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JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 APS – DIREITO PROCESSUAL PENAL – 6º SEMESTRE 2020.1 PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM O PROCESSO PENAL Nome: José Weliton Pessoa Setubal RA: 1780488 Turma: 003206C02 APS – Processo Penal – Professor Eduardo Sorrentino. 1 – APS – DIREITO PROCESSUAL PENAL – 6º SEMESTRE 2020.1 1- AMPLA DEFESA 2 - RHC 108.070, rel. min. Rosa Weber, j. 4-9-2012, 1ª T, DJE de 5-10-2012 3 - A essência do processo penal consiste em permitir ao acusado o direito de defesa. O julgamento in absentia fere esse direito básico e constitui uma fonte potencial de erros judiciários, uma vez que o acusado é julgado sem que se conheça a sua versão. Julgamento in absentia propriamente dito ocorre somente quando o acusado não é, em nenhum momento processual, encontrado para citação, sendo esta então realizada por edital, fictamente, e não PRINCÍPIOS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS SUMÁRIO 11 quando o acusado, citado pessoalmente, escolhe tornar-se revel. O art. 420 do CPP, com a redação determinada pela Lei 11.689/2008, não viola a ampla defesa; pois, ainda que procedida a intimação ficta por não ser o acusado encontrado para ciência pessoal da pronúncia, o ato foi precedido por anterior citação pessoal após o recebimento da denúncia, ainda na fase inicial do processo. A norma processual penal aplica-se de imediato, incidindo sobre os processos futuros e em curso, mesmo que tenham por objeto crimes pretéritos. O art. 420 do CPP, com a redação determinada pela Lei 11.689/2008, como norma JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 processual, aplica-se de imediato, inclusive aos processos em curso, e não viola a ampla defesa. 4 - TEXTO DESCRITIVO O julgado acima tratou do princípio constitucional da ampla defesa. No qual o acusado impetrou um recurso ordinário em habeas corpus interposto por José Júlio de Carvalho contra acórdão denegatório do Superior Tribunal de Justiça, proferido no HC 171.818/RJ, de relatoria do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Conforme consta dos autos, o recorrente foi denunciado, em conjunto com o coacusado, pela suposta execução dos crimes de homicídio qualificado e de lesão corporal que foram cometidos contra as vítimas Floriano Marques de Rodrigues e Maria de Jesus Gonçalves Marques Rodrigues, respectivamente, ocorreu a decretação da prisão preventiva do Recorrente. O recorrente foi citado pessoalmente e interrogado. Após, foi concedida a liberdade provisória. Entretanto, com a introdução da pronúncia, o Recorrente não foi localizado para intimação pessoal da decisão e, em razão da legislação vigente à época, a diligência permaneceu sobrestado. Decretada, contudo, a prisão preventiva do recorrente. Com a introdução da Lei nº 11.689, de 2008, que deu nova redação ao art. 420 do CPP, o processo retomou o seu curso e o recorrente foi intimado por edital da decisão de pronúncia, sendo esse o objeto do recurso ordinário. O tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro negou provimento ao Recurso em Sentido Estrito interposto pelo Recorrente e, na mesma oportunidade, afirmou a extinção de sua punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva estatal no que se relaciona ao delito tipificado no art.129 do CP. Logo em seguida, a defesa impetrou habeas corpus ao STJ, que denegou a ordem, o presente recurso ordinário em habeas corpus. JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 A defesa busca a nulidade da intimação da pronúncia por edital, argumentando- se ser inválido aplicar o regramento da Lei nº 11.689/2008 aos processos por crimes cometidos anteriores ao advento da leia, por se tratar de norma processual com efeitos penais, não houve pedido de liminar. A exímia doutrinadora Doró expõe a respeito do respectivo princípio: “Essa ampla defesa compreende conhecer o completo teor da acusação, rebatê-la, acompanhar toda e qualquer produção de prova, contestando-a se necessário, ser defendido por advogado e recorrer de decisão que lhe seja desfavorável.” Foi decidido que o art.420 do CPP, não viola a ampla defesa, porque, ainda que procedida à intimação ficta do parágrafo por não ser o acusado encontrado para ciência pessoal da pronúncia, a ato foi precedido por anterior citação pessoal após o recebimento da denúncia, ainda na fase inicial do processo. O presente recurso ordinário em habeas corpus foi negado o provimento, pois não foi violado o princípio da ampla defesa. 5 - CONCLUSÃO O princípio da ampla defesa possui como base fundamental legal o art. 5º inciso LV da Constituição Federal de 1988, no qual adjudica ao acusado, para possa-se se defender, sem alguma obstrução de seus direitos constitucionais. Tal princípio mencionado anteriormente é de extrema importância pois é através deste que o Estado faculta ao acusado a possibilidade de efetuar a sua defesa contra a imputação que lhe foi acusado, a ampla defesa abrange a autodefesa que poderá ser realizada por exemplo em interrogatório e até mesmo a defesa técnica, no qual o acusado é representado por um defensor, que pode ser constituído, público, dativo ou ad hoc. JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 A decisão proferida a respeito do julgado RHC 108.070, rel. min. Rosa Weber, j. 4-9-2012, 1ª T, DJE de 5-10-2012, foi de improvidente o recurso, a respeito da decisão sou favorável da decisão proferida pela a ministra Rosa Weber, visto que o acusado foi devidamente citado anteriormente para responder à ação penal, sendo lhe garantidos todos os direitos inerentes para o cumprimento do devido processo legal, o acusado foi interrogado em juízo, posteriormente o acusado se tornou fugitivo, não sendo possível a ocorrência de novas intimações pessoais, se aplicando neste caso a intimação da decisão de pronúncia por edital, conforme disposto no Art.420, parágrafo único, não ferindo o princípio da ampla defesa.. _______________________________________________________________ 2 – APS – DIREITO PROCESSUAL PENAL – 6º SEMESTRE 2020.1 1-CONTRADITÓRIO 2 - HC 94.387, rel. min. Ricardo Lewandowski, J. 18-11-2008, 1º T, DJE de 6-2- 2009. 3 - EMENTA: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. SÚMULA 691 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. SUPERAÇÃO. POSSIBILIDADE. FLAGRANTE ILEGALIDADE. CARACTERIZAÇÃO. ACESSO DOS ACUSADOS A PROCEDIMENTO INVESTIGATIVO SIGILOSO. POSSIBILIDADE SOB PENA DE OFENSA AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO, DA AMPLA DEFESA. PRERROGATIVA PROFISSIONAL DOS ADVOGADOS. ART. 7 , XIV, DA LEI 8.906/94. ORDEM CONCEDIDA. I- O acesso aos autos de ações penais ou inquéritos policiais, ainda que classificados como sigilosos, por meio de seus defensores, configura direito dos investigadores. II- A oponibilidade do sigilo ao defensor constituído tornaria sem efeito a garantia do indiciado, abrigada art.5º, LXIII, da Constituição Federal, que lhe assegura a assistência técnica do advogado. III- Ademais, o art.7º, XIV, do Estatuto da OAB estabelece que o advogado tem, dentre outros, o direito de “examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos em flagrante e de inquérito, findos ou em JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos”. IV- Caracterizada, no caso, a flagrante ilegalidade, que autoriza a superação da Súmula 691 do Supremo Tribunal Federal. V- Ordem concedida. 4 - TEXTO DESCRITIVO O exímio Ministro Ricardo Lewandowski, descreveu no relatório, tratar-se de embargos de declaração apostos pelo Ministério Público Federal contra o acórdão. O embargante sustenta, em suma, que a concessão da ordem, sem ressalva na parte dispositiva da decisão embargada, pode levar o Juízo de primeira Instância ao engano de autorizar o acesso a todos os atos do procedimento investigatório. A 1º Turma do STF concedeu Habeas Corpus para permitir ao advogado dos sócios L.C.A.J. e J.P.S.J. acessoaos autos de uma investigação em curso contra os empresários, por supostos crimes tributários. No recurso ao Supremo, o advogado sustenta que “constringir o acesso às informações prestadas em procedimento investigatório, bem como a retirada arbitrária de bens de pessoas sem lhes dar ciência da razão de assim proceder, é antagônico às garantias fundamentais que se conquistou com a nossa Carta Magna de 1988”. No Habeas o defensor pede a concessão da ordem para ter acesso aos autos da investigação. O ministro Ricardo Lewandowski, em seu voto relatou ser direito do advogado, devidamente constituído, acessar às informações de seu cliente, desde que formalmente documentadas nos autos, conforme disposto no Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/94, artigo 7º, XIV). Os ministros concederam à ordem, para o advogado acessar os elementos do processo que digam respeito a seu cliente. JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 O princípio do contraditória é essencial para o cumprimento do processo penal conforme expõe Lopes Junior: “O contraditório pode ser inicialmente tratado como um método de confrontação da prova e comprovação da verdade, fundando-se não mais sobre um juízo potestativo, mas sobre o conflito, disciplinado e ritualizado, entre partes contrapostas: a acusação (expressão do interesse punitivo do Estado) e a defesa (expressão do interesse do acusado [e da sociedade] em ficar livre de acusações infundadas e imune a penas arbitrárias e desproporcionadas).” (LOPES JUNIOR, 2006, p. 229) 5- CONCLUSÃO A decisão a respeito do Habeas Corpus 94.387, foi favorável visto que foi violado um dos princípios norteadores do processo penal, o contraditório. Assim o acusado possui como direto de respostas contra a acusação que lhe foi auferida, podendo-se utilizar de todos os meios jurídicos legais para efetuar sua defesa. No caso apresentado houve como sustentação do advogado do acusado teve o acesso a informação constringido , ocorrendo violação ao contraditório visto que sem a obtenção das informações de suma importância ao caso, o advogado não poderia apresentar uma defesa condizente e fundamentada, a decisão proferida pela a 1º Turma do Supremo Tribunal Federal foi excepcional, visto que houve de fato uma afronta ao principio ao negar acessa as informações mesmo que sigilosas pela a parte dos procuradores do acusado. _______________________________________________________________ 3 – APS – DIREITO PROCESSUAL PENAL – 6º SEMESTRE 2020.1 1 - PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 2 - AP 676, rel. min. Rosa Weber, j. 17-10-2017, 1ª T, DJE de 6-2-2018. 3 - EMENTA PENAL. PROCESSUAL PENAL. OPERAÇÃO SANGUESSUGA. DEPUTADO FEDERAL. QUADRILHA, CORRUPÇÃO PASSIVA E CRIME LICITATÓRIO DO ART. 90 DA LEI 8.666/93. COLABORAÇÃO PREMIADA. AUSÊNCIA DE CORROBORAÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVA ACIMA DE DÚVIDA RAZOÁVEL. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. ABSOLVIÇÃO. 1. A colaboração premiada é meio de obtenção de prova (artigo 3º da Lei 12.850/2013). Não se placita, antes ou depois da Lei 12.850/2013, condenação fundada exclusivamente nas declarações do agente colaborador. 2. A presunção de inocência, princípio cardeal no processo criminal, é tanto uma regra de prova como um escudo contra a punição prematura. Como regra de prova, a formulação mais precisa é o standard anglo saxônico no sentido de que a responsabilidade criminal deve ser provada acima de qualquer dúvida razoável (proof beyond a reasonable doubt), o qual foi consagrado no art. 66, item 3, do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional. 2.1. Na espécie, ausente prova para além de dúvida razoável da participação do acusado, Deputado Federal, nos crimes licitatórios praticados com verbas decorrentes de emendas orçamentárias de sua autoria, do recebimento de vantagem indevida em decorrência das emendas orçamentárias, ou de associação perene a grupo dedicado à prática de crimes contra a administração pública, particularmente no que diz quanto à aquisição superfaturada de ambulâncias com recursos federais. 3. Ação penal julgada improcedente. 4 - TEXTO DESCRITIVO: A presente ação penal contra o Deputado Federal Benjamin Gomes Maranhão Neto pela prática dos crimes tipificado nos artigos 288 (quadrilha) e 317, § 1º (corrupção passiva), do CP e no art. 90 da Lei 8.666/93 (fraude à licitação). O caso faz parte da Operação Sanguessuga. A denúncia, promovida originalmente pelo Ministério Público Federal do Estado do Mato grosso, informou em JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 síntese, que o acusado integrou esquema criminoso voltado à aquisição de ambulâncias com valores superfaturados fornecidos pelo grupo Planan, em troca de vantagem financeira, o direcionamento de emendas orçamentárias que viabilizariam licitações fraudadas junto a Municípios integrantes de sua base eleitoral no Estado da Paraíba. O recebimento da denúncia ocorreu através doo Juízo da 2º Vara federal da seção Judiciária do Mato Grosso em 07/12/2009. Em 01/06/2011, o réu comunicou ao juízo “a quo” sua condição de Deputado Federal e a competência foi declinada ao STF, em 24/01/2012, em 11/04/2012, os autos foram distribuídos a relatoria da Ministra Rosa Weber, estando pendente a citação, defesa e instrução do feito. Após a oitiva do Procurador-Geral da República foi reconhecido válido os atos processuais praticados na origem, com exceção da quebra de sigilo bancário, porque deferida em 11/04/2011, data em que já foi restabelecido o mandato de Deputado Federal do acusado. Foi determinado nova quebra de sigilo bancário do acusado, sendo em seguida citado para apresentar defesa. Em segui da relatora decidiu pelo prosseguimento do feito, com a rejeição das postulações da defesa no que pretendiam desconstituir o recebimento da denuncia no primeiro grau de jurisdição. Foram colhidos os depoimentos das testemunhas arroladas pela a acusação, em seguida, foram expedidas novas Cartas de ordem, no qual foram colhido o depoimento das testemunhas de defesa, por fim foi interrogado o acusado no dia 29/06/2016. Na fase de diligencias complementares o Procurador-Geral da República e a defesa nada requereram. Nas alegações finais o Procurador-Geral da República manifestou a respeito da materialidade e autoria dos crimes de corrupção passiva e a fraude à licitação, e não configuração do delito de associação criminosa, comprovada a apresentação de emendas orçamentárias para a aquisição de unidades móveis de saúde por via de Munícipios do Estado da Paraíba, com como o recebimento de vantagens indevidas pelo acusado no valor de 40 mil reais, dos quais 25 mil reais teriam sido pagos em espécie, e absolvição quanto ao delito de quadrilha. O acusado Benjamin Gomes JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 Maranhão Neto apresentou defesa a respeito das alegações apresentas pela a Procuradoria Geral da República. A presente ementa trata-se do principio da presunção de inocência que esta legalmente disposto no art.5º,inc. LVII da Constituição Federal de 1988, referindo-se como garantia processual atribuída ao acusado. A respeito do princípio da presunção de inocência o notável doutrinador Renato Brasileiro, expõe: "Não havendo certeza, mas dúvida sobre os fatos em discussão em juízo, inegavelmente é preferível a absolvição de um culpado à condenação de um inocente, pois, em juízo de ponderação, o primeiro erro acaba sendo menos grave que o segundo." Este caso trata-se de ação penal contra o Deputado Federal Benjamim Gomes Maranhão Neto pela prática de quadrilha e corrupção passiva. A ação penal foi julgada improcedente, visto que houve ausência de prova além da dúvida razoável da participação do acusado, com isto deve prevalecer o principio da presunção de inocência. 5 - CONCLUSÃO: O princípio da presunção de inocência, foi esplendidamente utilizadoneste caso e a decisão foi julgada corretamente, visto que houve dúvida razoável da participação do acusado e ausência de prova. Com isto de acordo com a constituição ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, com isto o Estado deve comprovar a culpabilidade do indivíduo, sendo o acusado presumidamente inocente. _______________________________________________________________ 4 – APS – DIREITO PROCESSUAL PENAL – 6º SEMESTRE 2020.1 1 - PRINCÍPIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 2 - HC 109.541, rel. min. Dias Toffoli, j. 20-11-2012, 1ª T, DJE de 14-12-2012. 3 - EMENTA Habeas corpus. Penal. Roubo duplamente qualificado (CP, art. 157, § 2º, I e II). Fixação da pena. Dosimetria. Conduta social voltada à pratica delitiva. Elemento equivocadamente qualificado pelas instâncias ordinárias como concernente à personalidade dos agentes. Alegação de reformatio in pejus, com suplementação na fundamentação empreendida pelo Superior Tribunal de Justiça. Não ocorrência. Reincidência. Não consideração na avaliação dos antecedentes na primeira fase de dosimetria da pena. Bis in idem não verificado. Ordem denegada . 1. Não houve a alegada reformatio in pejus por parte do Superior Tribunal de Justiça, mas apenas a correta qualificação de elemento equivocadamente considerado na fixação da pena-base pelas instâncias ordinárias como resultante de deformação da personalidade do agente, quando isso se inseria na avaliação de sua conduta social. 2. O fato de haver o juízo de primeiro grau afirmado não haver elementos que permitissem a avaliação da conduta social dos pacientes, aquilatando-os sob prisma diverso, não impede que se reconheça o equívoco dessa mensuração, classificando- se corretamente aquele elemento dentre as circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal, sem que isso implique suplementação da fundamentação adotada, como quer fazer crer a impetrante. 3. Quanto ao reconhecimento da reincidência, o Juízo de piso, ao referir-se aos antecedentes, foi enfático ao destacar que faria a consideração desse fato como agravante (no caso, a reincidência – CP, art. 61, I), não fazendo, portanto, a esse título, qualquer exasperação da reprimenda na primeira fase de dosimetria da pena, razão pela qual não incidiu, na hipótese, em proclamado bis in idem . 4. Ordem denegada 4 - TEXTO DESCRITIVO: O julgado acima tratou do princípio non reformatio in pejus. Tal princípio consiste em caso de recurso exclusivo da defesa ou de habeas corpus impetrado em favor do acusado, não será cabível que a decisão seja alterada de forma que prejudique o réu, até mesmo para corrigir erro material ou nulidade absoluta. JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 A respeito do princípio, expõe Júlio Fabbrini Mirabete: “Embora a apelação permita o reexame da matéria decidida na sentença, o efeito devolutivo não é pleno, ou seja, não pode resultar do julgamento decisão desfavorável à parte que interpôs o recurso. Bem se expressa Helio Tornaghi: ‘Em rigor de lógica, deveria poder o juízo ad quem proferir decisão que reputasse justa, fosse qual fosse’. Mas o tribunal fica preso ao que lhe foi pedido, não se permitindo a decisão ultra ou extra petitum.” Foi impetrado Habeas Corpus, sem o pedido de liminar, pela a Defensoria Pública em favor de Rômulo da Silva Roiz e Nathanael Santos da Silva. A defesa como autoridade coatora a Quinta Turma do STJ, no qual rejeitou os embargos de declaração no agravo regimental no REsp nº1.203.750/AC interposto àquela Corte, Relatora a Ministra Laurita Vaz. No dia 10/08/2011, não ocorrendo o pedido de liminar para ser apreciado e estando os autos devidamente instruídos com as peças necessárias à perfeita compreensão da controvérsia, dispensei as informações da autoridade coatora. O ministério Público Federal, em parecer da lavra do ilustre Subprocurador-Geral da República Dr. Maria José Gisi, opinou a respeito sobre a denegação da ordem. A primeira turma do STF julgou o seguinte Habeas Corpus denegando a ordem, visto que o juízo de primeiro grau decidiu que não haveria elementos que permitissem a avaliação da conduta social dos acusados o que foi equivocamente adotado, entretanto foi corregida pelo STJ, não ocorrendo de forma alguma uma violação ao princípio. JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 5 - CONCLUSÃO O princípio non reformatio in pejus é essencial, pois através deste que o acusado poderá apresentar defesa ou impetrar habeas corpus, sem correr o risco de ser prejudicado com o aumento da pena, não podendo a alteração prejudicar o réu. Com isto, existe a vedação da reforma da decisão para pior, conforme previsto no art. 617 do CPP, que dispõe: Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver apelado da sentença. Diante do exposto o juiz não poderá agir de forma ex officio. Portanto, se não houver acusação, não poderá haver uma reformulação da pena que prejudique mais ainda o acusado. Se somente o réu houver recorrido, não havendo qualquer recurso por parte do Ministério Público, o Tribunal não poderá agravar a situação da pena do réu. A decisão a respeito do habeas corpus 109.541, foi corretíssima visto que não houve ferimento ao principio por parte do STJ, entretanto a correta qualificação do elemento erroneamente considerada na fixação da pena-base pelas instâncias ordinárias. _______________________________________________________________ 5– APS – DIREITO PROCESSUAL PENAL – 6º SEMESTRE 2020.1 1- PRINCÍPIO DA RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO 2 - HC 98.885, rel. min. Marco Aurélio, j. 13-9-2011, 1ª T, DJE de 4-10-2011. 3 - Prisão preventiva. Excesso de prazo. Não serve ao afastamento do excesso de prazo a articulação de encontrar-se o paciente sob custódia do Estado ante processo diverso do que deu origem à impetração. Tem-se círculo vicioso impróprio à atuação judicante no que se argumenta com fato estranho ao submetido a exame. JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 4 - TEXTO DESCRITIVO: O julgado acima tratou do princípio da razoável duração do processo que é consagrado tanto na Constituição e também no Pacto de São José da Costa Rica, no qual se baseia em uma garantia da celeridade processual, e, com isto evitando atrasos nas resoluções das lides. J. J. Gomes Canotilho, a respeito deste princípio, já teve a oportunidade de observar que: "... a existência de processos céleres, expeditos e eficazes (...) é condição indispensável de uma proteção jurídica adequada". Os impetrantes informaram que os acusados se encontram presos preventivamente desde abril de 2002, por causa da decisão proferida no Processo- CRIME Nº 101/02, em curso no Juízo da Primeira Vara Judicial da Comarca de Itapecerica da Serra/SP. Sendo acusados de homicídio triplamente qualificado, sendo a vítima o Prefeito de Santo André Celso Daniel. Não ocorrendo o acolhimento do pedido de revogação da prisão preventiva. No habeas impetrado no Tribunal a ordem foi indeferida, os impetrantes, alegam evidente constrangimento ilegal em decorrência do excesso de prazo de custódia, pedem a concessão de liminar para expedir o alvará de soltura. Foi concedido a ordem para se tornar definitiva a liminar, afastando a prisão preventiva formalizada contra os impetrantes no Processo-Crime nº 101/02, em curso na Primeira Vara judicial da Comarca de Itapecerica da Serra-São Paulo. 5- CONCLUSÃO: Fica nítido que a demora no processo criminal se revela um enorme problema ao acusado, carregando o demérito de culpado enquanto não terminar a persecução penal. JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 A decisão foi acertada visto que concedeu para tornaa definitiva a liminar, afastando a prisão preventiva formalizada contra os pacientes no Processo-Crime nº 101/02, em curso na 1º Vara Judicial da Comarca de Itapecerica da Serra. Pois é evidente um afronta ao princípio constitucional o que havia até então ocorrido, a demora em si era injustificável, pois José Edilson da Silva e Marcos Roberto Bispo dos Santos estavam sob custódia do Estado, sem culpa formada, há sete anos, dez meses e vinte e sete dias e Elcyd Oliveira Brito, há sete anos, nove meses e vinte e deis dias, com isto os pacientes encontravam-se presos preventivamente por pelo menos um sexto do período máximo de pena que seria de trinta anos. ___________________________________________________________________ 6 – APS – DIREITO PROCESSUAL PENAL – 6º SEMESTRE 2020.1 1 -PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL 2 - HC 148.984 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 9-3-2018, 2ª T, DJE de 20-3-2018. 3 - Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS . COMPETÊNCIA TERRITORIAL. DIVERGÊNCIA QUANTO AO LOCAL DE CONSUMAÇÃO DO CRIME MAIS GRAVE. INCIDÊNCIA DA REGRA DO ART. 70, § 3º, DO CPP. PREVENÇÃO DE UMA DAS COMARCAS POSSIVELMENTE COMPETENTES. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. NÃO OCORRÊNCIA. INVIBILIDADE DE REEXAME DO CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO NA VIA DO HABEAS CORPUS. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I – O art. 70 do Código de Processo Penal, que considera como local do crime aquele em que o delito se consumou, permite o abrandamento da norma, ao enunciar que a competência será, de regra, a do local em que a infração se consumar, tendo- se em conta os fins pretendidos pelo processo penal, em especial a busca da verdade real. JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 II – No caso, o Tribunal de Justiça de origem decidiu que, à luz do que contido nos autos, “o suposto delito foi cometido na divisa de Sergipe e Bahia, ficando incerta a competência com base no lugar da infração, razão pela qual se aplicam as regras de competência da prevenção, do art. 70, § 3º, do CPP”. III – A prorrogação da competência em favor de uma das comarcas possivelmente competentes não importa em violação do princípio do juiz natural. IV – Para se chegar à conclusão diversa da que chegaram as instâncias antecedentes, como pretende a defesa, haveria a necessidade de reexame do contexto fático-probatório, o que é inviável na via do habeas corpus. V – Agravo regimental a que se nega provimento. 4 - TEXTO DESCRITIVO: O julgado acima tratou do princípio do Juiz Natural, principio este que possui fundamento constitucional no art. 5º, inciso LIII da CF/88, no qual garante que determinado processo será julgado por órgão judiciário que seja previamente estabelecido e imparcial, esta competência poderá advir em razão do material e territorialidade. Nesse sentido, Scarance Fernandes expõe: “A proibição de tribunais de exceção não significa impedimento à criação de justiça especializada ou de vara especializada, pois não há, nestas hipóteses, criação de órgãos para julgar, de maneira excepcional, determinadas pessoas ou matérias, mas simples atribuição a órgãos inseridos na estrutura judiciária fixada na Constituição de competência para o julgamento de matérias específicas, com o objetivo de melhor atuar a norma substancial. Inclui-se na proibição de tribunais de exceção a vedação de foro privilegiado, posto que, neste caso, a definição de competência é feita por “razões personalíssimas, como raça, religião, riqueza etc.” JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 Versa-se sobre Habeas Corpus, com pedido de liminar, impetrado contra acordão da Quinta Turma do STJ que negou Agravo Regimental no RHC 72.302/SE, de relatoria do Ministro Reynaldo Soares da Fonseca. O paciente foi denunciado, com outra pessoa, no Juízo de Direito da Comarca de Poço Verde/SE, por supostamente ter praticado os seguintes crimes: roubo majorado, porte ilegal de arma de fogo de uso permitido em concurso material. A defesa ofertou defesa alegando a incompetência do juízo processante, entretanto não foi acolhida pelo o juiz de primeiro grau, em seguida opuseram embargos de declaração, porém foi julgado intempestivo. Na audiência de interrogatório, o requerimento foi reiterado pela defesa, contudo foi mais uma vez indeferido. A defesa continuou insistindo na tese de incompetência do juízo, com isto impetrou Habeas Corpus no Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe – TJSE, que denegou a ordem, desta decisão a defesa opôs embargos de declarações, no qual foi rejeitado. Em seguida, a defesa interpôs RHC no STJ, no qual o ministro Relator negou seguimento do recurso. Contra essa decisão interpôs agravo regimental, mas a Quinta Turma do STJ negou o provimento ao apelo. O agravo regimental foi negado, pois devido o entendimento do STF não houve prejuízo ao paciente, pois deve-se ser seguido a regra que consta no art. 70, § 3º do CPP, com isto não existe nenhuma violação do juiz natural a respeito da comarca competente neste caso, 5 - CONCLUSÃO : O princípio do Juiz natural é de suma importância visto que através dele é vedado os tribunais de exceções, este princípio é essencial para se manter um julgamento imparcial e especializado a respeito do determinado caso. O principio do juiz natural pode ser dividido em duas faces: uma primeira relacionada ao órgão jurisdicional (proibição dos tribunais de exceção e competência), e uma segunda, relacionada à própria pessoa do juiz (imparcialidade). JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 A decisão do STF a respeito do agravo regimental foi corretíssima, visto que seguiu o principio do juiz natural e não causou qualquer prejuízo as partes. _______________________________________________________________ 7 – APS – DIREITO PROCESSUAL PENAL – 6º SEMESTRE 2020.1 1 -PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 2 - HC 92.626, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 25-3-2008, 1ª T, DJE de 2-5- 2008. 3 - EMENTA: HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO. CONCURSO DE AGENTES. FIGURA PENAL APENADA COM SANÇÃO AUTÔNAMA. APLICAÇÃO ANALÓGICA DA MAJORANTE DO CRIME DE ROUBO. IMPOSSIBILIDADE. REINCIDÊNCIA. CAUSA OBRIGATÓRIA DE AUMENTO DE PENA. ORDEM DENEGADA. I - Não pode o julgador, por analogia, estabelecer sanção sem previsão legal, ainda que para beneficiar o réu, ao argumento de que o legislador deveria ter disciplinado a situação de outra forma. II -Em face do que dispõe o § 4º do art. 155 do CP, não se mostra possível aplicar a majorante do crime de roubo ao furto qualificado. III- O aumento da pena em função da reincidência encontra-se expressamente prevista no art. 61, I , do CP, não constituindo bis in idem. IV – Ordem denegada. 4 - TEXTO DESCRITIVO: O julgado acima versou sobre o principio da legalidade, que de forma resumida este principio visa vedar o legislador de criar leis penais que incidam sobre fatos anteriores a sua vigência, podendo tipificar uma conduta como crime ou aplicando JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 pena aos agentes, este principio possui como fundamentação legal o art.1º do Código Penal e no art.5º, inc. XXXIX da CF/88. Corrobora com Greco, Alexandre Rezende da Silva: “As garantias que este princípio propicia ao cidadão também são uma forma de segurança. Com a atividade estatal limitada aos mandames legais e com o aumento crescente, absurdo até, da interferência do Estado na sociedade civil, a previsibilidade de suas atitudes são da maior importância. Se o cidadão não tiver um mínimo desta previsibilidade relativamente ao Estado, estará vivendo uma situação absurda, em que um gigante pode invadir seu quintal a qualquer momento com a força de um elefante e a astúcia de uma raposa, vale dizer, viverá uma situação de angústia.” A respeito do julgado tratou de habeas corpus, com pedido de limar, impetrado por Tatiana Siqueira Lemos, Defensoria Públicada União, em favor de Jorge Alberto de Montigny, contra decisão do STJ( RE 956.876/RS). A impetrante informa que o paciente foi condenado a dois anos e dez meses de reclusão, em regime inicial semi-aberto , pela prática de furto qualificado ( art. 155, parag.4º, III e IV, do CP, na forma tentada ( art.14,II, do CP). Ocorreu a alteração a reprimenda foi substituída pela prestação de serviços à comunidade e ao pagamento de quinze dias-multa no menor valor previsto. Ministério Público interpôs recurso de apelação pugnado pelo cumprimento da pena em regime fechado, pois o paciente é reincidente, com isto a defesa apelou. O tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul negou provimento ao recurso ministerial e acolheu o da defesa para afastar o aumento relativo à reincidência e a qualificadora do emprego de chave falsa, mantendo a do concurso de agentes, neste mesmo sentido aplicou a majorante prevista no parágrafo segundo do art. 157 à pena cominada ao delito de furto simples, reduzindo a pena corporal. JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 A impetrante inconformada com a decisão, moveu o recurso especial a fim de que fosse o paciente condenado e apenado por furto qualificado e considerada também a sua reincidência. O Resp foi provido pelo STJ, que determinou ao TJ/RS que realizasse novo cálculo da pena. A impetrante a concessão de liminar para que seja suspensa a execução da pena até o julgamento do presente, no mérito pleiteia a cassação do acórdão do STJ para que prevaleça a decisão originalmente prolatada pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Foi deferido o pedido de liminar para evitar eventual execução provisória da pena, o Ministério Publicou opinou pela denegação da ordem, a ordem foi denegada pelo o STF. 5 - CONCLUSÃO: O julgado acima foi correto, visto que o julgador não pode mesmo por analogia em benefício do réu, aplicar sanção que não possui previsão legal, com a justificativa que o legislador deveria ter versado a respeito da situação de outra forma. O princípio da legalidade é de suma importância já que garante que um agente não seja punido por uma pena ou tipo penal que não esteja previamente descrito em lei, com isto o principio da legalidade garante ao indivíduo que exclusivamente seja processado e punido se houver lei penal anterior definindo estipulando a conduta como crime, cominando-lhe pena. _______________________________________________________________ 8 – APS – DIREITO PROCESSUAL PENAL – 6º SEMESTRE 2020.1 1 -PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA 2 - HC 97.509, rel. min. Ayres Britto, j. 12-5-2009, 1ª T, DJE de 25-9-2009 JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 3 - EMENTA: HABEAS CORPUS. DOSIMETRIA DA PENA. ARTIGO 59 DO CÓDIGO PENAL. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO. PENA-BASE FIXADA ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO VÁLIDA. ORDEM CONCEDIDA. 1.A dosimetria da pena exige do julgador uma cuidadosa ponderação dos efeitos ético-sociais da sanção penal e das garantias constitucionais, especialmente as garantias da individualização do castigo e da motivação das decisões judiciais. 2.No caso, o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás redimensionou a pena imposta ao paciente, reduzindo-a para um patamar pouco acima do limite mínimo (quatro anos e oito meses de reclusão). O que fez em atenção à primariedade e aos bons antecedentes do paciente, à falta de restrições, à sua conduta social, bem como às consequências do delito. 3.Os fundamentos lançados pelo juízo processante da causa para justificar a fixação da pena em patamar superior ao mínimo legal (culpabilidade, motivos e circunstâncias do crime) – afinal mantidos pelo TJGO e pelo STJ -- não atendem à garantia constitucional da individualização da pena, descrita no inciso XLVI do art. 5º da CF/1988. Fundamentos esses que se amoldam muito mais aos elementos constitutivos do tipo incriminador em causa do que propriamente às circunstâncias judiciais do art. 59 do CP. Pelo que se trata de matéria imprestável para aumentar a pena-base imposta ao acusado. 4.Ordem concedida. 4 - TEXTO DESCRITIVO: O principio da individualização da pena que encontra fundamento no art.5º, inciso XLVI da CF/88, possui como garantia que a pena de infratores não sejam iguais, mesmo que tenham praticado os mesmo atos delituosos, pois independente da prática de mesma conduta, cada individuo possui um histórico ou um antecedente diferente, portanto cada individuo deverá receber a pena correspondente. Sobre o assunto, leciona Luiz Regis Prado apud Favoretto (2012, p. 118): JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 “[…] a individualização judiciária da sanção implica significativa margem de discricionariedade, que deverá ser balizada pelos critérios consignados no artigo 59 do Código Penal e pelos princípios penais de garantia. Trata-se, pois, de discricionariedade juridicamente vinculada.” O julgado acima trata de habeas corpus, impetrado contra acordão proferido pelo STJ, no qual argumentou a tese de nulidade da dosimetria da pena imposta ao paciente pelos crimes de responsabilidade, tipificado nos incisos I e II do art.1º do Decreto-Lei nº 201/67. Pena, que foi reduzida pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás para 4 anos e 8 meses de reclusão. O impetrante alega desrespeito ao inciso IX do art. 93 da CF/88 e ao artigo 59 do CP, dado que que não houve nenhuma fundamentação válida para justificar a fixação de uma pena privativa de liberdade acima do mínimo legal. O STF abriu vistas dos autos à Procuradoria-Geral da República, tal órgão opinou pela concessão da ordem, a Ordem foi concedida pelo o STF, visto os fundamentos lançados pelo Juízo processante da causa para justificar a fixação da pena em patamar superior ao mínimo legal não atendem a garantia da individualização da pena. 5 - CONCLUSÃO: O principio da individualização é uma garantia no qual visa para cada delinquente o Juiz deve estabelecer e pena exata e merecida, evitando a aplicação da pena- padrão, nos termos estabelecidos pela Constituição. Diante do exposto a decisão de conceder a ordem foi justa, pois o juiz precisa atender os certames do art. 59 do Código Penal, no qual verifica a conduta social do agente, a personalidade, os motivos, às circunstancias e consequências do crime e o comportamento da vítima e através disto estabelecerá a pena. _______________________________________________________________ 9 – APS – DIREITO PROCESSUAL PENAL – 6º SEMESTRE 2020.1 JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 1 - PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS 2 - HC 102.580, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 22-6-2010, 1ª T, DJE de 20-8- 2010 3 - EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. DOSIMETRIA DA PENA. DELITO DE ESTELIONATO . ART. 171, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL. MAJORAÇÃO DA PENA- BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. ADMISSIBILIDADE. IMPOSSILIDADE DE INGRESSAR-SE, NESTA SEDE, NOS CRITÉRIOS EMPREGADOS PARA A DOSIMETRIA DA PENA, SALVO FLAGRANTE ILEGALIDADE. PRECEDENTES. ORDEM DENEGADA. I – O habeas corpus, ressalvadas hipóteses excepcionais, não pode servir para a correção da dosimetria da pena imposta pelo Magistrado, mormente se observadas as determinações legais pertinentes ao sistema trifásico de cálculo. II - O que se impõe ao juiz, por exigência do art. 93, IX, da CF, é o dever de expor com clareza os motivos que o levaram a condenar ou a absolver o réu. Havendo condenação, aplicará a pena na medida em que entenda necessária para a prevenção e a repressão do crime, expondo os motivos pelos quais chegou ao quantum aplicado definitivamente, o que ocorreu na hipótese. III- Individualização da pena que, no caso, não desbordou dos lindes da razoabilidade e proporcionalidade. IV- Ordem denegada. 4 - TEXTO DESCRITIVO: O julgado acima tratou do principio motivação das decisões judiciais, no qual trata na regra responsávelpor afirma que toda decisão judicial, será motivada, sob pena de nulidade. É uma garantia da sociedade, a fim de aferir em concreto a imparcialidade do juiz, bem como a legalidade e justiça das decisões. JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 A respeito do principio da motivação das decisões judiciais trata Uadi Lammêgo Bulos: “Para que uma decisão seja motivada não basta a menção pura e simples aos documentos da causa, às testemunhas ou à transcrição dos argumentos dos advogados. O requisito constitucional só será satisfeito se existir análise concreta de todos os elementos e demais provas dos autos, exaurindo-lhes a substância e verificando-lhes a forma. Só assim a higidez de um decisum se aferirá, compatibilizando-se com a mensagem insculpida no preceito em epígrafe.” Como visto os motivos que levaram o magistrado a proferir determinado julgamento devem ser, claros, coerentes e suficientes, sob pena de nulidade da decisão. Tratou de Habeas Corpus, com pedido de liminar, impetrado em favor de Roberto Márcio Pinheiro Maia, contra acórdão da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, que concedeu parcialmente a ordem requerida no HC 127.497/MG, Rel. Min. Laurita Vaz. Os impetrantes foram condenados por 3 anos de reclusão pelo o crime de estelionato, e destacam que apesar de apesar de preencher todos os quesitos do art.44 do CP, o juiz sentenciante negou ao réu o direito de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito. Foi negado a apelação interposta pela defesa pelo TJ-MG, o acórdão da Corte de Minas Gerais deu ensejo ao ajuizamento de recurso extraordinário, que não foi admitido na origem, com isto a defesa interpôs um agravo de instrumento para o STF. O presente Habeas Corpus possui como objetivo a anulação da sentença condenatória para que outra seja proferida com estrita observância do método trifásico de fixação de pena. JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 5 - CONCLUSÃO: Diante do exposto referente a este Habeas Corpus entendo que não houve violação ao principio da motivação das decisões, visto que a pena-base do impetrante se encontra devidamente motivada, não havendo qualquer fundamento jurídico para se anular a sentença condenatória, sob a alegação de desrespeito ao sistema trifásico da aplicação da pena. Como visto o principio da motivação das decisões deverá ser devidamente fundamentada, para que as partes possam identificar, de forma clara, as razões de convencimento do magistrado. A respeito da fundamentação, foi alçada a garantia constitucional de processo justo, gerando a nulidade à decisão judicial, caso se identifique a ausência de fundamentação, pois se reconhece que esse dever é inerente ao Estado Constitucional. _______________________________________________________________ 10 – APS – DIREITO PROCESSUAL PENAL – 6º SEMESTRE 2020.1 1 – PRINCIPIO DAS PROVAS ILÍCITAS (VEDAÇÃO) 2 - HC 125.218, rel. min. Gilmar Mendes, j. 24-5-2016, 2ª T, DJE de 7-6-2016. 3 - Habeas corpus. Penal. Processo Penal. 2. O Superior Tribunal de Justiça concedeu ordem de habeas corpus para considerar ilícita prova obtida pelo Ministério Público Federal junto à Receita Federal do Brasil, por se tratar de dados protegidos por sigilo fiscal, determinando o desentranhamento dos autos. O desentranhamento de provas ilícitas, na forma do art. 157 do CPP, não se traduz em necessidade de retorno do processo à etapa inicial. Assim, não seria o caso de desconstituir todos os atos processuais praticados desde a incorporação da prova ilícita aos autos. 3. A decisão do STJ não se pronunciou acerca de provas ilícitas por derivação. O debate acerca da ilicitude dos documentos fiscais e da irradiação de efeitos dessa ilicitude para outras provas não era novo, tendo sido levantado pelas defesas. Ainda assim, o julgador conferiu prazo para que a questão fosse aprofundada, facultando a JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 manifestação das defesas. Houve espaço para debate acerca da contaminação de outras provas. As defesas poderiam ter produzido provas, durante a instrução processual, da contaminação. A decisão do Superior Tribunal de Justiça foi devidamente observada. Não há ilegalidade no ato atacado. 4. Ordem denegada. 4 - TEXTO DESCRITIVO: O julgado acima tratou do principio da vedação das provas ilícitas, principio constitucional expresso no art.5º , LVI da CF/88, são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. Para que a prova venha a ser admitida no processo e apta a ser apresentada e considerada pelo juiz como meio de demonstração da verdade de um fato controvertido e relevante para o julgamento da lide, a forma de obtenção desta prova deve se dar de acordo com o direito e sem infringência às regras jurídicas. A respeito deste princípio da proibição constitucional da prova ilícita, Julio Fabbrini Mirabete leciona que: “Cortando cerce qualquer discussão a respeito da admissibilidade ou não de provas ilícitas em juízo, a Constituição Federal de 1988 expressamente dispõe que são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. Deu o legislador razão à corrente doutrinária que sustentava não ser possível ao juiz colocar como fundamento da sentença prova obtida ilicitamente. A partir da vigência da nova carta magna, pode-se afirmar que são totalmente inadmissíveis no processo civil e penal, tanto as provas ilegítimas, proibidas pelas normas de direito processual, quanto às provas ilícitas, obtidas com violação das normas de direito material. Estão assim proibidas as provas obtidas com violação de correspondência, de transmissão telegráfica e de dados, e com captação não autorizada judicialmente das conversas telefônicas (art. 5, XII); com violação do domicílio, exceto nas hipóteses de flagrante delito, desastre, para prestar socorro ou determinação judicial JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 (art. 5, XI); com violação da intimidade, como as fonográficas, de fitas gravadas de contatos em caráter privado e sigiloso (art. 5, X); com abuso de poder, como a tortura, p.ex., com a prática de outros ilícitos penais, como furto, apropriação indébita, violação de sigilo profissional, etc...”. O julgado acima trata de habeas corpus impetrado por Bruno Seligman de Menezes a favor de José Antônio Fernandes, Ferdinando Francisco Fernandes e Fernando Fernandes, contra o ato que julgou improcedente a Reclamação nº 18.001 da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça. Os pacientes foram denunciados pelo Ministério Público Federal, conjuntamente com mais 40 pessoas, nos autos da Ação Penal nº 2007.71.2.007872-8/RS, que ficou conhecido como operação Rodin, distribuída à 3º Vara Federal da Subseção Judiciária de Santa Maria. Em 25/03/2014 o STJ, em decisão monocrática da Ministra Laurita Vaz, foi concedido o habeas corpus, nos autos do Habeas Corpus 234.857/RS, impetrado pela defesa de Denise Nachtigall Luz, para considerar ilícita prova obtida pelo Ministério Público Federal junto à Receita Federal do Brasil, por se tratar de dados fiscais protegidos por sigilo, determinando fossem desentranhados dos autos. Os autos estavam conclusos para a sentença, entretanto a defesa postulou prazo para tratar a respeito da contaminação das provas. Sustentou que a prova excluída contaminou outras, na medida em que usada como fundamento para as demais medidas investigativas. Acrescentou que a decisão não poderia ter relegado à sentença a análise da contaminação de outras provas, na medida em que a instrução foi realizada com base nas provas constantes dos autos. Pediu provimento judicial que desconstitua a sentença prolatada e determinou que a primeira instancia decidisse a respeito das provas contaminadas, para que após este ato seja então julgado o mérito. Requereu medida liminar para suspender otrâmite da ação penal. A medida liminar foi indeferida. Em parecer da Subprocuradora-Geral da República Deborah Macedo Duprat de Britto Pereira, o Ministério Público pugnou pela denegação da ordem. JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 5 - CONCLUSÃO: A decisão proferida pelo o STF foi corretíssima visto que o julgado acima tratou da vedação das provas obtidas por meios ilícitos, Nessa perspectiva, a constatação de eventuais contaminações causadas por provas supostamente ilegais, embora não tenha sido acolhida pelo Juízo de primeira instância, está submetida ao Tribunal de segundo grau, órgão possuidor de legítima competência para revisar o mérito da lide. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: • DORÓ, Tereza Nascimento Rocha Dóro. Princípios no Processo Penal Brasileiro, Campinas – SP: Copola, 1999. • LOPES JUNIOR, Aury. Introdução crítica ao processo penal: fundamentos da instrumentalidade constitucional. 4. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006. • LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal, volume 1. Impetus. Niterói: 2012. • MIRABETTE, Júlio Fabrini. Processo Penal. 16ª ed., São Paulo: Atlas, 2004. • CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional. 6ª. ed. Coimbra: Almedina, 1993. p. 652,653. • FERNANDES, Antonio Scarance. Processo penal constitucional, 3.ª ed. ver., atual. E ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003. • SILVA, Alexandre Rezende da. Princípio da legalidade . Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 63, mar. 2003. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/3816>. Acesso em: 19 ago. 2011. • Favoretto, Affonso Celso. Princípios Constitucionais Penais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. JOSÉ WELITON PESSOA SETUBAL RA:1780488 • Constituição Federal anotada, 8.ª ed., São Paulo: Saraiva, 2008, p. 946 – grifo nosso. • MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo penal, 10º e., São Paulo, 1999 pp. 260-261.
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