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65 - APOSTILA - LÍNGUA PORTUGUESA - FONÉTICA E FONOLOGIA

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Língua Portuguesa: 
Fonética e Fonologia
Professor Esp. Sérgio Aparecido Carneiro
AUTOR
Professor Esp. Sérgio Aparecido Carneiro
 
Possui graduação em Letras – Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portu-
guesa – pela Universidade Estadual de Maringá.
Fez especialização em Docência do Ensino Superior na Faculdade de Tecnologia 
América do Sul, em Maringá.
 Tem experiência no ensino de Língua Portuguesa para os níveis médio e superior. 
Atualmente tem se dedicado ao estudo da análise linguística relacionada à alfabetização e 
ao letramento.
Link do Currículo Lattes:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4798419H0
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4798419H0
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Você está iniciando a disciplina de “Língua Portuguesa: Fonética e Fonologia”. 
O objetivo fundamental aqui é promover reflexões sobre o funcionamento dos sons que 
formam as palavras em Língua Portuguesa, com destaque à questão sonora em Português 
usado no Brasil. O material que redigi para você é composto de quatro unidades.
Na Unidade I, apresento algumas questões gerais sobre a diferenciação dos cam-
pos de estudo da Fonética e da Fonologia e mostro também como esses dois ramos do 
saber linguístico estão relacionados. Destaco Ferdinand de Saussure como marco inicial 
do Estruturalismo. Apresento sua discussão sobre os conceitos de língua (langue) e fala 
(parole) e outras questões ligadas aos seus estudos.
Apresento também a Alfabeto Fonético Internacional (AFI) e o direciono aos símbo-
los mais necessários para o estudo dos sons do Português usado no Brasil. É um primeiro 
contato com a representação dos sons da fala através de símbolos específicos. Além disso, 
na primeira unidade, você vai pensar na relação entre os sons do nosso idioma e sua 
correspondência com o sistema ortográfico. Trata-se de um tópico muito importante que, 
inclusive, pode despertar sua curiosidade por investigar melhor o nosso sistema ortográfico.
Na Unidade II, apresento os órgãos envolvidos na produção da voz humana e o 
papel desses órgãos na hora de articular sons específicos como os sons orais e os nasais, 
por exemplo. Você vai fazer comigo uma análise dos sons vocálicos e consonantais e suas 
peculiaridades no uso brasileiro da Língua Portuguesa. Trata-se de um estudo muito escla-
recedor sobre uma série de questões relevantes para a compreensão do idioma usado no 
Brasil. E essa unidade também vai tratar da transcrição fonética, que é um assunto capaz 
de levar você a entender melhor muitas variações de pronúncias, por exemplo, para uma 
mesma palavras no nosso país.
Na Unidade III, você fará comigo um caminho teórico sobre as perspectivas do 
Estruturalismo e do Gerativismo, na busca de compreender melhor os sons da voz humana. 
Apresento o conceito fundamental para os estudos fonológicos: os traços distintivos. A partir 
desse conceito, você entenderá melhor os campos de atuação da Fonética e da Fonologia. 
Entenderá também o conceito de fonema e as marcas (os traços) capazes de diferenciar 
fonemas no nosso idioma. Também estabeleço paralelos entre a transcrição fonética e a 
transcrição fonológica das palavras.
Na Unidade IV, você vai ter reflexões muito instrutivas relacionando os conhecimen-
tos fonéticos e fonológicos com o processo de alfabetização. Veremos como a educação 
linguística favorece esse processo. Além disso, traço uma perspectiva de ensino inicial do 
idioma e de alfabetização, que procura relacionar os sons da fala com o sistema ortográfico 
da Língua Portuguesa e busca promover situações reais de uso da fala e da escrita, o 
chamado letramento. Por fim, convido você a pensar num tópico muito importante para uma 
língua falada num território tão grande como o Brasil: a variação linguística e o preconceito 
linguístico. 
Seja muito bem-vindo(a) a este estudo feito pra você...
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 6
Introdução à Fonética e à Fonologia
UNIDADE II ................................................................................................... 26
Fonética
UNIDADE III .................................................................................................. 50
Fonologia
UNIDADE IV .................................................................................................. 76
Fonética, Fonologia e Ensino
6
Plano de Estudo:
● Fonética e Fonologia: questões gerais;
● O alfabeto fonético;
● A relação de correspondência entre letra e som no português brasileiro.
Objetivos de Aprendizagem:
● Conceituar Fonética e Fonologia;
● Delimitar o campo de análise linguística da Fonética e da Fonologia;
● Discutir tópicos sobre o Estruturalismo em Ferdinand de Saussure;
● Apresentar o alfabeto fonético, destacando os fones do Português do Brasil;
● Discutir a relação entre letra e som no Português do Brasil;
● Iniciar a discussão sobre os desafios da alfabetização ligados à relação entre letra e 
som no Português do Brasil.
UNIDADE I
Introdução à Fonética e à Fonologia
Professor Esp. Sérgio Aparecido Carneiro
7UNIDADE I Introdução à Fonética e à Fonologia
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), você está iniciando comigo os estudos sobre Fonética e Fono-
logia com destaque à Língua Portuguesa falada no Brasil. O que será apresentado nesta 
primeira unidade ajudará você a compreender melhor as unidades seguintes. Sem descui-
dar do rigor teórico, procuro facilitar a linguagem para tornar seu estudo bem produtivo.
Esta unidade é composta por três tópicos. No primeiro, “Fonética e Fonologia: 
questões gerais”, procuro mostrar os campos de estudo específicos da Fonética e da Fo-
nologia e a aplicação atual desses estudos. Apresento também alguns questionamentos 
importantes sobre o marco histórico da Linguística, com Ferdinand de Saussure e o início 
do Estruturalismo.
No segundo tópico, “O alfabeto fonético”, apresento as consoantes, as semivogais 
e as vogais do Português do Brasil. E mostro como se faz a transcrição dos sons (fones) de 
nosso idioma, obedecendo ao Alfabeto Fonético Internacional (AFI). É uma primeira noção 
que será desenvolvida nas próximas unidades. Com esse estudo, você terá uma visão 
ampliada da variedade de sons do Português do Brasil e até passará a entender melhor os 
dicionários de língua estrangeira quando explicam o funcionamento de alguma pronúncia. 
No terceiro tópico, “A relação de correspondência entre letra e som no português 
brasileiro”, eu começo a mostrar as relações óbvias e as mais curiosas entre letra e som 
(fone, fonema) no nosso idioma. Esse tópico é bem interessante e objetiva também levar 
você e eu à consciência de que estudar Fonética e Fonologia pode melhor nossa com-
preensão da ortografia e auxiliar o trabalho do professor que alfabetiza.
Os estudos dessa unidade iniciam um processo seu de maior conhecimento do 
idioma usado no Brasil. Eu garanto a você que essa é uma viagem que vale a pena...
8UNIDADE I Introdução à Fonética e à Fonologia
1 FONÉTICA E FONOLOGIA: QUESTÕES GERAIS
Fonética e Fonologia são estudos linguísticos inter-relacionados. Ambas “inves-
tigam como os seres humanos produzem e ouvem os sons da fala” (SEARA; NUNES; 
LAZZAROTO-VOLÇÃO, 2011, p.11). É claro que cada uma delas tem suas especificidades. 
E, dependendo da corrente linguística e das evoluções históricas dos estudos, os enfoques 
podem mudar também. 
Pense em todos os órgãos e regiões anatômicas envolvidos na produção da fala 
humana. Diafragma, pulmões, traqueia, laringe, glote, cordas vocais, cavidade oral e ca-
vidades nasais, língua, palato duro (céu da boca) e palato mole (parte traseira do céu 
da boca), dentes, alvéolos que envolvem os dentes, boca, língua, lábios e principalmente 
o cérebro. Todos eles colaboram na produção dos sons da fala. Já para entender uma 
mensagem, a audição e o cérebro entram em cena. E só vai havercomunicação se falante 
e ouvinte dominarem a mesma língua. Entender esse funcionamento é objeto de estu-
do da fonética, que obviamente vai precisar de outros conhecimentos auxiliares, como a 
anatomia humana, a acústica da física para analisar sons em laboratórios, a psicologia, a 
neurociência, eventualmente até a filosofia, a sociologia etc.. Os aspectos fundamentais 
da articulação e produção dos sons da fala humana serão detalhados nas Unidades II e III, 
priorizando os sons (fones e fonemas) em Português do Brasil (PB). 
Assim, a fonética estuda como se dá a produção dos sons da fala humana e a 
recepção desses sons, os chamados fones. Isso seria possível dentro do estudo das 
9UNIDADE I Introdução à Fonética e à Fonologia
mais variadas línguas. Em se tratando de uma língua específica, como é o meu e o seu 
interesse, caro aluno, neste estudo sobre o Português do Brasil (PB), as investigações da 
fonética focalizadas serão principalmente as variações de produção de um mesmo som 
(fone) do nosso idioma. Por exemplo, as ocorrências de pronúncias variadas no PB do 
som representado pela letra “r” em final de sílaba, como ocorre com a palavra “amor”. Aqui 
haveria um encontro constante de perspectivas da Fonética e da Fonologia.
“É a partir do século XIX que a fonética, entendida como ciência dos sons e sua 
classificação, começa a se constituir como um domínio definido nos estudos das línguas 
[...]” (CALLOU; LEITE, 2009, p. 48).
E, ainda segundo CALLOU e LEITE (2009, p. 53), há necessidade de avançarem 
os estudos fonéticos:
Apesar de todo esse progresso, ainda permanecem não de todo claras, dada 
a sua complexidade, as inter-relações entre a produção da fala e o sinal acús-
tico dela resultante, principalmente no que diz respeito ao mapeamento entre 
o sinal e a sequência de símbolos discretos, tal como os propostos pela fo-
nética articulatória nos alfabetos fonéticos. Ainda não estão completamente 
resolvidos os princípios de segmentação e de discriminação de um registro 
acústico. (CALLOU; LEITE, 2009, p. 48).
Pensemos um pouco agora na Fonologia. Ela também se ocupa da produção e 
recepção dos sons da fala. Mas há uma mudança de perspectiva. A fonologia focaliza os 
traços distintivos de uma língua, os chamados fonemas. Ela se ocupa de estudar as diferen-
ças sonoras capazes de alterar o significado de palavras. Por exemplo, as palavras “mata” 
e “nata” têm significados diferentes devido ao primeiro som / m / e / n /, que respectivamente 
(são lidos como fonemas “mê” e “nê”). Aqui não interessa a letra, mas o som representado. 
Ela vai investigar onde estão os traços distintivos entre essas duas palavras e vai descrever 
isso. E vai também postular regras que expliquem as situações linguísticas capazes de 
promover distinção de significado. 
Um fato atual importante é que o interesse de várias profissões tem crescido em 
relação aos estudos da Fonética e da Fonologia:
Alfabetização: É indispensável para os professores que atuam na alfabetiza-
ção, quer de adultos, quer de crianças o conhecimento de Fonética e noções 
sobre o funcionamento da Fonologia de sua língua, para que esses profes-
sores melhor atendam às necessidades de seus alunos. Existem técnicas fo-
nológicas que, empregadas em atividades com os alunos, podem fazê-los se 
debruçar com interesse sobre os fatos da língua. Além disso, é fundamental 
saber lidar com essas variações, para relacioná-las aos elementos gráficos. 
Especialmente em relação às variações fonéticas que sofrem influências de 
natureza social, a sua compreensão permite lidar mais adequadamente com 
o preconceito variação fonético-fonológica - que sempre vai existir - e levar o 
aluno a compreensão que permite lidar mais adequadamente com o precon-
ceito linguístico que pode surgir na sala de aula. (SEARA; NUNES; LAZZA-
ROTO-VOLÇÃO, 2011, p.14 e 15).
10UNIDADE I Introdução à Fonética e à Fonologia
Ainda citando Seara, Nunes e Lazzarato-Volção (2011, p.15 e 16), o estudo de 
línguas, a fonoaudiologia, a fonética forense, a tradução e as tecnologias de fala (criação 
de tecnologias para mediar a comunicação através da fala entre o homem e a máquina) são 
estudos que têm espaço na atualidade e que precisam da Fonética e da Fonologia.
1.1 UM MARCO HISTÓRICO NOS ESTUDOS LINGUÍSTICOS
Segundo Rodrigues (2008, p. 1-4), o conhecimento linguístico do século XX teve 
grande influência da obra Curso de Linguística Geral, lançada na França, em 1916. Essa 
obra é trabalho de discípulos do linguista suíço Ferdinand de Saussure (1857 – 1913), 
que havia ministrado três cursos de Linguística Geral a seus alunos da Universidade de 
Genebra, entre 1907 e 1911. É a partir dessa obra dos discípulos de Saussure, que toda a 
sua perspectiva frente aos estudos linguísticos ficará conhecida e será ampliada, revisitada 
e até repensada pelos estudos linguísticos futuros.
Saussure viveu num momento em que se buscava dar rigor científico aos estudos 
de linguagem. Utilizando a indução (parte-se da observação de fatos particulares até se 
possibilitar generalizações), chegou ao método chamado de Estruturalismo e definiu o 
objeto de estudo da Linguística: a língua.
Saussure dedicou toda a sua vida à produção de uma obra que implantasse 
nos estudos linguísticos um modelo metodológico capaz de imprimir a tais 
estudos o rigor científico almejado. A precisão na delimitação do objeto dessa 
ciência é parte fundamental desse processo de constituição. É exatamente 
por isso que ele é considerado o linguista cujas elaborações teóricas propi-
ciaram o desenvolvimento da linguística científica e estabeleceram a base do 
pensamento sobre a linguagem no século XX. Seja ao desenvolver o pensa-
mento saussuriano, seja ao questioná-lo, ou ambos, a produção teórica sobre 
língua e linguagem durante todo o século passado esteve relacionada, de 
alguma maneira, à obra do linguista genebrino. (RODRIGUES, 2008, p. 7).
Ele utiliza o conceito marxista de “fato social” adaptado também ao funcionamento 
da língua enquanto um sistema maior ao qual o indivíduo pertence, está sujeito e não 
consegue mudar sozinho. Pelo menos uma de suas maneiras de conceituar “língua” rela-
ciona-se ao “fato social”:
Para ser um fato social o fenômeno teria de atender às características de 
generalidade, exterioridade e coercitividade, fazendo com que as pessoas 
sintam, pensem e façam aquilo que já é esperado delas pela sociedade. Esse 
conceito está na base do aspecto social da língua, e se traduz pelo conceito 
de sistema presente na obra saussuriana. (RODRIGUES, 2008, p. 5)
Quero aqui destacar os conceitos de “língua” e “fala” segundo o Curso de Linguística 
Geral. Rodrigues (2008, p. 8), mostrando a importância dos estudos de Saussure, destaca 
“língua” e “fala” como conceitos que se opõem:
11UNIDADE I Introdução à Fonética e à Fonologia
Tal obra divulga, assim, os conceitos basilares de uma nova ciência, a linguís-
tica. Define o objeto dessa ciência, a língua. Isola, ou distingue esse objeto 
dos demais fatos da linguagem. Caracteriza linguagem em oposição à língua. 
Caracteriza a língua em oposição à fala, à escrita e a outros códigos de lin-
guagem. Ademais, ao estabelecer toda essa abstração teórica, suscita um 
método capaz de imprimir rigor aos estudos linguísticos, até então orientados 
pela subjetividade ou pela inadequação do método empregado nas ciências 
naturais, a saber, um método adequado aos estudos sociais, o estruturalis-
mo. (RODRIGUES, 2008, p. 8).
A “língua” (langue – termo em francês normalmente usado) aparece como um sis-
tema abstrato de possibilidades de comunicação, derivada de um contrato social, ou como 
um “sistema virtual que existe no cérebro” (SILVA; MILANI, 2011, p. 9-11). Por um lado, a 
língua é apresentada como social, coletiva e externa ao indivíduo; mas, por outro lado, 
também aparece como um sistema linguístico internalizado pelo indivíduo. Essa dualidade 
apresentada pelo conceito de “língua” no Curso deLinguística Geral já rendeu muita dis-
cussão teórica, mas extrapola os objetivos do nosso estudo neste material.
A “fala” (parole - termo em italiano normalmente usado) seria a realização da “língua”, 
ocorre na hora em que o indivíduo faz uso pessoal de um sistema linguístico abstrato. É o 
momento em que pela inteligência e vontade o indivíduo faz uso real da “língua”. E Silva e 
Milani (2011, p. 15) contribuem para esclarecer o conceito de “ fala”: “[...] poderá escolher o 
que dizer e como dizer. Poderá selecionar algumas palavras e não outras; poderá escolher 
um tom mais alto ou mais baixo; poderá escolher entre uma variante mais ou menos formal; 
poderá ser criativo no uso da língua”. 
Saussure define o signo linguístico como portador de “significado” (o que a palavra 
quer dizer) e “significante” (a imagem acústica, o som). Haveria uma ligação arbitrária entre 
o significado e o som, para cada palavra dentro de uma língua. E, com a evolução da 
história de cada palavra numa língua, o significado pode ser alterado:
Em consequência ao princípio de arbitrariedade, podemos dizer que um sig-
no pode desfazer a sua união, que um significante pode unir-se a outro signi-
ficado qualquer, reciprocamente. Dessa forma a união que resulta num signo 
não é eterna, um significante não está colado a um significado, isso permite 
que uma língua se transforme, permite a variabilidade de sons e sentidos 
(CUNHA, 2008, p. 4)
12UNIDADE I Introdução à Fonética e à Fonologia
2 O ALFABETO FONÉTICO
O Alfabeto Fonético Internacional (AFI) ou em inglês (IPA – International Phonetic 
Alphabet) foi criado pela Associação Fonética Internacional como forma de padronizar a 
representação dos sons das línguas humanas. E vem sendo constantemente atualizado e 
aprimorado.
Ele foi desenvolvido por foneticistas com o patrocínio da Associação Fonética 
Internacional. Apresenta uma notação padrão para a representação fonética 
de todas as línguas do mundo. A maior parte de suas letras originaram-se 
do alfabeto romano, e algumas do grego. Seus símbolos dividem-se em três 
categorias: letras (representando sons básicos), diacríticos (que auxiliam a 
melhor especificar esses sons básicos) e suprassegmentos (que denotam 
características como: velocidade, tom e acento tônico). (SEARA; NUNES; 
LAZZAROTO-VOLÇÃO, 2011, p. 62)
Nesta unidade, priorizei os fones (sons) do Português do Brasil (PB). Serão apre-
sentadas as consoantes, as vogais e as semivogais. A transcrição desses sons é feita entre 
colchetes. A transcrição fonética envolve, dependendo da discussão feita e do som em 
questão, uma série de pronúncias possíveis. Isso será feito, nas unidades seguintes. Aqui 
será apresentada apenas uma pronúncia ampla dos fones. Observe que estamos falando 
de sons. Normalmente, esses sons são representados por letras que já usamos no nosso 
alfabeto. Mas, eventualmente, aparecem outros símbolos para darem conta da variedade 
sonora do Português do Brasil. Caro aluno, o que pode lhe parecer complexo, num primeiro 
momento, com um pouco de estudo e acompanhando o direcionamento das quatro unida-
13UNIDADE I Introdução à Fonética e à Fonologia
des deste estudo, você verá que é relativamente simples compreender o sistema fonético 
e fonológico em nosso idioma.
A divisão tradicional entre vogais e consoantes em nível de articulação deve 
ser entendida a partir da liberação do fluxo de ar dos pulmões. Nas vogais, 
não há nenhum impedimento a essa passagem de ar, ou seja, os segmentos 
vocálicos são produzidos com o fluxo de ar passando livremente ou prati-
camente sem obstáculos (obstruções ou constrições) no trato vocal. Já as 
consoantes são articuladas a partir de alguma obstrução no trato oral, seja 
ela parcial ou total. Uma outra diferença entre esses dois tipos de sons é que 
as vogais são vozeadas, isto é, são produzidas com a vibração das pregas 
vocais, enquanto as consoantes podem ou não ser produzidas com vibração 
das pregas vocais. Assim podem ser vozeados ou não-vozeados. (SEARA; 
NUNES; LAZZAROTO-VOLÇÃO, 2011, p. 25)
As consoantes, semivogais e vogais apresentadas a seguir tiveram como fonte 
de pesquisa a obra “Fonética e fonologia do português brasileiro: 2º período” (SEARA; 
NUNES; LAZZAROTO-VOLÇÃO, 2011, p. 25 - 61), com exemplificações e mínimas adap-
tações criadas por este autor.
2.1 As consoantes do português do Brasil
[ p ] como nas palavras “padre”, “operário”...
[ b ] como nas palavras “boi”, “barco”...
[ t ] como nas palavras “tarde”, “todo”...
[ d ] como nas palavras “dedo”, “mercado”...
[ k ] como nas palavras “casa”, “acontecimento”, “queijo” (nesta última palavra, é o 
grupo de duas letras “qu” que representa o som [ k ])...
[ g ] como nas palavras “gaiola”, “gota” e “guitarra” (nesta última palavra, é o grupo 
de duas letras “gu” que representa o som [ g ])...
[ f ] como nas palavras “fico”, “fumaça”...
[ v ] como nas palavras “vozes”, “avesso”...
[ s] como nas palavras “saia”, “cidade”, “máximo”, “descer”, “assento” (nas duas 
últimas palavras, são os grupos de duas letras “sc” e “ss” que representam o som [ s ])...
[ z ] como nas palavras “azedo”, “zorra”...
[ ʃ ] como nas palavras “mexer”, “xarope”, “xadrez”, “chuva”, “achar” (nestas duas 
últimas palavras, o grupo de duas letras “ch” é que representa o som [ ʃ ])... 
[ ʒ ] como nas palavras “jantar”, “ajuda”, “girafa”, “gente”...
[ l ] como nas palavras “lua”, “aliado”...
[ ʎ ] como nas palavras “malho”, “palhaço” (observe como se trata do grupo de 
duas letras “lh” representando o fone [ ʎ ])...
14UNIDADE I Introdução à Fonética e à Fonologia
[ ɾ ] como nas palavras “careta”, “marinha”...(Vão existir outros símbolos, depen-
dendo da variante sonora transcrita. Eles serão apresentados depois).
[ ř ] como nas palavras ”remédio”, “carro” (observe, na última palavra, como se 
trata do grupo de duas letras “rr” representando o fone [ ř ]). (Vão existir outros símbolos, 
dependendo da variante sonora transcrita. Eles serão apresentados depois).
[ m ] como nas palavras “mata” e “amor”...
[ n ] como nas palavras “noite”, “anunciar”...
[ ɲ ] como nas palavras “minha”, “amanhecer”... (observe como se trata do grupo 
de duas letras “nh” representando o fone [ ɲ ])...
2.2 As semivogais do português do Brasil
As semivogais ocorrem quando existe mais de som de vogal na mesma sílaba: 
mei-ga, mau, i-guais. Esses sons serão representados aqui por [ y ] para o som de “i” e 
[w] para o som de “u”. Optei pelo símbolo [ y ], que por vezes é representado por [ j ], para 
facilitar nosso trabalho aqui. Esses fones apresentam-se como mais breves que as vogais. 
E, numa sílaba em Língua Portuguesa, só há uma vogal, que será o núcleo dessa sílaba. 
Portanto se aparentemente houver mais de uma vogal numa mesma sílaba, na verdade só 
uma desempenha o papel de vogal formadora da sílaba e os demais sons de vogais são as 
chamadas “semivogais”. Isso será detalhado nas unidades seguintes. 
[ w ] como nas palavras “mau”, “desceu”...
[ y ] como nas palavras “Paraguai”, “sei”...
2.3 As vogais do português do Brasil
A análise dos sons vocálicos no Português do Brasil requer um estudo abrangente 
que leva em consideração uma série de caraterísticas desses sons. Uma das primeiras 
questões é o tipo de sílaba em que a vogal ocorre: tônica, pretônica, postônica, subtônica. 
Isso será assunto para as unidades seguintes. Aqui somente apresentaremos essas vogais 
e sua transcrição fonética ampla.
Vogais orais:
[ a ] como em “mala”, “vá”...
[ ɐ ] como em “pegada”, “leva”...
15UNIDADE I Introdução à Fonética e à Fonologia
[ ɛ ] como em “fé”, “sério”...
[ e ] como em “dedo”, “apelido”...
[ ɔ ] como em “dó”, “forte”...
[ o ] como em “amor”, “nojo”...
[ i ] como em “vida”, “amigo”...
[ u ] como em “pulo”, “estúpido”...
[ ʊ ] como em “húmus”, “cavalo” (observe a pronúncia desse “o” final átono que soa 
como “u”)....
As vogais nasais:
] como nas palavras “maçã”, “pantera”, “manhã”...
[ẽ ] como nas palavras “pente”, “sempre”, “prenhez”...
[ ĩ ] como nas palavras “índio”, “sim”, “pinho”...
[ õ ] como nas palavras “corações”, “onça”, “bomba”...
[ ũ ] como nas palavras “untar”, “bumbum,” “(ele) punha”, “”...
16UNIDADE I Introdução à Fonética e à Fonologia
3 A RELAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA ENTRE LETRA E SOM NO PORTUGUÊS BRA-
SILEIRO
A correspondência entre letra (grafema) e os sons (fonemas e fones) é o objeto 
desta seção do nosso estudo. Há várias situações que merecem ser observadas. Entendê-
-las pode auxiliar a diminuir dúvidas ortográfica na hora de escrever. Uma primeira situação 
é quando há exata correspondência entre letra e som. “É o caso das consoantes ‘p’, ‘b’, ‘t’, 
‘d’, ‘f ’, ‘v’, ‘m’ e ‘n’ em início de sílaba, e dos dígrafos ‘nh’ e ‘lh’ (HAUPT, 2012, p.240): 
pato [ ‘patʊ ]
braço [ ‘brasʊ ]
tudo [ ‘tudʊ ]
duro [ ‘durʊ ]
favela [ fa ’vεlɐ ]
vaca [ ‘vakɐ ]
mico [ ‘mikʊ ]
nada [ ‘nadɐ]
milho [ ‘miʎʊ ]
Nesses casos acima, as letras representam sempre o mesmo som. Poderá haver, 
no entanto, pequenas alterações de pronúncia sem modificarem o significado das palavras 
e isso será detalhado nas próximas unidades.
17UNIDADE I Introdução à Fonética e à Fonologia
Mas nem sempre há essa correspondência. Às vezes o mesmo som pode ser 
representado por letras diferentes:
[ s ] santo, ciúmes, osso, próximo.
[ ʃ ] chance, ameixa.
[ g ] guerra, gota.
[ z ] asa, azia, exausto. 
[ k ] cama, quilo.
Há também situações em que um único som é representado por duas letras. São 
os chamados dígrafos:
 ch [ ∫ ] - chuva, cheque…
 lh [ ʎ ] - pilha, palhaço…
 nh[ ŋ ] – ninho, banho…
 ss [ s ] – passeio, assar…
 sc [ s ] – descida, nascer…
sç [ s ] – desça, cresça…
qu [ k ] - queijo, quiabo…
gu [ g ] – guerrilha, guitarra…
Existem letras que não representam fonema algum. É o caso do “h’ em início de
palavras, apenas é usado porque deriva de alguma palavra que possuía “h”. As 
letras “m” e “n” em final de sílabas também não representam som, só nasalizam a vogal 
anterior:
herbanário, homem, hífen, hora....
bomba, ombro, sombra, ambiente...
antes, untar, ente, índio....
Pode ocorrer de uma letra representar sons diferentes, dependendo do contexto 
linguístico em que ela esteja inserida:
Letra “x” – baixo [ ∫ ], nexo [ ks ], próximo [ s ], êxodo [ z ]...
Letra “s” – casamento [ z ], saúde [ s ]...
18UNIDADE I Introdução à Fonética e à Fonologia
Letra “z” – azar [ z ], paz [ s ] (nesta última palavra, há mais possibilidades de 
pronúncia)...
Letra “g” – goma [ g ], geada [ ʒ ]...
A letra “x”, em algumas palavras, pode representar dois sons [ks]: perplexo, anexo, 
prolixo, sexo, conexão, maxilar, intoxicar...
Uma questão relevante é que o número de letras pode ou não coincidir com o 
número de fonemas (sons que ainda serão detalhados nas unidades seguintes). Isso pode 
se dar por vários motivos. A seguir apresento a palavra, a transcrição dos fonemas e o 
motivo por não haver correspondência entre o número de letras e de fonemas:
Hoje – / ‘o ʒe / - 4 letras e 3 fonemas. O “h” inicial não representa fonema.
Táxi - / ‘taksi / - 4 letras e 5 fonemas. A letra “x” representa 2 fonemas, /ks/. 
Descer - / de ‘ser / - 5 letras e 4 fonemas. As letras “sc” representam um fonema 
só, /s/.
Macaco - / ma ‘kako / - 5 letras e 5 fonemas.
Há casos dependentes do contexto fonético (HAUPT, 2012, p. 240 e 241), que 
poderiam ser destacados aqui. Por exemplo, o som [ k ], quando seguido das letras “a”, “o”, 
“u” (ou dos sons [ a ], [ ɔ ], [ o ], [ u ]) será grafado com a letra “c”: casa, coisa, cunhado. Se 
aparecem as vogais “e”, “i”, já vai haver necessidade do grupo de duas letras (dígrafo) “qu” 
para produzir o mesmo som: aquele [ a’ keli ], máquina [ ‘makinɐ ]. 
O som [ g ] aparece seguido das vogais “a”, “o”, “u”: gato, goela, guarda. Para 
representar o mesmo som seguido das vogais “e”, “i”, será necessário o grupo de letras 
“gu”: gueto [ ‘getʊ ], guinada [ gi’ nadɐ ].
Sem querer aqui estender a lista em detalhes, ainda posso levantar casos inte-
ressantes, (HAUPT, 2012, p. 241) como o som [ z ] em início de palavra que sempre será 
representado pela letra “z”: zebra, zangão, zoada, zangar... E o som [ ∫ ] representado pela 
letra “x”, depois de ditongo: caixa, ameixa, feixe, faixa...
3.1 Relação entre letra e som no Português do Brasil: um desafio à alfabeti-
zação
Dependendo do tipo de variação linguística a que a criança em fase de alfabetiza-
ção esteja exposta, existirão dificuldades específicas para ela entender a relação entre o 
19UNIDADE I Introdução à Fonética e à Fonologia
som das palavras e a escrita. Esse é um fato importante, principalmente porque há várias 
maneiras de pronunciar um vocábulo e só uma forma oficial de escrevê-lo.
Muitas podem ser as dificuldades nessa área. As palavras terminadas com a letra 
“e” ou a letra “o” átonas normalmente são pronunciadas com os fones [ i ], [ ʊ ]. Então, 
“osso” soa como [ ‘osu ] ou [ ‘osʊ ], como se costuma representar, e “pele” soa como [ ‘ 
pɛli ]. É comum, durante o processo de alfabetização, a criança grafar o final das palavras 
“osso” e “pele”, respectivamente, com as letras “u”, “i”. A criança vai precisar entender que 
se pronuncia de uma forma, mas se escreve de outra. 
Outra situação em que crianças se veem em dificuldades, é com o som de “r” em 
finais de verbos no infinitivo. Em muitas localidades brasileiras esse som não é pronunciado. 
Daí a grafia, por exemplo, de “falar”, “comprar”, “vender”, poder ser feita, respectivamente, 
como “falá”, “comprá”, “vendê”. 
Outra situação é quando alguns grupos de vogais (ditongos) são desfeitos na fala. 
Por exemplo, “peixe’ soa como [ ‘peʃi ] ou [ ‘peʃe ]. O resultado pode ser a grafia “pexe” 
ou “pexi”. O mesmo pode ocorrer com vocábulos como “faixa”, “caixa”, trouxe”, “couro”, 
“ouro”... Novamente, a criança vai precisar entender que se pronuncia de uma forma, mas 
se escreve de outra.
Outra dificuldade é o “h” no início de palavras. Ele só tem valor etimológico (quer 
lembrar a origem do vocábulo). Como ele não representa nenhum som, saber empregá-lo 
será mais um exercício de memorização. Dentre outras atividades úteis para usar esse “h”, 
a leitura de textos variados auxilia a conhecer palavras como “haver”, “hífen”, “herói”, “hon-
ra”... Nessa questão, a criança precisará entender esse fenômeno da Língua Portuguesa: 
uma letra que se coloca na palavra sem que ela represente som.
Existem situações em que a criança precisará entender que um mesmo som poderá 
ser representado por letras diferentes. Pode ser necessário ajudar a criança a compreen-
der certas situações linguísticas e também a desenvolver atividades de memorização. É 
o caso, dentre muitos outros, do som [ z ]. Esse som em início de palavra só poderá ser 
representado pela letra “z”, como em “zero”, “zumbido”, zoológico”... Já no início de sílaba, 
no interior de palavras, poderá ser representado pela letra “s”, quando entre duas vogais, 
como em “asa”, “mesa”, “peso”. Além disso, na mesma situação da letra “s” pode aparecer 
a letra “x” representando o mesmo som, como ocorre com “êxodo”, “exame”, “exagero”...
Não quero aqui fazer uma lista exaustiva. Mas muitas são as situações linguísti-
cas que precisam ser conhecidas pelo professor que alfabetiza e pelo professor de língua 
materna no Brasil. A nasalidade conferida, por exemplo, pelo til, na palavra “maçã”, e pela 
20UNIDADE I Introdução à Fonética e à Fonologia
letra “n”, na palavra “hífen”, é idêntica, embora sejam soluções ortográficas diferentes. A 
pronúncia do “lh”, na palavra “palha”, por exemplo, é próxima da pronúncia das letras “li”, 
na palavra “família”. O que pode levar uma criança a escrever “familha”. Aqui a consciência 
dos sons da língua, a repetição, as brincadeiras com esses sons e uma série de palavras 
para ilustrar as duas situações linguísticas podem ajudar a criança a alicerçar uma crença 
adequada para esses sonse para as letras correspondentes. 
Conhecer essas características do sistema ortográfico do português brasilei-
ro, de suas regularidades e irregularidades, é fundamental para o professor 
de língua. Além disso, é também fundamental que o professor conheça as 
diferentes variedades e os diversos falares de seus alunos. Consideramos 
que debruçar-se sobre essas variedades é o primeiro passo para se fazer um 
bom trabalho com a ortografia. Nessa perspectiva, o professor poderá enten-
der o que há por trás dos desvios ortográficos de seus alunos decorrentes 
das transcrições da fala e de analogias que resultam em casos de hipercor-
reção, por exemplo. (HAUPT, 2012, p. 242).
REFLITA
O grande escritor Ariano Suassuna foi entrevistado por uma aluna que queria uma fala 
sua sobre o preconceito linguístico. A aluna alegava que ele seria a pessoa ideal para fa-
lar sobre isso por ter muito conhecimento e por ser nordestino. O escritor responde num 
texto inspirador e que suscita o respeito ao modo de as mais variadas pessoas falarem:
– O que você me disse me deixou meio mal-assombrado. Mas é o se-
guinte, uma coisa que a mim me incomoda muito como escritor é porque 
normalmente as pessoas não distinguem a linguagem escrita da lingua-
gem falada. A linguagem escrita é uma convenção, e as vezes pra mim e 
até um preconceito, veja bem, tem gente por aí que pensa diferente, mas 
eu acho que existe até um preconceito contra o povo; quando o pessoal 
vai apresentar um personagem popular, faz questão de errar a grafia, 
dos nomes. Olhe, a grafia é uma convenção, está entendendo?, ninguém 
fala de acordo com a grafia. Veja, por exemplo, eu sou nordestino, como 
você, eu não digo “cruz”, eu digo “cruiz”, eu não digo “luz”, eu digo “luiz”. 
Eu só conheço um tipo de gente que fala desse jeito, é pastor protestante 
e padre católico, eles dizem “Jesus, na cruz, cercado de luz”. Tá certo? 
[...] (FEEDBACK MAGAZINE, 2014).
21UNIDADE I Introdução à Fonética e à Fonologia
SAIBA MAIS
Caro aluno (a), quem fala o português mais correto? Qual região do Brasil fala o por-
tuguês mais correto? Qual o sotaque mais adequado ao português falado no Brasil? 
Qual o sotaque mais bonito ou o mais aceito? Se em algum momento você se faz essas 
perguntas, é porque existe a ideia de que haveria um português correto e outras formas 
de falar seriam menos corretas ou incorretas. Se você viajar o Brasil um pouco ou for 
ver um vídeo na internet com algum morador típico de alguma região brasileira falando, 
perceberá pronúncias diferentes, chiados diferentes e até coisas que recebem nomes 
diferentes... E a pergunta continua… O que é mais correto? Qual a forma mais adequa-
da de falar? Em um país grande como o Brasil, não é possível existir uma única forma 
de falar o idioma oficial. As regiões brasileiras receberam influências linguísticas distin-
tas. Existem influências mais próximas do português lusitano, de línguas indígenas, de 
línguas africanas, de descendentes europeus de várias etnias e línguas, etc.. 
Em situações profissionais como a do Jornal Nacional, por exemplo, os jornalistas op-
tam por evitar qualquer sotaque muito afetado ou muito capaz de identificar uma região. 
Acabam tendo pronúncias meio artificiais. E quanto mais letrado for o ambiente de tra-
balho, mais haverá a tendência culta de pronunciar bem as palavras e de cuidar de uma 
entonação frasal que favoreça a clareza e a boa comunicação no ambiente de trabalho. 
Agora, os sotaques, as pronúncias típicas, as entonações de frase típicas de cada re-
gião devem ser respeitadas. Mesmo porque esses fenômenos são inevitáveis. Além 
disso, numa visão linguística científica e distante de preconceitos, essa diversidade do 
português falado no Brasil representa um dos aspectos da riqueza cultural de nosso 
país. Respeitar isso é sinal de conhecimento linguístico e de tolerância. 
Fonte: o autor.
22UNIDADE I Introdução à Fonética e à Fonologia
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As discussões linguísticas feitas na primeira unidade são o início de questiona-
mentos que serão ampliados nas unidades seguintes. Você estudou algumas questões 
sobre Fonética e Fonologia. Começou a pensar também em características específicas do 
Português do Brasil. Refletiu sobre a atualidade e abrangência desses estudos. Viu alguns 
aspectos gerais da transcrição das consoantes, das semivogais e das vogais do Português 
do Brasil. Essas transcrições que ajudam a entender os fones e fonemas do idioma falado 
no país serão aprofundadas nas próximas unidades. O objetivo principal será entender as 
variações de pronúncia no Brasil.
Você percebeu que nem sempre existe correspondência exata entre letra e som no 
nosso idioma. Levantamos algumas situações bem específicas e importantes dentro desse 
assunto. E você deve ter percebido o quanto é importante estudar esses aspectos sonoros 
de nossa língua devido à sua complexidade. Por outro lado, o assunto é instigante e nos 
provoca a aprofundar os conhecimentos nas próximas unidades.
23UNIDADE I Introdução à Fonética e à Fonologia
LEITURA COMPLEMENTAR
Civilização Banto/Contribuições para a cultura brasileira
A maior parte dos negros escravizados que foram trazidos para o Brasil eram de 
etnias bantas (Congo, Benguela, Ovambo, Cabinda, Angola, Macua, Angico etc.)[1]. A des-
peito do intenso processo de aculturação a que foram submetidos quando chegaram no 
Brasil, muito de sua cultura original preservou-se. Muito do vocabulário atual do português 
que é falado no Brasil, por exemplo, tem origem banta. Mais especificamente, se origina do 
idioma quimbundo, uma das línguas nacionais de Angola.
Por exemplo: “banza” vem de mbanza[2]. “Banzar” vem de kubanza[3]. “Berimbau” 
vem de mbirimbau. “Bunda” vem de mbunda. “Cachimbo” vem de kixima, palavra que 
também originou “cacimba”. “Caçula” vem de kasule. “Cacumbu” vem de ka, “pequeno” 
e kimbu, “machado”[4]. “Cacunda” vem de kakunda[5]. “Cafuné” vem de kifunate, “torcedura”. 
“Calango” vem de kalanga[6].
“Camundongo” vem de kamundong. “Candimba” vem de kandemba[7]. “Canjica” 
vem de kanjika. “Capanga” vem de kappanga. “Carimbo” vem de kirimbu, “marca”. “Caxin-
guelê” vem de kaxinjiang’elê, “rato de palmeira”[8]. “Cochilar” vem de kukoxila. “Curiango” 
vem de kurianga, “preceder”[9]. “Curinga” vem de kuringa, “matar”[10].
“Dendê” vem de ndénde, “palmeira”. “Farofa” vem de falofa. “Fubá” vem de fuba. 
“Ganja” (no sentido de “vaidade”) vem de nganji[11]. “Ganzá” vem de nganza, “cabaça”[12]. 
“Jiló” vem de njilu. “Macaia” vem de ma’kaña[13]. “Macota” vem de ma’kota, “os maiores”[14].
“Maculo” vem de ma’kulu[15]. “Macumba” vem de ma´kumba[16]. “Marimba” vem 
de marimba[17].
“Marimbondo” vem de ma (prefixo de plural) + rimbondo, “vespa”. “Maxixe” vem 
de maxi’xi[18]. “Mocambo” vem de mu´kambu, “cumeeira”. “Molambo” vem de mu´lambu, 
“pano”. “Moleque” vem de mu´leke, que significa “menino”. “Moqueca” vem de mu´keka. 
“Muamba” vem de mu´hamba, “carga”. “Mucama” vem de mu´kama, “amásia escrava”. 
“Mugunzá” vem de mu´kunza, “milho cozido”. “Mumbanda” vem de mi-nbamda, “mulher”[19]. 
“Mumbica” vem de mu’bika, “escravo”[20].
“Munguzá” vem de mu’kunza, “milho cozido”[21]. “Murundu” vem de mulun’du[22]. 
“Muxiba” vem de mu´xiba, “nervo, veia”. “Quiba” e “quibas” vêm de kiba, “pele, couro”[23]. 
“Quenga” vem kienga, “tacho”[24]. “Quibaca” vem de kibaka, “ombreira”[25]. “Quibebe” vem 
de kibebe[26].
“Quiçaça” vem de kisada, “moita, ramo”[27]. “Quiçamba” vem de kisambu, “samburá 
grande”[28]. “Quilombo” vem de kilombo, “povoação”. “Quimanga” vem de kimanga, “alcofa, 
cesto”[29].
https://pt.wikibooks.org/wiki/Civiliza%C3%A7%C3%A3o_Banto/Contribui%C3%A7%C3%B5es_para_a_cultura_brasileira
https://pt.wikibooks.org/wiki/Civiliza%C3%A7%C3%A3o_Banto/Contribui%C3%A7%C3%B5es_para_a_cultura_brasileira
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https://pt.wikibooks.org/wiki/Civiliza%C3%A7%C3%A3o_Banto/Contribui%C3%A7%C3%B5es_para_a_cultura_brasileira
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24UNIDADE I Introdução à Fonética e à Fonologia
“Quimbanda” vem de kimbanda, “curandeiro”[30]. “Quitanda” vem de kitanda, “feira”. 
“Quitute” vem de kitutu, “indigestão”. “Samba” vem de semba, “umbigada”. “Senzala” vem 
de sanzala. “Soba” vem de soba[31]. “Tanga” vem de tanga, “pano”. “Tungar” vem de tunga, 
“madeira, pancada”[32]. “Tutu” vem de ki´tutu. “Umbanda” vem de umbanda, “magia”[33]. 
“Xingar” vem de kuxinga, “injuriar”.
Muitos alimentos cultivados e consumidos pelas populações bantas se incorpora-
ram à alimentação cotidiana da população brasileira, como o jiló, a melancia, o maxixe, a 
galinha d’angola, o quiabo, o azeite de dendê e o feijão-fradinho. No campo da música, os 
bantos forneceram grande parte do ritmo que caracteriza a música brasileira. O gosto dos 
bantos pelos batuques, atabaques e instrumentos de percussão se refletiu em gêneros 
musicais como o samba, a bossa nova, o coco, o maracatu, o pagode etc. Um instrumento 
musical introduzido na música brasileira provavelmente pelos bantos foi a cuíca, que acre-
dita-se originalmente ter sido criada para imitar os sons dos animais e ajudar desta forma a 
atraí-los para serem caçados.
Em Salto de Pirapora, no estado de São Paulo, existe, até hoje, um dialeto deri-
vado das línguas bantas. É a cupópia, que é usada juntamente com o português e que se 
compõe de uma mistura dos idiomas quicongo, quimbundo e umbundo[34]. Em duas cidades 
do estado de Minas Gerais, também sobrevivem, até hoje, línguas de origem banta: em 
Patrocínio (a língua calunga) e em Bom Despacho (a gira da Tabatinga). Embora todas as 
três línguas estejam em processo de extinção, devido ao reduzido número de pessoas que 
as conhecem.
A atual arte marcial da capoeira foi criada no Brasil pelos negros escravizados 
bantos procedentes do sul de Angola, que praticavam, em sua terra de origem, uma luta 
que tinha por objetivo encostar o pé na cabeça do oponente, num movimento semelhante 
ao coice de uma zebra. Tal luta, chamada n’golo («zebra» em quimbundo), era praticada ao 
som de tambores e possuía muitos movimentos semelhantes à capoeira atual. O vencedor 
das competições da luta tinha o direito de escolher uma noiva sem ter de pagar o dote, na 
cerimônia de iniciação das mulheres chamada mufico, efico ou efundula[35]. O berimbau, o 
principal instrumento utilizado na capoeira, também é originário dos povos bantos do sul da 
África [...] 
Em 2003, o Decreto 4887 passou a regular a identificação e a legalização dos terri-
tórios remanescentes dos antigos quilombos. A medida significa um reconhecimento oficial 
por parte do governo brasileiro dos direitos dos descendentes de negros escravizados e do 
valor de sua cultura [...][41][42]
Texto de domínio público. Não editado pelo autor deste material.
(CIVILIZAÇÃO BANTO/CONTRIBUIÇÕES PARA A CULTURA BRASILEIRA, 2019)
https://pt.wikibooks.org/wiki/Civiliza%C3%A7%C3%A3o_Banto/Contribui%C3%A7%C3%B5es_para_a_cultura_brasileira
https://pt.wikibooks.org/wiki/Civiliza%C3%A7%C3%A3o_Banto/Contribui%C3%A7%C3%B5es_para_a_cultura_brasileira
25UNIDADE I Introdução à Fonética e à Fonologia
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
Título: Fonologia, Fonética e Ensino Guia introdutório
Autor: Mikaela Roberto
Editora: Parábola
Sinopse: Livro atualizado, com tópicos importantes de Fonologia 
e Fonética. Além disso, discute a relação entre oralidade e escrita, 
assunto de interesse à alfabetização e à formação de professores 
de língua materna. Apresenta os fones do Português do Brasil, 
suas transcrições e variações (alofones). 
FILME/VÍDEO
Título: Jornal Hoje - Sotaques do Brasil desvendam as diferentes 
formas de falar do brasileiro.
Ano: 2014
Sinopse: Para divulgar o Atlas Linguístico do Brasil, lançado em 
2014, pela Editora da Universidade Estadual de Londrina (EDUEL), 
num esforço de pesquisadores de várias universidades brasileiras, 
o Jornal Hoje fez uma série de vídeos. O Atlas investigou sotaques 
e usos linguísticos variados nas capitais brasileiras. 
O vídeo em questão trata de diferentes nomes que uma mesma 
coisa recebe em diferentes localidades brasileiras. O Atlas in-
vestigou mais de 200 palavras com nomes variantes. E o Jornal 
Hoje percorreu o Brasil para apresentar essas variações de forma 
curiosa e divertida.
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=WwP_b48TpgE&t=1s
FILME/VÍDEO
Título: Jornal Hoje - Sotaques do Brasil: o maior número de pes-
soas disputam o falar do brasileiro. 
Ano: 2014
Sinopse: O vídeo 2 é da mesma série produzida pelo Jornal Hoje 
para divulgar o Atlas Linguístico do Brasil, lançado em 2014, pela 
Editora da Universidade Estadual de Londrina (EDUEL). Nele 
mostra-se o fone [ s ], em algumas situações de final de sílaba. O 
vídeo convida a uma viagem por algumas localidades brasileiras, 
entrevistando pessoas pronunciando o “s” mais ou menos chiado. 
Entrevista também pesquisadores que trabalharam na produção 
do Atlas Linguístico do Brasil. É muito curiosa a variedade de 
pronúncia do som [ s ] apresentada pelo jornal e as falas dos pes-
quisadores são bem instrutivas. 
Link do vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=flOhPXEPW9c
https://www.youtube.com/watch?v=WwP_b48TpgE&t=1s
https://www.youtube.com/watch?v=flOhPXEPW9c
26
Plano de Estudo:
● Fonética articulatória;
● As vogais e as consoantes em Língua Portuguesa;
● A transcrição fonética.
Objetivos de Aprendizagem:
● Entender a participação dos órgãos do aparelho fonador na produção da voz humana;
● Distinguir os principais processos articulatórios na produção de vogais, semivogais e 
consoantes;
● Ilustrar como são amplas as possibilidades de pronúncia do Português do Brasil;
● Relacionar as possibilidades de pronúncia com a representação delas na transcrição 
fonética.
UNIDADE II
Fonética
Professor Esp. Sérgio Aparecido Carneiro
27UNIDADE II Fonética
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), bem-vindo (a) à Unidade II. Nela você vai encontrar muito co-
nhecimento sobre a fonética e sobre o Português do Brasil. Vai fazer uma “viagem” comigo, 
entendendo alguns fatos do nosso idioma: como você e eu produzimos nossa voz, nossa 
fala e como essa produção é flexível. 
Num país gigante como o nosso, as influências linguísticas serão muito diferentes 
de região para região e muito diversas também serão as possibilidades de pronúncia das 
palavras. Você terá uma oportunidade de começar a pensar nessa riqueza do Português do 
Brasil, de maneira organizada e inteligente. 
Está unidade está dividida em três tópicos. No primeiro, Fonética articulatória, você 
estudará o aparelho fonador humano e terá chances de entender melhor como articulamos 
os sons que usamos para nos comunicarmos na fala. Trata-se de um conhecimento valioso 
voltado para o nosso idioma, mas que pode ajudar você no aprendizado de qualquer nova 
língua. 
No segundo tópico, trato de como são produzidas especificamente as vogais, con-
soantes e semivogais no Português do Brasil. Aqui você já vai aprender muito de transcrição 
fonética também. Procurei usar uma linguagem bem acessível para facilitar o seu processo 
de aprendizagem. Faça comigo todo o percurso teórico com calma, você vai perceber que 
o conteúdofica mais fácil de entender.
No terceiro tópico, algumas questões de transcrição são retomadas. Aproveito tam-
bém para recuperar algumas discussões importantes através de transcrições. É um olhar 
sobre a diversidade de pronúncia de nosso idioma que vai muito além do conhecimento 
comum sobre como se escrevem as palavras. O que importa aqui é compreender os sons 
produzidos e como registrar isso para efeito de estudo. Espero que você aproveite esta 
unidade para dar mais um passo no entendimento de nosso idioma. Bom trabalho!
28UNIDADE II Fonética
1 FONÉTICA ARTICULATÓRIA
A Fonética Articulatória é definida como o estudo dos sons da fala na 
perspectiva de suas características fisiológicas e articulatórias. Para se 
entender os mecanismos de articulação desses sons, precisa-se inicialmente 
conhecer os diferentes órgãos responsáveis pela realização dos sons das 
línguas naturais, ou melhor, o aparelho fonador humano. (SEARA; NUNES; 
LAZZAROTO-VOLÇÃO, 2011, p.17)
 Todos os órgãos do chamado aparelho fonador têm funções específicas no corpo 
humano e a produção de sons seria uma segunda possibilidade deles. Dentre todos os 
sons que podemos emitir pela boca, alguns são articulados e formam as palavras, são os 
chamados fones e fonemas. Observe a seguir os órgãos envolvidos na produção da voz 
humana:
(Imagem 1- adaptada pelo autor: o aparelho fonador)
29UNIDADE II Fonética
Esses órgãos do chamado aparelho fonador desempenham dois tipos de funções 
na produção da voz:
Os órgãos articuladores envolvidos na produção da fala dividem-se em ativos 
e passivos. Os articuladores ativos, aqueles que se movimentam para a 
realização dos diferentes sons da fala, são constituídos: pela língua (que se 
divide em ápice (ponta), lâmina e dorso) e lábio inferior, que alteram a cavi-
dade oral; pelo véu do palato, que é responsável pela abertura e fechamento 
da cavidade nasal; e pelas pregas vocais. Os articuladores passivos com-
preendem o lábio superior, os dentes superiores, os alvéolos (região crespa, 
logo atrás dos dentes superiores), o palato duro (região central do céu da 
boca) e o palato mole (final do céu da boca) (SEARA; NUNES; LAZZAROTO-
-VOLÇÃO, 2011, p.18).
Durante o processo de inspiração, o ar entra pelo nariz, passa pela faringe, laringe, 
traqueia, brônquios e chega aos pulmões. O diafragma e os músculos intercostais se con-
traem e as costelas se levantam. O tórax aumenta de volume…
Na hora da expiração, durante a soltura do ar, é que os fones podem ser produzidos. 
A expiração para produzir a fala (SEARA; NUNES; LAZZAROTO-VOLÇÃO, 2011, p. 20) é 
bem mais longa que a inspiração e dura de 4 a 20 segundos. E a expiração em silêncio dura 
em média 2 segundos. Na respiração sem produção de voz, o ar passa livremente pelas 
laringe e cordas vocais.
Na produção da voz humana ocorrem duas situações distintas quanto à passagem 
do ar pelas cordas vocais, originando os chamados sons surdos e sonoros. No caso 
dos sons surdos ou não vozeados, durante a passagem do ar, as cordas vocais estarão 
abertas e o ar passará livremente sem vibração. Já no caso dos sons sonoros ou vozeados, 
as cordas vocais estarão fechadas. E durante a passagem do ar as pregas vocais serão 
forçadas e vibrarão. Veja a ilustração abaixo, que mostra a situação das cordas vocais na 
hora de produzir os sons surdos e sonoros, respectivamente:
(Imagem 2 - adaptada pelo autor: as cordas vocais)
30UNIDADE II Fonética
Se você colocar a mão na altura do pomo de Adão, perceberá que, para os pares 
surdo/sonoro, a vibração será percebida somente na hora em que o som sonoro for pronun-
ciado. Os pares de fones a seguir são surdos e sonoros, respectivamente:
[ p ] x [ b ], [ t ] x [ d ], [ f ] x [ v ], [ ʃ ] x [ ʒ ], [ k ] x [ g ]. 
Outra questão é a possibilidade de produzir sons orais ou nasais. Quando o véu 
palatino está levantado, o ar sai todo pela boca, são produzidos os sons orais, como [ p ], [ 
k ], [ s ], [ a ], [ ɛ ], [ e ]. É o que mostra a primeira ilustração abaixo. A maioria dos sons em 
Português do Brasil são orais. Por outro lado, quando o véu palatino está abaixado, o ar 
sai pela boca e pelas cavidades nasais, são produzidos os sons nasais. São exemplos de 
sons nasais: [ m ] de “mau”, [ n ] de “nada”, [ ɲ ] de “manhã”, e as vogais [] de “ímã”, [ ẽ ] de 
“sempre”, [ ĩ ] de “pinho”, [ õ ] de “monstro”, [ ũ ] de “mundo”. A produção dos sons nasais é 
ilustrada na segunda figura abaixo. Se você colocar a mão fechando as cavidades nasais e 
produzir fones, o ar sairá somente pela boca. Então você perceberá que sons como [ e ], [ 
t ], [ p ] soarão com pronúncias adequadas, iguais às que você costuma ouvir. Mas se você 
fechar as cavidades nasais com a mão e pronunciar, por exemplo, os sons [ m ] e [ n ] (“mê”, 
“nê”), ouvirá sons “fanhosos”, como se costuma dizer. Haverá uma alteração nas pronún-
cias que você está acostumado a ouvir, porque o ar estará saindo só pela boca ao invés de 
sair pela boca e pelo nariz como ocorre com os sons nasais. Observe as ilustrações abaixo
(Imagem 3 - adaptada pelo autor: O véu palatino na produção de sons orais e nasais)
31UNIDADE II Fonética
2 AS VOGAIS E AS CONSOANTES EM LÍNGUA PORTUGUESA
2.1 As vogais do Português do Brasil
Em primeiro lugar, já vimos, na unidade anterior, que as vogais são produzidas sem 
interrupção da corrente de ar na boca, diferentemente das consoantes. Além disso, são 
formadoras de sílaba. Toda sílaba, em Língua Portuguesa, precisa de pelo menos um som 
de vogal. O som de consoante já pode ou não ocorrer na sílaba. É importante para o estudo 
das vogais, saber em que tipo de sílaba o som vocálico se encontra: tônica ou átona. Por 
exemplo, na palavra “árvore” (ár-vo-re), “ár-” é a sílaba tônica, “-vo-“ é átona e postônica e 
“-re” é átona final e postônica. E, em “cipó” (ci-pó), “ci-” é sílaba átona pretônica e “-pó” é a 
tônica.
Vários são os critérios para descrição das vogais do Português do Brasil. Vamos 
começar pensando na articulação delas, no tocante ao papel da língua, dos lábios e da 
mandíbula:
Para a classificação articulatória das vogais, estão envolvidos o corpo da lín-
gua e os lábios. O corpo da língua pode movimentar-se verticalmente, levan-
tando-se ou abaixando-se, ou horizontalmente, avançando ou recuando. A 
mandíbula auxilia na abertura do trato oral para a diferenciação entre vogais 
abertas e fechadas. O parâmetro que define o movimento vertical da língua 
é denominado altura e o que define o movimento horizontal (avanço/recuo) 
denomina-se anterioridade/posterioridade. Há ainda a possibilidade de os lá-
bios estarem distensos ou arredondados. O movimento de arredondamento 
dos lábios ocorre na produção de vogais ditas arredondadas. As demais são 
articuladas com os lábios distensos e são classificadas como não arredonda-
das (SEARA; NUNES; LAZZAROTO-VOLÇÃO, 2011, p. 26).
32UNIDADE II Fonética
 Parâmetro altura da língua: é preciso considerar o movimento vertical da língua. 
Embora haja outro movimento simultâneo da língua, vou considerar agora só o movimen-
to vertical por questão meramente didática. Segundo esse critério, as vogais podem ser 
baixas, médias-baixas, médias-altas e altas. Pronuncie as vogais que vou demonstrar na 
sequência e perceba que a língua irá do repouso até uma posição bem elevada. 
Vogais baixas: [ a ], [ ɐ ]. A língua estará em repouso, na parte inferior da boca. [a 
], como em “vale” [ ‘vali ], “pá” [ ‘pa ]. Já [ ɐ ] será vogal final átona, pronunciada mais fraco, 
como em “mesa” [ ‘mesɐ ], “louça” [ ‘lowsɐ ].
Vogais médias-baixas: [ ɛ ], [ ɔ ]. Ao pronunciar [ ɛ ], como em “mel” [ ‘mɛw ], “pé” 
[ ‘pɛ ] e [ ɔ ], como em “moda” [ ‘mɔdɐ ] e “só” [ ‘sɔ ], ambas vogais abertas, já se percebe 
uma pequena alteração da língua num movimento para cima.
Vogais médias-altas: [ e ], [ o ]. São vogais fechadas, como [ e ] em “seco” [‘seko], 
“medo” [ ‘medo ] e [ o ] em “moer” [ ‘moeɾ ], “bistrô” [ bis ‘tɾo ]. Ao pronunciar essasvogais, 
já se percebe mais alguma elevação da língua, se comparadas às vogais anteriores.
Vogais altas: [ i ], [ u ]. Aqui a língua estará numa posição bem elevada, como 
ocorre com [ i ] de “miado” [ mi ‘ado ] e [ u ] de “pulo” [ ‘pulo ].
Parâmetro anterioridade/posterioridade: o foco dessa classificação é o movi-
mento horizontal da língua. Ela pode ser jogada para frente ou recuada para trás. Segundo 
esse critério, as vogais serão centrais, anteriores e posteriores.
Vogais centrais: [ a ], [ ɐ ]. Há uma pequena diferença de posição da língua na 
produção dessas duas vogais. Para produzir o [ a ] a língua vai um pouquinho para frente 
se comparada com a vogal final átona [ ɐ ]. Mas em ambas a língua acaba ficando no centro 
da boca.
Vogais anteriores: [ ɛ ], [ e ], [ i ]. Pronuncie essas vogais e perceba como a língua 
se movimenta em direção para frente, em direção aos alvéolos que protegem os dentes 
superiores. 
Vogais posteriores: [ ɔ ], [ o ], [ u ]. Pronuncie esses fones e perceba que o dorso 
da língua se desloca num movimento para trás, em direção ao palato mole. 
Parâmetro lábios distendidos ou arredondados: os lábios podem estar disten-
didos, relaxados, como ocorre com as vogais anteriores e até com as vogais centrais: [ ɛ 
], [ e ], [ i ], [ a ], [ ɐ ]. Mas, na hora de pronunciar os sons vocálicos posteriores, [ ɔ ], [ o 
], [ u ], os lábios ficam bem arredondados e são jogados para frente. Pronuncie as vogais 
distendidas ou relaxadas na frente do espelho: [ ɛ ], [ e ], [ i ], [ a ], [ ɐ ]. Depois pronuncie 
33UNIDADE II Fonética
as vogais arredondadas na frente do espelho, [ ɔ ], [ o ], [u], e observe atentamente como 
os lábios ficam bem redondos e como eles são jogados para frente, na pronúncia destas 
últimas vogais.
(Imagem 4 - adaptada pelo autor: formato da boca produzindo sons arredondados)
Quanto ao timbre: as vogais podem ser abertas, fechadas ou reduzidas. [ a ], [ɛ], 
[ ɔ ], como em “fale”, “pé”, “jiló”, respectivamente, são produzidas com uma boa abertura 
da boca, são chamadas de abertas. [ e ], [ o ], como em “selo” e “poeira”, respectivamente, 
são produzidas com uma pequena abertura da boca, são chamadas de fechadas. Já as 
finais átonas são pronúncias de maneira fraca e muito rapidamente, de forma que há uma 
abertura mínima da boca. São chamadas de reduzidas. Essas finais átonas - [ ɐ ], [ I ], [ ʊ 
] – ocorrem em palavras como “casa” [ ‘kazɐ ], “lápis” [‘lapIs] ou “mole” [ ‘mɔlI ], “vírus [ ‘virʊs 
] ou “poço” [ ‘posʊ ].
Quanto à intensidade: as vogais podem ser tônicas ou átonas. Depende da sílaba 
em que a vogal esteja. Em “açaí” (a-ça-í), há 3 vogais: a última é tônica, a penúltima e a 
antepenúltima são átonas. Existe também a sílaba subtônica, com vogal subtônica, que 
ocorre em palavras derivadas. Por exemplo, em “somente” (so-men-te), a penúltima sílaba 
é tônica e a antepenúltima é subtônica (mais forte que a última sílaba que é átona e menos 
forte que a sílaba tônica). O mesmo ocorre com as palavras derivadas seguintes (destaquei 
a sílaba subtônica): “facilmente”, “pezinho”, “cidadezinha”. A subtônica era a sílaba tônica 
na palavra primitiva (destaquei a sílaba tônica): “fácil”, “pé”, “cidade”. 
Papel das cavidades bucal e nasal: esse é outro critério de classificação das 
vogais. Já explicamos, no primeiro tópico desta unidade, que com o véu palatino levantado, 
na hora de produzir os fones, o ar sai todo pela boca e produzidos os sons orais. Por outro 
lado, com o véu palatino abaixado (reveja a imagem 3), o ar sai pela boca e pelas cavidades 
34UNIDADE II Fonética
nasais, são produzidos então os sons nasais. Embora haja pequenas diferenças no pro-
cesso de abaixar e levantar o véu palatino para produzir as várias vogais do Português do 
Brasil, não destaco isso aqui, para evitar detalhes que possam dificultar o estudo. Se você 
tiver interesse, pode conferir isso em Seara, Nunes e Lazzaroto-Volção (2011, p. 37-40). 
Assim, existem as vogais orais [ a ], [ ɛ ], [ e ], [ ɔ ], [ o ], [ i ], [ u ] e as vogais orais 
para representar também as finais átonas, com pronúncia fraca: [ ɐ ], como em “vela” [ 
‘vɛlɐ ]; [ I ], como em “júri” [ ‘ʒuɾI ]; [ ʊ ], como em “lótus” [ ‘lɔtʊs ]. E existem as vogais nasais 
[], [ ẽ ], [ ĩ ], [ õ ], [ ũ ]. As vogais nasais se reduzem em relação às orais, porque não existem 
vogais nasais abertas. Então, [ ɛ ] e [ ɔ ], que são abertas, nunca poderiam ser vogais 
nasais.
Além de vogais nasais como as que ocorrem com “vilã” [ vi ‘lɐ͂ e “corações” 
[koɾa‘sõys], há os casos de vogais que são nasalizadas pelo contexto vizinho:
[...] temos vogais que são nasalizadas em função dos contextos vizinhos. É o 
que ocorre em palavras como cama, ninho, tenho, nas quais o abaixamento 
do véu do palato para a articulação da consoante nasal adjacente é realizado 
antes da completa articulação da vogal que antecede esse segmento nasal. 
Isso faz com que tais vogais sejam percebidas como nasalizadas. Em con-
texto tônico, essa nasalização é mais perceptível do que em contexto átono. 
Essas palavras são transcritas, respectivamente, como: [ ‘kmɐ ], [ ‘nĩ ɲʊ ] e [ 
tẽɲʊ ]. (SEARA; NUNES; LAZZAROTO-VOLÇÃO, 2011, p. 41).
Quanto ao vozeamento: as vogais vibram as cordas vocais ao serem produzidas. 
Podem ser chamadas de vozeadas ou sonoras. No entanto, Seara, Nunes e Lazzaroto-Vol-
ção (2011, p. 41) chamam a atenção para o fenômeno de “desvozeamento”, que ocorre 
com as finais átonas: [ ɐ ], [ I ] e [ ʊ ]. Devido ao seu caráter de pronúncia rápida e fraca, 
perdem a característica de vozeamento. São consideradas surdas. É o que ocorre, por 
exemplo, com a última vogal do vocábulo “moço” [ ‘mosʊ ].
Seara, Nunes e Lazzaroto-Volção (2011, p. 46) montaram um quadro para sintetizar 
a análise básica das vogais do Português do Brasil, que se costuma fazer em Fonética e 
Fonologia. Vamos usá-lo para retomar a título de resumo o que estudamos sobre vogais. 
Vamos usá-lo também para pensar na diferença entre as vogais quando se trata de situação 
pretônica, tônica e postônica.
35UNIDADE II Fonética
Tabela 1: As vogais do Português do Brasil
(SEARA; NUNES; LAZZAROTO-VOLÇÃO, 2011, p.46).
* Esses segmentos só vão aparecer em palavras derivadas como cafezinho, bolinha, nas quais as sílabas 
tônicas são, respectivamente, “zi” e “li”, mas cujas sílabas pré-tônicas “fe” e “bo” possuem um acento secun-
dário herdado de suas correspondentes palavras de origem.
** Esses segmentos aparecerão de forma minoritária em algumas regiões do Brasil, como por exemplo na 
capital do estado do Paraná.
Pelo quadro fica fácil de retomar o Parâmetro altura da língua, o Parâmetro anterio-
ridade/posterioridade da língua e o Parâmetro lábios distendidos ou arredondados. Sugiro 
que você retome rapidamente o que foi dito sobre essas classificações e depois tente vi-
sualizar isso aqui no quadro. Vai ficar bem fácil. O quadro só ilustra os sons vocálicos orais.
No quadro das pretônicas, aparecem cinco vogais: [ a ], [ e ], [ o ], [ i ], [ u ]. Elas 
ocorrem em palavras como “atrevido”, em que a vogal da sílaba “-vi-“ é a tônica e as duas 
vogais anteriores - [ a ], [ e ] – são as pretônicas. Já as vogais [ ɛ ], [ ɔ ] abertas ocorreriam 
só em sílabas subtônicas como na primeira vogal da palavra “sozinho”. 
Por outro lado, diferentemente da visão desse quadro sobre as vogais pretônicas 
e para enriquecer essa discussão, cito Cardoso et al. (2014, p. 70-73), no Atlas Linguístico 
do Brasil, com pronúncias das capitais brasileiras, obra em que foram observadas as pro-
núncias das vogais médias [ɛ ], [ ɔ ] abertas em posição pretônica em palavras normais, 
sem estarem em sílaba subtônica. Palavras como “tesoura”, “travesseiro”, “cebola”, “ferida, 
36UNIDADE II Fonética
“perfume” tiveram a vogal média pretônica anterior em questão realizada como [ ɛ ] e como 
[ e ]. O mesmo ocorreu como a vogal média pretônica posterior [ ɔ ] e [ o ]. Ambas foram 
ouvidas em palavras como“trovoada”, “toró”, “orvalho”, “coração”, “coletivo”. 
No quadro das vogais tônicas, aparecem sete vogais: [ a ], [ ɛ ], [ e ], [ ɔ ], [ o ], [ i ], 
[ u ]. São fones estáveis.
Quanto ao quadro das vogais postônicas, as autoras pretendem destacar as fi-
nais átonas já bem comentadas aqui: [ ɐ ], [ I ], [ ʊ ]. Normalmente, essas vogais seriam 
reduzidas a três no Português do Brasil. Porém, nos estados do Sul, como foi chamada a 
atenção para Curitiba no quadro, pode ocorrer a existência também de [ e ], [ o ]. A questão 
recai sobre palavras como “leite” e “povo”. Normalmente a última vogal seria ouvida como 
[ I ], [ ʊ ], respectivamente. Mas, nos estados do Sul, também pode-se ouvir [ e ], [ o ], 
respectivamente. É o que faria as palavras em questão soarem como [ ‘leyte ] e [ ‘povo ].
2.2 Encontros vocálicos
O núcleo da sílaba será sempre uma vogal. Caso haja outros sons vocálicos ro-
deando essa vogal, na mesma sílaba, esses sons serão as chamadas semivogais. Elas são 
os fones [ i ], [ u ] pronunciados de maneira mais breve. As semivogais (ou glides) podem 
ser representadas por [ y ] e [ w ], como ocorre nas palavras “sei” e “meu”, transcritas fone-
ticamente por [ ‘sey ] e [ ‘mew ]. Pode ocorrer o encontro de uma vogal e uma semivogal na 
sílaba e haverá o chamado ditongo, como em “vai” [ ‘vay ]. Pode ocorrer também o encontro 
de uma vogal e duas semivogais na sílaba e haverá o chamado tritongo, como na palavra 
“iguais”, formada pelas sílabas: i-guais [ i ‘gways] 
Mas o que interessa aqui são os sons, os fones. Várias situações de palavras com 
letras diferentes − além de “i”, “u” − podem produzir o som de semivogal. Vou destacar 
algumas situações importantes. Inicialmente, como mostrei acima, as letras “i”, “u” podem 
satisfazer as condições para serem semivogais, quanto estiverem numa situação periférica 
de sílaba ao lado de uma vogal. É o que ocorre nas palavras “foi” e “nasceu” (nas-ceu), que 
podem ser pronunciadas como [ ‘foy ] e [ na ‘sew ].
Outra situação pode ocorrer com as letras “m” e “n” em finais de palavras. É o 
que acontece com a palavra “tem”, em que se ouve um “i” depois do som [ ẽ ]: [‘tẽy]. 
É o que acontece com a palavras “hífen”: [ ‘ifẽy ]. Na mesma situação está a palavra 
“falaram”, em que o “m” final soa como [ w ]: [ fa ‘laɾɐ͂w ]. Outros exemplos: “falem” 
[‘falẽy], “amém” [a ‘mẽy], “andem” [ ‘ɐ͂dẽy ], “águem” [ ‘agwẽy ] e “pegaram” [ ‘pe ‘gaɾɐ͂w], 
escreveram [ ‘ escɾe ‘veɾɐ͂w ].
37UNIDADE II Fonética
Outra situação pode ocorrer com a letra “l” soando como [ w ], depois de uma vogal 
e em final de sílaba: “mel” [ ‘mɛw ], “sal” [ ‘saw ], “anzol” [ ‘ɐ͂zɔw ], “pastel” [ ‘past ɛw ].
Também podem ocorrer encontros vocálicos em que a letra “e” representa o som [ 
y ] e a letra “o” representa o som [ w ]. É o caso das palavras seguintes: “põe” [ ‘põy ], “mãe” 
[ ‘mɐ͂y ], “mão” [ ‘mɐ͂w ] , “latão” [ la ‘tɐ͂w ], “orquídea” [ oɾ ‘kidyɐ ], “róseo” [ ‘ řɔzyo ].
Voltando à classificação, os ditongos podem ser crescentes (semivogal e vogal) ou 
decrescente (vogal e semivogal). Além disso, podem ser orais ou nasais, dependendo da 
vogal do encontro. Já os tritongos têm estrutura fixa: semivogal + vogal + semivogal. Os 
tritongos também podem ser orais ou nasais.
Seara, Nunes e Lazzaroto-Volção (2011, p. 43) apresentam uma lista das possibili-
dades de ditongos em Português do Brasil. Veja-os nos quadros abaixo:
Quadro 1 : Os ditongos Decrescentes
Decrescentes Orais: Decrescentes Nasais
gaita [ ay ] mão [ ɐ͂w ] 
leite [ ey ] mãe [ ɐ͂y ]
ideia [ ɛy ] tem [ ẽy ]
oito [ oy ] Põe [ õy ]
joia [ ɔy ] 
circuito [ uy ] 
aula [ aw]
deu [ ew]
papel [ ɛw ]
abriu [ iw ]
roubo [ ow ]
sul [ uw ]
lençol [ ɔw ]
Quadro 2: Os ditongos Crescentes
Crescentes Orais: Crescentes Nasais:
farmácia [ yɐ ] quando [ uɐ͂ ] 
série [ ye ] pinguim [ uĩ ]
Biópsia [ yɐ ]
Biologia [ yo ]
Quase [ wa ]
Tênue [ we ]
(Quadros com adaptações do autor)
38UNIDADE II Fonética
Pode ocorrer, na pronúncia de palavras com ditongo, a monotongação. Nesse caso, 
o ditongo passa a ser uma só vogal. É desfeito o ditongo. A seguir, vou colocar exemplos de 
palavras seguidas da pronúncia sem e com monotongação, respectivamente:
● caixa [ ‘kayʃɐ ] - [ ‘kaʃɐ ] 
● feixe [ ‘feyʃI ] - [ ‘feʃI ] 
● couro [ ‘kowɾʊ ] - [ ‘koɾʊ ]
● vou [ vow ] - [ vo ]
● manteiga [ ‘mɐ͂teygɐ ] - [ ‘mɐ͂tegɐ ]
Uma outra questão é que ditongos decrescentes nunca são separados. Já os cres-
centes podem apresentar duas pronúncias, por exemplo: “história [ is. ‘tɔ.ɾiɐ ], como vogal e 
semivogal na mesma sílaba representando o ditongo; [ is. ‘tɔ.ɾi.ɐ ], como vogal seguida de 
outra vogal, cada uma formando uma sílaba diferente.
Quanto aos tritongos orais e nasais, exemplifico e apresento a transcrição fonética 
correspondente abaixo:
Quadro 3: Os Tritongos
 Tritongos orais: Tritongos nasais:
 Paraguai [ paɾa ‘gway ] águam [ ‘agwɐ͂w ]
 enxaguei [ ẽʃa ‘gwey ] águem [ ‘agwẽy ]
 quaisquer [ kways ‘kɛɾ ] saguões [ sa ‘gwõys ]
Fonte: O autor deste material
Os encontros vocálicos ainda podem ser constituídos por vogal + vogal, seguidas, 
mas cada uma formando sílaba diferente. São os chamados hiatos. Apresento exemplos 
separados em sílabas e seguidos de observações fonéticas de Seara, Nunes e Lazzaroto-
-Volção (2011, p. 45): 
●	 co-o-pe-ra-ção [ ko.o.pe.ɾa ‘sɐ͂w ] – pode ocorrer uma crase das vogais idênticas 
e a pronúncia se modifica: [ ko.pe.ɾa ‘sɐ͂w ];
● ve-em [ ‘ve. ɐ͂y ] - pode ocorrer uma simplificação de pronúncia, a chamada 
ditongação: [ ‘vɐ͂y ];
● ri-o [ ři. u ] – há uma tendência desse hiato a tornar-se ditongo: [ řiw ].
● Outros exemplos de hiato: a-ça-í, a-í, ins-ti-tu-í, sa-ís-te, Sa-a-ra, xi-i-ta.
39UNIDADE II Fonética
2.3 As consoantes do Português do Brasil
Vários são os critérios de classificação das consoantes:
Vozeamento: Na produção do som, as cordas vocais podem estar fechadas e 
vibrarem, serão produzidos os fones vibrantes ou vozeados. Se as cordas vocais estiverem 
abertas para a passagem do ar, não vibrarão e serão produzidos os fones surdos ou não 
vozeados, como ocorre com o par surdo/sonoro [ p ] e [ b ].
Modo de articulação: Na produção das consoantes, diferentemente das vogais, 
sempre ocorre algum tipo de obstrução da saída de ar na boca. Quando for total, as con-
soantes serão chamadas de oclusivas: [ p ], [ b ], [ t ], [ d ], [ k ], [ g ]. Há ainda outras 
possibilidades articulatórias, normalmente com a interrupção parcial do ar na boca, que 
poderão ser fricativas, vibrantes, laterais, nasais, retroflexa, africadas.
Ponto de articulação: Dependendo do lugar da boca em que as consoantes são 
articuladas, terão pontos de articulação diferentes. Por exemplo, [ p ] é produzida tocando 
os lábios inferior e superior, será classificada como bilabial. Nesse critério, as consoantes 
podem ser classificadas como bilabiais, labiodentais, dental ou alveolar, alvéolo-palatais, 
palatais, velares e há ainda classificações de sons como os glotais e uvulares.
Vou detalhar as consoantes quanto às suas classificações, ciente de que não haja 
consenso dos estudiosos quanto a muitas questões. Para você entender melhor, procure 
testar o que será dito, pronunciando, articulando cada uma das consoantes em questão.
Começo com o grupo das consoantes com modo de articulação oclusivo: [ p ], [b], 
[ t ], [ d ], [ k ], [ g ]. A interrupção do ar é total na boca. Quanto ao vozeamento, temos os 
pares surdos/sonoros, respectivamente: [ p ] - [ b], [ t ] - [ d ], [ k ] - [ g ]. Todas são orais. 
[ p ], [ b ] têm o ponto de articulação bilabial (os lábios se encostam); [ t ] , [ d ] são dentais 
ou alveolares (produzidas com a ponta da língua (ápice) tocando os dentes superiores ou 
tocando os alvéolos que protegem os dentes superiores); [ k ], [ g ] são velares (a parte 
traseira da língua, o dorso, vai em direção à parte traseira do céu da boca, o chamado 
palato mole). 
As nasais sãotrês: [ m ], [ n ], [ ɲ ], como em “mala”, “nata” e “pinho”, respectiva-
mente. Essas são as únicas consoantes nasais, todas as demais são orais. Seara, Nunes 
e Lazzaroto-Volção (2011, p. 52) explicam o modo de articulação de uma nasal: 
Produzida com uma obstrução total e momentânea do fluxo de ar nas cavi-
dades orais. Há, no entanto, um abaixamento simultâneo do véu do palato, 
permitindo a liberação do ar pelas cavidades nasais. O ar então saindo dos 
pulmões ressoa também na cavidade oral antes de ser expelido somente 
através das cavidades nasais. (LAZZAROTO-VOLÇÃO, 2011, p. 52).
40UNIDADE II Fonética
Quanto ao ponto de articulação, [ m ] é bilabial (os lábios se tocam); [ n ] dental 
ou alveolar (ponta da língua toca dentes superiores ou alvéolos); e [ ɲ ] é palatal (a parte 
central da língua toca o céu da boca, o final do palato duro). Quanto ao vozeamento, as 
consoantes nasais são sonoras ou vozeadas. 
As africadas ocorrem em palavras como “tia” e “dia”: [‘tʃiɐ], [ dʒiɐ ]. É uma possibi-
lidade de pronúncia de [ t ] e [ d ] seguido do som [ i ]. Em palavras como “dente”, “forte”, 
“tarde” e “acode”, considerando a pronúncia do “e” final átono como [ I ],
ocorrem também as africadas [ tʃ ], [ dʒ ].
Africada: produzida com uma oclusão total e momentânea do fluxo de ar, se-
guida de um estreitamento do canal bucal, gerando um ruído de fricção, logo 
após o relaxamento da oclusão. Aqui também o véu do palato encontra-se 
levantado, e o fluxo de ar passa apenas pela cavidade oral (SEARA; NUNES; 
LAZZAROTO-VOLÇÃO, 2011, p. 54).
As africadas são alvéolo-palatais (a parte da frente da língua toca a parte média do 
palato duro, o céu da boca). E quanto ao vozeamento, tem-se um par surdo/sonoro: [ tʃ ], 
[ dʒ ].
As fricativas são produzidas através de um estreitamento da boca, ocorre um fe-
chamento parcial e o ar passa fazendo uma fricção. São fricativas os pares surdo/sonoro: [ 
f ] - [ v ], [ s ] – [ z ], [ ʃ ] – [ ʒ ]. São labiodentais (lábios inferiores vão em direção dos dentes 
superiores sem tocar neles: [ f ] e [ v ]. Já [ s ] e [ z ] são dentais ou alveolares (produzidas 
com a ponta da língua (ápice) tocando os dentes superiores ou tocando os alvéolos que 
protegem os dentes superiores). E [ ʃ ], [ ʒ ] são alvéolo-palatais (a parte da frente da língua 
toca a parte média do palato duro, o céu da boca). 
Os sons [ l ], [ ʎ ], [ ɫ ] são as chamadas consoantes laterais. As três são vozeadas. 
E são produzidas através de uma oclusão promovida pela língua no meio da boca e o ar 
escapa pelas laterais. O som [ l ] ocorre em palavras como “litro” [ ‘litɾʊ ]. É um fone dental ou 
alveolar (produzido com a ponta da língua (ápice) tocando os dentes superiores ou tocando 
os alvéolos que protegem os dentes superiores e deixando o ar escapar pelos lados).
O fone [ ʎ ] ocorre em palavra como “palha” [ ‘paʎɐ ]. Ele é palatal (a parte da frente 
da língua toca a parte média do palato duro, o céu da boca e deixa o ar escapar pelas 
laterais). E o som [ ɫ ] representa a pronúncia da letra de “l” final de sílaba em algumas 
regiões do rio Grande do Sul. Ocorre em palavras como “mal” [ ‘maɫ ], “pastel” [ pas ‘tɛɫ ]. 
Trata-se de uma consoante velar (o dorso da língua vai em direção à parte traseira do céu 
da boca, o chamado palato mole e bloqueia a saída do ar, que escapa pelas laterais). 
41UNIDADE II Fonética
Os sons de “r”. Esse é um assunto que gera muita controvérsia entre estudiosos 
do Português do Brasil, inclusive gerando falta de unanimidade até na transcrição dos fo-
nes. Tal dificuldade demonstra as muitas variações que os sons de “r” sofrem nas diferentes 
regiões brasileiras e está ligada também às muitas posições que o “r” pode assumir na 
palavra.
Em contexto de estudo fonológico, como vou aprofundar na unidade III, há em 
Língua Portuguesa, dois fonemas vibrantes. Um chamado vibrante simples / r / e outro 
chamado vibrante múltipla / R /. São fonemas diferentes porque são capazes de distinguir 
significado em palavras como “caro” / ‘karo / e “carro” / ‘kaRo /, por exemplo. 
Mas o que ocorre, considerando as variações (alofones) de pronúncia desses dois 
fonemas no Brasil, é o que nos interessa aqui nesta unidade. Inicialmente, apresento o som 
chamado de “tepe” – [ ɾ ], uma possibilidade de pronúncia da vibrante simples como afirmam 
as autoras Seara, Nunes e Lazzaroto-Volção (2011, p. 54):
Tepe (ou tap): produzida com uma oclusão total e rápida do fluxo de ar nas 
cavidades orais. O véu do palato está levantado, impedindo a passagem do 
ar pelas cavidades nasais: caro [ ‘kaɾʊ ], prato [ ‘pɾatʊ ]. O som [ ɾ ] apresenta 
uma oclusão percebida como uma batida bastante rápida da ponta da língua 
nos alvéolos, permitindo uma oclusão total, mas extremamente breve. Essa 
consoante também é conhecida como vibrante simples, por apresentar ape-
nas essa única batida. (LAZZAROTO-VOLÇÃO, 2011, p. 54).
Uma outra variação da vibrante simples é o “r” retroflexo”: [ ɽ ]. Seara, Nunes e 
Lazzaroto-Volção (2011, p. 55) apresentam o esse fone produzido a partir do reverso da 
ponta da língua que é levantado até tocar o palato duro. Trata-se de um som vozeado e 
oral. É o chamado “r” caipira de palavras como “porta” [ ‘pɔɽtɐ] e “amor” [ a ‘moɽ ].
Para a consoante vibrante múltipla, que aparece em início de palavra, como “”rato” 
e “Roma”, e em contextos como os de “carro”, “corrente”, “honra”, destaco a vibrante alveo-
lar [ r ] e a vibrante uvular [ R ]. 
Em primeiro lugar, vibrante alveolar [ r ] “aciona esta série de rápidas oclusões 
tocando a ponta da língua nos alvéolos” e a vibrante uvular [ R ] “realiza a sequência de blo-
queios tocando, através da vibração da úvula, o dorso da língua. Essa consoante também 
é chamada de vibrante múltipla em função das múltiplas batidas, em oposição à vibrante 
simples, que apresenta um único bloqueio”. (SEARA; NUNES; LAZZAROTO-VOLÇÃO, 
2011, p. 55).
Considerando as muitas regiões brasileiras, as realizações principalmente dos 
sons de “r” múltiplo são um assunto muito interessante e extenso, ao qual muitos atlas 
linguísticos têm se dedicado. E o apagamento do “r” em final de palavra (ou quase apaga-
42UNIDADE II Fonética
mento) também é assunto que desperta interesse hoje. Para Curioletti e Sandri, (2019, p. 
162) “[...] as representações dos traços fonológicos, aliados aos articuladores, descrevem as 
etapas de mudança de traços da vibrante [...] sendo algumas delas mais regionalizadas devido 
ao provável reflexo dos contatos linguísticos com outras línguas em cada região do Brasil [...]”. 
Por fim, não cabe nesta unidade um trabalho mais extenso dos sons vibrantes em Língua 
Portuguesa e no Português falado no Brasil. Esse é um tema para futuras pesquisas caso 
seja do seu interesse, caro (a) aluno (a).
43UNIDADE II Fonética
3 A TRANSCRIÇÃO FONÉTICA
Naturalmente, como era necessário que você fosse pensando as possibilidades 
de produção dos sons do Português do Brasil e já fosse visualizando isso através das 
transcrições, muito já fizemos sobre o assunto nesta unidade. Optamos pela transcrição 
ampla que não exagera em detalhes dos sons produzidos e pode dar uma noção mais geral 
do processo de transcrição.
Neste tópico da Unidade II, você vai poder relembrar e fixar alguns dos principais 
pontos e dificuldades que destacamos sobre as variações de sons no Português do Brasil. 
E faremos isso principalmente através da transcrição fonética. Para uma palavra dada, vou 
ilustrar algumas das principais formas de realização fonética. E junto com o fone em ques-
tão, você estará relembrando a forma de transcrever foneticamente muitos outros sons.
[ I ], [ ʊ ] – finais átonos:
mole [ ‘mɔlI ] ou [ ‘mɔle ] tiro [ ‘tiɾʊ ] ou [ ‘tiɾo ]
leve [ ‘lɛvI ] ou [ ‘lɛve ] carro [ ‘kařʊ ] ou [ ‘kařo ]
júri [ ‘ʒuɾI ] lótus [ ‘lɔtʊs ] 
[ ɛ ], [ ɔ ] abertos – [ e ], [ o ] fechados:
fé [ ‘fɛ ] selo [ ‘selo ] ou [ ‘selʊ ]
mocotó [ moko ‘tɔ ] dor [ ‘doɾ ]
44UNIDADE II Fonética
[

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