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SP2 Pediatria T4

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS
UNIDADE BÁSICA DAS BIOCIÊNCIAS
CURSO DE MEDICINA
Situação problema 2: A Teoria na Prática é Outra
Carolina Procath Cunha
Gabriela Pereira Valadares
Giovanna Casagrande
Isabela Soares
Isadora da Silva Gomes
Jéssica Thayna Resende Figueiredo
Késsia Gomes
LaressaBrunnaCouto
Luma Gabriella Santos Toledo
Pollyana Nonato
Thalia Araujo dos Santos
Mineiros-GO
2018
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS
UNIDADE BÁSICA DAS BIOCIÊNCIAS
CURSO DE MEDICINA
Situação problema 2: A Teoria na Prática é Outra
Relatório apresentado à disciplina de Tutoria da Unidade 1, do curso de medicina, como requisito parcial para obtenção de nota, sob orientação da Professora Dra Marina Timo.
Mineiros-GO
2018
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO	4
2.OBJETIVOS	5
Objetivo Geral	5
Objetivos Específicos	5
3.DESENVOLVIMENTO	6
4.CONCLUSÃO.........................................................................................................25 
5.REFERÊNCIAS	26
1. INTRODUÇÃO
	No segundo caso de tutoria abordado em sala de aula, aprenderemos um pouco sobre o desenvolvimento da criança que está relacionado ao cognitivo e psicomotor delas, diferindo de crescimento, que se inicia dentro da barriga das mães, e são as mudanças de tamanho, peso e características dos corpos dos bebês, e veremos as etapas de crescimento normal, além de estudarmos as formas de avaliar isto.
	Além disso, discutiremos o método Capurro, que é uma avaliação para determinar a idade gestacional precisa. E contribuindo com este conteúdo, estudaremos a curva pondero-estatural, que nada mais é que a curva de crescimento da OMS, que analisa, por exemplo: peso por idade ou comprimento por idade.
	Ademais, verificaremos algumas carências nutricionais da primeira infância, que advém de uma dieta inadequada para a criança, veremos então a importância do aleitamento materno, e comentar um pouco sobre a alimentação ideal para elas, para que estas não sofram nenhuma consequência ou atraso no futuro.
	Além do mais, será abordado também, a importância da puericultura, que se refere a todas as ações que visam o desenvolvimento da criança, usado pela primeira vez por Ballexserd, ao publicar um livro sobre isso.
	Por fim, discutiremos o SISVAN: Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional, preconizado na década de 70, na Conferência Mundial de Alimentação; o qual um dos objetivos é: fatores que influenciam os padrões de consumo alimentar e o estado nutricional.
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
· Compreender o crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor da criança.
2.2. Objetivos Específicos
A) Definir o crescimento e desenvolvimento; 
B) Caracterizar o método de avaliação Capurro e outros; 
C) Descrever as etapas do crescimento normal e as formas de avaliação; 
D) Discorra a cerca da curva pondero-estatural; 
E) Aleitamento materno X Imunidade; 
F) Reconhecer as principais carências nutricionais na primeira infância e comentar sobre alimentação ideal; 
G) Discutir sobre o SISVAN; 
H) Relacionar as condições socioeconômicas com o desenvolvimento e crescimento da criança; 
I) Descreva a importância da puericultura.
3. DESENVOLVIMENTO
A) Definir o crescimento e desenvolvimento
	É importante fazer essa diferenciação, no crescimento são as mudanças de tamanho, forma e características do corpo, as quais acontecem desde o momento que começamos a nos formar na barriga da nossa mãe.
	Ao chegarmos ao final da adolescência, percebemos certo estabelecimento nas modificações corporais (como no nosso tamanho, por exemplo). Contudo, vale salientar que, por sermos seres em constante mudança, nossas características fisiológicas mudam ao longo de todo o ciclo vital. As mudanças no processo de crescimento humano podem ser observadas, medidas e qualificadas e, por isto, são chamadas de mudanças quantitativas.
	Já quando nos referimos ao desenvolvimento humano, incluímos tanto as mudanças quantitativas quanto as qualitativas (não mensuráveis), as quais estão relacionadas às várias etapas pelas quais passamos ao longo de todo o nosso ciclo de vida.
	Se as mudanças quantitativas se referem aos aspectos físicos do crescimento, as qualitativas dizem respeito às mudanças cognitivas (relativas às nossas capacidades mentais) e socioemocionais (nossos relacionamentos com nós mesmos e com os outros), desde o momento em que a pessoa se forma na barriga da sua mãe até a sua morte. Essas mudanças acontecem de maneira ordenada, são comuns à maioria das pessoas, e servem para nos tornar competentes para responder às nossas necessidades e às do nosso meio. É a isto que chamamos de desenvolvimento humano.
	Os pediatras precisam compreender o crescimento, desenvolvimento e comportamento normais para monitorar o progresso de seus pacientes, identificar retardos ou anormalidades de desenvolvimento e aconselhar os pais. A prática efetiva requer familiaridade com as principais expectativas teóricas e com estratégias que possam aperfeiçoar o crescimento e desenvolvimento. O crescimento é um marcador do bem- estar geral, da existência de doenças crônicas e famílias ao longo do tempo, os pediatras podem observar as inter-relações entre o crescimento físico e o desenvolvimento cognitivo, motor e emocional. 
B) Caracterizar o método de avaliação Capurro e outros
A idade gestacional é o tempo transcorrido desde a concepção até o momento do nascimento. Por métodos clínicos é impossível determinar o momento da concepção, podendo ser inferido de forma indireta a partir da data da última menstruação (DUM). Este método, de uso universal, é tanto mais confiável quanto a mãe se recorda das datas das suas menstruações e quanto mais regulares sejam seus ciclos.
	O método Capurro, é uma avaliação realizada a fim de determinar a idade gestacional precisa. Ele consiste na observação de sinais físicos e característica neurológica do recém-nascido, e através destas características é possível estimar a IG, pois muitos deles variam de acordo com a idade fetal. O somatório desses elementos é capaz de estimar a IG, tendo uma margem de erro de duas semanas. 
	O método é realizado após o nascimento da criança, e avalia o desenvolvimento de cinco fatores para determinar a idade gestacional do recém-nascido, são eles: textura da pele, pregas plantares, glândulas mamárias, formação do mamilo e formação da orelha.
	A tabela abaixo demonstra os aspectos analisados no método e a pontuação de cada item.
	Para determinar a IG com base neste método somático, é necessário avaliar cada um dos itens com cuidado, assinalando a pontuação correspondente a eles. A pontuação (P) somada dos fatores deve ser acrescida de 204. O resultado desse cálculo será dividido por 7, obtendo assim o número de semanas da idade gestacional.
IG = (P + 204)/7
	O escore de Capurro é utilizado para determinar a IG quando as mães desconhecem a data da última menstruação (DUM) e não realizaram a ultrassonografia gestacional precoce (até 14 semanas). Os métodos citados acima (DUM e USG transvaginal precoce) possuem uma precisão maior, sendo preferíveis para essa análise.
	Por avaliar um número maior de características neurológicas, o método de New Ballard é a alternativa mais indicada para avaliação de recém-nascidos prematuros. Isso acontece porque o escore de Capurro baseia-se principalmente em fatores físicos e, em prematuros, a avaliação neurológica garante maior precisão da identificação da IG.
	Fundamental para as áreas médicas de obstetrícia e neonatologia, o New Ballard Score (NBS) é um dos métodos utilizados para determinar a idade gestacional (IG) de um recém-nascido. Essa estimativa baseia-se na análise de determinadas características físicas e neurológicas do neonato, com possível margem de erro de duas semanas.
	Ele analisa 6 parâmetros neurológicos (postura, ângulo de flexão do punho, retração do braço, ângulo poplíteo, sinal do xale, calcanhar-orelha) e 6 parâmetros físicos (pele, lanugo, superfície plantar, glândula mamária, olhos/orelhas, genital masculino, genital feminino), a cada um dos quais se atribuiuma pontuação que na somatória determinará a estimativa da idade gestacional. 
	Para obter um resultado com maior precisão, o exame físico do bebê deve ser realizado entre 12 e 20 horas após o nascimento. Para determinar a idade gestacional, o New Ballard avalia seis parâmetros neurológicos e seis físicos. O profissional responsável pelo exame atribui uma nota para cada indicador, conforme a tabela de parâmetros, cuja somatória determina a IG do recém-nascido.
	Nesse método, o resultado é obtido com a soma simples da pontuação correspondente a todos os parâmetros avaliados. A tabela abaixo correlaciona a idade gestacional (semanas e dias) à somatória encontrada.
	Ele é imprescindível quando não é possível determinar a data da última menstruação da mãe e o exame de ultrassonografia não foi realizado no início da gestação. 
C) DESCREVER AS ETAPAS DO CRESCIMENTO NORMAL E AS FORMAS DE AVALIAÇÃO
	O desvio desse padrão normal de crescimento pode ser a primeira manifestação de uma grande variedade de doenças, tanto endócrinas como não endócrinas. Portanto, é de extrema importância a avaliação frequente e acurada do crescimento de uma criança.
Fases do crescimento normal
Fase intrauterina: A média da velocidade de crescimento (VC) do feto é de 1,2 a 1,5 cm/sem, mas apresenta grandes variações. A VC no meio da gestação é de 2,5 cm/sem e diminui para quase 0,5 cm/sem logo antes do nascimento.
Fase do lactente: O primeiro ano de vida é caracterizado por maior VC (cerca de 25 cm/ano), sobretudo nos primeiros seis meses, a qual se reduz a partir do segundo ano (15 cm/ano). Nessa fase, os principais fatores implicados no crescimento da criança são os nutricionais e ambientais; os fatores genéticos e o hormônio de crescimento têm menor atuação.
Fase pré-púbere: Período entre o terceiro ano de vida e o início da puberdade. Caracteriza-se por crescimento mais estável, de aproximadamente 5-7 cm/ano. Nessa fase, os fatores genéticos e hormonais (hormônio de crescimento) têm maior relevância. É importante lembrar que a VC, apesar de mais estável, também sofre oscilações.
Fase puberal: O crescimento puberal ocorre mais cedo nas meninas do que em meninos, porém o estirão puberal nos meninos é maior. Nessa fase, a aceleração do crescimento está relacionada, principalmente, aos esteroides sexuais e ao hormônio de crescimento.
Fase puberal final: Caracterizada por crescimento lento, de cerca de 1 a 1,5 cm/ano, sobretudo na região do tronco, com duração média de três anos.
Avaliação do crescimento estatural normal
	A história clínica é fundamental na avaliação do crescimento. Deve-se detalhar aspectos da gestação, condições de parto (anoxia neonatal, parto pélvico ou transverso), peso e comprimento ao nascimento e anormalidades neonatais, como icterícia prolongada e hipoglicemia neonatal sem causa aparente. História de traumatismo cranioencefálico (TCE) deve ser pesquisada ativamente, pois o TCE está relacionado a disfunção hipotálamo-hipofisária de maneira evolutiva. Avaliar sinais e sintomas de doenças sistêmicas, como síndrome de má absorção, cardiopatias, pneumopatias, entre outros, e o uso de medicações que possam comprometer o crescimento (p. ex. na corticoterapia). 
	É necessário que o exame físico também seja detalhado e não se deve esquecer de avaliar a presença de estigmas específicos, pois várias síndromes comprometem o crescimento. A observação de obesidade associada à baixa estatura é importante para pesquisa de quadros patológicos. 
	Além de avaliar o crescimento da criança em relação ao padrão da população de referência, é importante realizar a avaliação evolutiva, através da VC, que representa o número de centímetros que a criança cresce a cada ano. É o método mais sensível de reconhecer os desvios de crescimento normal.
	A estatura da criança deve também ser relacionada à estatura de seus pais, pois se constitui em uma das características fenotípicas que recebem grande influência da herança genética. É necessário confirmar a estatura dos pais, visto que as medidas informadas por eles têm baixa precisão. Quando o percentil do pai e da mãe são semelhantes, existe grande probabilidade da criança atingir na vida adulta um percentil muito próximo do familiar. A estatura-alvo (TH) pode ser calculada pelas fórmulas: 
Paciente do sexo feminino: TH = (estatura pai – 13) + estatura mãe : 2 
Paciente do sexo masculino: TH = estatura pai + (estatura mãe + 13) : 2
Avaliação laboratorial do crescimento estatural
	As crianças com crescimento deficiente devem ser avaliadas laboratorialmente para que se excluam as doenças pediátricas de maior prevalência. É importante lembrar que muitas doenças sistêmicas iniciam-se com o comprometimento do crescimento mesmo antes dos sintomas específicos. 
	Com relação à investigação hormonal, deve-se sempre começar pela função tireoidiana. A dosagem do fator de crescimento insulina-símile (IGF-1) e de sua proteína carreadora (IGFBP-3) pode ser utilizada como triagem para avaliação da deficiência do hormônio de crescimento. Na interpretação desses resultados deve-se sempre levar em consideração o método laboratorial usado, o estado nutricional, o sexo e o estadiamento puberal, e não apenas a idade cronológica.
D) Discorra a cerca da curva pondero-estatural
	As curvas de crescimento constituem um importante instrumento técnico para medir, monitorar e avaliar o crescimento de todas as crianças e adolescentes de 0 a 19 anos, independente da origem étnica, situação socioeconômica ou tipo de alimentação. Desnutrição, sobrepeso, obesidade e condições associadas ao crescimento e à nutrição da criança podem ser detectadas e encaminhadas precocemente. As curvas da OMS adaptam-se bem ao padrão de crescimento das crianças e adolescentes e aos pontos de corte de sobrepeso e obesidade recomendados para os adultos. Dessa forma, a referência da OMS preenche a lacuna antes existente nas curvas de crescimento e correspondem à referência adequada para a avaliação nutricional das crianças e adolescentes do nascimento aos 19 anos, razão esta que fez este Ministério adotar essa referência para o Brasil.
	As cadernetas da criança e do adolescente contêm as curvas para a avaliação do crescimento, de acordo com a faixa etária e o sexo, o que as tornam importantes instrumentos para orientar o monitoramento do estado nutricional. 
E) Aleitamento materno X Imunidade
	Uma alimentação saudável inicia com o aleitamento materno, que exclusivamente é capaz de nutrir de modo adequado a criança nos primeiros seis meses de vida para o seu adequado crescimento e desenvolvimento. 
	O aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança e constitui a mais sensível, econômica e eficaz intervenção para redução da morbimortalidade infantil. Permite ainda um grandioso impacto na promoção da saúde integral da dupla mãe/bebê e satisfação de toda a sociedade. 
	A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam aleitamento materno exclusivo por seis meses e complementado até os dois anos ou mais. Não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses, podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde da criança.
	O Ministério da Saúde adota as seguintes definições de AM que são preconizadas pela OMS: 
- AME/Aleitamento Materno Exclusivo: quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos. 
- AM predominante: quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais. 
- AM: quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado), independentemente de outros alimentos. 
- AM complementado: quando a criança recebe, além do leite materno, alimentos complementares, que são alimentos sólidos ou semi-sólidos que complementam o leite materno.Nesta categoria a criança pode estar recebendo, além do leite materno, outro tipo de leite, mas este não é considerado alimento complementar. 
- AM misto ou parcial: quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite.
	Ademais, é válido salientar a importância do aleitamento materno, já que para a criança: 
- Evita mortes infantis; 
- Evita diarréia; 
- Evita infecção respiratória; 
- Diminui o risco de alergias; 
- Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes; 
- Reduz a chance de obesidade; 
- Melhor nutrição; 
- Promove o crescimento;
- Efeito positivo na inteligência (promoção do desenvolvimento cognitivo);
- Melhor desenvolvimento da cavidade bucal. 
	E para a mulher:
- Menor sangramento pós-parto e, consequentemente, menor incidência de anemias;
- Proteção contra câncer de mama;
- Evita nova gravidez; 
- Menos fraturas ósseas por osteoporose;
- Menores custos financeiros; 
- Promoção do vínculo afetivo entre mãe e filho; 
- Melhor qualidade de vida. 
	Não se pode esquecer que, o leite humano possui numerosos fatores imunológicos que protegem a criança contra infecções. A IgA secretória é o principal anticorpo, atuando contra microorganismos presentes nas superfícies mucosas. Os anticorpos IgA no leite humano são um reflexo dos antígenos entéricos e respiratórios da mãe, ou seja, ela produz anticorpos contra agentes infecciosos com os quais já teve contato, proporcionando, dessa maneira, proteção à criança contra os germens prevalentes no meio em que a mãe vive. A concentração de IgA no leite materno diminui ao longo do primeiro mês, permanecendo relativamente constante a partir de então. 
	Além da IgA, o leite materno contém outros fatores de proteção, tais como anticorpos IgM e IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina, alfa-lactoalbumina, lisosima, células-tronco (atuando como um "sistema de reparação interna") e fator bífido. Este favorece o crescimento do Lactobacilus bifidus, uma bactéria não patogênica que acidifica as fezes, dificultando a instalação de bactérias que causam diarréia, tais como Shigella, Salmonella e Escherichia coli. 
	Alguns dos fatores de proteção do leite materno são total ou parcialmente destruídos pelo calor, razão pela qual o leite humano pasteurizado (submetido a uma temperatura de 62,5°C por 30 minutos) não tem o mesmo valor biológico que o leite cru. 
	Outrossim, apesar de a sucção do bebê ser um ato reflexo, ele precisa aprender a retirar o leite do peito de forma eficiente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca quatro pontos-chave que caracterizam o posicionamento e pega adequados:
· Pontos-chave do posicionamento adequado 
1. Rosto do bebê de frente para a mama, com nariz na altura do mamilo; 
2. Corpo do bebê próximo ao da mãe; 
3. Bebê com cabeça e tronco alinhados (pescoço não torcido);
4. Bebê bem apoiado.
Pontos-chave da pega adequada 
1. Mais aréola visível acima da boca do bebê;
2. Boca bem aberta;
3. Lábio inferior virado para fora;
4. Queixo tocando a mama
F) Reconhecer as principais carências nutricionais na primeira infância e comentar sobre alimentação ideal
	Com relação à alimentação da criança, o aleitamento materno deve ser de forma exclusiva até os 6 meses, ou seja, a criança não recebe água nem sucos. O leite materno é o melhor e o mais completo alimento para a criança. A criança deve começar a mamar imediatamente após o nascimento, pois isso favorece a saída da placenta (do útero da mãe), a limpeza do mecônio (líquido que está envolvendo a criança no útero) e estabelece o aleitamento mais cedo. O primeiro leite tem coloração amarela e é chamado de colostro. Produzido em pequenas quantidades, é essencial para o bebê porque possui muitas proteínas e substâncias que protegem a saúde. É através do colostro que a mãe passa suas defesas contra infecções para seu filho. O leite materno ajuda no melhor desenvolvimento do sistema nervoso da criança, pois existem nele substâncias especiais para o desenvolvimento das células do cérebro. O aleitamento materno estimula uma maior produção de leite. Quanto mais a criança mama, mais leite a mãe produz, por isso a criança deve sugar o peito com frequência para estimular a produção de leite em quantidade suficiente para suprir suas necessidades. As crianças menores de 1 ano não amamentadas têm risco muito maior de morrer por diarreia e doença respiratória, quando comparadas com as de mesma idade, alimentadas exclusivamente ao seio. O aleitamento materno previne a verminose, doenças respiratórias, doenças de pele, inflamação de ouvido e diarreias, evitando que a criança fique desnutrida. Oferecer à criança amamentada água ou chás, prática considerada inofensiva até pouco tempo atrás, pode dobrar o risco de diarreia nos primeiros 6 meses.
- Desnutrição 
	A desnutrição acontece quando a criança passa fome ou tem uma dieta inadequada para satisfazer suas necessidades nutricionais. A falta do leite materno entre crianças de 0 a 2 anos de idade, o desmame precoce, a alimentação errada iniciada antes dos 6 meses de vida, más condições sanitárias e de higiene que favorecem a ocorrência de verminoses, infecções e diarreia são as causas mais comuns de desnutrição porque o apetite da criança diminui e o alimento que consome não é utilizado eficazmente. Nesses casos, a criança pode sofrer emagrecimento acentuado ou desenvolver inchaço. A família deve evitar a desnutrição das crianças, pois ela provoca graves consequências para a saúde e para o desenvolvimento. Além da perda de peso, caso a desnutrição dure muito tempo, vai atingir também o crescimento e o desenvolvimento, criando consequências para a vida futura da criança, como, por exemplo, dificuldade na aprendizagem. Para evitar a desnutrição, é muito importante que a mãe faça o aleitamento exclusivo nos primeiros 6 meses de vida da criança e siga o esquema de alimentação para as diferentes idades apresentado neste volume.
	Desnutrição proteico-calórica: desenvolve-se quando a criança não obtém de seus alimentos suficiente energia ou proteínas para satisfazer suas necessidades nutricionais. Uma criança que tenha tido doenças agudas com frequência também pode desenvolver desnutrição proteico-energética. O apetite da criança diminui e o alimento que consome não é utilizado eficazmente. Neste tipo de desnutrição, a criança pode t sofrer emagrecimento acentuado (marasmo). t desenvolver edema (kwashiorkor). t associar o edema com o emagrecimento acentuado (kwashiorkor-marasmo).
	Anemia: a segunda importante modalidade de desnutrição é a anemia ferropriva, que atinge preferencialmente gestantes e crianças de diferentes idades. Na infância, mesmo anemias leves podem levar ao baixo ganho ponderal e a perdas no desempenho escolar. Frequentemente, quadros de deficiência de ferro estão associados a infecções e infestações parasitárias, como também a carências de outros nutrientes como, por exemplo, a vitamina B12. Entre os fatores determinantes da diminuição de ferro no organismo estão as práticas alimentares das famílias, com oferta insuficiente de alimentos ricos em ferro ou oferta de alimentos com ferro de baixo aproveitamento pelo corpo (biodisponibilidade). Por outro lado, as combinações alimentares também são um fator predisponente à falta de ferro no organismo das crianças, a exemplo do consumo de leite ou derivados, que são fontes de cálcio, junto com carnes ou leguminosas que são fontes de ferro. O cálcio consumido junto com fontes de ferro impede sua absorção (deve-se deixar um mínimo de três horas para dar leite depois de uma refeição rica em ferro). Outras causas são: Infecções; Infestações por parasitas como ancilóstomos ou tricocéfalos, que podem produzir perda de sangue nos intestinos e acarretar anemia; Malária, que pode gerar destruição rápida dos glóbulos vermelhos. As seguintes medidas colaboram na recuperação do peso da criança: incentivar o aleitamento materno, inclusive trabalhar o estímulo à relactação, continuar amamentando e introduzir alimentação suplementar para crianças maiores de 6 meses, utilizaralimentos de alto valor nutritivo, ricos em nutrientes e caloria, aumentar a densidade energética com a adição de óleo vegetal a cada refeição salgada, acrescentar a cada refeição salgada, para menores de 1 ano, 1 colher de sobremesa de óleo e, para maiores de 1 ano, 1 colher de sopa de óleo e estimular o uso de outras fontes de gordura como manteiga e pastas de sementes/ amendoim/castanhas, no preparo dos alimentos.
Os efeitos da má nutrição nos primeiros anos de vida causam:
A- Atraso no crescimento físico e no desenvolvimento geral da criança. 
B- Efeitos sobre o desenvolvimento da aprendizagem, conhecimento da criança. 
C- Aumento de problemas do comportamento e de relacionamento na idade escolar. 
D- Aprendizagem deficiente, atenção diminuída e desempenho escolar mais fraco
Como introduzir a alimentação complementar: 
- Iniciar com papa de cereais ou frutas. 
- É melhor usar farinha de milho ou arroz do que de mandioca.
- Iniciar com 1 a 2 colheres depois da mamada. 
- Esperar alguns dias antes de introduzir outro alimento. Observar se a criança aceita bem ou se apresenta alguma reação alérgica. 
- Usar colher e não mamadeira. 
- Ir aumentando gradualmente a quantidade de alimentos. Depois de 1 mês, misturas de cereais podem ser introduzidas. 
- Não se deve forçar criança a comer, ela precisa de tempo para se acostumar aos novos sabores, texturas e ao uso da colher. 
- À medida que a criança se desenvolve, novos alimentos devem ser introduzidos. O estômago da criança é pequeno, portanto, a quantidade de comida deverá ser pouca e oferecida várias vezes ao dia. 
- Uma criança de 1 a 3 anos pode comer cerca de 200 a 300 g de uma vez. Para obter energia e nutrientes suficientes, deve-se dar comidas concentradas ou alimentá-la frequentemente. 
- No início da alimentação, os alimentos devem ser amassados como purê. Aos 9 meses, a maioria das crianças aceita alimentos cortados em finas camadas. Aos 2 anos, já pode comer metade do que come um adulto.
G) Discutir sobre o SISVAN
A Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) nos serviços de saúde da Atenção Básica inclui a avaliação antropométrica (medidas corporais) e do consumo alimentar, cujos dados são consolidados no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), desde o registro de dados antropométricos e de marcadores de consumo alimentar até a geração de relatórios.
O SISVAN foi preconizado na década de 70, na Conferência Mundial de Alimentação (Roma, 1974), recomendado pela OMS, OPAS, FAO e UNICEF, com o objetivo de: monitorar as condições dos grupos desfavorecidos da população de risco, e proporcionar um método de avaliação rápida e permanente de todos os fatores que influenciam os padrões de consumo alimentar e o estado nutricional. No Brasil o início da implantação foi em 1977, com três áreas temáticas propostas inicialmente foram:
· Estado nutricional / Carências específicas
· Consumo alimentar
· Desempenho e qualidade do serviço 
Atualmente o SISVAN - Brasil, tem atuado na vigilância de variáveis antropométricas de crianças menores de 5 anos e de gestantes. A cobertura geográfica e populacional ainda não é nacional. No monitoramento da situação alimentar e nutricional, o SISVAN deve se concentrar na atenção a gestante e no crescimento e desenvolvimento das crianças, servindo de eixo para todo trabalho empreendido na rede de serviços, de forma especial na atenção básica de saúde, inclusive considerando o compromisso de sua universalização. 
Portanto, o SISVAN tem como missão produzir um elenco básico de indicadores capazes de sinalizar os eventos de maior interesse, tais como: disponibilidade de alimentos, aspectos qualitativos e quantitativos da dieta consumida, práticas de amamentação e perfil da dieta complementar pósdesmame, distribuição do peso ao nascer, prevalência da desnutrição energéticoprotéica, de anemias, do sobrepeso, das deficiências de iodo e de vitamina A e das demais carências de micronutrientes relacionadas às enfermidades crônicas não-transmissíveis. 
H) Relacionar as condições socioeconômicas com o desenvolvimento e crescimento da criança
O Brasil vivenciou significativas melhoras nos indicadores de saúde e nutrição infantil, em decorrência do crescimento econômico, da urbanização e redução na taxa de fecundidade. Por isso, os coeficientes de mortalidade infantil e os déficits de altura em crianças menores de cinco anos reduziram. 
Neste viés, crianças menos abastadas tendem a apresentar piores níveis de saúde em razão da incapacidade financeira dos pais de adquirir insumos para a sua melhoria, em decorrência disto, estas crianças tendem a abandonar os estudos, além de provavelmente se tornarem adultos com algum problema de saúde e uma baixa capacidade de produção no mercado de trabalho. 
Desse modo, condições de vida desfavoráveis, como falta de acesso à educação e a uma assistência médica de qualidade, a habitação e a falta de alimentos adequados para os pais e para as crianças influenciam de maneira notória no desenvolvimento infantil, tendo como consequência o retardo de crescimento principalmente linear em relação ao peso corpóreo das crianças na linha da pobreza. 
I) Descreva a importância da puericultura
	O termo “puericultura” etimologicamente quer dizer: puer = criança e cultur/cultura = criação, cuidados dispensados a alguém. Ele foi utilizado pela primeira vez por Ballexserd, ao publicar na Suíça, em 1762, seu livro Tratado de Puericultura, abordando questões gerais de higiene da criança. Esta expressão ganhou força ao ser retomada pelo médico francês Caron, que, em 1865, publicou um manual intitulado A puericultura ou a ciência de elevar higienicamente e fisiologicamente as crianças. O interesse de Caron surgiu da constatação empírica de que grande parte das crianças internadas nos hospitais de Paris, na sua época, poderia ter doenças e consequentemente internações evitadas, se as mães tivessem recebido orientações sobre como amamentar e cuidar corretamente de seus filhos. Este médico já evidenciava os dois pilares magnos da puericultura: a prevenção e a educação em saúde. Essas duas linhas sempre estarão interligadas, daí a assertiva de que a puericultura é fundamentalmente Pediatria preventiva.
	Outro enfoque central da puericultura é a abordagem das doenças do adulto com raízes na infância e, portanto, preveníveis desde a infância. Um dos exemplos dessa abordagem é o baixo peso ao nascer como fator de risco para doenças circulatórias, diabetes e obesidade. Outro exemplo, porém, positivo, é o aleitamento materno, que, entre tantas qualidades, é fator de proteção contra hipertensão arterial.
	Portanto a puericultura tem como objetivo promover o acompanhamento sistemático da criança, avaliando seu crescimento e desenvolvimento de forma ininterrupta, a fim de promover e manter a saúde, reduzir incidências de doenças e aumentar as chances desta crescer e se desenvolver de modo a alcançar todo o seu potencial. O Ministério da Saúde preconiza que a consulta de puericultura consiste em uma avaliação integral da saúde da criança de 0 a 6 anos, durante a qual se avalia o crescimento e desenvolvimento, peso, estatura, desenvolvimento neuropsicomotor, imunizações e intercorrências, bem como o estado nutricional. Existe ainda a necessidade de promover a orientação da mãe, família ou cuidador sobre os cuidados que a criança deve ser submetida em todo o atendimento, tais como: alimentação, higiene, vacinação e estímulo, fazendo-se registrar todos os procedimentos no cartão da criança. Para isso, demanda a atuação de toda a equipe de saúde e multiprofissional que assiste a criança e sua família por meio da consulta de enfermagem, consulta médica, consulta odontológica, grupos educativos e visitas domiciliares, no contexto da Atenção Básica.
4. CONCLUSÃO
Após discorrido sobre o assunto da pediatria, abordamos a questão do crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor da criança, caracterizamos o mecanismo de avaliação Capurro, vimos as etapas de um crescimento normal e suas formas de avaliação. Vimostambém, a importância da nutrição correta na primeira infância. Somado a isso, tem-se a discussão sobre o SISVAN. Neste viés, observou-se também, a relação com condição socioeconômica com o desenvolvimento e a importância da puericultura.
5. REFERÊNCIAS
[1] Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde: Norma Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 76 p.: il. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/orientacoes_coleta_analise_dados_antropometricos.pdf. acesso em: 14/02/2019.
[2] Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. MANUAL OPERACIONAL PARA USO DO SISTEMA DE VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL SISVAN / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: http://dabsistemas.saude.gov.br/sistemas/sisvanV2/public/file/ManualDoSisvan.pdf. Acesso em: 14/02/2019.
[3] BRASÍLIA. MINISTÉRIO DA SAðDE. .SAÚDE DA CRIANÇA: Nutrição Infantil Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. 2009. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_nutricao_aleitamento_alimentacao.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2019.
[4] Curvas de Crescimento da Organização Mundial da Saúde – OMS. Disponível em: < http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_vigilancia_alimentar.php?conteudo=curvas_de_crescimento>. Acesso: 13/02/2018
[5] https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/casos_complexos/Danrley/Complexo_01_Danrley_Puericultura.pdf
[6] KLIEGMAN, Robert M. et al. Nelson. Tratado de Pediatria. São Paulo: Elsevier Health, 2014. 2 v.
[7] MONTEIRO, Carlos Augusto et al. Desigualdades socioeconômicas na baixa estatura infantil: a experiência brasileira, 1974-2007. Estudos Avançados, [s.l.], v. 27, n. 78, p.38-49, 2013. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0103-40142013000200004.
[8] Nelson, tratado de pediatria/ Robert M Kliegman... [et al.] – 18.ed. – Rio de Janeiro: Elsevier,2009.
[9] RIO DE JANEIRO. Ana Flávia de Oliveira. Avaliação nutricional da criança e do adolescente: manual de orientação. Sociedade Brasileira de Pediatria, Rio de Janeiro, p.15-18, 2009.
[10] SAÚDE E ALIMENTAÇÃO NA PRIMEIRA INFANCIA, volume 3. Disponivel em: <http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/abrinq/pctd_vol3_saude_nutricao_2013.pdf> Acessado em: 15/02/2019
[11] SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE.CADERNO DE ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA ALEITAMENTO MATERNO. Disponível em: <http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/pdf3.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2019.

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