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1 Segundo Reinado 07 Aula 4C História Primeira fase (1840-1850) Com a antecipação da maioridade de D. Pedro, as elites buscavam consolidar o processo de centralização do país, enfrentando as manifestações populares e as de caráter separatista que afrontavam seus interesses mais caros. Assim, a “tarefa” do novo Imperador era a de pacificar o país, vencendo as insistentes revoltas e organizando um sistema de convivência pacífica entre liberais e conservadores – facções políticas da própria elite – de forma que se evitassem novos transtornos e conflitos. Em 1841, foi recriado o Conselho de Estado, que vinculava praticamente todas as decisões do Imperador à sua aprovação. Neste mesmo ano, foi tam- bém reformulado o Código de Processo Penal, que retirou a autonomia das autoridades locais e submeteu a escolha de juízes ao poder central. Assim, em meio à luta entre liberais e conservadores pelos espaços do poder, ia sendo gestada uma composição centralizadora e excludente de governo. A elite brasileira, como se pôde perceber, não era assim tão homogênea, apesar de possuir dois pontos em comum que permitiam negociações em épocas de crise: a manutenção da escravidão e do latifúndio. Por outro lado, a principal razão da discórdia ficava por conta da forma como o Estado deveria ser organizado. Os progressistas ou liberais desejavam um Estado descentralizado, enquanto regressistas ou conservadores lutavam por um governo central forte. Liberais exaltados “farroupilhas” Liberais moderados “chimangos” Restauradores “caramurus” 1831-1834 Progressistas Regressistas 1835-1837 1837-1870 Partido liberal Partido conservador Um exemplo de como as “bir- ras” entre liberais e conservado- res punham em risco a ordem desejada pela elite é a história do primeiro gabinete de D. Pedro II: formado majoritariamente por liberais, ficou conhecido como o Ministério dos Irmãos, dada a presença dos irmãos Andrada e dos irmãos Cavalcanti. Poste- riormente, a eleição para a Câmara dos Deputados foi mar- cada por fraudes e violência, ficando conhecida como a elei- ção do cacete. Em 1841, D. Pedro dissolveu a Câmara e o gabinete, entre- gando-os aos conservadores. A reação dos liberais se deu na forma de uma revolta, em 1842, em São Paulo e Minas Gerais, li- derada por Diogo Feijó e Teófilo Otoni. A repressão ficou ao en- cargo de Caxias. Os chefes des- sa Revolta Liberal foram poste- riormente anistiados. O tempo e a prática política, porém, acabaram por demonstrar mais afinidades do que discórdias. As atitudes tomadas pelos conser- vadores no poder quase nunca eram reformuladas pelos liberais e estes, no governo, quase sempre contri- buíam para a centralização do poder. Por isso, o historiador Oliveira Viana afirmou: Nada mais conservador que um liberal no poder e nada mais libe- ral que um conservador na oposição. 2 Semiextensivo Prova dessa “harmonia” de interesses foi a pró- pria história da formação dos gabinetes neste pe- ríodo da pacificação. Depois das turras dos primei- ros anos (1840-1844), D. Pedro voltou a nomear um gabinete liberal, que não alterou em quase nada o que havia sido feito pelos conservadores, exceto anistiar os presos da Revolta Liberal de 1842. Em 1848, voltaram os conservadores e, à exceção de pequenas brigas e disputas parlamentares, tudo continuou igual. Em 1853, assumiu o governo Honório Hermeto Carneiro de Leão, Marquês do Paraná, inaugurando a fase da Conciliação (1853- -1858), em que liberais e conservadores passaram a dividir o poder. O parlamentarismo no império A partir de 1847, foi introduzido no Brasil o sistema parlamentarista de governo, com a criação do cargo de presidente do conselho de ministros. A adoção desse sistema contribuiu para diminuir sensivelmente as áreas de atrito entre as facções da elite, na medida em que permitiu um rodízio no poder entre liberais e conservadores, aliviando as tensões e disputas existentes. Com isso, a participação das massas populares no processo político praticamente não existiu, consolidando o controle do poder pelos grandes proprietários rurais. Imperador (Poder Moderador) Primeiro-Ministro (Poder Executivo) Câmara dos Deputados (Poder Legislativo) Outros Ministros tem autoridade para dissolver Cidadãos (voto censitário e indireto) nomeia demite elegem nomeia PARLAMENTARISMO NO BRASIL É bem verdade que o parlamentarismo brasileiro funcionou às avessas do modelo original – o inglês –, pois aqui era o Imperador quem escolhia o presidente do gabinete e, se a Câmara fosse de outro partido, ele poderia dissolvê-la e marcar novas eleições. Também é preciso lembrar que, ao contrário do modelo inglês, no parlamentarismo brasileiro quem continuava a enfeixar a maioria dos poderes de decisão era o Imperador e o Conselho de Estado e não o primeiro-ministro. Este conjunto de medidas – repressão, parla- mentarismo, conciliação – consolidou firmemente o domínio das elites rurais escravistas e as ideias con- servadoras, com um forte controle do poder central sobre as províncias e a população. Última revolta social do império A última grande manifestação de desacordo com essa nova configuração do Estado brasileiro partiu de Pernambuco, tradicional reduto liberal e palco de várias lutas emancipacionistas. O movimento ficou conhecido com o nome de Praieira e ocorreu em 1848. Um grupo de liberais, contrários ao monopólio dos comerciantes portugueses, organizou o chamado Partido da Praia, em 1842, e passou a fomentar ideias revolucionárias, influenciadas inclusive pelo pensamento socialista utópico. Recife na época da Revolução Praieira Fu n d aç ão B ib lio te ca N ac io n al Em 1848, a substituição do governador liberal Chichorro da Gama pelo conservador Herculano Pena foi o estopim da revolta, iniciada na Zona da Mata por Pedro Ivo. Também lideraram este movimento Nunes Machado e Borges da Fonseca. Em 1849, foi lançado o Manifesto ao Mundo, propondo voto livre e universal, liberdade de imprensa, liberdade de trabalho, extinção do Poder Moderador, fim do monopólio português sobre o comércio e maior autonomia para as províncias. Apesar de sua influência socialista, o Manifesto ao Mundo não propôs o fim da escravidão. Aula 07 3História 4C Em 1850, o movimento estava completamente sufocado. Seu fim marcou o “último suspiro” de revolta contra o modelo conservador, centralizador e exclu- dente das massas populares. A segunda metade do século XIX vai conhecer o auge do Império, com ordem, paz social e domínio dos barões do café. Segunda fase (1850-1870) A principal atividade econômica do período foi o café, produzido inicial- mente na região conhecida como Vale do Paraíba e desenvolvido com uma estrutura muito semelhante à açucareira, ou seja, a plantation. Rota do café – segunda metade do século XIX Ta lit a K at h y B o ra Na segunda metade do século XIX, a lavoura cafeeira expande-se para a região conhecida como oeste paulista. Os fazendeiros fluminenses vão se tornar o sustentáculo econômico e político do Império, que em contrapartida defenderá seus interesses políticos e econômicos, particularmente a escravidão. A decadência da cafeicultura do Vale do Paraíba, na segunda meta- de do século XIX, indicará o declínio da própria estrutura monárquica. Exportação de café em milhares de sacas de 60 kg, por decênio: 1821/30 3 178 1831/40 10 430 1841/50 18 367 1851/60 27 339 1861/70 29 103 1871/80 32 509 1881/90 51 631 O clima e o solo da região oeste paulista – a chamada “terra roxa” – eram muito favoráveis ao plantio do café. Além disso, os proprietários paulistas encontravam-se mais intensamente inseridos na dinâmica econômica do capi- talismo, por esse motivo diferenciavam-se dos fazendeiros fluminenses, por sua qualidade e espírito empreendedor. Além disso, • usavam técnicas mais modernas para a produção do café, estabe- lecendo assim maior produtivi- dade e diminuindoos custos; • desenvolviam estrutura própria para a comercialização do café; • apesar de proprietários rurais, voltavam-se para a vida urbana, com seu luxo e novas invenções; • procuravam desenvolver novos tipos de relações de produção, iniciando a imigração em larga escala. Surto industrial Outra importante atividade que se destacou no Brasil da se- gunda metade do século XIX foi a indústria. O país viveu um surto de crescimento econômico, devido a, principalmente, duas razões: • Em 1844, o governo liberal do ministro Alves Branco, apro- veitando-se do fim do acordo de tarifas reduzidas com a Inglaterra, elevou os impostos sobre os produtos ingleses de 30% a 60%. Essa medida, nas palavras do próprio ministro, visavam a não só preencher o deficit do Estado, como também proteger os capitais nacionais já empregados dentro do país, em alguma indústria fabril, e animar outros a procurarem tal destino. • Em 1850, ocorreu, após intensa pressão inglesa, a Lei Eusébio de Queirós, que pôs fim ao tráfico negreiro. Com isso, ficou impossibilitada a alocação de recursos para a compra de ne- gros, o que gerou uma disponi- bilidade de capitais, muitos dos quais destinados à atividade fabril. A maior parte dos capitais que impulsionaram o primeiro surto industrial do país advie- ram do café do oeste paulista. 4 Semiextensivo O grande destaque desse perío- do de desenvolvimento industrial foi Irineu Evangelista de Sousa, Barão e depois Visconde de Mauá. Visconde de Mauá Coleção Roberto Paulo César de A n d rad e/Fo tó g rafo d esco n h ecid o O país cresceu movido por esse surto. Já na primeira década da segunda metade do século, estabeleceram-se mais de 60 novas empresas industriais, 14 bancos e mais de 60 companhias (de navega- ção, seguros, mineração), além de 8 novas estradas de ferro. Baronesa, a primeira locomotiva a va- por do Brasil – Estrada de Ferro Mauá © W ik im ed ia C o m m o n s/ M u se u d o T re m Um dos símbolos desse cres- cimento industrial, vinculado igualmente ao café, foi o desen- volvimento ferroviário. No perío- do de 1870 a 1885 – época da ex- pansão cafeeira paulista –, a rede ferroviária passou de 1 000 km para quase 9 000 km. No entanto, essa característica de “surto” da indústria nacional compreendia um problema intrín- seco: seu curto fôlego! A falta de capitais contínuos, a limitação do mercado de consumo e as pressões inglesas contribuíram para que o boom verificado logo esmorecesse. As empresas Mauá são o melhor exemplo para ilustrar o que foi explicado acima. Em pouco tempo, todo o seu grande parque de empresas acabou falindo. Diversos fatores contribuíram para isso: • A pressão inglesa que levou o governo a decretar a Tarifa Silva Ferraz (1860), diminuindo as tarifas alfandegárias sobre os produtos estran- geiros; • A posição de Mauá contra a Guerra do Paraguai, que fez com que ele se indispusesse com o governo; além da sua defesa intransigente da abolição da escravatura. A escravidão negra continuou a ser a tônica da mão de obra até o fim do século XIX. Desde o Período Joanino, havia forte resistência à exploração do trabalhador negro, principalmente por parte da Inglaterra. Em 1845, o parlamento inglês aprovou a Bill Aberdeen, pela qual os comandantes das embarcações inglesas tinham poder para apreender navios negreiros em qualquer lugar, inclusive em águas brasileiras. É verdade que essa lei foi também uma represália à Tarifa Alves Branco, mas inegavelmente teve o mérito de levar o governo brasileiro a tomar uma decisão definitiva em relação ao tráfico e a estimular a fundação de núcleos de colonos, retomando assim a política iniciada por D. João. Na década de 40 do século XIX, o senador Nicolau de Campos Vergueiro trouxe portugueses para a sua fazenda Ibicaba, em São Paulo. Pouco de- pois, traria suíços e alemães. Empolgado, criou a firma Vergueiro & Cia., cujo objetivo era centralizar o fornecimento de imigrantes não só para suas fazendas, como também para outros proprietários interessados. Grupo de colonos alemães, CA 1875 Fu n d aç ão B ib lio te ca N ac io n al Em 1850, o governo aprovou a Lei Eusébio de Queirós, pondo fim ao tráfico. A imigração para a região oeste paulista tornou-se uma necessidade. O fim do tráfico intensificou também a transferência de negros das regiões economicamente decadentes da região Nordeste para a região Centro-Sul. Esse fluxo, porém, não diminuiu o interesse pela solução da imigração. Aula 07 5História 4C No mesmo ano em que acabou o tráfico ne- greiro (1850), o governo brasileiro aprovou a Lei de Terras, que visava à incorporação da terra e do trabalho à economia de mercado. A nova lei proibia a aquisição de terras públicas por qual- quer meio que não fosse a compra. Ao dificultar a aquisição de terras, esperava-se que um maior número de pessoas “alugassem” o seu trabalho aos fazendeiros. No que se refere à relação de trabalho entre imi- grante e proprietário rural, inicialmente os fazendeiros adotaram o sistema de parceria, que consistia na divisão do produto da colheita entre o proprietário da terra e o lavrador que nela trabalhava. O primeiro entrava com o capital (terras, ferramentas, sementes, etc.), enquanto o segundo entrava com o trabalho. O lucro líquido era dividido em partes iguais. O sistema de parceria não funcionou. As condições em que os lavradores ficavam eram muito precárias e, na divisão, o fazendeiro normalmente lesava o imigrante, aumentando de maneira enganosa as despesas, para fazê-lo permanecer sempre com débito no momento da divisão dos lucros. A exploração dos colonos provocou, em 1857, uma revolta na fazenda Ibicaba, liderada por Thomas Davatz. A revolta atraiu a atenção dos governantes europeus, que impediram a vinda de novos imigrantes. O governo brasileiro passou então a subvencionar a vinda de estrangeiros e adotou o colonato, por meio do qual o imigrante recebia salário, além de parte da produção. A política externa no Segundo Reinado? A política externa brasileira, na segunda metade do século XIX, caracterizou-se pela dependência em relação aos centros capitalistas europeus, notadamente a Inglaterra, e pela necessidade de preservar o espaço territorial e garantir áreas de livre comércio. Essa última posição levou o governo brasileiro a intervir nos países platinos, a saber: • no Uruguai, em 1851, derrubando seu governante, Manuel Oribe; • na Argentina, em 1852, destituindo Juan Manuel Rosas; • no Uruguai, em 1864, desta vez derrubando Atanásio Cruz Aguirre; • no Paraguai, de 1864 a 1870, envolvendo o Brasil no maior conflito de sua história, contra as tropas de Francisco Solano López. A Guerra do Paraguai M ar ilu d e So u za Os governos nacionalistas da região do Prata alimen- tavam aspirações de unificação e de fechamento das na- vegações da bacia hidrográfica do Prata aos estrangeiros. Então, observe: tanto as pretensões de formação de um país forte fazendo fronteira com o Brasil quanto o prejuízo que o fechamento da bacia do Prata provocaria justifica- vam, para o governo brasileiro, a política de intervenção. O caso do Paraguai é exemplar. Além das razões acima comentadas, o Paraguai apresentava-se como uma ameaça à elite brasileira e inglesa, por ser um país autossuficiente, sem escravos, sem dívida ex- terna e que realizou uma reforma agrária entregan- do terras aos camponeses. Um país tão “diferente” poderia servir de “mau exemplo”, sendo, portanto, necessária a sua destruição. A Guerra do Paraguai foi o mais longo conflito no qual o Brasil se envolveu (foram cinco anos de conflito). O exército brasileiro atuou em conjunto com tropas uruguaias e argentinas, formando a Tríplice Aliança. A guerra acabou em março de 1870, e os resultados – para os paraguaios – foram desastrosos. Mas o Império não ficou impune à destruição provo- cada no Paraguai. Houve um aumento considerávelda nossa dívida com a Inglaterra, além da formação de um inquietante espírito corporativista no exército. Com a guerra, o “auge” do Império se arrefecia. Nuvens carregadas se aproximavam... 6 Semiextensivo Prisioneiros da Guerra do Paraguai B ib lio te ca N ac io n al d o U ru g u ai inglês William Christie reagiu, exigindo uma indeni- zação pela carga do navio e o pedido oficial de des- culpas do governo brasileiro pelo acontecido aos seus oficiais. Não sendo atendido, Christie mandou prender cinco navios mercantes brasileiros como compensação, o que provocou reações antibritâni- cas no Rio de Janeiro. Indignado, o governo imperial submeteu a ques- tão ao arbitramento do Rei da Bélgica, Leopoldo I, que deu ganho de causa ao Brasil. Em 1865, já em plena Guerra do Paraguai, Eduard Thorton, enviado pela rainha Vitória, apresentou suas credenciais ao imperador D. Pedro II, que se en- contrava em Uruguaiana para assistir à rendição das tropas do general paraguaio Estigarribia. Em nome dos interesses comuns contra o Paraguai, ingleses e brasileiros superaram a questão. Testes Assimilação 07.01. (UPF – RS) – O Brasil foi um dos países receptores de milhões de europeus e asiáticos que vieram para as Américas em busca de oportunidade de trabalho e ascensão social. Aproximadamente 3 milhões de estrangeiros entraram no Brasil entre 1887 e 1914, 72% do total de imigrantes que vieram para o continente americano. É correto afirmar que essa concentração se explica, entre outros fatores, pela a) forte demanda de força de trabalho para as lavouras de café. b) vinda de um forte contingente de japoneses fugidos da Primeira Guerra. c) necessidade de mão de obra altamente especializada para a indústria do Sul do país. d) política de imigração altamente subsidiada pelos gover- nos italiano e japonês. e) excelente recepção oferecida aos imigrantes pelos usi- neiros do Nordeste. 07.02. (FUVEST – SP) – Examine a seguinte tabela: Ano N.o de escravos que entraram no Brasil 1845 19.453 1845 50.325 1847 56.172 1848 60.000 Dados extraídos de Emília Viotti da Costa. Da senzala à colônia. São Paulo: Unesp, 1998. A tabela apresenta dados que podem ser explicados a) pela lei de 1831, que reduziu os impostos sobre os escravos importados da África para o Brasil. b) pelo descontentamento dos grandes proprietários de terras em meio ao auge da campanha abolicionista no Brasil. c) pela renovação, em 1844, do Tratado de 1826 com a Inglaterra, que abriu nova rota de tráfico de escravos entre Brasil e Moçambique. d) pelo aumento da demanda por escravos no Brasil, em função da expansão cafeeira, a despeito da promulga- ção da Lei Aberdeen, em 1845. e) pela aplicação da Lei Eusébio de Queirós, que ampliou a entrada de escravos no Brasil e tributou o tráfico interno. 07.03. (ESPM – SP) – “Durante todo o reinado de D. Pedro II, foi necessário administrar conflitos com a Inglaterra, a maior potência econômica da época e acostumada, desde a época colo nial, a gozar de privi- légios nas relações co merciais com o Brasil. Os atritos começaram logo em 1842, dois anos após a coroação, quando expirou o Tratado de Comércio de 1827. O governo de D. Pedro II decidiu não dar continuidade a essa política e o acordo de 1842 não foi renovado.” (Sonia Guarita do Amaral. O Brasil como Império) Em 1861, o roubo da carga do navio Prince of Wales, que naufragou na costa do Rio Grande do Sul, e a prisão de oficiais ingleses que promoviam desor- dens no Rio de Janeiro envolveram a diplomacia bra- sileira na chamada Questão Christie. O diplomata Aula 07 7História 4C Ao não renovar o Tratado de Comércio de 1827, o governo de D. Pedro II adotou, em 1844, a) a tarifa Alves Branco, uma medida prote cionista. b) a decisão de romper relações diplomáti cas com a Ingla- terra. c) a decisão de conceder vantagens comer ciais para a França. d) a decisão de substituir a Inglaterra pelos EUA na condição de principal parceiro comercial do Brasil. e) a tarifa Silva Ferraz, que extinguiu a co brança de tributos sobre produtos impor tados. 07.04. (UPF – RS) – No Segundo Reinado (1840-1889), alguns acontecimentos ocuparam lugar de destaque na política, com efeitos sobre o contexto socioeconômico e sobre as relações internacionais do Brasil. Considerando isso, associe os eventos da coluna 1 com a descrição equivalente na coluna 2. 1. Guerra do Paraguai ( ) Lei de extinção do tráfico atlântico de escravos para o Brasil. 2. Lei Eusébio de Queirós ( ) Medida protecionista das manufaturas brasileiras. 3. Questão Christie ( ) Tríplice Aliança. 4. Lei de Terras ( ) As terras públicas seriam vendidas e não mais doadas. 5. Tarifa Alves Branco ( ) Incidente diplomático que levou ao rompimen- to das relações entre Brasil e Inglaterra. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é: a) 1, 3, 5, 4, 2. b) 2, 5, 3, 4, 1. c) 2, 5, 1, 4, 3. d) 3, 4, 1, 5, 2. 07.05. (UNESP – SP) – No século XIX a música bra- sileira teve sua maior expressão na obra de Antonio Carlos Gomes, aclamado uma personalidade musical da corte de dom Pedro II. A estreia de sua ópera “O Guarani” em 1870 nos teatros de Milão e do Rio de Janeiro trouxe-lhe reconhecimento internacional. A ópera inspira-se no romance indianista O Guarani, de José de Alencar, publicado em 1857, que narra um triângulo amoroso entre a jovem Cecília, o índio Pery e o português dom Álvaro. (Coleção Folha grandes óperas. Carlos Gomes, vol. 07, 2011. Adaptado.) Assinale a alternativa que se refere corretamente a fatos ocorridos na história do Brasil no período que se estende de 1850 a 1870. a) A colonização do Brasil ultrapassou os limites geográficos da linha de Tordesilhas, provocando conflitos permanen- tes entre as metrópoles portuguesa e espanhola. b) A incorporação do território do Acre pelo Estado brasileiro promoveu um desenvolvimento econômico na região da bacia do rio Amazonas. c) O fim do tráfico de escravos da África para o Brasil au- mentou o investimento de capital inglês que serviu para fomentar a modernização e o crescimento urbano do Rio de Janeiro. d) Com a proibição do tráfico de escravos, o governo imperial adotou uma série de medidas para facilitar o acesso da população brasileira à propriedade da terra. e) Em São Paulo, a produção do café continuou restrita à faixa litorânea e ao vale do rio Paraíba, regiões favorecidas pela fertilidade da terra roxa. Aperfeiçoamento 07.06. (UFPel – RS) – O gráfico está diretamente relacionado População de escravos e imigrantes em São Paulo 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 milhares anos 1872 1873 1874 1875 1876 1877 Escravos Imigrantes 15 6. 61 2 10 7. 82 9 10 6. 68 5 12 8. 00 016 9. 96 4 17 4. 66 2 10 .4 84 15 .3 09 12 .4 77 11 .1 74 11 .0 54 16 .9 87 CAMPOS, Flávio de e Miranda, Renan Garcia. Oficina de História, São Paulo: Moderna, 2000. (Adaptado.) a) à estabilidade do sistema escravista e à emigração europeia no século XIX, quando iniciou a industrialização paulista. b) à crise do escravismo e à imigração europeia para o Brasil, em período de desenvolvimento da cafeicultura. c) ao Ciclo da Mineração, quando escravos e imigrantes formaram o principal contingente de mão de obra. d) ao processo de transição do escravismo colonial brasileiro para o trabalho assalariado durante o Primeiro Reinado. e) à necessidade de manutenção de uma força de trabalho em torno de 150 mil pessoas no processo de industriali- zação paulista, durante o Período Regencial. 8 Semiextensivo 07.07. (UFRGS) – Considere as seguintes afirmações sobre o processo escravista no Brasil. I. As relações sociais entre senhores e escravos, no Brasil, eram definidas pelo equilíbrio de poder estabelecido pela miscigenação, conferindo à experiência histórica brasileira o caráter de “democraciaracial”. II. Os africanos deportados da África para a América de- senvolveram mecanismos de sociabilidade, constituindo famílias e formas de identidades sociais. III. A Lei Áurea, além da emancipação dos escravos, decretava uma série de benefícios sociais e políticos para os libertos. Quais estão corretas? a) Apenas I. d) Apenas I e II. b) Apenas II. e) I, lI e III. c) Apenas III. 07.08. (FGV – SP) – Somente a partir de 1850 vai se observar um maior dinamismo no desenvolvimento econômico do país em geral e de suas manufaturas, em particular. O crescimento do número de empresas industriais se faria com relativa rapidez. Mas o que provocaria essas mudanças? (Sonia Mendonça, A industrialização brasileira. p. 12) É correto responder à indagação afirmando que a) a Câmara dos Deputados aprovou medidas restritivas às importações, como a proibição da entrada de mercado- rias similares às já produzidas no país, e também criou a primeira política industrial brasileira. b) houve a importante contribuição do fim do tráfico de escravos para o Brasil, que possibilitou a disponibilidade de capitais, além dos efeitos duradouros da agricultura, especialmente do café. c) a nacionalização do subsolo brasileiro, presente na Cons- tituição imperial, impulsionou os investimentos privados na exploração mineral, conjuntamente com os incentivos governamentais na criação de estaleiros. d) ocorreu uma rápida modernização dos grandes engenhos de açúcar do Nordeste em função dos financiamentos ingleses e, em 1851, fundou-se um banco estatal de desenvolvimento. e) acertou-se com a Inglaterra a renovação dos Tratados de 1827, que ofereciam tarifas privilegiadas aos ingleses e estes, em contrapartida, proporcionavam transferência de tecnologia industrial. 07.09. (UCS – RS) – Associe os períodos da História do Brasil Império, listados na Coluna A, às características que os identificam, indicadas na Coluna B. Coluna A 1. Primeiro Reinado (1822 a 1831) 2. Período Regencial (1831 a 1840) 3. Segundo Reinado (1840 a 1889) Coluna B ( ) Período conturbado, caracterizado pelas lutas entre restauradores, exaltados e moderados, assim como pelas rebeliões provinciais que colocaram em risco a integridade territorial e política do País. ( ) Caracterizou-se por ser um período de transição, mar- cado por uma aguda crise econômica, financeira, social e política, com a divisão do Partido Brasileiro em duas facções: a conservadora e a liberal. ( ) Período em que a economia passou a ter o café como produto fundamental e foram realizados alguns refor- ços industrializadores, dentre os quais, um dos mais im- portantes, aquele empreendido pelo Barão de Mauá. Assinale a alternativa que preenche corretamente os parên- teses, de cima para baixo: a) 1 – 2 – 3 d) 3 – 1 – 2 b) 3 – 2 – 1 e) 2 – 1 – 3 c) 2 – 3 – 1 Aperfeiçoamento 07.10. “E eu piso onde quiser, você está girando melhor, garota Na areia onde o mar chegou, a ciranda acabou de co- meçar, e ela é! E é praieira!!! Segura bem forte a mão E é praieira !!! Vou lembrando a revolução, vou lem- brando a Revolução Mas há fronteiras nos jardins da razão” O trecho acima da música Praieira, de Chico Sciense, remete brevemente à Revolução Praieira de 1842-1849, ocorrida em Pernambuco. Essa revolução de caráter liberal tinha uma série de reivindicações, exceto: a) a liberdade de imprensa. b) a instituição do voto universal. c) o fim do monopólio comercial dos portugueses. d) o fim da propriedade privada dos meios de produção. e) a extinção do poder moderador. 07.11. (UEL – PR) – No contexto histórico das transformações ocorridas no século XIX, que envolveram questões da identidade nacional e da política, no Brasil, após a abdicação de D. Pedro I, ocorreu uma grave crise institucional. As tentativas de supera- ção por meio das Regências provocaram uma série de revoltas como a Sabinada (BA), a Balaiada (MA) e a Cabanagem (PA). A superação da crise, que coincidiu com o fim do período regencial, deveu-se à a) antecipação da maioridade do príncipe herdeiro. b) consolidação da Regência Una e Permanente. c) formação e consolidação do Partido Republicano. d) fundação das agremiações abolicionistas. e) volta imediata de D. Pedro I às terras brasileiras. 07.12. (PUCCAMP – SP) – A sociedade imperial brasileira herdou várias influências europeias. Além do sistema métrico, no Segundo Reinado adotou-se na prática o parlamentaris- mo no Brasil, por influência inglesa. No entanto, este diferia do inglês, uma vez que o: a) partido que detinha a maioria no Parlamento indicava o primeiro-ministro, que muitas vezes vetou determinados projetos de lei provenientes do poder imperial. Aula 07 9História 4C b) gabinete não dependia inteiramente do Parlamento mas, principalmente, do Poder Moderador. c) poder legislativo tinha autonomia política para indicar os membros do gabinete ministerial e para dissolvê-lo quando este fosse incompatível com o Senado. d) parlamento brasileiro era mais democrático, pois previa a participação das mulheres nas eleições provinciais. e) imperador acumulava as funções de monarca e de primei- ro-ministro, previsto inclusive na Constituição de 1824. 07.13. (FATEC – SP) – Após o golpe da maioridade, em 1840, a vida partidária brasileira resumiu-se a dois partidos: o antes partido progressista passou a chamar-se partido liberal e o regressista passou a chamar-se partido conservador. Pode-se considerar como característica desses partidos: a) Os partidos do império sempre tiveram plataformas políticas bem definidas. b) As divergências entre as várias classes da sociedade bra- sileira estavam representadas nos programas partidários. c) Do ponto de vista ideológico, não havia diferenças entre os liberais e conservadores, pois eram “farinha do mesmo saco”. d) Os conservadores sempre estiveram no poder e os liberais sempre estiveram na oposição. e) Ambos tinham influência ideológica externa nos seus programas, apesar de proibido por lei. 07.14. (MACK – SP) – A maior das guerras que a América Latina conheceu no século XIX foi a Guerra do Paraguai (1864- -1870). Em 1865, os governos do Brasil, Argentina e Uruguai criaram a Tríplice Aliança contra o governo do presidente paraguaio Solano López. Sobre esse conflito considere as afirmativas a seguir. I. A questão fundamental era a liberalização da bacia do rio da Prata para o comércio internacional, o que beneficiaria especialmente os interesses ingleses na região. II. A expansão da economia paraguaia exigia que o país pu- desse exercer controle sobre a navegação dos rios platinos. Com uma indústria florescente, o Paraguai necessitava escoar suas mercadorias através do estuário do Prata. III. Os países integrantes da Tríplice Aliança foram financiados pelo capital inglês e, portanto, não tiveram suas econo- mias prejudicadas pelo confronto armado. Assinale a) se somente a afirmativa I estiver correta. b) se somente a afirmativa II estiver correta. c) se somente a afirmativa III estiver correta. d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. e) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. 07.15. (UNICAMP – SP) – A política do Império do Brasil em relação ao Paraguai buscou alcançar três objetivos. O primeiro deles foi o de obter a livre navegação do rio Para- guai, de modo a garantir a comunicação marítimo-fluvial da província de Mato Grosso com o restante do Brasil. O segundo objetivo foi o de buscar estabelecer um tratado delimitando as fronteiras com o país guarani. Por último, um objetivo permanente do Império, até o seu fim em 1889, foi o de procurar conter a influência argentina sobre o Paraguai, convencido de que Buenos Aires ambicionava ser o centro de um Estado que abrangesse o antigo vice- -reino do rio da Prata, incorporando o Paraguai. (Adaptado de Francisco Doratioto, Maldita Guerra: nova história da Guerra do Paraguai.São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 471.) Sobre o contexto histórico a que o texto se refere é correto afirmar: a) A Guerra do Paraguai foi um instrumento de consolidação de fronteiras e uma demonstração da política externa do Império em relação aos vizinhos, embora tenha gerado desgastes para Pedro II. b) As motivações econômicas eram suficientes para empre- ender a guerra contra o Paraguai, que pretendia anexar territórios do Brasil, da Bolívia e do Chile, em busca de uma saída para o mar. c) A Argentina pretendia anexar o Paraguai e o Uruguai, mas foi contida pela interferência do Brasil e pela pressão dos EUA, parceiros estratégicos que se opunham à recriação do vice-reino do rio da Prata. d) O mais longo conflito bélico da América do Sul matou milhares de paraguaios e produziu uma aliança entre indígenas e negros que atuavam contra os brancos des- cendentes de espanhóis e portugueses. 07.16. (FATEC – SP) – Analise as afirmações sobre o contexto histórico da Guerra do Paraguai. I. O Paraguai era governado por Francisco Solano López, e o Brasil era governado pelo imperador D. Pedro II. II. O início da guerra está ligado à invasão da Argentina por tropas brasileiras, derrubando o presidente eleito pelo Partido Blanco e colocando candidato do Partido Colorado no poder. III. Contra o Paraguai, os governos argentino, uruguaio e brasileiro formaram a Tríplice Aliança. IV. O resultado dessa guerra, para o Paraguai, foi não ter jamais se recuperado desse desastre militar; sua popu- lação masculina foi praticamente dizimada. Para o Brasil, significou o fortalecimento do Exército e a contração de novos empréstimos, aumentando a dívida externa, para compensar os gastos com a guerra. É correto o que se apresenta em a) I, II e III, apenas. c) I, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. b) I, II e IV, apenas. d) II, III e IV, apenas. 07.17. (UERS) – Sobre a Guerra do Paraguai são feitas as seguintes considerações: I. Para lutar contra o Paraguai, os governos do Brasil, Argen- tina e Inglaterra se uniram e criaram a Tríplice Aliança. II. A Guerra do Paraguai contribuiu para o enfraquecimento da monarquia brasileira na medida em que o exército voltou valorizado, defendendo os ideais republicanos e abolicionistas. 10 Semiextensivo III. A maioria do exército brasileiro era formada pelos “vo- luntários da pátria”, brancos pobres e escravos negros recrutados à força. IV. A Inglaterra lucrou muito com os juros dos empréstimos feitos durante o conflito, com a venda de armas e através da abertura do mercado paraguaio aos seus produtos industrializados após a guerra. Quais estão corretas? a) Apenas I e II. c) Apenas I, III e IV. e) Apenas II, III e IV. b) Apenas I, II e III. d) Apenas I, II e IV. 07.18. (UEL – PR) – A afirmação segundo a qual “o partido que sobe entrega o programa de oposição ao partido que desce e recebe deste o programa de governo” está relacionada aos partidos políticos atuantes no Brasil do Segundo Reinado (1840-1889). Sobre esse assunto, é correto afirmar: a) A forma democrática e descentralizada do parlamentarismo do Segundo Reinado garantiu ao Imperador governar em sintonia com os interesses dos partidos e da população. b) Os conservadores conduziam a vida partidária do Império, mas quem governava eram os liberais radicais, que ganha- ram projeção com as revoltas provinciais após 1848. c) Sendo a “conciliação” um ideal presente na vida política do país, os partidos pouco se diferenciavam na prática. d) Os partidos políticos do Império caracterizavam-se por suas plataformas políticas de atuação bem definidas e diferenciadas. e) As reformas eleitorais e o fim do tráfico negreiro no Segundo Reinado asseguraram a liberdade de atuação da Câmara dos Deputados. Discursivos 07.19. (UFES) – Na imagem ao lado (autoria desconhecida), soldados brasi- leiros se ajoelham diante da imagem de Nossa Senhora da Conceição, em 30 de maio de 1868, em território paraguaio. Eles integravam as forças da Tríplice Aliança, que unia Brasil, Argentina e Uruguai. a) Identifique o conflito que envolveu a Tríplice Aliança. b) Aponte o impacto, para o fim da escravidão no Brasil, da presença de negros, ao lado de brancos e mulatos, nas tropas brasileiras que defenderam os países da Tríplice Aliança. 07.20. (UFG – GO) – Leia o texto e analise a imagem apresentados a seguir. Pela linha paterna, o príncipe imperial descendia de reis e antepassados ilustres. D. Pedro II era o oitavo duque de Bragança, cuja família estava entrelaçada com os Capetos da França. Pela linhagem materna, D. Pedro era ligado ao imperador Francisco I, da Alemanha, da Áustria, da Hungria e da Boêmia, ele mesmo filho de Leopoldo II, impe- rador da Alemanha e irmão de Maria Antonieta, mulher de Luís XVI. Ao mesmo tempo, isolado no Paço, esquecido em consequência das conturbações políticas e da doença da mãe, D. Pedro II se tornava o “órfão da nação”. SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 47-49. (Adaptado). Aula 07 11História 4C O texto descreve a linhagem familiar de D. Pedro II, que descende de portugueses e austríacos, enquanto a imagem representa D. Pedro II criança, que seria considerado órfão da nação, desde a abdicação de seu pai. Diante do exposto e com base nos documentos, explique a associação entre a) a linhagem familiar e as relações internacionais, no Império; b) a orfandade de D. Pedro II e a construção de um projeto de nação para o Brasil, no Segundo Império. PALLIÈRE, A. J., (1830). In.: SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. s. p. 07.01. a 07.02. d 07.03. a 07.04. c 07.05. c 07.06. b 07.07. b 07.08. b 07.09. e 07.10. d 07.11. a 07.12. b 07.13. c 07.14. d 07.15. a 07.16. c 07.17. e 07.18. c 07.19. a) O conflito é a “Guerra do Paraguai” (para os paraguaios foi a Guerra da Tríplice Aliança). Segundo a visão brasileira, a guerra foi causada pela política militarista e expansionista do Paraguai, que pretendia conquistar, à força, uma saída para o mar, através do rio da Prata. b) A presença de negros – na maioria escravos – nas fileiras do exército foi de grande importância. Apesar do número inferior ao de brancos, a mortalidade de negros foi muito maior. Muitos negros foram para a guerra alforriados ou com a promes- sa de alforria. Acabada a guerra, cria- -se uma contradição em parcela sig- nificativa da sociedade urbana, pois dentre os heróis que voltavam da guerra, alguns eram negros. Tal con- dição contribuiu para o movimento abolicionista, assim como o fato de os militares serem marginalizados pelo império escravista. 07.20. a) A linhagem familiar no Antigo Regi- me constituía o tamanho da influên- cia internacional de um membro de qualquer casa real. Quanto maior a linhagem familiar, maiores as relações internacionais, uma vez que a linha- gem familiar, em especial pelo lado paterno, estabelecia laços políticos e de sucessão de tronos. b) A “orfandade” de Pedro II se deveu, além da morte da mãe, à abdica- ção ao trono por parte de seu pai, D. Pedro I. Ao deixar o trono brasileiro, D. Pedro I voltou para a Europa, dei- xando Pedro II, então com 5 anos, aos cuidados de José Bonifácio. O Brasil entrava, então, no Período Regencial. A partir disso, Pedro II começou a ser preparado para assumir o trono, e todo um projeto de nação foi confi- gurado a partir de sua imagem, que passou por um processo de “envelhe- cimento”, na busca por uma sensação de maturidade. O golpe da maiorida- de, que fez com que Pedro II assumis- se o trono com 14 anos, é uma prova de que nossos políticos associavam o projeto de nação brasileira à figura de nosso segundo imperador. Gabarito 12 Semiextensivo Aula 08 A crise do Império (1870-1889) 4C História Durante todo oImpério, o exército exerceu funções de polícia, reprimindo rebeliões e perseguindo negros foragidos. Desconsiderados socialmente e tendo de dividir importância com a Guarda Nacional, os militares estavam longe de representar uma força influente, embora fossem muito importantes para o esquema repressor e excludente da monarquia. A Guerra do Paraguai mudou essa relação de forças. O conflito intenso e duradouro forjou, nos militares, além da experiência adquirida, um espírito de corpo, orgulho e, principalmente, consciência de sua importância como peça-chave para a manutenção dos privilégios da aristo- cracia encastelada no poder. Após a guerra, questões até então “engolidas” sem discussão começaram a gerar fortes atritos, como, por exemplo, o atraso nos pagamentos de pensões a órfãs e viúvas. Além disso, os contatos com uruguaios e argentinos – aliados do Brasil durante a guerra – permitiram a difusão, entre os militares, de ideias republicanas e abolicionistas que os colocavam frontalmente contra o governo. O estopim da crise dos militares contra o governo foi a punição de dois militares. Em 1884, o tenente-coronel Sena Madureira atacou pela imprensa um projeto do governo que visava a reformar um programa de auxílio aos militares. Em consequência disso, Sena Madureira foi punido, com base em uma lei que impedia os militares de se manifestarem pelos jornais. Em 1886, no Piauí, o mesmo ocorreu ao coronel Cunha Matos, que pelos jornais rebateu uma acusação contra a sua honra. Os militares não aceitaram mais essas discriminações e manifestaram insatisfação de forma clara e contunden- te. Um ar de conspiração começou a rondar os quartéis, e as ideias republicanas ganharam mais adeptos. Nesse mesmo período, o governo também andava às rusgas com a Igreja Católica. As razões da chamada Questão Religiosa foram as seguintes: Na década de 70 do século XIX, o papa Pio IX, por conta de sua oposição ao processo da unificação italiana, comprou uma briga com a maçonaria – que apoiava a unificação – e determinou a exclusão dos As transformações econômicas e sociais que mar- caram a segunda metade do século XIX promoveram o fortalecimento de novos grupos sociais, abalando o poder da oligarquia cafeeira do Vale do Paraíba. Entre os principais grupos que “emergiram” nesse período, é importante citar: • a população urbana, “engrossada” por contigentes significativos da massa de imigrantes que, vinda da Europa para trabalhar nas lavouras, deslocou-se para as cidades; • a classe média – igualmente urbana –, formada por funcionários públicos, comerciantes, profissionais liberais e militares; • cafeicultores do oeste paulista. Esses grupos, com maior ou menor grau de influên- cia, determinaram a formação do Partido Republicano. Como você se lembra, no Segundo Reinado havia dois partidos políticos: o Liberal e o Conservador. O Partido Liberal, que se caracterizava por posturas descentralizadoras, em 1868, dividiu-se em dois grupos: moderado e radical. A ala radical acabou evoluindo para assumir claramente posições re- publicanas. Em 1870, é publicado o Manifesto Republicano. Em 1873, reúne-se, em Itu, a Primeira Convenção Republicana. Porém, não foi o fortalecimento dos republicanos o fator decisivo para se entender o fim do governo monár- quico, mas o enfraquecimento da monarquia. À medida que D. Pedro insistia em manter o conservadorismo polí- tico e a escravidão, seu governo ia se isolando, perdendo apoios tradicionais, como o dos ingleses, no campo externo, o da Igreja e dos cafeicultores, no campo interno. Essa perda das bases de apoio da monarquia facilitou enormemente o trabalho dos republicanos, mesmo considerando que tal movimento nunca atingiu as massas, apesar das propagandas nos jornais. A Questão Militar foi o primeiro grande desgaste a contribuir decisivamente para a queda do Império. Aula 08 13História 4C maçons da Igreja. Ora, no Brasil os maçons sempre tiveram enorme prestígio e influência política. Basta dizer que, naquele momento, o primeiro-ministro do Brasil, Visconde do Rio Branco, era maçom. D. Pedro resolveu então impedir a aplicação da determinação papal no Brasil. Como já estudamos, a Constituição de 1824 estabelecia a vinculação entre o Estado e a Igreja Católica, que se tornava a única religião oficial, es- tabelecendo o Estado uma série de restrições aos outros credos religiosos. Por outro lado, o governo passava a ter uma maior interferência nos assuntos da Igreja, inclusive na sua organização. Os dois ins- trumentos de controle eram o padroado, que dava ao Imperador o poder de nomear padres e bispos, e o beneplácito, que permitia o veto de decisões do Papa no Brasil. A decisão de D. Pedro não foi aceita por todos os prelados. Dois bispos – D. Vital de Oliveira, de Olinda, e D. Macedo Costa, do Pará – resolveram desobedecer ao Imperador e ordenaram que as irmandades de suas dioceses expulsassem os maçons. D. Pedro reagiu à insubordinação e mandou pren- der os bispos. A Igreja protestou veementemente contra esta interferência, e a população, fortemente religiosa, viu com péssimos olhos a atitude do governo. Mesmo o fato de D. Pedro ter anistiado os bispos, pouco tempo depois, não adiantou grande coisa. A confiança entre o Estado e a Igreja estava quebrada... Enfim, o governo ainda teve de enfrentar a Questão Servil: Fica claro por que, para a elite, a escravidão não deveria acabar nunca... Após a saga pelo fim do tráfico, consubstanciada pela Lei Eusébio de Queirós, que contou com sólido apoio inglês, as pressões passaram a ser pela abolição, e agora o empenho não vinha apenas de fora, mas também da classe média – intelectuais, jornalistas, militares –, dos cafeicultores paulistas e, é lógico, dos negros. O governo e a elite escravocrata, porém, resistiam à ideia da abolição, embora não pudessem simplesmente ignorá-la. Tentando ganhar tempo, a elite aprovou leis protelatórias, como foi o caso da Lei Visconde do Rio Branco, que ficou conhecida como Lei do Ventre Livre, tornando livres todos os filhos de negros escravos nasci- dos a partir da data de sua promulgação (1871). Era a certeza do fim da escravidão... a longo prazo! Entretanto, a lei continha algumas “armadilhas” que visavam a garantir o direito de explorar a mão de obra negra até o limite: Parágrafo 1.o – Os ditos filhos menores ficarão em poder e sob autoridade dos senhores e de suas mães, os quais terão a obrigação de criá-los e tratá- -los até a idade de oito anos completos. Chegando o filho da escrava a esta idade, o senhor da mãe terá opção, ou de receber do Estado a indeniza- ção de 600 mil réis, ou de utilizar-se dos serviços do menor até a idade de 21 anos completos. Essa lei criava, também, um Fundo de Emancipação para libertar, anualmente, determinado número de escravos. No final da década de 70 do século XIX, a campa- nha abolicionista intensificou-se. Os defensores do fim da escravidão dividiram-se em moderados – defensores da abolição via solução parlamentar – e radicais – pregavam a participação dos escravos na luta pela abolição. Exemplos da participação dos negros na luta pela abolição não faltaram, como é o caso dos caifases, que estimulavam invasões a fazendas e promoviam fugas em massa. Particularmente para os fazendeiros paulistas, a defesa da abolição es- tava ligada não só aos aspectos econômicos, mas também objetivava evitar o caos provocado por essas ações. No início da década de 80 do século XIX, multipli- caram-se os jornais antiescravistas. Os jangadeiros no Nordeste se recusaram a embarcar ou desembarcar cativos. As províncias do Ceará e do Amazonas, em 1884, libertaram seus escravos. Além de toda a pressão social, a convicção de que a escravidão não era mais econômica motivou a maior parte dessas atitudes. Os cafeicultores do Vale do Paraíba, porém, conti- nuavam resistindo. Em 1885, apesar de seus protestos, foi aprovada a tímida Lei Saraiva Cotegipe,conhecida como Lei dos Sexagenários, que determinava a liber- tação dos negros com mais de 60 anos de idade. Era quase uma piada, até porque, na avidez de explorar o negro o máximo possível, a lei o obrigava a trabalhar por mais três anos após libertado. 14 Semiextensivo Fu n d aç ão B ib lio te ca N ac io n al AGOSTINI, Ângelo. Caricatura. Povo quer libertação. Revista Ilustrada, n. 409, 11 abr. 1885. Em 1887, o exército anunciava publicamente que não perseguiria mais negros fugidos e, consequente- mente, o Estado ficava sem a máquina repressiva para garantir a escravidão. Finalmente, em maio de 1888, a Câmara aprovou lei que aboliu a escravidão. Era a Lei João Alfredo, conheci- da como a Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel. Conde D’Eu, Dom Pedro II, Imperatriz Cristina e Princesa Isabel A lei acabava com a escravidão quando não mais que 5% da população era escrava. Beneficiava os setores mais progressistas, que poderiam agora expandir as formas assalariadas de mão de obra. Os fazendeiros es- cravocratas reclamaram mais da falta de indenização do que da abolição propriamente dita, de resto inevitável. Sentindo-se lesados pelo governo, os fazendeiros do C o le çã o W al d yr d a Fo n to u ra C o rd o vi l P ir es Vale do Paraíba abandonaram o Imperador. Era o último pilar de sustentação da monarquia. A todos os fatores que contribuíram para o iso- lamento de D. Pedro II, somam-se ainda o fato de ser o Brasil a única monarquia da América e também a difícil questão da sucessão: a herdeira do trono, a Princesa Isabel, era casada com um francês, o Conde d’Eu, muito malvisto pelos brasileiros. A proclamação da República? A proclamação começou pelas mãos dos militares, que receberam o apoio da classe média e dos cafeicul- tores. O processo foi tão rápido e sem resistência que o povo nem ficou sabendo. Nas palavras de um proclama- dor, Aristides Lobo: A participação popular foi nula. O povo assistiu a tudo bestializado, pensando tratar-se de uma parada militar. O próprio Império parecia não acreditar que algo pudesse ocorrer, apesar das evidências. No dia 9 de novembro, uma semana antes da proclamação, D. Pedro deu uma grande festa, o baile da Ilha Fiscal, para 4 500 convidados, a um custo de mais de 250 contos de réis. Uma fortuna! As ações antimilitaristas do primeiro-ministro Visconde de Ouro Preto foram o estopim do movimen- to que pôs fim ao Império. Essas ações revoltaram os militares, que, apoiados pelos civis republicanos, come- çaram a organizar efetivamente a queda do governo. No dia 9 de novembro, Benjamin Constant assumiu a organização do movimento contra o Primeiro-Ministro. No dia 10, o marechal Deodoro da Fonseca, embora acamado, aceitou chefiar a conspiração golpista, então marcada para o dia 20. Um boato de que o governo havia determinado a prisão dos militares envolvidos na conspiração, espalhado pelo major Sólon Sampaio, antecipou os acontecimentos para a madrugada do dia 15. Constant e Deodoro dirigiram-se para o Campo de Santana, onde se encontrava o Primeiro-Ministro. As tropas que o pro- tegiam aderiram aos revoltosos. Ouro Preto teve uma áspera discussão com Deodoro, mas, sem alternativa, aceitou a situação. Na praça, muitos militares saudaram a República. Na tarde do dia 15, após breve hesitação de Deodoro, foi proclamada a República. D. Pedro estava em Petrópolis e foi comunicado apenas no dia 16, quando retornou da viagem. No dia 17, com sua família e amigos, partiu para o exílio, na Europa. O país ini- ciou a nova fase sem planos muito claros. “Foi a Monarquia que caiu, não as ideias republicanas que prevaleceram”. Aula 08 15História 4C República da Espada (1889-1894) A Proclamação da República foi resultado de uma combinação nada homogênea: exército, fazendeiros de café do oeste paulista e classe média urbana. Os militares, influenciados pelas ideias positivistas, defendiam um governo forte; os cafeicultores, ao contrário, advogavam o federalismo e a defesa de uma economia marcadamente agroexportadora; a classe média queria desenvolvimento industrial e modernização das cidades. Essa mistura obviamente provocou conflitos e disputas pelo poder. O domínio dos cafei- cultores, no entanto, foi hegemônico; não foi, porém, em momento algum, tranquilo. Fica evidente pela descrição acima que uma coisa que faltava no go- verno republicano era “povo”. A composição elitista que acabou por pre- valecer na República brasileira aprofundou sensivelmente os problemas da população, provocando explosões sociais muito intensas e repressões mais violentas ainda. Didaticamente, denominamos a primeira fase da República brasileira – de 1889 a 1930 – de Primeira República ou República Velha, que por sua vez se divide em dois períodos: República da Espada (1889-1894) e República do Café (1894-1930). Autor Anônimo. Alegoria à Proclamação da República e à Partida da Família Real. Séc. XIX. 1 óleo sobre tela: 82,5 cm × 103 cm. Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, São Paulo. Representação alegórica de Deodoro, entregando a bandeira da República à Nação. O curto período denominado República da Espada deve seu nome ao controle exercido pelos militares, principalmente os marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Como foi o governo de Deodoro? Como se dizia na época, Deodoro da Fonseca, como presidente, foi um ótimo general, pois desejava governar o país como quem comandava um quartel. Dono de um temperamento difícil, intransigente mesmo, Deodoro cercou-se rapidamente de problemas e desafetos, e o seu governo provisório (1889-1891) refletiu esse espírito, sendo marcado por fortes turbulências. As duas crises de maior destaque foram: • Encilhamento: a política econô- mica do primeiro governo repu- blicano, dirigida pelo jurista Rui Barbosa, buscou estimular o de- senvolvimento industrial do país. Para isso, o governo realizou uma reforma bancária, permitindo aos bancos que realizassem emissões de dinheiro, com o objetivo de financiar projetos industriais. Essas mudanças, no entanto, não surtiram o efeito desejado. Pelo con- trário, provocaram forte reação dos cafeicultores e dos ingleses, preocu- pados com seus negócios. Some-se a isso que a injeção de dinheiro no mercado gerou um corre-corre aos bancos de todos os embusteiros e malversadores da cidade, os quais desviaram os recursos e os aplicaram nas bolsas de valores ou nas corridas de cavalos. Rui Barbosa Para quem ache que o Governo Provisório só tomou ati- tudes “desastrosas”, vale ressaltar que, tão logo assumiu, Deodoro adotou medidas importantes para consolidar a alteração do re- gime político do país, tais como: • adoção do federalismo, com a transformação das provín- cias em estados; • extinção do Conselho de Es- tado; • separação entre Igreja e Es- tado; • grande naturalização. Fu n d aç ão M ar ia L u is a e O sc ar A m er ic an o /F o tó g ra fo d es co n h ec id o C âm ar a M u n ic ip al , S al va d o r/ Fo tó g ra fo d es co n h ec id o 16 Semiextensivo A primeira Constituição republicana foi promulgada no dia 24 de fevereiro de 1891. Com influência marca- damente norte-americana, apresentou as seguintes características: Fu n d aç ão C as a d e R u i B ar b o sa /F o tó g ra fo d es co n h ec id o Entrega da pena de ouro, doada pelos ministros e auxiliares, para Deodoro assinar o projeto da Constituição. Palácio do Ita- maraty, junho de 1890. • tipo de Estado federalista. Os estados-membros passaram a gozar de ampla autonomia; • divisão das funções do poder em Legislativo, Execu- tivo e Judiciário. O Poder Moderador foi extinto; • fim da vitaliciedade do Senado. Os senadores – 2 por Estado – seriam eleitos diretamente para mandatos de 9 anos; • estabelecimento do voto universal para maiores de 21 anos, com exceção das mulheres, analfabetos, praças de pré, mendigos e membros de ordens religiosas;• eleição direta para presidente, com exceção da primeira, para um mandato de 4 anos. Cédula de votação das eleições de 1891 No dia 25 de fevereiro, foi realizada a eleição presi- dencial. Deodoro, candidato contra Prudente de Morais, preferido dos cafeicultores, não admitia a derrota, por isso os militares pressionaram os congressistas a votarem no velho Marechal. Pairava no ar a ameaça de fechamento do Congresso. Deodoro acabou sendo eleito, com 129 votos. O vice foi o também marechal Floriano Peixoto. Curioso é que os dois militares não se entendiam. Floriano, na verdade, foi eleito pela chapa de Prudente, pois nessa época a eleição para presidente e vice eram distintas. Então, veja como a primeira eleição para presidente da República foi confusa: além de o Congresso ter sido pressionado a votar em quem não queria, venceu o presidente por uma chapa e o vice por outra. Floriano obteve 153 votos, ou seja, foi mais votado que o presidente e desafeto Deodoro da Fonseca. O chamado Governo Constitucional de Deodoro terminou como começou: em confusão. Sem apoio do Partido Republicano Paulista, hostilizado pelo Congresso e com um ministério medíocre que não o ajudava em nada, Deodoro isolou-se de tal maneira que não conseguiu impor a sua vontade sequer nos menores atos administrativos. Sem alternativa, no dia 3 de novembro de 1891, o presidente fechou o Congresso Nacional, contrariando frontalmente as determinações constitucionais. FIGUEIREDO, Aurélio. Compromisso Constitucional. 1 óleo sobre tela. Museu da República. Posse Constitucional de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto a 26 de fevereiro de 1891, logo após a promulgação da 1a. Cons- tituição Republicana M u se u d a R ep ú b lic a/ Fo tó g ra fo d es co n h ec id o Aula 08 17História 4C As reações não tardaram: a Armada – que era como se chamava a marinha na época –, liderada pelo almi- rante Custódio de Melo, revoltou-se, e o Rio de Janeiro ficou sob a ameaça dos canhões dos navios ancorados na Baía de Guanabara. Para evitar um conflito interno e de consequências imprevisíveis, o marechal Deodoro resolveu renunciar, em 23 de novembro. Assumiu Floriano, com a obrigação de cumprir o dispositivo constitucional que, no artigo 42, determinava: (...) se, no caso de vaga, por qualquer causa, da presidência, não houverem decorrido dois anos do período presidencial, proceder-se-á a novas eleições. O governo Floriano Peixoto (1891-1894) Apoiado pelas forças armadas e pelos cafeicultores paulistas, Floriano declarou sem efeito a dissolução do Congresso Nacional, porém logo depois determinou a ilegal exoneração de todos os governadores dos esta- dos, com exceção do Pará. Floriano foi também pressionado a marcar novas eleições, porém não se intimidou e afirmou o desejo de ficar no cargo até o término do seu mandato. A pressão envolveu inclusive seus colegas de armas. Treze generais assinaram um manifesto, afirmando ser o go- verno Floriano inconstitucional. O presidente simplesmente reformou os generais, impondo-lhes a aposentadoria. A marinha revoltou-se novamente e, mais uma vez, sob o comando de Custódio de Melo. Outros militares aderiram, como o almirante Saldanha da Gama, conheci- do por suas posições monarquistas. Para complicar ainda mais o quadro institucional, agra- vou-se, no Rio Grande do Sul, o conflito conhecido como Revolução Federalista. Fruto de uma luta pelo poder estadual, a revolução opunha dois grupos: os pica-paus, liderados por Júlio de Castilhos, defendiam um governo forte, de inspiração positivista; e os maragatos, chefiados por Silveira Martins, defendiam o parlamentarismo e a autonomia municipal, isso sem contar que formavam, na verdade, uma colcha de retalhos ideológica, unidos pelo desejo de arrebatar o poder de Júlio de Castilhos. O apelido pica-paus dado aos castilhistas era devi- do ao armamento que usavam, enquanto maragatos era um termo pejorativo de origem castelhana, que significava pessoa desqualificada. O conflito, originalmente de natureza regional, aca- bou generalizando-se à medida que Floriano explicitou seu apoio aos castilhistas. Custódio de Melo partiu do Rio de Janeiro, tomou o litoral de Santa Catarina e or- ganizou um governo rebelde com sede em Desterro. Os maragatos avançaram para lá e aliaram-se aos rebeldes da Armada. A oposição juntou suas pontas e ganhou um objetivo comum: derrubar Floriano Peixoto. Após a ocupação de Santa Catarina, os rebeldes con- ceberam um plano para atacar o Paraná em três frentes: Paranaguá, Tijucas e Lapa, concentrando-se em Curitiba, onde organizariam o ataque a São Paulo e, depois, ao Rio de Janeiro. Na Lapa, porém, os rebeldes encontraram inesperada resistência dos florianistas, liderados pelo coronel Gomes Carneiro. Apesar de tomarem a cidade, o Cerco da Lapa, como ficou conhecido, retardou a ação dos maragatos e deu ao presidente tempo para organizar a contraofensiva. Floriano Peixoto aparelhou uma nova Armada – adqui- rindo navios nos Estados Unidos – e desbaratou os rebeldes liderados por Saldanha da Gama. Além disso, organizou suas tropas em São Paulo e as despachou para o Sul, como um rolo compressor sobre os maragatos. A repressão foi violenta e deixou um saldo de mais de 10 mil mortos. Grupo de Federalistas, 1893 B ib lio te ca N ac io n al d o U ru g u ai Em 1894, Floriano anun- ciou a sucessão presidencial. Ao contrário do que dese- javam seus correligionários, nem aventou a hipótese de permanecer no poder, nem a de indicar seu sucessor militar. Abria-se assim espaço para que finalmente as oligar- quias cafeeiras assumissem o controle político do país. Floriano, por sua ação contra a desagregação social e as manifestações saudosistas dos adeptos da monarquia, ficou conhecido como o Consolidador da República. Pela forma brutal de reprimir as revoltas e por seu jeito direto e franco de governar, passou à história como o Marechal de Ferro. Com o término de seu mandato, findava também a República da Espada. Abriam-se alas para os senhores do café! Floriano Peixoto M u se u P au lis ta /F o tó g ra fo d es co n h ec id o 18 Semiextensivo Testes Assimilação 08.01. O Império brasileiro passou por grandes transfor- mações econômicas a partir, principalmente, de meados do século XIX. Qual das seguintes causas de mudanças na estrutura econômico-social do país contribuiu diretamente para a crise da Monarquia? a) Assinatura da Lei Áurea. b) Aprovação da Lei de Terra. c) Promulgação do Código Comercial. d) Financiamento de empresas do Barão de Mauá. e) Instituição das Tarifas Alves Branco. 08.02. (FDS – SP) – No Brasil, a abolição da escravatura a) prescindiu da ação dos escravos, pois sua resistência limitou-se ao período colonial. b) ocorreu de forma abrupta, por decreto do governo, ao contrário dos Estados Unidos. c) foi um processo gradual, que não garantiu a integração plena dos ex-escravos. d) assegurou o imediato direito de voto aos negros, assim como nos Estados Unidos. e) vinculou-se à expansão do capitalismo comercial, em busca de novos mercados. 08.03. (UFRGS) – Leia o segmento abaixo, escrito entre os dias 18 e 19 de maio de 1888. O momento político e social é grave, gravíssimo. Os problemas que nos assediam, a despeito de havermos arredado o trambolho da questão servil, são ainda muito sérios, são da índole daqueles que decidem o futuro de um povo. ROMERO, Sílvio. Prólogo da 1ª edição. In: História da literatura brasileira. Tomo I. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1953. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do enunciado abaixo, na ordem em que aparecem. O trecho faz referência ao contexto de , agravada, entre outros fatores, pela consolidação dos ideais , pela extinção formal do , pelo descontentamento dosem relação ao governo central, culminando com o fim da monarquia no Brasil em 1889. a) crise do Segundo Reinado – republicanos – trabalho escravo – militares b) crise do Primeiro Reinado – parlamentaristas – trabalho escravo – militares c) crise do Segundo Reinado – positivistas – trabalho de imigrantes – liberais d) crise do Primeiro Reinado – republicanos – trabalho escravo – conservadores e) crise do Segundo Reinado – escravistas – parlamentaris- mo – republicanos 08.04. (FUVEST – SP) – O tráfico de escravos africanos para o Brasil a) teve início no final do século XVII, quando as primeiras jazidas de ouro foram descobertas nas Minas Gerais. b) foi pouco expressivo no século XVII, ao contrário do que ocorreu nos séculos XVI e XVIII, e foi extinto, de vez, no início do século XIX. c) teve início na metade do século XVI, e foi praticado, de forma regular, até a metade do século XIX. d) foi extinto, quando da Independência do Brasil, a despeito da pressão contrária das regiões auríferas. e) dependeu, desde o seu início, diretamente do bom sucesso das capitanias hereditárias, e, por isso, esteve concentrado nas capitanias de Pernambuco e de São Vicente, até o século XVIII. 08.05. (UERJ) – A restituição da passagem As famílias chegadas a Santos com passagens de 3ª. classe, tendo pelo menos 3 pessoas de 12 a 45 anos, sendo agricultores e destinando-se à lavoura do estado de São Paulo, como colonos nas fazendas ou estabele- cendo-se por conta própria em terras adquiridas ou ar- rendadas de particulares ou do governo, fora dos subúr- bios da cidade, podem obter a restituição da quantia que tiverem pago por suas passagens. Adaptado de O immigrante, no. 1, janeiro de 1908 A publicação da revista O immigrante fazia parte das ações do governo de São Paulo que tinham como objetivo estimular, no final do século XIX e início do XX, a ida de imigrantes para o estado. Para isso, ofereciam-se inclusive subsídios, como indica o texto. Essa diretriz paulista era parte integrante da política nacional da época que visava à garantia da a) oferta de mão de obra para a cafeicultura. b) ampliação dos núcleos urbanos no interior. c) continuidade do processo de reforma agrária. d) expansão dos limites territoriais da federação. Aula 08 19História 4C Aperfeiçoamento 08.06. (MACK – SP) – Rui Barbosa, quando assumiu a função de ministro da Fa- zenda durante o governo provisório do Marechal Deodoro da Fonseca (1889-1891), pretendeu garantir a independên- cia econômica do Brasil frente ao capitalismo europeu. Para ele, a República somente se consolidaria ... sobre alicerces seguros quando suas funções se firmarem na democracia do trabalho industrial. Sua política financeira, contudo, não foi bem-sucedida, como mostra a charge dada, devido à a) emissão de papel-moeda em larga escala para incentivar o crédito para investidores do setor industrial, o que ge- rou uma política inflacionária, visto que o aumento do meio circulante não foi acompanhado pela elevação da produção interna. b) restrição de crédito para financiamento de novas em- presas, além de cortes no gasto público e aumento dos impostos, o que gerou diversas manifestações, principal- mente no meio do operariado nacional, prejudicado pelo aumento no custo de vida. c) adoção de tarifas alfandegárias protecionistas e es- tímulo às indústrias nacionais visando a aumentar a produção nacional, porém congelou os salários dos trabalhadores e aumentou os gastos na construção de obras públicas. d) realização de uma política financeira anti-inflacionária que buscou equilibrar nossa economia frente aos prejuízos herdados do período monárquico, graças aos vultosos empréstimos externos, realizados para sanar o déficit orçamentário. e) especulação financeira graças à facilidade de créditos concedidos pelo governo, que ao invés de contribuir para a instalação de novas indústrias no país, foram utilizados para saldar as dívidas dos cafeicultores perante os ban- queiros estrangeiros. 08.07. (MACK – SP) – “A partir de hoje, 15 de novembro de 1889, o Brasil entra em nova fase, pois pode-se consi- derar finda a Monarquia, passando o regime francamente democrático com todas as consequências da Liberdade”. Assim se referiu a manchete do jornal carioca Gazeta da Tarde, anunciando a Proclamação da República no Brasil. Pode-se dizer que tal ato a) reforçou as posições conservadoras dos positivistas brasileiros, o que facilitou a ascensão do exército, como liderança do movimento, e auxiliou na decretação de um Estado em bases religiosas e federalistas. b) resultou da conjugação de variados fatores, destacando as insatisfações de grupos militares, camadas médias urbanas e setores latifundiários com os rumos políticos e sociais do Império no Brasil. c) colocou fim à longa crise do Segundo Reinado, con- tribuindo para a emergência do populismo enquanto prática política manipuladora, voltada para a satisfação dos anseios de camadas trabalhadoras urbanas. d) rompeu com a legalidade da sucessão ao trono, uma vez que impediu a ascensão da princesa Isabel, como governante, causando, por sua vez, revoltas populares por todo o país. e) corroborou a busca pela modernização política do Brasil e mostrou-se decisivo para a elaboração de políticas governamentais de inserção dos ex-escravos no mer- cado de trabalho livre. 08.08. (PUCMG) – Segundo o historiador José Murilo de Carvalho, o povo acompanhou bestializado a criação do regime republicano no Brasil. Essa afirmação pode explicar nossa Proclamação da República no Brasil como a) adoção das teses sobre a ordem e o progresso, inspi- radas na revolução norte-americana do século XVIII. b) uma ruptura com os valores liberais, instituídos pelo ideário dos membros do clube militar do Rio de Janeiro. c) um golpe militar ou quartelada, que instaurou novo modelo político nos moldes que tivemos mais tarde em 1964. d) estabelecimento de uma nova ordem social, que pro- movia a igualdade social com base na organização do trabalho. 08.09. (MACK – SP) – Sobre o contexto histórico respon- sável pela proclamação da República não se inclui a) a insatisfação dos setores escravocratas com o governo monárquico após a Lei Áurea. b) a ascensão do exército após a Guerra do Paraguai, passando a exigir um papel na vida política do país. c) a perda de prestígio do governo imperial junto ao clero, após a questão religiosa. d) a oposição de grupos médios urbanos e fazendeiros do oeste paulista, defensores de maior autonomia administrativa. e) o alto grau de consciência e participação das massas urbanas em todo o processo da proclamação da Re- pública. 20 Semiextensivo 08.10. (UDESC) – No Brasil do século XIX, as principais formas de trabalho e os meios de acúmulo de riquezas estavam ligados à posse de escravos. Além da riqueza, ter escravos era sinal de poder e prestígio na sociedade escra- vista. Contudo, após 1850, esse sistema sofreria mudanças e entraria em crise. Analise as proposições sobre o contexto histórico que con- tribuiu para o entendimento da crise do sistema escravista. I. Principalmente nas capitais das províncias passaram a surgir os primeiros movimentos abolicionistas, sendo que em 1880 o abolicionismo representava um amplo movimento social, com o envolvimento de jornais, clubes e comícios, liderado por intelectuais e políticos. Muitos negros e mestiços participaram dessas lutas. II. Com a proibição do tráfico negreiro, o número de escravos, no Brasil, passou a decrescer, consequente- mente o preço dos escravos aumentou, dificultando o atendimento da demanda das grandes fazendas de café e de açúcar. III. Fugas em massa, desobediências e rebeliões de escravos ocorreram por quase toda a região Sudeste no último quartel do século XIX, o que contribuiu para fazer ruir o sistema baseado na propriedade escrava. IV. A crise do sistemaescravista não pode ser dissociada da própria crise do Império no Brasil. Não é por acaso que o decreto que pôs fim à escravidão seria assinado apenas um ano antes do fim do Império e da inauguração do novo regime político: a República. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras. b) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras. c) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras. d) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras. e) Todas as afirmativas são verdadeiras. 08.11. (FGV – SP) – “Heróis são símbolos poderosos, encarnações de ideias e aspirações... São, por isso, instrumentos eficazes para atingir a cabeça e o coração dos cidadãos a serviço da legitimação de regimes políti- cos... Os candidatos a herói não tinham, eles também, profundidade histórica, não tinham a estatura exigida para o papel. Não pertenciam ao movimento da propa- ganda republicana, ativa desde 1870... A busca de um herói para a República acabou tendo êxito onde não o imaginavam muitos dos participantes da proclamação.” CARVALHO, J. M. de, A formação das almas. O imaginário da República no Brasil, São Paulo: Cia das Letras, p.55-57. A escolha e a construção do principal herói da República recaíram sobre a) Deodoro da Fonseca, devido à sua imensa popularidade, por ser um republicano histórico e um ferrenho adversário dos poderes monárquicos. b) Benjamin Constant, líder popular identificado com a causa operária, defensor do positivismo e um representante civil com amplo trânsito entre os militares. c) Duque de Caxias, grande comandante da Guerra do Paraguai, identificado com uma política centralizadora e patrono do Exército brasileiro. d) Bento Gonçalves, presidente da república rio-grandense e principal líder da revolta farroupilha do século XIX, con- siderado o patrono militar do republicanismo no Brasil. e) Tiradentes, militar e republicano transformado em mártir, cuja morte passou a ser associada ao sacrifício de Jesus Cristo. Aprofundamento 08.12. (PUCPR) – “A abolição da escravatura no Brasil, sem uma política de inserção social daqueles trabalha- dores, trouxe uma imensa marginalização social dos afrodescendentes. Afinal, havia uma nova ordem social na qual a referência pelos imigrantes gerou a exclusão do negro do mercado de trabalho, levando-o à miséria e a um tratamento diferenciado. Essa assimetria social – sustentada e reforçada pelo racismo científico do séc. XIX – gerou uma situação lastimável: negros ainda eram oprimidos pelas ideias escravocratas que pareciam não ter realmente desaparecido do contexto.” Kossling, Karin Sant’Anna. Da liberdade à exclusão . Revista “Desvendando a História”, ano 2, no. 10, p. 39. De acordo com o texto: I. A abolição da escravatura em 1888 pela princesa Isabel resolveu a questão de três séculos de exploração, maus- -tratos e sofrimentos. A lei restituiu aos afrodescendentes a dignidade e o direito à cidadania. II. A Lei Áurea emancipou os negros da escravidão sem, contudo, lhes oferecer possibilidades reais e dignas de participação no mercado de trabalho. III. Os afrodescendentes ficaram condenados a exercer um papel subalterno na sociedade, levando-os à miséria. IV. A preferência pelos imigrantes reforçou a tese da igual- dade racial tão propagada no século XIX. Estão corretas: a) I e IV b) II e III c) II e IV d) III e IV e) I e III 08.13. (UNESP SP) – A proclamação da República não é um ato fortuito, nem obra do acaso, como chegaram a insinuar os monarquistas; não é tampouco o fruto inesperado de uma parada militar. Os militares não foram meros instrumentos dos civis, nem foi um ato de indisciplina que os levou a liderar o movimento da manhã de 15 de novembro, como tem sido dito às vezes. Alguns deles tinham sólidas convicções republi- canas e já vinham conspirando há algum tempo [...]. Imbuídos de ideias republicanas, estavam convencidos de que resolveriam os problemas brasileiros liquidando a Monarquia e instalando a República. (Emília Viotti da Costa. Da monarquia à república, 1987.) Aula 08 21História 4C O texto identifica a proclamação da República como resultado a) da unidade dos militares, que agiram de forma coerente e constante na luta contra o poder civil que prevalecia durante o Império. b) da fragilidade do comando exercido pelo Imperador frente às rebeliões republicanas que agitaram o país nas últimas décadas do Império. c) de um projeto militar de assumir o comando do Estado brasileiro e implantar uma ditadura armada, afastando os civis da vida política. d) da disseminação de ideais republicanos e salvacionistas nos meios militares, que articularam a ação de derrubada da Monarquia. e) de uma conspiração de civis, que recorreram aos milita- res para derrubar a Monarquia e assumir o controle do Estado brasileiro. 08.14. Sobre a proclamação da República (1889), é correto afirmar: a) Foi um movimento de caráter estritamente militar, já que os civis não foram “convidados” a participar e apenas conseguiram atingir a presidência após dois governos constitucionais militares: Deodoro e Floriano. b) Os militares tiveram um papel importante tanto na insa- tisfação em relação ao Império quanto na proclamação da República, mas a participação de elites regionais civis foi de fundamental importância para a consolidação do novo regime. c) A participação dos militares no movimento ficou res- trita ao golpe de 15 de novembro, sem exercer grande influência na instituição do novo regime. d) A instituição do novo regime republicano foi fruto de um golpe militar, uma “quartelada” sem a participação das elites civis, mas com apoio da grande massa de ex- -escravos recém-libertada. e) Foi grande a resistência monarquista à proclamação da República, inclusive entre os próprios militares, que não se apresentaram unidos no apoio ao novo regime. 08.15. (PUCRS) – Considere as afirmações abaixo sobre a Proclamação da República no Brasil, em 1889. I. Teve, como uma das suas principais causas, a abolição da escravidão, em 1888, pois essa medida levou a oli- garquia cafeeira e escravocrata carioca, uma das bases de apoio do Imperador, a se sentir traída pela monarquia e abandonar o regime imperial. II. Resultou em profundas alterações estruturais no Brasil, na medida em que a queda da monarquia acarretou a perda de poder da oligarquia cafeeira, que foi alijada do sistema político, em favor da ascensão das classes médias urbanas. III. Teve, como um dos seus principais agentes, o exército brasileiro, que, desde a Guerra do Paraguai, desejava ampliar o seu papel político no Império, o que não era permitido pelo Imperador. IV. Atendeu aos interesses das camadas mais humildes da população brasileira, tendo em vista a impopularidade do Imperador e a tendência de o regime republicano permitir a participação popular no sistema eleitoral recém-implantado. Estão corretas as afirmativas a) I e II, apenas. c) I e III, apenas. e) I, II, III e IV. b) II e III, apenas. d) I, II e IV, apenas. 08.16. (UFRGS) – Leia o seguinte texto. “É um engano supor que o golpe de Estado de 15/11/1889 foi a materialização de um projeto de utopia, lentamente amadurecido por duas décadas de ação republicana. Talvez seja mais prudente su- por que a relevância da propaganda republicana se deve, apenas, ao fato de que se proclamou uma re- pública, que lhe reivindicou como memória.” Fonte: Lessa, Renato. “A invenção republicana”. 1988, p. 38. Levando em consideração o texto acima, analise as seguin- tes afirmativas sobre as motivações e os desdobramentos da proclamação da República no Brasil (15/11/1889). I. Uma das principais causas do golpe foi a insatisfação de diversos segmentos da oficialidade militar, notada- mente de alguns veteranos da Guerra do Paraguai e da “mocidade militar” da Escola Militar da Praia Vermelha. II. Após o golpe, o governo de Deodoro foi extremamente pacífico,
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