Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Thiago Coelho (@taj_studies) CADERNO – DIREITO PROCESSUAL CIVIL I/ TÁRSIS – FDBG AULA 01 – PLANEJAMENTO DA DISCIPLINA E OBSERVAÇÕES GERAIS 1. Assuntos: Competência – jurisdição, justiças estadual e federal, regras de competência; Cooperação jurídica; Sujeitos processuais (partes/juiz/MP/DP/advocacia), terceiros, despesas processuais; Litisconsórcio; Intervenção de terceiros - espécies; Petição inicial – conceito, elementos, pedidos, cumulação de pedidos; Citação, comunicação processual; Tentativas de conciliação; Defesa do réu, contestação, reconvenção; Responsabilidade processual, providências e saneamento; Há a possibilidade da realização de dois questionários ao longo do semestre, em prol da fixação do conteúdo. Poderá valer algum valor extra. Aconselhável estudar a matéria não no mesmo dia de dada, mas no dia seguinte ou dois dias depois. Terá reposição de aula dia 25/02 (sábado). 2. Avaliações: 1ª avaliação – 06/04; 2ª avaliação – 01/06; Assuntos não cumulativos; Questões práticas, objetivas e reflexivas; 3 a 5 questões exigindo respostas breves; 3. Referências: Thiago Coelho (@taj_studies) Livros e artigos atualizados; Curso de Direito Processual – Fredie Didier Jr; Novo Curso de Processo Civil – Luiz Guilherme Marinoni; Manual de Direito Processual Civil – Daniel Neres; AULAS 02 E 03 – COMPETÊNCIA 1. Conceito: Jurisdição é vista por três perspectivas. Poder: A jurisdição é um dos poderes que toca o Estado no exercício da sua soberania (imposição de suas decisões). A jurisdição é um poder-dever; Função: O Estado exerce a função de promover a justa composição da LIDE e, consequentemente, de promover a pacificação social; Atividade: A jurisdição na sua dimensão dinâmica. Trata-se do complexo de atos praticados pelo juiz no processo, na execução do seu poder e no cumprimento de sua função; Outrora, era sustentada a perspectiva de que competência é um limite à jurisdição. O juiz competente está investido da jurisdição para atuar perante determinados casos definidos por lei. A competência limita o poder jurisdicional. Destarte, o juiz incompetente não tem poder para agir diante de alguns casos concretos. Entretanto, essa tese foi refutada. Esse conceito vai perdendo força a medida que as novas concepções de jurisdição emergem – função e atividade. Desse modo, o juiz incompetente para um caso não deixa de exercer o seu poder jurisdicional. Competência trata-se, portanto, do critério de distribuição da função/atividade entre os órgãos investidos de jurisdição. Tal concepção se coaduna com os conceitos contemporâneos de jurisdição. 2. Os fundamentos da competência: Se todos tivessem competência para julgar qualquer coisa, ter-se-ia, no mínimo, dois problemas: A ausência de especialização: Juiz-generalista, o qual cuidaria de assuntos de diversas áreas do Direito; Thiago Coelho (@taj_studies) A falta de atender as conveniências dos litigantes: Distanciamento das peculiaridades do caso concreto, uma vez que um juiz em qualquer lugar poderia julgar a matéria; Tem-se o interesse de ministrar a justiça por parte do Estado. Busca-se, desse modo, uma maior efetividade no exercício jurisdicional. Interesse particular almejando a enxugar o tempo para a realização das etapas processuais. Em suma, o interesse de conveniência das partes. 3. Fontes da competência: Análise dos dispositivos normativos que discorrem sobre competência. Constituição Federal: traz competências, por exemplo, do STF e do STJ, entre outros tribunais; Legislação: Há regras de competência sobre propriedade de bens imóveis, inventário, testamento, entre outros; Regimentos internos dos tribunais: Também contêm normas sobre competências; Outros: Como contratos, por exemplo; 4. Princípios regentes: Tipicidade: Toda competência deve ser vinculada a uma fonte formal. Toda competência é típica (expressa em uma fonte normativa - rol mencionado acima). Nesse sentido, não há competência atípica. Todavia, o STF reconheceu a presença de competências intrínsecas (competências que derivam das competências típicas). De certa forma, esse posicionamento do STF mitiga o princípio da tipicidade; Indisponibilidade: O juiz não pode delegar/transferir a sua competência. Uma vez estabelecida por legislação, não pode ser afastada, já que é indisponível. O poder da competência-competência – que é um poder intrínseco – permite o juiz julgar a sua própria competência e reconhecer-se como incompetente; 5. Determinação de competência: Estabelece o momento em que a competência é estabelecida. Pode ocorrer: Pelo registro da petição inicial: Quando há apenas um órgão competente; Pela distribuição da petição inicial (competência concorrente): Quando há mais de um órgão competente para aquela causa; Thiago Coelho (@taj_studies) Uma vez determinada, existe uma regra de estabilização chamada de perpetuatio jurisdictionis (perpetuação). Uma vez consolidada a competência, ela não se modifica, seja por alterações fáticas ou jurídicas. Art. 43 – NCPC: Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta. Há exceções dispostas no próprio artigo supratranscrito: Quando o órgão deixou de existir; Quando ocorreu modificação da competência absoluta; Art. 42 – NCPC: As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz nos limites de sua competência, ressalvado às partes o direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei. Art. 44 – NCPC: Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal , a competência é determinada pelas normas previstas neste Código ou em legislação especial, pelas normas de organização judiciária e, ainda, no que couber, pelas constituições dos Estados. 6. Classificação: Competência plena ou cumulativa: O juiz é o mesmo ao longo de todo o processo, desde a fase de conhecimento até a execução da sentença. Refere-se a apenas um órgão, o qual se responsabiliza por diversos tipos de demanda. Ex: Se em uma determinada localidade há apenas um juiz, este será competente para diversos núcleos do direito – como o penal, civil, entre outros; Competência privativa: Fixação de determinadas matérias a órgãos jurisdicionais. Ex: Varas especializadas de consumidor, varas especializadas em Fazenda Pública, varas especializadas em família e sucessões...; Competência comum/residual: Não apresentam uma competência específica. Ex: Questões de aeronáutica – acabam destinadas aos órgãos generalistas; Competência exclusiva: Não admite delegação, sendo exercida por um único órgão. Ex: A competência de controle concentrado de constitucionalidade a nível federal é exclusiva do Supremo Tribunal Federal; Competência concorrente: Há mais de um órgão jurisdicional competente para aquela causa. Ex: Ajuizar uma ação cível em Salvador, onde há diversos órgãos com competência cível; https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm Thiago Coelho (@taj_studies) o Competência concorrente sucessiva: Situações mais excepcionais. Competência de foro/juízo: Foro é a instância territorial, local onde o juiz exerce a jurisdição. Nem sempre o foro se confunde com a instância territorial do município. Ex: Uma comarca pode comportar diversos municípios; Competência originária e derivada: A competência originária é aquela competência que o órgão tem para analisar o caso em 1ª instância; já a competência derivada é aquela que aprecia casos em grau de recurso; Absoluta e relativa: A competência absoluta visa ao interesse superior(Estado), enquanto que a competência relativa se relaciona com os interesses das partes. Há os seguintes critérios para se definir competência: o Em relação à matéria: Leva em consideração a matéria discutida no processo e trata-se de regra de competência absoluta. Ex: Causas de acidente de trabalho que não sejam competência da justiça do trabalho são apreciadas pela justiça comum; o Em razão da pessoa: Também fixa regra de competência absoluta. Ex: Causas que envolvam sucessões, o Em razão do valor da causa: Nos juizados especiais, caso o valor da causa seja superior a 40 salários mínimos, é competência absoluta da justiça comum estadual. Os juizados especiais só podem apreciar causas com valor inferior a 40 salários mínimos. No que tange aos juizados especiais estaduais de fazenda pública e juizados especiais federais, o limite é 60 salários mínimos (abaixo de 60 salários mínimos = competência absoluta da justiça comum estadual/federal). Os juizados especiais só podem apreciar causas cujo valor é acima de 60 salários mínimos. o Competência funcional: Diz respeito à distribuição das atividades jurisdicionais entre os diversos órgãos que podem atuar no processo Regra de competência absoluta; o Competência territorial: Como regra, não há previsão legal, correspondendo à competência relativa. Caso a lei expresse, tem-se competência absoluta; O princípio do juiz natural apresenta duas dimensões: imparcialidade e competência. (IN)COMPETÊNCIA ABSOLUTA (IN)COMPETÊNCIA RELATIVA Indisponibilidade. Não há prorrogação da competência. Caso o juiz seja absolutamente incompetente, ele continuará a ser. Disponibilidade. Prorrogação da competência: O juiz relativamente incompetente pode se tornar competente para a causa no caso de omissão da parte contrária. Thiago Coelho (@taj_studies) Pode ser conhecida de ofício, isto é, sem a provocação das partes. A incompetência absoluta pode ser conhecida a qualquer tempo. Cabe ação rescisória. Não se modifica por conexão/continência (relação de semelhança de causas). As modificações decorrem de lei, gerando a ruptura da perpetuação da jurisdição, sendo remetido ao foro do juiz competente. O juiz não pode conhecer a incompetência relativa de ofício (súmula 33, STJ). Súmula 33, STJ: A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício. Nas hipóteses em que o Ministério Público atua em prol da defesa dos interesses de uma parte, ele tem legitimidade para questionar a incompetência relativa. Na incompetência relativa, existe uma preclusão. Caso passado o lapso temporal, ocorrerá prorrogação de competência. Não cabe ação rescisória. Pode ocorrer conexão (relação de semelhança entre demandas) e continência (forma de modificação da competência). Interna e internacional: o Na competência interna, discutimos o poder que um órgão jurisdicional tem para apreciar causas que envolvam o espaço territorial do órgão jurisdicional (tipicidade e indisponibilidade). O Estado, devido à sua soberania, impõe-se no âmbito interno; o A competência internacional se relaciona com litígios envolvendo Estados Soberanos na ordem internacional. O Estado Soberano tem o direito de ser tratado igualmente perante seus pares na ordem internacional em virtude da soberania. Há princípios que regem a competência internacional: Plenitude jurisdictionis: Plenitude da jurisdição. Poder pleno e ilimitado de exercer a jurisdição. Diferentemente do âmbito interno, onde há imposição de limites à atuação estatal; Exclusividade: Os tribunais de cada país somente serão limitados pela ordem jurídica interna; Unilateralidade: Há uma cortesia, uma uniformidade de valores entre os Estados na ordem internacional, os quais devem ser respeitados; Thiago Coelho (@taj_studies) Imunidade da jurisdição: Os Estados só podem ser processados de forma voluntária. Se submetem a tribunais internacionais caso decidam se submeter à sua jurisdição; Proibição da denegação de justiça: O Estado pode se identificar como um Estado internacionalmente incompetente para a causa, mas pode julgar com o fito de não denegar a justiça; Autonomia da vontade: Se há mais de um órgão competente, compete ao autor da demanda a escolha das jurisdições concorrentes da sua causa; 7. Imunidade da jurisdição: Atos de gestão: Funções estatais voltadas para o interesse particular. Tem-se uma imunidade de execução (não há coercitividade); Atos de império: O Estado exerce o poder soberano quando, por exemplo, concede visto a estrangeiros; Art. 21 – NCPC: Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. Art. 22 – NCPC: Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: I - de alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; Thiago Coelho (@taj_studies) b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. Esses dois artigos ilustram a competência internacional concorrente (a causa pode ser apreciada no Brasil ou no Estado estrangeiro). Não há vedação para que as causas transmitem ao mesmo tempo. Se as causas forem ajuizadas no estrangeiro, a sentença pode produzir efeitos no Brasil, desde que ocorra atuação do STJ. O STJ dá validade interna das decisões e das coisas julgadas formadas no estrangeiro. Isso pode se dar por dois procedimentos: Homologação da sentença estrangeira: Procedimento judicial que tem o objetivo de dar executoriedade interna e externa a sentenças proferidas em outro país; Exequatur: É uma autorização para que uma sentença estrangeira ou um pedido formulado por autoridade estrangeira por carta rogatória seja cumprido no Brasil; Art. 23 – NCPC: Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. Essas três causas precisam, necessariamente, tramitar no Brasil. A decisão da jurisdição estrangeira não se aplica no Brasil. O STJ não pode dar cumprimento a essas causas nem homologar sentença estrangeira no que tange ao artigo supratranscrito. Thiago Coelho (@taj_studies) Art. 24 – NCPC: A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil. Robinho foi condenado na Itália por crime sexual e a Itália requisitou a extradição do atleta. O nosso ordenamentoveda, porém, a extradição do brasileiro nato. Os próximos desdobramentos serão interessantes. Princípio da competência adequada: Diante do princípio da competência concorrente, a escolha do local onde a ação vai ser ajuizada se submete à autonomia da vontade do autor. Tal direito pode ser exercido de forma lícita ou abusiva. É abusiva (forum non convenies) quando o autor escolhe o pior local, pretendendo prejudicar o andamento do processo e a produção de provas. Responsabilidade na análise da competência. O juiz verificando a desproporcionalidade e a não razoabilidade da competência (escolha abusiva/ilícita), determina a remessa dos autos. Esse exame da proporcionalidade e razoabilidade dá origem ao princípio da competência adequada. O princípio da competência adequada visa a evitar abusos por parte do autor e a facilitar a defesa do réu. Em síntese, busca facilitar o acesso à justiça, se aplicando tanto para a competência interna, quanto para a competência internacional. Para a próxima aula: Circunscrição territorial e modificação da competência. AULA 04 – CIRCUNSCRIÇÃO TERRITORIAL E MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA 1. Circunscrição territorial: Âmbito estadual: Não há identidade absoluta entre a comarca e a circunscrição territorial de um único município, visto que uma comarca pode abarcar mais de um município. Corresponde às próprias comarcas de cada município; Thiago Coelho (@taj_studies) Âmbito federal: Corresponde às seções judiciárias. Não existe comarca federal. Além disso, temos as subseções que se encontram nas cidades do interior (como a vara cível da subseção judiciário de Feira de Santana – o que também acontece com Salvador e Lauro, municípios diferentes); 2. Modificação de competência: Não basta que as regras de competência sejam fixadas por normas jurídicas gerais; é necessário que se saiba qual, dentre os vários igualmente competentes, será o juízo responsável concretamente pela demanda ajuizada (DIDIER, JR. Fredie). A princípio, a competência segue a lógica da Perpetuatio jurisditionis: uma vez determinada a competência, fixada pelo registro ou distribuição da petição inicial, o processo seguirá nessa mesma linha até que seja proferida a decisão. Contudo, há circunstâncias (exceções) em que o processo já tem a sua competência estabelecida, mas em razão de determinado fato, ela é modificada. Ela pode se dar tanto por questões legais, quanto de maneira voluntária. Uma vez estabelecida a competência no caso concreto, modificações de fato e de direito não alteram a competência anteriormente estabelecida e, assim, modificações de ordem fática ou jurídica não alteram sua competência previamente determinada. Salvo exceções. Sob essa perspectiva, entre as hipóteses legais de modificação de competência temos: Supressão de órgão jurisdicional: Significa que o órgão revestido de jurisdição que existia, deixou de existir. É o exemplo da extinção de uma comarca. Assim, os processos migrarão para outros órgãos, os quais se tornarão competentes; Modificação de competência absoluta: Só ocorre com a alteração legal em sentido amplo, não podendo ser modificado nem por ato de vontade (por ser indisponível), nem por conexão e continência. 3. Conexão: Thiago Coelho (@taj_studies) A conexão, assim como a continência, modifica apenas regras de competência relativa. A conexão é gênero que abarca a continência, posto que é a relação de semelhança entre demandas, devendo analisar as demandas de acordo com o caso concreto. A conexão é uma situação de fato (semelhança entre demandas) que produz uma série de possíveis efeitos. Um desses possíveis efeitos é a reunião das causas para julgamento conjunto (mas nem sempre isso vai ocorrer). Assim, a conexão não deve se confundir com seus efeitos. Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já tenha sido sentenciado. Como já mencionado, a conexão é uma relação de semelhança entre demandas. A análise da semelhança depende de uma série de critérios, que são: Critério tradicional: Existência de identidade de causa de pedir ou o pedido; Identidade de relação jurídica material: Não tem previsão legal, mas é acatado pela doutrina. Nesse caso, há uma relação jurídica comum. Ex.: Divórcio e alimentos se relacionam com o matrimônio; Identidade de questões fáticas/jurídicas (Carnelutti): Se existe uma identidade fática, há conexão (a base fática é a mesma). Ex: Uma colisão entre veículos que atinge diferentes pessoas. Será uma mesma colisão discutindo pedidos diferentes (diferentes pontos de vista – o que sofreu o dano e o que causou); Prejudicialidade ou preliminariedade: Uma causa é prejudicial à outra se o seu julgamento influencia no julgamento da outra (direciona); na preliminariedade, o julgamento de uma causa impede o da outra (elimina). Nesse sentido, no que tange à causa preliminar, a depender do resultado, esta poderá impedir o julgamento de uma causa subsidiária; Afinidade: Uma relação entre demandas que é bastante frágil, pois deve produzir a mesma base de tese; AULA 05 – CONTINÊNCIA Thiago Coelho (@taj_studies) 1. Continência: Trata-se de uma espécie de conexão, caracterizada pela relação de continente-conteúdo. Continência não se confunde com litispendência. Ocorrerá a continência quando as ações têm as mesmas partes e a mesma causa de pedir, mas o pedido, embora diferente, de uma delas engloba o da outra (P1 = P2 + P3); Litispendência ocorre quando duas ações possuem as mesmas partes, as mesmas causas e os mesmos pedidos; 2. Efeitos: Permite-se a reunião dos processos conexos, mas um deles não pode ter sido sentenciado. No caso da continência, só haverá reunião se o conteúdo tiver sido ajuízo antes da demanda do pedido continente. Art. 55 – NCPC: Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir. § 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado. § 2º Aplica-se o disposto no caput : I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico; II - às execuções fundadas no mesmo título executivo. § 3º Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles. Art. 56 – NCPC: Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais. Art. 57 – NCPC: Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no processo relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso contrário, as ações serão necessariamente reunidas. Thiago Coelho (@taj_studies) Possibilidade de extinção do processo: É possível extinguir a demanda menor no que tange à continência. Suspensão do processo: Se não for possível reunir, é possível suspender. Art. 313 – NCPC: Suspende-se o processo: V - quando a sentença de mérito: a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de inexistência de relação jurídica que constitua o objeto principal de outro processo pendente; b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou a produção de certa prova, requisitada a outro juízo; Art. 315 – NCPC: Se o conhecimento do mérito depender de verificação da existência de fato delituoso, o juiz pode determinar a suspensão do processo até que se pronuncie a justiça criminal. Dependendo da existência de fato delituoso, o juiz cível pode esperar a decisão do juiz penal. Todavia, o juiz cívelnão fica na eterna dependência da justiça criminal. O CPC traz a hipótese da competência concorrente sucessiva (por inação ou demora das instâncias criminais, o juiz pode ser investido de competência para apreciar a questão de forma incidental). O juiz cível não vai analisar se houve ou não crime. Distribuição por dependência: O processo é direcionado a um órgão específico. Art. 58 – NCPC: A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, onde serão decididas simultaneamente. Thiago Coelho (@taj_studies) Art. 59 – NCPC: O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo. O registro ou a distribuição da penal inicial torna o juiz competente. Nas hipóteses de distribuição por dependência, o feito será distribuído para o juiz de 1ª instância (desde que competente). O juiz que conhecer o bem será declarado prevento e julgará o feito. 3. Outras observações: Art. 60 – NCPC: Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seção ou subseção judiciária, a competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a totalidade do imóvel. Art. 61 – NCPC: A ação acessória será proposta no juízo competente para a ação principal. Art. 62 – NCPC: A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é inderrogável por convenção das partes. O art. 61 apresenta a máxima de que o acessório segue a principal. A ação acessória deve ser proposta no juízo competente para a ação principal. As partes não podem modificar a competência do juiz. Art. 63 – NCPC: As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações. § 1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico. § 2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. Fala-se, aqui, em competência relativa. Não existe foro de eleição tácito. O foro de eleição é sempre um negócio acessório a um negócio principal. Não é possível firmar um foro de eleição de mérito, por exemplo. Thiago Coelho (@taj_studies) § 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. § 4º Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão. É possível, porém não é a regra, admitir a incompetência relativa de ofício, caso constatada uma cláusula abusiva de eleição de foro, de modo que beneficie uma das partes de forma acentuada. O juiz está limitado ao tempo da defesa (da contestação). Destarte, não pode reconhecer a incompetência a qualquer tempo (art. 63, § 3º, NCPC). Citado, incube ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro, sob pena de configurar preclusão em caso de silêncio (perda do direito por um lapso temporal e certo “desleixo” do interessado). AULA 06 – REGRAS DE COMPETÊNCIA TERRITORIAL E EM RELAÇÃO À PESSOA 1. Exceções à perpetuação da jurisdição: Art. 45 – NCPC: § 1º Os autos não serão remetidos se houver pedido cuja apreciação seja de competência do juízo perante o qual foi proposta a ação. § 2º Na hipótese do § 1º, o juiz, ao não admitir a cumulação de pedidos em razão da incompetência para apreciar qualquer deles, não examinará o mérito daquele em que exista interesse da União, de suas entidades autárquicas ou de suas empresas públicas. § 3º O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito se o ente federal cuja presença ensejou a remessa for excluído do processo. 2. Regras de competência: Thiago Coelho (@taj_studies) Art. 46 – NCPC: A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu. Ações fundadas em direitos pessoais são (I) aquelas que discutem direitos de personalidade e (II) que lidam com obrigações. Como regra, a ação é proposta no foro de domicílio do réu (competência relativa). Observa- se que o próprio código admite exceções. § 1º Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles. § 2º Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor. § 3º Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de domicílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro. § 4º Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor. § 5º A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado. O parágrafo 2º faz menção à competência concorrente. O parágrafo 3º não trata de competência concorrente pois faz menção à regra: foro de domicílio do autor. Visa-se à proteção em relação à inconveniência do foro no que tange ao réu residido fora do Brasil (art. 46, § 3º, parte final, NCPC). Art. 47 – NCPC: Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa. § 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova. § 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta. Thiago Coelho (@taj_studies) Em regra, o artigo 47 é competência relativa. Se o litígio recair sobre litígio de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova: pode-se optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição. Tem-se um problema pois os exemplos listados representam 99% dos casos. Observa-se que alguns direitos – como direitos reais sobre imóveis (hipoteca, anticrese, penhor) – não são mencionados. O parágrafo 2º apresenta uma regra de competência absoluta. Art. 48 – NCPC: O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente: I - o foro de situação dos bens imóveis; II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes; III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio. Causas de direitos reais sobre bens imobiliários: competência internacional exclusiva do Brasil Art. 49 – NCPC: A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último domicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias. Art. 50 – NCPC: A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou assistente. Art. 51 – NCPC: É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União. Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal. Thiago Coelho (@taj_studies) Art. 52 – NCPC: É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor Estado ou o Distrito Federal. Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado. Um estado-membropode ajuizar uma ação em outro estado. Qualquer pessoa pode ajuizar uma ação em qualquer lugar, independentemente de existir a divisão em entes federativos. Art. 53 – NCPC: É competente o foro: I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável: a) de domicílio do guardião de filho incapaz; b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz; c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal; d) de domicílio da vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha); (Incluída pela Lei nº 13.894, de 2019) II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos; III - do lugar: a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica; b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu; c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou associação sem personalidade jurídica; d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento; e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto; https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13894.htm#art2 Thiago Coelho (@taj_studies) f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por ato pratiado em razão do ofício; IV - do lugar do ato ou fato para a ação: a) de reparação de dano; b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios; V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves. Observa-se que a maioria dos artigos listados discorre sobre competência territorial. Visa-se à ampliação do acesso à justiça. 3. Regras de competência federal: Estão dispostas em diversos dispositivos, tais como os arts. 108 e 109 da Constituição Federal. Art. 109 – CF: Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; Matérias excluídas: Falência, recuperação judicial, insolvência, acidente do trabalho, justiça do trabalho, justiça eleitoral. “Entidades autárquicas” admite uma interpretação extensiva, abrangendo fundações públicas, etc. “Empresa pública federal”: Causas envolvendo Sociedades de Economia Mista (ex: Banco do Brasil) não se encontram aqui inseridas (competência comum estadual). A interpretação, neste caso, é literal. Existem precedentes no STJ estendendo a regra acima a mandados de segurança em relação a atos contra Sociedade de Economia Mista federal no exercício de competência da União. Thiago Coelho (@taj_studies) Supondo que haja um processo na justiça estadual entre A (autor) e B (réu). A União passa a intervir neste processo. A justiça estadual tem que receber e remeter o processo imediatamente para a justiça federal. O processo que era da justiça comum estadual foi remetido à justiça federal em razão da intervenção da União. O juiz federal vai analisar a intervenção e verificar se procede ou não. Se entender que não procede, exclui-se a participação da União e o processo será devolvido para a justiça estadual (é isso que expressa o art. 45 do Código de Processo Civil). O estadual não é competente para analisar se procede ou não a intervenção (ele apenas remete e quem analisa é a União). Art. 45 – NCPC: Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo federal competente se nele intervier a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, ou conselho de fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro interveniente, exceto as ações: I - de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho; II - sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho. A cumulação de pedidos (art. 327, NCPC) para acontecer exige, entre outros requisitos, que os pedidos tenham a mesma competência. Caso de competências diferentes, cada juiz julga o pedido relacionado à sua competência. Esse fenômeno será desenvolvido no final do curso. II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; Essas causas também são competências da justiça estadual (competência em relação à pessoa). Essa situação precisa ser lida a partir da competência originária do STF para julgar e processar causas que envolvam Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território (art. 102, I, e, CF). Art. 102 – CF: Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território Thiago Coelho (@taj_studies) Deve-se ficar atento aos termos pois às vezes questões objetivas trocam, por exemplo, DF (art. 102) com município (art. 109). AULA 07 – ANÁLISE DO ART. 109 DA CF 1. Incidente de deslocamento de competência: O IDC constitui mecanismo consagrador da federalização dos crimes graves contra os direitos humanos. Ele está previsto na CF da seguinte forma: no próprio artigo 109, o seu inciso V determina que cabe aos juízes federais processar e julgar as causas relativas a direitos humanos a que se refere o §5º desse mesmo artigo. Assim, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador Geral da República poderá suscitar em qualquer fase do processo, o incidente de deslocamento de competência para a justiça federal. Art. 109, § 5º - CF: Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 2. Continuação da análise do art. 109 da CF: Art. 109 – CF: Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional; IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art109 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art109 Thiago Coelho (@taj_studies) V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; (Incluído pela EmendaConstitucional nº 45, de 2004) VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; XI - a disputa sobre direitos indígenas. Em razão da pessoa (incisos I, II, X e XI); Em razão da matéria (III a VII e IX); Competência funcional (VIII); 3. Competência territorial da justiça federal: Art. 109 – CF: § 1º As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte. § 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1 Thiago Coelho (@taj_studies) Não há respectividade entre município e subseção. § 3º Lei poderá autorizar que as causas de competência da Justiça Federal em que forem parte instituição de previdência social e segurado possam ser processadas e julgadas na justiça estadual quando a comarca do domicílio do segurado não for sede de vara federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau. Os parágrafos 3º e 4º discorrem sobre a delegação de competência. Se o sujeito for ajuizar uma ação contra o INSS, ele não precisa se deslocar até o local. Amplia-se, assim, o acesso à justiça. OBS: Não se deve confundir delegação de competência com deslocamento de competência. DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA Da justiça estadual, o incidente pode ser deslocado para a estrutura federal. O incidente desloca a competência. O juiz federal passa a ser competente para a causa. Ferramenta pensada para facilitar o acesso à justiça. Técnica por meio do qual causa da competência da justiça federal pode ser processada e julgada perante a justiça estadual nos locais em que não forem sede de vara federal. A competência se mantém com a justiça federal (o que não ocorre no deslocamento). 4. Competência dos Tribunais Regionais Federais: Art. 108 – CF: Compete aos Tribunais Regionais Federais: I - processar e julgar, originariamente: a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc103.htm#art1 Thiago Coelho (@taj_studies) b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região; c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal; e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal; II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição. 5. Conflito de competência: Positivo: Dois ou mais juízes se reconhecem como competentes para julgar determinada causa; Negativo: Dois ou mais juízes se reconhecem como incompetentes para julgar determinada causa; Pode-se seguir as seguintes regras: I - O STF, se tiver tribunal superior; II - Tribunal na mesma estrutura e de hierarquia superior; III - Quando não tiver, a competência é do STJ. AULA 08 – SUJEITOS PROCESSUAIS 1. Os sujeitos processuais – aspectos gerais: Os sujeitos processuais são todos aqueles que atuam no processo e nele produzem efeitos. Tais sujeitos assumem, ao longo de toda a cadeia procedimental, diversas posições jurídicas – sejam ativas (faculdades) ou passivas (deveres). Thiago Coelho (@taj_studies) Os sujeitos processuais mais conhecidos são as partes e o juiz (órgão jurisdicional), sendo necessário o preenchimento de determinados requisitos para que haja processo, entre eles a parte demandante e o órgão jurisdicional. As partes, diferentemente do órgão jurisdicional, são sujeitos processuais interessados, ou seja, defendem posições jurídicas (interesses jurídicos) no processo, atuando com parcialidade. Essas posições jurídicas assumidas pelas partes variam ao longo do processo, não existindo uma rigidez (há direitos e deveres recíprocos). Os interesses das partes podem ser subjetivos (particulares – ex: interesses econômicos) ou objetivos (teses, ideias – vide o Amicus curiae). Há outros sujeitos processuais para além dos mencionados (partes e juiz), tais como o Amicus curiae (amigo da corte), o qual traz informações importantes para a solução do litígio, aprimorando o magistrado. A figura do Amicus curiae será aprofundada em momento posterior do curso. Muitas vezes há a convergência de interesses entre as partes – seja durante o processo ou após a obtenção do resultado. O modelo de rivalidade e antagonismo (“briga irracional” – partes enquanto sujeitos em contraditório), aos poucos, foi sendo substituído pelo modelo cooperativo (diálogo), ou seja, pautado na cooperação entre as partes do processo. Nesse sentido, faz-se de suma importância garantias processuais como o contraditório, embora tal termo tenha perdido o sentido. É sobre as partes que recairão os efeitos da decisão judicial, pouco importando se é autor ou réu. Daí se fala na bilateralidade da ação e na inevitabilidade da jurisdição. O sujeito, uma vez submetido à jurisdição, não pode se negar a se submeter (no caso do réu) e pode ser substituído pela vontade jurisdicional (no caso do autor). Autor é aquele que deduz uma pretensão em juízo e o réu é contra quem a pretensão está sendo exercida. Pode existir processo sem réu, contudo os efeitos de uma decisão judicial só se aplicariam aos sujeitos que atuaram em contraditório. É possível o julgamento do mérito (de um dos pedidos ou do processo integralmente) para se reconhecer a improcedência liminar que atendam a determinadas circunstâncias (ex: prescrição e decadência). 2. Garantias processuais importantes: A citação é requisito de validade para os atos subsequentes e de eficácia no que tange à produção de efeitos para o réu. A paridade de armas (igualdade) significa que as partes precisam ter instrumentos e técnicas equivalentes para apresentar as suas razões. É necessário dar às partes a capacidade de se “neutralizarem”. Em suma, paridade de armas é equivalência de poder. Thiago Coelho (@taj_studies) Deve-se observar o contraditório – no aspecto formal (ampla defesa = apresentar argumentos e razões), e no sentido material (o órgão jurisdicional tem a obrigação de ser influenciado pelos argumentos/manifestações das partes). 3. O Ministério Público: O Ministério Público geralmente é autor, mas também pode ser réu em um processo (vide os casos de impedimento e suspeição de membrosdo MP). O MP pode participar tanto em posições ativas quanto em posições passivas em um processo. Art. 178 – NCPC: O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam: I - interesse público ou social; II - interesse de incapaz; III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese de intervenção do Ministério Público O Ministério Público pode intervir como defensor da lei (fiscal da ordem jurídica) ou na representação das partes (vide o Caso Boate Kiss) – arts. 127 a 130-A CF/88. Para a próxima aula: A decisão judicial também pode produzir efeitos em relação a terceiros? + Como se tornar parte do processo? AULA 09 – EFEITOS EM RELAÇÃO A TERCEIROS 1. Pode o processo produzir efeitos em relação a terceiros? A regra é de que o processo não produz efeitos em relação a terceiros. Há, contudo, ocasiões em que a decisão judicial produz efeitos em relação a terceiros. Ex: O divórcio, uma vez decretado, produz efeitos em diversas outras áreas, como o setor Thiago Coelho (@taj_studies) imobiliário e bancário (não sendo necessária a anuência do ex-cônjuge). São desnecessárias as formalidades cartoriais excessivas, uma vez decretado o divórcio. Vejamos os seguintes institutos: Intervenção de terceiros: Os possíveis terceiros de sofrer efeitos do processo podem participar deste, de forma voluntária ou imposta; Extensão subjetiva da coisa julgada: No contexto da coisa julgada, em regra, o regime jurídico da coisa julgada é interpartes (apenas haverá coisa julgada em relação aos sujeitos que atuaram em contraditório e, por conseguinte, no processo). Todavia, pode-se ter coisa julgada em relação a terceiro, o qual pode alegá-la na defesa dos seus interesses (vimos isso em Arbitragem). Ex: O juiz dá uma ordem a um banco para bloquear uma conta; 2. Aquisição da qualidade de parte: Demanda: Demandar possibilita se tornar autor do processo; Citação: Figura como réu; Intervenção de terceiros: O sujeito que não é parte do processo, adquire a qualidade de parte; Sucessão processual: Um terceiro, seja em razão da morte ou de forma voluntária; 3. O juiz: Sujeito processual imparcial que pode atuar tanto individualmente quanto através de colegiado. O órgão jurisdicional apresenta como principal característica a imparcialidade. A imparcialidade não significa ser desprovido de valores e experiências. Portanto, não se confunde com neutralidade. Há um distanciamento do juiz com a causa do julgamento. É um sujeito estranho/afastado do processo que está julgando. A depender da ideologia do juiz, deve-se afastar, reconhecendo a sua parcialidade (princípio da competência-competência). Há a vedação do non liquet, ou seja, uma vez competente, o juiz não pode se negar a julgar (decidir). O magistrado possui Poder de Polícia, visando a garantir a ordem e o decoro no processo. Thiago Coelho (@taj_studies) Há, também, os poderes jurisdicionais propriamente ditos – voltados efetivamente à prestação da atividade jurisdicional. Ex: Instrumental, como o poder de gerar a efetividade de uma medida coercitiva aplicada. Vejamos os demais poderes do juiz: Art. 139 – NCPC: O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: I - assegurar às partes igualdade de tratamento; Esse inciso remete ao expresso no art. 7º do mesmo diploma. A paridade de armas é garantida, principalmente, por meio de um efetivo contraditório (capacidade de ser ouvido e de influenciar efetivamente a decisão). Art. 7º - NCPC: É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. II - velar pela duração razoável do processo; III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente protelatórias; IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais; O magistrado deve proporcionar a solução consensual dos conflitos (art. 3º, § 2º, NCPC). VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito; Desde que de forma fundamentada, pode alterar a ordem da obtenção de provas. VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais; Thiago Coelho (@taj_studies) VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso; IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais; X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a que se referem o art. 5º da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985 , e o art. 82 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 , para, se for o caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva. O magistrado pode identificar causas individuais que apresentam potencial para produzir efeitos em uma coletividade. O juiz pode oficiar os órgãos estatais de proteção da coletividade e, se for possível, outros legitimados (associações, por exemplo) para que estes possam atuar no processo de forma efetiva. Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI somente pode ser determinada antes de encerrado o prazo regular. Vejamos a seguir as causas de impedimento e de suspeição do juiz, as quais podem torna-lo incompetente. Tal juiz está vedado a julgar ou é recomendável que não atue por não estar adequadamente distante do conflito. No impedimento, há uma vedação para que o juiz julgue o processo. O impedimento decorre de fatores objetivos, os quais estão listados, principalmente, no art. 144 do Código de Processo Civil. Art. 144 – NCPC: Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha; II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão; No inciso I, o juiz está bastante envolvido no processo. No caso do inciso II, um juiz que tenha julgado em uma instância inferior, caso promovido, não pode apreciar novamente a matéria. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7347orig.htm#art5 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#art82 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#art82 Thiago Coelho (@taj_studies) III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; O juiz é declarado impedido caso determinados parentes exerçam determinados cargos (como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público). Colateral até terceiro grau é a relação entre tio(a) e sobrinho(a). IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo; Não faz sentido julgar uma empresa da qual é sócio ou membro. VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes; VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços; Caso seja professor, por exemplo, de uma faculdade que faz parte do processo, tem-se uma causa de impedimento. VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado. § 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz. § 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz. § 3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo. Thiago Coelho (@taj_studies) Art. 147 – NCPC: Quando 2 (dois) ou mais juízes forem parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, o primeiro que conhecer do processo impede que o outro nele atue, caso em que o segundo se escusará, remetendo os autos ao seu substituto legal. Ex: O processo foi conduzido pelo juiz A. A se aposentou no curso do processo. Quando o processo voltou, quem estava compondo o órgão jurisdicional era B, filho de A. B não pode julgar. B se escusará, consoante a parte final do artigo supratranscrito. Cônjuge, sogro, genro, nora, sogra, irmão, tio, sobrinho, filho são pessoas com uma relação muito forte, razão pela qual acertou o magistrado na redação do art. 147. Art. 145 – NCPC: Há suspeição do juiz: I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados; II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio; III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive; IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes. Observa-se a presença de elementos subjetivos e expressões vagas (“amigo íntimo”, “interessado no julgamento”), o que abre margem para uma discricionariedade. § 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões. § 2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando: I - houver sido provocada por quem a alega; II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido. Thiago Coelho (@taj_studies) Não pode A, parte do processo, dar um presente ao juiz e pedir a suspeição deste. O inciso II discorre sobre um abuso de direito. A concordância expressa ou tácita do juiz não pode ser contrariada com a arguição posterior da suspeição. Art. 146 – NCPC: No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas. § 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa dos autos a seu substituto legal, caso contrário, determinará a autuação em apartado da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentará suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal. § 2º Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo que, se o incidente for recebido: I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr; II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até o julgamento do incidente. § 3º Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido o incidente ou quando este for recebido com efeito suspensivo, a tutela de urgência será requerida ao substituto legal. § 4º Verificando que a alegação de impedimento ou de suspeição é improcedente, o tribunal rejeitá-la-á. § 5º Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta suspeição, o tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu substituto legal, podendo o juiz recorrer da decisão. § 6º Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fixará o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado. § 7º O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se praticados quando já presente o motivo de impedimento ou de suspeição. Thiago Coelho (@taj_studies) Art. 148 – NCPC: Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição: I - ao membro do Ministério Público; II - aos auxiliares da justiça; III - aos demais sujeitos imparciais do processo. § 1º A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos. § 2º O juiz mandará processar o incidente em separado e sem suspensão do processo, ouvindo o arguido no prazo de 15 (quinze) dias e facultando a produção de prova, quando necessária. § 3º Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1º será disciplinada pelo regimento interno. § 4º O disposto nos §§ 1º e 2º não se aplica à arguição de impedimento ou de suspeição de testemunha. As hipóteses referentes a testemunhas serão estudadas em Processo Civil II. AULA 10 – LITISCONSÓRCIO 1. Auxiliares da justiça: O órgão jurisdicional, por si só, não é capaz de dar conta de todas as atividades. Há um grupo de pessoas que atua na atividade de apoio no exercício da atividade jurisdicional. São os chamados auxiliares da justiça – exercem uma atividade de apoio fundamental e imprescindível à atividade jurisdicional. Auxiliares permanentes: Compõem os quadros da Administração Pública e participam de todos os processos (chefes de secretaria, escrivão...). Auxiliares eventuais: Nem sempre compõem a estrutura do Poder Judiciário e sua atuação acontece de maneira eventual (nem todo processo precisa de intérprete, tradutor ou depositário, por exemplo). Thiago Coelho (@taj_studies) 2. Litisconsórcio: Os polos de uma demanda podem ser compostos por uma ou mais pessoas. O litisconsórcio se caracteriza pela presença de mais de um sujeito no polo ativo, passivo ou em ambos da demanda. Os sujeitos partes de um litisconsórcio são chamados de litisconsortes. São três os fundamentos que justificam a existência do litisconsórcio, os quais geram três diferentes tipos de litisconsórcio: Comunhão de interesses: Há interesses em comum. Ex: Condôminos ajuízam uma ação para reivindicar determinado direito (como o fornecimento de água); Conexão: Indivíduos não apresentam o mesmo direito, mas estão ligados por relações conexas. Ex: Contrato de locação tem conexão com o direito de propriedade do imóvel (relação jurídica de propriedade). Em uma discussão sobre a propriedade do imóvel, o locatário pode ingressar em litisconsórcio, discutindo a relação jurídica devido à conexão e devido às possíveis consequências que lhe impactem; Afinidade (impróprio): Não há co-titularidade de direitos e não há relação de conexão, contudo tais sujeitos apresentam situações bem semelhantes.Ex: Dois trabalhadores que realizaram horas extras de carga horária distinta (3 e 5 horas, por exemplo) em diferentes empresas (vínculo rarefeito e superficial). Outro ex: Dois indivíduos que sofreram acidentes distintos de trânsito; Art. 113 – NCPC: Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito. Há um risco de que determinado processo em litisconsórcio seja tratado como demanda coletiva (foco no objeto). Nesta, há um interesse de grupo (objetivos transindividuais), tais como a preservação do meio ambiente. Ademais, há uma indivisibilidade de tal direito, de sorte que a proteção do direito gera efeitos não só para um sujeito, mas para uma coletividade. A tutela coletiva no que tange aos direitos individuais homogêneos se diferencia nas demandas individuais e não pelo fato de ser conduzido por litisconsórcio (ou não). Os direitos individuais homogêneos correspondem a uma ficção jurídica (determinados pela Thiago Coelho (@taj_studies) lei), diferentemente dos difusos (direito ao meio ambiente) e coletivos (direitos do sindicato dos professores), os quais nascem de um fato ou de uma relação jurídica, respectivamente. DIREITOS GRUPO OBJETO ORIGEM EXEMPLO DIFUSOS Indeterminado Indivisível Fato Direito à preservação do meio ambiente COLETIVOS Determinado Indivisível Rel. Jurídica Direitos do sindicato dos bancários INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS Determinado Divisível Origem comum (ficção jurídica) Direitos dos consumidores que adquiriram um produto determinado com defeito Art. 113 – NCPC: § 1º O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença. § 2º O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou resposta, que recomeçará da intimação da decisão que o solucionar. Vejamos um exemplo que ilustra o disposto no § 1º. Um grupo de 100 trabalhadores reivindicando horas extras por motivos diversos. Faz-se plausível limitar o litisconsórcio facultativo no que tange ao número de litigantes em prol da duração razoável do processo. 3. Classificação do litisconsórcio: Ativo x passivo x misto: Leva em consideração o número de sujeitos em um ou em ambos os polos (nomenclatura autoexplicativa); Inicial x ulterior: O litisconsórcio inicial é formado com o ajuizamento da demanda; o litisconsórcio ulterior é formado após a instauração da demanda. Exemplos de litisconsórcio ulterior (superveniente): conexão, intervenção de terceiros e sucessão processual; Thiago Coelho (@taj_studies) Unitário x simples: No litisconsórcio unitário, os sujeitos formam uma única parte (tratados como uma única pessoa). Isso se justifica por duas razões, seja a (I) indivisibilidade do bem ou (II) a presença de uma única relação jurídica. A título exemplificativo pode-se citar a reivindicação de direitos por parte de um grupo de condôminos (uma única relação jurídica). A decisão proferida aproveita a todos (é igual para todos – por isso os sujeitos são tratados como um único fossem). No litisconsórcio simples ou comum ocorre o oposto. Aqui há a defesa de interesses próprios e cada indivíduo é tratado individualmente, podendo, inclusive, a decisão ser diferente para cada um deles; Necessário x facultativo: Autoexplicativo. O litisconsórcio facultativo é opcional – pode acontecer ou não. Na próxima aula veremos os requisitos do litisconsórcio necessário. AULA 11 – LITISCONSÓRCIO (CONTINUAÇÃO) 1. Litisconsórcio – classificação: Geralmente o litisconsórcio necessário encontra respaldo na lei (norma). Pode também haver a obrigatoriedade em virtude do litisconsórcio unitário passivo. Caso não adotado o litisconsórcio, o juiz determinará que a parte autora adote as medidas necessárias para o litisconsórcio. OBS: Litisconsórcio necessário não se confunde com litisconsórcio unitário. O litisconsórcio é dito comum (ou simples), quando a decisão puder ser diferente para os litisconsortes (não há unidade). O litisconsórcio é unitário quando a decisão tiver que ser a mesma para todos os litisconsortes. O litisconsórcio é necessário ativo quando obriga dois ou mais sujeitos ingressem no polo ativo da demanda (autor). Isso viola o princípio da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV, CF) – não há a obrigatoriedade de demandar e veda que uma demanda dependa da vontade de outrem para ser ajuizada. A doutrina costuma dizer que, como regra, não existe litisconsórcio necessário ativo. Há exceções: A lei de S.A exige, para o ajuizamento de ação que visa a discutir atos de gestão, um percentual mínimo de acionistas; O STJ admite o litisconsórcio necessário ativo quando houver litisconsórcio unitário; Thiago Coelho (@taj_studies) Quando a demanda puder gerar efeitos a terceiros, o juiz pode determinar que o autor adote medidas para que terceiros ocupem um dos polos da relação jurídica processual. Garante-se a ampla defesa e o contraditório a terceiros. O terceiro pode concordar com a demanda e assumir o polo ativo, ou resistir à demanda e figurar no polo passivo. A jurisdição é inevitável caso réu – o terceiro não pode escolher não ser réu, enquanto que o autor tem discricionariedade. Art. 114 – NCPC: O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes. Art. 115 – NCPC: A sentença de mérito, quando proferida sem a integração do contraditório, será: I - nula, se a decisão deveria ser uniforme em relação a todos que deveriam ter integrado o processo; II - ineficaz, nos outros casos, apenas para os que não foram citados. Parágrafo único. Nos casos de litisconsórcio passivo necessário, o juiz determinará ao autor que requeira a citação de todos que devam ser litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob pena de extinção do processo. O art. 114 discorre sobre a diferença entre litisconsórcio necessário e ativo. O artigo subsequente aborda os efeitos da não ocorrência do litisconsórcio. A não observação do litisconsórcio necessário unitário (tratado como se fosse um litigante único) implica em nulidade pois não é possível ter uma decisão válida pra uns e não para outros (a decisão é uniforme). No que tange ao litisconsórcio necessário simples (ou comum), a decisão é ineficaz para os que não foram citados, ou seja, aqueles que não participaram (taxatividade). No que tange ao litisconsórcio passivo necessário, o autor deve citar todos que devem ser litisconsortes e se não fizer (ou fizer erroneamente), poderá ocorrer a extinção do processo. 2. Litisconsórcio – efeitos: Art. 116 – NCPC: O litisconsórcio será unitário quando, pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir o mérito de modo uniforme para todos os litisconsortes. Thiago Coelho (@taj_studies) Art. 117 – NCPC: Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as omissões de um não prejudicarão os outros, mas os poderão beneficiar. Art. 118 – NCPC: Cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo, e todos devem ser intimados dos respectivos atos. Consoante o art. 117, a omissão de um litisconsorte no caso de litisconsórcio unitário, não prejudicará os demais; contudo, efeitos positivos de determinadas atitudes tendem a beneficiar o todo. Sãoefeitos decorrentes do litisconsórcio (art. 117 – NCPC): LITISCONSÓRCIO SIMPLES/COMUM LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO Condutas determinantes: Só prejudicam o agente (ex: a falta da confissão do faltante); Condutas alternativas: Potencialmente só favorecem o agente (um contesta a ação e o outro, não: só o que contesta se beneficia, salvo quando se tratar de matéria comum); Condutas determinantes: São ineficazes em relação a todos, salvo quando com a concordância de todos. Ex: Se um confessar e os outros, não, tal confissão é ineficaz; Condutas alternativas: Potencialmente favorecem a todos; Condutas determinantes: Causam uma situação de prejuízo para o sujeito (não produzir provas, não exercer a defesa...); Condutas alternativas: Podem trazer uma situação de vantagem no processo (recorrer, por exemplo); Art. 229 – NCPC: Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. § 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por apenas um deles. § 2º Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos. 3. Casos de litisconsórcio atípicos: Litisconsórcio eventual: Se formula pedidos de caráter subsidiário em relação ao litisconsórcio principal. Caso não condenado no litisconsórcio principal, poderá haver Thiago Coelho (@taj_studies) condenação no litisconsórcio eventual (o segundo só é examinado se o primeiro não for acolhido). Há fixada, aqui, uma ordem de prioridade; Litisconsórcio alternativo: Não se estabelece uma ordem de prioridade (tanto faz condenar A ou condenar B); Litisconsórcio sucessivo: Para que ocorra a condenação do litisconsórcio subsequente, há a dependência em relação à procedência do pedido do litisconsórcio anterior. Se a pretensão foi acolhida em relação a A, se formula uma pretensão sucessiva em relação a B (ex: responsabilidade subsidiária trabalhista) – “se A for condenado, quero que se formule uma pretensão, também, contra B”. O assunto da prova vai até aqui (competência, partes e litisconsórcio). Próxima aula: Intervenção de terceiros. EXTRA: SÍNTESE – COMPETÊNCIA/FREDIE DIDIER JR. 1. Considerações iniciais: A jurisdição é una e, portanto, monopólio estatal; Divisão em órgãos em prol de facilitar a administração jurisdicional; Competência jurisdicional é o poder de exercer a jurisdição nos limites da lei; A distribuição de competências se faz por meio da Constituição Federal, leis, regimentos internos e até mesmo negócios jurídicos processuais; Regra da competência-competência: todo juiz (órgão jurisdicional) tem uma competência mínima – a de julgar a sua própria competência; Perpetuatio jurisdictionis (perpetuação da jurisdição – art. 43, CPC): Uma vez competente in concreto, o juiz seguirá competente até a prolação da decisão; Exceções à Perpetuatio jurisdictionis: supressão do órgão judiciário ou alteração superveniente da competência absoluta; 2. Competência por distribuição: A distribuição deve ser feita imediatamente (na data de propositura da ação) consoante o art. 93, XV, CF/88. Thiago Coelho (@taj_studies) As normas que tratam da distribuição são cogentes e, portanto, normas de competência absoluta, de modo que a fraude à distribuição implica em incompetência absoluta. 3. Classificação da competência: a) Competência do foro (territorial) e competência do juízo: Foro é o local onde o órgão jurisdicional exerce as suas funções; é a unidade territorial sobre a qual se exerce o poder jurisdicional. Assim, para uma mesma causa, verifica-se primeiro qual o foro competente, depois o juízo. A competência do foro é regulada pelo CPC. b) Competência originária e derivada: Competência originária: Atribuída ao órgão jurisdicional para conhecer da causa em primeiro lugar; Competência derivada: O órgão jurisdicional conhece em grau de recurso; c) Competência absoluta x competência relativa: COMPETÊNCIA ABSOLUTA COMPETÊNCIA RELATIVA Atende aos interesses públicos. A incompetência absoluta pode ser alegada a qualquer tempo, por qualquer das partes. A incompetência absoluta pode ser reconhecida de ofício (ex officio) pelo órgão julgador. A incompetência absoluta é um defeito grave, podendo ser arguida até dois anos após o trânsito em julgado. Regras cogentes. Atende, principalmente, a interesse particular. A incompetência relativa somente pode ser arguida pelo réu, na contestação (sob pena de preclusão e prorrogação da competência). A incompetência relativa não pode ser reconhecida de ofício (ex officio) pelo órgão julgador. Regras dispositivas – podem ser modificadas pela vontade das partes, quer pelo foro de Thiago Coelho (@taj_studies) Regras não sujeitas à conexão ou continência. Ex: Competência em razão da matéria, da pessoa e funcional + em razão do valor da causa (quando extrapolar os limites estabelecidos pelo legislador). Mudança superveniente de competência absoluta impõe o deslocamento da causa para outro juízo, excetuando a perpetuação da competência. eleição, quer pela não alegação da incompetência relativa. Regras sujeitas à conexão ou continência. Ex: Competência territorial (como regra) e + competência pelo valor da causa (quando aquém do limite estabelecido pela lei). Mudança superveniente de competência relativa é um irrelevante processual, mantendo a regra da perpetuação da competência. 4. Foros concorrentes, forum shopping, forum non conveniens e princípio da competência adequada: Forum shopping: A escolha do foro pelo demandante (escolhe o que acredita ser o mais favorável a seus interesses, desde que compatível com a proteção da boa-fé). Destarte, é ilícito o abuso de direito – técnica de dificultar a defesa do demandado ou impedir o bom prosseguimento do processo (princípio da competência adequada – visa à preservação do direito fundamental a um processo adequado e leal). Para se evitar o arbítrio emergiu a regra de temperamento (forum non conveniens), a qual concede discricionariedade para o juiz analisar a competência do caso concreto como justa e adequada. Trata-se de equilibrar segurança jurídica e justiça do caso concreto. Foros concorrentes: Todos eles são igualmente competentes para julgar um determinado tipo de demanda, devendo ser controlado in concreto o exercício do direito de escolha do foro. 5. Competência constitucional: Há quem considere como não-juiz o magistrado que decide em dissonância com as normas constitucionais que atribuem jurisdição (Calmon de Passos). Para Fredie Didier, contudo, Thiago Coelho (@taj_studies) apesar da tese sedutora, o caso é de incompetência e não da falta de jurisdição – se fala em sentença inválida e não em sentença inexistente. A incompetência internacional é causa de ação rescisória (art. 966, II, CPC). 6. Competência internacional: Existem outros Estados, também organizados, que não reconhecem a validade ou eficácia de uma sentença proferida em outro. A competência internacional visa, portanto, a delimitar o espaço em que se deve atuar a jurisdição (princípio da efetividade). É a limitação da jurisdição de um Estado em face de outros (limitação espacial da jurisdição). O CPC trata dessa competência ao longo dos arts. 21 a 24. Competência internacional concorrente ou cumulativa (arts. 21 e 22, CPC): necessidade de homologação pelo STJ para eficácia; Competência internacional exclusiva (art. 23, CPC): sentença proferida no estrangeiro não produz qualquer efeito no território nacional; Competência concorrente e litispendência (art. 24, CPC): ação
Compartilhar