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Pedagogia de Alfabetização e Linguística

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PEDAGOGIA
ALFABETIZAÇÃO E 
LINGUÍSTICA
Andréa Aníbia Ferreira Wolff
Natália Kneipp Ribeiro Gonçalves 
http://unar.info/ead2
 
 
 
 
ALFABETIZAÇÃO E LINGUÍSTICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autora Profª. Natália Kneipp Ribeiro Gonçalves 
Reformulação Profª. Andréa Aníbia Ferreira
3 
 
SUMÁRIO 
 
UNIDADE 01. CAMINHOS INICIAIS DA ALFABETIZAÇÃO ............................................................... 2 
UNIDADE 02. OS ESTUDOS LINGUÍSTICOS NA ALFABETIZAÇÃO ................................................... 7 
UNIDADE 03. O PONTO DE PARTIDA DO PROFESSOR ALFABETIZADOR ..................................... 12 
UNIDADE 04. CARTILHAS ............................................................................................................. 17 
UNIDADE 05. O SISTEMA FONÉTICO ........................................................................................... 22 
UNIDADE 06. MODO E PONTO DE ARTICULAÇÃO DAS CONSOANTES ........................................ 27 
UNIDADE 07. O PAPEL DAS CAVIDADES BUCAL E NASAL E DAS CORDAS VOCAIS E QUADRO 
ILUSTRATIVO DA CLASSIFICAÇÃO DAS CONSOANTES ................................................................. 32 
UNIDADE 08. AS VOGAIS DA LÍNGUA PORTUGUESA .................................................................. 37 
UNIDADE 09. TONICIDADES E SEMIVOGAIS ................................................................................ 42 
UNIDADE 10. O SISTEMA ORTOGRÁFICO DO PORTUGUÊS ......................................................... 47 
UNIDADE 11. RELAÇÕES DO SISTEMA GRÁFICO. ........................................................................ 52 
UNIDADE 12. ORALIDADE NO ENSINO. ....................................................................................... 57 
UNIDADE 13. COMO TRABALHAR A ORALIDADE NO ENSINO. .................................................... 62 
UNIDADE 14. DADOS OBSERVADOS NA REALIDADE ORAL DAS CRIANÇAS E AS VARIAÇÕES 
LINGUÍSTICAS. ............................................................................................................................. 67 
UNIDADE 15. O NÃO TEXTO E SUAS CONSEQUÊNCIAS NA ALFABETIZAÇÃO. ............................. 72 
UNIDADE 16. DO NÃO TEXTO AO TEXTO NA ALFABETIZAÇÃO. .................................................. 77 
UNIDADE 17. COERÊNCIA E COESÃO TEXTUAL. .......................................................................... 82 
UNIDADE 18. MUDANÇAS NAS PESQUISAS RELACIONADOS AO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO 
– OUTRAS IDEIAS – NOVAS PRÁTICAS”. ...................................................................................... 87 
UNIDADE 19. EMÍLIA FERREIRO, A ESTUDIOSA QUE REVOLUCIONOU A ALFABETIZAÇÃO......... 92 
UNIDADE 20. ALFABETIZAÇÃO: TEORIA E PRÁTICA - REFLETINDO SOBRE OS CAMINHOS DE SER 
UM PROFESSOR ALFABETIZADOR. .............................................................................................. 97 
2 
 
 
UNIDADE 01. CAMINHOS INICIAIS DA ALFABETIZAÇÃO 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos 
Propiciar conhecimentos a respeito dos métodos de alfabetização. 
A discussão acerca do tema alfabetização, nos últimos anos, vem 
crescendo de maneira significativa. Muitas são as produções sobre a 
problemática da alfabetização no Brasil, o fracasso escolar e as propostas de 
novos caminhos que direcionem e superem os problemas relativos à 
alfabetização. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Cabe, aqui, um questionamento sobre quais concepções regem e 
fundamentam essas pesquisas que vêm sendo realizadas, pois, refletir sobre 
esta fundamentação pressupõe refletir, principalmente, sobre o próprio 
significado da alfabetização. 
Além disso, é importante destacar que as diferentes concepções acerca 
do processo de alfabetização não apresentam caráter estático, nem 
desaparecem pelo fato de surgirem outras; ao contrário, interagem em uma 
relação dialética. 
 
As concepções sobre a alfabetização não se desvinculam, em momento 
algum, do quadro político e econômico da época, sofrendo influências do 
contexto social e acompanhando a evolução histórico-cultural vivenciada pela 
sociedade ao longo do tempo. 
3 
 
Esse fato é discutido por Tanaka et al (1994), ao considerarem tarefa 
difícil uma conceituação sobre a alfabetização, uma vez esse termo englobar 
diversas significações, seja pela sua evolução histórica de conceitos, seja pela 
complexidade do próprio processo. 
Inicialmente, percebemos que essa definição foi delimitada pelo 
significado etimológico do termo alfabetização. Nessa perspectiva o significado 
do termo é aquisição do alfabeto, ou ainda, em outras palavras, aquisição da 
língua escrita. 
Por esta concepção, o domínio do sistema alfabético torna-se primordial, 
acreditando-se que esse domínio possibilita e garante a aprendizagem da 
leitura e escrita, a qual deve ocorrer formalmente no período inicial de 
escolarização (seja para crianças ou para adultos). 
Essas ideias acabaram embasando a concepção da língua como um 
sistema pautado na codificação e decodificação, fazendo com que a prática 
pedagógica fosse compreendida e expressa pelo uso dos métodos 
denominados tradicionais: Analítico, Sintético e Analítico-sintético (GRAY, 1957), 
o que pressupõe, segundo Gumperz (1991), uma concepção de alfabetização 
instrumental. 
 
1 - Método sintético 
O método silábico surgiu no século XVIII como proposta de superação da 
soletração e deu inicio ao processo de alfabetização a partir da silaba. Nesse 
método acredita-se que no inicio da aprendizagem deve-se começar do mais 
fácil para o mais difícil, do mais simples para o mais complexo. Ou seja, primeiro 
inicia-se com palavras depois frase por ultimo texto. 
Com a modalidade dos métodos sintéticos, pode-se apresentar os 
processos alfabéticos, fônicos e o silábico. 
O método sintético pode ser dividido em: 
4 
 
 
1.1 Alfabeto ou Soletração = Esse método parte da letra isolada para depois 
juntá-la a outras, através das sílabas, é um dos mais antigos métodos de 
alfabetização, tem como ponto de partida a decoração das letras do alfabeto, 
depois as famílias das sílabas e por último as palavras. 
 
1.2 Fônico = Consistem na memorização dos sons das letras antes de fazer a 
associação com os desenhos que as representam, ou seja, a criança só vai ter 
contato com a grafia após fixar os sons. 
 
1.3 Silábico = Este método tem como característica a somatória que inicia pelas 
vogais e pelos encontros vocálicos, depois, ocorre a apresentação do som e da 
grafia das consoantes. Em seguida, parte-se da junção das consoantes com as 
vogais formando-se sílabas simples. E por fim os encontros consonantais e as 
sílabas complexas são apresentados. 
 
Processos: 
* Fonético  Letras 
* Silábico  Silabas unidades desprovida de sentido. 
* Fônicos  Fonemas 
Fragmento significante 
 
2. Métodos analíticos 
Segue como contexto contrário ao sintético uma vez, que partem de 
unidades de analise maiores para depois decompô-las em unidades cada vez 
menores, partem de palavras, orações e conto (textos) para as letras e silabas. 
O método analítico é dividido em: 
 
5 
 
2.1 Palavração = Neste método primeiro o aluno aprende as palavras só então 
se faz a separação em sílabas para a formação de novas palavras. Dessa forma é 
proposto que ela acompanhe pequenos textos. 
 
2.2 Sentenciação = Neste método o aluno aprende uma sentença, ou seja, uma 
frase de acordo com o interesse de todos os alunos, que em seguida é dividida 
em palavras que novamente serão divididas em sílabas que uma vez aprendidas 
serão usadas na leitura de novas palavras. 
 
2.3 Conto ou texto = Neste método o professor apresenta ao aluno um texto 
que é lido em voz alta após a leitura é destaca uma frase, uma palavra, até 
chegar às sílabas ou às letras para formar novas palavras, aideia fundamental é 
fazer com que a criança entenda que ler é descobrir o que está escrito. 
 
Processos: 
* Palavração  Palavras 
* Sentenciação  Frase unidades significativas 
* Conto  História 
Resgate do significado. 
 
3. O método analítico-sintético ou misto 
Esse método surgiu para responder as criticas feita aos métodos 
sintéticos e aos métodos analíticos. Segundo Morais (2006, p. 59), o método 
misto e o mais usado atualmente e podemos encontra- lo em duas formas: uma 
que parte de palavras ou frases e o professor dirige a analise para os elementos 
que compõem essas estruturas linguísticas complexas (método analítico 
sintético de orientação global) e a outra que parte das vogais, as quais são 
associadas rapidamente as consoantes formando silabas, as quais combinadas 
6 
 
uma as outras originam as palavras (método analítico- sintético de orientação 
sintética). 
 
 
 
 
Criança de 4 anos, da Escola Criarte, em São 
Paulo, mostra a lista de músicas para sua festa. 
Fonte: Revista Escola. 
 
 
 
 
A ênfase recai, portanto, sobre o desenvolvimento das habilidades 
técnicas, onde a forma precede o conteúdo. Assim, segundo essa visão de 
alfabetização, é mais importante grafar as palavras corretamente (desde a 
primeira vez), identificar suas letras, sílabas e sons, ainda que a escrita não 
possua significado para o aprendiz, nem intencionalidade ou função social. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
• O caminho para alfabetizar 
http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-
inicial/alfabetizacao-formar-leitores-escritores-618195.shtml 
 
• “Toda conduta é ditada por um interesse; toda ação consiste em atingir o 
objetivo que é mais urgente naquele momento determinado”. 
http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0177/aberto/mt_243235.shtml 
 
 
http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/alfabetizacao-formar-leitores-escritores-618195.shtml
http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/alfabetizacao-formar-leitores-escritores-618195.shtml
http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0177/aberto/mt_243235.shtml
7 
 
UNIDADE 02. OS ESTUDOS LINGUÍSTICOS NA ALFABETIZAÇÃO 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Nesta unidade, objetivamos discutir a importância da Linguística na 
alfabetização. Para tanto, partimos do conceito de Linguística, como ciência que 
estuda as línguas. A variação linguística é tema da maior importância, sobretudo 
no início da escolarização, quando a criança é formalmente introduzida no 
ensino da linguagem escrita. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Linguística é a ciência que estuda a linguagem verbal humana. Como 
toda a ciência, ela baseia-se em observações conduzidas através de métodos, 
com fundamentação em uma teoria. 
A ligação entre a Linguística e o processo da aprendizagem da leitura e 
da escrita, que são elementos paralelos, mas, ao mesmo tempo 
interdependentes. 
Escrever e ler são atos linguísticos, daí a necessidade de 
compreendermos a natureza da fala e da escrita, sua função e usos e as 
implicações no processo de alfabetização. 
Vale dizer, entretanto, que a realidade com que nos deparamos, nas salas 
de aula e nos livros didáticos, é outra, ou seja, não constatamos conceitos e 
pressupostos linguísticos consistentes para o ensino da leitura e da escrita. 
Normalmente, a alfabetização, salvo raríssimas exceções, se concretiza de 
maneira mecânica, desmotivadora e dissociada da vivência cotidiana da criança. 
Basta lembrarmos das famosas Cartilhas e de seus textos, tais como “ O Bebê 
baba; A bacia é do bebê”. 
 
8 
 
 
Esse exemplo, extraído de uma cartilha, é suficiente para levantarmos 
alguns questionamentos: o que tem a ver a baba do bebê e a bacia? Vocês já 
conversaram com alguém usando frases soltas como essas? O resultado dessa 
prática é sofrível, pois o aluno, na sua trajetória escolar, tenderá a produzir 
frases isoladas e não textos com unidade de sentido. 
 
Outro ponto que merece ser destacado diz respeito ao fato de a criança 
já ter consciência da linguagem oral e, ao iniciar o processo de alfabetização, 
isso se deturpa, pois, desde o início de sua fala, ela e todos os falantes dizem: 
9 
 
mininu e bolu, mas deve escrever menino e bolo. Por que isso ocorre é o a 
Linguística explica e, com certeza, muito contribuirá para a alfabetização. 
Uma criança de Sete anos que entra na escola para se alfabetizar já é 
capaz de entender e falar a língua portuguesa com desembaraço e precisão, nas 
mais diversas circunstâncias da vida. 
Essa criança aprendeu falar e entende o que lhe falam, revelando um 
processo de aquisição da linguagem que teve grande desenvolvimento a partir, 
do seu primeiro dia de vida. 
Quando o processo de alfabetização não se dá adequadamente, a criança 
enfrentará sérios problemas em sua vida, relacionados não só à escrita, mas à 
leitura também. 
Por falar em leitura, o que observamos, na atualidade, é que os alunos, 
além de apresentarem problemas de entendimento textual, de compreensão 
daquilo que leem, a sua leitura oral é catastrófica, pois não o fazem com as 
entoações e pausas corretas. 
Vamos testar nossa habilidade de leitura. Para isso, leia o poema 
“Quadrilha” abaixo. 
 
10 
 
Acesse, agora, o site abaixo indicado em buscando conhecimento, e ouça 
o mesmo poema na voz do poeta. Gostou? E a sua leitura foi igual a de 
Drummond? 
Espero que sim, mas se não foi, não fique triste, leia-o novamente com 
paixão e tudo melhora. Caso não possa acessar o site, basta prestar atenção em 
algum capítulo de novela que você perceberá o que é ler e falar com entonação. 
Faça novamente a escuta do poema de Drummond e verifique como ele 
pronuncia os e da palavra que. (A palavra que é pronunciada qui) 
Retomando nosso tema, se de um lado os problemas de alfabetização 
são decorrentes da maneira imprópria de a escola tratar do processo de fala, 
escrita e leitura; de outro, cumpre-nos citar cursos de formação de professores 
que insistem em não acompanhar os progressos científicos e tecnológicos, 
resistindo, inclusive, de adotar novas posturas, rompendo com o antigo, no 
caso, alfabetização pelo método silábico e pela cartilha. 
No processo de alfabetização, há muitos fatores envolvidos e quanto 
maior for o domínio do professor sobre eles; quanto maior a sua consciência de 
como a criança se situa em termos de desenvolvimento emocional; de como 
evolui seu processo de interação com os colegas, com os textos que lhe são 
apresentados e com a natureza da realidade linguística, maior será o sucesso de 
aprendizagem da escrita e da leitura. 
A partir do momento em que o professor adquirir respaldo nas teorias e 
no funcionamento da língua escrita e da língua oral, estará mais livre para 
selecionar os métodos e as técnicas e buscará os recursos e o ritmo que julgar 
melhor para sua classe. 
Você poderia questionar se a interdisciplinaridade entre Linguística e a 
aquisição da escrita não se trata de mais uma modernidade educacional, uma 
vez isso ser bastante recente, ou seja, não se falava em Linguística e as crianças 
aprendiam a ler e a escrever. Isso é fato, porém cabe aqui uma reflexão. 
11 
 
Antigamente, só frequentava a escola pessoas oriundas de uma classe social 
mais elevada, cuja fala aproximava-se mais da língua da escola. Hoje, é 
diferente, pois em uma sala de aula há uma heterogeneidade de falares, há 
crianças de diferentes classes sociais, o que, sem dúvida, interfere muito no 
aprendizado. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Áudio – Poema Quadrilha 
http://www.unicamp.br//iel/site/alunos/publicacoes/cda.htm 
 
Alfabetização e Linguística 
https://www.youtube.com/watch?v=rQQhbw12Ky0 
 
 
 
http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/cda.htm
12 
 
UNIDADE 03. O PONTO DE PARTIDA DO PROFESSOR ALFABETIZADOR 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 Nesta unidade temos como objetivoexplicitar os conceitos de língua, 
pois o professor alfabetizador necessita de conhecimentos básicos a respeito da 
língua a que se propõe ensinar. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Para Saussure, considerado o pai da Linguística, a língua é social e 
coletiva, porque pertence a todos os indivíduos de uma comunidade. Nesse 
sentido, compara-a um dicionário, cujos exemplares idênticos foram doados a 
todos. A língua é a mesma para o leiteiro, para o médico, para o professor. No 
entanto, é engano pensar que todos a usam da mesma maneira, em outras 
palavras, cada sujeito vai empregar a língua de maneira diferente. Assim, se um 
empresário diz “Vou para o meu rancho”, a palavra rancho tem o sentido de 
lazer, moradia no campo; diferentemente, se um lixeiro diz “Vou para o meu 
rancho”, a mesma palavra tem o sentido de tapera. 
A Língua é um sistema, pois tem uma estrutura organizada. Vamos 
entender bem o que é isso. Em português, não existe sílaba sem vogal. Dessa 
maneira, a sequência “ptxzy” não é uma palavra do português, porque a 
estrutura (necessidade de vogal nas sílabas) foi violada. 
A Língua em estado de dicionário não existe, é preciso que alguém se 
utilize dela para a sua concretização. A partir daí, Saussure introduz o conceito 
de fala. Para ele, a fala é concreta, individual e altamente variável. Assim, por 
meio da fala, a língua se materializa de forma diferente. 
A fala é tão variável que um mesmo indivíduo é incapaz de repetir a 
mesma coisa, do mesmo jeito, duas vezes seguidas. Com certeza, haverá 
diferença de entonação, de timbre de voz. Além disso, em cada situação em que 
se encontra, o uso que faz da língua será diferente. Você, aluno, já deve ter 
13 
 
participado de situações comunicativas distintas, às quais teve que adequar sua 
fala. Por exemplo, em casa, com seus familiares, você se utiliza da língua de uma 
determinada forma; em uma conversa com um advogado, provavelmente, sua 
maneira de falar será outra. 
Transportem esses conceitos para a sala de aula. Imaginem várias 
crianças oriundas de famílias diferentes, de nível social e cultural diferente. O 
resultado será uma heterogeneidade de falares, de registros. Esse é um grande 
desafio que o alfabetizador tem que vencer. 
A Língua Portuguesa é falada no Brasil e em Portugal, mas como o uso é 
diferente, podemos afirma que Brasil e Portugal possuem falares distintos. No 
próprio Brasil, existem falares diferentes. Basta prestar atenção nos artista de TV, 
cujo falar na maioria das vezes, é carioca. 
E o alfabetizando, de onde parte? 
Se de um lado o professor precisa ter domínio de certos conceitos, tais 
como as diferenças entre fala e escrita; de outro, o educando precisa ter alguns 
conhecimentos indispensáveis para o início do processo de aquisição da escrita. 
Trata-se, na verdade, de uma preparação prévia. 
É importante que o aluno saiba que os risquinhos pretos na folha 
branca simbolizam os sons da fala. Mas, o que é um símbolo? Você sabe? 
Símbolo são sinais criados pelo homem por meio de uma convenção, isto 
é, de um acordo. Por essa razão, os símbolos são sociais. Por exemplo, o sinal 
vermelho do semáforo é um símbolo, cujo significado é Pare. Ninguém poderá 
sair por aí e mudar esse símbolo, porque, uma vez criado, ele permanece para 
sempre, outros, sim, poderão ser incorporados, mas os existentes nunca serão 
alterados. 
Poderíamos iniciar nossas aulas, brincando com os símbolos. Uma 
sugestão é trabalharmos com os símbolos dos times de futebol. 
14 
 
Essa noção de símbolo aplica-se às letras do alfabeto, que também foi 
criado pelo homem. Então, esses risquinhos são as letras, que simbolizam os 
sons. 
A segunda coisa que o aprendiz precisa saber é que esses risquinhos 
têm uma forma gráfica. Em Língua Portuguesa, essa forma é bem parecida, mas 
cada uma se aplica a um som. A percepção das diferenças de traçado das letras 
é fundamental, pois a letra p e a letra b são diferentes apenas na posição da 
haste. Ora, trocar um p por um b implica trocar a palavra pata por bata. Isso é 
diferente de nosso dia-a-dia, pois uma xícara de boca para cima ou para baixo 
continua sendo xícara. 
É importante ressaltar que a percepção auditiva é fundamental para o 
momento de aquisição da escrita. Tomemos, por exemplo, duas palavras pé e 
fé. O que diferencia tais palavras são as consoantes / p / e / f / (diz-se / f / 
(som) e não efe (letra). Mas você sabe em que elas diferenciam? Basta falar o 
som / p /. Falou? Você juntou os dois lábios. Agora pronuncie o som / f /. Para 
dizê-lo, você deve ter colocado os dentes superiores em contato com os lábios 
inferiores. O resultado é o barulho de uma fricção, atrito. As duas consoantes 
são diferentes, porque o modo e ponto de articulação são diferentes. 
No entanto, há determinadas consoantes que são ditas no mesmo ponto 
de articulação. É o caso, por exemplo, do som / t / e do / d /. Para falarmos 
essas consoantes, devemos colocar a ponta da língua nos dentes superiores. A 
única diferença entre elas é a de que o / t / é surdo, isto é, o ar passa 
livremente pelas cordas vocais (membranas situadas na região denominada 
pomo de Adão), que se encontram abertas. Diferentemente, para a pronúncia 
do som / d /, se colocarmos a mão na região indicada, vamos perceber uma 
leve vibração, pois as cordas vocais encontram-se fechadas, então, o ar que vem 
dos pulmões força a passagem, fazendo-as vibrar. Daí o som denominado 
sonoro. 
15 
 
Vocês devem ter observado como é difícil perceber as diferenças entre / 
t / e / d /, tanto que, quando ditamos algo ou falamos ao telefone, reforçamos 
o dito da seguinte maneira: t de tatu e d de dedo. 
Levando isso para a vida prática do alfabetizando, às vezes, deparamo-
nos com professoras dizendo: “Esse aluno não está alfabetizado, ele troca o t 
pelo d; o f pelo v”. Na verdade, não é que não está alfabetizado, é a professora 
que desconhece os mecanismos de articulação dos fonemas do português, não 
compreendendo, portanto, que a percepção de tais sons é complexa. 
Sugerimos o acesso ao link abaixo ( buscando conhecimento ) para ouvir 
alguns poemas que exploram certos sons. Caso não possa acessá-los, leia textos 
de Cecília Meireles da série Ou isto ou aquilo. 
A escrita guarda outros fatores escondidos, para os quais o professor 
alfabetizador deve estar atento. Um deles diz respeito ao fato de que na língua 
há elementos portadores de significado e elementos que não têm significado. 
Vamos verificar o que é isso. Tomemos, para exemplo, a palavra belo. 
Nela, observamos que um som / b / se juntou a outro som / e / (observem que 
falo é, como em pé, diferente do som / e / das palavras que e você), formando 
a sílaba be; na sequência o som / l / se une ao som / o /, cujo resultado é lo. 
Mas o que é o bê? Qual o seu significado? E o lo dessa palavra? As sílabas não 
têm significado, portanto, não faz sentido começar a alfabetização pelo 
silabário, tal qual a cartilha o faz. Da mesma forma que a sílaba é desprovida de 
significado, os sons também o são. Os sons, doravante, denominados fonemas, 
não possuem uma significação, exercem apenas a função de distinguir 
significados. Assim, na palavra bala, trocando-se o / b / pelo / m / o resultado é 
mala; na mesma palavra, substituindo-se o / l / de mala, pelo fonema / K / o 
resultado é nova palavra da língua: maca. 
Pelo visto até aqui, observamos que as palavras têm significado, então 
poderíamos supor que a alfabetização deveria se iniciar por palavras. Porém, 
16 
 
não é bem assim, porque a nossa comunicação não se dá por palavras isoladas, 
por frases, mas por textos. 
Então, dar listas de palavras na lousa como a cartilha: bacia, bebê, baba, 
etc., não é um bom caminho. O que devemos fazer, sim, é iniciar o processo de 
aquisição da escrita por textos, principalmente, pelos que fazem parte do 
cotidiano do aluno. Isso faz sentido, pois a criança,mesmo sem ter a escrita, 
conta histórias, fatos e acontecimentos. O texto, então, deve ser a unidade de 
ensino. 
Os textos, por sua vez, são organizados por palavras. Entretanto, a fala 
tem algumas peculiaridades que a distingue da escrita. Por exemplo, vocês já 
ouviram alguém dizer “Era uma vez”, pronunciado cada palavra isoladamente? É 
claro que não, pois todo falante diz “erumavez”. Essa junção é específica da fala. 
Nesse sentido, o aluno deve ser bem trabalhado para a percepção de junturas 
da fala que não existem na escrita. Como fazer isso? Coloque um pequeno texto 
na lousa, mesmo que os alunos ainda não saibam ler. A partir dele, inicie a 
leitura, apontando para as palavras. 
É importante também que o alfabetizando perceba a organização 
espacial da página. Para isso, mostre-lhe que a ordem das letras é da esquerda 
para a direita na linha e que a ordem da página é de cima para baixo. Parece 
óbvio, mas, às vezes, há professores que se esquecem disso e veem problemas 
onde não existem. Por exemplo, há casos em que o professor diz: “Essa criança 
tem problema, olha como ela escreve (mostrando algo escrito da direita para a 
esquerda), ela tem letra espelho”. Pode ser que o problema seja falta de treinar 
a visualização da página. 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Alguns poemas que exploram certos sons 
http://letras.terra.com.br/vinicius-de-moraes/86808/clipes-videos.html. 
Lena d'Água canta poemas de Cecília Meirelles 
https://www.youtube.com/watch?v=DvQLdN8pHwE 
http://letras.terra.com.br/vinicius-de-moraes/86808/clipes-videos.html
17 
 
 
UNIDADE 04. CARTILHAS 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Na década de 1970 e início de 1980 a maioria dos brasileiros foi 
alfabetizados pelo método da soletração ou abelhinha através da cartilha 
Caminho Suave de Branca Alves de Lima que na tentativa de facilitar para as 
crianças a memorização das letras criou desenhos que continham as iniciais das 
palavras como por exemplo: A de abelha, B de bola, C de casa e assim por 
diante. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Passou-se, portanto, a questionar a necessidade de associação dos sinais 
gráficos da escrita aos sons da fala, como única forma de garantir a 
aprendizagem da lectoescrita, que é a habilidade adquirida de poder ler e 
escrever, bem como os materiais das cartilhas que eram preparados e 
utilizados com essa preocupação. 
Explicando sobre o desenvolvimento das cartilhas no Brasil, Mortatti 
afirma que: 
Embora já na segunda metade do século XIX encontrem-se cartilhas 
produzidas por brasileiros, o impulso nacionalizante nessa área se faz sentir, 
especialmente em alguns estados, a partir da década de 1890, solidificando-se 
nas primeiras décadas do século XX, quando se observa o engendramento de 
fenômenos correlatos: apoio de editores e especialização de editoras na 
publicação desse tipo de livro didático; surgimento de um tipo específico de 
escritor didático profissional – o professor; e processo de institucionalização 
da cartilha, mediante sua aprovação, adoção, compra e distribuição às escolas 
públicas, por parte de órgãos dos governos estaduais. Acompanhando o 
movimento histórico das tematizações, normatizações e concretizações sobre 
a questão dos métodos, as primeiras cartilhas brasileiras, produzidas, 
sobretudo, por professores fluminenses e paulistas através de sua experiência 
http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v20n52/a04v2052.pdf
18 
 
didática, baseavam-se nos métodos de marcha sintética (processos de 
soletração e silabação). 
MORTATI, 2000, P. 42 
 
De acordo com esta autora, as cartilhas desenvolvidas no início do século 
XIX baseavam-se no método analítico, nos processos de palavração e 
sentenciação: 
a partir das contribuições da pedagogia norte-americana, divulgadas 
inicialmente no estado de São Paulo pelas reformas da instrução pública na 
década de 1890 e posteriormente disseminadas para outros estados 
brasileiros, por meio de “missões de professores” paulistas. Embora muitas 
tenham sido as disputas sobre as diferentes formas de processuação do 
método, um ponto em comum era a necessidade de se adaptar esse ensino às 
necessidades biopsicológicas da criança, cuja forma de apreensão do mundo 
era tida como sincrética. 
A partir de então, observa-se um movimento de institucionalização do 
método analítico, que se consolida com a publicação das Instruções práticas 
para o ensino da leitura pelo methodo analytico – modelos de lições, 
expedidas pela Directoria Geral da Instrucção Publica do Estado de São Paulo, 
em 1915. Nesse documento passa-se a priorizar a historieta (conjunto de 
frases relacionadas entre si por meio de nexos lógicos), como núcleo de 
sentido e ponto de partida para o ensino da leitura, enfatizando-se as funções 
instrumentais desse ensino MORTATTI, 2000, P. 43. 
 
A partir de 1930, as cartilhas passam a se desenvolver nos moldes dos 
métodos mistos e a partir de 1980 inicia-se o questionamento sobre o uso das 
cartilhas na alfabetização. 
A partir de 1930, aproximadamente, as cartilhas passam a se basear nos 
métodos mistos ou ecléticos (analítico-sintético e vice-versa), especialmente 
em decorrência da disseminação e da repercussão dos testes ABC, de 
Lourenço Filho, cuja finalidade era medir o nível de maturidade necessário ao 
aprendizado da leitura e da escrita, visando à maior rapidez e eficiência na 
alfabetização. 
A partir dos anos de 1980, passa-se a questionar programaticamente a 
necessidade dos métodos e da cartilha de alfabetização, em decorrência da 
19 
 
intensa divulgação, entre nós, dos pensamentos construtivista e interacionista 
sobre alfabetização. 
MORTATTI, 2000, p. 45;47. 
 
 
 
 
 
20 
 
Para saber mais sobre a 
trajetória das cartilhas na 
alfabetização leia: 
CAGLIARI, L. C. Alfabetizando sem 
o bá-bé-bi-bó-bu. São Paulo: 
Scipione, 2006. 
Assim, a cartilha de alfabetização poderia ser definida como um 
instrumento: 
Substitutivo do trabalho de professores e alunos, que se apresenta como 
portal do mundo prometido e que forma nossas crianças, no sentido da 
constituição de um modo de pensar, sentir, querer e agir relacionado com a 
imagem idealizada de linguagem/língua e com modelos equivocados de 
leitura, escrita e texto. 
Será a cartilha de alfabetização um mal necessário, de fato? Que outras 
concepções, que outras práticas, que outros conteúdos, que outras finalidades 
da alfabetização, que outras formas de acesso ao mundo da cultura seriam 
possíveis, no sentido de romper com esse pacto secular? 
MORTATTI, 2000, p. 51. 
 
Enfim, diante de tudo o que foi exposto, percebemos que os métodos 
tradicionais, de uma forma geral, 
privilegiam a memorização, a 
repetição, a transcrição linear dos 
sons em grafia (codificação) e a 
decodificação mecânica (soletrada, 
silabada) das grafias em sons, 
compreendendo a aprendizagem da leitura e escrita como um desenvolvimento 
de habilidades visuais, auditivas e motoras, decorrentes de um período 
preparatório. 
Os alunos são tratados da mesma forma e devem seguir os mesmos 
passos, ao mesmo tempo, já que existe uma espécie de roteiro previamente 
definido, sem qualquer tipo de alteração (marcado pelo uso das cartilhas). 
Além disso, o aluno é visto como uma tabula rasa (“folha em branco”), 
ignorando-se, completamente, seu contato com o mundo letrado e suas 
formulações acerca da leitura e escrita. 
Entretanto, é inegável que os métodos sintético, analítico (global) e 
analítico-sintético ou sintético-analítico (misto/eclético), conhecidos atualmente 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tabula_Rasa
21 
 
como métodos tradicionais, ocuparam (e ocupam) um papel fundamental na 
história da alfabetização brasileira. 
Isto porque eles são referência para estudos, contribuíram para a 
evolução e revolução conceitual acerca do tema e continuam gerando longos 
debates, como aquele propagado em 2006, pelo próprio Ministério da 
Educação(MEC), o qual sugeria uma discussão do uso das cartilhas para a 
alfabetização no Brasil: “MEC discute a volta do vovô viu a uva“. 
Este fato gerou grande polêmica na mídia e, de certa forma, podemos 
afirmar que ainda estamos vivenciamos uma acalorada discussão entre os que 
defendem e os que são contrários às ideias presentes nos métodos tradicionais, 
sobretudo entre aqueles que acreditam e defendem o método fônico e os que 
aderiram às ideias da teoria construtivista. 
Mas, para além da discussão dos métodos em alfabetização, é preciso 
que pensemos em metodologias de trabalho neste campo, e esta forma de 
pensar originou-se, certamente, em outras concepções que discutiremos a 
seguir. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Fonte: http://www.famiglia.barone.nom.br/index926_96.jpg 
 
Fonte: http://www.ufrgs.br/faced/extensao/memoria/cartilhas_imagens/Cartilha_
Sodre.jpg 
 
 
 
 
http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u18359.shtml
http://www.famiglia.barone.nom.br/index926_96.jpg
http://www.ufrgs.br/faced/extensao/memoria/cartilhas_imagens/Cartilha_Sodre.jpg
http://www.ufrgs.br/faced/extensao/memoria/cartilhas_imagens/Cartilha_Sodre.jpg
22 
 
UNIDADE 05. O SISTEMA FONÉTICO 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Nesta unidade, abordamos o Sistema Fonético da Língua Portuguesa. 
Nosso objetivo é dotá-los de competências e habilidades necessárias para o 
ensino do Sistema Alfabético. Esses conhecimentos servirão de base para o 
entendimento da escrita dos alunos. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
A Fonética é um ramo da Linguística, cujo objeto é o som da fala. Em 
outras palavras, os estudos fonéticos descrevem e analisam todas as realizações 
articulatórias do falante. 
Os elementos que compõem o sistema fonético são os fonemas, 
menores unidades da língua, que não têm significado, mas que exercem a 
função de distinguir palavras. Assim, se trocarmos o fonema / v / pelo fonema 
/ f /, na sequência vaca, o resultado será a palavra faca. Uma simples troca 
implica a formação de uma nova palavra, um novo signo da língua. 
Signo: Significado (é o conceito, a ideia transmitida pelo signo, a parte 
abstrata do signo) + significante (é a imagem sonora, a forma, a parte concreta 
do signo, suas letras e seus fonemas). 
Língua: Conjunto de sinais baseado em palavras que obedecem às regras 
gramaticais. 
Fala: Uso individual da língua, aberto à criatividade e ao desenvolvimento 
da liberdade de expressão e compreensão. 
 
23 
 
Em português, há dois tipos de fonemas: as consoantes e as vogais, que 
possuem diferenças entre si. As consoantes, sozinhas, não constituem uma 
sílaba; o que significa afirmar que não há sílaba sem vogal em português; 
diferentemente, existem sílabas formadas só por vogais. 
Vogais (A, E ,I ,O ,U) 
As vogais, ou segmentos vocálicos, são sons produzidos “sem” 
obstrução no trato vocal, de forma que a passagem de ar não é interrompida. 
Esses sons são classificados de acordo com os seguintes critérios: 
1. Altura da língua 
2. Anterioridade / Posterioridade da língua 
3. Arredondamento dos lábios 
4. Nasalidade / Oralidade 
 
A notação dos segmentos vocálicos é feita do seguinte modo: Altura da 
língua + Anteriodade / Posterioridade da língua + Arredondamento dos lábios. 
 
Consoantes (B, C, D, F, G, H, J, K, L, M, N, P, Q, R, S, T, V, W, X, Y, Z). 
As consoantes, ou segmentos consonantais, são sons produzidos “com” 
algum tipo de obstrução no trato vocal, de forma que há impedimento total ou 
parcial da passagem de ar. Esses sons são classificados de acordo com os 
seguintes critérios: 
http://alfabeto.pt/letra-a.html
http://alfabeto.pt/letra-e.html
http://alfabeto.pt/letra-i.html
http://alfabeto.pt/letra-o.html
http://alfabeto.pt/letra-u.html
http://alfabeto.pt/letra-b.html
http://alfabeto.pt/letra-c.html
http://alfabeto.pt/letra-d.html
http://alfabeto.pt/letra-f.html
http://alfabeto.pt/letra-g.html
http://alfabeto.pt/letra-h.html
http://alfabeto.pt/letra-j.html
http://alfabeto.pt/letra-k.html
http://alfabeto.pt/letra-l.html
http://alfabeto.pt/letra-m.html
http://alfabeto.pt/letra-n.html
http://alfabeto.pt/letra-p.html
http://alfabeto.pt/letra-q.html
http://alfabeto.pt/letra-r.html
http://alfabeto.pt/letra-s.html
http://alfabeto.pt/letra-t.html
http://alfabeto.pt/letra-v.html
http://alfabeto.pt/letra-w.html
http://alfabeto.pt/letra-x.html
http://alfabeto.pt/letra-y.html
http://alfabeto.pt/letra-z.html
24 
 
1. Modo de articulação 
2. Lugar de articulação 
3. Vozeamento 
4. Nasalidade / Oralidade 
A notação dos segmentos consonantais é feita do seguinte modo: Modo 
de articulação + Lugar de articulação + Vozeamento + Nasalidade / Oralidade. 
 
A Fonética Articulatória é um dos principais ramos da FONÉTICA, que é 
a ciência responsável pelo estudo dos sons utilizados na linguagem humana. 
Tendo como ponto de vista de análise os aspectos fisiológicos e articulatórios 
da produção da fala. 
A fonética articulatória tem a função de explicar como são articulados os 
sons, e se encarrega da observação, descrição, classificação e transcrição dos 
sons produzidos, 
Observe a imagem abaixo e verifique o aparelho fonador. 
 
Você sabe o que é um som na fala humana? 
25 
 
 
É o resultado de uma coluna de ar em movimento que tem início nos 
pulmões, especificamente, na fase da expiração. Em outras palavras, há um 
trajeto a ser percorrido pelo ar. Você o inspira; ele chega até os pulmões e, ao 
soltá-lo, momento de expiração, há a produção do som. 
 Vários órgãos concorrem para a produção do som: cordas vocais, boca e 
fossas nasais. 
 
- Cordas (pregas) Vocais 
Como observamos no gráfico do Aparelho Fonador, as cordas vocais 
situam-se na laringe; têm a forma de dois lábios e tecido elástico. Elas são 
responsáveis pela produção dos sons surdos (o ar passa livremente, pois elas 
estão abertas) e sonoros (as cordas estão fechadas, o ar força a passagem, 
fazendo-as vibrar). 
 
- Boca e Fossas Nasais 
 Esses dois órgãos são responsáveis pela produção de sons orais e nasais. 
Um som é nasal, quando, após passar pela glote, encontra o véu palatino 
abaixado e a passagem nasofaríngea aberta. Assim, parte do ar sai pela boca e 
parte pelas fossas nasais. Diferentemente, para a produção do som oral, a 
corrente de ar passa pela glote, encontra o véu palatino levantado, fechando a 
passagem nasofaríngea. 
26 
 
 Vale dizer, também, que a boca, lábios, dentes, alvéolos, palato (céu da 
boca) exercem um papel fundamental na articulação dos sons. 
 
 São vários os órgãos que contribuem para a produção do som. Atente 
para o fato de que não há órgãos específicos para a fala, mas todos eles têm 
outras funções para o corpo humano. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Aparelho Fonador 
http://www.geocities.com/Vienna/9177/aparelho.htm 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.geocities.com/Vienna/9177/aparelho.htm
27 
 
UNIDADE 06. MODO E PONTO DE ARTICULAÇÃO DAS CONSOANTES 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
A corrente de ar que provém dos pulmões, chegando à boca, poderá ser 
comprimida de vários modos, resultando uma obstrução total ou parcial. Vamos 
entender o que é isso. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
As consoantes do português podem ser classificadas e diferenciadas 
pelos seguintes critérios articulatórios: 
• Modo de articulação; 
• Ponto de articulação; 
• Sonoridade. 
Modo de articulação é a maneira como a corrente de ar supera os 
obstáculos formados pelos articuladores e é liberado (som contínuo, som 
explosivo, som vibrante etc); 
Ponto de articulação é onde colocamos nossos articuladores (língua, 
dente, lábios etc) para produzir o som; 
Sonoridade é a movimentação ou não das pregas vocais. 
 
A corrente de ar que provém dos pulmões, chegando à boca, poderá ser 
comprimida de vários modos, resultando uma obstrução total ou parcial. Vamos 
entender o que é isso. 
Pronuncie o som / p /. O que aconteceu? 
O ar proveniente dos pulmões foitotalmente interrompido, justamente 
porque você juntou os dois lábios. Agora, diga o som / f / (não é efe, é f). 
Provavelmente, você percebeu que a corrente de ar foi um pouquinho 
interrompida, pois você uniu os dentes superiores aos lábios inferiores. Do 
mesmo modo, a pronúncia da consoante / l / resulta de uma interrupção parcial 
28 
 
do ar. Essa interrupção ocorre, quando você coloca a língua nos alvéolos (as 
nervurinhas que se encontram pertos dos dentes do lado interno). 
 
 
Vejamos agora, os diferentes modos de articulação das consoantes em 
português. 
 
Fonemas Oclusivos 
Resultam de uma interrupção total e momentânea (se não o for, o som 
não sai) da corrente de ar em alguma parte da boca. São Oclusivas: 
• /P/ /T/ /K/ - o / k / é dito quê e não c (letra) 
• /B/ /D/ /G/ 
• Observação: Sabe como guardar as consoantes oclusivas? Basta 
lembrar as palavras: PeTeCa e BoDeGa 
 
Fonemas Constritivos 
São resultantes do efeito de atrito a que a corrente de ar se submete, 
cujo trajeto é parcialmente desviado e, por isso, se desvia pelo canal formado 
pela língua. Veja bem, é a língua que exerce a função de desviar parcialmente o 
som. Os fonemas resultantes desse modo de articulação são denominados, 
também, de chiantes, porque o som realmente é um chiado, tal qual na palavra 
29 
 
chuva, ou de sibilantes, porque produzem um som semelhante ao barulho da 
cigarra (SSSSSSSSSS). São constritivos os fonemas: 
• /F/ /S/ / / 
• /V/ /Z/ / / 
O / / equivale às letras x (xadrez) e ch (chuva),enquanto o / / se 
refere às letras g (gente) e j (jeito). 
 
Fonemas Laterais 
São resultantes da obstrução da corrente de ar, no centro da boca. Uma 
vez, bloqueado, no centro, o ar escoa pelas laterais. São laterais os fonemas 
• /L/(não é ele – letra, é Lê mesmo) e / /.- Esse Y de ponta cabeça é a 
letra lh de velho, telha. 
 
Vibrantes 
São resultantes de brevíssimos e repetidos bloqueamentos parciais da 
corrente de ar, provocados por movimentos vibratórios da língua, ao encostar 
nos dentes. Em português há dois tipos de vibrantes: 
• Vibrante simples /r/, presente na palavra caro. 
• Vibrante múltipla /R/, presente na palavra carro. 
 
Nasais 
Resultam da passagem de parte do ar pela boca e parte pelas fossas 
nasais. São nasais os fonemas: 
• / m / (não é eme-letra, é me mesmo ) / n / (não é ene- letra; é nê e / 
/ . 
/ / é a letra nh. 
As consoantes podem ser oclusivas, constritivas, laterais, vibrantes e 
nasais, quanto ao modo como são articuladas, isto é, quanto ao que acontece, 
30 
 
na boca, com a corrente de ar vinda dos pulmões: ou ele é totalmente 
bloqueado, ou parcialmente bloqueado. 
Os articuladores são os órgãos que obstruem, total ou parcialmente, a 
corrente de ar oriunda dos pulmões. 
 Esses órgãos são de dois tipos: 
Articuladores ativos, pois se movimentam e são constituídos pelos lábios, 
língua, véu palatino, úvula (campainha). 
Articuladores passivos, não se movimentam, cujos integrantes são dentes, 
palato (céu da boca) e alvéolos. Para a localização desses órgãos, examine a 
imagem abaixo, retirada do site. 
 
1) Traqueia 
2) Laringe 
3) Glote (Cordas vocais) 
4) Faringe 
5) Cavidade bucal 
6) Cavidade nasal 
7) Véu palatino ou Palato mole 
8) dentes 
9)Língua 
10)Lábios 
11)Palato duro (céu da boca) 
31 
 
 
De acordo com o ponto exato, na boca, em que as consoantes são 
pronunciadas, há a seguinte classificação: 
Bilabiais- Resultantes da junção dos dois lábios. São elas: / P / / B / / M / 
Labiodentais- Contato firme do lábio inferior com os dentes incisivos 
superiores. Nesse caso, as consoantes são: /F/ /V/ 
Linguodentais- Caracterizam-se pelo contato do ápice (ponta) da língua com 
os dentes superiores, tais como as consoantes: /T/ /D/ /N/ 
Linguo-alveolares- Contato do ápice da língua nos alvéolos superiores. Nesse 
ponto de articulação, observamos as consoantes: /L/ /r/ (de caro) / S / / Z / 
Linguopalatais- Contato do dorso (meio) da língua com o palato (céu da boca). 
As consoantes produzidas nesse ponto são: / / (lh) / / (nh) / / (X, CH) / / 
(G e J) 
Velares- Contato entre a parte mais próxima da raiz da língua com o véu 
palatino (parte mole do céu da boca, fica bem lá no fundo). Nesse ponto de 
articulação, observamos as consoantes: / K / / G / / R / ( de carro) 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Aparelho Fonador. 
http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://criarmundos.do.sapo.pt/Ling
uistica/images/aparelho-fonador. 
 
 
 
http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://criarmundos.do.sapo.pt/Linguistica/images/aparelho-fonador.%20
http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://criarmundos.do.sapo.pt/Linguistica/images/aparelho-fonador.%20
32 
 
UNIDADE 07. O PAPEL DAS CAVIDADES BUCAL E NASAL E DAS 
CORDAS VOCAIS E QUADRO ILUSTRATIVO DA CLASSIFICAÇÃO DAS 
CONSOANTES 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Você sabia que a boca e fossas nasais são órgãos indispensáveis à 
fonação? 
Nesta unidade vamos explicar o papel das cavidades bucal e nasal e 
revisar fonética, Letra e fonema. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
A Fonética, ou Fonologia, estuda os sons emitidos pelo ser humano para 
efetivar a comunicação. Diferentemente da escrita, que conta com as letras - 
vogais e consoantes, a Fonética se ocupa dos fonemas (=sons); são eles as 
vogais, as consoantes e as semivogais. 
Letra: Cada um dos sinais gráficos elementares com que se representam os 
vocábulos na língua escrita. 
Fonema: Unidade mínima distintiva no sistema sonoro de uma língua. 
Há uma relação entre a letra na língua escrita e o fonema na língua oral, 
mas não há uma correspondência rigorosa entre eles. Por exemplo, o fonema 
/s/ pode ser representado pelas seguintes letras ou encontro delas: 
• c (antes de e e de i): certo, paciência, acenar. 
• ç (antes de a, de o e de u): caçar, açucena, açougue. 
• s: salsicha, semântica, sobrar. 
• ss: passar, assassinato, essencial. 
• sc: nascer, oscilar, piscina. 
• sç: nasço, desço, cresça. 
• xc: exceção, excesso, excelente. 
• xs: exsudar, exsicar, exsolver. 
33 
 
• x: máximo. 
Os sons da fala resultam quase todos da ação de certos órgãos sobre a 
corrente de ar vinda dos pulmões. Para a sua produção, três condições são 
necessárias: 
• A corrente de ar; 
• Um obstáculo para a corrente de ar; 
• Uma caixa de ressonância. 
A caixa de ressonância é formada pelos seguintes elementos: 
• Faringe; 
• Boca (ou cavidade bucal): os lábios, os maxilares, os dentes, as 
bochechas e a língua; 
• Fossas nasais (ou cavidade nasal). 
Aparelho Fonador: É formado pelos seguintes elementos: 
• Órgãos respiratórios: Pulmões, brônquios e traqueia; 
• Laringe (onde está às pregas vocais - nome atual das "cordas 
vocais"); 
• Cavidades supralaríngeas: faringe, boca e fossas nasais. 
O ar chega à laringe e encontra as pregas vocais, que podem estar 
retesadas ou relaxadas. 
As pregas vocais, quando retesadas, vibram, produzindo fonemas 
sonoros. 
As pregas vocais, quando relaxadas, não vibram, produzindo fonemas 
surdos. 
Por exemplo, pense apenas no som produzido pela letra s de sapo. 
Produza esse som por uns cinco segundos, colocando os dedos na garganta. 
Você observará que as pregas vocais não vibram com a produção do som 
ssssssssss. O fonema s (e não a letra s de sapo) é, portanto, surdo. 
34 
 
Faça o mesmo, agora, pensando apenas no som produzido pela letra s 
de casa. Produza esse som por uns cinco segundos, colocando os dedos na 
garganta. Você observará que as pregas vocais vibram, com a produção do som 
zzzzzzzzzzzzzz. O fonema z (e não a letra s de casa) é, portanto,sonoro. 
Ao sair da laringe, a corrente de ar entra na cavidade faríngea, onde há 
uma encruzilhada: a cavidade bucal e a nasal. O véu palatino é que obstrui ou 
não a entrada do ar na cavidade nasal. 
Por exemplo, pense apenas no som produzido pela letram de mão. 
Produza esse som por uns cinco segundos, colocando os dedos nas narinas sem 
impedir a saída do ar. Você observará que o ar sai pelas narinas, com a 
produção do som mmmmmmm. O fonema m (e não a letra m de mão) é, 
portanto, nasal. 
Se, ao produzir o som mmmmmmmm, tapar suas narinas, você 
observará que as bochechas se encherão de ar. Se, logo após, produzir o som 
aaaa, observará também que houve a produção dos sons baaaa. Isso prova que 
as consoantes m e b são muito parecidas. A diferença ocorre apenas na saída 
do ar: m, pelas cavidades bucal e nasal (fonema nasal); b somente pela 
cavidade bucal (fonema oral). 
Há também semelhança entre as consoantes p e b: a única diferença 
entre elas é que b é sonora, e p, surda. Isso explica o porquê de se usar m antes 
de p e de b. 
 
Cavidades Bucal e Nasal 
 As cavidades bucal e nasal exercem um papel preponderante na 
produção de certos fonemas. Como já dissemos anteriormente, esses fonemas 
são denominados nasais, resultantes da passagem de parte do ar pela boca e 
de parte pelas fossas nasais (nariz). São fonemas nasais em português: / M / / N 
/ / / (nh) 
35 
 
 
 
Cordas Vocais 
 Na região da laringe, encontra-se um importante órgão para a fonação: 
as cordas vocais. 
 As cordas vocais têm a forma de dois lábios e são constituídas do 
músculo tireo-cricóide, um tecido elástico denominado ligamento. Observe a 
imagem das cordas vocais abaixo. 
 
Na imagem da esquerda, as cordas vocais encontram-se abertas. Nesse 
caso, o ar oriundo dos pulmões passa livremente. O resultado é a produção das 
consoantes surdas. Diferentemente, a imagem da direita exibe as cordas vocais 
fechadas. Neste caso, o ar força a passagem, fazendo-as vibrar. De acordo com 
esses mecanismos, há, em português, fonemas surdos e fonemas sonoros. 
 São fonemas surdos as consoantes: /P/ /T/ /K/ e /F/ / / /S/ 
36 
 
 Abaixo, você pode visualizar um quadro representativo da classificação 
da consoante. Vamos classificar agora, 
Modo de 
Articulação 
Papel 
das 
cordas 
vocais 
Ponto de Articulação 
 Bilabiais Labiodentais Linguodentais Linguo-
alveolares 
Linguo-
palatais 
Velares 
 Surdas / P / / T / / K / 
Oclusivas 
 Sonoras / B / / D / / G / 
 
 Surdas / F / / S / 
Constritivas 
 Sonoras / V / / Z / 
 
Laterais Sonoras / L / 
 
Vibrante 
Simples 
Sonora / r / 
 
Vibrante 
Múltipla 
Sonora / R / 
 
Nasais Sonoras / M / / N / 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Gramática Portuguesa - Evanildo Bechara 
http://www.ebah.com.br/content/ABAAABmzgAA/gramatica-portuguesa-
evanildo-bechara?part=2 
 
http://www.ebah.com.br/content/ABAAABmzgAA/gramatica-portuguesa-evanildo-bechara?part=2
http://www.ebah.com.br/content/ABAAABmzgAA/gramatica-portuguesa-evanildo-bechara?part=2
37 
 
UNIDADE 08. AS VOGAIS DA LÍNGUA PORTUGUESA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Já tivemos a oportunidade de falar um pouco sobre as vogais nas 
unidades anteriores. Vamos recordar? 
As vogais são fonemas resultantes da livre passagem da corrente de ar 
pela boca. Em outras palavras, o ar não é bloqueado, como na emissão das 
consoantes, em nenhum ponto da boca. Assim, o papel exercido pela boca é o 
de caixa de ressonância. 
Como o ar não é interrompido na boca pode-se dizer que as vogais são 
os fonemas mais limpos que há. Além disso, todas as vogais são sonoras, isto é, 
não são resultantes da livre passagem de ar pelas cordas vocais. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
As vogais possuem três propriedades, que lhes são inerentes: 
• Apresentam maior abrimento dos órgãos articulatórios: a boca fica 
normalmente aberta ou entreaberta, ao se pronunciar uma vogal. Diga, por 
exemplo, a vogal / a /. Disse? Viu como a boca fica aberta? 
• Apresentam maior número de vibrações das cordas vocais, isto é, têm maior 
frequência. 
• São os únicos fonemas do português a integrarem o centro da sílaba. 
38 
 
 
Para a descrição das vogais em português, levamos em conta quatro 
critérios: posição da língua, altura da língua, posição dos lábios e papel das 
cavidades bucal e nasal. Vamos aprender essa classificação. 
 
Classificação das vogais quanto à posição da língua 
Para entendermos bem isso, vamos prestar atenção na posição da língua 
em nossa boca. Para isso, digam a vogal / a /. Disse? Como ficou o corpo da 
língua? Com certeza, você percebeu que ficou em posição de repouso, bem 
embaixo, tocando os dentes inferiores, não é? Agora pronuncie a vogal / e /. 
Como você deve ter observado, a língua fez um leve movimento para frente. Se 
você não percebeu, diga novamente, bem devagar. Fale agora o fonema / o /. 
Ao invés de a língua ir para frente, ela fez um ligeiro movimento para trás, não 
foi? 
Muito bem, a partir da posição da língua, nós podemos classificar as 
vogais em: 
• Central- A língua fica em posição de repouso, abaixada, tocando os 
dentes inferiores. A vogal resultante dessa posição é / a /; 
 
• Anteriores- A língua executa um ligeiro movimento para frente. As 
vogais anteriores são: / E / (como o é de pé ) / e / ( como o ê de você); 
e / i /; 
 
• Posteriores- A língua faz um ligeiro e gradativo recuo. São posteriores 
as vogais: / /(esse fonema equivale à letra ó da palavra avó); / o / ( 
como o ô de avô ) e / u /. 
Você deve ter percebido que o número de fonemas vocálicos é maior 
que o número de letras, não é? Em outras palavras, a professora ensina aos 
39 
 
alunos que nós temos cinco vagais, mas não são cinco, na verdade, são sete 
fonemas: / a / / E / , / e / , / i /, / / / o / , / u /. 
 
Classificação das Vogais quanto à Altura da Língua 
 Na classificação anterior, você percebeu que ela foi feita com a posição 
da língua na horizontal, ou seja, ela fica em repouso; vai um pouco para frente 
ou para trás. Agora, nós vamos classificar as vogais, considerando a língua em 
seu movimento vertical, a altura. Para isso, fale as vogais / a / , / e /, / i /. Diga 
novamente a vogal / a / e, em seguida, as vogais / o / e / u /. 
 Na pronúncia, a língua, para a vogal / a /, ficou bem embaixo, tocando os 
dentes inferiores. Para as vogais / e / e / o /, você deve ter percebido que ela se 
elevou um pouquinho. Diferentemente, nas vogais / i / e / u /, a língua se eleva 
ao máximo, quase tocando os dentes superiores, não é? 
 De acordo com o exposto, quanto à altura da língua, as vogais são 
classificadas em: 
• Baixa - Língua embaixo, junto aos dentes inferiores. Trata-se da vogal / a 
/ 
• Médias - Uma elevação gradual da língua, ou seja, a língua fica no meio, 
entre os dentes inferiores e os posteriores. São vogais médias: / E / (de 
pé) / e / (de fez), / / ( de avó) e / o / ( de avô). 
• Altas- A língua eleva-se de tal forma que toca os dentes superiores. 
Nesse caso, as vogais são: / i / e / u /. 
 
Classificação das vogais quanto à posição dos lábios 
 Na pronúncia das vogais, os lábios exercem papel crucial. Vejamos a 
pronúncia dos sons / a /, / E /, / e /, / i /. Como ficaram os seus lábios? Com 
certeza, estendidos, não é? Agora diga os fonemas / / , / o /, / u /. Nesses 
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fonemas, os seus lábios devem ter ficado arredondados, não é? É isso mesmo, 
quanto à posição dos lábios, as vogais são: 
• Não-arredondadas - Os lábios ficam estendidos. São as vogais / a /,/ E 
/,/ e /,/ i /. 
• Arredondadas - Ocorre um ligeiro arredondamento dos lábios. São 
vogais desse tipo: / /, / o / / u /. 
 
Classificação das Vogais quanto ao Papel das Cavidades Bucal e Nasal 
 Você já sabe o que é um som nasal: o ar sai parte pela boca e parte pelo 
nariz. Para entender, vamos opor certas palavras: 
Lá x Lã 
Vê x Vem 
Vi X Vim 
Do (nota musica) x Dom 
Tuba x Tumba 
 São sons completamente diferentes, não é? As vogais orais são sete, mas 
as vogais nasais são cinco, a saber: / ã / , /ë / , / ï / , / ö // ü / 
 Para facilitar a visualização da classificação das vogais, os linguistas as 
representaram em um triângulo, como podemos observar abaixo. 
 
41 
 
 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Classificação das vogais. 
http://www.gramatica.net/site.php?mdl=gramatica&op=cap01-04-
classificacao_das_vogais 
 
Algumas considerações Linguística 
http://www.uefs.br/colplet/revista/ed01_102009/artigos/artigo_04.pdf 
 
 
 
 
Altas 
Médias 
 Baixa 
Não-Arredondadas Arredondadas Central 
 / a / ã 
/ 
/ E / 
 / e /ë 
/ o / õ/ 
/ i / ï / / u / ü / 
42 
 
UNIDADE 09. TONICIDADES E SEMIVOGAIS 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Você sabe o que é tonicidade? Para saber, diga as palavras cipó, janela e 
médico. Ao pronunciar essas palavras, você deve ter percebido que há sílabas 
mais fortes. Descubra quais são. Descobriu? Com certeza, você deve ter 
marcado pó, n(é), me. Pois bem, essas sílabas são denominadas tônicas, pois, 
para pronunciá-las, nós imprimimos maior intensidade na voz. Eis aí o conceito 
de tonicidade: maior intensidade de voz. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
A sílaba em que ocorre maior intensidade de voz é denominada tônica; 
diferentemente, aquela que pronunciamos sem muita força é denominada 
átona. 
Exemplos: Em lá-gri-ma, a sílaba tônica e "lá"; em ca-der-no, a sílaba 
tônica é "der". 
Os sinais gráficos utilizados para marcar a tonicidade das palavras variam 
conforme o idioma estudado. O Português, por exemplo, utiliza o acento agudo 
(´) e o circunflexo (^). Exemplos: 
• Pároco 
• Crônica 
 
Outro sinal que costuma ser utilizado em diversos idiomas, além dos 
citados acima, é o acento grave (`), que em Português é utilizado para marcar a 
crase. 
Em materiais ou mídias de cursos de aprendizagem de idiomas são 
utilizados outros sinais e também recursos, como o macro (¯), a braquia (um 
pequeno semi-círculo semelhante ao "u" sobre a letra), o negrito, o itálico, a cor 
da letra, o sombreamento, as letras maiúsculas etc. 
43 
 
 É bom saber que não há mais de uma sílaba tônica nas palavras, mas há 
algumas, de uma só sílaba (monossílabas) em que não ocorre sílaba tônica. Por 
essa razão são chamadas de monossílabos átonos. 
 
 Vamos verificar como isso se apresenta. Para tanto, pronuncie os pares 
abaixo: 
Por X pôr 
As X Ás 
Que x Quê 
De x Dê 
 
 Se fôssemos formar frases com essas palavras, teríamos: 
a) As meninas o consideram um ás na direção. 
b) Onde é para pôr os livros comprados por você? 
c) Pedro disse que ela tem um quê especial. 
d) Acrescente um copo de leite e dê para acriança. 
 
Ás vezes fica muito difícil saber se o monossílabo é átono ou tônico, no 
entanto, há uma dica: 
 O e e o o dos átonos são pronunciados, respectivamente, i e u, o que 
não ocorre com os tônicos. Assim, você não pode dizer: Onde é para pur os 
livros. Mas pode dizer: Comprados pur você. 
Levando em consideração a posição da sílaba tônica, as palavras 
classificam-se em: 
 
Oxítonas: Quando a sílaba tônica é a última sílaba. 
Exemplos: Pa-ra-ná, sa-bor. 
 
44 
 
Paroxítonas: Quando a sílaba tônica é a penúltima sílaba. 
Exemplos: már-tir, ca-rá-ter. 
 
Proparoxítonas: Quando a sílaba tônica é a antepenúltima sílaba. 
Exemplos: cá-li-ce, lá-gri-ma. 
 
Os vocábulos com apenas uma sílaba, os monossílabos, podem ser 
átonos ou tônicos. 
 
Considerações sobre as semivogais 
 As semivogais são / y / e / w /, cujas letras são, respectivamente, i e u. 
As semivogais são sempre átonas e se juntam às vogais (fortes) para formarem 
os ditongos: união de uma vogal e uma semivogal ou vice-versa, pronunciados 
em uma só emissão de voz. Assim, em pais, o a é a vogal e o i a semivogal. 
Agora, se observarem a palavra país, verificarão a presença do a e do i, porém, 
para pronunciarmos essa palavra, abrimos a boca duas vezes: pa- ís. Nesse 
caso, o i não é semivogal, mas vogal. Trata-se do hiato, ou seja, duas vogais 
juntas, faladas cada uma em uma sílaba. 
 Vejamos alguns exemplos de ditongo: água, série, céu, seu, saudade, 
glória, pau, cauda. Como hiatos, citamos: Saara, saúde, saída. 
 
 
45 
 
Tais divisões são fundamentais para compreender toda fonética e 
fonologia da língua portuguesa, afinal falamos um emaranhado de palavras que 
podem ser dividida em sílabas, e a sílaba é estruturadas em vogal (cada sílaba 
possui apenas uma vogal) consoantes e semivogais. 
Mas por que “A” é uma vogal? 
Por que “T” é consoante? 
E se o W, Y e K agora fazem parte da Língua, em que grupo essas letras 
pertencem? 
Mas se existem vogais e consoantes, por que existem o que chamamos 
de semivogais? Ao estruturarmos, observaremos que “só existe uma vogal por 
sílaba”: 
CÂ-MA-RA // MU-NI-CI-PAL. 
 
Como explicar, então, palavras como PA-PAI // U-RU-GUAI // MI-NEI-RO 
? 
 
Embora pareça existir duas ou três vogais em alguma sílaba, na verdade 
não há. Algumas chamadas ‘vogais’ exercem o papel secundário de 
‘semivogais”. 
Desta forma, as semivogais ora oferecem condições de vogais, ora de 
semivogais. Mas quais são elas? 
Faça um exercício: 
Abra sua boca e fale A, E, I, O, U. Repare que na letra “I” e“U”, embora 
não necessite do uso de órgãos bucal, possui uma dificuldade de formação: 
para pronuncia-las a boca fica quase fechada, chamadas assim de semivogal. 
46 
 
 
 
Com a última reforma ortográfica, as letras K, Y e W entraram de fato 
para a Língua Portuguesa. Mas elas são vogais ou consoantes? A resposta é 
simples: Pode ser os DOIS! 
 
 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Algumas considerações Linguística 
http://www.uefs.br/colplet/revista/ed01_102009/artigos/artigo_04.pdf 
 
 
 
47 
 
UNIDADE 10. O SISTEMA ORTOGRÁFICO DO PORTUGUÊS 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 Nesta unidade, enfocaremos as especificidades do sistema ortográfico da 
Língua Portuguesa. Nossa ênfase será as diferenças entre sons e grafia, pois não 
escrevemos como falamos e, às vezes, falamos diferente do que escrevemos, 
como no caso da palavra menino, que, normalmente, dizemos mininu. Outro 
exemplo de diferença entre fala e escrita é o caso da palavra mal, cuja leitura é 
mau. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Sistema de Escrita 
 Nosso sistema de escrita é alfabético, isto é, faz usos de grafemas (letras) 
para a representação do som. 
 A escrita alfabética, em princípio, trabalha a ideia de que cada unidade 
sonora será representada por uma letra e cada letra representa uma unidade 
sonora. 
 Às vezes, é necessária mais de uma letra para a reprodução de um único 
som. É o caso, por exemplo, da palavra pássaro, em que os dois esses 
representam um só som / s /. Assim, essa palavra tem seis fonemas /p/, /a/, /s/ 
/r/ / o/ e sete letras. Fato análogo se dá com a palavra guerra em que os sons / 
g / e / R / são representados pelas letras gu e rr. Isso significa que temos 
quatro fonemas e seis letras, não é? 
 Vocês poderiam perguntar se não seria mais fácil escrevermos como 
falamos. Em alguns casos, até diria que sim. Por exemplo, a palavra casa seria 
escrita com z. No entanto, já abordamos que nós não falamos da mesma 
maneira. Existem variantes, ou seja, maneiras diferentes de dizermos uma 
mesma coisa. Para a palavra tia, podemos pronunciar o / t / com a ponta da 
língua nos dentes superiores, mas podemos, e, normalmente o fazemos 
48 
 
dizermos / t /. Além disso, há que se considerar que as diferentes regiões 
do Brasil têm sua maneira peculiar de fala. É o caso do nordeste, em que as 
vogais / e / e / o / são pronunciadas abertas, como no caso de ménino, féliz. 
Por aí dá para imaginar como ficaria a escrita: cada um escrevendo de um jeito. 
 Diante disso, podemos afirmar que a escrita é fator de unificação 
nacional: todos escrevem da mesma maneira. É, portanto, padronizada. 
 
O nosso alfabeto é formado pelas letras consonantais e vocálicas A, B, C, 
D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V, X, Y, Z, W, ressaltando-seque as 
letras K, Y, W integrarão o nosso alfabeto, a partir de 2009, em decorrência da 
mudança ortográfica. As se unem, formando as sílabas, que se unem dando 
origem à palavra. 
 Já abordamos, anteriormente, a importância da percepção auditiva da 
unidade palavra. Você poderá trabalhar com poemas, já introduzindo a noção 
de sílabas e de tonicidade. Para isso, recomendo a leitura do poema abaixo. 
Quando diante da sílaba tônica, solicite que os alunos batam palmas ou 
pandeiro. 
A Flor Amarela 
Olha 
a janela 
da bela 
Arabela. 
Que flor 
é aquela 
que Arabela 
molha? 
É uma flor amarela 
Cecília Meirelles 
49 
 
Além de trabalhar o número de sílabas das palavras, você poderá utilizar 
o poema para mostrar as rimas. Ressalte-se que as palmas ajudam a marcar o 
ritmo. 
Outro fator a ser considerado, além da tonicidade, é a entoação da frase, 
pois, em determinados casos, é a ela a responsável pela diferença entre frases 
afirmativas, exclamativas e interrogativas. 
Vejamos os exemplos: 
a) Você vai. 
b) Você vai? 
c) Você vai! 
Se o aluno não for treinado a ler com entonação, não saberá a diferença 
que existe nessas frases. É bom dizer que, muitas vezes, o aluno não gosta do 
que lê, porque não o faz adequadamente. A leitura sem expressão não tem 
sentido algum. Daí a necessidade de se iniciar o processo da leitura e da escrita 
por meio de poemas e textos, em especial, daqueles que estão próximos da 
vivência do aluno. 
Vamos ler o poema abaixo, fazendo as entonações interrogativas 
adequadamente: 
Leilão de Jardim 
Cecília Meireles 
Quem me compra um jardim 
com flores? 
 
borboletas de muitas 
cores, 
lavadeiras e 
passarinhos, 
ovos verdes e azuis 
Um lagarto entre o muro 
e a hera, 
Uma estátua da 
Primavera? 
Quem me compra este 
formigueiro? 
E este sapo que é 
jardineiro? 
50 
 
nos ninhos? 
Quem me compra este 
caracol? 
Quem me compra um raio 
de sol? 
 
E a cigarra e a sua 
canção? 
E o grilinho dentro 
do chão? 
(Este é o meu leilão!) 
 
Leilão de jardim - Cecília Meireles 
Quem me compra um jardim com flores? 
Borboletas de muitas cores, 
lavadeiras e passarinhos, 
ovos verdes e azuis nos ninhos? 
 
Quem me compra este caracol? 
Quem me compra um raio de sol? 
Um lagarto entre o muro e a hera, 
uma estátua da Primavera? 
Quem me compra este formigueiro? 
E este sapo, que é jardineiro? 
E a cigarra e a sua canção? 
E o grilinho dentro do chão? 
(Este é o meu leilão.) 
Como sugestão, a leitura desse poema poderá ser feita com 
dramatização, por exemplo, nos versos: “Quem me compra este caracol?”, o 
aluno poderá mostrar a mão, como se, realmente, o caracol estivesse na palma 
de sua mão. Diferentemente, em Quem me compra um raio de sol?, o 
movimento deverá ser com os braços para o alto, como se mostrando um raio 
de sol. 
51 
 
Nas unidades anteriores, observamos que a troca de um fonema por 
outro implica a formação de uma nova palavra. Nesta unidade, verificamos que 
a entonação é importante para a distinção de frases interrogativas, afirmativas e 
exclamativas. No entanto, há outro aspecto a ser examinado: acentuação. Você 
deve perceber que a diferença entre sábia, sabia e sabiá está na posição do 
acento tônico. Assim, a distinção dessas palavras está apenas na posição da 
sílaba tônica: sábia, sabia, sabiá. Outros exemplos merecem ser citados: 
máquina, maquina, fábrica fabrica. Então, além dos fonemas e entonação, o 
acento tônico distingue palavras da língua portuguesa. 
É a posição do acento tônico que ajuda na grafia das palavras falarão e 
falaram, grande problema dos alunos na escrita. Para resolvê-lo, basta o 
professor dizer que quando a tônica, sílaba mais forte, está na última sílaba da 
palavra, escrevo ão; se está na penúltima, a grafia deve ser am. Assim, cantarão, 
opõe-se a cantaram. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Reforma Ortográfica 
http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/reforma-ortografica-outras-
mudancas-historico-das-alteracoes-do-portugues.htm 
 
Academia Brasileira de Letras 
http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=23 
 
Revista Língua Portuguesa 
http://revistalingua.uol.com.br/textos/blog-abizzocchi/ortografia-do-portugues-
fonologica-ou-etimologica-280443-1.asp 
 
http://revistalingua.uol.com.br/textos/blog-abizzocchi/ortografia-do-portugues-fonologica-ou-etimologica-280443-1.asp
http://revistalingua.uol.com.br/textos/blog-abizzocchi/ortografia-do-portugues-fonologica-ou-etimologica-280443-1.asp
52 
 
UNIDADE 11. RELAÇÕES DO SISTEMA GRÁFICO. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
As relações entre o sistema fonético e gráfico podem ser de dois tipos: 
biunívocas e cruzadas. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Na unidade anterior, observamos que, às vezes, uma unidade gráfica 
representa um único som. Por exemplo, o som / p / só tem uma letra p; o som / b 
/ só é representado pela letra b. Nesse caso, ocorre a relação biunívoca. 
 
Relação biunívoca: uma unidade sonora corresponde a uma unidade 
gráfica e esta só representa a unidade sonora. Trata-se de uma regularidade 
absoluta. 
Diferentemente, há: 
Relações cruzadas: uma unidade sonora é representada por mais de uma 
grafia, ou pode ocorrer também que uma unidade gráfica representa mais de 
uma unidade sonora. 
Vamos ver exemplos de relações cruzadas. O som nasal / ã / pode ser 
representado pelos grafemas (letras) ã de irmã; por am, como em samba e an, 
como em manga. Esquematizando teremos: 
 
Sabe por que antes de p e de b usamos m e não n? É justamente por causa 
do ponto de articulação, isto é, o fonema / p /, o fonema / b / e o fonema / m / 
são pronunciados da mesma maneira: juntando-se os dois lábios. 
Nas relações cruzadas, pode ocorrer que um mesmo fonema pode 
representar duas letras diferentes. Sabe em que caso isso acontece? Diga a 
palavra carro, agora, a palavra rato. Disse? O som da letra erre não é o mesmo? 
Claro que sim. Neste caso, o fonema /R/ (de carro), pode ser escrito com as letras 
53 
 
r e rr. Essa relação é totalmente previsível, ou seja, em início de palavra, o som é 
de erre múltiplo, mas a grafia é de erre simples, como em rainha, rato, rua. Então, 
o professor não precisa inventar historinha, como: Os dois erres saíram para 
passear e deram as mãos. Basta dizer que, em início de palavra, dizemos o som / 
R / (de carro) e escrevemos com r simples rei. 
 Por aí dá para perceber que as relações cruzadas são responsáveis pela 
grande confusão ortográfica. Vale dizer que há relações cruzadas com certa 
regularidade e outras não tão regulares. Vamos examinar outros exemplos: 
a) O som /K/ é grafado pela letra c antes das vogais a, o, u, como em calo, 
colo, culote e como qu, antes das letras e e i, como nas palavras quilo, 
quero, cheque. 
b) As letras eme (m) e ene (n), no início de sílaba, representam sempre o 
fonema /m/, como nas palavras mato, palma, alma e /n/, como em navio, 
anágua. Quando fechando sílaba interna (no meio da palavra), é sinal de 
nasalização da vogal anterior. Nesse caso, não é fonema, é apenas uma 
letra, dando origem aos dígrafos: duas letras para um único som, como se 
pode verificar nas palavras tampa, tonta, lambe, cujos sons são /ã/ de 
tampa e lambe e /õ/ de tonta. 
A letra eme (m) em final de palavra forma ditongos, como em bem - / bëy 
/, falam /falãw/. 
c) Os ditongos nasais /ãw/ são grafados ão e am: grafias diferentes, mas o 
mesmo som. 
 
Até aqui parece simples, porém, ocorre que, no mesmo contexto, (lugar 
onde ocorrem certo sons, final, meio, início de sílaba ou de palavra) duas ou mais 
letras podem representar um único fonema. Nesse caso, não há regras, sendo 
necessária a memorização. Vejamos esses casos: 
54 
 
a) O som / / antes de e e de i pode ser grafado com g ou com j. 
Exemplos: gilete, jiló, gelo, jeinipapo. 
b) O / / pode ser grafado com x ou ch, como em chato, enxada, chá. 
c) O / s / entrevogais pode ser grafado: ss, ç, sc, sc , x, xc, xs, como nas 
palavras: passe, lace, laça, nasce, excelente, exceção. 
Até aqui, você deve ter percebido que a letra não é o som, mas a 
representação do som. Então, o sistema ortográfico é uma representação do 
sistema fonético. 
Pode-se, seguramente, afirmar que o processo de alfabetização deve ter 
início, a partir das relações biunívocas, isto é, um som, uma letra para representá-
lo. Em seguida, o professor deve partir das relações cruzadas previsíveis, isto é, 
quando duas letras representam um único som, mas uma não ocorre em lugar da 
outra. Um exemplo claro disso é o fonema /R/ de carro, que no meio da palavra é 
grafado com dois erres, mas no início com um erre só, como ocorre em rei, rato. 
Observe abaixo uma representação gráfica: fonemas e grafemas. 
FONEMAS GRAFEMAS EXEMPLOS 
/ a / a Vaca, ala, aluno, bala 
/ ã / ã, am, an Irmã, campo, tanto 
/ e / e Elevador, levou, erro 
/ ë / em, en Lendo, tempo 
/ É / e, é Pé, levo, 
/ o / o, ô Ovo, avô 
/ õ / om, on Ombro, onda 
 ó, o Avó, paletó, Olga 
/ i / i Ivo, irado 
/ ï / im, in Limpo, tinta 
/ u / u, ú Uva, urubu, saúde 
/ ü / um, un Umbral, untar 
55 
 
/ p / P Pomba, pata, panela 
/ b / B Bacia, bala, bola 
/ t / T Tudo, tola, tatu 
/ d / D Dado, dói, duro 
/ k / C, qu, k (nomes próprios) Casa, querido, Karla 
/ g / G , gu Gula, guerra 
/ f / F Faca, foice, folhagem 
/ v / V Vaca, você, viúva 
/ s / s , ss, c, ç, sc, sc, x, xc Sapo, passo, cidade, caçador, 
nascer, cresça. Máximo, excelente 
/ z / s , z , x Casa, buzina, exame 
/ m / M Mata, amada 
/ n / N Navio, Nádia, nó 
/ / Nh Unha, rainha 
/ / lh Velho, olho 
/ / X, ch Chácara, bolacha, enxada 
/ / G, j Gente, jeito 
/ R / r, rr Rosa, carro 
/ r / r Caro, Carolina 
/ l / L Lata, lixo 
 
Variantes: São modos diferentes de se dizer uma mesma coisa. . 
As variantes podem ser contextuais, quando o contexto em que se inserem 
propicia a variação. Como exemplo, podemos citar os fonemas / t / e / d /, que, 
antes de e e de i, podem ser ditos / t / e /d /, respectivamente, como em 
tia e dia. 
Há outras variantes, denominadas livres, porque dependem, unicamente, 
dos hábitos articulatórios dos falantes. É o caso do falar nordestino que abre 
todas as vogais; do falar carioca, que diz o / s / como / / , como, nas 
56 
 
palavras mais e pois. Para perceber bem isso, atente às pronúncias dos artistas da 
TV. 
Entretanto, a fala guarda, ainda, outras particularidades. O / e / e o / o /, 
quando átonos, são ditos i e u. Assim, na fala, fonemas diferentes igualam-se. 
Imaginem isso para uma criança. O professor não deve afirmar que falamos 
errado, mas que isso é normal na fala. Outro caso semelhante ocorre com o 
fonema / l /, pois toda vez em que fechar sílaba é dito / u /. Assim, saber a 
diferença entre calda e cauda, mal e mau é questão de memorização. 
Pelo exposto até aqui, podemos observar a complexidade da alfabetização. 
O professor deve sempre iniciá-la, a partir das relações biunívocas: um som, uma 
letra, para, gradativamente, introduzir as relações cruzadas previsíveis e, 
finalmente, as não-previsíveis. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Revista Língua 
http://revistalingua.uol.com.br/textos/blog-abizzocchi/ortografia-do-portugues-
fonologica-ou-etimologica-280443-1.asp 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://revistalingua.uol.com.br/textos/blog-abizzocchi/ortografia-do-portugues-fonologica-ou-etimologica-280443-1.asp
http://revistalingua.uol.com.br/textos/blog-abizzocchi/ortografia-do-portugues-fonologica-ou-etimologica-280443-1.asp
57 
 
UNIDADE 12. ORALIDADE NO ENSINO. 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 Poderíamos declinar, aqui, inúmeras razões para a importância de se 
abordar a oralidade em sala de aula, principalmente, na fase de aquisição da 
leitura e da escrita. No entanto, pautamo-nos por pressupostos básicos, tema de 
nossa unidade. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
No termo científico, linguagem é a capacidade a que todos os seres 
humanos, sem qualquer tipo de anomalia, são dotados. A linguagem designa por 
isso um sistema organizado de símbolos, complexo, extenso e com propriedades 
particulares, desempenhando uma função de codificação, estruturação e 
consolidação dos dados sensoriais, transmitindo um determinado sentido ou 
significado e permitindo ao homem comunicar as suas experiências e transmitir os 
seus saberes. Deste modo, pode dizer-se que a linguagem é um sistema de troca 
de informações. Mais ainda, a linguagem desempenha outras funções, entre as 
quais a apelativa, expressiva, descritiva, estética, argumentativa e persuasiva e 
apresenta componentes como a fonologia, a semântica, morfologia, sintaxe e 
pragmática. 
Na interação com o ser humano, a linguagem representa um papel 
fundamental. A linguagem dá oportunidade ao individuo de traduzir o que sente 
estruturar o seu pensamento e expressar o que já conhece. 
Quando nasce, a vida mental do bebe manifesta-se por comportamentos 
inatos, sensoriais e motores, a partir dos reflexos. 
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 A primeira realidade linguística da criança é a oral. E vale dizer que essa 
realidade, conforme Scarpa, 2001, passa por estágios de desenvolvimento, tais 
como: 
Balbucio Produção de sons: vogais (3-4 meses); 
consoantes e vogais (em torno dos 6 
meses); 
Primeiras palavras: Entre os 10 e 12 meses 
Enunciados de uma palavra: Em torno dos 12 meses; 
Crescimento vocabular acentuado: Entre os 16 e 20 meses; 
Fase telegráfica: Primeiras combinações de palavras, entre 
os 18 e 20 meses; 
Explosão vocabular Entre os 24 e 30 meses 
 
Várias são as teorias que abordam a aquisição da linguagem pelas crianças. 
Uma delas é o inatismo, desenvolvida por Noam Chomsky, 1973. 
Noam Chomsky é um linguista, filósofo e ativista político estadunidense. 
Além da sua investigação e ensino no âmbito da linguística, Chomsky é conhecido 
pelas suas posições políticas de esquerda e pela sua crítica da política externa dos 
Estados Unidos. Chomsky descreve-se como um socialista libertário 
INATISMO - adj. Que não tem atividade; inerte: ficar inativo. 
Paralisado, paralítico: está com uma perna inativa. 
 
Para o autor citado, a linguagem é inata, isto é, o ser humano já nasce com 
a capacidade de linguagem, bastando, para isso, ambiente adequado. Segundo 
ele, assim como os demais órgãos responsáveis pela visão, locomoção, há no 
cérebro, provavelmente, no lado esquerdo, um compartimento responsável pelo 
ato da linguagem. 
Os argumentos com que Chomsky defende o inatismo são vários. 
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O primeiro diz respeito ao fato de bebês compreenderem e produzirem 
frases que nunca ouviram ou disseram antes. 
Outro se refere aos “erros” cometidos pelas crianças que podem ser 
reveladores da existência de uma gramática interna, isto é, todo falante tem 
consciência da estrutura da língua. 
Uma criança que diz “fazido”, por exemplo, faz uma analogia com vendido. 
Uma vez uma criança disse “homa”, para referir-se ao feminino de homem. Ora, 
está clara a percepção de que ela sabe que o “a” é indicador de feminino em 
português. 
A outra teoria sobre aquisição da linguagem é a cognitiva, cujos preceitos 
advogam ser a linguagem aprendida por maturação e depender da evolução 
psicológica, o que pode ser questionado, pois há patologias que afetam a fala 
sem, entretanto, relacionar-se a outras capacidades cognitivas. 
Do ponto de vista da perspectiva comportamentalista, defende-se que a 
aquisição da linguagem ocorre por meio de estímulo e resposta. Essa visão é 
contraposta por Chomsky, pois, segundo ele, as crianças não se limitam a repetir, 
mas criam enunciados próprios. 
Finalmente, cumpre-nos citar a teoria pragmático-interacionista, cujos 
pressupostos aceitam o inatismo, mas agregam outros fatores de natureza social 
que podem condicionar o aprendizado linguístico.

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