na Reserva de Fauna, a visitação pública pode ser permitida, desde que 
compatível com o manejo da unidade e de acordo com as normas estabelecidas 
pelo órgão responsável por sua administração (Lei nº 9.985/2000, art. 19, § 2º). 
Na Reserva de Fauna, a pesquisa científica é permitida e a comercialização 
dos produtos e subprodutos resultantes destas pesquisas obedecerá ao disposto 
nas leis sobre fauna e regulamentos (Lei nº 9.985/2000, art. 19, § 4). 
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é de domínio público, sendo que 
as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser, quando necessário, 
desapropriadas (Lei nº 9.985/2000, art. 20, § 2º). 
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável será gerida por um Conselho 
Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído 
por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das 
populações tradicionais residentes na área, conforme se dispuser em regulamento e 
no ato de criação da unidade (Lei nº 9.985/2000, art. 20, § 4º). 
Na Reserva de Desenvolvimento Sustentável, é permitida e incentivada a 
visitação pública, desde que compatível com os interesses locais e de acordo com o 
disposto no Plano de Manejo da área (Lei nº 9.985/2000, art. 20, § 5º, I). 
Na Reserva de Desenvolvimento Sustentável, é permitida e incentivada a 
pesquisa científica voltada à conservação da natureza, sujeitando-se à prévia 
autorização do órgão responsável pela administração da unidade, às condições e 
restrições por este estabelecidas e às normas previstas em regulamento (Lei nº 
9.985/2000, art. 20, § 5º, I). 
A Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área privada, gravada 
com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica (Lei nº 
9.985/2000, art. 21). 
O proprietário deverá assinar um termo de compromisso perante o órgão 
ambiental, no qual constará o gravame da perpetuidade, e será averbado à margem 
da inscrição no Registro Público de imóveis (Lei nº 9.985/2000, art. 21, § 1º). 
Na Reserva Particular do Patrimônio Natural, poderá ser permitida, conforme 
se dispuser em regulamento (Lei nº 9.985/2000, art. 21, § 2º): 
 
 
34 
 
a) a pesquisa científica; e, b) a visitação com objetivos turísticos, recreativos 
e educacionais. 
Todas as Unidades de Conservação, com exceção da Área de Proteção 
Ambiental e da Reserva Particular do Patrimônio Natural, devem possuir uma zona 
de amortecimento e, quando conveniente, corredores ecológicos (Lei nº 9.985/2000, 
art. 25). 
 
Resumo das características das Unidades de Conservação de Proteção 
Integral 
a) Estação Ecológica: 
I) objetiva a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas; 
II) posse e domínio públicos, áreas particulares serão desapropriadas; 
III) visitação pública proibida, exceto com objetivo educacional; 
IV) pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da 
unidade de conservação. 
b) Reserva Biológica: 
I) objetiva a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites; 
II) posse e domínio públicos, áreas particulares serão desapropriadas; 
III) visitação pública proibida, exceto com objetivo educacional; 
IV) pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da 
unidade de conservação. 
c) Parque Nacional: 
I) objetiva a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza 
cênica; 
II) posse e domínio públicos, áreas particulares serão desapropriadas; 
III) visitação pública depende do previsto no Plano de Manejo; 
IV) pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da 
unidade de conservação. 
d) Monumento Natural: 
I) objetiva preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica; 
II) pode ser constituído por áreas particulares, quando houver compatibilização com os objetivos 
da unidade de conservação ou, caso não haja compatibilização, as áreas serão desapropriadas; 
III) visitação pública depende do previsto no Plano de Manejo; 
IV) pesquisa científica sem previsão legal. 
e) Refúgio da Vida Silvestre: 
I) objetiva proteger ambientes naturais onde se assegurem condições para a existência ou 
reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória; 
II) pode ser constituído por áreas particulares, quando houver compatibilização com os objetivos 
da unidade de conservação ou, caso não haja compatibilização, as áreas serão desapropriadas; 
III) visitação pública depende do previsto no Plano de Manejo; 
IV) pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da 
unidade de conservação. 
 
 
 
 
35 
 
Resumo das características das Unidades de Conservação de Uso 
Sustentável (Lei nº 9.985/2000, art. 14): 
a) Área de Proteção Ambiental: 
I) objetiva proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a 
sustentabilidade do uso dos recursos naturais; 
II) constituída por terras públicas ou privadas; 
III) pode haver restrições para a utilização de uma propriedade privada nela localizada; 
IV) visitação e pesquisa sujeitas a condições. 
b) Área de Relevante Interesse Ecológico: 
I) objetiva manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso 
admissível dessas áreas; 
II) constituída por terras públicas ou privadas; 
III) visitação e pesquisa não prevista em lei. 
c) Floresta Nacional: 
I) objetiva o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais; 
II) posse e domínio públicos, áreas particulares serão desapropriadas; 
III) visitação pública permitida, condicionada ao Plano de Manejo; 
IV) pesquisa científica permitida, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela 
administração da unidade de conservação. 
d) Reserva Extrativista: 
I) objetiva proteger os meios de vida e a cultura das populações extrativistas e assegurar o uso 
sustentável dos recursos naturais da unidade; 
II) é de domínio público, com uso concedido às populações extrativistas tradicionais, mediante 
contrato de concessão de uso, áreas particulares serão desapropriadas; 
III) visitação pública permitida, de acordo com o Plano de Manejo; 
IV) pesquisa científica permitida, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela 
administração da unidade de conservação. 
e) Reserva de Fauna: 
I) posse e domínio públicos, áreas particulares serão desapropriadas; 
II) visitação pública permitida, desde que compatível com o Plano de Manejo; 
III) proibido o exercício da caça amadorística ou profissional. 
f) Reserva de Desenvolvimento Sustentável: 
I) objetiva preservar a natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e os meios 
necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida; 
II) é de domínio público, com uso concedido às populações tradicionais, mediante contrato de 
concessão de uso, áreas particulares serão desapropriadas.

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