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Equipamentos Elétricos - Aula 5

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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Eduardo da Silva 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá, seja muito bem-vindo(a) a esta aula! Nela, veremos algumas 
soluções para proteção de fusíveis, seja para aplicações em média ou alta 
tensão. 
Iremos também estudar um pouco sobre as buchas de passagem, que 
são os equipamentos que permitem fazer a passagem de condutor de um meio 
para outro. Por fim, veremos o que são muflas e como preparar adequadamente 
um cabo para uma terminação. 
TEMA 1 – ELOS FUSÍVEIS E FUSÍVEIS LIMITADORES PRIMÁRIOS 
Fusíveis são dispositivos fundamentais em uma instalação que esteja 
susceptível a um acréscimo repentino da corrente elétrico, também chamado de 
surto de corrente. Quando ocorre um curto-circuito a corrente pode ser tão 
elevada a ponto de danificar a isolação de cabos, transformadores e demais 
equipamentos, gerando um efeito em cascata e provocando diversas 
consequências. Por isso, a preocupação em proteger o sistema contra surtos é 
enorme, muitos dos equipamentos que vimos até aqui tem esse objetivo. 
1.1 Elo fusível 
O elo fusível é um dispositivo comum a muitos equipamentos elétricos de 
proteção contra surtos, e geralmente está inserido em um cartucho ou porta-
fusível. O seu funcionamento está baseado na ruptura por aquecimento do 
material, também chamado elemento fusível. Ao ser atravessado por uma 
elevada corrente elétrica, o material aquece até o ponto de fusão, rompendo-se 
e interrompendo o circuito ao qual estava conectado. 
O elemento fusível é composto por um material condutor de baixo ponto 
de fusão, que não sofra alterações mecânicas e elétricas, de modo que ele fique 
inserido em série no circuito e seja capaz de conduzir as correntes nominais do 
circuito. O material mais utilizado para essa aplicação é uma liga de estanho, 
que se funde a aproximadamente 230 ºC. Apenas para referenciar o ponto de 
fusão, o cobre se funde em torno de 1080 ºC, por isso é necessário que o 
material atue com menor tempo. 
 
 
3 
Dentre as aplicações dos elos fusíveis está o elo fusível de botão, assim 
chamado por ter em uma das suas extremidades um botão metálico responsável 
pela sua fixação no porta-fusível. Outra aplicação do elo fusível é o chamado elo 
fusível de argola, por conta da forma das suas extremidades. Ambos os tipos 
são mostrados na Erro! Fonte de referência não encontrada. e sua estrutura 
é composta por três partes básicas. 
Figura 1 – Exemplos de elos fusíveis de botão e argolas 
Fonte: Delmar, 2006. 
• Elemento fusível: é feito por uma liga de estanho e é projetado para 
suportar um determinado valor de corrente elétrica, devendo se romper 
com a passagem de uma corrente muito elevada. Os valores de corrente 
nominal dependem de suas dimensões, e variam de 0,5 A até 500 A, 
sendo que para correntes acima de 150 A podem ser utilizados fusíveis 
em paralelo. 
• Tubinho: tem por objetivo promover proteção ao elemento fusível contra 
agentes externos e também promover sua isolação. O material utilizado é 
do tipo isolante e ainda deve auxiliar na extinção do arco elétrico formado 
no momento da ruptura do elemento fusível. 
 
 
4 
• Cordoalha ou rabicho: é o condutor utilizado para conectar o elemento 
fusível às argolas das suas extremidades. A corrente nominal conduzida 
irá definir o diâmetro do rabicho, que pode ser de 4 mm para correntes de 
1 A a 50 A, ou 6,5 mm, de 65 A até 100 A, ou ainda 9,5 mm para a faixa 
de 140 A a 200 A. 
Figura 2 – Partes de um elo fusível de argolas 
Fonte: Mamede Filho, 2013. 
Os elos fusíveis de argolas costumam ser instalados ao tempo, junto aos 
transformadores de baixas potências, sendo que uma das suas argolas fica 
conectada à linha e a outra na bucha do transformador. Os terminais de fixação 
do elo fusível ficam separados por um corpo isolante, e são tensionados por uma 
mola de pressão, como pode ser visto na Figura 3. Por isso, o material do rabicho 
deve ser altamente flexível, para atuar corretamente no ato da ruptura e ainda 
devem suportar um esforço mínimo de 5 kg sem que haja deformação mecânica. 
Figura 3 – Exemplo de aplicação do elo fusível de argolas 
Fonte: Mamede Filho, 2013. 
 
 
5 
Já o elo fusível de botão é instalado dentro de um cartucho ou porta-
fusível, amplamente utilizado na rede primária de distribuição como parte 
integrante das chaves fusíveis. Também possui aplicações na proteção de 
bancos de capacitores. 
O porta-fusível ou cartucho, também popularmente conhecido como 
canela (Figura 4), é feito por um tubo de fenolite dotado de um revestimento 
interno que, sob a altas temperaturas, libera gases que auxiliam na extinção do 
arco elétrico. É um dos principais elementos da chave fusível, usado na rede 
primária de distribuição, pois além de comportar o elo fusível, é a parte ativa da 
chave. Quando ocorre a atuação da chave fusível, o cartucho se desconecta da 
rede e fica suspenso pelo ponto de articulação, indicando para a equipe de 
manutenção o local da interrupção da linha. 
Figura 4 – Exemplo de um porta-fusível utilizado em uma chave fusível de média 
tensão 
Fonte: Mamede Filho, 2013. 
Como vimos, o elemento fusível se funde quando atinge uma determinada 
temperatura, ocasionada por uma elevação da corrente nominal. Esse acréscimo 
da corrente pode ser sutil, ou seja, um pouco acima da corrente nominal, ou 
muito alta, quando ocorre um curto-circuito, por exemplo. Desse modo, os elos 
fusíveis podem ser classificados quanto ao tempo de atuação, em função da 
corrente conduzida. As curvas corrente × tempo são dadas pelo fabricante do 
elo fusível. 
 
 
6 
• Elo fusível tipo H: é dedicado para correntes inferiores a 5 A e são 
chamados de alto surto, ou seja, possui ação lenta para altas correntes. 
Esse tipo costuma ser utilizado na proteção do lado de média tensão, ou 
seja, no primário dos transformadores de distribuição. 
• Elo fusível tipo K: esse é o tipo mais usado para a proteção de 
equipamentos e ramais das redes aéreas de distribuição, por ser de 
atuação rápida e uma larga faixa de valores corrente X tempo, variando 
entre 0,5 A e 200 A. 
• Elo fusível tipo T: é semelhante ao tipo H, também considerado de 
atuação lenta, porém com maiores capacidades de correntes nominais, 
variando entre 0,5 A e 200 A. 
1.2 Fusíveis limitadores primários 
Diferentemente do elo fusível, um fusível limitador primário, ou limitador 
de corrente, é comumente acoplado a um seccionador interruptor, manual ou 
automático, com objetivo de proteger transformadores de potência, ou ainda na 
substituição de disjuntores de uma pequena subestação de consumidor. 
Do ponto de vista do custo, se comparado a um disjuntor, sem dúvidas o 
fusível limitador representa uma solução muito interessante, mas essa relação 
custo × benefício torna-se ainda melhor quando a aplicação é em circuitos de 
média tensão. Isso porque a principal característica do fusível limitador é a sua 
ótima capacidade de interromper altas correntes em um tempo muito curto. 
Como tem uma elevada capacidade de ruptura, esse equipamento pode 
ser aplicado em sistemas cuja corrente de curto-circuito é muito alta, além disso, 
pode ser usado de forma abrigada ou ao tempo, dependendo apenas do 
seccionador associado. Em geral, um fusível limitador primário possui um corpo 
de porcelana vitrificada ou esmaltada, que abriga um invólucro interno no qual 
estão localizados o elemento fusível, a mola de acionamento e o percursor, como 
mostra a Figura 5. 
 
 
 
7 
Figura 5 – Detalhes construtivos de um fusível limitador primário 
Fonte: Mamede Filho, 2013. 
Nas extremidades do corpo de porcelana, estão os contatos para fixação 
em uma base que será acoplada à seccionadora, como mostram a Figura 6 e a 
Figura 7. 
Figura 6 – Base e fusível limitador 
Fonte: Solarson (S. d.). 
 
 
 
8 
Figura 7 – Chaveseccionadora trifásica com fusíveis limitadores de corrente 
Fonte: Mamede Filho, 2013. 
Esses fusíveis são de larga aplicação, em geral com valores que variam 
de 0,5 A a 315 A. Apresentam duas tensões nominais (𝑉𝑎/𝑉𝑏): a primeira (𝑉𝑎) 
indica a operação em condições normais; já a segunda, (𝑉𝑏), é em sobretensão 
permanente, como mostra a Tabela 1. 
Tabela 1 – Características físicas e elétricas dos fusíveis limitadores. 
 
Tensão nominal (𝑽𝒂/𝑽𝒃)[kV] 
3 / 3,6 6 / 7,2 10 / 12 15 / 17,5 20 / 24 30 / 36 
Tipo 1 2 4 1 2 4 2 3 4 2 4 5 2 4 5 5 
Corrente [A] 160 200 250 63 200 315 200 250 315 160 250 250 63 200 200 63 
Dimensões 
(AxB) [mm] 
 
1 2 3 4 5 
225x192 325x292 400x367 475x442 570x537 
Fonte: Adaptado de Mamede Filho, 2013. 
 
 
 
9 
TEMA 2 – CHAVE FUSÍVEL INDICADORA UNIPOLAR 
A chave fusível tem um destaque especial, por ser responsável pela 
proteção de sobrecorrentes nas redes aéreas de distribuição ou em pequenas 
subestações de consumidor. 
A importância desse equipamento está relacionada à sua rápida atuação, 
capacidade de interrupção e baixo custo, se comparada aos demais dispositivos 
que oferecem essa proteção, como disjuntores e religadores. O seu uso é 
padronizado pela norma NBR 8124 – Chave Fusível de Distribuição , que servirá 
de base para o seu dimensionamento. 
2.1 Características construtivas 
Com relação à estrutura construtiva das chaves fusíveis, existem algumas 
variações de acordo com a aplicação, mas podemos salientar as principais 
partes desse tipo de equipamento. 
• Isolador: É responsável pela isolação entre os terminais da fonte e da 
carga e podem apresentar diferentes formas. O mais comum ainda é o de 
corpo único, mostrado na Figura 8, feito de porcelana vitrificada e bastante 
utilizado em sistemas cuja corrente nominal é abaixo de 200 A. 
Para aplicação em subestações com tensões mais elevadas, utiliza-se os 
isoladores do tipo pedestal. O número de elementos pode variar em função da 
tensão, a Figura 9 mostra um exemplo de uma chave fusível para tensão entre 
88 e 138 kV. 
 
 
 
10 
Figura 8 – Partes de uma chave fusível com isolador de corpo único 
Crédito: Xfilephotos/Shutterstock. 
Figura 9 – Exemplo de aplicação de uma chave fusível com isolador do tipo 
pedestal 
Crédito: Step/Shutterstock. 
 
Corpo 
isolante 
Articulação 
Terminal 
de carga 
Porta-fusível 
Olhal para 
manobra 
Guia para o 
porta-fusível 
Contato superior 
Terminal 
de fonte 
Suporte de 
fixação 
Porta-fusível 
Isolador pedestal 
 
 
11 
• Câmara de extinção de arco 
As chaves fusíveis fazem partes do grupo de equipamentos usados para 
interromper um circuito elétrico, porém sua manobra deve ser sem carga. Apesar 
disso, em algumas situações se faz necessária a abertura do circuito com 
corrente nominal, provocando um arco elétrico entre os seus terminais. Para 
essa operação existem as chaves munidas de uma câmara de extinção de arco 
que desvia a corrente do terminal da chave para um contato auxiliar no interior 
da câmara, como mostrado na Figura 10. 
Como solução alternativa, para abertura de chaves fusíveis em carga que 
não possuem câmara de extinção de arco, utiliza-se uma ferramenta conhecida 
como load buster, Figura 11. Esse dispositivo é acoplado na ponta da vara de 
manobra e a sua função é permitir que a desconexão entre o terminal da fonte e 
o porta-fusível ocorra sem a existência de arco. Isso se dá porque o load buster 
passa a conduzir a corrente do circuito temporariamente e a extinção do arco 
ocorre no seu interior, protegendo os contatos da chave e garantindo maior 
segurança ao profissional que realiza a manobra. 
Figura 10 – Exemplo de uma chave fusível para abertura em carga 
Fonte: Delmar, 2012. 
 
 
 
12 
Figura 11 – Exemplo de manobra feita sob carga utilizando a ferramenta load 
buster 
Fonte: S&C, 2010. 
• Articulação 
O contato entre o terminal da fonte o a parte superior do porta-fusível se 
dá pela pressão de uma mola, posicionada na extremidade superior da chave. 
Na parte inferior, a cordoalha é fixada mantendo o elo fusível tensionado no 
interior do cartucho. Quando ocorre a fusão do elemento fusível, esse sistema 
sofre um relaxamento e o porta-fusível se desprende da parte superior e faz um 
movimento de giro para baixo, de aproximadamente 150º, no ponto de apoio da 
articulação, como mostra a Figura 12. A posição final do porta-fusível (caído) 
indica à equipe de manutenção o ponto de interrupção do circuito. 
 
 
 
13 
Figura 12 – Movimento de abertura da chave fusível 
Crédito: 1st Step/Shutterstock. 
• Porta-fusível: essa parte da chave já foi descrita anteriormente, no item 
1.1, Figura 4. 
TEMA 3 – BUCHAS DE PASSAGEM 
As buchas de passagem são amplamente utilizadas em instalações de 
todas as faixas de tensão. Sua aplicação é necessária para isolar o ponto de 
transição entre dois ambientes distintos, para a passagem de um condutor. 
Em algumas instalações, como subestações de cabines primárias, é muito 
comum que alguns equipamentos fiquem instalados dentro de um abrigo de 
alvenaria separado por cubículos com funções específicas. 
Para cada travessia entre as paredes externas ou entre os cubículos, se 
usa buchas de passagem para garantir a isolação daquele ponto, como mostra 
a Figura 13. 
 
 
 
14 
Figura 13 – Exemplo de aplicação de uma bucha de passagem em uma parede 
de alvenaria 
3.1 Características construtivas 
As buchas de passagem podem ser instaladas na posição horizontal, 
vertical ou inclinada e, de modo geral, são feitas de um corpo isolante de 
porcelana vitrificada com um furo passante longitudinal, no qual é inserido um 
vergalhão maciço de cobre eletrolítico ou alumínio. O ponto de passagem é 
definido por uma flange, normalmente aterrada, usada para fazer a fixação da 
bucha, ao passo que nas extremidades são adicionados os terminais de contato. 
Quanto ao método construtivo das buchas de passagem, existem duas 
técnicas distintas que se dão pelo controle do campo elétrico no corpo isolante. 
A passagem de corrente elétrica por um condutor cilíndrico faz com que surja ao 
seu redor um campo elétrico. As linhas de campo são circulares e concêntricas 
ao condutor, de modo que sua intensidade decai com o quadrado da distância 
do material condutor, como ilustrada a Figura 14. 
 
 
 
15 
Figura 14 – Ilustração das linhas de campo elétrico (𝐸) para um condutor 
cilíndrico 
Uma bucha convencional não possui qualquer elemento com o objetivo 
de fazer o controle das linhas de força resultantes do campo elétrico, isso porque 
a maioria das suas aplicações é em subestações industriais e em equipamentos, 
cujo nível de tensão é mais baixo, e o seu efeito é desprezível. 
Nas extremidades de um condutor ou em pontos de conexão, por 
alteração na forma do material, as linhas de campo são distorcidas, provocando 
um espalhamento delas. Quando a intensidade do campo é alta e as linhas estão 
próximas a um ponto aterrado – ou seja, de potencial zero – a tensão provocada 
ali pode ionizar o ar, provocando descargas visíveis e estalos; chamamos esse 
fenômeno de efeito corona. Como consequência desse efeito, podemos destacar 
as perdas de energia e o desgaste prematuro dos isoladores. 
Por isso, para aplicações com tensão elevada, a bucha é construída em 
camadas concêntricas feitas de material semicondutor, a partir de elemento 
condutor. Desse modo, as linhas de força ficam uniformemente distribuídas e 
assim evita-se a ionização do ar no ponto de contato com a flange. Esse tipo de 
bucha é chamado de bucha capacitiva, pelo fato de formar lâminas carregadas 
em seu material e a sua capacidade de condensar essas cargas. 
Na Figura 15 são ilustradas as linhas de força para uma bucha 
capacitiva (a), na qual percebemos que há uma distribuição uniforme mais 
próxima do ponto de fixação da flange, devido às camadas de material 
semicondutor representadaspelas linhas cheias. 
16 
Isso faz com que a intensidade do campo próximo à flange seja menor e 
não seja capaz de ionizar o ar. Já na bucha convencional (b), não há o controle 
das linhas de força, fazendo com que o campo seja intenso próximo à flange. 
Figura 15 – Ilustração das linhas de força para uma bucha capacitiva (a) e para 
uma bucha convencional (b) 
 (a) (b) 
3.2 Tipos de uso 
As buchas são utilizadas para realizar a passagem de um condutor de um 
ambiente para outro, podendo ser esses ambientes cubículos de alvenaria ou 
metálicos e equipamentos como transformadores, por exemplo. Sendo assim, as 
buchas são classificadas de acordo com o ambiente de uso. 
• Para uso exterior
Esse tipo de bucha é usado em casos especiais, nos quais é necessário
separar dois ambientes que estejam expostos ao meio exterior. Um exemplo 
disso é um sistema de alimentação de transformadores que fica separado por 
uma barreira corta-fogo. 
 
 
17 
Figura 16 – Bucha de passagem para uso exterior 
Fonte: Mamede Filho, 2013. 
• Para uso interior 
Essa bucha é de larga aplicação em subestações de potência e em 
cabines primárias, quando se deseja fazer a passagem entre cubículos 
adjacentes de uma instalação abrigada. Esse tipo de bucha, por ser feito de 
porcelana vitrificada ou de resina epóxi. 
Figura 17 – Bucha de passagem para uso interior 
Fonte: Adaptado de Mamede Filho, 2013. 
• Para uso interior-exterior 
Em uma subestação de alvenaria com um ramal de ligação aéreo, é 
necessário que o sistema de alimentação externo adentre o ambiente abrigado 
por meio de buchas de passagem. Nesse caso, a bucha tem um dos terminais 
exposto ao tempo, no ambiente externo, e o outro terminal abrigado. 
 
 
 
18 
Figura 18 – Bucha de passagem para uso interior-exterior 
Fonte: Adaptado de Mamede Filho, 2013. 
• Para uso em equipamentos 
O utilidade desse tipo de bucha é fazer a passagem do meio externo ao 
interior de um equipamento. São geralmente utilizadas em transformadores, 
disjuntores a óleo, reguladores e religadores. Nessas aplicações, um terminal 
fica interno ao equipamento e o outro terminal fica exposto, sendo equivalente 
ao tipo interior-exterior. 
As buchas apresentam características elétricas em função das suas 
dimensões, como mostra a Tabela 2. 
Tabela 2 – Características físicas e elétricas das buchas de passagem 
 Dimensões [mm] 
Corrente 
nominal [A] 
Tensão [kV] A B C 
400 
15 245 300 135 
25 311 340 135 
36 394 440 154 
Fonte: Mamede Filho, 2013. 
Como as buchas servem de interface para a passagem de corrente de um 
ambiente a outro, muitas vezes são equipadas com acessórios como 
transformadores de corrente e chifres para auxiliar na proteção contra surtos. 
 
 
 
19 
Figura 19 – Exemplo de buchas de transformador com chifres para disrupção 
Crédito: Wichien Tepsuttinun/Shutterstock. 
TEMA 4 – MUFLAS TERMINAIS E TERMINAÇÕES 
Em instalações de média e alta tensão, cada ponte de conexão como 
emendas e terminais deve ser devidamente isolada para evitar problemas de 
campo elétrico. 
Para condutores nus, umas das formas de fazer a isolação em pontos de 
apoio como torres ou postes é por meio de isoladores de apoio ou suspensão, 
mas para condutores isolados a preocupação é manter o nível de isolamento nas 
terminações. Desse modo, é fundamental que cabos isolados sejam preparados 
com o uso de dispositivos adequados, para que o efeito do campo elétrico não 
provoque danos à isolação. 
Dessas condições surgem a necessidade de uso de muflas ou 
terminações. As instalações mais antigas utilizavam muflas feitas de porcelana 
vitrificada com enchimento feito com fitas de material elastomérico semicondutor, 
que as tornavam bastante eficientes. Porém, os custos e o tempo necessário 
para uma manutenção de emergência tornam essa solução inviável para os 
tempos de hoje. 
 
 
 
20 
Figura 20 – Detalhes de uma mufla de porcelana para cabos de média e alta 
tensão 
Fonte: Adaptado de Mamede Filho, 2013. 
Atualmente, as terminações são feitas de silicone contrátil, que pode ser 
aplicado a quente ou a frio; além disso, possuem opções para cabos 
monopolares ou tripolares. Esse tipo de terminação tem se mostrado uma ótima 
opção, devido à facilidade de aplicação e baixo custo. 
A Figura 21 apresenta um exemplo de terminação monopolar para a 
conexão com as buchas de um transformador, já na Figura 22 podemos ver um 
exemplo de terminação tripolar para a ligação de um motor trifásico. 
Assim como as buchas de passagem, as terminações podem ter 
características distintas em função do local de instalação, interno ou externo. Já 
vimos como o campo elétrico se manifesta e como pode ser danoso aos 
materiais isolantes, especialmente nas extremidades e conexões dos 
condutores. 
Um cabo isolado de média ou alta tensão é composto por diversas 
camadas e cada uma possui uma função específica; em seguida, vamos agora 
entender dois fenômenos importantes que podem ocorrer em terminações. 
 
 
 
21 
Figura 21 – Exemplo de terminação utilizada em cabos monopolares em um 
transformador 
Crédito: Rachenstocker/Shutterstock. 
Figura 22 – Exemplo de terminação utilizada em cabo tripolar para ligação de 
um motor trifásico 
Crédito: Rachenstocker/Shutterstock. 
 
Terminal 
de linha 
Terminação de silicone 
Saia 
Terminação de silicone 
Malha de aterramento 
Terminal de linha 
Caixa metálica 
 
 
22 
O primeiro deles se chama flash over. Recebe esse nome porque ocorre 
a emissão de luz decorrente da ionização do ar que está ao redor do cabo, devido 
à formação de um arco elétrico entre o condutor e a malha de blindagem 
metálica, como mostra a Figura 23. Esse fenômeno ocorre com mais frequência 
em instalações próximas à orla marítima ou em ambientes onde há partículas 
condutoras em suspensão, típico de fábricas de cimento e siderúrgicas, devido 
à poluição provocada por processos industriais. 
Figura 23 – Ilustração do fenômeno flash over em cabos isolados 
Fonte: Adaptado de Mamede Filho, 2013. 
O segundo efeito que provoca danos graves à isolação é o chamado 
tracking, que, assim como no caso anterior, é agravado pela poluição. O 
fenômeno ocorre devido à circulação de uma corrente de fuga que atravessa a 
camada entre o condutor e a blindagem. Essa corrente provoca “trincas” no 
material isolante, formando caminhos em forma arborescente, como mostra a 
Figura 24. 
Figura 24 – Ilustração do fenômeno tracking em um cabo isolado 
Fonte: Adaptado de Mamede Filho, 2013. 
Desse modo, as terminações são equipadas com um tubo de controle do 
campo elétrico para suprimir a formação de arco, e uma camada adicional de 
material isolante que funciona como anti-tracking, como mostra a Figura 25. 
 
 
 
23 
Figura 25 – Vista interna de uma terminação termocontrátil 
Fonte: Mamede Filho, 2013. 
TEMA 5 – PREPARAÇÃO E MONTAGEM DE UM CABO CONDUTOR 
Para aplicação de uma mufla ou terminação, um cabo deve ser 
cuidadosamente preparado. De modo geral, os fabricantes das terminações 
entregam um kit completo com os acessórios necessários para a aplicação, 
juntamente com um manual de instalação. 
Apesar de haver algumas particularidades de cada fabricante, o 
procedimento de preparação segue uma sequência muito similar, seja para uma 
aplicação a quente ou a frio. Além do manual fornecido pelos fabricantes, é 
comum que as concessionárias de energia do país adotem um Manual de 
Instruções Técnicas (MIT) para que seus funcionários e operadores terceirizados 
sigam como padrão de procedimento. 
Portanto, a partir de agora iremos ver uma sequência de passos para a 
preparação de um cabo de média tensão como exemplo de aplicação de uma 
terminação. 
As etapas descritas estão baseadas nas instruções do MIT da Companhia 
Paranaense de Energia (COPEL), Montagem de Terminações para Cabos 
Isolados 400 mm2 12/20 kV – Saídas de Subestações. As normas que sustentamessas instruções são: NBR 14039 e NBR 9511. 
5.1 Distâncias de corte 
Para essa etapa, é necessário consultar o manual do fabricante para 
identificar as medidas A, B, C e D. 
 
 
24 
Figura 26 – Disposição geral dos cortes das camadas 
Fonte: Copel, 2011. 
Conhecendo as medidas, deve-se fazer a limpeza da área sempre antes 
de cada corte, então fazer a marcação do corte com uma fita isolante. Utilizando 
um canivete, estilete ou uma ferramenta específica de cortes, fazer o corte, 
sempre tomando cuidado para não cortar além da camada desejada. 
• 1º passo – remoção da camada protetora: fazer um corte circular na borda 
da fita de marcação e depois fazer cortes longitudinais para a retirada das 
tiras da capa até remoção total. 
Figura 27 – Remoção da camada protetora 
Fonte: Copel, 2011. 
• 2º passo – remoção da camada semicondutora: assim como na etapa 
anterior, remover em tiras a camada semicondutora. É importante 
salientar que essa é uma camada fina, e deve-se cortar apenas 75% da 
espessura e remover terminando de rasgar o restante. Utilizar um alicate 
de bico para auxiliar nessa etapa. 
 
 
 
25 
Figura 28 – Remoção da camada semicondutora 
Fonte: Copel, 2011. 
• 3º passo – remoção da camada isolante: após a retiradas das camadas 
anteriores, dobrar os condutores da blindagem metálica paralelos aos 
cabos e igualmente espaçados e prender com fita isolante. Após isso, 
marcar o corte da camada isolante na extremidade do cabo, de acordo 
com as medidas do fabricante, e limpar o material condutor para remover 
possíveis sobras de material semicondutor. 
Figura 29 – Remoção da camada isolante 
Fonte: Copel, 2011. 
5.2 Aplicação do terminal ou conector 
De acordo com a seção do condutor, a fixação do terminal pode ser feita 
por dois métodos distintos. O terminal prensado ou crimpado requer o uso de um 
alicate especial para a fazer a prensagem, já o terminal torquimétrico utiliza 
parafusos especialmente projetados para se romper quando o torque adequado 
for aplicado. 
Para cabos de tensão elevada, a camada de isolação pode ser bastante 
espessa, e por isso deixar um degrau em relação ao conetor. Assim, é 
necessário fazer um corte inclinado chamado “ponta de lápis”. Feito isso, deve-
se colocar e prensar o terminal e, por fim, lixar a ponta de lápis. 
 
 
26 
Figura 30 – Preparação e aplicação do terminal prensado 
Fonte: Copel, 2011. 
5.3 Preparação da malha de aterramento 
Os fios da blindagem metálica devem ser presos por uma fita 
emborrachada, para evitar a entrada de umidade pela parte inferior da 
terminação. Depois disso, deve-se unir todos os fios em forma de uma trança 
para aplicar o terminal para o aterramento. 
Figura 31 – Preparação da malha de aterramento 
Fonte: Copel, 2011. 
Para evitar a concentração de campo nos degraus entre as camadas, usar 
duas camadas de fita semicondutora cobrindo parte da blindagem e da isolação. 
No final dessa parte, deve-se lixar bem a camada de isolação para garantir que 
não ficaram resíduos da camada semicondutora. Por fim, limpar bem a área 
utilizando o pano com o solvente incluído no kit e secar tudo usando papel. 
 
 
 
27 
Figura 32 – Aplicação da fita semicondutora e limpeza 
Fonte: Copel, 2011. 
5.4 Montagem do corpo da mufla 
A mufla ou terminação de aplicação a frio é feita de um material contrátil, 
e é mantida na posição estendida, ou seja, com a cavidade interior aumentada, 
com o auxílio de uma fita plástica em forma de espiral. Conforme essa fita é 
retirada, o corpo da mufla se adapta ao cabo previamente preparado. 
Figura 33 – Aplicação do corpo da mufla a frio 
Fonte: Copel, 2011. 
Para a finalização do procedimento e para a garantia da proteção contra 
umidade na parte superior da terminação, utiliza-se quatro camadas de tiras de 
silicone, que devem ser aplicadas sem tensão, ou seja, sem esticar, e a 
aplicação deve começar do terminal até sobrepor o corpo da mufla em 2,5 
centímetros. 
 
 
28 
Figura 34 – Aplicação da fita de silicone contra umidade 
Fonte: Copel, 2011. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, vimos algumas formas de combater as correntes de surto com 
os fusíveis, e também aprendemos como é importante o controle do campo 
elétrico em conexões e terminações. Por falar em terminações, vimos um 
passo a passo completo da preparação de um cabo para receber uma mufla. 
 
 
 
29 
REFERÊNCIAS 
COPEL. Manual de Instruções Técnicas – MIT. Módulo 09: Montagem de 
Terminações para Cabos Isolados 400 mm2 12/20 kV – Saídas de 
Subestações. 2011. 
DELMAR. Elos fusível de distribuição modelo “H”, “K”, “T”, “EF” e “Olhal”. 
2006. Disponível em: <http://hubbellpowersystems.com.br/PDF/ELOS.PDF>. 
Acesso em: 3 abr. 2020. 
_____. Chave fusível abertura em carga modelo “DHC-C”. 2012. Disponível 
em: <http://www.delmar.com.br/pdf/dhc-c.pdf>. Acesso em: 3 abr. 2020. 
MAMEDE FILHO, J. Manual de equipamentos elétricos. 
Rio de Janeiro: LTC, 2013. 
S&C. Cortacircuitos fusible. 2010. Disponível em: 
<https://www.sandc.com/globalassets/sac-
electric/documents/sharepoint/documents---all-documents/boletin-descriptivo-
351-30s.pdf?dt=637202347459391993>. Acesso em: 3 abr. 2020. 
SOLARSON. 24kV HV HRC fuse for transformer protection. [s. d.]. Disponível 
em: <http://www.aidunelectric.com/24KV-HV-HRC-Fuse-for-Transformer-
Protection-pd71100377.html>. Acesso em: 3 abr. 2020. 
http://hubbellpowersystems.com.br/PDF/ELOS.PDF

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