Buscar

bx_10_CURSO_NV17_SEMI 04_HIS_A

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Idade Média – 
formação do feudalismo
07
Aula 
4A
História
1
O termo Idade Média é utilizado para denominar o período cronológico 
intermediário entre as idades Antiga e Moderna. Trata-se de um longo perí-
odo histórico de cerca de mil anos que se inicia com a queda de Roma (476), 
no século V da era cristã, até a queda de Constantinopla (1453), invadida 
pelos turcos em meados do século XV. Por ser um longo período histórico, 
é necessário estabelecer uma divisão cronológica da Idade Média em duas 
etapas distintas: a Alta e a Baixa Idade Média.
V VI VII VIII IX X XI XII XIII XIV XV
ALTA IDADE MÉDIA BAIXA IDADE MÉDIA
Formação do Feudalismo
Consolidação e apogeu do
sistema feudal
Crise do 
Feudalismo
Principais características
Entre as características mais importantes do feudalismo, podemos citar 
as seguintes: 
 • Ruralização da sociedade 
Já a partir do século III, a economia romana em decadência levava a 
sociedade a um processo de ruralização. A invasão dos germânicos acentuou 
esse quadro.
 • Fragmentação do poder central 
No sistema feudal, a propriedade senhorial do feudo incluía o poder 
militar, o poder judicial, o poder político e até o direito de cunhar moedas. A 
autoridade do rei, teoricamente o suserano supremo, dependia da extensão 
e da riqueza de seus feudos. 
 • Privatização da defesa 
Os senhores feudais possuíam seus próprios exércitos. Esse processo de 
privatização da defesa acelerou-se a partir dos ataques vikings, sarracenos e 
húngaros. 
 • Clericalização da sociedade 
A partir do momento em que o cristianismo tornou-se a religião oficial 
do Império Romano, a proporção de clérigos na sociedade aumentou enor-
memente. Além do crescimento quantitativo, ocorreu também um aumento 
qualitativo, pois o clero tornou-se um grupo diferenciado dos demais, pos-
suidor de privilégios especiais e de grande poder político-econômico. 
É bom lembrar que o clero 
detinha o monopólio da comuni-
cação com Deus, tornando-se o 
responsável pela salvação de todos 
os homens. 
 • Relações de dependência pes-
soal 
Os servos subordinavam-se a 
um senhor. Este, por sua vez, pode-
ria se subordinar a um outro senhor 
mais poderoso e assim por diante 
– eram as relações de suserania e 
vassalagem. 
 • Mudança de mentalidade 
A mentalidade do homem me-
dieval era marcada por um grande 
sentimento religioso e predomina-
va o pensamento teocêntrico: “Deus 
é a medida de todas as coisas”, em 
vez da síntese clássica, “O homem é 
a medida de todas as coisas”.
Economia feudal
A sociedade e a economia 
durante o feudalismo eram essen-
cialmente agrárias.
No trato com a terra, as técnicas 
eram precárias. Os animais eram 
atrelados ao arado pelo pescoço, 
o que diminuía sensivelmente sua 
força de tração. Arava-se superficial-
mente o solo. Enfim, podemos afir-
mar que a produtividade era muito 
baixa, chegando-se ao cúmulo de se 
colher, para cada semente semeada, 
duas, dando a ridícula proporção de 
um para dois. 
2 Semiextensivo
O uso de instrumentos de trabalho rudimentares e 
de técnicas precárias de produção geraram uma econo-
mia de subsistência, na qual se produzia apenas para o 
consumo próprio.
Uma economia agrária, mas não exclusiva-
mente. Devemos abandonar a imagem, exage-
rada, de uma agricultura feudal fechada, isola-
da e autossuficiente. É verdade que a pequena 
produtividade fazia com que qualquer acidente 
natural (chuvas em excesso ou em falta, pragas) 
ou humano (guerras, trabalho inadequado ou 
insuficiente) provocasse períodos de escassez. 
Desta forma, sempre assustado com a possibili-
dade da fome, cada senhorio procurava suprir 
suas necessidades, produzindo para seu consu-
mo tudo o que ali fosse possível... Mas, quando 
era preciso recorrer à produção de outras re-
giões, havia circuitos comerciais para isso. Em 
suma, era uma agricultura apenas tendente à 
subsistência.
FRANCO Júnior, Hilário. O feudalismo. 10. ed. 
São Paulo: Brasiliense, 1991. p. 31
A historiografia tradicional sempre procurou salien-
tar o caráter fechado na economia feudal. Segundo os 
historiadores atuais, entre os séculos VI e IX houve uma 
retração das atividades comerciais. Já a partir dos sécu-
los X e XI, ocorreu um grande desenvolvimento urbano 
e comercial. Portanto, o feudalismo não foi incompatível 
com o comércio. O sistema feudal só entrou em crise no 
período da Baixa Idade Média, séculos XIV e XV (epide-
mias, guerras, etc.).
Sociedade feudal
A sociedade feudal era uma sociedade de ordem. 
Segundo Adalberto de Laon, o domínio da fé é uno, 
mas há um triplo estatuto na ordem. A lei humana 
impõe duas condições: o nobre e o servo não estão 
submetidos ao mesmo regime. Os guerreiros são pro-
tetores das igrejas. Eles defendem os poderosos e os 
fracos, protegem todo mundo inclusive a si próprios. 
Os servos, por sua vez, têm outra condição. Essa raça 
de infelizes não tem nada sem sofrimento... Nenhum 
homem livre pode viver sem ele... A casa de Deus, 
que parece una, é, portanto, tripla: uns rezam, outros 
combatem e outros trabalham. Todos os três formam 
um conjunto e não se separam: a obra de uns permite 
o trabalho dos outros dois e cada qual, por sua vez, 
presta seu apoio aos outros. 
Assim como a ordem celeste é una e trina, o mesmo 
deve acontecer com a ordem terrestre. Como na cidade 
de Deus existe desigualdade, o mesmo deve acontecer 
na cidade do homem. 
Esse esquema ideal dividia a sociedade feudal em 
oratores (clérigos), bellatores (guerreiros) e laborato-
res (trabalhadores). 
Nobreza
Era constituída por duques, marqueses e condes, 
que pertenciam à antiga nobreza e eram chamados 
grandes feudatários porque tinham o direito de 
enfeudar, isto é, podiam conceder feudos a outros 
nobres, seus vassalos. A pequena nobreza era formada 
por barões, viscondes e cavaleiros, que podiam receber 
feudos, mas não podiam enfeudar, ou seja, ter vassalos. 
A vida da nobreza feudal era regulada de maneira 
particular no que diz respeito à habitação, aos hábitos 
sociais, às ocupações e às diversões: vida no castelo, 
caça, guerra privada, torneios, cavalaria. 
A guerra privada era uma guerra entre senhores 
feudais, motivada pela ambição de conquistar feudos, 
ou por simples amor pela luta e pela aventura. Matavam, 
pilhavam e incendiavam. A Igreja procurou impedir tais 
violências, tomando medidas drásticas, tais como: 
 • a Paz de Deus, que punia os que violassem os luga-
res de adoração, roubassem os pobres e injuriassem 
os sacerdotes; 
 • a Trégua de Deus, que proibia a luta de sexta-feira ao 
amanhecer de segunda-feira e em época de plantio 
e de colheita. Os infratores eram excomungados.
Servos
Forma de trabalho característica do feudalismo foi 
a servidão. 
O servo era um camponês que, dispondo de instru-
mentos de trabalho e do usufruto de uma exploração, 
se encontrava, todavia, ligado a um senhor por toda 
espécie de compromissos pessoais e tributos. 
Havia também os vilões camponeses que tinham, 
em geral, uma condição de vida pouco melhor que a 
maioria (os servos), pois muitos possuíam instrumen-
tos de trabalho e pagavam menos impostos.
As principais obrigações dos servos eram: corveia, 
o camponês trabalhava três dias por semana para o se-
nhor; talha consistia na entrega de parte da produção 
ao senhor; quando se casava, o camponês era obrigado 
a pagar uma taxa chamada formariage; já quando su-
cedia ao pai na posse do manso, pagava a mão-morta. 
Uma obrigação singular eram as banalidades: o 
camponês as pagava quando usava as instalações do 
senhor, como, por exemplo, o forno, o moinho e o 
lagar. Porém não houve um só tipo de servo nem um 
só tipo de servidão. Na verdade, ocorreram variações, 
dependendo da época e do local.
Aula 07
3História 4A
Poder político 
A organização política feudal era descentralizada e 
o poder fragmentado, diluído nas mãos dos senhores 
feudais e do clero. O rei tinha poucos poderes no mundo 
feudal. Em geral, era uma figura decorativa, tendo poderes 
apenas noseu feudo. De maneira geral, possuía o poder de 
direito mas não o exercia de fato (na prática).
Por meio do contrato de enfeudação, o monarca distri-
buía terras aos nobres. 
 • A enfeudação consistia na homenagem e na investi-
dura: 
 • a homenagem era a cerimônia em que o vassalo 
prestava juramento de fidelidade e de obediência 
ao suserano; 
 • a investidura consistia na entrega ao vassalo de 
um galho de árvore, uma lança ou outro objeto 
que simbolizava o feudo. 
 • O contrato de enfeudação implicava direitos e 
obrigações recíprocas, de modo que o rompimento 
do acordo era considerado uma traição e provocava o 
confisco do feudo.
 • O suserano, ou seja, aquele que entregava o feudo, de-
veria prestar auxílio militar e dar assistência judiciária 
ao seu vassalo. 
 • Já o vassalo deveria prestar serviço militar, comparecer 
ao tribunal do senhor e pagar taxas quando herdasse 
o feudo. 
Na Europa Medieval, existia uma cadeia de relações 
vassálicas, em que quase todos os membros da aristocracia 
eram, ao mesmo tempo, suseranos e vassalos.
Igreja medieval
Com o esfacelamento do Im pério Romano, a Igreja 
Católica tornou-se a única instituição a manter-se 
coesa; daí o aumento da sua influência sobre o cotidia-
no das pessoas, bem como sobre a vida política, social e 
econômica dos reinos que se formaram na parte ociden-
tal do antigo Império Romano. É bom destacar que, nos 
primeiros sécu los, o cristianismo é uma religião de vilas e 
cidades. As massas es tão cristianizadas superficialmen te 
e, nas áreas rurais, o grau de idolatria e costumes pagãos 
eram enormes. Somente em torno do século VIII é pos-
sível se falar de uma Europa só com a parte ocidental 
razoavelmente cristianizada.
Vale lembrar que a diversidade de povos, de línguas, 
de cultura fez com que os dogmas cristãos fossem inter-
pretados de forma diferente. Qual seria a interpretação 
verdadeira? As interpretações considera das errôneas 
passaram a ser chamadas de heresias.
Heresia (do grego haíresis) significa escolher. Com o 
advento do cris tianismo, a palavra recebeu uma conotação 
pejorativa de doutrina con trária à fé cristã. Nos primórdios 
do cristianismo, o maior castigo imposto aos hereges 
era a exclusão deles da vida entre os cristãos. São Paulo 
aconselhava que não comessem com eles, e São João, que 
não os saudassem. Mas, quando a religião católica tornou-
-se a oficial no Império Romano, as coisas mudaram e as 
punições tornaram-se severas.
Enfim, na Europa Ocidental, após a queda do Império 
Romano, a única institui ção poderosa e universal era a 
Igreja, que passou a ter uma estrutura cen tralizada, 
autoritária e supranacional. A Igreja se fazia presente do 
nas cimento até a morte. Viver fora dela, na Europa cristã, 
era quase impossível.
Organização
A organização da Igreja era cen tralizada, hierárquica e 
extremamente autoritária. 
Os sacerdotes (arcebispos, bispos e párocos) consti-
tuíam o clero secular, assim chamado porque os seus 
mem bros viviam na sociedade ou no mundo (do latim, 
saeculum). A paróquia era um pequeno distrito, cuja 
direção pertencia a um pároco ou cura, que vivia em 
con tato com o povo. Os bispos governavam as dioce-
ses, constituídas de várias paróquias. Já os arcebispos 
tinham a seu cargo uma arquidiocese, título honorífi co 
atribuído a algumas dioceses devido à sua antiguidade 
e importância.
Os tribunais eclesiásticos eram importantes, pois, 
além de julgarem os membros do clero, pronunciavam-
-se sobre todos os assuntos vinculados à Igreja, como 
contratos celebrados sob juramento, testamentos, ques-
tões referentes a órfãos e viúvas, bruxarias e sortilégios. 
Os julgamentos norteavam-se pelo direito canônico.
O clero regular, assim chamado por que subordi-
nava sua vida a uma regra (do latim, regula), vivia em 
comunidade isolada, em seus mosteiros. O conjunto de 
conventos que obedeciam à mesma regra denominava-
-se ordens.
Dentre as principais ordens religiosas medievais, 
devemos destacar a dos Beneditinos (fundada por São 
Bento de Núrsia), a dos Dominicanos (São Domingos), 
a dos Franciscanos (São Francisco de Assis) e a das 
Clarissas (Santa Clara). Os seguidores de São Francisco 
fundaram a primeira ordem mendicante durante a Idade 
Média, que foi assim caracterizada em virtude do voto 
de absoluta pobreza jurado pelos seus membros. A clau-
sura e a simplicidade da vida monástica contrapunham-
-se à pompa e ao luxo da vida mundana, compartilhada 
entre os membros do clero secular.
4 Semiextensivo
BELLINI, Giovani. São Francisco no deserto. 1480. 1 óleo e têmpera 
sobre madeira, color; 124,4 cm x 141 cm. Frick Collection, Nova Iorque.
©
W
ik
im
ed
ia
 C
o
m
m
o
n
s/
Fr
ic
k 
C
o
lle
ct
io
n
, N
o
va
 Io
rq
u
e,
 E
st
ad
o
s 
U
n
id
o
s
 São Francisco no deserto
Heresias na Idade Média 
Na Idade Média, em geral o alto clero estava do lado 
dos senhores, pregava aos pobres a submissão e a obe-
diência. Por essa razão, cres ciam entre o povo as exigên-
cias de que a Igreja abandonasse a pompa e modificasse 
sua doutrina. O fundador da seita dos Valdenses, Pedro 
Valdo, dividiu seus bens e foi pregar entre os arte sãos 
pobres e os camponeses. Ensinava que a Igreja devia 
ser humilde, atacava a vida dissoluta e pomposa dos 
clérigos. Advoga va o retorno à vida simples, às co munas 
cristãs e à igualdade entre os homens. 
No sul da França, os cátaros (do grego kataros, isto 
é, puri ficados) receberam o nome de albigenses por ser 
a cidade de Albi seu centro mais importante. Esta seita 
negava completamente a Igreja Católica e sua doutrina, 
não reconhecia a autoridade dos papas e dos bis pos e 
tinha seus próprios sacerdotes.
Inquisição
Vários decretos papais tentaram regulamentar a 
detecção de heresias e como com batê-las. Em 1184, o 
papa Lúcio III instalou inqui sições episcopais. Em 1231, 
o papa Gregório IX estipulou procedimentos pelos quais 
inquisidores profissionais seriam enviados para localizar 
here ges e persuadi-los a se retratarem. Seriam insta lados 
tribunais presididos por dois juízes locais no meados 
pelo papa. A identidade das testemunhas permanecia 
no anonimato. Inocêncio IV em 1252 permitiu o uso da 
tortura para obter uma confis são. As penas eram as mais 
variadas, sendo a morte na fogueira a mais grave.
DELAROCHE, Paul. Joana d’Arc é interrogada pelo cardeal de 
Winchester na prisão. 1824. 1 óleo sobre tela, color.; 277 cm x 217,5 cm. 
Museu de Belas Artes, Rouen, França.
©
W
ik
im
ed
ia
 C
o
m
m
o
n
s/
M
u
se
u
 d
e 
B
el
as
 A
rt
es
, R
o
u
en
, F
ra
n
ça
Na Idade Moderna, com a Contrarreforma, a Inqui-
sição tornou-se ainda mais atuante, notadamente na 
Itália, Portugal e Espanha. 
Cismas
No ano de 1054, ocorreu o primeiro grande cis ma da 
Igreja, o chamado Cisma do Oriente, quando o papa de 
Roma excomungou o patriarca de Cons tantinopla e este 
excomungou o papa. A partir daí, passou a existir a Igreja 
Católica Romana e a Igreja Ortodoxa (Oriente). O chamado 
Cisma do Ocidente teve suas origens quando Filipe o Belo, 
rei da Fran ça, impôs como papa Clemente V, que transferiu 
a sede do Papado de Roma para Avignon, na Fran ça. Esse 
período, em que os papas residiram em Avignon, ficou 
conhecido como Cativeiro Babilônico (1309-1377). 
Em 1377, o papa Gregório XI transferiu a sede do 
papado para Roma. No ano seguinte, com a morte de 
Gregório, um conclave elegeu Urbano VI. Como o novo 
papa revelou-se violento e arrogante, um grupo de cardeais 
elegeu um novo papa, que tomou o nome de Clemente VII 
e instalou a sua cúria em Avignon. Havia um papa em Roma 
e outro em Avignon; era o “Cisma do Ocidente”.
A existência de dois papas fez com que fosse con-
vocado um concílio em Pisa (1409) para so lucionar a 
questão. Os cardeais declararam os dois papas depos tos 
e elegeram um terceiro, Ale xandre V. Porém, sem força 
polí tica para impor Alexandre V, os cardeais só aumen-
taram o pro blema, pois passaram a existir três papas. 
Somenteem 1417, no Concílio de Constança, com a 
eleição de Martinho V, a questão foi resolvida. 
Aula 07
5História 4A
Ação social
Como já vimos anteriormente, graças aos mosteiros, os 
manus critos da Antiguidade Clássica fo ram preservados. 
Durante a Idade Média, era a Igreja que ministrava a educa-
ção, mantendo um grande número de escolas paroquiais. 
As universida des surgiram graças à Igreja Ca tólica. A 
maioria das poucas pessoas alfabetizadas eram clérigos. 
Muitos nobres e quase todas as mulheres não sabiam ler 
nem escrever. Os hospitais, em sua maioria, eram mantidos 
por religiosos, bem como as casas para atender ór fãos e 
leprosos. Portanto, apesar das críticas que podemos fazer 
com relação ao comportamento do clero durante a Idade 
Média, é preciso reconhecer, por outro lado, a importância 
da ação social exercida pela Igreja Medieval.
Cultura medieval
A cultura medieval foi uma síntese de elementos 
greco-romanos, cristãos e germânicos, reformula dos 
em termos de novas experiências. Começou a distin-
guir-se no século XI e atingiu o apogeu no século XIII. 
A Idade Média não foi, como se afirmou, uma longa 
e tenebrosa noite de mil anos, pois nesse período 
encontramos os alicerces da civilização ocidental.
Literatura
Épica 
Glorificava as façanhas dos heroicos cavaleiros. Os 
temas centrais eram: o heroísmo, a honra e a lealdade. 
Principais poemas épicos: O Poema do Cid (espa-
nhol), A Canção dos Nibelungos (alemã) e A Canção de 
Rolando (francesa). 
A Canção de Rolando foi a primeira grande obra da 
literatura medieval em língua vulgar. É um longo poema 
descrevendo as proezas de Rolando e seu tio Carlos 
Magno.
Lírica 
Os trovadores provençais criaram poemas líricos, 
cuja personagem central era a mulher e o tema, o amor. 
Não um amor sensual, mas um sentimento de êx tase, 
quase místico. A lírica trovadoresca foi artificiosa, refi-
nada, corte sã e aristocrática. 
Romance 
O romance desenvolveu-se de várias formas. O de 
aventura refletia os ideais da aristocracia (fidelidade, 
bravura, etc.). Os principais foram Robin Hood (herói-
-bandoleiro) e o Ciclo da Távola Redonda.
O romance idílico destacava o amor. Nesse gênero, 
destacou-se Tristão e Isolda, escrito por Gottfried de 
Estrasburgo. A história gravita no mundo celta (Cúm-
bria, Irlanda e Bretanha). Há várias versões, porém os 
ingredien tes da trama são os mesmos: um sobrinho 
perdido; um esposo nobre; confiança traída, poções 
de amor, taças e armas envenenadas, dragões, mortes 
trági cas e a sobrevivência do amor após a morte.
Há que se destacar ainda os Fabliaux (fabulários), 
contos que criticavam a sociedade e as instituições. 
O Romance da Rosa, escrito por Guilherme de 
Lor ris e completado por João de Meung, merece 
destaque.
Indiscutivelmente, a maior obra da literatura 
medieval foi A Divina Comédia, escrita pelo italiano 
Dante Alighieri (1265-1321). Está dividida em 3 
par tes, com um total de 100 cantos: Inferno (34), Pur-
gatório (33) e Paraíso (33). O tema dominante nessa 
grandiosa epopeia é o castigo terrível do pecado e a 
alta recompen sa da virtude, mas há no poema muitas 
outras ideias.
A Divina Comédia articula poesia e prosa filosófica, 
lirismo cortês, cosmologia, ciência e religião. O pensa-
mento de Dante é eclético, refletindo a mentalidade do 
início do século XIV.
Dentre os italianos, devemos destacar ainda Fran-
cesco Petrarca (1304-1375), considerado o primeiro 
dos grandes humanistas, e Giovanni Boccaccio (1313-
1375), que escreveu Decamerone, conjunto de contos 
traçando um quadro dos costumes italianos do século 
XIV.
Teatro
O teatro foi uma das artes mais populares na Idade 
Média. Suas origens encontram-se em cerimônias e 
crenças religiosas.
Inicialmente, as representações se faziam nas igre jas, 
para as festas da Páscoa e do Natal. Mais tarde, as repre-
sentações dos milagres e mistérios foram transferidas 
para as praças e feiras.
A partir do século XIII, o teatro tornou-se profano, 
desenvolvendo a farsa, gênero de comédia espirituoso 
e satírico.
Arquitetura
Românico
Esse nome foi criado no século XIX, para designar 
as realizações arquitetônicas do final dos séculos XI e 
XII, na Europa, cujas estruturas eram semelhantes à das 
construções dos antigos romanos.
6 Semiextensivo
 Johanneskapelle. Estilo românico, Styria – Áustria
As principais características da arquitetura româ nica 
são:
 • utilização de abóbodas; 
 • paredes espessas; 
 • pilares maciços; 
 • aberturas pequenas usadas como janelas; 
 • grandes e sólidas igrejas, daí serem chamadas “forta-
lezas de Deus”; 
 • monumentalidade, solidez e durabilidade; 
 • interiores escuros.
A pintura românica desenvolveu-se sobretudo nas 
grandes decorações murais através da técnica do afres-
co. A deformação (traduz os sentimentos religiosos e a 
interpretação mística que o artista fazia da realidade) e o 
colorismo são suas principais características.
Não poderíamos entender a escultura românica sem 
levar em conta o edifício e sua sujeição à arquitetura. De 
uma forma geral caracterizou-se pelas formas rudes, pobre-
za na criatividade e pela ausência da noção de movimento.
Gótico
“Nome que, originalmente, significou, depre-
ciativamente, arte dos godos, arte dos bárbaros, 
por contraste com a serenidade harmônica da arte 
italiana e que designa o estilo que sucedeu ao Ro-
mânico e irradiou-se a partir da França, a toda a 
Europa, entre os séculos XII e XVI...” 
MARCONDES, Luiz Fernando. Dicionário de termos artísticos. 
Rio de Janeiro: Edições Pinakotheka, 1998, p. 138. 
A arte gótica, rica, alegre e urbana, desenvolveu-se 
num período de renasci mento do comércio e das cida-
des, bem como do apogeu do poder da Igreja Ca tólica. 
As principais características da ar quitetura gótica 
foram as seguintes: 
 • rompimento com o horizontalismo e consequente 
tendência para o verticalismo; 
 • arcos ogivais ou quebrados; 
 • abóbadas de arcos cruzados; 
 • arcobotantes que asseguram maior estabilidade e 
resistência; 
 • vitrais que dão ao interior das catedrais ambiente de 
profunda e intensa espiritualidade.
A escultura gótica é de alto-relevo. Em geral as 
esculturas são anônimas e a maioria das obras está as-
sociada à arquitetura. A iconografia dos portais ad quiriu 
uma clara intencionalidade didática e o estilo tornou-se 
mais claro, mais harmonioso e mais expres sivo.
 Escultura de estilo gótico
Cronologicamente, situamos a pintura gótica nos 
séculos XIII, XIV e início do século XV. 
Na Itália, durante o século XIII, viveram pintores que 
mereceram ser mencionados na história da arte: Cimabue 
(1240-1302), mas principalmente seu discípulo Giotto, 
que morreu em 1336. A pintu ra italiana lhe deve muito: 
Retrato de Bonifácio VIII, A Morte de São Francisco, 
Traição de Cristo, Fuga para o Egito. Todas são obras de 
grande beleza. Giotto é considerado precursor da pintura 
renascentis ta. Desenvolveu-se ainda a pintura de vitral 
(vidros coloridos das igrejas) e do esmalte (pintura sobre 
metais). Deve-se citar ainda a arte das iluminuras, desen-
volvida pelos copistas dos mosteiros. Consistia na pintura e 
decoração de letras iniciais, com cenas minúsculas, em que 
se procurava dar ideia de profun didade e de dimensões.
©
W
ik
im
ed
ia
 C
o
m
m
o
n
s/
C
h
ri
s 
73
 T
al
k
©
W
ik
im
ed
ia
 C
o
m
m
o
n
s/
M
ar
io
n
 S
ch
n
ei
d
er
 &
 C
h
ri
st
o
p
h
 A
is
tl
ei
tn
er
Aula 07
7História 4A
Música
O ponto inicial de sua evolução foi o desenvolvimento 
do canto chão, tradicionalmente atribuído ao papa Gre-
gório Magno. Esse canto gregoriano é a melodia simples 
e sem acompanhamento, cantada por um solista ou por 
um coro em uníssono. Com o tempo, foram acrescentados 
intervalos que enriqueceram o conteúdo, embora faltas-
sem os conhecimentos de harmonia. Foi ainda na Idade 
Média que Guido d’Arezzo deu nome às notas musicais, 
tirando-as das sílabas iniciais do Hino a São João.
Ciências
Durante a IdadeMédia, as Ciências estavam subor-
dinadas à Religião. Com o Renascimento Comercial e 
Urbano, houve relativo desenvolvimento, favorecido pela 
influência dos árabes. Destacaram-se a Geografia (Cartas 
Náuticas), a Medicina (Anatomia), a Botânica e a Zoologia, a 
Química e a Matemática. O grande nome foi Roger Bacon.
Universidades
Durante grande parte da Idade Média, as únicas 
escolas existentes eram as dos mosteiros. 
Foi com a fundação de corporações de alunos e pro-
fessores – as universitas – que surgiram as univer sidades. 
O estudante tinha de cursar inicialmente a facul dade 
inferior (artes), onde estudava as sete artes li berais: 
 • trívio (gramática, retórica e lógica); 
 • quadrívio (aritmética, geometria, astronomia e 
música). 
Após o término desse curso preparatório, o aluno 
estava habilitado para cursar uma das faculdades su-
periores: medicina, direito e teologia. 
As principais universidades foram as de Paris, Bo-
lonha, Oxford e Coimbra. 
É bom não esquecer que o intelectual da Idade 
Mé dia nasceu com as cidades, como bem acentua o 
historiador Jacques Le Goff. A vida do estudante, entre-
tanto, não era nada fácil. Os livros, escritos à mão, eram 
poucos e caros. Raspavam o que tinham escrito no 
pergaminho para poder utilizá-lo novamente. Tinham 
de ter boa memória. O estudo era rigoroso e a disci-
plina, severa. Eram considerados bêbados, arruaceiros, 
vagabundos, de má conduta. Alguns, denominados 
goliardos, andavam de universidade em universidade, 
em busca do saber.
Testes
Assimilação
07.01. (UFRGS) – Em relação à Igreja Católica durante o 
período feudal, não se pode afirmar que
a) assumiu as críticas ao sistema de poder feudal, preocupa-
da com a situação de penúria da maior parte dos servos.
b) foi a principal instituição com a função de veicular a ideo-
logia das classes dominantes, no caso, os senhores feudais.
c) estava diretamente interessada na defesa das relações 
servis, na qualidade de grande proprietária de terras na 
Europa Ocidental.
d) apregoava ser a distinção entre senhores e servos absolu-
tamente normal dentro de uma sociedade cristã.
e) freou os movimentos contrários às classes dominantes e 
combateu as heresias através da Inquisição.
07.02. (FUVEST – SP) – Do Grande Cisma sofrido pelo cris-
tianismo no século XI, resultou:
a) o estabelecimento dos tribunais da Inquisição pela Igreja 
católica.
b) a Reforma protestante, que levou à quebra da unidade 
da Igreja católica na Europa Ocidental.
c) a heresia dos albigenses, condenada pelo papa Inocêncio II.
d) a divisão da Igreja em católica romana e ortodoxa grega.
e) a Querela das Investiduras, que proibia a investidura de 
clérigos por leigos.
07.03. Uma das características que podemos reconhecer no 
sistema feudal europeu 
a) é a organização da sociedade feudal em dois grupos bem 
definidos: os senhores e os escravos.
b) são os ideais de honra e fidelidade oriundos da sociedade 
islâmica.
c) é a obrigação anual de corveia e o pagamento da talha 
e banalidades como obrigações de servos aos senhores 
feudais.
d) é o dinamismo econômico, voltado para o comércio entre 
feudos vizinhos.
e) são as relações escravocratas de produção.
07.04. (UCS – RS) – A Idade Média, na Europa, foi carac-
terizada pelo aparecimento, apogeu e decadência de um 
sistema econômico, político e social denominado feudalis-
mo. Assinale a alternativa que apresenta de forma correta 
características do sistema feudal. 
a) As terras dividiam-se em reservas senhoris e mansos 
servis. A sociedade era estamental, sem mobilidade social. 
b) A política feudal não proporcionava autonomia aos feu-
dos, sendo, portanto, centralizada.
8 Semiextensivo
c) A cultura feudal foi antropocêntrica, ou seja, baseada na 
visão do homem como centro do Universo.
d) A principal forma de trabalho foi a escravidão, pois os 
trabalhadores rurais eram tratados como mercadorias.
e) O feudalismo apresentou características semelhantes 
em todo território europeu, sendo a Inglaterra o modelo 
mais exemplar.
07.05. (UNESP – SP) – Observemos apenas que o sis-
tema dos feudos, a feudalidade, não é, como se tem 
dito frequentemente, um fermento de destruição do 
poder. A feudalidade surge, ao contrário, para res-
ponder aos poderes vacantes. Forma a unidade de 
base de uma profunda reorganização dos sistemas de 
autoridade […].
GOFF, Jacques Le. Em busca da Idade Média, 2008.
Segundo o texto, o sistema de feudos 
a) representa a unificação nacional e assegura a imediata 
centralização do poder político.
b) deriva da falência dos grandes impérios da Antiguidade 
e oferece uma alternativa viável para a destruição dos 
poderes políticos.
c) impede a manifestação do poder real e elimina os res-
quícios autoritários herdados das monarquias antigas. 
d) constitui um novo quadro de alianças e jogos políticos e 
assegura a formação de Estados unificados.
e) ocupa o espaço aberto pela ausência de poderes cen-
tralizados e permite a construção de uma nova ordem 
política.
Aperfeiçoamento
07.06. (UNESP – SP) – Os homens da Idade Média 
estavam persuadidos de que a Terra era o centro do 
Universo e que Deus tinha criado apenas um homem 
e uma mulher, Adão e Eva, e seus descendentes. Não 
imaginavam que existissem outros espaços habitados. 
O que viam no céu, o movimento regular da maioria 
dos astros, era a imagem do que havia de mais próximo 
no plano divino de organização.
(Georges Duby. Ano 1000, ano 2000: na pista de nossos medos, 1998. Adaptado.)
O texto revela, em relação à Idade Média ocidental, 
a) o prevalecimento de uma mentalidade fortemente reli-
giosa, indicativa da força e da influência do cristianismo.
b) a consciência da própria gênese e origem, resultante das 
pesquisas históricas e científicas realizadas na Grécia Antiga.
c) o esforço de compreensão racionalista dos fenômenos 
naturais, base do pensamento humanista.
d) a construção de um pensamento mítico, provavelmente 
originário dos contatos com povos nativos da Ásia e do 
Norte da África.
e) a presença de esforços constantes de predição do futuro, 
provavelmente oriundos das crenças dos primeiros habi-
tantes do continente.
07.07. (PUCSP) – “O modo de produção feudal, tal como 
apareceu na Europa ocidental, deixava em geral aos 
camponeses apenas o espaço mínimo para aumenta-
rem o produto de que dispunham dentro das duras 
limitações do sistema senhorial.”
Perry Anderson. Passagens da antiguidade ao feudalismo. 
Porto: Afrontamento, 1980, p. 208. Adaptado.
O texto caracteriza o modo de produção feudal, destacando 
que 
a) havia classes distintas e opostas no feudalismo, embora 
a luta social fosse atenuada pelas amplas oportunidades 
de lucro que os senhores ofereciam aos camponeses.
b) as relações de suserania e vassalagem e o caráter rural do 
feudalismo eliminaram as cidades e provocaram o declínio 
do comércio e das atividades de serviço.
c) a possibilidade de melhoria da condição econômica dos 
camponeses era bastante restrita, devido ao conjunto de 
obrigações que estes deviam prestar aos senhores.
d) as longas jornadas de trabalho nas lavouras e a ampla gama 
de impostos impediam os camponeses de ascenderem 
socialmente e provocavam a ruína dos senhores de terras.
e) havia oportunidades de transformação social no feu-
dalismo, embora os camponeses raramente as apro-
veitassem, pois preferiam se dedicar prioritariamente 
ao trabalho.
07.08. (UNESP – SP) – (...) o elemento religioso não li-
mitou os seus efeitos ao fortalecimento, no mundo da 
cavalaria, do espírito de corpo; exerceu também uma 
ação poderosa sobre a lei moral do grupo. Antes de 
o futuro cavaleiro receber a sua espada, no altar, era-
-lhe exigido um juramento, que especificava as suas 
obrigações.
(Marc Bloch. A sociedade feudal, 1987.)
O texto mostra que os cavaleiros medievais, entre outros 
aspectos de sua formação e conduta, 
a) mantinham-se fiéis aos comerciantes das cidades, a quem 
deviam proteger e defender na vida cotidiana e em caso 
deguerra.
b) privilegiavam, na sua formação, os aspectos religiosos, 
em detrimento da preparação e dos exercícios militares. 
c) valorizavam os torneios, pois neles mostravam seus 
talentos e sua força, ganhando prestígio e poder no 
mundo medieval.
d) agiam apenas de forma individual, realizando constantes 
disputas e combates entre si.
e) definiam-se como uma ordem particular dentro da rígida 
estrutura feudal, mas mantinham vínculos profundos 
com a Igreja.
07.09. (UPF – RS) – Leia o fragmento a seguir, que trata da 
sociedade feudal.
“No cruzamento do material e do simbólico, o corpo 
fornece ao historiador da cultura medieval um lugar 
de observação privilegiado. Neste mundo em que os 
Aula 07
9História 4A
gestos litúrgicos e o ascetismo, a força física e o aspec-
to corporal, a comunicação oral e a lenta valorização 
do trabalho contavam tanto, era importante conferir 
valor, além do escrito, à palavra e aos gestos.” 
(LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval. Bauru: Edusc, 2005, p. 14)
Era característica da sociedade feudal: 
a) Tinha grande mobilidade social, apesar das rígidas tradi-
ções e dos vínculos jurídicos que determinavam a posição 
social de cada indivíduo.
b) A honra e a palavra empenhada tinham importância 
fundamental, sendo os senhores feudais ligados entre 
si por um complexo sistema de obrigações e tradições.
c) A maior parcela da população era constituída pelos vilões, 
que procuravam por outros senhores mais poderosos, 
jurando-lhes fidelidade e obediência.
d) Os suseranos deviam várias obrigações aos seus vassalos, 
por exemplo, o pagamento das banalidades e a prestação 
do serviço militar.
e) Os servos, como os escravos, não tinham direito à própria 
vida, vivendo presos à terra, sendo vendidos para mem-
bros do clero e senhores feudais.
07.10. (UP – PR) – Julgue as seguintes afirmações sobre as 
universidades medievais:
I. As universidades são filhas do renascimento intelectual 
do século XII e da nova curiosidade originada pelos 
contatos que o Ocidente estabeleceu com os mundos 
muçulmano e bizantino.
II. As universidades eram corporações de professores e alunos.
III. As universidades eram completamente independentes 
do poder eclesiástico.
IV. As universidades estavam divididas em quatro faculdades: 
Artes, Medicina, Direito e Teologia. 
Assinale a alternativa correta: 
a) Somente a II afirmativa é correta.
b) Somente a I afirmativa é correta.
c) Somente as afirmativas I e II são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
e) Todas as afirmativas são corretas.
07.11. (UNESP – SP) – Há mil anos, em partes da Europa, vi-
gorava o sistema feudal, cujas principais características foram:
a) sociedade hierarquizada, com predomínio de uma eco-
nomia agrária, que favoreceu intensa troca comercial nos 
burgos e cidades italianas.
b) fraca concentração urbana, com predomínio da economia 
agrária sob a organização do Estado monárquico, apoiado 
pelo clero e pela burguesia.
c) poder do Estado enfraquecido, ritmo de trocas comerciais 
pouco intenso, uso limitado da economia monetária, 
predominando uma sociedade agrária.
d) ampliação do poder do Estado, uma sociedade organizada 
em três camadas – clérigos, guerreiros e trabalhadores – e 
predomínio da economia rural.
e) intensificação da produção agrícola pelo uso da mão 
de obra de servos e escravos, poder descentralizado e 
submissão dos burgos ao domínio da Igreja.
07.12. (PUCSP) – “(...) a própria vocação do nobre 
lhe proibia qualquer atividade econômica direta. Ele 
pertencia de corpo e alma à sua função própria: a do 
guerreiro. (...) Um corpo ágil e musculoso não é o 
bastante para fazer o cavaleiro ideal. É preciso ainda 
acrescentar a coragem. E é também porque proporciona 
a esta virtude a ocasião de se manifestar que a guerra 
põe tanta alegria no coração dos homens, para os quais 
a audácia e o desprezo da morte são, de algum modo, 
valores profissionais.”
(Bloch, Marc. A sociedade feudal. Lisboa: Edições 70, 1987.)
O autor nos fala da condição social dos nobres medievais 
e dos valores culturais ligados às suas ações guerreiras. 
É possível dizer que a cultura guerreira desses cavaleiros 
representa, respectivamente, para a sociedade e para eles 
próprios:
a) a garantia de segurança, num contexto em que as classes 
e os Estados nacionais se encontram em conflito, e a 
perspectiva de conquistas de terras e riquezas.
b) o cumprimento das obrigações senhoriais ligadas à 
produção, e à proibição da transmissão hereditária das 
conquistas realizadas.
c) a permissão real para realização de atividades comerciais, 
e a eliminação do tédio de um cotidiano de cultura rudi-
mentar e alheio a assuntos administrativos.
d) o respeito às relações de vassalagem travadas entre 
senhores e servos, e a diversão sob a forma de torneios e 
jogos em épocas de paz.
e) a participação nas guerras santas e na defesa do catolicis-
mo, e a possibilidade de pilhagem de homens e coisas, 
de massacres e mutilações de inimigos.
Aprofundamento
07.13. (UFPR) – “O conhecimento histórico é sempre 
(...) uma consciência de si mesmo: ao estudar a histó-
ria de uma outra época, os homens não podem deixar 
de compará-la com seu próprio tempo (...). Mas, ao 
comparar a nossa época e a nossa civilização com as 
outras épocas e civilizações, corremos o risco de lhes 
aplicar a nossa própria medida(...)”. 
(GUREVICH, Aron. As categorias da cultura medieval. Lisboa: Editorial Caminho, p. 15). 
Aplicando o raciocínio exposto acima aos sentidos que a Idade 
Média adquiriu em diferentes tempos históricos, identifique 
como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas: 
( ) Atualmente, os historiadores entendem o medievo na 
sua multiplicidade, com suas especificidades regionais 
e temporais, ao mesmo tempo em que mostram a per-
manência e a relevância de determinadas instituições 
e invenções medievais, como a universidade, o livro, a 
imprensa e o banco. 
10 Semiextensivo
( ) No século XV, surge a noção negativa de Idade Média, 
considerada uma era intermediária e homogênea de 
trevas e ignorância, separando a antiguidade greco-
-romana e o Renascimento, que se via como herdeiro 
do período “clássico” – noção que ainda perdura entre 
muitas pessoas. 
( ) Nos séculos XX e XXI, obras como O Senhor dos Anéis, 
As crônicas de Nárnia e Game of Thrones evocam ele-
mentos medievais imaginativos, tais como a floresta 
como lugar do mágico, cavaleiros, espadas, dragões, 
religiosidade, dando continuidade a recriações da Ida-
de Média em curso desde o século XIX. 
( ) Na recente historiografia, por conta das apropriações 
midiáticas da Idade Média, procura-se estabelecer as 
diferenças e as distâncias entre a Idade Média e a His-
tória do Brasil, mostrando que o medievo não possui 
relação com a formação de nosso país, por ter sido um 
fenômeno europeu. 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de 
cima para baixo.
a) F – F – V – V.
c) F – V – V – F.
e) V – F – F – V.
b) V – V – F – V. 
d) V – V – V – F.
07.14. (UFCSPA – RS) – Em relação ao feudalismo e ao pe-
ríodo medieval, analisar os itens abaixo: 
I. O modo de produção feudal, próprio do Ocidente eu-
ropeu, tinha por base a economia agrária, comercial e 
monetária. 
II. No feudalismo, a posse da terra era o critério de dife-
renciação dos grupos sociais, rigidamente definidos: de 
um lado, os senhores, cuja riqueza provinha da posse da 
terra e do trabalho servil; de outro, os servos que estavam 
vinculados à terra, mas não tinham a sua posse. 
III. A propriedade feudal, ou senhorial, pertencia a uma 
camada privilegiada, composta pelos senhores feudais. 
A principal unidade econômica de produção era o feudo.
IV. Devido ao caráter monetário do sistema feudal, o servo 
se sentia estimulado a aumentar a produção, pois isso 
significava aumento do seu lucro e do senhor feudal. 
Está(ão) correto(s): 
a) Somente o item II.
b) Somente o item IV.
c) Somente os itens II e III.
d) Somenteos itens I e IV.
e) Somente os itens I, II e III.
07.15. (UFJF – MG) – Sobre o contexto de consolidação do 
poder da Igreja na Idade Média, leia as afirmativas abaixo e, 
em seguida, marque a opção correta.
I. O cristianismo e todas as suas instituições podem ser 
considerados elementos unificadores do mundo europeu 
após a crise do Império Romano e as invasões bárbaras. 
Nessa longa trajetória, a Igreja de Roma assume o seu pa-
pel de liderança religiosa, através do combate às heresias.
II. Desde os primeiros tempos do período medieval, a união 
entre as Igrejas Ocidental e Bizantina representava o sím-
bolo da unidade da cristandade. Os papas procuravam 
favorecer o Império Bizantino e consolidar a Igreja Orto-
doxa, visando a aumentar a influência da Igreja romana 
no universo cristão ocidental.
III. Havia grupos considerados heréticos, como os valdenses 
e os cátaros, que criticavam a hierarquia católica e não 
reconheciam a autoridade papal. Havia também outros 
movimentos que foram incorporados pela Igreja Católica 
e que levaram à formação de ordens religiosas, como 
franciscanos e dominicanos.
a) Todas estão corretas.
b) Todas estão incorretas.
c) Apenas a I e a II estão corretas.
d) Apenas a I e a III estão corretas.
e) Apenas a II e a III estão corretas.
07.16. (UEPG – PR) – A respeito de uma das principais ca-
racterísticas socioeconômicas da Europa feudal, a servidão 
medieval, assinale o que for correto.
01) A sociedade medieval era organizada em estamentos, 
ficando os camponeses na condição de servos nas terras 
dos seus senhores.
02) Os servos trabalhavam nos mansos senhoriais (nos quais 
a produção era destinada exclusivamente aos senhores) 
e nos mansos servis (nos quais a produção era dividida 
entre senhores e servos).
04) A corveia e as banalidades eram alguns dos impostos 
pagos pelos servos aos senhores em troca do direito de 
uso das terras senhoriais.
08) O desenvolvimento da agricultura no mundo medieval 
fez com que a servidão se tornasse frequente. Os servos 
se vinculavam à terra pelo trabalho, não tendo direito ao 
recebimento de salário.
07.17. (UEPG – PR) – O mundo medieval, predominante-
mente arraigado ao universo rural e à produção agrícola, 
conheceu um peculiar sistema de posse da terra e de relações 
sociais estabelecidas a partir de tal sistema. A respeito dessa 
questão, assinale o que for correto. 
01) O clero católico não fazia parte deste sistema. Por deter-
minação da Igreja, os padres, bispos e cardeais católicos 
não deveriam se envolver com questões materiais, 
preocupando-se apenas com as questões espirituais.
02) A posição social de um indivíduo no universo feudal não 
era adquirida ao nascer. Um camponês, por exemplo, 
poderia ascender socialmente e tornar-se um nobre, 
caso obtivesse uma alta produção nas terras confiadas 
a ele por um senhor feudal.
04) Cada feudo possuía um único senhor. Nessa unidade 
era permitida a formação de uma única aldeia e as ter-
ras eram cultivadas coletivamente, com o resultado da 
produção sendo dividido de forma parcimoniosa entre 
os camponeses e o senhor feudal.
Aula 07
11História 4A
08) Na prática, funcionava um sistema de escalas em que o 
rei concedia a terra para senhores feudais, os quais a dis-
tribuíam para outros senhores (menos poderosos) e para 
camponeses despossuídos. Por sua vez, quem recebia a 
terra, ou o direito de nela trabalhar, jurava fidelidade a 
seu senhor.
16) Os camponeses (ou servos), apesar de não receberem 
a posse da terra, estavam presos a ela e submetidos ao 
poder do senhor feudal. Isso configura o princípio de 
uma sociedade estamental, típica do mundo medieval. 
07.18. (UFPR) –
“No coração da obra, esta ideia: Deus é luz.
Desta luz inicial, incriada e criadora, participa cada 
criatura.
Cada criatura recebe e transmite a iluminação divina 
segundo a sua capacidade, isto é, segundo o lugar que 
ocupa na escala dos seres, segundo o nível em que o pen-
samento de Deus hierarquicamente o situou.”
DUBY, Georges. O tempo das catedrais. Lisboa: Estampa, 1979. p. 105.
A citação resume o princípio norteador do estilo gótico, que 
predominou na arquitetura e na escultura religiosa da Euro-
pa Ocidental no século XIII. Sobre esse estilo e seus ideais, 
assinale a alternativa correta:
a) A necessidade de luminosidade levou ao desenvolvimen-
to de técnicas cada vez mais apuradas de sustentação de 
grandes candelabros nas altas abóbadas, a fim de garantir, 
com velas de cera, a luz no interior da construção, visto 
que a luz natural é escassa na maior parte do ano nas 
regiões setentrionais da Europa.
b) Na Idade Média, todos os pensadores que discordavam do 
pensamento oficial da Igreja tinham que buscar espaços 
alternativos para a manifestação de suas ideias. As cate-
drais góticas, construídos nas cidades, são um exemplo 
desse tipo de espaço.
c) A luminosidade das catedrais góticas representa uma 
tentativa dos arquitetos da época de identificar os 
espaços sagrados com o entusiasmo predominante 
no século XIII, decorrente das boas condições de vida 
que se instauravam com a conjuntura de crescimento 
urbano, mercantil e agrícola que predominava naquele 
contexto. Com isso, a Igreja mantinha atualizados seu 
discurso e presença como convinha ao otimismo da 
época.
d) Como as catedrais eram construídas por mestres pe-
dreiros, ferreiros, vitraleiros e carpinteiros, entre outros, 
a arquitetura das altas igrejas e a aparência de poder e 
verticalidade das construções decorriam das aspirações 
desses membros das corporações de ofícios de conquis-
tarem o poder dentro das cidades.
e) Os vitrais representavam cenas ocorridas durante a cons-
trução das catedrais, que demoravam décadas até estarem 
concluídas, e apresentavam sobretudo cenas do trabalho 
dos mestres e trabalhadores manuais.
Discursivos
07.19. (UNICAMP – SP) – No início do século XIV, o inquisidor Bernardo Guy escreveu um Manual do Inquisidor, no 
qual descrevia como se ingressava na seita herética que ficou conhecida pelo nome de pseudoapóstolos: “Perante 
algum altar, na presença de membros da seita, o candidato se despe de suas roupas, como sinal de renúncia a 
tudo que possui, para seguir com perfeição a pobreza evangélica. Também se exige que ele prometa não obedecer 
a nenhum mortal, mas só a Deus, como se fosse um apóstolo sujeito apenas a Cristo e a ninguém mais.”
(Adaptado de Nachman Falbel, Heresias medievais. São Paulo: Perspectiva, 1977, p. 66.)
a) Por quais razões essa heresia era uma ameaça para a Igreja do período?
12 Semiextensivo
Gabarito
07.01. a
07.02. d
07.03. c
07.04. a
07.05. e
07.06. a
07.07. c
07.08. e
07.09. b
07.10. d
07.11. c
07.12. e
07.13. d
07.14. c
07.15. d
07.16. 15 (01, 02, 04, 08)
07.17. 24 (08, 16)
07.18. c
b) Caracterize a relação entre o poder religioso e o poder temporal na Baixa Idade Média.
07.20. (UNESP – SP) – Desde o final do Império Romano até o início da Idade Moderna, pode-se dizer que o continente 
europeu viveu sob o feudalismo ou regime feudal. 
a) Qual era a base de exploração de mão de obra durante o regime feudal?
b) Do ponto de vista econômico e político, como se caracterizava o feudalismo?
 
07.19. a) Porque colocava o indivíduo em 
contato direto com Deus e, portanto, 
desprezava a importância da Igreja Ca-
tólica. Segundo a instituição religiosa, 
a Igreja era a formada pelos represen-
tantes de Deus na terra e a única que 
poderia guiar e salvar os homens.
b) A Baixa Idade Média é um período ca-
racterizado por transformações, época 
das cruzadas e do renascimento co-
mercial e urbano. Para a maioria dos 
autores, esse período coincide com a 
formação das monarquias nacionais, 
quando o poder real tendeu a se for-
talecer, o que implicou em perda do 
espaço por parte da Igreja Católica. Ao 
mesmo tempo, as relações entre reis 
e papas se redefiniram, pois a Igreja 
e a religião foram importantes instru-
mentos dos governantes para reforçar 
seu poder e isso pode ser entendido 
como um equilíbrioentre os poderes 
temporal e religioso.
07.20. a) A servidão, pela qual o camponês 
preso à terra pagava obrigações a seu 
senhor em troca de proteção. 
b) A economia feudal era agrária e 
autossuficiente (base agrícola e de 
subsistência) e amonetária, sendo o 
comércio local realizado com base 
em trocas naturais. Politicamente, o 
feudalismo caracterizava-se pela des-
centralização do poder (localismo) na 
medida em que os senhores feudais 
eram autônomos em seus domínios, 
inexistindo a autoridade do rei.
História
13História 4A
Civilização árabe e cruzadas
4AAula 08
A Arábia é uma terra árida da região do Oriente 
Médio cercada por monta nhas que margeiam o oceano 
Índico e o mar Vermelho. A parte central e norte é mar-
cada por uma imensidão de areia e por alguns oásis. Na 
região ocidental, aglo meravam-se os principais centros 
urbanos. 
Ta
lit
a 
K
at
h
y 
B
o
ra
Península Arábica
Os árabes são de origem semita e acreditam descen-
der de Ismael, filho de Abraão. 
Os que viviam no litoral eram sedentários, dedi-
cando-se ao comércio e à agricultura; já os beduínos 
do deserto eram nômades, organizavam-se em tribos 
governadas por um sheik. Em termos religiosos, eram 
politeístas e idólatras. 
Nas proximidades do litoral, as condições materiais 
eram melhores. As cidades de Aden, Yathrib e Meca se 
destaca vam. 
Meca, além de centro comercial, era também um 
tradicional centro de peregrinação religiosa. Com a fina-
lidade de cultuarem seus deuses e ídolos, os beduínos 
peregrinavam até a cidade de Meca, onde depositavam 
suas imagens em um santuário denominado Caaba 
(a casa de Deus), que guardava cerca de 360 imagens 
de diferentes divindades e um objeto especial de 
veneração: a Pedra Negra. Em Meca, o comércio era 
controlado pela tribo dos coraixitas, que também eram 
os guardiões do templo. Estavam, portanto, interessa-
dos na preservação da religião tradicional, que atraía os 
beduínos em cons tantes peregrinações.
O profeta Maomé e o 
islamismo
Maomé nasceu num clã pobre da poderosa tribo 
dos coraixitas, guardiões da Caaba, por volta de 570. 
Órfão, trabalhou como pastor e condutor de camelos. 
Aos 25 anos, casou-se com uma viúva abastada, cujo 
nome era Cadidja. Nesse período, encontrou-se com 
judeus e cristãos, sendo influenciado por eles. Maomé 
passou a afirmar que tinha visões que chegavam do 
céu. As tradições e crenças do Islã afirmam que Maomé 
era o profeta do Deus único (Alá), que o incumbiu de 
uma missão: unificar o povo árabe em torno do mo-
noteísmo.
Em Meca, suas pregações não foram bem-sucedi-
das. Perseguido em Meca, resolveu, juntamente com 
seus adeptos, abandonar a cidade sagrada indo para 
Yathrib (que passou a se chamar Medina – Cidade 
do Profeta, em árabe). Esse episódio da fuga do pro-
feta ficou conhecido pelos maometanos como Hégira 
(saída, emigração). Eles consideram o ano de sua 
realização como início de sua era (622), o marco zero 
do calendário muçulmano. 
©
W
ik
im
ed
ia
 C
o
m
m
o
n
s/
Jo
h
an
n
 B
er
n
h
ar
d
 F
is
ch
er
 v
o
n
 E
rl
ac
h
 Representação do santuário de Meca tendo ao centro a Caaba
14 Semiextensivo
Fortalecido, Maomé se retirou de Medina, onde 
adquiriu inúmeros seguidores do islamismo, e voltou 
à cidade sagrada de Meca. Finalmente, no ano de 
630, após diversos confrontos com os politeístas e 
mequenses, Maomé fez um acordo com o patriarca 
da cidade e, afirmando que só Alá é Deus e Maomé é 
seu profeta, conseguiu impor sua doutrina. Ao falecer, 
Após a morte de Maomé em 632, sua liderança foi 
substituída pelo comando político dos califas. O primeiro 
soberano a assumir o controle do califado – Abu-Béquer – 
iniciou o projeto de expansionismo territorial, atingindo 
a Síria e a Pérsia em 634. Seu sucessor imediato – Omar – 
deu prosseguimento às conquistas territoriais, conquis-
tando a Palestina e o Egito. E, finalmente, as dinastias dos 
Omíadas (661-750) e dos Abássidas (750-1258) amplia-
ram e consolidaram definitivamente o Império Islâmico.
O projeto expansionista empreendido pelo Estado 
Árabe fora motivado pela conjugação dos seguintes 
fatores: a conquista de terras férteis no Ocidente, 
a possibilidade de acúmulo de riquezas através do 
saque (butim) dos povos derrotados e o domínio 
comercial no Mediterrâneo. Todos esses fatores de 
natureza econômica eram fundamentados e justificados 
ideologicamente através do preceito da Jihad – enten-
dido como o esforço na expansão da doutrina islâmica e 
a conversão dos infiéis.
“O Jihad maior é aquele que o homem trava 
com si mesmo para evitar as coisas ilícitas, para 
não incorrer em pecado. Já o Jihad menor pode 
assumir várias formas, dentre elas: a de divulgar 
a palavra de Allah, a busca do conhecimento e 
eventualmente pode vir a tomar a forma de uma 
guerra.”
ISBELLE, Munzer Armed. Descobrindo o Islã. Rio de Janeiro: Azaan, 
2002, p. 30
Sendo assim, os árabes foram convocados às guerras 
de conquista e se entregavam a elas impulsionados por 
sua fé. Aqueles que morressem lutando pela propaga-
ção do islamismo seriam recompensados por Alá com a 
salvação e o paraíso. Os guerreiros árabes eram temidos 
por sua força e organização militar. Com a consolidação 
do domínio muçulmano no Ocidente, o comércio árabe 
ultrapassou fronteiras, garantindo um grande desenvol-
vimento. 
dois anos depois, deixou a Arábia unificada política e 
reli giosamente. 
Suas pregações em torno do Islã foram seguidas pela 
destruição das imagens dos ídolos que fundamentavam 
o culto politeísta. Contudo, Maomé preservou a Caaba e 
proclamou a cidade de Meca como centro sagrado dos 
muçulmanos (os seguidores do islamismo).
Expansionismo islâmico
Lu
ci
an
o
 D
an
ie
l T
u
lio
Aula 08
15História 4A
Com o desenvolvimento das relações comerciais 
estabelecidas entre povos árabes e europeus, invenções 
chinesas como a bússola, a pólvora e o papel foram, gra-
dativamente, chegando à Europa Ocidental, contribuin-
do inclusive para a ocorrência das grandes navegações 
oceânicas no século XV.
Vale ressaltar que a presença árabe no Ocidente 
resultou no controle sobre as rotas de navegação no 
Mediterrâneo pelos comerciantes árabes. Podemos 
concluir, portanto, que o domínio árabe na região do 
Mediterrâneo contribuiu para “bloquear” a passagem 
dos europeus sobre a região e, consequentemente, 
acentuar o processo de ruralização da economia 
feudal que atingia o Ocidente durante a Alta Idade 
Média.
O expansionismo árabe na Eu ropa foi contido em 
732, quando o chefe franco Carlos Martel venceu a 
Batalha de Poitiers. 
Religiosidade
O Alcorão (Al Qur’an – leitura, ato de ler) é o livro 
sagrado dos muçulmanos, que acreditam que nesse 
livro está a palavra de Deus revelada ao profeta Maomé.
©
W
ik
im
ed
ia
 C
o
m
m
o
n
s/
Th
e 
Sc
h
o
ye
n
 C
o
lle
ct
io
n
São princípios do islamismo: fé em Allah (Deus), nos 
anjos, no Alcorão, nos profetas, na ressurrei ção, no 
juízo final e na predestinação. 
É interessante observar que os muçulmanos acreditam 
que Abraão, Ismael, Isaac, Jacó, Moisés e Jesus são profetas 
enviados por Deus. Os princípios religiosos são: o testemu-
nho, a oração, a caridade, o jejum e a peregrinação. 
O jejum é realizado durante o mês do Ramadã (9º. 
mês do calendário islâmico), cujo início é marcado pelo 
aparecimento da Lua em seu quarto crescente, ou seja, 
um dia após a Lua Nova.
O Alcorão proíbe o consumo de bebidas fermenta-
das, de carne de porco e de jogos de azar. A sexta-feira é 
um dia sagrado. A poligamia é permitida. 
Sunitas e xiitas 
O Islã é formado por dois grupos básicos: os sunitas 
e os xiitas. 
A Sunna (costume) contém uma série de Hadith, ou 
seja, narrativas curtas que contam as ações, falas, apro-
vações e reprovações de Maomé e seus companheiros. 
Os sunitas, que são a maioria no mundo islâmico, 
acreditam que a liderança após a morte do profeta 
ficava a critério das grandes tribos. 
Os xiitas (do árabexia – partido) são os seguidores 
de Ali, primo e genro de Maomé, que sustentam só 
serem autênticas as tradições do Profeta se transmi tidas 
por intermédio de membros de sua família.
O sufismo diz respeito à vida espiritual. Os sufis – su-
nitas ou xiitas – procuram aproximar-se de Deus através 
de uma disciplina de purificação espiritual. 
A religião islâmica expandiu-se de forma extraordi nária. 
Índia, Ásia Oriental, Extremo-Oriente, Norte da África 
e África Negra foram regiões onde o número de muçul-
manos aumentou extraordinariamente. Mui tos escravos 
negros que vieram para o Brasil eram islamizados. 
Conhecidos como “malês” rebelaram-se várias vezes.
Cultura 
Os árabes eram extremamente tolerantes com 
outros povos. Na Península Ibérica, nas regiões domi-
nadas pelos muçulmanos, judeus e cristãos gozavam de 
ampla liberdade. 
Textos gregos (de Aristóteles, por exemplo), per sas 
e chineses foram traduzidos para o árabe. As principais 
cidades possuíam enormes bibliotecas em Bagdá e Da-
masco; no século XI, existiam dois ótimos observatórios 
astronômicos.
Médicos árabes fizeram descrições clínicas preci sas. 
Os hospitais proliferavam nas grandes cidades; em Bag-
dá, no século X, eram cinco. Rhazes, Ibn Sina (Avicena) e 
Abul-Casim foram médicos célebres. Avicena e Averróis 
foram filósofos brilhantes. Por meio deles, o Ocidente 
tomou conhecimento de obras de Platão e Aristóteles 
que havia muito tempo estavam desaparecidas.
A arquitetura árabe foi muito influenciada pelos 
persas e bizantinos. As principais construções foram 
palácios e mesquitas. Os elementos mais destaca dos: 
colunas, arcos em ferraduras, mosaicos e arabescos (de-
corações com motivos geométricos e vegetais), já que 
a decoração figurada, com temática de representação 
humana ou animal, tinha um cará ter restrito e privado 
na arte islâmica. Em resumo, os muçulmanos extraíram 
dos povos conquistados o que existia de melhor, fazen-
do dessa forma a ligação entre o Oriente e o Ocidente.
16 Semiextensivo
 Mesquita de Abu Abbas – Al Mursi em Alexandria, Egito
©
Sh
u
tt
er
st
o
ck
/C
er
te
Nas Ciências, os árabes vale ram-se da tradução 
de textos hin dus e gregos, além da criatividade e das 
experiências dos próprios árabes. Na Alquimia, por 
exemplo, procuraram o Elixir da Longa Vida e a Pedra 
Filosofal (capaz de transmutar metais em ouro). De 
suas experiências e pesquisas, resultaram importantes 
descober tas, como salitre, ácido sulfúrico, ácido nítrico, 
álcool, nitrato de prata, potassa, etc. Na Geografia, 
notadamente na Astronomia e na Cartografia, os árabes 
também se destacaram. A obra de Ptolomeu foi tradu-
zida, recebendo o nome de Almagesto. Na Matemática, 
difundiram o zero e os algarismos arábicos (invenções 
atribuídas aos hin dus). Deixaram grandes contribuições 
à Geometria, à Álgebra, à Trigonometria e à Aritmética. 
Na literatura, além do Alcorão, devemos destacar As Mil 
e Uma Noites e a poesia de Omar Khayyan, autor de 
Rubaiyat.
Cruzadas medievais
As Cruzadas são tradicionalmente definidas como 
expedições organiza das por cristãos do Ocidente – in-
centivados pelo Papa – para libertar a Terra Santa, que 
estava em poder dos turcos. 
O movimento das Cruzadas foi uma espécie de 
extensão das lutas que estavam sendo travadas contra 
os muçulmanos (Guerra de Reconquista) na Espanha e 
na Sicília. 
As Cruzadas também podem ser consideradas uma 
contraofensiva da cristandade diante dos sucessivos 
avanços dos muçulmanos. É possível, portanto, afirmar 
que as Cruzadas foram também um movimento de 
expansão geral, que ocorreu na Europa durante a Idade 
Média. Enfim, as Cruzadas devem ser entendidas como 
expedições organizadas pelos cristãos entre os séculos 
XI e XIII com o objetivo de combater o expansionismo 
islâmico, libertar a Terra Santa (Jerusalém) do domínio 
muçulmano e propagar o cristianismo.
Durante praticamente 200 anos de luta contra as po-
pulações não cristãs (1096-1270), milhares de cavaleiros, 
a serviço da Igreja, engajaram-se nas longas expedições 
que partiam de diferentes regiões da Europa em direção 
ao Oriente Médio.
Diversos fatores conjugados contribuíram para o 
engajamento de milhares de cristãos ao movimento das 
Cruzadas. 
A partir do século X, ocorreu um grande aumento 
populacional no Oci dente. O excedente populacional 
estava disposto a arrebatar dos infiéis as terras férteis do 
Oriente. Acrescente-se ainda que a sucessão baseava-se 
no direito da primogenitura, que garan tia aos filhos 
primogênitos vantagens especiais de herança, por isso 
muitos nobres viram nas Cruzadas um meio de obter 
feudos no Oriente. 
O papa Urbano II, o pregador da Primeira Cruzada, 
desejava restabelecer a unidade do cristia nismo, rompida 
com o Cisma do Oriente (1054). Acreditava que, libertando 
a Palestina e a Síria, debilitando os muçulmanos, favore-
cendo os bi zantinos, estaria dando um passo gigantesco 
no sentido de reconci liar o Oriente com o Ocidente. 
A religiosidade do homem medie val foi, o fator 
fundamental das Cruzadas. Vivia-se numa época em 
que as peregrinações aos santu ários provocavam o 
deslocamento de multidões. Jerusalém era considera da 
“o umbigo do mundo” e visitá-la era o sonho de todo 
peregrino. Vale acrescentar que, enquanto os árabes 
dominavam a região, os cristãos podiam visitar os luga-
res sagrados sem serem molestados. A ocupação turca 
reverteu a situação. Os cristãos passaram a ser ultrajados 
e repri midos pelos turcos seldjúcidas e seu fanatismo 
religioso. 
Além disso, o espírito aventureiro do homem me-
dieval, a intenção das ricas ci dades italianas (Gênova e 
Veneza, especialmente) de dominarem o Mediterrâneo 
Oriental e o desejo de salvação da alma foram fatores 
importantes que também contribuíram para as Cruzadas.
“Deus o quer”
No Concílio de Clermont, o papa Urbano II 
lan çou um apelo aos cristãos. Sob o lema “Deus o 
quer”, tentou fazer com que os nobres cavaleiros 
deixassem de lado as rivalidades e se unissem para 
libertar o Santo Sepulcro, com a seguinte prega-
ção: Deixai os que outrora estavam acostumados 
a se baterem impiedosamente contra os fiéis, em 
guerras particulares, lutarem contra os infiéis...
Aula 08
17História 4A
Deixai os que até aqui foram ladrões tornarem-
-se soldados. Deixai aqueles que outrora se bate-
ram contra seus irmãos e parentes lutarem agora 
contra os bárbaros como devem. Deixai os que 
outrora foram mercenários, a baixo soldo, rece-
berem agora a recompensa eterna. Uma vez que 
a terra que vós habitais (...) é dema siadamente 
pequena para a vossa grande população (...). 
Tomai o caminho do Santo Sepulcro, arrebatai 
aquela terra à raça perversa e submetei-a a vós 
mesmos. 
Papa Urbano II, 27 nov. 1095.
 Peregrinos cristãos atendendo à convocação do papa, em mar-
cha nos arredores de Jerusalém
G
lo
w
 Im
ag
es
/A
la
m
y/
N
at
io
n
al
 G
eo
g
ra
p
h
ic
 C
re
at
iv
e
Cruzada popular 
O monge Pedro, o Eremita, graças às suas pre gações 
comoventes, conseguiu reunir uma multidão. Auxiliados 
por um cavaleiro, Gautier Sans Avoir, os pe regrinos 
atravessaram a Alemanha, Hungria, Bulgária, chegando 
em péssimas condições à Constantinopla. O imperador 
bizantino Aleixo Commeno, desejando afas tar esse 
“bando turbulento” de sua capital, procurou incentivá-los 
a atacar os infiéis. Foi um desastre, pois a Cruzada dos 
Mendigos foi arrasada. 
As oito Cruzadas 
(segundo a tradição) 
A Primeira Cruzada foi conhecida como a Cruzada 
dos Senhores, pois contou com a liderança de nobres 
cavaleiros como o duque Godofredo de Bulhões. No 
ano de 1099, após longo cerco, os cruzados tomaram a 
cidade de Jerusalém. A repressão foi violenta. Segundo 
o arcebispo Guilherme de Tiro, a cidade oferecia tal es-
petáculo, tal carnificina de ini migos, tal derramamento 
de sangue que os próprios vencedores ficaram impres-
sionados de horror e descontentamento.
 Batalha durante a Primeira Cruzada (1096-1099)
©
Sh
u
tt
er
sto
ck
/A
IS
A
 -
 E
ve
re
tt
Após a vitória, era preciso organizar a conquista. Sur-
giram quatro unidades políticas: o Reino de Jeru salém 
(Godofredo de Bulhões – “Defensor do Santo Sepulcro”), 
o Condado de Edessa, o Condado de Trípoli e o Princi-
pado de Antioquia. 
A perda do Condado de Edessa provocou a organi-
zação da Segunda Cruzada (1147-1149). Pregada por 
São Bernardo, essa cruzada foi liderada por Con rado 
III, da Alemanha, e por Luís VII, da França. Os cruzados 
foram derrotados e fracassaram ao tentarem ocupar 
Damasco e Ascalon. 
A Terceira Cruzada (1189-1192) foi denominada 
a Cruzada dos Reis. Dela participaram: Filipe Augusto 
(França), Frederico Barbaruiva (Sacro Império) e Ricardo 
Coração de Leão (Inglaterra). Frederico, apesar de ter 
vencido os muçulmanos, morreu afogado. Ricardo e Filipe 
tomaram São João D’Acre. Ricardo recebeu terras entre 
Tiro e Jaffa e assinou um armistício com o sultão Saladino. 
A Quarta Cruzada (1202-1204) foi prepara da pelo 
papa Inocêncio III, porém deturpada pela influência de 
Veneza, que exigia uma soma enorme para transportar 
os cruzados. Foi feito um acordo: os cruzados ajudariam 
os venezianos na tomada de Zara, no Adriático, rival co-
mercial daquela cidade italiana. Após a tomada de Zara, 
resolveram, ainda instigados pelos venezianos, tomar 
Constantino pla, que foi completamente saqueada. Fun-
dou-se o Império Latino de Constantinopla, que durou 
meio século. Com a ajuda de Gênova, foi restaurado o 
Império Bizantino.
Entre a Quarta e a Quinta Cru zada, houve a chamada 
Cruzada das Crianças. Foi um desastre, pois a maioria 
das crianças mor reu de fome ou de frio. As que sobrevi-
veram foram escravizadas pelos turcos. 
A Quinta Cruzada (1217-1221), também pregada 
por Ino cêncio III, partiu em 1217 e foi lide rada por André 
II, rei da Hungria, e Leopoldo VI, duque da Áustria. Os 
resultados foram nulos. 
18 Semiextensivo
A Sexta Cruzada (1228-1229) foi liderada pelo imperador Frederi co II, 
que tinha sido excomungado pelo Papa. Aproveitando-se das discórdias 
entre os muçulmanos, Frederico II conseguiu, por intermé dio de diplomacia, 
que os turcos lhe entregassem Jerusalém, Belém e Nazaré. Mais tarde, essas 
regiões caíram novamente sob o domínio dos turcos. 
A Sétima Cruzada (1248-1250) e a Oitava Cruzada (1270) foram lideradas 
pelo rei da França, Luís IX (São Luís). Na sua primeira Cruzada, São Luís foi der-
rotado, caiu prisioneiro e os cristãos tive ram de pagar um pesado resgate pela 
sua libertação. Na sua segun da tentativa, São Luís atacou Túnis, mas acabou 
morrendo devido a uma forte disenteria.
Diversas razões contribuíram para o fracasso das Cruzadas, entre elas: os eu-
ropeus eram minoria, em meio a uma população geralmente hostil; a opressão 
à população nativa fez com que o domínio fosse cada vez mais difícil; as diversas 
lutas entre os próprios cristãos contribuíram para enfra quecê-los enormemente.
As ordens militares 
No Oriente Latino, com o triunfo da Primeira Cruzada, foram criadas 
ordens religiosas. Os Cavaleiros de São João (Hospitalários) nasceram como 
instituição de caridade e se transformaram numa ordem mili tar para defesa 
dos peregrinos que visitavam a Terra Santa. Já os Cavaleiros do Templo 
(Templários) originaram-se por volta de 1115, dedicados à proteção dos 
peregrinos, dando apoio àqueles que se dirigiam ao Oriente.
Com a consolidação das monarquias e a diminuição do poder papal, as 
ordens militares foram pouco a pouco perdendo sua utilidade, sendo obriga-
das a se dedicar a atividades beneficentes e missionárias.
“Ao contrário dos Hospitalários, a quem influenciaram, os Templá-
rios empenharam-se primordialmente em campanhas militares contra os 
muçulmanos. Muitíssimo populares e enriquecidos por doações durante 
as Cruzadas, tornaram-se poderosos na Europa e no Oriente, dedicando-
-se a atividades bancárias. A queda de Acre (1291) e sua transferência 
para Chipre deixou-os sem objetivo definido e, como banqueiros, impo-
pulares. Resistiram às tentativas de fusão com seus rivais Hospitalários e 
conflitos com Filipe IV da França levaram o Monarca, de acordo com o 
papa Clemente V, a planejar a extinção da ordem. Acusações de heresia 
provocaram sua supressão (Concílio de Vienne, 1312). O grão-mestre 
Jacques de Molay e outros foram executados e os bens da ordem confis-
cados, passando para os Hospitalários e príncipes seculares. A ordem foi 
restabelecida em Portugal como Ordem de Cristo.”
LOYN, H. R. Dicionário da Idade Média. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Editor, 1998, p. 85
Testes
Assimilação
08.01. (FMJ –SP) – No mês de novembro (de 1095), o Papa 
reuniu todos os bispos da Gália e da Espanha e realizou um 
grande concílio em Clermont.
Em seguida, fez uma comovente descrição da de-
solação da Cristandade no Oriente e expôs os sofri-
mentos e a opressão atrozes que os sarracenos infli-
Consequências 
As Cruzadas contribuíram para 
dinamizar as relações comerciais 
entre o Oriente e o Ocidente, pondo 
fim ao bloqueio do Mar Mediter-
râneo, até então dominado pelos 
muçulmanos. A burguesia foi a 
classe social que mais se bene ficiou 
pois os negociantes enriqueceram 
à custa dos nobres e cavaleiros. 
As cidades se desenvolveram. O 
mercado expandiu-se, bem como 
a economia monetária. Difundiu-se 
o espírito de lucro e o racionalismo 
econômico.
O contato com as requintadas 
civilizações bizantina e muçul-
mana despertou um refinamento 
no modo de vida europeu. Uma 
grande quantidade de produtos 
orientais foi introduzida no 
Ocidente. Entre os produtos, po-
demos destacar canela, pimenta, 
cravo, açúcar, arroz, algodão, 
café e perfumes. Os europeus 
adotaram também técnicas de 
cultivo, de produção de ferro, de 
fabricação de tecidos, bem como 
importantes práticas financeiras 
e comerciais, tais como a letra de 
câmbio e o cheque.
As Cruzadas comprometeram 
o prestígio da Igreja Católica e do 
papado, bem como o da própria 
nobreza. Um resultado indireto, 
extrema mente negativo, foi o 
aumento do antissemitismo na 
Europa. Em muitas cidades os ju-
deus, por não serem cristãos, foram 
massacrados.
giam aos cristãos. Na sua piedosa alocução, o orador, 
comovido até às lágrimas, falou igualmente, com in-
sistência, sobre a maneira como eram espezinhados 
Jerusalém e os Lugares Santos. Nasceu, nos ricos e 
nos pobres, nas mulheres, nos monges e nos clérigos, 
nos citadinos e nos camponeses, uma prodigiosa von-
tade de ir a Jerusalém ou de ajudar os que aí fossem.
(Orderic Vital [1075-1143] apud Gustavo de Freitas. 900 textos e documentos de 
História, 1975. Adaptado.)
Aula 08
19História 4A
No documento,
a) a Igreja Católica reafirma o dogma da infalibilidade papal.
b) o Papa convoca os cristãos para a Cruzada.
c) o clero propõe a reforma interior do fiel por meio da 
penitência.
d) os teólogos proíbem o comércio dos cristãos com os 
muçulmanos.
e) o papado condena as guerras religiosas.
08.02. (UEPB) – Considerando o fenômeno das Cruzadas, 
podemos afirmar:
a) Condenavam a prática da indulgência pela Igreja Católica.
b) Fortaleceram a descentralização política dos reis, conso-
lidando o sistema feudal.
c) Inibiram o desenvolvimento comercial devido à prática 
constante de escambos e saques.
d) Tiveram motivação exclusivamente religiosa, com a noção 
de “guerra santa”.
e) Possibilitaram aos ocidentais o contato com importantes 
conhecimentos produzidos pelos muçulmanos, no campo 
da matemática, da medicina e da astronomia.
08.03. (FGV – SP) – Chegam a Jerusalém a 7 de junho de 
1099. Jejuam e fazem procissões em redor da cidade, es-
perando que as suas orações deitem abaixo as muralhas, 
do mesmo que as trombetas de Josué tinham derrubado 
as de Jericó. A chegada a Jafa de navios genoveses, pisa-
nos e venezianos é para eles de um grande auxílio [...] 
A cidade tão cobiçada é tomada a 15 de julho de 1099. 
Assistimos, então, à pilhagem e ao massacre sistemático 
de toda a população. Depois do regresso dos cruzados 
ao Ocidente, aposse de Jerusalém torna-se precária.
Tate, G. Dois séculos de confronto entre o Oriente e o Ocidente. In Arneville, M.-B. D’ 
e outros, As Cruzadas. Trad., Cascais: Pergaminho, 2001, p. 22.
O texto anterior refere-se à
a) Terceira Cruzada e revela os interesses bizantinos nessa 
expedição.
b) Reconquista Ibérica e apresenta as motivações religiosas 
dessa empreitada.
c) Sétima Cruzada e demonstra a forte presença da monar-
quia francesa.
d) Primeira Cruzada e revela a forte religiosidade da pere-
grinação armada.
e) Quarta Cruzada e revela a participação exclusiva dos fiéis 
franceses.
08.04. (UFRR) – As Cruzadas, ocorridas durante a Idade Mé-
dia, são analisadas por muitos historiadores como um evento 
“pouco glorioso e condenável”, como ilustra a citação abaixo:
“O cristianismo, tal como era ensinado por Jesus e o 
Novo Testamento (o Evangelho), era uma religião pa-
cífica. Entre os primeiros cristãos, muitos foram perse-
guidos pelos romanos porque não queriam ir à guerra. 
Mas à medida que se tornavam cristãos, os bárbaros in-
troduziram seus costumes guerreiros no cristianismo” 
(LE GOFF, Jacques. A Idade Média explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 
2007).
Com base nessas informações, assinale a alternativa INCORRETA:
a) As Cruzadas foram grandes batalhas contra os povos não 
cristãos que habitavam o norte da Europa, numa tentativa 
de convertê-los ao cristianismo através da força, contradi-
zendo todo o ensinamento bíblico que se pautava numa 
religião pacífica.
b) O movimento das Cruzadas teve como principal objetivo 
a conquista de Jerusalém e do Santo Sepulcro, onde Jesus 
teria sido sepultado.
c) As Cruzadas iniciaram-se no Concílio de Clermont, quando 
o papa Urbano II convocou os cristãos para partirem rumo 
à Terra Santa, em um período da Idade Média que durou 
quase dois séculos.
d) Entre os séculos XI e XIII partiram da Europa oito Cruzadas 
que envolveram milhares de pessoas, desde a nobreza 
até os mendigos.
e) Além do objetivo religioso, de tomar lugares sagrados 
para os cristãos, as Cruzadas serviram a outros interesses, 
como a conquista de novas terras pela nobreza feudal e 
a ampliação das atividades mercantis.
08.05. (UNITAU – SP) – Atendendo ao apelo do papa 
Urbano II, os cristãos organizaram expedições militares co-
nhecidas como cruzadas. Leia, com atenção, as afirmativas 
abaixo e assinale a alternativa INCORRETA sobre as causas e 
consequências dessas expedições militares.
a) Além da questão religiosa, uma causa importante das 
Cruzadas foi o interesse econômico em dominar impor-
tantes cidades orientais.
b) Uma das consequências das Cruzadas foi a reabertura do 
mar Mediterrâneo – intercâmbio comercial entre a Europa 
e o Novo Mundo.
c) Outra consequência delas foi o empobrecimento dos 
senhores feudais que tiveram suas economias arrasadas 
pelo elevado custo das guerras.
d) Outra consequência foi o fortalecimento do poder real, 
à medida que os senhores feudais perdiam suas forças.
e) Pode-se também falar da ampliação do universo cultu-
ral europeu, promovida pelo contato com os orientais, 
deixando consequências na política e na economia da 
Idade Média.
Aperfeiçoamento
08.06. (MACK – SP) – As Cruzadas, durante a Idade Média, 
representaram uma forma de solução para os problemas 
decorrentes do início da desestruturação do regime feudal. 
A expressão “Cruzada” “derivou-se do fato de seus integran-
tes considerarem-se soldados de Cristo”. Tais expedições 
constituíram-se em
a) empreendimentos de caráter militar, voltadas contra os 
inimigos da cristandade, sem o apoio formal da Igreja 
Católica, mas patrocinadas por nobres feudais, que ga-
rantiam privilégios materiais aos participantes.
20 Semiextensivo
b) oportunidades oferecidas em uma sociedade fortemente 
religiosa, mais clerical do que civil, em que o pecado e o 
crime equivaliam à mesma coisa, ou seja, ao cruzado obter 
a indulgência, ou perdão aos seus pecados.
c) movimentos nos quais tanto a iniciativa de lutar contra os 
infiéis quanto a de reconquistar a Terra Santa partiam de 
muitos indivíduos não combatentes, como mercadores, 
artesãos, mulheres e crianças, motivados pela fé.
d) iniciativas militares, cujos recursos materiais para sustentar 
os cruzados provinham da Igreja Católica, única interes-
sada na reconquista da região.
e) possibilidades para escapar das dívidas e dos pagamen-
tos dos tributos à Igreja e aos senhores feudais, já que o 
cruzado, ao participar dessas expedições, conseguia uma 
moratória estendida para toda sua vida.
08.07. (UNESP – SP) – Mais ou menos a partir do século 
XI, os cristãos organizaram expedições em comum 
contra os muçulmanos, na Palestina, para reconquis-
tar os “lugares santos” onde Cristo tinha morrido e 
ressuscitado. São as Cruzadas [...]. Os homens e as 
mulheres da Idade Média tiveram então o sentimento 
de pertencer a um mesmo grupo de instituições, de 
crenças e de hábitos: a cristandade.
(Jacques Le Goff. A Idade Média explicada aos meus filhos, 2007.)
Segundo o texto, as Cruzadas
a) contribuíram para a construção da unidade interna do 
cristianismo, o que reforçou o poder da Igreja Católica 
Romana e do Papa.
b) resultaram na conquista definitiva da Palestina pelos cris-
tãos e na decorrente derrota e submissão dos muçulmanos.
c) determinaram o aumento do poder dos reis e dos impe-
radores, uma vez que a derrota dos cristãos debilitou o 
poder político do Papa.
d) estabeleceram o caráter monoteísta do cristianismo 
medieval, o que ajudou a reduzir a influência judaica e 
muçulmana na Palestina.
e) definiram a separação oficial entre Igreja e Estado, estipu-
lando funções e papéis diferentes para os líderes políticos 
e religiosos.
08.08. (UERN) – Cruzadas – Batalhas da fé?
“Os promotores das Cruzadas haviam se coloca-
do, pelo menos, três objetivos: a conquista da Terra 
Santa de Jerusalém, a ajuda aos bizantinos e a união 
da cristandade contra os infiéis. Mas nenhum desses 
objetivos havia sido alcançado plenamente. Nas pala-
vras de um importante historiador da Idade Média, ‘se 
os cruzados são os grandes perdedores da expansão 
cristã no século XII, os grandes ganhadores foram em 
definitivo os comerciantes’ [...]”
(Le Goff, Jacques. La Baja Edad Media. Madrid, Siglo XXI, 1985)
Baseado no texto, analise.
I. As Cruzadas consistiram em expedições guerreiras es-
timuladas pelo papado com vistas à conquista da Terra 
Santa.
II. Os que das Cruzadas participaram, eram chamados de 
cruzados, receberiam da Igreja de Roma uma indulgên-
cia específica, ou seja, o perdão para seus pecados caso 
partissem para a Terra Santa.
III. As Cruzadas exerceram pouca influência na evolução da 
civilização europeia.
IV. Os mercadores enriqueceram, pois, aproveitando-se das 
viagens, criaram novas oportunidades de comércio.
Estão corretas as afirmativas
a) Apenas I, II, IV b) Apenas I e III
c) Apenas III e IV d) Apenas I e II
e) I, II, III e IV
08.09. (FUVEST – SP) – As Cruzadas representaram para a 
sociedade feudal
a) uma aventura militar que levou a cristandade a perder 
importantes territórios e a conhecer a Peste Negra.
b) uma saída para o excedente populacional e a satisfação 
da necessidade espiritual da peregrinação a Jerusalém.
c) um movimento nobiliárquico que ao reforçar o feudalismo 
atrasou a centralização política em dois séculos.
d) um reforço importante no prestígio da Ordem Dominica-
na, que as idealizou, organizou, financiou e, teoricamente, 
comandou.
e) uma abertura para o exterior, responsável pela entrada na 
Europa de elementos da cultura clássica, como o gótico 
e a escolástica.
08.10. (UEL – PR) – Uma das consequências das Cruzadas 
foi a consolidação do renascimento comercial europeu, ao 
a) interromper a expansão dos francos do Norte da Europa 
e ao impedir que o comércio ficasse monopolizado pelas 
cidades de Antuérpia e Amsterdã.
b) expulsar os árabes do Mediterrâneo e ao permitir o 
domínio do comércio pelas cidades italianas, na região, 
principalmente Gênova

Continue navegando