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MONOGRAFIA JUSCELINO

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
VICE-REITORIA DE GRADUAÇÃO 
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
O DANO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO E A 
REFORMA TRABALHISTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
JUSCELINO DAUER 
 
 
 
 
 
 
 
. 
 
 
 
Itajaí, junho de 2018.
 
 
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
VICE-REITORIA DE GRADUAÇÃO 
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O DANO MORAL NAS RELAÇÕES DE EMPREGO E A REFORMA 
TRABALHISTA 
 
 
 
 
JUSCELINO DAUER 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso de Direito 
submetido à Universidade do Vale do Itajaí – 
UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do 
título de bacharel em Direito. 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Professor MSc. Wanderley Godoy Junior 
 
 
 
 
 
 
 
Itajaí, junho de 2018. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTO 
Agradeço primeiramente a Deus por estar sempre 
ao meu lado. 
Agradeço também a minha família por todo o 
apoio nos momentos bons e principalmente nos 
difíceis. 
Ao Prof. MSc. Wanderley Godoy Junior, como 
orientador, pela sua dedicação e apoio necessário 
nessa trajetória. 
Por fim, meus agradecimentos a Universidade do 
Vale do Itajaí e a todo o seu corpo docente pelo 
infinito conhecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
Dedico este trabalho às minhas filhas 
Débora, Danny e em especial a Dayse, que 
não está mais presente entre nós, por 
sempre me incentivarem e apoiarem para a 
conclusão deste curso. 
 
 
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
 
 
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte 
ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do 
Itajaí, a coordenação do Curso de Direito e o Orientador de toda e qualquer 
responsabilidade acerca do mesmo. 
 
Itajaí, junho de 2018. 
 
 
 
 
 
 
Juscelino Dauer 
Graduando 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PÁGINA DE APROVAÇÃO 
A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do 
Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando Juscelino Dauer, sob o título O dano 
moral nas relações de emprego e a reforma trabalhista, foi submetida em 22 de maio 
de 2018 à banca examinadora composta pelos seguintes professores: Professor 
Mestre Wanderley Godoy Junior, orientador e Professora Doutora Solange Lucia 
Heck Kool, avaliadora, sendo a monografia aprovada. 
 
Itajaí, junho de 2018. 
 
 
 
 
 
 
Prof. MSc. Wanderley Godoy Junior 
Orientador e Presidente da Banca 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. MSc. José Artur Martins 
Coordenação da Monografia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
AASP Associação dos Advogados de São Paulo 
ADI Ação Direta de Inconstitucionalidade 
ADPF Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 
ANAMATRA Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho 
Art. Artigo 
Arts. Artigos 
CC Código Civil 
CCB Código Civil Brasileiro 
CF Constituição Federal 
CLT Consolidação das Leis do Trabalho 
CJF Conselho da Justiça Federal 
DEJT Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho 
EC Emenda Constitucional 
Inc. Inciso 
JDC Jornada de Direito Civil 
MP Mediada Provisória 
RE Recurso Extraordinário 
RGPS Regime Geral da Previdência Social 
STF Superior Tribunal Federal 
STJ Superior Tribunal de Justiça 
Sum. Súmula 
TST Tribunal Superior do Trabalho 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
RESUMO ............................................................................................ X 
INTRODUÇÃO ................................................................................. 11 
 
CAPÍTULO 1 .................................................................................... 14 
A RESPONSABILIDADE CIVIL ....................................................... 14 
1.1 CONCEITO ..................................................................................................... 14 
1.1.1 Responsabilidade subjetiva ..................................................................... 18 
1.1.2 Responsabilidade objetiva............................................................................. 22 
1.1.3 Responsabilidade contratual ........................................................................ 24 
1.1.4 Responsabilidade extracontratual ............................................................... 26 
1.2 ATO ILÍCITO ................................................................................................... 27 
1.2.1 O ato ilícito como fonte da obrigação de indenizar ............................... 29 
1.3 A REPARAÇÃO DO DANO ............................................................................ 30 
 
CAPÍTULO 2 .................................................................................... 34 
O DANO MORAL ............................................................................. 34 
2.1 CONCEITO ..................................................................................................... 34 
2.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA ............................................................................... 36 
2.2.1 O Código de Hamurabi ............................................................................. 37 
2.2.2 O Código de Manu .................................................................................... 38 
2.2.3 Grécia ......................................................................................................... 39 
2.2.4 Roma .......................................................................................................... 40 
2.3 O DANO MORAL NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO ............... 42 
2.4 PATRIMÔNIO MORAL ................................................................................... 45 
2.5 CARACTERIZAÇÃO DO DANO MORAL ...................................................... 46 
2.6 O DANO MORAL NO DIREITO DO TRABALHO .......................................... 48 
2.7 A COMPETENCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO ........................................ 51 
 
CAPÍTULO 3 .................................................................................... 54 
 
O DANO MORAL TRABALHISTA E A SUA REPARAÇÃO ............ 54 
3.1 EXTENSÃO DO DANO................................................................................... 54 
3.2 FINALIDADE DA INDENIZAÇÃO .................................................................. 57 
3.3 A REFORMA TRABALHISTA - LEI 13.467/2017 .......................................... 61 
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 72 
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS .......................................... 75 
 
 
 
 
RESUMO 
A dignidade da pessoa humana, mais do que um princípio norteador do sistema 
jurídico, representa uma característica inerente às pessoas e um valor intrínseco 
na vida de qualquer ser humano. O Dano Moral se caracteriza quando ocorre 
prejuízo a um bem integrante da personalidade do homem, ou seja, ao patrimônio 
pessoal, psicológico, à personalidade, à dignidade da pessoa humana. A 
Constituição Federal de 1988 prevê a admissibilidade da reparação dos Danos 
Morais, e o Código Civil de 2002 determina que a dor sofrida pela violação aos 
direitos da personalidade e dignidade do ser humano, deve ser reparada em toda 
sua extensão. Por outro lado, a indenização do Dano Moral trabalhista surge 
como uma função além de reparadora do dano, também preventiva, com a 
finalidade de que o prejuízo não volte a ocorrer. Uma vez caracterizado o Dano 
Moral trabalhista, cabe à Justiça do Trabalho a competência para julgar este 
ilícito. A fixação do quantum indenizatório não eliminará a ocorrência da violação 
dos direitos da personalidade, mas protegerá os direitos fundamentais 
determinados na Constituição brasileira. A reforma trabalhista prevista na Lei 
13.467/2017, estabelece algumas mudanças significativas em relação ao DanoExtrapatrimonial, destacando o artigo 223-G que fixa as indenizações a quem 
sofrer algum dano moral decorrente da relação de trabalho, podendo torna-las 
injustas ou até mesmo excessivas. 
 
Palavras-chave: Dano Moral, Relação trabalhista, Indenização, Reforma 
Trabalhista. 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
A presente Monografia tem como objeto o estudo do dano 
moral nas relações de emprego frente à reforma trabalhista prevista na Lei 
13.467/2017 que estabelece no artigo 223-G os parâmetros a serem observados 
pelo julgador ao fixar o valor da indenização a ser paga a quem sofrer dano moral 
decorrente da relação de trabalho, analisando os efeitos desta alteração nas 
indenizações que poderá torná-las injustas ou excessivas. 
A alteração proposta por meio desta reforma trabalhista, no 
que se refere às indenizações por dano moral na esfera laboral tem sido alvo de 
discussão entre juristas e operadores do direito, motivo pelo qual poderá ser 
declarada inconstitucional, restabelecendo a lei atual. 
O seu objetivo é Analisar a caracterização e o 
reconhecimento do dano moral nas relações trabalhistas, bem como os critérios 
de fixação dos valores das condenações. 
Para a presente monografia foram levantados os seguintes 
problemas: 
 1º problema: É possível a existência do dano moral na 
relação de trabalho? 
 2º problema: De que forma é feito o arbitramento do valor 
da indenização quando caracterizado o Dano Moral na Justiça do Trabalho? 
Com base nos problemas levantados, se apresentam as 
seguintes hipóteses: 
1ª Hipótese: Embora não existisse na CLT, antes da 
reforma, dispositivo específico versando sobre o dano moral nas relações de 
trabalho, mas sendo o dano moral previsto no Código Civil Brasileiro e também na 
Constituição Federal de 1988, já existia a possibilidade da sua aplicação no 
âmbito da Justiça do Trabalho. 
 12 
2ª Hipótese: O quantum a ser pago a titulo de indenização, 
fica a critério do magistrado que levará em consideração fatores como a 
extensão, a gravidade do dano e a capacidade financeira das partes. 
Visando buscar a confirmação ou não das hipóteses, o 
trabalho foi dividido em 03 capítulos. 
O capitulo 1 trata da responsabilidade civil, seu conceito, 
avaliação, obrigação de indenizar, formas de reparação, além de uma análise do 
ato ilícito e da obrigação da reparação do dano. 
No capítulo 2 serão apresentados o conceito de dano moral 
e a evolução histórica do dano moral, a forma como o dano moral é tratado no 
ordenamento jurídico brasileiro, tratará também, do dano moral no trabalho, 
apresentando a definição de patrimônio moral, as formas de caracterização do 
dano moral na esfera trabalhista e como se dá a competência da justiça do 
trabalho para analisar e julgar estas demandas. 
O Capítulo 3 tratará do dano moral trabalhista e a sua 
reparação, como se dá a sua reparação, analisando a extensão dos danos e a 
finalidade do pagamento das indenizações, além de analisar os efeitos da 
aplicação da Lei 13.467/2017 e a discussão acerca do tema e das recentes 
mudanças. 
O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as 
Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos 
destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões 
sobre o dano moral nas relações de emprego e a reforma trabalhista. 
Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase 
de Investigação1 foi utilizado o Método Indutivo2, na Fase de Tratamento de 
 
1
 ―[...] momento no qual o Pesquisador busca e recolhe os dados, sob a moldura do Referente 
estabelecido [...].‖ PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. 13 
ed. Florianópolis: Conceito Editorial, 2015. p. 87. 
2
 ―[...] pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma 
percepção ou conclusão geral [...]‖. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: 
teoria e prática. p. 91. 
 13 
Dados o Método Cartesiano3, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente 
Monografia é composto na base lógica indutiva. 
Não será utilizado rol de categorias, tendo em vista que os 
conceitos operacionais foram abordados no decorrer da pesquisa. 
Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as 
Técnicas do Referente4, do Conceito Operacional5 e da Pesquisa Bibliográfica6. 
 
 
3
 Sobre as quatro regras do Método Cartesiano (evidência, dividir, ordenar e avaliar) veja LEITE, 
Eduardo de oliveira. A monografia jurídica. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 
22-26. 
4
 ―[...] explicitação prévia do(s) motivo(s), do(s) objetivo(s) e do produto desejado, delimitando o 
alcance temático e de abordagem para a atividade intelectual, especialmente para uma 
pesquisa.‖ PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 58. 
5
 ―[...] uma definição para uma palavra ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita 
para os efeitos das ideias que expomos [...]‖. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa 
jurídica: teoria e prática. p. 39. 
6
 ―Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais‖. PASOLD, 
Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 215. 
 
 
Capítulo 1 
A RESPONSABILIDADE CIVIL 
1.1 CONCEITO 
Antes de entrar no tema principal deste trabalho, é 
necessário destacar o conceito de Responsabilidade Civil. 
Diversas são as dificuldades que a doutrina tem enfrentado 
para conceituar a Responsabilidade Civil. Alguns doutrinadores se baseiam na 
culpa, enquanto outros atribuem a obrigação imposta pelas normas que obrigam 
as pessoas a responderem pelas consequências prejudiciais dos seus atos. 
Segundo a lição de Carlos Alberto Bittar: 
O lesionamento a elementos integrantes da esfera jurídica alheia 
acarreta ao agente a necessidade de reparação dos danos 
provocados. É a responsabilidade civil, ou obrigação de indenizar, 
que compele o causador a arcar com as consequências advindas 
da ação violadora, ressarcindo os prejuízos de ordem moral ou 
patrimonial, decorrente de fato ilícito próprio, ou de outrem a ele 
relacionado.7 
Em seu sentido etimológico e também no sentido jurídico, a 
Responsabilidade Civil está atrelada a ideia de contraprestação, encargo e 
obrigação. Entretanto é importante distinguir a obrigação da responsabilidade. A 
obrigação é sempre um dever jurídico originário; responsabilidade é um dever 
jurídico sucessivo consequente à violação do primeiro.8 
Conforme ensina Silvio de Salvo Venosa: 
Em princípio, toda atividade que acarreta um prejuízo gera 
responsabilidade ou dever de indenizar. [...] O termo 
responsabilidade é utilizado em qualquer situação na qual alguma 
pessoa deva arcar com as consequências de um ato, fato, ou 
 
7 BITTAR, Carlos Alberto. Curso de direito civil. 1 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1994. p.561. 
8
 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 9. ed. rev. e ampl. São Paulo: 
Atlas, 2010. p. 2. 
15 
 
negócio danoso. Sob essa noção, toda atividade humana, 
portanto, pode acarretar o dever de indenizar.9 
De acordo com Silvio Rodrigues, a Responsabilidade Civil 
consiste na obrigação que pode incumbir uma pessoa a reparar o prejuízo 
causado a outra, por fato próprio, ou por fato de pessoas ou coisas que dela 
dependem. 10 
Nas palavras de Rui Stoco: 
A noção da responsabilidade pode ser haurida da própria origem 
da palavra, que vem do latim respondere, responder a alguma 
coisa, ou seja, a necessidade que existe de responsabilizar 
alguém pelos seus atos danosos. Essa imposição estabelecida 
pelo meio social regrado, através dos integrantes da sociedade 
humana, de impor a todos o dever de responder por seus atos, 
traduz a própria noção de justiça existente no grupo social 
estratificado. Revela-se, pois, como algo inarredável da naturezahumana.11 
Segundo Maria Helena Diniz, a Responsabilidade Civil pode 
ser assim conceituada: 
A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem 
uma pessoa a reparar dano moral ou patrimonial causado a 
terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado, por pessoa 
por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de 
simples imposição legal.12 
Na interpretação de Cleyson de Moraes Mello, o conceito de 
Responsabilidade Civil pode ser assim definido: 
Responsabilidade civil é uma relação jurídica obrigacional que se 
constitui através de fatos oriundos ou da própria conduta do 
agente ou tendo por causa, ainda, coisas ou pessoas sobre as 
quais o agente tenha guarda ou controle e, que venham a causar 
a outras pessoas, danos materiais ou morais injustificados 
 
9
 VENOSA. Sílvio de Salvo. Direito Civil: responsabilidade civil. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2006. 
p.1 
10
 RODRIGUES, Silvio. Direito Civil. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 1995. v.4, p.6. 
11
 STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil: doutrina e jurisprudência. 7 ed. São Paulo 
Editora Revista dos Tribunais, 2007. p.114. 
12
 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. v7: responsabilidade civil. 19 ed. São 
Paulo: Saraiva, 2005. p 40. 
16 
 
legalmente, visto serem atos que venham a infringir relações 
contratuais ou previstas em textos legais.13 
A Responsabilidade Civil decorre da existência de uma 
relação jurídica obrigacional, em que exista de um lado, no polo ativo, o credor 
com o direito subjetivo de exigir a reparação ou indenização de danos ou 
prejuízos, materiais ou morais, sofridos injustificadamente e de outro lado, no polo 
passivo, o autor do dano, com a obrigação de reparar ou indenizar o dano 
causado.14 
Na lição de Carlos Roberto Gonçalves sobre a 
Responsabilidade Civil: 
Pode-se afirmar, portanto, que responsabilidade exprime ideia de 
restauração de equilíbrio, de contraprestação, de reparação de 
dano. Sendo múltiplas as atividades humanas, inúmeras são 
também as espécies de responsabilidade, que abrangem todos os 
ramos do direito e extravasam os limites da vida jurídica, para se 
ligar a todos os domínios da vida social. 
Coloca-se, assim, o responsável na situação de quem, por ter 
violado determinada norma, vê-se exposto às consequências não 
desejadas decorrentes de sua conduta danosa, podendo ser 
compelido a restaurar o status quo ante.15 
No ensinamento de Jonas Ricardo Correia, o conceito de 
Responsabilidade Civil pode ser entendido como: 
[...] a obrigação de alguém indenizar o direito alheio vulnerado ou 
o prejuízo sofrido por outrem, em virtude da prática de ato ilícito, 
seja de natureza contratual ou extracontratual, tenha ou não 
concorrido com culpa lato sensu (que abrange o dolo) e a culpa 
stricto sensu.16 
 
13
 MELLO, Cleyson de Moraes. Responsabilidade civil e sua interpretação pelos tribunais. 2. 
ed. Campo Grande: Contemplar, 2012. p. 22. 
14
 MELLO, Cleyson de Moraes. Responsabilidade civil e sua interpretação pelos tribunais, 
p.21. 
15
 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. Responsabilidade civil. v4. São 
Paulo: Saraiva. 2012. p.20. 
16
 CORREIA, Jonas Ricardo. Dano moral indenizável. 2.ed. Campo Grande: Contemplar. 2013. 
p.71. 
17 
 
O ato ilícito, que representa a violação de um dever jurídico, 
quase sempre acarreta um dano para outrem, desta forma gerando novo dever 
jurídico, o de reparar o dano causado.17 
Ainda nas palavras de Sergio Cavalieri Filho 
Há, assim, um dever jurídico originário, chamado por alguns de 
primário, cuja violação gera um dever jurídico sucessivo, também 
chamado de secundário, que é o de indenizar o prejuízo. A título 
de exemplo, lembramos que todos têm o dever de respeitar a 
integridade física do ser humano. Tem-se, aí, um dever jurídico 
originário, correspondente a um direito absoluto. Para aquele que 
descumprir esse dever surgirá um outro dever jurídico: o da 
reparação do dano. É aqui que entra a noção de responsabilidade 
civil. Em seu sentido etimológico, responsabilidade exprime a ideia 
de obrigação, encargo, contraprestação. Em sentido jurídico, o 
vocábulo não foge dessa ideia. A essência da responsabilidade 
está ligada à noção de desvio de conduta, ou seja, foi ela 
engendrada para alcançar as condutas praticadas de forma 
contrária ao direito e danosas a outrem. Designa o dever que 
alguém tem de reparar o prejuízo decorrente da violação de um 
outro dever jurídico. Em apertada síntese, responsabilidade civil é 
um dever jurídico sucessivo que surge para recompor o dano 
decorrente da violação de um dever jurídico originário.18 
A Responsabilidade Civil poderá ser direta ou indireta. 
Sendo que em regra, somente haverá a responsabilidade de indenizar a quem 
causar dano a outrem por conduta própria, desta forma, só respondendo pelo 
dano aquele que lhe der causa. No entanto, na responsabilidade civil indireta, 
existe a responsabilidade proveniente de ato de terceiro com o qual o agente 
tenha vínculo legal de responsabilidade (arts. 932 e 933 do Código Civil), a 
responsabilidade de fato animal (art. 936, do CC) e também a responsabilidade 
de coisa inanimada sob sua guarda (art. 937 do CC).19 
A Responsabilidade Civil pode ser também dividida em 
responsabilidade subjetiva e responsabilidade objetiva, sendo a responsabilidade 
civil subjetiva aquela causada por conduta culposa, que envolve a culpa e o dolo. 
A culpa caracteriza-se quando o agente causador do dano pratica o ato com 
 
17
 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. p. 2. 
18
 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. p. 2. 
19
 MELLO, Cleyson de Moraes. Responsabilidade civil e sua interpretação pelos tribunais. 
p.37. 
18 
 
negligencia ou imprudência. A responsabilidade objetiva é aquela onde o 
elemento culpa é dispensável. 
Durante algum tempo, a responsabilidade civil subjetiva foi 
suficiente para a resolução de todos os casos, mas com a evolução da indústria e 
o consequente aumento do número de acidentes de trabalho, surgiu a 
necessidade de uma maior proteção às vítimas, nas palavras de Rui Stoco: 
A necessidade de maior proteção a vitima fez nascer a culpa 
presumida, de sorte a inverter o ônus da prova e solucionar a 
grande dificuldade daquele que sofreu um dano demonstrar a 
culpa do responsável pela ação ou omissão. O próximo passo foi 
desconsiderar a culpa como elemento indispensável, nos casos 
expressos em lei, surgindo a responsabilidade objetiva, quando 
então não se indaga se o ato é culpável.20 
Nesse contexto surge a denominada responsabilidade civil 
objetiva, que prescinde da culpa. 
 
1.1.1 Responsabilidade Subjetiva 
 
A Responsabilidade Subjetiva ou clássica é aquela que gera 
o dever de indenizar pelo agente causador do dano. No ensinamento de Rogério 
Marrone de Castro Sampaio: 
[...] Tem-se como elemento essencial a gerar o dever de indenizar 
o fator culpa entendido em sentido amplo (dolo ou culpa em 
sentido estrito). Ausente tal elemento, não há que se falar em 
responsabilidade civil. Assim, para que se reconheça o a 
obrigação de indenizar, não basta apenas que o dano advenha de 
um comportamento humano, pois é preciso um comportamento 
humano qualificado pelo elemento subjetivo culpa, ou seja, é 
necessário que o autor da conduta a tenha praticado com a 
intenção deliberada de causar um prejuízo (dolo), ou, ao menos, 
que esse comportamento reflita a violação de um dever de 
cuidado (culpa em sentido estrito).21 
 
20
 STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil: doutrina e jurisprudência. 7 ed. São Paulo 
Editora Revista dos Tribunais, 2007. p.157. 
21
 SAMPAIO, Rogério Marrone de Castro. Direito civil: responsabilidade civil. 3. ed. São Paulo: 
Atlas. 2003. p.26. 
19 
 
A responsabilidadeCivil Subjetiva é aquela que pressupõe a 
existência de culpa. Logo, não havendo culpa, não há falar-se em 
responsabilidade. A culpa é o pressuposto da responsabilidade civil subjetiva,22 
Nas palavras de Cleyson de Moraes Mello: 
A responsabilidade civil subjetiva poderá ocorrer por violação à 
norma contratual válida (responsabilidade subjetiva contratual) ou 
em virtude de violação a um dever genérico de conduta 
(responsabilidade subjetiva extracontratual). O artigo 927, caput, 
do nosso Código Civil afirma que ―aquele que, por ato ilícito (arts. 
186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repara-lo‖. Aqui, 
se revela a responsabilidade subjetiva extracontratual, a partir da 
violação do dever genérico de conduta.23 
A Responsabilidade Civil que, para se configurar depende 
de culpa, é aquela denominada de responsabilidade civil por culpa ou 
Responsabilidade Subjetiva. 
De acordo com o entendimento de Pablo Stolze Gagliano, a 
Responsabilidade Civil Subjetiva pode ser assim descrita: 
A responsabilidade civil subjetiva é a decorrente de dano causado 
em função de ato doloso ou culposo. Esta culpa, por ter natureza 
civil, se caracterizará quando o agente causador do dano atuar 
com negligência ou imprudência [...] 
[...] (―Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, 
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, 
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito‖). Do referido 
dispositivo normativo supratranscrito, verificamos que a obrigação 
de indenizar (reparar o dano) é a consequência juridicamente 
lógica do ato ilícito [...] 
[...] A noção básica da responsabilidade civil, dentro da doutrina 
subjetiva, é o princípio segundo o qual cada um responde pela 
própria culpa — unuscuique sua culpa nocet. Por se caracterizar 
em fato constitutivo do direito à pretensão reparatória, caberá ao 
autor, sempre, o ônus da prova de tal culpa do réu.24 
 
22
 MELLO, Cleyson de Moraes. Responsabilidade civil e sua interpretação pelos tribunais. 
p.34. 
23
 MELLO, Cleyson de Moraes. Responsabilidade civil e sua interpretação pelos tribunais, 
p.35. 
24
 GAGLIANO, Pablo Stolze, PAMPLONA Filho, Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume III: 
responsabilidade civil. 12 ed. São Paulo: Saraiva, 2014. p.39. 
20 
 
No nosso ordenamento jurídico, a Responsabilidade 
Subjetiva é a regra, tendo como pressuposto para a configuração do dever de 
indenizar, a culpa lato sensu. Os pressupostos para a configuração da 
Responsabilidade Subjetiva são a conduta, a culpa, o nexo de causalidade e o 
dano.25 
Nesse sentido, Garcia relaciona os pressupostos para a 
configuração da Responsabilidade Subjetiva: 
a) Conduta Humana: ato praticado por vontade humana, 
decorrente de ação (conduta positiva) ou omissão (conduta 
negativa). Na hipótese de omissão é indispensável que haja 
por parte do agente o dever jurídico de agir e ele se abstenha. 
[...] 
b) Culpa lato sensu: abrange o dolo e a culpa em sentido 
estrito. Dolo é a intenção de produzir o resultado. Na culpa em 
sentido estrito temos uma conduta voluntária com resultado 
indesejado. [...] 
c) Nexo de causalidade: é liame virtual e necessário que liga a 
conduta ao dano. 
d) Dano: é o prejuízo efetivamente sofrido.26 
Ainda nesse sentido, ensina Elpídio Donizetti quando afirma 
que no direito brasileiro, a hipótese geral de Responsabilidade Subjetiva é a da 
responsabilidade delitual, ou seja, da responsabilidade decorrente de ato ilícito.27 
A ideia de culpa, na teoria clássica da Responsabilidade 
Civil Subjetiva fundamenta a obrigação da reparação do dano por aquele o 
causou agindo intencionalmente (com dolo) ou com negligência, imprudência e 
imperícia (culpa).28 
No ensinamento de Flori Antônio Tasca, sobre a 
Responsabilidade Civil Subjetiva: 
 
25
 GARCIA, Wander. Manual completo de direito civil/ Wander Garcia, Gabriela R. Pinheiro. 
1.ed. Indaiatuba, SP: Foco Jurídico, 2014. p.494. 
26
 GARCIA, Wander. Manual completo de direito civil/ Wander Garcia, Gabriela R. Pinheiro. p. 
494. 
27
 DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito civil / Elpídio Donizetti; Felipe Quintella. 3. ed. 
São Paulo: Atlas, 2014. p.15. 
28
 TASCA, Flori Antônio. Responsabilidade civil: pessoa jurídica e dano moral, 2. ed. Curitiba: 
Flamma, 2005. p. 116. 
21 
 
A conduta do agente deve ser qualificada como antijurídica pela 
intenção de lesar a outrem ou pela falta de atenção ou cuidados 
elementares, além do agir imprevidente causador de dano a 
outrem. 
A teoria clássica da responsabilidade civil subjetiva, também 
chamada aquiliana, tem seu fundamento na culpa do agente, 
impondo a vitima do dano provar o elemento subjetivo do ato ou 
omissão, o que nem sempre é fácil.29 
Na teoria da culpa ou teoria subjetiva, a culpa é um 
elemento que fundamenta a responsabilidade civil, pois não havendo culpa, em 
consequência não haverá responsabilidade.30 
Diz-se, pois, ser ―subjetiva‖ a responsabilidade quando se esteia 
na ideia de culpa. A prova da culpa do agente passa a ser 
pressuposto necessário do dano indenizável. Nessa concepção, a 
responsabilidade do causador do dano somente se configura se 
agiu com dolo ou culpa.31 
A Responsabilidade Civil Subjetiva pode ser entendida no 
ensinamento de Sergio Cavalieri Filho: 
A ideia de culpa está visceralmente ligada à responsabilidade, por 
isso que, de regra, ninguém pode merecer censura ou juízo de 
reprovação sem que tenha faltado com o dever de cautela em seu 
agir. Daí ser a culpa, de acordo com a teoria clássica, o principal 
pressuposto da responsabilidade civil subjetiva. O Código Civil de 
2002, em seu art. 186 manteve a culpa como fundamento da 
responsabilidade subjetiva. A palavra culpa está sendo aqui 
empregada em sentido amplo, lato sensu, para indicar não só a 
culpa stricto sensu, como também o dolo. Por essa concepção 
clássica, todavia, a vítima só obterá a reparação do dano se 
provar a culpa do agente, o que nem sempre é possível na 
sociedade moderna. 32 
A responsabilidade daquele que causou o dano, somente 
existe se o mesmo agiu culposa ou dolosamente, de modo que a prova da sua 
culpa é indispensável para que então surja o dever de indenizar, sendo neste 
caso, a Responsabilidade Subjetiva, pois depende da conduta do agente.33 
 
 
29
 TASCA, Flori Antônio. Responsabilidade civil: pessoa jurídica e dano moral. p. 116. 
30
 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. Responsabilidade civil. p.46. 
31
 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. Responsabilidade civil. p.46. 
32
 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. p.18. 
33
 RODRIGUES, Silvio. Direito civil: responsabilidade civil. p.11. 
22 
 
1.1.2 Responsabilidade Objetiva 
 
Na Responsabilidade Objetiva, existindo a relação de 
causalidade entre o dano experimentado pela vítima e o ato do agente, mesmo 
não sendo este culposo gera o dever de indenizar. Nas palavras de Sílvio 
Rodrigues: 
A teoria do risco é a da responsabilidade objetiva. Segundo essa 
teoria, aquele que, através da sua atividade, cria um risco de dano 
para terceiros deve ser obrigado a repara-lo, ainda que sua 
atividade e o seu comportamento sejam isentos de culpa. 
Examina-se a situação, e, se for verificada, objetivamente, a 
relação de causa e efeito entre o comportamento do agente e o 
dano experimentado pela vítima, esta tem direito de ser 
indenizada por aquele.34 
De acordo com Carlos Roberto Gonçalves, sobre a 
Responsabilidade Objetiva: 
A lei impõe, entretanto, a certas pessoas, em determinadas 
situações, a reparação de um dano independentemente de culpa. 
Quando isto acontece, diz-se que a responsabilidade é legal ou 
―objetiva‖, porque prescinde da culpa e se satisfaz apenas com o 
dano e o nexo de causalidade. Esta teoria, dita objetiva, ou do 
risco, tem como postulado quetodo dano é indenizável, e deve 
ser reparado por quem a ele se liga por um nexo de causalidade, 
independentemente de culpa.35 
Conforme as lições de Sílvio de Salvo Venosa, na 
Responsabilidade Objetiva, a teoria do risco é baseada no exercício de uma 
atividade, pois quem exerce determinada atividade, dela tira proveito direto ou 
indireto da mesma forma responde pelos danos causados pela mesma, 
independente de culpa sua ou de seus prepostos. 36 
Venosa ainda ensina que: 
No direito mais recente, a teoria da responsabilidade objetiva é 
justificada tanto sob o prisma do risco como sob o dano. Não se 
indenizará unicamente porque há um risco, mas porque há um 
 
34
 RODRIGUES, Silvio. Direito civil: responsabilidade civil. p.11. 
35
 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. Responsabilidade civil. p.47. 
36
 VENOSA. Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. p.13 
23 
 
dano e, neste último aspecto, em muitas ocasiões dispensa-se o 
exame do risco.37 
Ainda em relação à Responsabilidade Civil Objetiva, Cleyson 
de Moraes Mello esclarece que: 
Na responsabilidade civil objetiva, o causador do dano se exime 
do dever jurídico de indenizar se ficar provado: caso fortuito, força 
maior, fato exclusivo da vítima ou de terceiro. O fundamento é, 
pois, a teoria do risco. A teoria do risco pode ser agrupada nas 
seguintes subespécies: teoria do risco-proveito; teoria do risco 
profissional; teoria do risco excepcional; teoria do risco criado e 
teoria do risco integral.38 
A Responsabilidade Civil Objetiva é uma exceção no 
ordenamento jurídico brasileiro, visto que entre os pressupostos para a 
configuração do dever de indenizar não está incluída a culpa em sentido amplo, 
sendo necessários apenas a conduta, o nexo de causalidade e o dano.39 
Na Responsabilidade Objetiva, também chamada de 
responsabilidade sem culpa, a simples ação ou omissão do agente e estando 
presente o nexo de causalidade que causou o dano, gera o dever de indenizar, 
não necessitando a vítima provar a culpa do agente.40 
Ainda nas palavras de Flori Antônio Tasca, sobre a 
Responsabilidade Civil Objetiva: 
Na responsabilidade civil objetiva a atitude culposa do causador 
do dano é de menor relevância, bastando existir relação de 
causalidade entre o dano sofrido pela vítima e o ato (positivo ou 
negativo) do agente para nascer o dever de reparar, tenha existido 
ou não a culpa. 
A teoria objetiva é fundamentada na ideia de risco em que aquele 
que, no exercício de alguma atividade, crie um risco de dano para 
outrem fica obrigado a reparar os danos efetivamente causados, 
ainda que inexista a culpa.41 
 
37
 VENOSA. Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. p.13 
38
 MELLO, Cleyson de Moraes. Responsabilidade civil e sua interpretação pelos tribunais, 
p.35. 
39
 GARCIA, Wander. Manual completo de direito civil/ Wander Garcia, Gabriela R. Pinheiro. 
p.495. 
40
 TASCA, Flori Antônio. Responsabilidade civil: pessoa jurídica e dano moral, p. 116. 
41
 TASCA, Flori Antônio. Responsabilidade civil: pessoa jurídica e dano moral, p. 116. 
24 
 
Segundo Pablo Stolze Gagliano, hipóteses há em que não é 
necessário sequer ser caracterizada a culpa. Nesses casos, estaremos diante do 
que se convencionou chamar de ―responsabilidade civil objetiva‖ 42. 
Pablo Stolze Gagliano afirma ainda que: 
Segundo tal espécie de responsabilidade, o dolo ou culpa na 
conduta do agente causador do dano é irrelevante juridicamente, 
haja vista que somente será necessária a existência do elo de 
causalidade entre o dano e a conduta do agente responsável para 
que surja o dever de indenizar. 
As teorias objetivistas da responsabilidade civil procuram encará-
la como mera questão de reparação de danos, fundada 
diretamente no risco da atividade exercida pelo agente. 
De acordo com a lição de Sergio Cavalieri Filho, na 
Responsabilidade Civil Objetiva, a culpa é irrelevante: 
Na responsabilidade objetiva teremos uma atividade ilícita, o dano 
e o nexo causal. Só não será necessário o elemento culpa, razão 
pela qual se fala em responsabilidade independentemente de 
culpa. Esta pode ou não existir, mas será sempre irrelevante para 
a configuração do dever de indenizar. Indispensável será a 
relação de causalidade porque, mesmo em sede de 
responsabilidade objetiva, não se pode responsabilizar a quem 
não tenha dado causa ao evento. 43 
Na Responsabilidade Civil Objetiva, o elemento culpa não é 
preponderante, pois o parágrafo único do artigo 927 determina que haverá 
obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos 
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor 
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.44 
 
1.1.3 Responsabilidade Contratual 
 
Na Responsabilidade Contratual, segundo os ensinamentos 
de Rogério Marrone de Castro Sampaio, o dever de indenizar os prejuízos 
 
42
 GAGLIANO, Pablo Stolze, PAMPLONA Filho, Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume III: 
responsabilidade civil. p.40. 
43
 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. p.150. 
44
 MELLO, Cleyson de Moraes. Responsabilidade civil e sua interpretação pelos tribunais, 
p.35. 
25 
 
decorre do descumprimento de uma obrigação contratualmente prevista, tanto 
assim que estabelece o artigo 389 do Código Civil que: ―Não cumprida a 
obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização 
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de 
advogado‖.45 
[...] O não cumprimento, de forma culposa, da obrigação por um 
dos contratantes dá ensejo, se assim desejar o outro, à resolução 
do contrato por inexecução voluntária da obrigação, ou a exigir do 
faltoso a realização, ainda que tardia ou de forma correta, da 
prestação avençada. Surge, como um dos efeitos principais 
desses fatos, a obrigação do contratante inadimplente de reparar 
os prejuízos diretamente causados ao outro, prejuízos estes que 
podem, inclusive, ser prefixados no momento do aperfeiçoamento 
do contrato, quando estabelecida a cláusula penal. Tem-se aqui a 
responsabilidade contratual.46 
A Responsabilidade Contratual trata da reparação dos danos 
causados pelo descumprimento de um contrato, Maria Helena Diniz em seu 
ensinamento esclarece que: 
Sendo o principio da obrigatoriedade da convenção um dos 
princípios fundamentais do direito contratual, as estipulações 
feitas no contrato deverão ser fielmente cumpridas, sob pena de 
execução patrimonial contra o inadimplente. O ato negocial, por 
ser uma norma jurídica, constituindo lei entre as partes, é 
intangível, a menos que ambas as partes o rescindam 
voluntariamente ou haja a escusa por caso fortuito ou força maior 
(CC, art. 393, parágrafo único) [...] As obrigações devem ser, 
portando cumpridas; o devedor está obrigado a efetuar a 
prestação devida de modo completo, no tempo e lugar 
determinados no negócio jurídico, assistindo ao credor o direito de 
exigir o seu cumprimento na forma convencionada. O 
adimplemento da obrigação é a regra e o inadimplemento, a 
exceção [...].47 
Conforme a definição de Sergio Cavalieri Filho, pode-se 
entender da seguinte forma, Responsabilidade Civil Contratual: 
Haverá responsabilidade contratual quando o dever jurídico 
violado (inadimplemento ou ilícito contratual) estiver previsto no 
contrato. A norma convencional já define o comportamento dos 
 
45
 SAMPAIO, Rogério Marrone de Castro. Direito civil: responsabilidade civil. p.24. 
46
 SAMPAIO, Rogério Marrone de Castro. Direito civil: responsabilidade civil. p.24. 
47
 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. v7: responsabilidade civil. p.245. 
26 
 
contratantes e o dever específico a cuja observância ficam 
adstritos. E como o contratoestabelece um vínculo jurídico entre 
os contratantes, costuma-se também dizer que na 
responsabilidade contratual já há uma relação jurídica 
preexistente entre as partes (relação jurídica, e não dever jurídico, 
preexistente, porque este sempre se faz presente em qualquer 
espécie de responsabilidade). Haverá, por seu turno, 
responsabilidade extracontratual se o dever jurídico violado não 
estiver previsto no contrato, mas sim na lei ou na ordem jurídica.48 
Na Responsabilidade Contratual, havendo violação de 
norma contratual válida, fica evidenciada a responsabilidade civil de forma 
subjetiva contratual.49 
 
1.1.4 Responsabilidade Extracontratual 
 
Na Responsabilidade Extracontratual, o dever de indenizar 
não se vincula a existência prévia de um contrato e ao descumprimento de 
alguma de suas obrigações, sendo a sua ocorrência devida à prática de um ato 
ilícito ou uma conduta humana violadora de direitos conforme Rogério Marrone de 
Castro Sampaio, que esclarece ainda: 
Em outras palavras, a obrigação de reparar o dano não está 
relacionada à existência anterior de um contrato e ao 
descumprimento culposo de uma obrigação por ele gerada. 
Origina-se, outrossim, de um comportamento (genericamente 
tratado pelo ordenamento jurídico no referido art. 186 do CC) 
socialmente reprovável.50 
A Responsabilidade Civil Extracontratual decorre de uma 
lesão ao direito de alguém, sem que haja qualquer liame obrigacional anterior 
entre o agente causador do prejuízo e a vítima. 
Maria Helena Diniz ensina que: 
A responsabilidade extracontratual, delitual ou aquiliana decorre 
de violação legal, ou seja, de lesão a um direito subjetivo ou da 
prática de um ato ilícito, sem que haja nenhum vínculo contratual 
entre lesado e lesante. Resulta, portanto, da inobservância da 
norma jurídica ou de infração ao dever jurídico geral de abstenção 
 
48
 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. p.17. 
49
 MELLO, Cleyson de Moraes. Responsabilidade civil e sua interpretação pelos tribunais, 
p.34. 
50
 SAMPAIO, Rogério Marrone de Castro. Direito civil: responsabilidade civil. p. 24. 
27 
 
atinente aos direitos reais ou de personalidade, ou melhor, de 
violação à obrigação negativa de não prejudicar ninguém. (DINIZ, 
2003, p.521) 51 
No ensinamento de Sergio Cavalieri Filho, a 
Responsabilidade Extracontratual é aquela em que não existe nenhuma ligação 
anterior entre o agente causador do dano e o lesado: 
Na responsabilidade extracontratual inexiste qualquer liame 
jurídico anterior entre o agente causador do dano e a vitima (eles 
são estranhos) até que o ato ilícito ponha em ação os princípios 
geradores da obrigação de indenizar. É o ato ilícito por si só que 
gera a relação jurídica obrigacional, criando para o causador do 
dano o dever de indenizar a vitima. Quando uma pessoa se 
constitui em responsabilidade contratual, preexiste um laço de 
direito entre ela e a vitima do prejuízo, isto é, um contrato. É 
precisamente por seu ulterior procedimento, concretizado em 
violação do contrato, que a parte incorre na responsabilidade. O 
mesmo já não acontece na responsabilidade extracontratual. Aqui, 
não existe relação de direito preexistente ligando o autor do dano 
ao prejudicado. É o fato danoso que estabelece esse laço.52 
Na Responsabilidade Extracontratual, havendo violação a 
um dever genérico de conduta, fica evidenciada a responsabilidade civil de forma 
subjetiva extracontratual.53 
. 
1.2 ATO ILÍCITO 
O conceito de Ato Ilícito é de grande importância para a 
responsabilidade civil, pois dele nasce a obrigação de reparar o dano. O ato ilícito 
produz efeitos jurídicos não pretendidos pelo agente, tendo como consequência o 
dever de reparar. 
Sobre o conceito de Ato Ilícito, nas palavras Maria Helena 
Diniz: 
O ato ilícito (CC, art. 186) é praticado em desacordo com a ordem 
jurídica, violando direito subjetivo individual. Causa dano a outrem, 
 
51
 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. v7: responsabilidade civil. P 521. 
52
 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. P. 307. 
53
 MELLO, Cleyson de Moraes. Responsabilidade civil e sua interpretação pelos tribunais, p. 
35. 
28 
 
criando o dever de reparar tal prejuízo (CC, arts. 927 e 944) seja 
ele moral ou patrimonial (Súmula 37 do STJ). Logo, produz efeito 
jurídico, só que este não é desejado pelo agente, mas imposto 
pela lei.54 
O Ato Ilícito é a conduta contrária ao ordenamento jurídico, 
sendo seus elementos a antijuridicidade e a imputabilidade. Segundo Silvio de 
Salvo Venosa, o Ato Ilícito traduz-se em um comportamento voluntário que 
transgride um dever.55 
Nas palavras de Luís Guilherme Loureiro: 
Não obstante, quando a pessoa faz alguma coisa vedada pela lei, 
ou se abstém quando a norma legal exige uma conduta ativa, há 
violação do direito e, consequentemente, a prática de um ato 
ilícito. Logo, o ato ilícito pode ser conceituado como a conduta 
ativa ou omissiva que viola uma norma jurídica e causa prejuízo a 
outrem. Em outras palavras, é o ato contrário à ordem jurídica e 
que viola direito subjetivo individual. Cumpre ressaltar que 
também o exercício de um direito subjetivo pode caracterizar ato 
ilícito, quando exceder manifestamente os limites impostos pelo 
seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes 
(art. 187, CC).56 
Precisa é a lição de Humberto Theodoro Junior sobre o 
duplo aspecto do Ato Ilícito: 
O direito se constitui como um projeto de convivência, dentro de 
uma comunidade civilizada (o Estado), no qual se estabelecem os 
padrões de comportamento necessários. A ilicitude ocorre quando 
in concreto a pessoa se comporta fora desses padrões. Em 
sentido lato, sempre que alguém se afasta do programa de 
comportamento idealizado pelo direito positivo, seus atos 
voluntários correspondem, genericamente, a atos ilícitos (fatos do 
homem atritantes com a lei). Há, porém, uma ideia mais restrita de 
ato ilícito, que se prende de um lado ao comportamento injurídico 
do agente, e de outro ao resultado danoso que dessa atitude 
decorre para outrem. Fala-se, então, de ato ilícito em sentido 
estrito, ou simplesmente ato ilícito, como se faz no art. 186 do 
atual Código Civil. Nesse aspecto, a ilicitude não se contentaria 
com a ilegalidade do comportamento humano, mas se localizaria, 
sobretudo, no dano injusto a que o agente fez a vitima se 
submeter.57 
 
54
 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 1.Teoria Geral do Direito Civil. São 
Paulo: Saraiva, 2014. P. 606. 
55
 VENOSA, Silvio de Salvo, Direito Civil: responsabilidade civil, p. 20. 
56
 LOUREIRO, Luís Guilherme. Curso completo de direito civil. São Paulo: Método, 2010, p. 
247. 
57
 THEODORO JUNIOR, Humberto. Comentários ao novo Código Civil. v. m, t. lI. Rio de 
Janeiro: Forense, 2003. p.18. 
29 
 
Maria Helena Diniz ensina que o Ato Ilícito, constitui uma 
ação (comissão ou omissão), imputável ao agente, danosa para o lesado e 
contrária à ordem jurídica.58 
 
1.2.1 Ato ilícito como fonte da obrigação de indenizar 
 
O Código Civil, em seu art. 186, ao se referir sobre o Ato 
Ilícito, afirma que este ocorre quando alguém por ação ou omissão voluntária 
(dolo), negligencia ou imprudência (culpa), viola direito ou causa dano, ainda que 
exclusivamente moral, a outrem, em face do que será responsabilizado pela 
reparação dos prejuízos, de acordo com Maria Helena Diniz, que ensina: 
No nosso ordenamento jurídico vigora a regra geral de que o 
dever ressarcitório pela pratica de atos ilícitos decorre da culpa, 
ou seja, da reprovabilidade ou censurabilidade da conduta do 
agente. O comportamento do agente será reprovado ou 
censurado quando, ante circunstâncias concretas do caso, se 
entende que ele poderia ou deveria ter agido de modo diferente. 
Portanto, o ato ilícito qualifica-sepela culpa. Não havendo culpa, 
não haverá, em regra, qualquer responsabilidade.59 
De acordo com o ensinamento de Sergio Cavalieri Filho, o 
Ato Ilícito pode ser assim definido: 
Em sentido amplo, o ato ilícito indica apenas a ilicitude do ato, a 
conduta humana antijurídica, contrária ao Direito, sem qualquer 
referência ao elemento subjetivo ou psicológico. Tal como o ato 
lícito, é também uma manifestação de vontade, uma conduta 
humana voluntária, só que contrária à ordem jurídica. 
O ato ilícito, portanto, é sempre um comportamento voluntário que 
infringe um dever jurídico, e não que simplesmente prometa ou 
ameace infringi-lo, de tal sorte que, desde o momento em que um 
ato ilícito foi praticado, está-se diante de um processo executivo, e 
não diante de uma simples manifestação de vontade. Nem por 
isso, entretanto, o ato ilícito dispensa uma manifestação de 
vontade. Antes, pelo contrário, por ser um ato de conduta, um 
comportamento humano, é preciso que ele seja voluntário. Em 
 
58
 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. v7: responsabilidade civil. p. 24. 
59
 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. v7: responsabilidade civil. p. 44. 
30 
 
conclusão, ato ilícito é o conjunto de pressupostos da 
responsabilidade.60 
Na Responsabilidade Civil, o autor de um Ato Ilícito tem a 
obrigação de indenizar a vitima, pelos prejuízos causados a ela. Conforme nos 
ensina Rogério Marrone de Castro Sampaio: 
Atos ilícitos são atos humanos cujas consequências não são as 
almejadas pelos agentes, mas decorrentes de conduta contrária à 
lei. A conduta humana é praticada em desacordo com a ordem 
jurídica, violando direito subjetivo individual. E, diante do prejuízo 
provocado a terceiro, surge a obrigação imposta pela lei 
consistente na indenização pelo dano causado. Reside aqui a 
fonte da obrigação de reparar o dano, objeto da responsabilidade 
civil.61 
 A consequência do Ato Ilícito, de acordo com o ensinamento 
de Maria Helena Diniz, esclarece que: 
A obrigação de indenizar (CC, arts. 186 e 927) é a consequência 
jurídica do ato ilícito (CC, arts. 944 a 954). O Código Civil, ao 
prever as hipóteses de responsabilidade civil por atos ilícitos, 
consagrou a teoria objetiva em vários momentos, como, p. ex., 
nos arts. 927, parágrafo único, 929, 931, 933, 938, substituindo a 
culpa pela ideia de risco-proveito. Quando a responsabilidade é 
determinada sem culpa, o ato não pode ser considerado ilícito. 
Apesar dos progressos dessa teoria, a necessidade de culpa para 
haver responsabilidade, preconizada pela teoria subjetiva, 
continua a ser a regra geral.62 
 O Ato Ilícito é aquele que, praticado de forma culposa 
contrariando determinação legal, viola direito individual, ocasionando dano e 
causando prejuízo a alguém, e criando desta forma, a obrigação de reparação. 
 
1.3 A REPARAÇÃO DO DANO 
A obrigação de indenizar o dano causado a outrem tem 
previsão em nosso ordenamento jurídico, conforme o artigo 927 do Código Civil 
Brasileiro: 
 
60
 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil. 10 ed. São Paulo: Atlas, 
2012. p.11 e 13. 
61
 SAMPAIO, Rogério Marrone de Castro. Direito civil: responsabilidade civil. p.19. 
62
 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 1. Teoria geral do direito Civil. p. 611. 
31 
 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano 
a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, 
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou 
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano 
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
Na Responsabilidade Civil, estando configurada a obrigação 
de indenizar decorrente da prática de ato ilícito, e medida a extensão do dano, 
cabe ao autor, satisfazer este crédito. Sampaio esclarece que: 
A ideia de liquidar o dano pode ser perfeitamente retratada com o 
seguinte raciocínio: indenizar a vítima significa reparar 
integralmente o prejuízo suportado. Assim, independentemente da 
natureza da responsabilidade civil ou das regras específicas de 
liquidação fornecidas pelo legislador, deve-se ter sempre como 
princípio básico a reparação integral do prejuízo sofrido pela 
vítima.63 
Nas palavras de Maria Helena Diniz, indenizar é ressarcir o 
dano causado, cobrindo todo o prejuízo experimentado pelo lesado, existindo dois 
modos de reparar o dano patrimonial, a reparação específica e a reparação por 
equivalente: 
 1) Reparação especifica ou in natura, consiste em fazer com que 
as coisas voltem ao estado que teriam se não houvesse ocorrido o 
evento danoso. É preciso, todavia, deixar bem claro que nem 
sempre é possível a reconstituição natural e às vezes, mesmo 
sendo possível, é inconveniente ao interesse do lesado. Para 
levar a efeito a reparação in natura será mister verificar a natureza 
do dano que se pretende indenizar. 
[...] 2) Reparação por equivalente, ou melhor, indenização (sanção 
indireta), entendida como remédio sub-rogatório, de caráter 
pecuniário, do interesse atingido. Tal reparação se traduz por 
pagamento equivalente em dinheiro. Pela indenização, não se 
repõe na forma específica o bem lesado, mas se compensa o 
menoscabo patrimonial sofrido em razão do dano, restabelecendo 
o equilíbrio patrimonial em função do valor que representa o 
prejuízo.64 
Na Responsabilidade Civil, a reparação integral dos danos 
patrimoniais ou extrapatrimoniais, causados pelo agente, deverão ter como 
 
63
 SAMPAIO, Rogério Marrone de Castro. Direito civil: responsabilidade civil. p.128. 
64
 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. v7: responsabilidade civil. p.132. 
32 
 
consequência a recomposição ou reparação dos direitos ou bens jurídicos 
lesados, sempre que for possível. 65 
Sobre a indenização devida, Flori Antônio Tasca ensina que: 
Os artigos 944 a 954 do CCB tratam da indenização, a qual é 
medida ―pela extensão do dano‖. Segundo a codificação, ―Se 
houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o 
dano, poderá o juiz reduzir equitativamente, a indenização‖ (artigo 
944 e parágrafo único). 
Destaque-se o artigo 945 do CCB, pelo qual ―Se a vítima tiver 
concorrido culposamente para o evento danoso, a sua 
indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua 
culpa em confronto com a do autor do dano‖ 66 
Na reparação dos danos, aquele que comete Ato Ilícito 
responderá com os seus bens pela reparação do dano (art. 942 do CC), conforme 
esclarece Wander Garcia: 
Daí, diferentemente de como funcionava no passado, não se 
admite castigos corporais ou trabalhos forçados como forma de 
reparação. Nessa linha de raciocínio, se a ofensa tiver mais de um 
autor, todos responderão solidariamente com seu patrimônio. Na 
via regressiva, a indenização atribuída a cada agente será fixada 
proporcionalmente à sua contribuição para o evento danoso.67 
O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la, 
transmite-se com a herança. Conforme os ensinamentos de Garcia, este direito 
abrange também os danos morais, mesmo que a ação não tenha sido iniciada 
pela vítima (Enunciado n. 558 JDC/CJF).68 
A indenização e outras considerações nas palavras de Silvio 
Rodrigues: 
Indenizar significa ressarcir o prejuízo, ou seja, tornar indene a 
vítima, cobrindo, cobrindo todo o dano por ela experimentado. 
Esta é a obrigação imposta ao autor do ilícito, em favor da vitima. 
O art. 402 do Código Civil determina que as perdas e danos 
devidos ao credor abrangem não só o dano emergente como 
 
65
 TASCA, Flori Antônio. Responsabilidade civil: pessoa jurídica e dano moral, p. 113. 
66
 TASCA, Flori Antônio. Responsabilidade civil: pessoa jurídica e dano moral, p. 115. 
67
 GARCIA, Wander. Manual completode direito civil/ Wander Garcia, Gabriela R. Pinheiro. p. 
512. 
68
 GARCIA, Wander. Manual completo de direito civil/ Wander Garcia, Gabriela R. Pinheiro. P. 
512. 
33 
 
também o lucro cessante; ou seja, tudo aquilo que a vitima 
efetivamente perdeu, assim como tudo o que ela deixou 
razoavelmente de ganhar. [...] 
[...] A ideia de tornar indene a vitima se confunde com o anseio de 
devolvê-la ao estado em que se encontrava antes do ato ilícito. 
Todavia, em numerosíssimos casos é impossível obter-se tal 
resultado, porque do acidente resultou consequência irremovível. 
Nessa hipótese há que se recorrer a uma situação postiça, 
representada pelo pagamento de uma indenização em dinheiro. É 
um remédio nem sempre ideal, mas único de que se pode lançar 
mão.69 
No entendimento de Silvio de Salvo Venosa, a reparação do 
dano pode ser entendida como: 
Reparar o dano, qualquer que seja a sua natureza, significa 
indenizar, tornar indene o prejuízo. Indene é o que se mostra 
integro, perfeito, incólume. O ideal de justiça é que a reparação de 
dano seja feita de molde que a situação seja reconstituída. [...] 
[...] o ideal é indenizar exatamente o valor da perda, o que, 
todavia, nem sempre é possível. Ao mesmo tempo em que não 
podemos converter a indenização em instrumento de lucro ou 
enriquecimento injusto, de nada adianta indenizar de forma 
insignificante ou incompleta. Uma vez ocorrido o dano. Os 
transtornos a vitima são inevitáveis, ainda que obtenha 
indenização in natura ou in pecúnia. A sentença e a liquidação 
dos danos funcionam, na maioria das vezes, como mero lenitivo 
para o dano, mormente quando o valor em dinheiro é substitutivo 
da coisa.70 
Configurado o dano, que é a diminuição ou subtração de um 
bem jurídico, surge a obrigação de reparar, que significa restaurar, desde que 
possível, seu status quo ante. Não havendo possibilidade de voltar ao estado 
anterior, caberá então a indenização, que deverá contemplar toda a extensão do 
dano causado.71 
Estando configurado o dano, resta saber se o mesmo 
causou prejuízo patrimonial ou extrapatrimonial. Sendo extrapatrimonial ou moral, 
o mesmo também será objeto de reparação, como será visto no capítulo seguinte. 
 
 
69
 RODRIGUES, Silvio. Direito civil: responsabilidade civil. p.185-186. 
70
 VENOSA, Silvio de Salvo, Direito civil: responsabilidade civil, p. 272-273. 
71
 MELLO, Cleyson de Moraes. Responsabilidade civil e sua interpretação pelos tribunais, p. 
46. 
34 
 
Capítulo 2 
 
O DANO MORAL 
2.1 CONCEITO 
Inúmeros são os conceitos existentes na literatura jurídica 
sobre Dano Moral, porém, todos os autores são unânimes em afirmar que o Dano 
Moral é aquele que não é patrimonial, ou seja, que não afeta o patrimônio da 
pessoa lesada. 
Conforme o ensinamento de Wander Garcia, o Dano Moral 
pode ser assim conceituado: 
Consiste na ofensa ao patrimônio moral de pessoa, tais como o 
nome, a honra, a credibilidade, a responsabilidade, a liberdade de 
ação, a autoestima, o respeito próprio e a afetividade. Em suma, 
ofensa a algum de seus direitos de personalidade. Quanto ao 
tema, importante esclarecer que o dano moral indenizável não 
pressupõe necessariamente a verificação de sentimentos 
humanos desagradáveis como dor e sofrimento (Enunciado n. 445 
JDC/CJF) 72 
Ensina Yussef Said Cahali, que é possível distinguir os 
danos entre duas categorias, sendo o dano patrimonial aquele em que há o 
verdadeiro e próprio prejuízo econômico e o dano extrapatrimonial ou moral, 
aquele onde existem o sofrimento psíquico ou moral, as angustias, as frustrações 
e as dores causadas ao ofendido.73 
No entendimento de Arnold Wald: 
Dano é a lesão sofrida por uma pessoa no seu patrimônio ou na 
sua integridade física, constituindo, pois uma lesão causada a um 
bem jurídico, que pode ser material ou imaterial. O dano moral é o 
causado a alguém num dos seus direitos de personalidade, sendo 
 
72
 GARCIA, Wander. Manual completo de direito civil/ Wander Garcia, Gabriela R. Pinheiro. p. 
522. 
73
 CAHALI, Yussef Said. Dano moral. 3 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p. 
20. 
35 
 
possível à cumulação da responsabilidade pelo dano material e 
pelo dano moral74 
Para o Professor Cleyson de Moraes Mello, as violações 
causadas por terceiros e que venham a causar dor física ou psíquica, ou 
constrangimento, angustia ou qualquer alteração psicológica ou psíquica causada 
a uma pessoa pela conduta comissiva ou omissiva do agente, não deveriam ser 
denominadas de maneira genérica de danos morais, como costumeiramente é 
feito pelos estudiosos, pois nem sempre são as mesmas ligadas à moral, como a 
ofensa à honra ou à imagem, calúnia, difamação e à perda de prestígio. As lesões 
podem ocorrer sem nenhuma conotação moral, como no caso de um estupro em 
que haja sequela psíquica que impossibilite a pessoa a ter prazer sexual ou a de 
uma vítima de um assalto violento que adquire transtorno obsessivo-compulsivo 
que limite a convivência social, portanto, todas as lesões, de natureza moral ou de 
ordem psíquica ou psicológica deveriam ser denominadas genericamente de 
danos extrapatrimoniais. 75 
De acordo com a lição de Fabrício Zamprona Matielo, os 
danos morais podem ser mistos, quando ocorrem juntamente com danos 
materiais ou então, danos puramente morais, que são aqueles: 
Verificados através de fatos humanos que conduzem a lesões em 
interesses alheios, juridicamente protegidos, mas que atingem 
apenas a reserva psíquica do ofendido. Buscando repassar ao 
mundo dos fatos a teoria explicitada, tem-se por possível a 
ocorrência de dano moral quando, exemplificativamente, a vítima 
é caluniada, difamada ou injuriada, ou tem de qualquer maneira 
prejudicada a imagem que dele faz a sociedade. Consoante 
exposto acima assume o dano moral dois sentidos: 
1º) Interno – quando o lesado padece em termos subjetivos, ou 
seja, sente-se diminuído em sua autoestima e valoração, com ou 
sem repercussão somática; 
2º) Externo – a partir do momento em que se deprecia a imagem 
do ser humano objetivamente, isto é, situação na qual a sociedade 
repercute negativamente circunstancias que envolvem 
determinada pessoa, igualmente com reflexos sobre ela. Em 
assim sendo, sofre dano moral quem é desvalorizado no meio 
 
74
 WALD, Arnoldo. Curso de direito civil brasileiro. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 
1989. p. 407. 
75
 MELLO, Cleyson de Moraes. Responsabilidade civil e sua interpretação pelos tribunais, p. 
57. 
36 
 
social em virtude de aleijão, como também é vítima, com nuanças 
externas, aquele que tem objetivamente depreciada a condição 
social face a uma calunia, difamação ou injuria. 
Tanto no sentido interno como no externo existe prejuízo de 
ordem moral e dor psíquica, apenas com a diferença quanto à 
origem dos males, se primacialmente interno (subjetivo) ou 
externo (objetivo).76 
Conforme esclarece Carlos Alberto Bittar, os danos morais 
são aqueles que ofendem os valores da moralidade pessoal ou social, sendo os 
mesmos reparáveis juridicamente.77 
Desta forma, Carlos Alberto Bittar conceitua o dano moral 
como: 
Qualificam-se como morais os danos em razão da esfera da 
subjetividade, ou do plano valorativo da pessoa na sociedade, em 
que repercute o fato violador, havendo-se como tais aqueles que 
atingem os aspectos mais íntimos da personalidade humana (o da 
intimidade e da consideração pessoal, na autoestima), ou da 
própria valoração da pessoa no meio em que vive e atua (o da 
reputação ou da consideração social, na estima social) 78 
O Dano Moral por ser um assunto da atualidade, permite 
que qualquer pessoa com um mínimo conhecimento jurídico consiga dizer o que 
ele seja, mas certamente terá dificuldade de defini-lo, tendo em vista os inúmeros 
conceitos existentes na literatura jurídica, porém pode-se afirmarcom segurança 
ser extrapatrimonial o seu caráter e inegável reflexo sobre o patrimônio. Enfim, o 
Dano Moral pode lesar alguém no que ela é, e não somente no que ela tem.79 
 
2.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
Embora a responsabilidade civil seja uma característica da 
modernidade, o dever de reparar o dano por quem o cometeu, remonta às mais 
 
76 MATIELO, Fabrício Zamprogna. Dano moral, dano material e reparação. 4. ed. Porto Alegre: 
Sagra Luzzatto, 1998. p. 15. 
77
 BITTAR, Carlos Alberto. Reparação civil por danos morais 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 
44. 
78
 BITTAR, Carlos Alberto. Reparação civil por danos morais, p. 45. 
79
 FLORINDO, Valdir. Dano moral e o direito do trabalho. 3. ed. São Paulo: LTr, 1999. p. 41. 
37 
 
antigas sociedades humanas, sendo possível identificar em várias culturas, a 
existência de um sistema codificado de leis, em que já havia a previsão de 
condutas passíveis da obrigação de reparar o dano causado. 
 
2.2.1 O código de Hamurabi 
 
Surgido na Mesopotâmia, o código criado pelo rei da 
Babilônia, Hamurabi (1792-1750 a, C.), era constituído por um sistema de leis 
sumérias e acadianas, que estabelecia uma ordem social com base nos direitos 
individuais e aplicados pela autoridade do Estado e das divindades babilônicas. O 
código previa uma reparação ao lesado, equivalente ao dano sofrido, tendo como 
princípio geral que o forte não prejudicaria o fraco, surgindo então o célebre 
axioma ―olho por olho, dente por dente‖, inserto nos parágrafos 196, 197 e 200 do 
código. No código de Hamurabi, a reparação do dano tem sua noção claramente 
definida. As ofensas pessoais eram reparadas com ofensas idênticas, além de ser 
previsto no código ainda, uma reparação em valor pecuniário.80 
O código de Hamurabi previa a reparação da ofensa ou 
lesão causada de forma proporcional ao dano provocado, sendo em muitos casos 
a conduta poderia ser penalizada com a morte do ofensor, como forma de 
compensação ao ofendido. 81 
Nas palavras de Cleyson de Moraes Mello, o código de 
Hamurabi previa em seus parágrafos diversas modalidades de reparação, tanto 
pecuniárias como penas de morte: 
§ 1 Caso haja acusação infundada de uma pessoa à outra de 
homicídio, pena de morte ao acusador; 
§ 2 Uma acusação não comprovada de feitiçaria feita a alguém – 
aqui note-se a verdadeira origem dos ordálios (juízos de Deus) 
não surgidos na Idade Média, como entendem alguns, mas aqui 
na Babilônia – mergulhar-se-á no rio o acusado; se morrer 
 
80
 REIS, Clayton. Dano moral. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. p. 10. 
81
 MELLO, Cleyson de Moraes. Responsabilidade civil e sua interpretação pelos tribunais, p. 
26. 
38 
 
afogado o acusador tomará sua casa, se sair ileso o acusado será 
morto e sua casa irá para o acusado; 
§ 5 Caso houvesse um julgamento de um juiz e, após tomar uma 
decisão, fazendo exarar um documento e depois alterou este 
julgamento o juiz pagaria 12 vezes a quantia reclamada nesse 
processo e não mais poderia ser juiz (eis aqui a fonte da 
responsabilidade patrimonial do julgador por evidente conduta de 
corrupção); 
§ 8 Indenizações por furto de animais (boi, ovelha, asno, porco) ou 
barco equivalente ao pagamento de multa diferenciada: 30 vezes 
o valor do objeto se fosse de um templo ou palácio e se fosse um 
indivíduo de classe média, apenas 10 vezes. Se o ladrão não 
tivesse como pagar seria morto; 
§ 59 Se um home livre, (awilum) sem o consentimento do 
proprietário cortou uma arvore no pomar do outro, pagará meia 
mina de prata.82 
O Código de Hamurabi, gravado em uma estrela de basalto 
negro, se encontra conservado no museu do Louvre em Paris, sendo constituído 
por leis sumérias e acadianas, que foram revisadas, adaptadas e ampliadas por 
Hamurabi.83 
 
2.2.2 O código de Manu 
 
Na índia, existiu um homem muito respeitado por todas as 
castas, chamado Manu Vaivasvata, que elaborava textos jurídicos de muita 
importância, sendo a sua obra chamada de: O Código de Manu ou conhecido 
também como as leis de Manu. 
Embora elaborasse textos jurídicos, Manu era muito 
religioso, sendo-lhe atribuído o título de pai do Hinduísmo, que é a religião da 
maioria dos indianos. O Código de Manu, diferentemente do Código de Hamurabi, 
tratava a reparação do dano em pecúnia, não havendo reparação de lesão por 
 
82
 MELLO, Cleyson de Moraes. Responsabilidade civil e sua interpretação pelos tribunais, p. 
27. 
83
 REIS, Clayton. Dano moral. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. p. 9. 
39 
 
outra lesão, demonstrando características éticas ao evitar por meio da reparação 
em pecúnia que o ofensor fosse alvo de vingança.84 
Em comparação com Código de Hamurabi, houve uma 
evolução, motivada pelo fato da reparação ser feita pelo pagamento de uma 
importância e não na reparação de uma ofensa por outra. Desta forma foi 
suprimida a violência física evitando a fúria vingativa da vítima. 85 
Ensina ainda, o Professor Clayton Reis que o Código de 
Manu nos trouxe uma conceituação primária de Dano Moral: 
No livro IX, parágrafos 237 e 239, havia inclusive uma penalidade 
imposta aos juízes, em virtude de erros judiciários. Estabeleciam 
os textos que ―o rei na revisão do processo imporá aos ministros 
ou juízes responsáveis pela condenação injusta do inocente uma 
pena de mil planas‖ 
No geral era o rei quem impunha penalidades previstas no 
Código. É o caso, por exemplo, do parágrafo 224, no qual o rei 
ficava autorizado a impor pesada multa àquele que desse, em 
casamento, uma ―donzela com defeitos‖, sem antes haver 
prevenido o interessado.86 
Para o Código de Manu, o compromisso proveniente de um 
contrato válido, tinha algo de sagrado e deveria ser cumprido. Por quem 
empenhava a sua palavra. Descumprir a palavra dada ou as clausulas de um 
contrato, previa para o contratante inadimplente, além do pagamento de 
indenização em pecúnia, também sujeitava o ofensor à pena de desterro 
(expatriação, deportação ou exílio).87 
 
2.2.3 Grécia 
 
A civilização grega foi sem, dúvidas a mais importante e 
expressiva na história da humanidade, onde pela primeira vez se falou em 
 
84
 FLORINDO, Valdir. Dano moral e o direito do trabalho. p. 26. 
85
 REIS, Clayton. Dano moral. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. p. 12. 
86
 REIS, Clayton. Dano moral. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. p. 13. 
87
 SILVA, Américo Luís Martins da. O dano moral e a sua reparação civil. 2. ed. São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, 2002. p. 67. 
40 
 
democracia e a noção de reparação de dano era pecuniária, tendo o seu sistema 
jurídico, por meio de seus grandes pensadores, atingido notável destaque 
influenciando o homem e as civilizações que a sucederam.88 
Sobre a importância da Grécia para a história da 
humanidade, Valdir Floriano ensina: 
A Grécia assumiu um papel importante na história do homem, 
tendo seu sistema jurídico atingido pontos elevados, graças aos 
seus grandes pensadores. 
 Foi, sem dúvida, na Grécia que se ouviu falar, pela primeira vez, 
em civilização e democracia, elementos importantes, e que 
certamente influenciaram as civilizações que estavam por vir, 
sobretudo na antiga Roma.89 
As leis, instituídas pelo Estado, davam ao cidadão a 
necessária proteção jurídica, sendo que a reparação do dano era pecuniária, 
demonstrando com isso, sua importante parcela na construção da proteção do ser 
humano.90 
 
2.2.4 Roma 
 
Os romanos demonstravam uma grande preocupação com a 
honra, quando diziam est alterium patrimonium (a honesta fama é outro 
patrimônio) afirmando ainda que a honra é um patrimônio da boa conduta, na 
expressão est prerrogativa quaedam ex vitae morunque probitate causata (a 
honra é uma prerrogativa motivada pela probidade da vida e dos bons 
costumes).91 
Para Clayton Reis, os romanospossuíam a exata noção de 
reparação do dano, de forma que para cada ato lesivo ao patrimônio ou a honra 
de alguém implicava em uma consequente reparação pecuniária: 
 
88 REIS, Clayton. Dano moral. p. 16. 
89
 FLORINDO, Valdir. Dano moral e o direito do trabalho. p. 28. 
90
 FLORINDO, Valdir. Dano moral e o direito do trabalho. p. 28. 
91
 FLORINDO, Valdir. Dano moral e o direito do trabalho. p. 29. 
41 
 
Os delitos de natureza pública eram considerados mais graves, 
eis que ofendiam o Estado, sobre o qual se assentava toda a 
estrutura politico-econômico-social do sistema vigente da época. 
Daí por que os delitos contra o Estado eram graves e redundavam 
em repressões extremas.92 
Os romanos quando vitimas de injuria, podiam utilizar-se da 
ação pretoriana chamada injuriararum aestimattória exigindo uma reparação 
pecuniária, que ficava à critério do juiz, que avaliava todas as circunstâncias para 
a aplicação de uma pena justa, objetivando a reparação e a proteção dos 
interesses do ofendido. 
De acordo com a lição de Valdir Florindo, a prova dessa 
proteção à vítima é encontrada na Lei das XII Tábuas (Lex duodec tabularum), na 
tábua VII – De delicits, com seguinte texto: 
§ 1º ―Se um quadrúpede causa qualquer dano, que o seu 
proprietário indenize o valor desses danos ou abandone o animal 
ao prejudicado.‖ 
§ 2º ―Se alguém causa um dano premeditadamente que o repare.‖ 
§ 5º ―Se o autor do dano é impúbere, que seja fustigado a critério 
do protetor e indenize em dobro.‖ 
§ 8º ―Mas, se assim agiu por imprudência, que repare o dano; se 
não tem recursos para isso, que seja punido menos severamente 
do que se tivesse intencionalmente.‖ 
§ 9º ―Aquele que causar dano leve indenizará 25 asses.‖ 
§ 12 ―Aquele que arrancar ou quebrar um osso a outrem deve 
condenado a uma multa de 300 asses, se o ofendido é homem 
livre; e 150 asses, se o ofendido é um escravo.‖ 
§ 13. ―Se o tutor administra com dolo, que seja destituído como 
suspeito e com infâmia; se causou algum prejuízo ao tutelado, que 
seja condenado a pagar o dobro ao fim da gestão.‖ 93 
Embora não restem dúvidas, que os romanos usavam a 
pena pecuniária para a reparação dos danos, existe resquícios da pena de Talião, 
como a encontrada na Lei das XII Tábuas, através do § 11 da mesma tábua VII: 
 
92 REIS, Clayton. Dano moral. p. 16. 
93
 FLORINDO, Valdir. Dano moral e o direito do trabalho. p. 30. 
42 
 
―Se alguém fere a outrem, que sofra a pena de Talião, salvo se existiu acordo‖ (Si, 
membrum rupsit, ni cum eo pacit, talio esto).94 
 
2.3 O DANO MORAL NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO 
Anteriormente à Constituição de 1988, muito se discutia 
desde a irreparabilidade até a incondicional indenizabilidade dos danos morais na 
esfera da responsabilidade civil, por falta de dispositivos sobre este tema nas 
constituições anteriores. 
Com a promulgação da Constituição de 1988, 
recepcionando expressamente a responsabilidade civil por danos morais, encerra-
se a discussão sobre o tema. No artigo 1º, inciso III, fica a dignidade da pessoa 
humana destacada como um dos fundamentos da nação, enfatizando a 
importância da proteção da personalidade, mais precisamente no artigo 5º, inciso 
V, que diz ―é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da 
indenização por dano material, moral ou à imagem‖.95 
A jurisprudência dominante e praticamente unificada a 
respeito do Dano Moral, existente até a Constituição de 1988, não admitia a 
reparação unicamente de danos morais, permitindo apenas a fixação de valores 
complementares em uma indenização por danos materiais. Esta posição ficava 
mais evidente nos julgados referentes a menores, quando eram negadas aas 
indenizações se o menor não contribuísse coma renda da família. 96 
Sobre este tema ensina ainda o Professor Cleyson de 
Moraes Mello: 
Tal situação sofreu uma modificação radical por força da Súmula 
491 do STF: ―É indenizável o acidente que cause a morte de filho 
menor, ainda que não exerça trabalho remunerado‖. A partir desta 
 
94
 FLORINDO, Valdir. Dano moral e o direito do trabalho. p. 30. 
95 MATIELO, Fabrício Zamprogna. Dano moral, dano material e reparação. 4. ed. Porto Alegre: 
Sagra Luzzatto, 1998. p. 66. 
96
 MELLO, Cleyson de Moraes. Responsabilidade civil e sua interpretação pelos tribunais, p. 
59. 
43 
 
Súmula, iniciou-se, ainda que timidamente, nos Pretórios 
nacionais algumas decisões em que se reconheciam indenizações 
a menores que não concorriam para a economia doméstica e, por 
extensão, algumas decisões a favor de pessoas maiores APENAS 
por lesões sem repercussão patrimonial.97 
A reparação de danos morais puros caracterizou-se como 
uma evolução da reparação de danos morais reflexos, tendo em sua fase inicial a 
jurisprudência dominante da tese da irreparabilidade. Com o aumento das 
demandas sobre esta matéria e do avanço cientifico do Direito, os tribunais 
reconheceram a injustiça daquele posicionamento, vindo a adotar a posição da 
plena reparação dos danos morais.98 
Esta evolução passou por uma fase intermediária que foi de 
suma importância para o reconhecimento do Dano Moral puro, conforme explica 
Carlos Alberto Bittar: 
Com efeito, superada a fase inicial, num estágio intermediário foi 
acolhida a tese da reparabilidade de danos morais reflexos, 
exigindo-se a existência de consequências patrimoniais negativas, 
em caso de lesão a componente dos circuitos da moral e da 
afetividade humana. Sustentou-se, então, nessa hipótese, a 
patrimonialidade indireta da obrigação legal de indenizar danos de 
ordem moral. Embora limitativa – e até mesmo negativa do dano 
moral puro, quando examinada a fundo -, essa posição abriu 
espaço a absorção da ideia da reparabilidade plena.99 
No atual Código Civil, na Parte Geral, são encontrados 
diversos artigos que tratam dos direitos inerentes à personalidade, como ensina 
Yussef Said Cahali: 
O novo Código Civil traz em sua Parte Geral, uma regra genérica 
de proteção dos chamados ―direitos da personalidade‖ referindo-
se que, ―pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito 
da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de 
outras sanções previstas em lei‖ (art.12). Ainda em termos 
genéricos, dispões que ―o nome da pessoa não pode ser 
empregado por outrem em publicações ou representações que a 
exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção 
difamatória‖ (art. 17); ―salvo se autorizadas, ou se necessário à 
administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a 
divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, 
 
97
 MELLO, Cleyson de Moraes. Responsabilidade civil e sua interpretação pelos tribunais, p. 
59. 
98
 BITTAR, Carlos Alberto. Reparação civil por danos morais, p. 86. 
99
 BITTAR, Carlos Alberto. Reparação civil por danos morais, p. 87. 
44 
 
a exposição ou utilização da imagem de uma pessoa poderão ser 
proibidas, a seu requerimento, sem prejuízo da indenização que 
couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou respeitabilidade, 
ou se se destinarem a fins comerciais‖ (ar. 20). E finalmente, ―a 
vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a 
requerimento do interessado, adotará as providências necessárias 
para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma‖ (art. 
21).100 
De acordo com os ensinamentos de Wander Garcia e 
Gabriela R. Pinheiro, o STJ reconhece algumas condutas que geram Dano Moral, 
sem que seja necessário provar a sua ocorrência, se o ofendido for pessoa 
jurídica; por exemplo: a inscrição indevida em cadastro de inadimplentes e a 
publicação não autorizada da imagem de pessoa, com fins econômicos ou 
comerciais (Súmula 403). Exemplos de casos em cabe Dano Moral: 
Súmula STJ 388 – A simples devolução indevida de cheque 
caracteriza dano

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