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Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA ASPECTOS INTRODUTÓRIOS JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA Tradicionalmente, se costumava falar que a competência nada mais é do que limite à jurisdição. É como se o juiz que não tivesse competência, ele não detivesse o poder jurisdicional de decidir um determinado caso. Então um juiz que não fosse detentor da competência, ele não teria o poder/dever de jurisdição sobre aquela referida matéria. Hoje sabe-se que a jurisdição possui um conceito muito mais amplo. A jurisdição envolve não só um exercício de um poder de declaração do juiz, mas também um exercício de uma atividade criativa/criação de direito, que é exercida pelos sujeitos que estão investidos nessa jurisdição, tal como acontece com a atividade administrativa e a atividade legislativa. Sendo uma atividade de criação de direitos, o sujeito que não detém a competência, não significa que ele não detenha jurisdição. A sua jurisdição, uma vez investida, é imodificável; ele só vai perder a jurisdição no momento da sua aposentadoria. Logo, não é possível corretamente conceituar competência como limite à jurisdição. Um limite à jurisdição, por exemplo, é territorialidade: um juiz brasileiro não tem jurisdição em terras internacionais. Mas competência não. Assim, competência são atribuições dos órgãos jurisdicionais relacionados à análise de uma determinada causa. Calmon de Passos defendia que um juiz que não detivesse competência constitucional, ele estaria impossibilitado de prolatar decisão, porquanto sua decisão sobre aquela matéria seria uma decisão inexistente. Em outras palavras, se o juiz no momento que estivesse julgando, ele violasse uma regra de competência legal, existiria. Seria viciada e poderia ser anulada. Mas para Calmon, se o juiz julgasse violando uma regra de competência constitucional, seria uma sentença inexistente, porquanto não haveria jurisdição. Não existindo jurisdição, a inexistência é um nada, não produz efeitos. Não produzindo efeitos, a qualquer tempo, qualquer sujeito poderia impugnar aquela decisão. Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA Por outro lado, um juiz que violasse regra de competência legal, por ser uma decisão existente, mas viciada, ela produziria efeitos, mas poderia ser objeto de uma invalidação. OBS: O entendimento de Calmon não é o que vem prevalecendo. É um entendimento mais tradicional. Não dá para defender o que Calmon defendia na atualidade, pois o juiz incompetente, por mais grave que seja sua incompetência, ele não perde a sua jurisdição. A sua decisão está viciada, pois ele exerce poder fora das suas atribuições, entretanto isso não gera a inexistência da decisão, ou melhor, não provoca uma decisão inexistente, mas sim uma decisão viciada, capaz de ser invalidada. Exemplo: se o juiz do trabalho analisar um divórcio, ele violará uma regra de competência. Levando em conta que a competência da justiça do trabalho é exercida constitucionalmente, ali haveria, no pensamento de Calmon, uma ausência de jurisdição. Logo, a sentença seria inexistente. Contudo, na atualidade, considera-se que essa sentença é plena, ela existe e produz efeitos, por mais absurda que ela possa parecer. Assim, caberia ao interessado ajuizar uma ação rescisória, já que haveria uma violação de incompetência absoluta, para desconstituir a sentença proferida; a coisa julgada formada nesse processo. Fundamentos das regras de distribuição de competência Basicamente são dois. Imagine-se que todo juiz tivesse a mesma competência. Então qualquer juiz de Salvador poderia julgar, por exemplo, a constitucionalidade de uma lei em abstrato, ou seja, uma ADI, ou ADC etc. Seria um caos, pois todo juiz teria que saber todas as leis existentes nesse sistema macro que é o Direito. Então percebendo essa impossibilidade humana, o sistema jurídico estabelece delimitações de matéria que devem ser de atribuição de cada um desses órgãos jurisdicionais. Isso serve para atender, pelo menos, dois objetivos: (a) o primeiro é atender ao interesse público na administração da justiça, pois, o juiz criminal, por exemplo, tem atribuições de direito penal, justamente Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA para que ele possa compreender o sistema penal de maneira aprofundada, de modo a dar um resultado jurisdicional de melhor qualidade possível, em um menor espaço de tempo; (b) o segundo fundamento é que as regras de competência também visam atender aos interesses particulares, associados à ampliação da acessibilidade à justiça. Por que a regra geral da competência territorial é o foro do domicílio do réu? Por que quando se ajuíza uma ação contra a União, o Autor pode ajuizar do foro do seu domicílio? São regras pensadas para facilitar o acesso à justiça daquele sujeito. Quem está em melhor condição, do ponto de vista abstrato, o autor ou o réu? O autor. Ele tem uma melhor liberdade de escolha, no sentido de que pode ajuizar ou não a ação, desse jeito ou daquele outro. O autor que, em princípio, delimita. O réu não tem escolha em ser réu, a jurisdição é inevitável. Logo, o sistema, percebendo essa ausência de “favorabilidade” ao réu, estabeleceu como uma regra geral de competência o foro do domicílio do réu, pois este precisa ter amplo acesso à jurisdição para se defender. FONTES DA COMPETÊNCIA As atribuições de competência estão previstas sempre em normas jurídicas. Então essas normas jurídicas são decorrentes de determinadas fontes, in verbis: a Constituição, a lei em sentido amplo, regimentos internos, fontes particulares (ex: negócios). Então as fontes são as mais amplas possíveis. Não há competências que não estejam fixadas em lei ou em norma jurídica. PRINCÍPIOS GERAIS 1. Princípio da tipicidade Não há competência que não esteja prevista como decorrência de uma fonte normativa (preferencialmente a Constituição e a Lei). Por óbvio, necessário observar a pirâmide de Kelsen, no aspecto da hierarquia das normas jurídicas. Ou seja, existe aqui uma análise da validade de uma fonte normativa. Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA O STF possui precedentes acolhendo as chamadas competências implícitas, ou poderes implícitos. Por exemplo: a competência do STF está no artigo 102 da CF/88: competências originárias, de recursos ordinários e de recursos extraordinários. Mas dentro desse artigo não se trata, por exemplo, dos embargos de declaração. Assim, sucede uma dúvida: os embargos de declaração são cabíveis em decisões do STF? O Supremo diz que sim. Por ser um recurso que tem um objetivo de complementar/suplementar a atividade jurisdicional, ele é uma decorrência da competência do STF (competência implícita). Então não é porque não esteja na letra da lei, que não se possa abstrair uma norma de competência decorrente implicitamente do texto constitucional. 2. Princípio da indelegabilidade Por esse princípio, a competência é indelegável. O órgão jurisdicional não pode, por exemplo, passar para outro Juízo por não estar com vontade de julgar tal demanda. Não existe discricionariedade na escolha da competência e na sua distribuição. 3. Princípio do Kompetenz Kompetenz (Alemanha) Contudo, cabe órgão jurisdicional a análise da sua própria competência. Então o juiz, ainda que incompetente para analisar a causa, ele é competente para analisar a sua própria competência. Isso não é sinônimo de delegabilidade da competência. Quando o juiz analisa a sua própria competência, ele está aplicando a lei e não aplicando a sua própria vontade. OBS: As competências absolutas são passíveis de análise de ofício, enquanto as competências relativas, não. Estas só podem ser conhecidas pelo magistrado mediante provocação. 4. Princípio do juiz natural Condensando todas essas normas, tem-se o princípio do juiz natural. Este exige que o órgão jurisdicional sejacom competência prévia, abstrata, impessoal, e seja um órgão jurisdicional que não tenha parcialidade, isto é, seja imparcial. Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA Se trata do momento em que a competência é estabelecida. O art. 43 trata de dois momentos da determinação de competência. O primeiro é a petição inicial. Quando protocolada a petição inicial, se existir apenas um órgão jurisdicional, a competência já estará firmada. Se existirem dois com competências concorrentes, vem o segundo critério; O segundo é o critério da distribuição. Quando existirem juízos com competências concorrentes, em uma mesma circunscrição jurisdicional, a petição inicial será submetida a uma distribuição (sorteio aleatório). Uma vez o processo distribuído, a competência estará determinada. CLASSIFICAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS 1. Plena ou cumulativa: quando o órgão jurisdicional detém competência para analisar qualquer causa (excepcional). 2. Privativa: aquela que o Juízo detém a competência para analisar causas específicas. Por exemplo: varas de conflitos agrários. 3. Comum ou residual: aquela voltada a apreciar causas que não sejam de atribuição privativa de determinados órgãos jurisdicionais. Aquilo que não for de competência da Justiça Federal, será de competência da Justiça Comum Estadual. 4. Exclusiva: não confundir com a privativa. É a competência relacionada a uma demanda específica. Exemplo: é competência exclusiva do STF processar e julgar Ações Direta de Inconstitucionalidade. Ou seja, se relaciona a causas específicas. Por outro lado, a competência privativa só trabalha com aquela matéria ou aquela causa. A competência privativa só lida com aquelas causas específicas. Na competência exclusiva, o órgão pode analisar diversas causas, mas uma causa específica é de competência desse órgão, exclusivamente. 5. Concorrente: ocorre quando aquela matéria é objeto de análise de mais de um órgão jurisdicional. Nesse caso, há duas possibilidades: muitas vezes, a Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA primeira possibilidade é a de escolha por parte do autor (autonomia do demandante) do órgão jurisdicional; por outro lado, há a distribuição como forme de dirimir a existência dessas competências concorrentes. Então ora se submete a uma autonomia do autor, ora à distribuição. OBS: Se ao autor competir a escolha, essa possibilidade se chama “fórum shopping”, isto é, é um direito potestativo que o autor da demanda tem de, em certos casos, escolher qual será o órgão que irá apreciar a sua causa. Existem circunstâncias em que o autor detém o poder de escolha de onde será ajuizada a causa. Por exemplo: uma causa que tenha repercussão em mais de um país. Nesse caso, a escolha do país em que vai ser ajuizada a ação, pertence ao titular da ação. Outro exemplo: as ações civis públicas, muitas vezes, quando há danos regionais ou nacionais, podem ser ajuizadas nas capitais dos estados onde o dano ocorreu, ou no Distrito Federal. Entretanto, como qualquer direito, ele pode ser abusado. Isto é, pode ser que o autor, ao promover a sua escolha, ele a faça pautada apenas em formas de prejudicar a defesa do réu. Essa situação chama-se de “forum non conveniens” (fórum inconveniente). É aquele fórum que não se justifica a partir da situação concreta, ou seja, da razoabilidade/proporcionalidade. Então a ausência de razoabilidade/proporcionalidade demonstra o abuso do direito da escolha. Nesses casos, o juiz está autorizado a, de ofício, promover o controle da competência adequada e, se for o caso, ele pode se reconhecer incompetente para a causa (este seria um juízo negativo). Mas também poderá fazer uma apreciação positiva e, em que pese a lei afirmar que a competência seja na capital do estado, e o conflito ocorreu, por exemplo, no interior do estado, o juiz poderá manter a competência (análise positiva) com fulcro na razoabilidade e proporcionalidade que são princípios constitucionais. Todo esse raciocínio se resume no princípio da competência adequada, que é um subprincípio da proporcionalidade/razoabilidade dentro do Código de Processo Civil. Esse princípio impõe ao magistrado que diante de foros Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA concorrentes, a causa seja ajuizada no foro que detenha a competência mais adequada. 6. Competência absoluta x competência relativa: a competência absoluta é aquela que se relaciona a critérios de interesse público relacionado à melhor administração da justiça. Por sua vez, a competência relativa é aquela que se vincula ao atendimento de interesse particular, ou seja, uma maior facilitação ao exercício do direito de ação/defesa. Nesse sentido, a competência absoluta pode ser controlada de ofício pelo órgão jurisdicional. Ele pode, portanto, reconhecer a sua incompetência absoluta sobre a causa. A competência relativa, no entanto, carece de provocação, conforme Súmula 33/STJ. Além disso, a incompetência absoluta não se prorroga, enquanto a competência relativa se prorroga. Na prorrogação de competência o juiz, originalmente incompetente, passa a ser competente para a causa. Por exemplo: competência territorial (relativa, em regra). A competência seria Salvador, mas a ação foi ajuizada em Feira de Santana. Todavia pode ser que para o réu isso não faça diferença, então ele não fala nada e, assim, haverá a prorrogação. A arguição da incompetência absoluta não preclui (preclusão é a perda de um poder processual). Por outro lado, a relativa preclui se não houver arguição. A incompetência absoluta poderá ser arguida na contestação ou em qualquer outra peça, isto é, não existe instrumento específico de arguição. Inclusive é possível ajuizar Ação Rescisória (art. 966, II). Por outro lado, a incompetência relativa se argui na preliminar da contestação, e não cabe Ação Rescisória. OBS: Os atos decisórios poderão ser invalidados pelo novo juiz competente para a causa. Não há nulidade automática, mesmo que seja um juiz absolutamente incompetente. O juiz competente que vai reanalisar se é caso ou não de invalidar a decisão anterior. Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 7. Competência originária x derivada: a competência originária é aquela para analisar a causa no momento da sua formulação. A competência derivada, por sua vez, é aquela para analisar causa em grau de recurso. 8. Competência interna x internacional: A competência interna lida com questões e demandas que são passíveis de análise por nossa jurisdição, pela jurisdição nacional. Então está a tratar de questões que são objeto de análise pela Poder Judiciário brasileiro. A competência internacional, por sua vez, lida com questões que envolvem a jurisdição de mais de um país. No contexto da competência internacional, há questões, lides, litígios que são passíveis de análise da jurisdição de mais de um país. A competência internacional tem por fundamento dois aspectos relevantes: a) A soberania nacional, ou seja, a circunstância em que os povos se autodeterminam através da formação de Estado que está em paridade com outros Estados. Então a soberania envolve a autodeterminação dos povos na formação de um ente que lhe representa (Estado), que está em pé de igualdade com outros Estados. Nessa autodeterminação – provocada pela soberania – o Poder de exercer a jurisdição é algo típico do Estado. Então quando se fala do exercício de soberania, está ligado ao poder/dever de prestar a atividade jurisdicional; b) Efetividade das decisões/da própria jurisdição, pois em razão da própria soberania, o exercício da jurisdição de um determinado Estado, em outro Estado, está limitada à vontade deste segundo. Muitas vezes a jurisdição é inefetiva em outros Estados, logo critério de competência internacional deve levar em consideração a própriaefetividade da tutela jurisdicional. De nada adiantaria exercer jurisdição sobre determinadas matérias, se aquela decisão fosse incapaz de ser efetivada. Essa competência internacional é regida por alguns princípios: Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA I. Princípio do plenitudo jurisdictiones Por esse princípio, uma vez instaurada a atividade jurisdicional, ela se exerce de maneira plena e “ilimitada” no âmbito do Estado que a exerce. Então uma vez iniciada a atividade jurisdicional, ela será promovida de maneira ilimitada, de maneira plena, no âmbito do Estado da qual a exerce. Em decorrência deste, temos: II. Princípio da exclusividade Qualquer limitação ao exercício da jurisdição ou a própria jurisdição, se aplica exclusivamente no âmbito do Estado que a exerce. Então somente o Brasil pode promover limitações à sua jurisdição. Então apenas o Estado que a exerce pode estabelecer limites para a sua própria jurisdição. Em contra ponto, pela unilateralidade, se eu só posso limitar minha própria jurisdição, limites não poderão ser impostos à jurisdição de outros Estados. E os Tratados Internacionais? Para serem aplicados, precisam da anuência do próprio Estado através dos seus atos de própria regulamentação daquele Tratado. Então não adianta aplicar tratado internacional, sem ele ter sido recepcionado por determinado Estado. Dentro desse mesmo contexto, temos: III. Imunidade de jurisdição A jurisdição de um Estado não se exerce com relação a outro Estado. Não se sobrepõe em relação a outro Estado. Necessário fazer uma distinção entre atos de gestão e atos de império. Atos de gestão: são aqueles que não se submetem ao exercício da soberania de um Estado. Por exemplo, quando determinado Estado faz a contratação de empregados em um outro Estado; ou faz a contratação de prestação de serviço, aluguel etc. Por serem atos de gestão, são atos tipicamente negociais e, por consequência, a imunidade da jurisdição é relativizada com relação aos atos de gestão. Então haverá uma relativização da imunidade da jurisdição com relação Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA aos atos de gestão. Por exemplo: a Justiça do Trabalho pode julgar um caso que envolva determinado Estado (relações empregatícias), em um contrato de locação envolvendo um estrangeiro e uma PF ou PJ no Brasil. Atos de império: A imunidade aqui é absoluta. Por exemplo: o Estado não tem jurisdição para tratar da acreditação de diplomatas. Então se o Brasil encaminhar determinado diplomata a um Estado estrangeiro, o Estado estrangeiro pode negar. Mesma coisa com o visto. É, portanto, um ato que se vincula ao exercício da soberania do referido Estado e, nesse exercício, não cabe a intervenção da jurisdição estrangeira ou a jurisdição local não pode intervir nesse ato de império. OBS: Ainda que o ato de gestão possa ser objeto da atividade jurisdicional de um Estado estrangeiro, haverá uma segunda imunidade chamada imunidade executiva, que impede que bens afetados à atividade do Estado estrangeiro possam ser objeto de execução. Portanto, a execução tem que ser de maneira voluntária, pois são impenhoráveis. Não quer dizer que o Estado não possa ser executado, o problema é a dificuldade de achar bens penhoráveis. IV. Princípio da denegação da justiça Diante de uma circunstância em que o Estado perceba inexistir a jurisdição internacional adequada, ele deve, para evitar denegação de justiça, julgar o caso. Então ainda que aquela questão não diga respeito à sua jurisdição, o Estado, verificando que o caso não será apreciado por outra jurisdição, ele deve, para evitar denegação de justiça, julgar o caso. V. Princípio da autonomia da vontade Ele fixa, como regra, que o estabelecimento da competência internacional dependerá exclusivamente da vontade do autor. Por exemplo: um conflito que envolve uma situação que diz respeito Brasil e Estados Unidos. O sujeito olha que o custo para ajuizar nos EUA é muito grande, mas em compensação o ganho patrimonial é muito maior. O sujeito pode escolher onde melhor se adequar à sua situação. Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA 8.1. Competência exclusiva x concorrente Na competência exclusiva, a jurisdição só poderá ser exercida em um único país e, assim, por exemplo, uma decisão estrangeira não poderia ser homologada pelo Brasil. Por sua vez, na competência concorrente, mais de um Estado detém competência para analisar a questão e, portanto, uma decisão transitada em julgado num Estado estrangeiro poderá ser executada no Brasil, após homologação do STJ. Então o STJ detém a competência para a homologação da sentença estrangeira e, também, para conceder o exequatur1 (decisões de antecipação de tutela/provisórias). As hipóteses de competência internacional concorrente estão no CPC, a partir do artigo 21. Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I – o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II – no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; (DIZ RESPEITO AO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO. FEZ CONTRATO INTERNACIONAL NA ALEMANHA PARA CONSTRUIR UMA PONTE NO BRASIL. QUALQUER LITÍGIO RELACIONADO A ESSA CIRCUNSTÂNCIA, PODERÁ SER AJUIZADA NO BRASIL OU NA ALEMANHA. III – o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. (CONTRATO FOI CELEBRADO NO BRASIL PARA A CONSTRUÇÃO DE UM ESTALEIRO EM OUTRO PAÍS. ENTÃO O ATO CELEBRADO NO BRASIL 1 É o “cumpra-se”. Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA PODE GERAR UMA AÇÃO AJUIZADA NO TERRITÓRIO NACIONAL). Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. (EXEMPLO: AGÊNCIA INTERNACIONAL DE VEÍCULOS COM AGÊNCIA NO AEROPORTO DO BRASIL É CONSIDERADA PESSOA JURÍDICA DOMICILIADA NO BRASIL) Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: I – de alimentos, quando a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos. (UM CARA MORA NO EXTERIOR, MAS TEM CASA NO BRASIL, BENS ETC. ESSA AÇÃO DE ALIMENTOS É MAIS EFETIVA AQUI NO BRASIL). II – decorrentes de relação de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; (O CARA COMPROU PASSAGEM AÉREA DA EUROPA, PODE PROCESSAR A COMPANHIA AÉREA NO BRASIL? PODE! O PROBLEMA É QUE SE ELA NÃO TIVER BENS/ATIVIDADE ECONÔMICA AQUI, NÃO TERÁ EFETIVIDADE) III – em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional (AS DUAS PARTES AJUIZARAM AÇÃO AQUI NO BRASIL, OU SEJA, SUBMETERAM TACITAMENTE À JURISDIÇÃO NACIONAL). Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA OBS: O STJ tem precedentes no sentido de que um determinado fato ocorrido no estrangeiro sem repercussão no Brasil, não poderá ser processado e julgado no Brasil, considerando a ausência de competência internacional. OBS: Possibilidade da Carta Rogatória para dar cumprimento às decisões de competência concorrente. OBS: Não há litispendência ou coisa julgada com relação ao exercício de competência concorrente (art. 24, CPC). A competência internacional exclusiva está no artigo 23 do CPC: Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outa: I – conhecer de ações relativas a imóveis situadas no Brasil; II – em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; (SE DEIXOU BENS NO BRASIL, POUCO IMPORTA A NACIONALIDADE,O INVENTÁRIO DEVE ACONTECER NO BRASIL, COM RELAÇÃO A ESSES BENS. SE FOI FEITO NO ESTRANGEIRO, NÃO PRODUZIRÁ EFEITOS, PRINCIPALMENTE PARA EVITAR EVASÃO DE DIVISAS). III – em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. (NÃO É O DIVÓRCIO, NEM SEPARAÇÃO JUDICIAL OU UNIÃO ESTÁVEL, É A PARTILHA QUE IMPORTA. A PARTILHA SERÁ FEITA NO BRASIL, NECESSARIAMENTE). Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA O artigo 25 estabelece uma competência subsidiária no brasil, ou seja, só acontecerá se não houver causa ajuizada no estrangeiro. Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação. § 1º Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência internacional exclusiva previstas neste Capítulo; § 2º Aplica-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1º a 4º. Então depende do comportamento do réu. FORO x JUÍZO Foro é a circunscrição territorial em que o órgão jurisdicional exerce jurisdição. É o local. Exemplo: foro da comarca de Salvador. OBS: A circunscrição territorial de um órgão jurisdicional não se confunde com a circunscrição territorial de um município. Então nem sempre coincide com a circunscrição territorial de um município. O Juízo, por sua vez, é o órgão jurisdicional, com atribuições estabelecidas conforme a Lei de Organização Judicial. Então, por exemplo, Salvador tem as varas cíveis comerciais de relação de consumo; as varas de família. O foro é Salvador, mas o órgão é a vara de família, vara cível, vara de registros públicos etc. OBS: Cada órgão, cada estrutura jurisdicional, federal ou estadual, os foros possuem nomes distintos. Por exemplo: na Justiça Estadual tem-se as comarcas. Na Justiça Federal tem-se as seções e subseções. Na Justiça Eleitoral tem-se as zonas eleitorais. Na Justiça Militar, apesar de ser matéria penal, tem-se as auditorias militares. Na Justiça do Trabalho tem-se as varas de trabalho. Além dos Juizados Especiais que existem na esfera estadual e federal. Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA Chiovenda dizia que a competência era fixada em razão de basicamente três critérios: objetivos, que se relacionavam a elementos da causa; critérios funcionais, que se relacionavam com a atividade jurisdicional; e, por fim, critérios territoriais, que se relacionavam ao lugar em que o processo devia tramitar. Houve um desdobramento e os critérios objetivos transformaram-se em três: critérios materiais, pessoais e valor da causa. CRITÉRIOS OBJETIVOS Critérios materiais São tipos de critérios objetivos que levam em conta o objeto da discussão do processo. Então ele leva em conta aspectos materiais discutidos na causa. Exemplo: a competência da Vara de Família leva em consideração as matérias discutidas na causa (família). Muitas vezes, a competência material é uma competência que diz respeito à análise de questões de maneira incidental. Então o magistrado não decide sobre a relação jurídica, mas tem competência supletiva para analisar a circunstância. Os critérios materiais fixam competência absoluta, isto é, não podem ser modificados pela vontade da parte, pois levam em consideração o interesse público. Critérios pessoais Competências em razão da pessoa. Nesse critério, o elemento que vai implicar na fixação da competência é a pessoa, ou seja, o sujeito que está em litígio ou uma causa que diga respeito a um determinado sujeito. Mas isso não feriria o princípio do juiz natural, ao fixar critérios que levam em conta características pessoais? Não, pois, em que pese levem em consideração a pessoa, são critérios abstratos em relação à fixação de competência. (Exemplo: art. 109, inciso I). Esses critérios também ensejam a fixação de competência absoluta. Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA Critério do valor da causa Muitas vezes, o aspecto econômico decorrente da causa ali indicado e seu valor, podem ensejar fixação de competência. Basicamente, isso acontece nos juizados especiais. Esse critério pode ensejar tanto a formação de uma regra de competência absoluta, quanto relativa. O valor da causa nos juizados especiais: há três juizados especiais, os estaduais, os estaduais de fazenda pública e os federais. Nos juizados especiais estaduais, as causas até 40 salários mínimos poderão ser processadas e julgadas nos juizados especiais. “Poderão”, pois é uma faculdade. Existe, então, uma regra de competência relativa. Por sua vez, nos juizados estaduais de fazenda pública e justiça federal, as causas menores que 60 salários mínimos serão de competência desses juizados especiais. Aqui a competência é absoluta, então nas causas menores que 60 salários mínimos não há possibilidade de escolha por parte do Autor do processo. CRITÉRIOS FUNCIONAIS Esses critérios funcionais levam em consideração as atividades a serem desenvolvidas ou em desenvolvimento nos órgãos jurisdicionais. Sempre que se ouvir falar em “função” lembre da finalidade a ser desenvolvido. Então toda vez que uma competência for estabelecida levando em consideração o fim a ser atingido, tem-se um critério funcional de fixação de competência. Por exemplo: Quando se fala que o STF tem competência exclusiva para fazer o controle de constitucionalidade concentrado, tem-se uma competência decorrente de uma função, ou seja, uma competência funcional. Outro exemplo: As competências recursais. Elas são sempre competências funcionais. Então toda vez que ouvir falar que “compete aos tribunais regionais federais julgarem as sentenças proferidas pelos juízes federais”, tem-se ali uma competência funcional. Outro exemplo: toda vez que se fixar uma competência a partir da distribuição do processo, essa competência é funcional. Então, por exemplo, Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA competência por distribuição de dependência (uma causa em que o sujeito desistiu de determinada causa e, posteriormente, ela for ajuizada novamente, terá que ser distribuída ao mesmo Juízo). Então esse critério que estabelece a dependência é o critério funcional. O sujeito que já apreciou a causa fica vinculado à causa e, diante de eventual extinção do processo (por abandono, desistência), a causa futura que poderá ser ajuizada será distribuída, por dependência, ao mesmo órgão jurisdicional (Juízo). Leva em conta a atividade que foi desenvolvida anteriormente. Esse critério funcional é um critério absoluto. CRITÉRIOS TERRITORIAIS Leva em consideração o lugar em que a causa deve tramitar. Leva em conta aspectos territoriais, portanto. Esse critério, em regra, fixa uma competência relativa. Entretanto, existem critérios de competência territorial que fixam regras de competência absoluta. Então é necessário observar diante do caso concreto. Na maioria das vezes, a competência territorial tem natureza de competência relativa. Por exemplo: A regra é que as causas tenham como competência o foro do domicílio do réu. Contudo, existem circunstâncias em que essa regra de competência fixa competência absoluta, como nas causas coletivas. Nestas, o local do dano e, também, da ameaça ao direito é considerada o foro absolutamente competente para a causa coletiva. OBS: A doutrina costuma estabelecer uma ordem lógica de análise desses critérios. Primeiro, verifica-se os critérios fixados seja em razão da matéria, da pessoa, prevista na legislação e, principalmente, na Constituição Federal. Então analisa-se se aquela causa tem relação com algum determinado órgão jurisdicional, seja por força dalei ou em razão da Constituição. Professor sugere analisar primeiro se é competência de Tribunais Superiores; se não, após, competência da Justiça Federal; não sendo, depois, residual (estadual). Segundo, analisa-se a competência territorial, isto é, qual é a circunscrição territorial que, Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA conforme a lei de organização judicial ou a legislação em geral, deve analisar aquela causa. Terceiro, analisa-se se naquele território existem varas com competência privativa, por exemplo, em Salvador, há varas de competência privativa de Fazenda Pública. Essa ordem não é necessária, mas facilita. MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA 1. Regra do Perpetuatio Jurisdictionis O art. 43 do CPC traz uma regram chamada a regra da “perpetuação da jurisdição” (perpetuatio jurisdictionis). Segundo ela, quando determinada a competência para a causa, qualquer modificação de estado de fato ou de direito é irrelevante e não provoca a modificação da competência. Apenas em duas situações haverá exceção: (a) supressão do órgão jurisdicional (deixa de existir). Exemplo: em Salvador tínhamos duas varas de relação de consumo e elas foram extintas, e os processos que eram dessas varas foram redistribuídos nas varas cíveis que passaram a ter competência nessas causas; (b) quando há modificação de competência absoluta (não se modifica pela vontade das partes, mas isso não significa que a legislação não possa alterar a competência absoluta). Se houver alteração de competência absoluta, também ocorrerá a ruptura da perpetuação da jurisdição. Exemplo: em 2004, nós tivemos a reforma judiciária. Com a Emenda Constitucional 45, houve ampliação da competência da Justiça do Trabalho para, por exemplo, apreciar questões relacionadas à dano moral e material decorrentes de relação de trabalho. Essas causas eram apreciadas perante a justiça estadual e, com a Emenda, as causas que estavam na Justiça Estadual passaram todas para a Justiça do Trabalho. OBS: As causas que já tinham sido julgadas, não houve alteração de competência, logo, elas não foram remetidas à Justiça do Trabalho. Continuaram na Justiça Estadual. Isso porque a modificação foi da competência de primeiro Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA grau, não da competência funcional, isto é, aquela competência para apreciar os recursos. Outro exemplo: existem circunstâncias em que a Constituição e a legislação preveem que a competência da Justiça Federal será delegada aos juízes estaduais, quando o local não for sede de vara federal. Aplica-se, também, a regra da perpetuação de competência. Mas se no futuro surgir uma vara federal no local, haverá a modificação da competência absoluta. 2. Modificação de competência Existem outras circunstâncias de modificação de competências. As modificações voluntárias e legais. Nas voluntárias, a alteração da regra de competência se dá em razão do exercício da autonomia da vontade da parte, através dos “foros de eleição” (art. 63, CPC). Estes consistem em cláusulas negociais vinculados a negócios específicos, em que as partes elegem o foro competente para a sua causa ou para causas decorrentes daquele negócio. Essas cláusulas de foros de eleição (art. 63, CPC) modificam a competência territorial, desde que seja competência territorial relativa. E esses foros de eleição também pode ser objeto de renúncia. Por exemplo: o contrato preveja foro de eleição em Ribeirão Preto, mas a ação é ajuizada em Salvador. Se o réu não falar nada, haverá uma novação, ou seja, uma modificação tácita do contrato e, assim, o juiz, então, se prorrogará na competência. OBS: Sabemos que a competência relativa não pode ser conhecida de ofício pelo Magistrado. Contudo, nulidades contratuais absolutas podem. No caso de um foro de eleição abusivo, – por exemplo aquele previsto num contrato de adesão – o juiz pode, de ofício, reconhecer a invalidade da cláusula e encaminhar o processo ao foro que for competente para a sua apreciação. Aqui ele pode julgar com base na inconstitucionalidade da previsão da cláusula, uma vez que estaria violando a garantia de acesso à justiça, bem como o contraditório e a ampla defesa. Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA Com relação à modificação de competência legal, tem-se a modificação por conexão e continência e as regras de prevenção. CONEXÃO E CONTINÊNCIA Existem situações em que a norma de competência autoriza a modificação dos seus efeitos, como, por exemplo, as competências relativas podem ser modificadas pela vontade das partes. A conexão e continência constitui formas de modificação de competência relativa. Então não há modificação de competência relativa. A continência é uma espécie de conexão. Esta, por sua vez, é um fato e se constitui na existência de semelhanças entre demandas. Por exemplo: CPC adota concepção tradicional de conexão. Lá, a conexão corresponde a uma identidade de pedidos ou de causa de pedir. Entretanto, existem outras formas de se verificar a conexão, a saber: 1. Numa concepção tradicional, temos a conexão como identidade de causa de pedir e/ou pedido. Então o que garante a semelhança entre as partes é a identidade entre causa de pedir e pedido; 2. Existe outra linha, defendida por Carnelutti, que diz que a conexão seria a identidade de questões, sejam fáticas ou jurídicas. Por exemplo, o mesmo fato, o mesmo fundamento jurídico. 3. Outra linha defendida é a conexão material ou substancial, em que ela ocorreria quando as causas discutissem uma mesma relação jurídica. Exemplo: divórcio e alimentos são decorrentes de uma mesma relação jurídica, que é o casamento; 4. E, ainda, a conexão por afinidade. Esta é pautada em uma mesma tese jurídica. OBS: Em que pese seja possível identificar essas circunstâncias como elementos de aproximação entre causas, nem sempre os efeitos dessas formas de conexões são as mesmas. Se olhar o CPC na sua literalidade, percebe-se que ele Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA adota a primeira corrente (art. 55, CPC), identificando a conexão a partir dos seus elementos tradicionais. Isso não significa que as outras correntes não tenham sido também de certa forma contempladas, pois, como conexão é fato, os efeitos jurídicos podem variar. Quando se trabalha com competência, observamos como efeito jurídico a sua modificação. O legislador do CPC foi bastante esperto quando trouxe, no art. 55, o parágrafo terceiro, que diz que “serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles”. Em outras palavras, diz que, ainda que os processos não sejam conexos (concepção tradicional), se a parte verificar outra forma de conexão, ela pode buscar a reunião do processo. A conexão tem esse regime jurídico especial, pois o fundamento da modificação da competência em razão da conexão se associa à economia processual (é muito mais econômico tratar ações próprias conjuntamente), e, também, a busca por evitar decisões conflitivas ou contraditórias, que pode desintegrar o sistema normativo. NÃO HÁ MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA ABSOLUTA EM RAZÃO DE CONEXÃO. Assim, se houver decisões conflitivas, suspende. Conexão enquanto fato: relação de semelhança entre as causas. Conexão + litispendência: a conexão é uma relação de semelhança, ou seja, há elementos que aproximam as causas, mas são causas distintas. A litispendência, por sua vez, é uma relação de identidade, isto é, existirá a formulação de um mesmo processo novamente: mesmas partes, mesma causa de pedir, mesmo pedido. A diferença está na diferenciação entre a continência e a litispendência. A continência é uma espécie de conexão, mas algumas características são próprias. Na comparação entre causas,na verificação da semelhança da continência, uma das causas é continente e a outra é conteúdo. Explicando, Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA quando se vai comparar duas causas, vai perceber que uma causa é continente e a outra é conteúdo dessa primeira. Na continência, o pedido da causa maior engloba o pedido da causa menor. Ou seja, um pedido é amplo e engloba o pedido de uma causa menor. Então existe uma relação de continente conteúdo. Por exemplo: pede anulação de determinada cláusula contratual. Vem o outro sujeito e pede a anulação do contrato. Se anular o contrato, anula a cláusula, ou seja, a anulação de contrato engloba a anulação da cláusula. Em outras palavras, essa ação é continente com relação à outra, que é o seu conteúdo. Mas não são iguais, não houve litispendência, mas houve continência. O CPC/73 resolvia isso conectando as ações. O NCPC tratou de forma diferente: se a ação continente (anulação do contrato) for ajuizada antes da ação conteúdo (anulação de cláusula contratual), esta será extinta sem resolução de mérito. Mas se for o contrário, haverá uma reunião no Juízo prevento. Isso está previsto no art. 57, CPC/15: “quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no processo relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso contrário, as ações serão necessariamente reunidas”. Muitas vezes o que existe são as litispendências parciais. Exemplo: o sujeito pediu A, B, C e D. Por outro motivo, o mesmo sujeito ajuizou outra ação pedindo D, E, F, e G. Existe aqui uma litispendência parcial, na medida em que pediu D nas duas ações (tendo mesma parte e mesma causa de pedir). Então extingue-se com relação ao pedido D na segunda ação, sem resolução de mérito, se mantendo os demais pedidos. Então para haver litispendência, necessária a tríplice identidade (mesmas partes, causa de pedir e pedido). Efeitos da conexão: O primeiro efeito é o parágrafo primeiro do art. 55, qual seja, a reunião das causas para julgamento conjunto: “os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado”. A primeira exceção é quando uma delas já tiver sido anteriormente julgada. Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA O § 2º diz que é possível a reunião de execução de título extrajudicial e ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico e, também, as execuções fundadas no mesmo título executivo. Com relação à continência, o segundo efeito é a extinção do processo. PREVENÇÃO “Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, onde serão decididas simultaneamente.” A prevenção é um fenômeno processual em que duas causas, com competência concorrente, devem ser julgadas pelo mesmo órgão jurisdicional. A primeira petição inicial que tiver sido distribuída ou registrada, torna o juiz prevento para as causas conexas ou acessórias: art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo. OBS: Não se confunde prevenção com prorrogação. Nesta, ele converte o juiz relativamente incompetente em competente. Naquela, ele se torna o juiz competente para todas as causas reunidas por conexão ou continência. Além dessa possibilidade de reunião de causas e de extinção de processo, há a possibilidade de suspender o processo (art. 313, inciso V, CPC). Então outro efeito da conexão é a suspensão. Assim, nem sempre a conexão gera a reunião, por isso não pode se confundir as duas. Um processo civil pode ser conexo a um processo penal (pois conexão é fato), mas não podem ser reunidos, pois as competências são distintas (art. 315, CPC). Isso não impede a suspensão da causa subordinada. OUTRAS HIPÓTESES DE MODIFICAÇÃO O art. 60 diz que se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seção ou subseção judiciária, a competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a totalidade do imóvel. Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA No art. 61, diz que a ação acessória será proposta no juízo competente para a ação principal. Então sempre que uma causa seja acessória a outra, será submetida ao mesmo órgão jurisdicional que tramitou a causa principal. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL REGRA GERAL – PRINCÍPIO DO RÉU (ART. 46) A regra principal de competência do CPC é a regra do domicílio do réu. Então todas as ações pessoais ou reais (imobiliárias), tem como regra o foro do domicílio do réu, ou seja, ajuizados perante o foro do domicílio do réu. É uma competência relativa, então o autor pode ajuizar em outro foro e caberá ao réu arguir a incompetência relativa, de modo que se não arguir, será prorrogada a incompetência. Há subregras: a) Se o réu tiver mais de um domicílio, quaisquer dos domicílios serão competentes para a causa; b) Se o réu não tiver domicílio, a causa poderá ser promovida no domicílio do autor, no domicílio do local do fato, ou se o autor não tiver domicílio no Brasil, em qualquer domicílio, resguardada a conveniência em relação ao local; c) No caso de domicílio incerto ou desconhecido, será no local onde o réu for encontrado ou no domicílio do autor; d) Se tiver mais de um réu com domicílios distintos, é possível ajuizar ação em qualquer desses domicílios; e) As execuções fiscais serão propostas perante o domicílio do réu, ou perante a residência do réu, ou no lugar onde ele for encontrado. REGRA DA SITUAÇÃO DO IMÓVEL É uma regra para causas reais imobiliárias, bem como as possessórias relativas à imóveis. Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA Lembrando que, independentemente se o imóvel contemplar mais de uma comarca, o juízo que primeiro receber a causa terá competência por toda a extensão do imóvel. As ações pessoais são aquelas que se relacionam ao cumprimento de obrigações ou ao cumprimento de direitos de personalidade. Por exemplo: ação relacionada a um contrato de locação de um imóvel, está lidando com imóvel, mas essa ação é pessoal. Por outro lado, direitos reais são aqueles que têm natureza absoluta e recai sobre bens móveis ou imóveis, que diz respeito à propriedade, garantias etc. Se a ação real for discutir sobre bem imóvel, a regra geral é que essa ação deva ser formulada perante o foro de situação do imóvel. Então ainda que o bem imóvel não tenha sede de comarca, ele será de competência do juízo que tem jurisdição sobre aquela localidade. Em outras palavras, não se verifica a sede do juízo, analisa-se qual o órgão com circunscrição jurisdicional que detém a competência para aquele local. OBS: ESSA COMPETÊNCIA É ABSOLUTA. Só que o CPC estabelece certas regras de exceção a essa regra geral (art. 47, § 1º). Diz que essas ações reais imobiliárias poderão ser ajuizadas perante o foro do domicílio do réu, desde que não trate de certas questões, quais sejam: (a) direito de propriedade; (b) direito de vizinhança; (c) servidão; (d) divisão e demarcação de terras; (e) nunciação de obra nova. Em outras palavras, o dispositivo diz que o local da situação dos bens imóveis é o local para as ações relacionadas à direitos reais. Essa regra, no entanto, relativa, com base no dispositivo acima, já que se pode promover ações em outros locais, como, por exemplo, no foro do domicílio do réu, salvo as ações que tratem das matérias acima descritas, que serão sempre o local da situação do imóvel. O § 2º afirma que a ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta. Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA REGRA DE SUCESSÃO (ART. 48) O último domicílio do autor da herança será o competente para as ações relacionadas ao inventário, partilha, arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbitotenha ocorrido no estrangeiro. O parágrafo único diz que se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente: I. O foro de situação dos bens imóveis; II. Havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes; III. Não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio. OBS: Uma vez ajuizada a ação de inventário, o juízo tem competência para analisar todo o inventário, ainda que diga respeito à bens localizados em outras comarcas ou em outras localidades. Então, por exemplo, o autor da herança tinha domicílio em Salvador, mas tinha bens em SAJ. O local do inventário será em Salvador, ainda que o juízo de Salvador tenha competência para analisar questões relacionadas aos bens de SAJ. Há aqui uma concentração de competência, concentração da análise cognitiva a ser analisada pelo juiz da causa, ainda que os bens estejam localizados em outros lugares. OBS: Com relação ao inventário não se aplica a regra da situação do bem imóvel, inclusive é preciso analisar o foro non conveniens, para evitar a utilização de um foro inadequado à causa. REGRA DO AUSENTE (ART. 49) A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último domicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias. INCAPAZ (ART. 50) Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou assistente. Então no caso de assistência ou representação, existe uma vinculação do domicílio do representado ou assistido, com o domicílio do seu representante ou assistente. UNIÃO E ESTADOS (ARTS. 51 E 52) O art. 51 diz que é competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União (regra geral). A mesma coisa para os estados ou Distrito Federal (art. 52). Há um mito de achar que o estado só pode promover a demanda em seu próprio território. OBS: O parágrafo único diz que se a União for demandada, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal (se aplica também aos estados). Aqui é uma facilitação da vida do Autor, no caso em que a União ou estados forem réus. Então permite-se que o domicílio do autor seja a regra, ou optar por ajuizar a ação no local em que aconteceu o ato ou fato a que se relaciona a demanda, ou pela situação do bem discutido no processo, ou, ainda, na sede do ente federativo. OUTRAS REGRAS (ART. 53) INCISO I – Para ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável, é competente o foro: a) De domicílio do guardião de filho incapaz. Ou seja, todo aquele que detém a guarda de um filho incapaz, para facilitar o seu acesso à justiça, tem como prerrogativa que a ação será ajuizada perante o seu domicílio (COMPETÊNCIA ABSOLUTA, segundo entendimento do professor); b) Do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz; c) De domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal; Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA d) De domicílio da vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei Maria da Penha (COMPETÊNCIA ABSOLUTA, segundo entendimento do professor). INCISO II – De domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos (COMPETÊNCIA ABSOLUTA, entendimento consolidado). OBS: Se houver mudança do domicílio, não haverá mudança do juízo. Mas para a execução será o novo domicílio do alimentando. INCISO III – Do lugar: a) Onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica; b) Onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu; c) Onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou associação sem personalidade jurídica; d) Onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento; e) De residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto; f) Da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por ato praticado em razão do ofício (discussão de qualquer ato relacionado à prática das funções do cartório de notas ou de registro). INCISO IV – Do lugar do ato ou fato para a ação: a) De reparação de dano; b) Em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios; INCISO V – De domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves (entendimento também diz do domicílio do réu, com base na facilitação da defesa da vítima). Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL Competência dos juízes De logo, duas observações: A competência da justiça federal é estabelecida constitucionalmente, através dos artigos 108 e 109 da Constituição; A competência da justiça federal tem natureza, como regra, absoluta. Observa-se que desses dispositivos observa critérios que levam em consideração critérios materiais, funcionais e pessoais. Lembrando que as regras das justiças estaduais são residuais, ou seja, aquilo que não for da competência da justiça federal, será de competência da justiça estadual. O artigo 109 trata da competência dos juízes federais. O inciso I trata do critério da pessoa para estabelecimento de competência: Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I – as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho. Primeira observação é em relação à própria limitação estabelecida no dispositivo. Com relação às entidades autárquicas, incluem-se as fundações regidas por direito público, uma vez que são consideradas entidades autárquicas. Existe uma discussão para a competência de Mandado de Segurança, vez que, por exemplo, um sujeito que estiver atuando em exercício nessas Sociedades de Economia Mista, prevalece que eles estabelecem atribuições delegadas de entes federais. STJ tem precedentes no sentido de que esse exercício de atribuições de entes federais, implica que a competência para o MS, nesse tipo de processo, seja da Justiça Federal. Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA Segunda observação: não importa a atuação desse ente federativo, seja autor, réu, assistente ou oponente, a Justiça Federal será a competente. Se houver intervenção superveniente de um ente federativo (União, entidades autárquicas etc.), haverá uma modificação da competência para a Justiça Federal. Então se houver um processo na Justiça Comum e, por algum motivo, intervenção da União, haverá deslocamento da competência para a Justiça Federal. OBS: A quem competiria apreciar a adequação da intervenção nesse caso? O Juiz Estadual ou o Juiz Federal? Não se está tratando do julgamento de competência, mas sim a intervenção. Nesse caso, é sempre o Juiz Federal. Assim, o juiz estadual remete os autos ao Juiz Federal e este fará a análise da adequação da intervenção, inclusive podendo excluir o ente que justificaria a sua competência, devolvendo os autos da para a Justiça Estadual (juiz prevento). Terceira observação: o inciso primeiro exclui algumas matérias relacionadas à atuação desses entes federativos: falência, acidente de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho. Isso quer dizer que, ainda que atue a União, a entidade autárquica federal, ou empresa pública federal atuem nessas causas acima descritas, não serão da competência da Justiça Federal. II – as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacionale Município ou pessoa domiciliada ou residente no país Então sempre que houver causa envolvendo esses entes, a competência será da Justiça Federal, pouco importando a matéria. Observação: nesses tipos de processo não cabe apelação aos TRF’s. Cabe um recurso específico chamado Recurso Ordinário, que será julgado diretamente pelo STJ. NÃO CONFUNDIR ESSE DISPOSITIVO COM AQUELE QUE TRATA DA COMPETÊNCIA DO STF (ART. 102, INCISO I, ALÍNEA “E”). É DA COMPETÊNCIA DO STF LITÍGIO ENTRE ESTADO ESTRANGEIRO OU Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA ORGANISMO INTERNACIONAL E A UNIÃO, ESTADO, DF OU TERRITÓRIO. AQUI NÃO É MUNICÍPIO OU PESSOA RESIDENTE NO PAÍS, MAS SIM UNIÃO, ESTADO, DF OU TERRITÓRIO. III – as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional É uma competência em razão da matéria. Sempre que a causa envolver diretamente aplicação de um Tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional, a competência será da Justiça Federal. Não se está falando de aplicação de direitos decorrentes de tratado, mas sim de convenção entre organismos internacionais ou estados com a União que estejam previstos em tratados ou contratos internacionais. Assim, sempre que um tratado ou contrato internacional prevê obrigações recíprocas; obrigações decorrentes diretamente desses instrumentos, a competência será da JF. Algo que vincule diretamente a União com Estado estrangeiro. VI-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5ºdeste artigo; Em 2004 tivemos a EC45, e ela trouxe a possibilidade do deslocamento de competência da JE para a JF. Esse deslocamento ocorre mediante um incidente chamado “incidente de deslocamento de competência” e é apreciado pelo STJ. Esse incidente foi pensado para se evitar pressões locais sobre determinadas causas que poderiam ter repercussão negativa com relação à própria forma como o Brasil é visto perante as Organizações Internacionais com relação aos Direitos Humanos. Então as causas relativas a direitos humanos serão deslocadas para a Justiça Federal. Toda vez que o STJ deferir o deslocamento de competência, a causa será de competência da Justiça Federal. § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o STJ, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. Foi pensando, em princípio, para matéria penal. Mas pode ser utilizada também em sede de matéria cível, desde que a discussão envolva matéria cível (probidade administrativa, por exemplo). Então sempre que tratar de direitos humanos, sempre que o PGR entender que há um risco de grave violação a esses direitos, para evitar pressões locais, ele pode requerer a federalização da causa (não da matéria). VIII – os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; XI – a disputa sobre direitos indígenas. X – (...) a execução de carta rogatória, após o “exequatur”, e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização. Esse inciso X traz uma competência funcional da Justiça Federal. Então pouco importa a matéria, esses descritos acima serão realizados pela Justiça Federal, após homologação ou exequatur do STJ. COMPETÊNCIA DELEGADA Há, ainda, a competência delegada da Justiça Federal. Nesta, os juízes estaduais exercem competência de juízes federais. Isso se dá em situações bastantes restritas: • O lugar não seja sede de vara federal. A causa que seria de competência da justiça federal será apreciada, em primeira instância, pelo juiz estadual, pois no lugar não tem vara federal. Mas para que isso ocorra, é preciso que haja ou autorização na Constituição, ou Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA autorização legislativa. Não é qualquer matéria, portanto. A primeira autorização está no § 3º, do art. 109. § 3º Lei poderá autorizar que as causas de competência da JF em que forem parte instituição de previdência social e segurado possam ser processadas e julgadas na justiça estadual quando a comarca do domicílio do segurado não for de sede de vara federal. E se for relacionada a acidente de trabalho? Competência da Justiça Estadual, pois a Constituição exclui. § 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o TRF na área de jurisdição do juiz de primeiro grau. Como é competência da JF, o recurso, nesses casos, por se tratar de delegação de competência, irá sempre para o TRF. Aqui a causa não é de competência da justiça estadual originariamente, mas por um critério constitucional poderá ser julgada em justiça estadual, na primeira instância. Outras hipóteses podem ser decorrentes de autorização legal. Exemplos: • Tem que ter autorização constitucional ou legislativa. Lei 5.010, que trata da Lei Orgânica da Justiça Federal. Art. 15. Quando a Comarca não for sede de Vara Federal, poderão ser processadas e julgadas na Justiça Estadual: II – as vistorias e justificações destinadas a fazer prova perante a administração federal, centralizada ou autárquica, quando o requerente for domiciliado na Comarca. III – as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado e que se referirem a benefícios de natureza pecuniária, quando a Comarca de domicílio do segurado estiver localizada a mais de 70 km (setenta quilômetros) de Município sede de Vara Federal. Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA IV – as ações de qualquer natureza, inclusive os processos acessórios e incidentes a elas relativos, propostas por sociedades de economia mista com participação majoritária federal contra pessoas domiciliadas na Comarca, ou que versem sobre bens nela situados. Existem entendimentos do STJ que Ação Rescisória é de competência do TRF, nesses casos de competência delegada. COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS O art. 108 trata da competência dos TRF’s. Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: I – processar e julgar, originalmente: (alínea B, C, D, E) II – julgar em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição. Então todas as decisões a qual cabe recurso a uma instância superior, salvo regra específica, serão apreciadas pelos TRF’s. CONFLITO DE COMPETÊNCIA O conflito de competência ocorre quando dois juízes no mínimo ora se dão por competentes, ora incompetentes para apreciar determinada matéria. Então tem-se o conflito negativo de competência (quando se dão por incompetentes) e o conflito positivo de competência (quando se dão por competentes). OBS: não haverá conflito de competência quando uma das causas já tiver sido julgada. Ou seja, necessário que a causa ainda esteja pendente de julgamento. OBS: Não há conflito de competência entre órgãos de hierarquia distintas, dentro do mesmo contexto hierárquico. Por exemplo: entre órgão que vai Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA apreciar um recurso de outro órgão. Nesse caso, sempre será do órgão “superior”. Art. 66. Parágrafo único. O juiz que não acolher a competência declinada deverá suscitar o conflito, salvo se a atribuir a outro juízo. Quem julga esse conflito? Em relação ao STF – Sempre que o conflito for entre algum Tribunal Superior e qualquer outro órgão a competência será do STF. As outras situações são intuitivas: Se houver conflito entre dois juízes de direito,por exemplo, da Bahia, será o TJ-BA que irá julgar. Se for entre juízes de direito de estados diferentes, será o STJ que irá julgar. Juízes do trabalho de regiões diferentes, quem julgará será o TST. Se da mesma região, TRT da região que julgará. PROCEDIMENTO (ARTS. 951 AO 959) (NÃO VAI COBRAR NA PROVA) Primeira regra: O conflito de competência poderá ser suscitado por qualquer das partes, pelo MP ou pelo juiz, sendo que o MP só poderá ser ouvido nos conflitos de competências nas causas em que intervier, mas terá qualidade de parte nos conflitos que suscitar. Nos casos das partes, o sujeito que suscitou a incompetência relativa, não poderá formular o conflito, pois haveria uma sobreposição de requerimento. Ou seja, se ele já se manifestou pela incompetência, nas faz sentido suscitar novamente. Segunda regra: Quem julga o conflito é sempre um Tribunal. Podendo ser de ofício pelo juiz. Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA Após a distribuição, o relator determinará a oitiva dos juízes em conflito ou, se um deles for suscitante, apenas do suscitado. Quem suscitou o conflito, não deverá mais prestar informações. O relator poderá de ofício ou a requerimento das partes, quando o conflito for positivo, determinar a suspensão do processo; no conflito negativo, poderá designar um dos juízes para resolver em caráter provisório as medidas urgentes. O relator poderá julgar de plano (sem precisar de mais provas, mas garantindo o contraditório) o conflito de competência quando sua decisão se fundar súmula do STF, do STJ ou do próprio Tribunal. Havendo conflito interno no próprio Tribunal, deverá observar o regimento interno para resolver o conflito. SUJEITOS DO PROCESSO É o conjunto de pessoas que ocupam posições ou praticam atos ou exercem atividades no processo. Começa a ficar mais restrito quando começamos a identificar que tipos de atividade esses sujeitos exercem. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS Partes São sujeitos parciais do processo que atuam na defesa de interesses, muitas vezes subjetivos, e ocupam uma série de posições jurídicas (ativas ou passivas). Eles são dotados de uma série de poderes, funções e deveres. Junto com os magistrados, são os principais sujeitos do processo. Elas necessariamente devem estar incluídas dentro de um contexto de contraditório (autor x réu). Pergunta: é possível existir um processo sem alguma das partes? No mínimo, para o processo existir, precisamos ter uma parte autora (interessado). Isso quer dizer que o processo existe independentemente da presença do réu. O réu precisa ser citado pelo menos para tomar conhecimento da decisão favorável a ele. Ministério Público Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA Sujeito que ocupa diversas posições a depender do processo. O MP pode ser parte (dominus litis – senhor do processo) e defender o interesse de determinado sujeito. Defende, como regra, o interesse da sociedade. Em que pese alguma divergência, o MP também pode ser réu. É meio raro, mas pode acontecer. Também pode atuar como substituto processual, quando atua na defesa dos interesses de terceiros. Pode atuar como representante da parte, onde o MP atua para suprir uma incapacidade. Situação bastante rara. Em quarto lugar, pode atuar também como fiscal da ordem jurídica (custos legis). Como tal, o MP atua na observância das regras e princípios contidos no nosso ordenamento jurídico. O CPC traz as hipóteses de participação do MP no art. 178. OBS: ao MP se aplica as mesmas hipóteses de impedimento ou suspeição que são aplicadas ao juiz. O impedimento é uma vedação ao agir (como se fosse uma contra competência, um estar proibido de agir em determinadas situações). A suspeição, por sua vez, envolve circunstâncias em que do sujeito não se espera a imparcialidade necessária à atuação (o sujeito pode atuar, mas não se espera dele uma imparcialidade adequada). Juiz O juiz também é sujeito do contraditório. É, entretanto, um sujeito imparcial, dotado de uma série de função e poderes, sejam de natureza administrativa ou jurisdicional, na medida em que ele atua como representante do Estado no julgamento ou resolução do processo. A imparcialidade não se confunde com neutralidade. A parcialidade se identifica a partir de certa vinculação do juiz com o litígio. Nesse caso, o juiz teria que se afastar com base na garantia do juiz natural. Adotamos no Brasil o modelo cooperativo de processo, onde observamos uma corresponsabilidade dos sujeitos processuais na condução e no resultado da atividade jurisdicional. Ao juiz se aplica as hipóteses de impedimento e suspeição. Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA OBS: O juiz pode ser parte no processo em determinadas situações. Auxiliares de juízo Sujeitos chamados para auxiliar a atividade jurisdicional. Eles contribuem de alguma forma com o bom resultado da atividade. Temos auxiliares permanentes (ex: secretário de audiência) e temporários (ex: perito, tradutor/intérprete). Os auxiliares temporários podem até estar inseridos no quadro da administração pública, mas nem sempre são chamados para contribuir no processo. São remunerados, normalmente por honorários, salvo aqueles que já pertencem ao quadro do Estado. As hipóteses de impedimento e suspeição também se aplicam aos auxiliares. AQUISIÇÃO DA QUALIDADE DE PARTE 1. Demanda Primeiro, enquanto autor do processo, esse sujeito é a primeira parte do processo. OBS: Não confundir parte com sujeitos. Sujeitos é um conceito amplo, parte um conceito estrito. 2. Citação Segundo, em razão da citação. Inevitabilidade da jurisdição. Uma vez citado, o sujeito se torna parte no processo. Ocorre a triangularização (ou angularização) da relação jurídica processual. Antes da citação, processo não produz efeitos àquele sujeito, isto é, ele ainda é um terceiro no processo. 3. Intervenção de terceiros Terceiro, a intervenção de terceiros, que pode ser uma intervenção voluntária (o sujeito pede para intervir no processo) ou provocada, também Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA chamada de intervenção coacta (terceiro é provocado para atuar no processo e, assim, a ele também se aplica a inevitabilidade da jurisdição). 4. Sucessão processual Pode ocorrer entre vivos (intervivos) ou em razão da morte (mortis causa). Na substituição tem um terceiro que atua em nome de um interessado. Na sucessão, há a troca da parte, isto é, a troca da pessoa, no exercício de terceiro e decorre do exercício de legitimidade extraordinária. Ou pode ser que o objeto litigioso tenha sido vendido/alienado, aí também haverá a hipótese de sucessão processual entre razão de negócio jurídico (intervivos). TERCEIROS Sujeitos que não são parte no processo. São pessoas estranhas a este. Em regra, as decisões judiciais não lhe podem produzir efeitos. Em algumas situações, entretanto, essa inaplicabilidade é impossível de se produzir, pois pode acontecer de o terceiro sofrer com os efeitos da decisão. Em razão disso, o sistema processual prevê certas ferramentas de proteção desses terceiros. Uma dela diz respeito ao limite subjetivo da coisa julgada e outra é a intervenção de terceiros. INTERESSE/LEGITIMIDADE PROCESSUAL O interesse se verifica a partir da observância de duas circunstâncias: (a) necessidade de agir. O processo é efetivamente necessário? (b) Verifica se há ou não uma situação de vantagem ao sujeito que está agindo. Se a ação é capaz de provocar algum ganho a aquele sujeito. Ou seja, necessidade + vantagem. A legitimidade é genérica, ou seja, uma autorização normativa para agir/exercer determinada posição jurídica. Todo aquele que se diz interessado em determinada situação jurídica, ainda que não seja legítimo, tem legitimidade ativa. Assim, a legitimidade é um estado hipotético, não concreto, enquanto ointeresse é um estado concreto. Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA O interesse processual pode ser amplo (interesse em todo o processo, é o interesse de agir) ou restrito (diz respeito ao ato processual). Por exemplo: o autor tem interesse em arguir a incompetência relativa? Não, porque primeiro foi ele que escolheu ajuizar a ação naquele local, observando aquela competência; segundo, pois ele não terá nenhuma vantagem em arguir aquela competência. Então a prática de atos processuais também leva em consideração interesse processual, isto é, interesse para o ato e não interesse de agir. Então a análise do interesse e legitimidade precisam ser feitas também no ato a ser praticado. SUBSTITUTO PROCESSUAL Representante x substituto A representação processual tem relação com a capacidade processual, ou seja, a possibilidade de se exercer sozinho os atos processuais. Então essa representação funciona como mecanismo de superação de uma incapacidade processual. Logo, o sujeito que for incapaz (incapacidade de fato do direito civil) não poderá exercer os atos processuais sozinho, precisando de representante ou assistente. Caso não tenha, será nomeado um curador especial. A figura do substituto, por sua vez, não tem nada a ver com representação. A substituição tem relação com a legitimidade extraordinária. O substituto é aquele que, em nome próprio, defende interesse alheio, seja em razão de previsão legal ou contratual. Então é necessário que tenha autorização legislativa ou contratual para haver a substituição. OBS: Não confundir substituição com sucessão. Esta consiste na alteração do sujeito que compõe o polo da demanda, seja no polo ativo ou passivo. Essa sucessão pode decorrer de ato intervivos ou em razão da morte. LITISCONSÓRCIO É o fenômeno processual correspondente à pluralidade de sujeitos no(s) polo(s) da demanda. Mas não se restringe à principal relação jurídica processual. Pode ocorrer em incidentes processuais; em recurso – como, por exemplo, autor Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA e réu se consorciam para opor embargos de declaração contra uma sentença homologatória de transação judicial. 1. Tipos Ele pode decorrer de três circunstâncias (art. 113, CPC) Por comunhão: I – entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide. No caso de direitos tem a copropriedade, a composse, o condomínio, ou seja, mais de uma pessoa é titular de um direito discutido no processo; ou mais de uma pessoa é coobrigada ou corresponsável em razão de um direito discutido num processo. Então a comunhão se relaciona com a titularidade de direitos ou obrigações. Devedores solidários. Por conexão: II – entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir. As circunstâncias que geram a conexão podem justificar a formação de um litisconsórcio. Então sempre que tiver uma causa de pedir comum ou pedidos comuns, podemos formar o litisconsórcio. OBS: Não confundir com causas de pedir semelhantes. Ex: dois trabalhadores pedem hora extra. Uma hora extra de um é diferente do outro. Então são causas de pedir distintas. Isso não forma litisconsórcio por conexão. Pode gerar por afinidade, mas não por conexão. Nesta a causa de pedir tem que ser a mesma. Ex: acidente afetou duas pessoas. Por afinidade: III – ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito. Chama-se impróprio o litisconsórcio por afinidade, porque fundado numa conexidade imprópria. Aqui não há necessariamente um vínculo de conexão. Nessa situação, ele se justifica quando existir, por exemplo, um ponto em comum, seja em relação a fato ou direito. O exemplo da hora extra, os fatos ocorreram de maneira distintas, mas existe um fato comum que é se tratar do bem do empregador comum e a discussão da hora extra, logo, há uma possibilidade de formação de litisconsórcio. Trata-se de litisconsórcio que jamais poderá ser unitário, sendo sempre facultativo e simples. Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA OBS: Os §§ 1º e 2º autorizam a limitação do número de litisconsortes desde que estes impliquem em uma dificuldade à rápida solução do litígio ou a dificuldade na apresentação da defesa ou cumprimento da sentença. Então o juiz pode, de ofício, determinar a limitação do litisconsórcio (litisconsórcios multitudinários). OBS: Essa limitação só se aplica ao litisconsórcio facultativo. Assim, os litisconsórcios necessários não podem sofrer limitação. OBS: Essa limitação pode ocorrer em qualquer fase do processo, seja na fase de conhecimento, liquidação de sentença ou execução. Igualmente, a parte pode requerer a limitação (§ 2º) na primeira oportunidade que tiver de falar nos autos, seja para apresentação de manifestação ou de uma resposta, e esse requerimento implica em interrupção do prazo para eventual manifestação ou resposta. 2. Classificação Ativo/passivo/misto: leva em consideração o polo em que ocorre a pluralidade dos sujeitos. Então se a pluralidade dos sujeitos estiver no polo ativo, terá um litisconsórcio ativo; se estiver no polo passivo, terá um litisconsórcio passivo; se tiver nos dois polos, terá um litisconsórcio misto. Inicial/ulterior: o inicial é aquele que acontece simultaneamente ao ajuizamento da ação, ou seja, desde o início há um litisconsórcio. Entretanto, o sistema processual autoriza a formação do litisconsórcio ulterior, que consiste naquele que ocorre posteriormente ao ajuizamento da ação. É visto como algo excepcional, pois tumultua a marcha do procedimento. O problema deste é que o autor pode se utilizar do litisconsórcio ulterior, por exemplo, para escolher o juiz da causa. Imagine que há duas situações distintas, ajuíza uma ação em determinado lugar que tem um juiz que ele gosta, e então pede para entrar na ação. Nesse caso, haveria a violação do princípio do juiz natural. Logo, o litisconsórcio ulterior só se dá em circunstâncias específicas, quais sejam: Leonardo David – Processo Civil I – Társis – T5AA a) Na hipótese de intervenção de terceiros. Por exemplo: chamamento ao processo; intervenção de assistente etc.; b) Quando ocorre reunião por conexão ou continência; c) Por sucessão processual. Por exemplo no caso de morte, os sucessores assumem, havendo o litisconsórcio ulterior; d) Aditamento da inicial. O autor pode aditar a petição inicial para incluir um terceiro com a formação do litisconsórcio ulterior. OBS: A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título particular, não altera a legitimidade das partes. Unitário: O litisconsórcio unitário se caracteriza pela uniformidade da relação jurídica discutida no processo, ou da indivisibilidade do objeto litigioso, de modo a provocar uma decisão única que atinge todos os litisconsortes, não se admitindo, portanto, julgamentos diversos. Os vários são considerados apenas um. Então o litisconsorte é tratado como se fosse uma única parte, de modo que a decisão deve ser a mesma para todos. Por exemplo: se tem o contrato e esse contrato tem dez pessoas, se invalida o contrato, invalida-se para as dez pessoas de maneira idêntica. Dessa forma, são dois os pressupostos para a caracterização da unitariedade: (a) os litisconsortes discutem uma única relação jurídica; (b) essa relação jurídica é indivisível. Com isso, deve-se ter atenção à solidariedade obrigacional: nestes casos, haverá o preenchimento do primeiro pressuposto, que é uma única relação jurídica. Todavia, nem sempre a obrigação solidária é indivisível. Assim, a solidariedade não implica, necessariamente, unitariedade. Simples/comum: Por outro lado, temos a possibilidade de decisões distintas para cada um dos litisconsortes, vez que não existe a indivisibilidade do objeto e/ou a uniformidade da relação jurídica. Assim, no litisconsórcio simples cada um dos litisconsortes
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