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CADERNO PROCESSO CIVIL I - PROF. TÁRSIS

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Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA 
Tradicionalmente, se costumava falar que a competência nada mais é do 
que limite à jurisdição. É como se o juiz que não tivesse competência, ele não 
detivesse o poder jurisdicional de decidir um determinado caso. Então um juiz 
que não fosse detentor da competência, ele não teria o poder/dever de jurisdição 
sobre aquela referida matéria. 
Hoje sabe-se que a jurisdição possui um conceito muito mais amplo. A 
jurisdição envolve não só um exercício de um poder de declaração do juiz, mas 
também um exercício de uma atividade criativa/criação de direito, que é 
exercida pelos sujeitos que estão investidos nessa jurisdição, tal como acontece 
com a atividade administrativa e a atividade legislativa. 
Sendo uma atividade de criação de direitos, o sujeito que não detém a 
competência, não significa que ele não detenha jurisdição. A sua jurisdição, uma 
vez investida, é imodificável; ele só vai perder a jurisdição no momento da sua 
aposentadoria. Logo, não é possível corretamente conceituar competência como 
limite à jurisdição. Um limite à jurisdição, por exemplo, é territorialidade: um 
juiz brasileiro não tem jurisdição em terras internacionais. Mas competência não. 
Assim, competência são atribuições dos órgãos jurisdicionais relacionados 
à análise de uma determinada causa. 
Calmon de Passos defendia que um juiz que não detivesse competência 
constitucional, ele estaria impossibilitado de prolatar decisão, porquanto sua 
decisão sobre aquela matéria seria uma decisão inexistente. Em outras palavras, 
se o juiz no momento que estivesse julgando, ele violasse uma regra de 
competência legal, existiria. Seria viciada e poderia ser anulada. Mas para 
Calmon, se o juiz julgasse violando uma regra de competência constitucional, 
seria uma sentença inexistente, porquanto não haveria jurisdição. Não existindo 
jurisdição, a inexistência é um nada, não produz efeitos. Não produzindo efeitos, 
a qualquer tempo, qualquer sujeito poderia impugnar aquela decisão. 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
Por outro lado, um juiz que violasse regra de competência legal, por ser 
uma decisão existente, mas viciada, ela produziria efeitos, mas poderia ser objeto 
de uma invalidação. 
OBS: O entendimento de Calmon não é o que vem prevalecendo. É um 
entendimento mais tradicional. Não dá para defender o que Calmon defendia na 
atualidade, pois o juiz incompetente, por mais grave que seja sua incompetência, 
ele não perde a sua jurisdição. A sua decisão está viciada, pois ele exerce poder 
fora das suas atribuições, entretanto isso não gera a inexistência da decisão, ou 
melhor, não provoca uma decisão inexistente, mas sim uma decisão viciada, 
capaz de ser invalidada. 
Exemplo: se o juiz do trabalho analisar um divórcio, ele violará uma regra 
de competência. Levando em conta que a competência da justiça do trabalho é 
exercida constitucionalmente, ali haveria, no pensamento de Calmon, uma 
ausência de jurisdição. Logo, a sentença seria inexistente. Contudo, na 
atualidade, considera-se que essa sentença é plena, ela existe e produz efeitos, 
por mais absurda que ela possa parecer. Assim, caberia ao interessado ajuizar 
uma ação rescisória, já que haveria uma violação de incompetência absoluta, para 
desconstituir a sentença proferida; a coisa julgada formada nesse processo. 
Fundamentos das regras de distribuição de competência 
Basicamente são dois. 
Imagine-se que todo juiz tivesse a mesma competência. Então qualquer 
juiz de Salvador poderia julgar, por exemplo, a constitucionalidade de uma lei 
em abstrato, ou seja, uma ADI, ou ADC etc. Seria um caos, pois todo juiz teria 
que saber todas as leis existentes nesse sistema macro que é o Direito. 
Então percebendo essa impossibilidade humana, o sistema jurídico 
estabelece delimitações de matéria que devem ser de atribuição de cada um 
desses órgãos jurisdicionais. Isso serve para atender, pelo menos, dois objetivos: 
(a) o primeiro é atender ao interesse público na administração da justiça, 
pois, o juiz criminal, por exemplo, tem atribuições de direito penal, justamente 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
para que ele possa compreender o sistema penal de maneira aprofundada, de 
modo a dar um resultado jurisdicional de melhor qualidade possível, em um 
menor espaço de tempo; 
(b) o segundo fundamento é que as regras de competência também visam 
atender aos interesses particulares, associados à ampliação da acessibilidade à 
justiça. Por que a regra geral da competência territorial é o foro do domicílio do 
réu? Por que quando se ajuíza uma ação contra a União, o Autor pode ajuizar do 
foro do seu domicílio? São regras pensadas para facilitar o acesso à justiça 
daquele sujeito. Quem está em melhor condição, do ponto de vista abstrato, o 
autor ou o réu? O autor. Ele tem uma melhor liberdade de escolha, no sentido de 
que pode ajuizar ou não a ação, desse jeito ou daquele outro. O autor que, em 
princípio, delimita. O réu não tem escolha em ser réu, a jurisdição é inevitável. 
Logo, o sistema, percebendo essa ausência de “favorabilidade” ao réu, 
estabeleceu como uma regra geral de competência o foro do domicílio do réu, 
pois este precisa ter amplo acesso à jurisdição para se defender. 
FONTES DA COMPETÊNCIA 
As atribuições de competência estão previstas sempre em normas 
jurídicas. Então essas normas jurídicas são decorrentes de determinadas fontes, 
in verbis: a Constituição, a lei em sentido amplo, regimentos internos, fontes 
particulares (ex: negócios). Então as fontes são as mais amplas possíveis. Não há 
competências que não estejam fixadas em lei ou em norma jurídica. 
PRINCÍPIOS GERAIS 
1. Princípio da tipicidade 
Não há competência que não esteja prevista como decorrência de uma 
fonte normativa (preferencialmente a Constituição e a Lei). Por óbvio, necessário 
observar a pirâmide de Kelsen, no aspecto da hierarquia das normas jurídicas. 
Ou seja, existe aqui uma análise da validade de uma fonte normativa. 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
O STF possui precedentes acolhendo as chamadas competências 
implícitas, ou poderes implícitos. Por exemplo: a competência do STF está no 
artigo 102 da CF/88: competências originárias, de recursos ordinários e de 
recursos extraordinários. Mas dentro desse artigo não se trata, por exemplo, dos 
embargos de declaração. Assim, sucede uma dúvida: os embargos de declaração 
são cabíveis em decisões do STF? O Supremo diz que sim. Por ser um recurso que 
tem um objetivo de complementar/suplementar a atividade jurisdicional, ele é 
uma decorrência da competência do STF (competência implícita). Então não é 
porque não esteja na letra da lei, que não se possa abstrair uma norma de 
competência decorrente implicitamente do texto constitucional. 
2. Princípio da indelegabilidade 
Por esse princípio, a competência é indelegável. O órgão jurisdicional não 
pode, por exemplo, passar para outro Juízo por não estar com vontade de julgar 
tal demanda. Não existe discricionariedade na escolha da competência e na sua 
distribuição. 
3. Princípio do Kompetenz Kompetenz (Alemanha) 
Contudo, cabe órgão jurisdicional a análise da sua própria competência. 
Então o juiz, ainda que incompetente para analisar a causa, ele é competente para 
analisar a sua própria competência. Isso não é sinônimo de delegabilidade da 
competência. Quando o juiz analisa a sua própria competência, ele está 
aplicando a lei e não aplicando a sua própria vontade. 
OBS: As competências absolutas são passíveis de análise de ofício, 
enquanto as competências relativas, não. Estas só podem ser conhecidas pelo 
magistrado mediante provocação. 
4. Princípio do juiz natural 
Condensando todas essas normas, tem-se o princípio do juiz natural. Este 
exige que o órgão jurisdicional sejacom competência prévia, abstrata, impessoal, 
e seja um órgão jurisdicional que não tenha parcialidade, isto é, seja imparcial. 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA 
Se trata do momento em que a competência é estabelecida. O art. 43 trata 
de dois momentos da determinação de competência. O primeiro é a petição 
inicial. Quando protocolada a petição inicial, se existir apenas um órgão 
jurisdicional, a competência já estará firmada. Se existirem dois com 
competências concorrentes, vem o segundo critério; 
O segundo é o critério da distribuição. Quando existirem juízos com 
competências concorrentes, em uma mesma circunscrição jurisdicional, a petição 
inicial será submetida a uma distribuição (sorteio aleatório). Uma vez o processo 
distribuído, a competência estará determinada. 
CLASSIFICAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS 
1. Plena ou cumulativa: quando o órgão jurisdicional detém competência 
para analisar qualquer causa (excepcional). 
2. Privativa: aquela que o Juízo detém a competência para analisar causas 
específicas. Por exemplo: varas de conflitos agrários. 
3. Comum ou residual: aquela voltada a apreciar causas que não sejam de 
atribuição privativa de determinados órgãos jurisdicionais. Aquilo que não for 
de competência da Justiça Federal, será de competência da Justiça Comum 
Estadual. 
4. Exclusiva: não confundir com a privativa. É a competência relacionada 
a uma demanda específica. Exemplo: é competência exclusiva do STF processar 
e julgar Ações Direta de Inconstitucionalidade. Ou seja, se relaciona a causas 
específicas. Por outro lado, a competência privativa só trabalha com aquela 
matéria ou aquela causa. A competência privativa só lida com aquelas causas 
específicas. Na competência exclusiva, o órgão pode analisar diversas causas, 
mas uma causa específica é de competência desse órgão, exclusivamente. 
5. Concorrente: ocorre quando aquela matéria é objeto de análise de mais 
de um órgão jurisdicional. Nesse caso, há duas possibilidades: muitas vezes, a 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
primeira possibilidade é a de escolha por parte do autor (autonomia do 
demandante) do órgão jurisdicional; por outro lado, há a distribuição como 
forme de dirimir a existência dessas competências concorrentes. Então ora se 
submete a uma autonomia do autor, ora à distribuição. 
OBS: Se ao autor competir a escolha, essa possibilidade se chama “fórum 
shopping”, isto é, é um direito potestativo que o autor da demanda tem de, em 
certos casos, escolher qual será o órgão que irá apreciar a sua causa. 
Existem circunstâncias em que o autor detém o poder de escolha de onde 
será ajuizada a causa. Por exemplo: uma causa que tenha repercussão em mais 
de um país. Nesse caso, a escolha do país em que vai ser ajuizada a ação, pertence 
ao titular da ação. Outro exemplo: as ações civis públicas, muitas vezes, quando 
há danos regionais ou nacionais, podem ser ajuizadas nas capitais dos estados 
onde o dano ocorreu, ou no Distrito Federal. 
Entretanto, como qualquer direito, ele pode ser abusado. Isto é, pode ser 
que o autor, ao promover a sua escolha, ele a faça pautada apenas em formas de 
prejudicar a defesa do réu. Essa situação chama-se de “forum non conveniens” 
(fórum inconveniente). É aquele fórum que não se justifica a partir da situação 
concreta, ou seja, da razoabilidade/proporcionalidade. Então a ausência de 
razoabilidade/proporcionalidade demonstra o abuso do direito da escolha. 
Nesses casos, o juiz está autorizado a, de ofício, promover o controle da 
competência adequada e, se for o caso, ele pode se reconhecer incompetente para 
a causa (este seria um juízo negativo). Mas também poderá fazer uma apreciação 
positiva e, em que pese a lei afirmar que a competência seja na capital do estado, 
e o conflito ocorreu, por exemplo, no interior do estado, o juiz poderá manter a 
competência (análise positiva) com fulcro na razoabilidade e proporcionalidade 
que são princípios constitucionais. 
Todo esse raciocínio se resume no princípio da competência adequada, 
que é um subprincípio da proporcionalidade/razoabilidade dentro do Código 
de Processo Civil. Esse princípio impõe ao magistrado que diante de foros 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
concorrentes, a causa seja ajuizada no foro que detenha a competência mais 
adequada. 
6. Competência absoluta x competência relativa: a competência absoluta 
é aquela que se relaciona a critérios de interesse público relacionado à melhor 
administração da justiça. Por sua vez, a competência relativa é aquela que se 
vincula ao atendimento de interesse particular, ou seja, uma maior facilitação ao 
exercício do direito de ação/defesa. 
Nesse sentido, a competência absoluta pode ser controlada de ofício pelo 
órgão jurisdicional. Ele pode, portanto, reconhecer a sua incompetência absoluta 
sobre a causa. A competência relativa, no entanto, carece de provocação, 
conforme Súmula 33/STJ. Além disso, a incompetência absoluta não se prorroga, 
enquanto a competência relativa se prorroga. 
Na prorrogação de competência o juiz, originalmente incompetente, passa 
a ser competente para a causa. Por exemplo: competência territorial (relativa, em 
regra). A competência seria Salvador, mas a ação foi ajuizada em Feira de 
Santana. Todavia pode ser que para o réu isso não faça diferença, então ele não 
fala nada e, assim, haverá a prorrogação. 
A arguição da incompetência absoluta não preclui (preclusão é a perda de 
um poder processual). Por outro lado, a relativa preclui se não houver arguição. 
A incompetência absoluta poderá ser arguida na contestação ou em 
qualquer outra peça, isto é, não existe instrumento específico de arguição. 
Inclusive é possível ajuizar Ação Rescisória (art. 966, II). Por outro lado, a 
incompetência relativa se argui na preliminar da contestação, e não cabe Ação 
Rescisória. 
OBS: Os atos decisórios poderão ser invalidados pelo novo juiz 
competente para a causa. Não há nulidade automática, mesmo que seja um juiz 
absolutamente incompetente. O juiz competente que vai reanalisar se é caso ou 
não de invalidar a decisão anterior. 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
7. Competência originária x derivada: a competência originária é aquela 
para analisar a causa no momento da sua formulação. A competência derivada, 
por sua vez, é aquela para analisar causa em grau de recurso. 
8. Competência interna x internacional: 
A competência interna lida com questões e demandas que são passíveis de 
análise por nossa jurisdição, pela jurisdição nacional. Então está a tratar de 
questões que são objeto de análise pela Poder Judiciário brasileiro. A 
competência internacional, por sua vez, lida com questões que envolvem a 
jurisdição de mais de um país. No contexto da competência internacional, há 
questões, lides, litígios que são passíveis de análise da jurisdição de mais de um 
país. 
A competência internacional tem por fundamento dois aspectos 
relevantes: 
a) A soberania nacional, ou seja, a circunstância em que os povos se 
autodeterminam através da formação de Estado que está em paridade com 
outros Estados. Então a soberania envolve a autodeterminação dos povos na 
formação de um ente que lhe representa (Estado), que está em pé de igualdade 
com outros Estados. Nessa autodeterminação – provocada pela soberania – o 
Poder de exercer a jurisdição é algo típico do Estado. Então quando se fala do 
exercício de soberania, está ligado ao poder/dever de prestar a atividade 
jurisdicional; 
b) Efetividade das decisões/da própria jurisdição, pois em razão da 
própria soberania, o exercício da jurisdição de um determinado Estado, em outro 
Estado, está limitada à vontade deste segundo. Muitas vezes a jurisdição é 
inefetiva em outros Estados, logo critério de competência internacional deve 
levar em consideração a própriaefetividade da tutela jurisdicional. De nada 
adiantaria exercer jurisdição sobre determinadas matérias, se aquela decisão 
fosse incapaz de ser efetivada. 
Essa competência internacional é regida por alguns princípios: 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
I. Princípio do plenitudo jurisdictiones 
Por esse princípio, uma vez instaurada a atividade jurisdicional, ela se 
exerce de maneira plena e “ilimitada” no âmbito do Estado que a exerce. Então 
uma vez iniciada a atividade jurisdicional, ela será promovida de maneira 
ilimitada, de maneira plena, no âmbito do Estado da qual a exerce. Em 
decorrência deste, temos: 
II. Princípio da exclusividade 
Qualquer limitação ao exercício da jurisdição ou a própria jurisdição, se 
aplica exclusivamente no âmbito do Estado que a exerce. Então somente o Brasil 
pode promover limitações à sua jurisdição. Então apenas o Estado que a exerce 
pode estabelecer limites para a sua própria jurisdição. Em contra ponto, pela 
unilateralidade, se eu só posso limitar minha própria jurisdição, limites não 
poderão ser impostos à jurisdição de outros Estados. 
E os Tratados Internacionais? Para serem aplicados, precisam da anuência 
do próprio Estado através dos seus atos de própria regulamentação daquele 
Tratado. Então não adianta aplicar tratado internacional, sem ele ter sido 
recepcionado por determinado Estado. 
Dentro desse mesmo contexto, temos: 
III. Imunidade de jurisdição 
A jurisdição de um Estado não se exerce com relação a outro Estado. Não 
se sobrepõe em relação a outro Estado. Necessário fazer uma distinção entre atos 
de gestão e atos de império. 
Atos de gestão: são aqueles que não se submetem ao exercício da soberania 
de um Estado. Por exemplo, quando determinado Estado faz a contratação de 
empregados em um outro Estado; ou faz a contratação de prestação de serviço, 
aluguel etc. Por serem atos de gestão, são atos tipicamente negociais e, por 
consequência, a imunidade da jurisdição é relativizada com relação aos atos de 
gestão. Então haverá uma relativização da imunidade da jurisdição com relação 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
aos atos de gestão. Por exemplo: a Justiça do Trabalho pode julgar um caso que 
envolva determinado Estado (relações empregatícias), em um contrato de 
locação envolvendo um estrangeiro e uma PF ou PJ no Brasil. 
Atos de império: A imunidade aqui é absoluta. Por exemplo: o Estado não 
tem jurisdição para tratar da acreditação de diplomatas. Então se o Brasil 
encaminhar determinado diplomata a um Estado estrangeiro, o Estado 
estrangeiro pode negar. Mesma coisa com o visto. É, portanto, um ato que se 
vincula ao exercício da soberania do referido Estado e, nesse exercício, não cabe 
a intervenção da jurisdição estrangeira ou a jurisdição local não pode intervir 
nesse ato de império. 
OBS: Ainda que o ato de gestão possa ser objeto da atividade jurisdicional 
de um Estado estrangeiro, haverá uma segunda imunidade chamada imunidade 
executiva, que impede que bens afetados à atividade do Estado estrangeiro 
possam ser objeto de execução. Portanto, a execução tem que ser de maneira 
voluntária, pois são impenhoráveis. Não quer dizer que o Estado não possa ser 
executado, o problema é a dificuldade de achar bens penhoráveis. 
IV. Princípio da denegação da justiça 
Diante de uma circunstância em que o Estado perceba inexistir a jurisdição 
internacional adequada, ele deve, para evitar denegação de justiça, julgar o caso. 
Então ainda que aquela questão não diga respeito à sua jurisdição, o Estado, 
verificando que o caso não será apreciado por outra jurisdição, ele deve, para 
evitar denegação de justiça, julgar o caso. 
V. Princípio da autonomia da vontade 
Ele fixa, como regra, que o estabelecimento da competência internacional 
dependerá exclusivamente da vontade do autor. Por exemplo: um conflito que 
envolve uma situação que diz respeito Brasil e Estados Unidos. O sujeito olha 
que o custo para ajuizar nos EUA é muito grande, mas em compensação o ganho 
patrimonial é muito maior. O sujeito pode escolher onde melhor se adequar à sua 
situação. 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
8.1. Competência exclusiva x concorrente 
Na competência exclusiva, a jurisdição só poderá ser exercida em um 
único país e, assim, por exemplo, uma decisão estrangeira não poderia ser 
homologada pelo Brasil. 
Por sua vez, na competência concorrente, mais de um Estado detém 
competência para analisar a questão e, portanto, uma decisão transitada em 
julgado num Estado estrangeiro poderá ser executada no Brasil, após 
homologação do STJ. Então o STJ detém a competência para a homologação da 
sentença estrangeira e, também, para conceder o exequatur1 (decisões de 
antecipação de tutela/provisórias). 
As hipóteses de competência internacional concorrente estão no CPC, a 
partir do artigo 21. 
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira 
processar e julgar as ações em que: 
I – o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver 
domiciliado no Brasil; 
II – no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; (DIZ 
RESPEITO AO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO. FEZ 
CONTRATO INTERNACIONAL NA ALEMANHA 
PARA CONSTRUIR UMA PONTE NO BRASIL. 
QUALQUER LITÍGIO RELACIONADO A ESSA 
CIRCUNSTÂNCIA, PODERÁ SER AJUIZADA NO 
BRASIL OU NA ALEMANHA. 
III – o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no 
Brasil. (CONTRATO FOI CELEBRADO NO BRASIL 
PARA A CONSTRUÇÃO DE UM ESTALEIRO EM 
OUTRO PAÍS. ENTÃO O ATO CELEBRADO NO BRASIL 
 
1 É o “cumpra-se”. 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
PODE GERAR UMA AÇÃO AJUIZADA NO 
TERRITÓRIO NACIONAL). 
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, 
considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica 
estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. 
(EXEMPLO: AGÊNCIA INTERNACIONAL DE 
VEÍCULOS COM AGÊNCIA NO AEROPORTO DO 
BRASIL É CONSIDERADA PESSOA JURÍDICA 
DOMICILIADA NO BRASIL) 
Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira 
processar e julgar as ações: 
I – de alimentos, quando 
a) o credor tiver domicílio ou residência no 
Brasil; 
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como 
posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou 
obtenção de benefícios econômicos. (UM CARA MORA 
NO EXTERIOR, MAS TEM CASA NO BRASIL, BENS ETC. 
ESSA AÇÃO DE ALIMENTOS É MAIS EFETIVA AQUI 
NO BRASIL). 
II – decorrentes de relação de consumo, quando o 
consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; (O 
CARA COMPROU PASSAGEM AÉREA DA EUROPA, 
PODE PROCESSAR A COMPANHIA AÉREA NO 
BRASIL? PODE! O PROBLEMA É QUE SE ELA NÃO 
TIVER BENS/ATIVIDADE ECONÔMICA AQUI, NÃO 
TERÁ EFETIVIDADE) 
III – em que as partes, expressa ou tacitamente, se 
submeterem à jurisdição nacional (AS DUAS PARTES 
AJUIZARAM AÇÃO AQUI NO BRASIL, OU SEJA, 
SUBMETERAM TACITAMENTE À JURISDIÇÃO 
NACIONAL). 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
OBS: O STJ tem precedentes no sentido de que um determinado fato 
ocorrido no estrangeiro sem repercussão no Brasil, não poderá ser processado e 
julgado no Brasil, considerando a ausência de competência internacional. 
OBS: Possibilidade da Carta Rogatória para dar cumprimento às decisões 
de competência concorrente. 
OBS: Não há litispendência ou coisa julgada com relação ao exercício de 
competência concorrente (art. 24, CPC). 
A competência internacional exclusiva está no artigo 23 do CPC: 
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com 
exclusão de qualquer outa: 
I – conhecer de ações relativas a imóveis situadas no Brasil; 
II – em matéria de sucessão hereditária, proceder à 
confirmação de testamento particular e ao inventário e à 
partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da 
herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha 
domicílio fora do território nacional; (SE DEIXOU BENS 
NO BRASIL, POUCO IMPORTA A NACIONALIDADE,O 
INVENTÁRIO DEVE ACONTECER NO BRASIL, COM 
RELAÇÃO A ESSES BENS. SE FOI FEITO NO 
ESTRANGEIRO, NÃO PRODUZIRÁ EFEITOS, 
PRINCIPALMENTE PARA EVITAR EVASÃO DE 
DIVISAS). 
III – em divórcio, separação judicial ou dissolução de união 
estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, 
ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou 
tenha domicílio fora do território nacional. (NÃO É O 
DIVÓRCIO, NEM SEPARAÇÃO JUDICIAL OU UNIÃO 
ESTÁVEL, É A PARTILHA QUE IMPORTA. A 
PARTILHA SERÁ FEITA NO BRASIL, 
NECESSARIAMENTE). 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
O artigo 25 estabelece uma competência subsidiária no brasil, ou seja, só 
acontecerá se não houver causa ajuizada no estrangeiro. 
Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o 
processamento e o julgamento da ação quando houver 
cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em 
contrato internacional, arguida pelo réu na contestação. 
§ 1º Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de 
competência internacional exclusiva previstas neste 
Capítulo; 
§ 2º Aplica-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1º a 4º. 
Então depende do comportamento do réu. 
FORO x JUÍZO 
Foro é a circunscrição territorial em que o órgão jurisdicional exerce 
jurisdição. É o local. Exemplo: foro da comarca de Salvador. 
OBS: A circunscrição territorial de um órgão jurisdicional não se 
confunde com a circunscrição territorial de um município. Então nem sempre 
coincide com a circunscrição territorial de um município. 
 O Juízo, por sua vez, é o órgão jurisdicional, com atribuições estabelecidas 
conforme a Lei de Organização Judicial. Então, por exemplo, Salvador tem as 
varas cíveis comerciais de relação de consumo; as varas de família. O foro é 
Salvador, mas o órgão é a vara de família, vara cível, vara de registros públicos 
etc. 
OBS: Cada órgão, cada estrutura jurisdicional, federal ou estadual, os foros 
possuem nomes distintos. Por exemplo: na Justiça Estadual tem-se as comarcas. 
Na Justiça Federal tem-se as seções e subseções. Na Justiça Eleitoral tem-se as 
zonas eleitorais. Na Justiça Militar, apesar de ser matéria penal, tem-se as 
auditorias militares. Na Justiça do Trabalho tem-se as varas de trabalho. Além 
dos Juizados Especiais que existem na esfera estadual e federal. 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA 
Chiovenda dizia que a competência era fixada em razão de basicamente 
três critérios: objetivos, que se relacionavam a elementos da causa; critérios 
funcionais, que se relacionavam com a atividade jurisdicional; e, por fim, critérios 
territoriais, que se relacionavam ao lugar em que o processo devia tramitar. 
Houve um desdobramento e os critérios objetivos transformaram-se em 
três: critérios materiais, pessoais e valor da causa. 
CRITÉRIOS OBJETIVOS 
Critérios materiais 
São tipos de critérios objetivos que levam em conta o objeto da discussão 
do processo. Então ele leva em conta aspectos materiais discutidos na causa. 
Exemplo: a competência da Vara de Família leva em consideração as matérias 
discutidas na causa (família). 
Muitas vezes, a competência material é uma competência que diz respeito 
à análise de questões de maneira incidental. Então o magistrado não decide sobre 
a relação jurídica, mas tem competência supletiva para analisar a circunstância. 
Os critérios materiais fixam competência absoluta, isto é, não podem ser 
modificados pela vontade da parte, pois levam em consideração o interesse 
público. 
Critérios pessoais 
Competências em razão da pessoa. Nesse critério, o elemento que vai 
implicar na fixação da competência é a pessoa, ou seja, o sujeito que está em litígio 
ou uma causa que diga respeito a um determinado sujeito. Mas isso não feriria 
o princípio do juiz natural, ao fixar critérios que levam em conta características 
pessoais? Não, pois, em que pese levem em consideração a pessoa, são critérios 
abstratos em relação à fixação de competência. (Exemplo: art. 109, inciso I). 
Esses critérios também ensejam a fixação de competência absoluta. 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
Critério do valor da causa 
Muitas vezes, o aspecto econômico decorrente da causa ali indicado e seu 
valor, podem ensejar fixação de competência. Basicamente, isso acontece nos 
juizados especiais. Esse critério pode ensejar tanto a formação de uma regra de 
competência absoluta, quanto relativa. 
O valor da causa nos juizados especiais: há três juizados especiais, os 
estaduais, os estaduais de fazenda pública e os federais. Nos juizados especiais 
estaduais, as causas até 40 salários mínimos poderão ser processadas e julgadas 
nos juizados especiais. “Poderão”, pois é uma faculdade. Existe, então, uma 
regra de competência relativa. Por sua vez, nos juizados estaduais de fazenda 
pública e justiça federal, as causas menores que 60 salários mínimos serão de 
competência desses juizados especiais. Aqui a competência é absoluta, então nas 
causas menores que 60 salários mínimos não há possibilidade de escolha por 
parte do Autor do processo. 
 CRITÉRIOS FUNCIONAIS 
Esses critérios funcionais levam em consideração as atividades a serem 
desenvolvidas ou em desenvolvimento nos órgãos jurisdicionais. Sempre que se 
ouvir falar em “função” lembre da finalidade a ser desenvolvido. Então toda vez 
que uma competência for estabelecida levando em consideração o fim a ser 
atingido, tem-se um critério funcional de fixação de competência. 
Por exemplo: Quando se fala que o STF tem competência exclusiva para 
fazer o controle de constitucionalidade concentrado, tem-se uma competência 
decorrente de uma função, ou seja, uma competência funcional. 
Outro exemplo: As competências recursais. Elas são sempre competências 
funcionais. Então toda vez que ouvir falar que “compete aos tribunais regionais 
federais julgarem as sentenças proferidas pelos juízes federais”, tem-se ali uma 
competência funcional. 
Outro exemplo: toda vez que se fixar uma competência a partir da 
distribuição do processo, essa competência é funcional. Então, por exemplo, 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
competência por distribuição de dependência (uma causa em que o sujeito 
desistiu de determinada causa e, posteriormente, ela for ajuizada novamente, 
terá que ser distribuída ao mesmo Juízo). Então esse critério que estabelece a 
dependência é o critério funcional. O sujeito que já apreciou a causa fica 
vinculado à causa e, diante de eventual extinção do processo (por abandono, 
desistência), a causa futura que poderá ser ajuizada será distribuída, por 
dependência, ao mesmo órgão jurisdicional (Juízo). Leva em conta a atividade 
que foi desenvolvida anteriormente. 
Esse critério funcional é um critério absoluto. 
CRITÉRIOS TERRITORIAIS 
Leva em consideração o lugar em que a causa deve tramitar. Leva em 
conta aspectos territoriais, portanto. Esse critério, em regra, fixa uma 
competência relativa. Entretanto, existem critérios de competência territorial que 
fixam regras de competência absoluta. Então é necessário observar diante do caso 
concreto. Na maioria das vezes, a competência territorial tem natureza de 
competência relativa. 
Por exemplo: A regra é que as causas tenham como competência o foro do 
domicílio do réu. Contudo, existem circunstâncias em que essa regra de 
competência fixa competência absoluta, como nas causas coletivas. Nestas, o 
local do dano e, também, da ameaça ao direito é considerada o foro 
absolutamente competente para a causa coletiva. 
OBS: A doutrina costuma estabelecer uma ordem lógica de análise desses 
critérios. Primeiro, verifica-se os critérios fixados seja em razão da matéria, da 
pessoa, prevista na legislação e, principalmente, na Constituição Federal. Então 
analisa-se se aquela causa tem relação com algum determinado órgão 
jurisdicional, seja por força dalei ou em razão da Constituição. Professor sugere 
analisar primeiro se é competência de Tribunais Superiores; se não, após, 
competência da Justiça Federal; não sendo, depois, residual (estadual). Segundo, 
analisa-se a competência territorial, isto é, qual é a circunscrição territorial que, 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
conforme a lei de organização judicial ou a legislação em geral, deve analisar 
aquela causa. Terceiro, analisa-se se naquele território existem varas com 
competência privativa, por exemplo, em Salvador, há varas de competência 
privativa de Fazenda Pública. 
Essa ordem não é necessária, mas facilita. 
MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA 
1. Regra do Perpetuatio Jurisdictionis 
O art. 43 do CPC traz uma regram chamada a regra da “perpetuação da 
jurisdição” (perpetuatio jurisdictionis). Segundo ela, quando determinada a 
competência para a causa, qualquer modificação de estado de fato ou de direito 
é irrelevante e não provoca a modificação da competência. 
Apenas em duas situações haverá exceção: 
(a) supressão do órgão jurisdicional (deixa de existir). Exemplo: em 
Salvador tínhamos duas varas de relação de consumo e elas foram extintas, e os 
processos que eram dessas varas foram redistribuídos nas varas cíveis que 
passaram a ter competência nessas causas; 
(b) quando há modificação de competência absoluta (não se modifica pela 
vontade das partes, mas isso não significa que a legislação não possa alterar a 
competência absoluta). Se houver alteração de competência absoluta, também 
ocorrerá a ruptura da perpetuação da jurisdição. Exemplo: em 2004, nós tivemos 
a reforma judiciária. Com a Emenda Constitucional 45, houve ampliação da 
competência da Justiça do Trabalho para, por exemplo, apreciar questões 
relacionadas à dano moral e material decorrentes de relação de trabalho. Essas 
causas eram apreciadas perante a justiça estadual e, com a Emenda, as causas que 
estavam na Justiça Estadual passaram todas para a Justiça do Trabalho. 
OBS: As causas que já tinham sido julgadas, não houve alteração de 
competência, logo, elas não foram remetidas à Justiça do Trabalho. Continuaram 
na Justiça Estadual. Isso porque a modificação foi da competência de primeiro 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
grau, não da competência funcional, isto é, aquela competência para apreciar os 
recursos. 
Outro exemplo: existem circunstâncias em que a Constituição e a 
legislação preveem que a competência da Justiça Federal será delegada aos juízes 
estaduais, quando o local não for sede de vara federal. Aplica-se, também, a 
regra da perpetuação de competência. Mas se no futuro surgir uma vara federal 
no local, haverá a modificação da competência absoluta. 
2. Modificação de competência 
Existem outras circunstâncias de modificação de competências. As 
modificações voluntárias e legais. Nas voluntárias, a alteração da regra de 
competência se dá em razão do exercício da autonomia da vontade da parte, 
através dos “foros de eleição” (art. 63, CPC). Estes consistem em cláusulas 
negociais vinculados a negócios específicos, em que as partes elegem o foro 
competente para a sua causa ou para causas decorrentes daquele negócio. 
Essas cláusulas de foros de eleição (art. 63, CPC) modificam a competência 
territorial, desde que seja competência territorial relativa. E esses foros de eleição 
também pode ser objeto de renúncia. Por exemplo: o contrato preveja foro de 
eleição em Ribeirão Preto, mas a ação é ajuizada em Salvador. Se o réu não falar 
nada, haverá uma novação, ou seja, uma modificação tácita do contrato e, assim, 
o juiz, então, se prorrogará na competência. 
OBS: Sabemos que a competência relativa não pode ser conhecida de ofício 
pelo Magistrado. Contudo, nulidades contratuais absolutas podem. No caso de 
um foro de eleição abusivo, – por exemplo aquele previsto num contrato de 
adesão – o juiz pode, de ofício, reconhecer a invalidade da cláusula e encaminhar 
o processo ao foro que for competente para a sua apreciação. Aqui ele pode julgar 
com base na inconstitucionalidade da previsão da cláusula, uma vez que estaria 
violando a garantia de acesso à justiça, bem como o contraditório e a ampla 
defesa. 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
Com relação à modificação de competência legal, tem-se a modificação por 
conexão e continência e as regras de prevenção. 
CONEXÃO E CONTINÊNCIA 
Existem situações em que a norma de competência autoriza a modificação 
dos seus efeitos, como, por exemplo, as competências relativas podem ser 
modificadas pela vontade das partes. 
A conexão e continência constitui formas de modificação de competência 
relativa. Então não há modificação de competência relativa. 
A continência é uma espécie de conexão. Esta, por sua vez, é um fato e se 
constitui na existência de semelhanças entre demandas. Por exemplo: CPC adota 
concepção tradicional de conexão. Lá, a conexão corresponde a uma identidade 
de pedidos ou de causa de pedir. Entretanto, existem outras formas de se verificar 
a conexão, a saber: 
1. Numa concepção tradicional, temos a conexão como identidade de 
causa de pedir e/ou pedido. Então o que garante a semelhança 
entre as partes é a identidade entre causa de pedir e pedido; 
2. Existe outra linha, defendida por Carnelutti, que diz que a conexão 
seria a identidade de questões, sejam fáticas ou jurídicas. Por 
exemplo, o mesmo fato, o mesmo fundamento jurídico. 
3. Outra linha defendida é a conexão material ou substancial, em que 
ela ocorreria quando as causas discutissem uma mesma relação 
jurídica. Exemplo: divórcio e alimentos são decorrentes de uma 
mesma relação jurídica, que é o casamento; 
4. E, ainda, a conexão por afinidade. Esta é pautada em uma mesma 
tese jurídica. 
OBS: Em que pese seja possível identificar essas circunstâncias como 
elementos de aproximação entre causas, nem sempre os efeitos dessas formas de 
conexões são as mesmas. Se olhar o CPC na sua literalidade, percebe-se que ele 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
adota a primeira corrente (art. 55, CPC), identificando a conexão a partir dos seus 
elementos tradicionais. 
Isso não significa que as outras correntes não tenham sido também de certa 
forma contempladas, pois, como conexão é fato, os efeitos jurídicos podem variar. 
Quando se trabalha com competência, observamos como efeito jurídico a sua 
modificação. 
O legislador do CPC foi bastante esperto quando trouxe, no art. 55, o 
parágrafo terceiro, que diz que “serão reunidos para julgamento conjunto os processos 
que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso 
decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles”. Em outras palavras, diz que, 
ainda que os processos não sejam conexos (concepção tradicional), se a parte 
verificar outra forma de conexão, ela pode buscar a reunião do processo. 
A conexão tem esse regime jurídico especial, pois o fundamento da 
modificação da competência em razão da conexão se associa à economia 
processual (é muito mais econômico tratar ações próprias conjuntamente), e, 
também, a busca por evitar decisões conflitivas ou contraditórias, que pode 
desintegrar o sistema normativo. 
NÃO HÁ MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA ABSOLUTA EM 
RAZÃO DE CONEXÃO. Assim, se houver decisões conflitivas, suspende. 
Conexão enquanto fato: relação de semelhança entre as causas. 
Conexão + litispendência: a conexão é uma relação de semelhança, ou seja, 
há elementos que aproximam as causas, mas são causas distintas. A 
litispendência, por sua vez, é uma relação de identidade, isto é, existirá a 
formulação de um mesmo processo novamente: mesmas partes, mesma causa de 
pedir, mesmo pedido. A diferença está na diferenciação entre a continência e a 
litispendência. 
A continência é uma espécie de conexão, mas algumas características são 
próprias. Na comparação entre causas,na verificação da semelhança da 
continência, uma das causas é continente e a outra é conteúdo. Explicando, 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
quando se vai comparar duas causas, vai perceber que uma causa é continente e 
a outra é conteúdo dessa primeira. Na continência, o pedido da causa maior 
engloba o pedido da causa menor. Ou seja, um pedido é amplo e engloba o 
pedido de uma causa menor. Então existe uma relação de continente conteúdo. 
Por exemplo: pede anulação de determinada cláusula contratual. Vem o 
outro sujeito e pede a anulação do contrato. Se anular o contrato, anula a cláusula, 
ou seja, a anulação de contrato engloba a anulação da cláusula. Em outras 
palavras, essa ação é continente com relação à outra, que é o seu conteúdo. Mas 
não são iguais, não houve litispendência, mas houve continência. 
O CPC/73 resolvia isso conectando as ações. O NCPC tratou de forma 
diferente: se a ação continente (anulação do contrato) for ajuizada antes da ação 
conteúdo (anulação de cláusula contratual), esta será extinta sem resolução de 
mérito. Mas se for o contrário, haverá uma reunião no Juízo prevento. Isso está 
previsto no art. 57, CPC/15: “quando houver continência e a ação continente tiver sido 
proposta anteriormente, no processo relativo à ação contida será proferida sentença sem 
resolução de mérito, caso contrário, as ações serão necessariamente reunidas”. 
Muitas vezes o que existe são as litispendências parciais. Exemplo: o 
sujeito pediu A, B, C e D. Por outro motivo, o mesmo sujeito ajuizou outra ação 
pedindo D, E, F, e G. Existe aqui uma litispendência parcial, na medida em que 
pediu D nas duas ações (tendo mesma parte e mesma causa de pedir). Então 
extingue-se com relação ao pedido D na segunda ação, sem resolução de mérito, 
se mantendo os demais pedidos. 
Então para haver litispendência, necessária a tríplice identidade (mesmas 
partes, causa de pedir e pedido). 
Efeitos da conexão: O primeiro efeito é o parágrafo primeiro do art. 55, 
qual seja, a reunião das causas para julgamento conjunto: “os processos de ações 
conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido 
sentenciado”. A primeira exceção é quando uma delas já tiver sido anteriormente 
julgada. 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
O § 2º diz que é possível a reunião de execução de título extrajudicial e 
ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico e, também, as execuções 
fundadas no mesmo título executivo. 
Com relação à continência, o segundo efeito é a extinção do processo. 
PREVENÇÃO 
“Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no 
juízo prevento, onde serão decididas simultaneamente.” 
A prevenção é um fenômeno processual em que duas causas, com 
competência concorrente, devem ser julgadas pelo mesmo órgão jurisdicional. 
A primeira petição inicial que tiver sido distribuída ou registrada, torna o 
juiz prevento para as causas conexas ou acessórias: art. 59. O registro ou a 
distribuição da petição inicial torna prevento o juízo. 
OBS: Não se confunde prevenção com prorrogação. Nesta, ele converte 
o juiz relativamente incompetente em competente. Naquela, ele se torna o juiz 
competente para todas as causas reunidas por conexão ou continência. 
Além dessa possibilidade de reunião de causas e de extinção de processo, 
há a possibilidade de suspender o processo (art. 313, inciso V, CPC). Então outro 
efeito da conexão é a suspensão. Assim, nem sempre a conexão gera a reunião, 
por isso não pode se confundir as duas. 
Um processo civil pode ser conexo a um processo penal (pois conexão é 
fato), mas não podem ser reunidos, pois as competências são distintas (art. 315, 
CPC). Isso não impede a suspensão da causa subordinada. 
OUTRAS HIPÓTESES DE MODIFICAÇÃO 
O art. 60 diz que se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, 
comarca, seção ou subseção judiciária, a competência territorial do juízo prevento 
estender-se-á sobre a totalidade do imóvel. 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
No art. 61, diz que a ação acessória será proposta no juízo competente para 
a ação principal. Então sempre que uma causa seja acessória a outra, será 
submetida ao mesmo órgão jurisdicional que tramitou a causa principal. 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
REGRA GERAL – PRINCÍPIO DO RÉU (ART. 46) 
A regra principal de competência do CPC é a regra do domicílio do réu. 
Então todas as ações pessoais ou reais (imobiliárias), tem como regra o foro do 
domicílio do réu, ou seja, ajuizados perante o foro do domicílio do réu. É uma 
competência relativa, então o autor pode ajuizar em outro foro e caberá ao réu 
arguir a incompetência relativa, de modo que se não arguir, será prorrogada a 
incompetência. 
Há subregras: 
a) Se o réu tiver mais de um domicílio, quaisquer dos domicílios serão 
competentes para a causa; 
b) Se o réu não tiver domicílio, a causa poderá ser promovida no 
domicílio do autor, no domicílio do local do fato, ou se o autor não 
tiver domicílio no Brasil, em qualquer domicílio, resguardada a 
conveniência em relação ao local; 
c) No caso de domicílio incerto ou desconhecido, será no local onde o 
réu for encontrado ou no domicílio do autor; 
d) Se tiver mais de um réu com domicílios distintos, é possível ajuizar 
ação em qualquer desses domicílios; 
e) As execuções fiscais serão propostas perante o domicílio do réu, ou 
perante a residência do réu, ou no lugar onde ele for encontrado. 
REGRA DA SITUAÇÃO DO IMÓVEL 
É uma regra para causas reais imobiliárias, bem como as possessórias 
relativas à imóveis. 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
Lembrando que, independentemente se o imóvel contemplar mais de uma 
comarca, o juízo que primeiro receber a causa terá competência por toda a 
extensão do imóvel. 
As ações pessoais são aquelas que se relacionam ao cumprimento de 
obrigações ou ao cumprimento de direitos de personalidade. Por exemplo: ação 
relacionada a um contrato de locação de um imóvel, está lidando com imóvel, 
mas essa ação é pessoal. 
Por outro lado, direitos reais são aqueles que têm natureza absoluta e recai 
sobre bens móveis ou imóveis, que diz respeito à propriedade, garantias etc. Se a 
ação real for discutir sobre bem imóvel, a regra geral é que essa ação deva ser 
formulada perante o foro de situação do imóvel. Então ainda que o bem imóvel 
não tenha sede de comarca, ele será de competência do juízo que tem jurisdição 
sobre aquela localidade. 
Em outras palavras, não se verifica a sede do juízo, analisa-se qual o órgão 
com circunscrição jurisdicional que detém a competência para aquele local. 
OBS: ESSA COMPETÊNCIA É ABSOLUTA. 
Só que o CPC estabelece certas regras de exceção a essa regra geral (art. 47, 
§ 1º). Diz que essas ações reais imobiliárias poderão ser ajuizadas perante o foro 
do domicílio do réu, desde que não trate de certas questões, quais sejam: (a) 
direito de propriedade; (b) direito de vizinhança; (c) servidão; (d) divisão e 
demarcação de terras; (e) nunciação de obra nova. 
Em outras palavras, o dispositivo diz que o local da situação dos bens 
imóveis é o local para as ações relacionadas à direitos reais. Essa regra, no 
entanto, relativa, com base no dispositivo acima, já que se pode promover ações 
em outros locais, como, por exemplo, no foro do domicílio do réu, salvo as ações 
que tratem das matérias acima descritas, que serão sempre o local da situação do 
imóvel. 
O § 2º afirma que a ação possessória imobiliária será proposta no foro de 
situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta. 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
REGRA DE SUCESSÃO (ART. 48) 
O último domicílio do autor da herança será o competente para as ações 
relacionadas ao inventário, partilha, arrecadação, o cumprimento de disposições 
de última vontade, e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbitotenha ocorrido no estrangeiro. 
O parágrafo único diz que se o autor da herança não possuía domicílio 
certo, é competente: 
I. O foro de situação dos bens imóveis; 
II. Havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes; 
III. Não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do 
espólio. 
OBS: Uma vez ajuizada a ação de inventário, o juízo tem competência para 
analisar todo o inventário, ainda que diga respeito à bens localizados em outras 
comarcas ou em outras localidades. Então, por exemplo, o autor da herança tinha 
domicílio em Salvador, mas tinha bens em SAJ. O local do inventário será em 
Salvador, ainda que o juízo de Salvador tenha competência para analisar 
questões relacionadas aos bens de SAJ. Há aqui uma concentração de 
competência, concentração da análise cognitiva a ser analisada pelo juiz da causa, 
ainda que os bens estejam localizados em outros lugares. 
OBS: Com relação ao inventário não se aplica a regra da situação do bem 
imóvel, inclusive é preciso analisar o foro non conveniens, para evitar a utilização 
de um foro inadequado à causa. 
REGRA DO AUSENTE (ART. 49) 
A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último 
domicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o 
cumprimento de disposições testamentárias. 
INCAPAZ (ART. 50) 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu 
representante ou assistente. Então no caso de assistência ou representação, existe 
uma vinculação do domicílio do representado ou assistido, com o domicílio do 
seu representante ou assistente. 
UNIÃO E ESTADOS (ARTS. 51 E 52) 
O art. 51 diz que é competente o foro de domicílio do réu para as causas 
em que seja autora a União (regra geral). A mesma coisa para os estados ou 
Distrito Federal (art. 52). Há um mito de achar que o estado só pode promover a 
demanda em seu próprio território. 
OBS: O parágrafo único diz que se a União for demandada, a ação poderá 
ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que 
originou a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal (se aplica 
também aos estados). 
Aqui é uma facilitação da vida do Autor, no caso em que a União ou 
estados forem réus. Então permite-se que o domicílio do autor seja a regra, ou 
optar por ajuizar a ação no local em que aconteceu o ato ou fato a que se relaciona 
a demanda, ou pela situação do bem discutido no processo, ou, ainda, na sede do 
ente federativo. 
OUTRAS REGRAS (ART. 53) 
INCISO I – Para ação de divórcio, separação, anulação de casamento e 
reconhecimento ou dissolução de união estável, é competente o foro: 
a) De domicílio do guardião de filho incapaz. Ou seja, todo aquele que 
detém a guarda de um filho incapaz, para facilitar o seu acesso à 
justiça, tem como prerrogativa que a ação será ajuizada perante o 
seu domicílio (COMPETÊNCIA ABSOLUTA, segundo 
entendimento do professor); 
b) Do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz; 
c) De domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo 
domicílio do casal; 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
d) De domicílio da vítima de violência doméstica e familiar, nos 
termos da Lei Maria da Penha (COMPETÊNCIA ABSOLUTA, 
segundo entendimento do professor). 
INCISO II – De domicílio ou residência do alimentando, para a ação em 
que se pedem alimentos (COMPETÊNCIA ABSOLUTA, entendimento 
consolidado). 
OBS: Se houver mudança do domicílio, não haverá mudança do juízo. Mas 
para a execução será o novo domicílio do alimentando. 
INCISO III – Do lugar: 
a) Onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica; 
b) Onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a 
pessoa jurídica contraiu; 
c) Onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade 
ou associação sem personalidade jurídica; 
d) Onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe 
exigir o cumprimento; 
e) De residência do idoso, para a causa que verse sobre direito 
previsto no respectivo estatuto; 
f) Da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de 
reparação de dano por ato praticado em razão do ofício (discussão 
de qualquer ato relacionado à prática das funções do cartório de 
notas ou de registro). 
INCISO IV – Do lugar do ato ou fato para a ação: 
a) De reparação de dano; 
b) Em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios; 
INCISO V – De domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de 
reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive 
aeronaves (entendimento também diz do domicílio do réu, com base na 
facilitação da defesa da vítima). 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL 
Competência dos juízes 
De logo, duas observações: 
A competência da justiça federal é estabelecida constitucionalmente, 
através dos artigos 108 e 109 da Constituição; 
A competência da justiça federal tem natureza, como regra, absoluta. 
Observa-se que desses dispositivos observa critérios que levam em consideração 
critérios materiais, funcionais e pessoais. 
Lembrando que as regras das justiças estaduais são residuais, ou seja, 
aquilo que não for da competência da justiça federal, será de competência da 
justiça estadual. 
O artigo 109 trata da competência dos juízes federais. O inciso I trata do 
critério da pessoa para estabelecimento de competência: 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
I – as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa 
pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, 
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de 
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho. 
Primeira observação é em relação à própria limitação estabelecida no 
dispositivo. Com relação às entidades autárquicas, incluem-se as fundações 
regidas por direito público, uma vez que são consideradas entidades autárquicas. 
Existe uma discussão para a competência de Mandado de Segurança, vez 
que, por exemplo, um sujeito que estiver atuando em exercício nessas Sociedades 
de Economia Mista, prevalece que eles estabelecem atribuições delegadas de 
entes federais. STJ tem precedentes no sentido de que esse exercício de 
atribuições de entes federais, implica que a competência para o MS, nesse tipo de 
processo, seja da Justiça Federal. 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
Segunda observação: não importa a atuação desse ente federativo, seja 
autor, réu, assistente ou oponente, a Justiça Federal será a competente. Se houver 
intervenção superveniente de um ente federativo (União, entidades autárquicas 
etc.), haverá uma modificação da competência para a Justiça Federal. Então se 
houver um processo na Justiça Comum e, por algum motivo, intervenção da 
União, haverá deslocamento da competência para a Justiça Federal. 
OBS: A quem competiria apreciar a adequação da intervenção nesse caso? 
O Juiz Estadual ou o Juiz Federal? Não se está tratando do julgamento de 
competência, mas sim a intervenção. Nesse caso, é sempre o Juiz Federal. Assim, 
o juiz estadual remete os autos ao Juiz Federal e este fará a análise da adequação 
da intervenção, inclusive podendo excluir o ente que justificaria a sua 
competência, devolvendo os autos da para a Justiça Estadual (juiz prevento). 
Terceira observação: o inciso primeiro exclui algumas matérias 
relacionadas à atuação desses entes federativos: falência, acidente de trabalho e 
as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho. Isso quer dizer que, ainda 
que atue a União, a entidade autárquica federal, ou empresa pública federal 
atuem nessas causas acima descritas, não serão da competência da Justiça 
Federal. 
 II – as causas entre Estado estrangeiro ou organismo 
internacionale Município ou pessoa domiciliada ou residente no 
país 
Então sempre que houver causa envolvendo esses entes, a competência 
será da Justiça Federal, pouco importando a matéria. 
Observação: nesses tipos de processo não cabe apelação aos TRF’s. Cabe 
um recurso específico chamado Recurso Ordinário, que será julgado diretamente 
pelo STJ. 
NÃO CONFUNDIR ESSE DISPOSITIVO COM AQUELE QUE TRATA 
DA COMPETÊNCIA DO STF (ART. 102, INCISO I, ALÍNEA “E”). É DA 
COMPETÊNCIA DO STF LITÍGIO ENTRE ESTADO ESTRANGEIRO OU 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
ORGANISMO INTERNACIONAL E A UNIÃO, ESTADO, DF OU TERRITÓRIO. 
AQUI NÃO É MUNICÍPIO OU PESSOA RESIDENTE NO PAÍS, MAS SIM 
UNIÃO, ESTADO, DF OU TERRITÓRIO. 
III – as causas fundadas em tratado ou contrato da União com 
Estado estrangeiro ou organismo internacional 
É uma competência em razão da matéria. Sempre que a causa envolver 
diretamente aplicação de um Tratado ou contrato da União com Estado 
estrangeiro ou organismo internacional, a competência será da Justiça Federal. 
Não se está falando de aplicação de direitos decorrentes de tratado, mas sim de 
convenção entre organismos internacionais ou estados com a União que estejam 
previstos em tratados ou contratos internacionais. Assim, sempre que um tratado 
ou contrato internacional prevê obrigações recíprocas; obrigações decorrentes 
diretamente desses instrumentos, a competência será da JF. Algo que vincule 
diretamente a União com Estado estrangeiro. 
VI-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 
5ºdeste artigo; 
 Em 2004 tivemos a EC45, e ela trouxe a possibilidade do deslocamento 
de competência da JE para a JF. Esse deslocamento ocorre mediante um incidente 
chamado “incidente de deslocamento de competência” e é apreciado pelo STJ. 
Esse incidente foi pensado para se evitar pressões locais sobre determinadas 
causas que poderiam ter repercussão negativa com relação à própria forma como 
o Brasil é visto perante as Organizações Internacionais com relação aos Direitos 
Humanos. 
Então as causas relativas a direitos humanos serão deslocadas para a 
Justiça Federal. Toda vez que o STJ deferir o deslocamento de competência, a 
causa será de competência da Justiça Federal. 
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o 
Procurador Geral da República, com a finalidade de assegurar o 
cumprimento de obrigações decorrentes de tratados 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, 
poderá suscitar, perante o STJ, em qualquer fase do inquérito ou 
processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça 
Federal. 
Foi pensando, em princípio, para matéria penal. Mas pode ser utilizada 
também em sede de matéria cível, desde que a discussão envolva matéria cível 
(probidade administrativa, por exemplo). Então sempre que tratar de direitos 
humanos, sempre que o PGR entender que há um risco de grave violação a esses 
direitos, para evitar pressões locais, ele pode requerer a federalização da causa 
(não da matéria). 
VIII – os mandados de segurança e os habeas data contra ato de 
autoridade federal, excetuados os casos de competência dos 
tribunais federais; 
XI – a disputa sobre direitos indígenas. 
X – (...) a execução de carta rogatória, após o “exequatur”, e de 
sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à 
nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização. 
Esse inciso X traz uma competência funcional da Justiça Federal. Então 
pouco importa a matéria, esses descritos acima serão realizados pela Justiça 
Federal, após homologação ou exequatur do STJ. 
COMPETÊNCIA DELEGADA 
Há, ainda, a competência delegada da Justiça Federal. Nesta, os juízes 
estaduais exercem competência de juízes federais. Isso se dá em situações 
bastantes restritas: 
• O lugar não seja sede de vara federal. 
A causa que seria de competência da justiça federal será apreciada, em 
primeira instância, pelo juiz estadual, pois no lugar não tem vara federal. Mas 
para que isso ocorra, é preciso que haja ou autorização na Constituição, ou 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
autorização legislativa. Não é qualquer matéria, portanto. A primeira autorização 
está no § 3º, do art. 109. 
§ 3º Lei poderá autorizar que as causas de competência da JF em 
que forem parte instituição de previdência social e segurado 
possam ser processadas e julgadas na justiça estadual quando a 
comarca do domicílio do segurado não for de sede de vara federal. 
 E se for relacionada a acidente de trabalho? Competência da Justiça 
Estadual, pois a Constituição exclui. 
§ 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será 
sempre para o TRF na área de jurisdição do juiz de primeiro grau. 
Como é competência da JF, o recurso, nesses casos, por se tratar de 
delegação de competência, irá sempre para o TRF. Aqui a causa não é de 
competência da justiça estadual originariamente, mas por um critério 
constitucional poderá ser julgada em justiça estadual, na primeira instância. 
Outras hipóteses podem ser decorrentes de autorização legal. Exemplos: 
• Tem que ter autorização constitucional ou legislativa. 
Lei 5.010, que trata da Lei Orgânica da Justiça Federal. 
Art. 15. Quando a Comarca não for sede de Vara Federal, poderão 
ser processadas e julgadas na Justiça Estadual: 
II – as vistorias e justificações destinadas a fazer prova perante a 
administração federal, centralizada ou autárquica, quando o 
requerente for domiciliado na Comarca. 
III – as causas em que forem parte instituição de previdência 
social e segurado e que se referirem a benefícios de natureza 
pecuniária, quando a Comarca de domicílio do segurado estiver 
localizada a mais de 70 km (setenta quilômetros) de Município 
sede de Vara Federal. 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
IV – as ações de qualquer natureza, inclusive os processos 
acessórios e incidentes a elas relativos, propostas por sociedades 
de economia mista com participação majoritária federal contra 
pessoas domiciliadas na Comarca, ou que versem sobre bens nela 
situados. 
Existem entendimentos do STJ que Ação Rescisória é de competência do 
TRF, nesses casos de competência delegada. 
COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS 
O art. 108 trata da competência dos TRF’s. 
 Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: 
I – processar e julgar, originalmente: 
(alínea B, C, D, E) 
II – julgar em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes 
federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência 
federal da área de sua jurisdição. 
Então todas as decisões a qual cabe recurso a uma instância superior, salvo 
regra específica, serão apreciadas pelos TRF’s. 
CONFLITO DE COMPETÊNCIA 
O conflito de competência ocorre quando dois juízes no mínimo ora se dão 
por competentes, ora incompetentes para apreciar determinada matéria. Então 
tem-se o conflito negativo de competência (quando se dão por incompetentes) e 
o conflito positivo de competência (quando se dão por competentes). 
OBS: não haverá conflito de competência quando uma das causas já tiver 
sido julgada. Ou seja, necessário que a causa ainda esteja pendente de 
julgamento. 
OBS: Não há conflito de competência entre órgãos de hierarquia distintas, 
dentro do mesmo contexto hierárquico. Por exemplo: entre órgão que vai 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
apreciar um recurso de outro órgão. Nesse caso, sempre será do órgão 
“superior”. 
Art. 66. Parágrafo único. O juiz que não acolher a competência declinada 
deverá suscitar o conflito, salvo se a atribuir a outro juízo. 
Quem julga esse conflito? 
Em relação ao STF – Sempre que o conflito for entre algum Tribunal 
Superior e qualquer outro órgão a competência será do STF. 
As outras situações são intuitivas: 
Se houver conflito entre dois juízes de direito,por exemplo, da Bahia, será 
o TJ-BA que irá julgar. Se for entre juízes de direito de estados diferentes, será o 
STJ que irá julgar. 
Juízes do trabalho de regiões diferentes, quem julgará será o TST. Se da 
mesma região, TRT da região que julgará. 
PROCEDIMENTO (ARTS. 951 AO 959) (NÃO VAI COBRAR NA 
PROVA) 
Primeira regra: O conflito de competência poderá ser suscitado por 
qualquer das partes, pelo MP ou pelo juiz, sendo que o MP só poderá ser ouvido 
nos conflitos de competências nas causas em que intervier, mas terá qualidade 
de parte nos conflitos que suscitar. 
Nos casos das partes, o sujeito que suscitou a incompetência relativa, não 
poderá formular o conflito, pois haveria uma sobreposição de requerimento. Ou 
seja, se ele já se manifestou pela incompetência, nas faz sentido suscitar 
novamente. 
Segunda regra: Quem julga o conflito é sempre um Tribunal. Podendo ser 
de ofício pelo juiz. 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
Após a distribuição, o relator determinará a oitiva dos juízes em conflito 
ou, se um deles for suscitante, apenas do suscitado. Quem suscitou o conflito, 
não deverá mais prestar informações. 
O relator poderá de ofício ou a requerimento das partes, quando o conflito 
for positivo, determinar a suspensão do processo; no conflito negativo, poderá 
designar um dos juízes para resolver em caráter provisório as medidas urgentes. 
O relator poderá julgar de plano (sem precisar de mais provas, mas 
garantindo o contraditório) o conflito de competência quando sua decisão se 
fundar súmula do STF, do STJ ou do próprio Tribunal. 
Havendo conflito interno no próprio Tribunal, deverá observar o 
regimento interno para resolver o conflito. 
SUJEITOS DO PROCESSO 
É o conjunto de pessoas que ocupam posições ou praticam atos ou exercem 
atividades no processo. Começa a ficar mais restrito quando começamos a 
identificar que tipos de atividade esses sujeitos exercem. 
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 
Partes 
São sujeitos parciais do processo que atuam na defesa de interesses, muitas 
vezes subjetivos, e ocupam uma série de posições jurídicas (ativas ou passivas). 
Eles são dotados de uma série de poderes, funções e deveres. Junto com os 
magistrados, são os principais sujeitos do processo. Elas necessariamente devem 
estar incluídas dentro de um contexto de contraditório (autor x réu). 
Pergunta: é possível existir um processo sem alguma das partes? No 
mínimo, para o processo existir, precisamos ter uma parte autora (interessado). 
Isso quer dizer que o processo existe independentemente da presença do réu. O 
réu precisa ser citado pelo menos para tomar conhecimento da decisão favorável 
a ele. 
Ministério Público 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
Sujeito que ocupa diversas posições a depender do processo. O MP pode 
ser parte (dominus litis – senhor do processo) e defender o interesse de 
determinado sujeito. Defende, como regra, o interesse da sociedade. Em que pese 
alguma divergência, o MP também pode ser réu. É meio raro, mas pode 
acontecer. Também pode atuar como substituto processual, quando atua na 
defesa dos interesses de terceiros. Pode atuar como representante da parte, onde 
o MP atua para suprir uma incapacidade. Situação bastante rara. Em quarto 
lugar, pode atuar também como fiscal da ordem jurídica (custos legis). Como tal, 
o MP atua na observância das regras e princípios contidos no nosso ordenamento 
jurídico. 
O CPC traz as hipóteses de participação do MP no art. 178. 
OBS: ao MP se aplica as mesmas hipóteses de impedimento ou suspeição 
que são aplicadas ao juiz. O impedimento é uma vedação ao agir (como se fosse 
uma contra competência, um estar proibido de agir em determinadas situações). 
A suspeição, por sua vez, envolve circunstâncias em que do sujeito não se espera 
a imparcialidade necessária à atuação (o sujeito pode atuar, mas não se espera 
dele uma imparcialidade adequada). 
Juiz 
O juiz também é sujeito do contraditório. É, entretanto, um sujeito 
imparcial, dotado de uma série de função e poderes, sejam de natureza 
administrativa ou jurisdicional, na medida em que ele atua como representante 
do Estado no julgamento ou resolução do processo. A imparcialidade não se 
confunde com neutralidade. A parcialidade se identifica a partir de certa 
vinculação do juiz com o litígio. Nesse caso, o juiz teria que se afastar com base 
na garantia do juiz natural. 
Adotamos no Brasil o modelo cooperativo de processo, onde observamos 
uma corresponsabilidade dos sujeitos processuais na condução e no resultado da 
atividade jurisdicional. 
Ao juiz se aplica as hipóteses de impedimento e suspeição. 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
OBS: O juiz pode ser parte no processo em determinadas situações. 
Auxiliares de juízo 
Sujeitos chamados para auxiliar a atividade jurisdicional. Eles contribuem 
de alguma forma com o bom resultado da atividade. Temos auxiliares 
permanentes (ex: secretário de audiência) e temporários (ex: perito, 
tradutor/intérprete). 
Os auxiliares temporários podem até estar inseridos no quadro da 
administração pública, mas nem sempre são chamados para contribuir no 
processo. São remunerados, normalmente por honorários, salvo aqueles que já 
pertencem ao quadro do Estado. 
As hipóteses de impedimento e suspeição também se aplicam aos 
auxiliares. 
AQUISIÇÃO DA QUALIDADE DE PARTE 
1. Demanda 
Primeiro, enquanto autor do processo, esse sujeito é a primeira parte do 
processo. 
OBS: Não confundir parte com sujeitos. Sujeitos é um conceito amplo, 
parte um conceito estrito. 
2. Citação 
Segundo, em razão da citação. Inevitabilidade da jurisdição. Uma vez 
citado, o sujeito se torna parte no processo. Ocorre a triangularização (ou 
angularização) da relação jurídica processual. 
Antes da citação, processo não produz efeitos àquele sujeito, isto é, ele 
ainda é um terceiro no processo. 
3. Intervenção de terceiros 
Terceiro, a intervenção de terceiros, que pode ser uma intervenção 
voluntária (o sujeito pede para intervir no processo) ou provocada, também 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
chamada de intervenção coacta (terceiro é provocado para atuar no processo e, 
assim, a ele também se aplica a inevitabilidade da jurisdição). 
4. Sucessão processual 
Pode ocorrer entre vivos (intervivos) ou em razão da morte (mortis causa). 
Na substituição tem um terceiro que atua em nome de um interessado. Na 
sucessão, há a troca da parte, isto é, a troca da pessoa, no exercício de terceiro e 
decorre do exercício de legitimidade extraordinária. Ou pode ser que o objeto 
litigioso tenha sido vendido/alienado, aí também haverá a hipótese de sucessão 
processual entre razão de negócio jurídico (intervivos). 
TERCEIROS 
Sujeitos que não são parte no processo. São pessoas estranhas a este. Em 
regra, as decisões judiciais não lhe podem produzir efeitos. Em algumas 
situações, entretanto, essa inaplicabilidade é impossível de se produzir, pois 
pode acontecer de o terceiro sofrer com os efeitos da decisão. Em razão disso, o 
sistema processual prevê certas ferramentas de proteção desses terceiros. Uma 
dela diz respeito ao limite subjetivo da coisa julgada e outra é a intervenção de 
terceiros. 
INTERESSE/LEGITIMIDADE PROCESSUAL 
O interesse se verifica a partir da observância de duas circunstâncias: (a) 
necessidade de agir. O processo é efetivamente necessário? (b) Verifica se há ou 
não uma situação de vantagem ao sujeito que está agindo. Se a ação é capaz de 
provocar algum ganho a aquele sujeito. Ou seja, necessidade + vantagem. 
A legitimidade é genérica, ou seja, uma autorização normativa para 
agir/exercer determinada posição jurídica. Todo aquele que se diz interessado 
em determinada situação jurídica, ainda que não seja legítimo, tem legitimidade 
ativa. Assim, a legitimidade é um estado hipotético, não concreto, enquanto ointeresse é um estado concreto. 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
O interesse processual pode ser amplo (interesse em todo o processo, é o 
interesse de agir) ou restrito (diz respeito ao ato processual). Por exemplo: o autor 
tem interesse em arguir a incompetência relativa? Não, porque primeiro foi ele 
que escolheu ajuizar a ação naquele local, observando aquela competência; 
segundo, pois ele não terá nenhuma vantagem em arguir aquela competência. 
Então a prática de atos processuais também leva em consideração interesse 
processual, isto é, interesse para o ato e não interesse de agir. Então a análise do 
interesse e legitimidade precisam ser feitas também no ato a ser praticado. 
SUBSTITUTO PROCESSUAL 
Representante x substituto 
A representação processual tem relação com a capacidade processual, ou 
seja, a possibilidade de se exercer sozinho os atos processuais. Então essa 
representação funciona como mecanismo de superação de uma incapacidade 
processual. Logo, o sujeito que for incapaz (incapacidade de fato do direito civil) 
não poderá exercer os atos processuais sozinho, precisando de representante ou 
assistente. Caso não tenha, será nomeado um curador especial. 
A figura do substituto, por sua vez, não tem nada a ver com representação. 
A substituição tem relação com a legitimidade extraordinária. O substituto é 
aquele que, em nome próprio, defende interesse alheio, seja em razão de previsão 
legal ou contratual. Então é necessário que tenha autorização legislativa ou 
contratual para haver a substituição. 
OBS: Não confundir substituição com sucessão. Esta consiste na alteração 
do sujeito que compõe o polo da demanda, seja no polo ativo ou passivo. Essa 
sucessão pode decorrer de ato intervivos ou em razão da morte. 
LITISCONSÓRCIO 
É o fenômeno processual correspondente à pluralidade de sujeitos no(s) 
polo(s) da demanda. Mas não se restringe à principal relação jurídica processual. 
Pode ocorrer em incidentes processuais; em recurso – como, por exemplo, autor 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
e réu se consorciam para opor embargos de declaração contra uma sentença 
homologatória de transação judicial. 
1. Tipos 
Ele pode decorrer de três circunstâncias (art. 113, CPC) 
Por comunhão: I – entre elas houver comunhão de direitos ou de 
obrigações relativamente à lide. No caso de direitos tem a copropriedade, a 
composse, o condomínio, ou seja, mais de uma pessoa é titular de um direito 
discutido no processo; ou mais de uma pessoa é coobrigada ou corresponsável 
em razão de um direito discutido num processo. Então a comunhão se relaciona 
com a titularidade de direitos ou obrigações. Devedores solidários. 
Por conexão: II – entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela 
causa de pedir. As circunstâncias que geram a conexão podem justificar a 
formação de um litisconsórcio. Então sempre que tiver uma causa de pedir 
comum ou pedidos comuns, podemos formar o litisconsórcio. 
OBS: Não confundir com causas de pedir semelhantes. Ex: dois 
trabalhadores pedem hora extra. Uma hora extra de um é diferente do outro. 
Então são causas de pedir distintas. Isso não forma litisconsórcio por conexão. 
Pode gerar por afinidade, mas não por conexão. Nesta a causa de pedir tem que 
ser a mesma. Ex: acidente afetou duas pessoas. 
Por afinidade: III – ocorrer afinidade de questões por ponto comum de 
fato ou de direito. Chama-se impróprio o litisconsórcio por afinidade, porque 
fundado numa conexidade imprópria. Aqui não há necessariamente um vínculo 
de conexão. Nessa situação, ele se justifica quando existir, por exemplo, um ponto 
em comum, seja em relação a fato ou direito. O exemplo da hora extra, os fatos 
ocorreram de maneira distintas, mas existe um fato comum que é se tratar do 
bem do empregador comum e a discussão da hora extra, logo, há uma 
possibilidade de formação de litisconsórcio. Trata-se de litisconsórcio que 
jamais poderá ser unitário, sendo sempre facultativo e simples. 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
OBS: Os §§ 1º e 2º autorizam a limitação do número de litisconsortes desde 
que estes impliquem em uma dificuldade à rápida solução do litígio ou a 
dificuldade na apresentação da defesa ou cumprimento da sentença. Então o juiz 
pode, de ofício, determinar a limitação do litisconsórcio (litisconsórcios 
multitudinários). 
OBS: Essa limitação só se aplica ao litisconsórcio facultativo. Assim, os 
litisconsórcios necessários não podem sofrer limitação. 
OBS: Essa limitação pode ocorrer em qualquer fase do processo, seja na 
fase de conhecimento, liquidação de sentença ou execução. 
Igualmente, a parte pode requerer a limitação (§ 2º) na primeira 
oportunidade que tiver de falar nos autos, seja para apresentação de 
manifestação ou de uma resposta, e esse requerimento implica em interrupção 
do prazo para eventual manifestação ou resposta. 
2. Classificação 
Ativo/passivo/misto: leva em consideração o polo em que ocorre a 
pluralidade dos sujeitos. Então se a pluralidade dos sujeitos estiver no polo ativo, 
terá um litisconsórcio ativo; se estiver no polo passivo, terá um litisconsórcio 
passivo; se tiver nos dois polos, terá um litisconsórcio misto. 
Inicial/ulterior: o inicial é aquele que acontece simultaneamente ao 
ajuizamento da ação, ou seja, desde o início há um litisconsórcio. Entretanto, o 
sistema processual autoriza a formação do litisconsórcio ulterior, que consiste 
naquele que ocorre posteriormente ao ajuizamento da ação. É visto como algo 
excepcional, pois tumultua a marcha do procedimento. O problema deste é que 
o autor pode se utilizar do litisconsórcio ulterior, por exemplo, para escolher o 
juiz da causa. Imagine que há duas situações distintas, ajuíza uma ação em 
determinado lugar que tem um juiz que ele gosta, e então pede para entrar na 
ação. Nesse caso, haveria a violação do princípio do juiz natural. Logo, o 
litisconsórcio ulterior só se dá em circunstâncias específicas, quais sejam: 
Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 
a) Na hipótese de intervenção de terceiros. Por exemplo: chamamento 
ao processo; intervenção de assistente etc.; 
b) Quando ocorre reunião por conexão ou continência; 
c) Por sucessão processual. Por exemplo no caso de morte, os 
sucessores assumem, havendo o litisconsórcio ulterior; 
d) Aditamento da inicial. O autor pode aditar a petição inicial para 
incluir um terceiro com a formação do litisconsórcio ulterior. 
OBS: A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a 
título particular, não altera a legitimidade das partes. 
Unitário: O litisconsórcio unitário se caracteriza pela uniformidade da 
relação jurídica discutida no processo, ou da indivisibilidade do objeto litigioso, 
de modo a provocar uma decisão única que atinge todos os litisconsortes, não se 
admitindo, portanto, julgamentos diversos. Os vários são considerados apenas 
um. Então o litisconsorte é tratado como se fosse uma única parte, de modo que 
a decisão deve ser a mesma para todos. Por exemplo: se tem o contrato e esse 
contrato tem dez pessoas, se invalida o contrato, invalida-se para as dez pessoas 
de maneira idêntica. 
Dessa forma, são dois os pressupostos para a caracterização da 
unitariedade: (a) os litisconsortes discutem uma única relação jurídica; (b) essa 
relação jurídica é indivisível. Com isso, deve-se ter atenção à solidariedade 
obrigacional: nestes casos, haverá o preenchimento do primeiro pressuposto, que 
é uma única relação jurídica. Todavia, nem sempre a obrigação solidária é 
indivisível. Assim, a solidariedade não implica, necessariamente, unitariedade. 
Simples/comum: Por outro lado, temos a possibilidade de decisões 
distintas para cada um dos litisconsortes, vez que não existe a indivisibilidade do 
objeto e/ou a uniformidade da relação jurídica. Assim, no litisconsórcio simples 
cada um dos litisconsortes

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