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O modelo Uppsala para evolução de empresas com negócios multinacionais – da internalização para a coordenação de redes. Jan-Erik Vahlne, tradução por Eduardo Mota Resumo Objetivo - Este artigo procura oferecer um modelo sobre a evolução da empresa multinacional (EMN). Ele foi criado para ser uma alternativa ao paradigma eclético, a preeminente ferramenta teórica aplicado em estudos com empresas multinacionais (EMN) e de investimento direto estrangeiro. O rótulo de EMN visa mover o foco da estrutura de produção para alterar processos nas relações de negócios e empreendedorismo. Design/metodologia/abordagem - Enquanto o paradigma eclético é fundamentado na economia neoclássica, tendo sua principal destinação na aplicação em estudos de interesse macroeconômico e é baseada em suposições não aplicáveis em estudos de firmas individuais, o modelo de EMN é feito para ser usado em estudos no nível micro. Ele está enraizado em pressupostos consistentes com a teoria comportamental, consequentemente, sendo mais realista. O modelo é baseado no Modelo de Uppsala com inputs a partir de estudos sobre as capacidades dinâmicas, pesquisa sobre empreendedorismo e pesquisa em gestão em contextos de incerteza. Conclusões - Os pressupostos realistas do modelo implicam que ele relevante para a compreensão da dinâmica da estratégia e gestão de EMN. Limitações da pesquisa/implicações - Como o modelo tem como objetivo enriquecer a nossa compreensão da dinâmica da EMN o documento recomenda estudos longitudinais empíricos de empresas. Originalidade/valor - hipóteses realistas e relevantes implicam que o modelo difere em aspectos críticos das teorias anteriores1 em negócios internacionais. 1 Nota do Tradutor: No inglês este termo é “received theory”, que em tradução literal significa “teoria recebida”. No contexto, porém, esta foi a única tradução possível, podendo não estar completamente correta. Palavras-chave processo de internacionalização, Empresa de Negócio Multinacional, capacidades dinâmicas, incerteza, modelo Uppsala, negócios internacionais, macroeconomia. Tipo de Trabalho artigo de pesquisa No periódico "The Mechanism of Internationalization"2 (Johanson e Vahlne, 1990) respondemos a algumas sugestões de que deveríamos discutir como o modelo de Uppsala está relacionado com o paradigma eclético (OLI) e, talvez, integrar o modelo no quadro do paradigma. O resultado de nossa discussão foi de que "os dois quadros em sua forma atual são inconsistentes como uma vez que seus pressupostos básicos são tão diferentes" (p. 16). Mais uma vez estamos agora discutindo os pressupostos básicos dos quadros. Como resultado, nós agora apresentaremos um paradigma alternativo baseado no modelo de Uppsala. O paradigma eclético (OLI) "tem sido amplamente reconhecido como o paradigma teórico proeminente dentro IB3" (Cantwell et al., 2010, p. 567). Ele tem suas raízes na teoria econômica, como é indicado pela perspectiva de Dunning em pesquisa de Administração Internacional (2002). Lá, ele menciona uma série de economistas especializados em estudos de corporações internacionais - Kindleberger, Vernon, Hymer, Aliber e Caves - que parecem ter desempenhado um papel importante para ele durante o período anterior à emergência do paradigma eclético. Com este pano de fundo não é de admirar que os pressupostos, no qual o paradigma eclético é construído, como principal primeiramente objetivam explicar o funcionamento e a estrutura do sistema econômico mais amplo e não da organização e das atividades da empresa individual. Considere, por exemplo, a vantagem da internalização, um elemento central no paradigma eclético, que é baseado em uma explicação da existência de empresas multinacionais (EMN), como conseqüência da falha do mercado (Buckley e Casson, 2 NT: “O mecanismo de internacionalização”. 3 NT: Sigla em inglês para Administração Internacional (Internacional Business / IB) 1976). A seguir (1937) a explicação de Coase da existência da empresa, em geral, assume-se que o controle das firmas e a coordenação dos recursos que ela possui, enquanto faz uso de outros recursos é regido pelo mecanismo de mercado. De acordo com outras teorias, pode-se, no entanto, argumentar que, sob certas circunstâncias, não é incomum que as empresas não possam controlar totalmente o uso de seus próprios recursos e que em algumas situações elas podem exercer algum controle sobre os recursos de outras empresas (Emerson, 1962; Pfeffer e Salancik, 1978; Forsgren, 1989). Se assim for, a vantagem de internalização repousa em pressupostos irrealistas. Em uma discussão sobre os pressupostos da teoria econômica, Friedman (1953) argumentou que o realismo das hipóteses é irrelevante. Seu valor depende da qualidade das previsões baseadas nelas e ele quis dizer que os estudos da teoria econômica apoiam as previsões da teoria neo-clássica, E, como salientado por Buckley e Casson (1998), a simplicidade baseada em pressupostos rigorosos fornece transparência lógica e garante que as explicações dos fenômenos complexos, por exemplo, a existência de EMN, possam ser entendidas. No entanto, se o objetivo é explicar a organização e as atividades no nível da empresa, consideramos que é necessário para construir a análise de suposições que sejam realistas e relevantes no sentido de que elas são baseadas em teorias e pesquisas empíricas que possam explicar o controle e a coordenação das empresas. Nos outros dois elementos do quadro OLI - vantagem de propriedade e vantagem de localização - há diferenças semelhantes entre os pressupostos apropriados para explicações sobre o nível da empresa e sobre o nível do sistema econômico. Este ponto será elaborado abaixo. Um exemplo prático deste problema pode ser encontrada em um estudo sobre os modos de operação no exterior por Benito et al. (2009). Explicações de método tem usado principalmente classificações em categorias tais como licenciamento/franchising, joint ventures e subsidiárias integrais (Hill et al., 1990) ou contratos e equidade (Brouthers e Hennart, 2007). Explicações da escolha do método tem sido baseadas na teoria dos custos de transação. Na sua análise Benito et al. (2009) encontraram alterações importantes dentro dos métodos, mudanças nos papéis e inter-relações do método incluindo combinações de métodos. Tais mudanças e combinações não puderam ser analisadas pela teoria dos custos de transação e os autores concluem que um modelo de processo é necessário para uma análise do método de escolha e mudança do ponto de vista da empresa. O estudo mostra claramente que uma abordagem teórica que se baseia na teoria econômica pode ser inadequada para estudos que sejam relevantes para as empresas individuais. É necessária uma abordagem mais realista e dinâmica, em comparação com o paradigma eclético. Neste contexto, pensamos que há uma necessidade de uma abordagem alternativa que possa capturar o desenvolvimento da EMN com foco no nível da empresa. Isto implica mudar muitos dos pressupostos rígidos ligados à economia neoclássica e passar a usar os pressupostos de investigação sobre, por exemplo, capacidades dinâmicas e outras áreas identificadas por Nightingale (2008) em seu artigo sobre a "mudança do meta-paradigma e a teoria da firma.4 "Além disso, nós subscrevemos com os pressupostos traçados por Dosi e Marengo (2007) em seu artigo "Sobre as teorias evolucionistas e comportamentais das organizações: uma tentativa de roteiro5". Nós especificamos essas suposições abaixo. Mas fundamental para nós é que a gestão do desenvolvimento da EMN em alto grau é uma questão de lidar com a incerteza. Devido aos desenvolvimentos teóricos acima mencionados e da necessidade de ter uma abordagem que possa capturar o desenvolvimento da EMN individual,temos que mudar a unidade de análise: para entender o desenvolvimento da EMN, temos que compreender o desenvolvimento da cooperação internacional, ou redes globais6 (Johanson e Mattsson, 1988). Nós até pensamos que a teoria de internalização não seria necessária, pois é possível coordenar as entidades que não pertencem, mas cooperam com uma forma de rede. Anteriormente, argumentamos (Johanson e Vahlne, 1990, 2009) que devemos contemplar mesclando o modelo 4 NT: Meta-paradigm change and the theory of the firm. 5 NT: On the evolutionary and behavioral theories of organizations: a tentative roadmap. 6 NT: Global Networks Uppsala e o paradigma eclético. Mas nós descobrimos que as diferenças entre os pressupostos subjacentes às duas perspectivas são muito grandes para uma fusão, assim mudamos nossa cabeça e fomos para uma solução mais radical e desenvolvemos o modelo de Uppsala para ser uma abordagem alternativa. Fizemos isso adicionando à versão 2009 do modelo de Uppsala elementos da teoria das capacidades dinâmicas, da teoria do empreendedorismo e da teoria da gestão da incerteza. Estamos prontos para garantir uma mudança de paradigma no sentido de Kuhniano. Fazemos isso, colocando a questão de pesquisa: como é que a EMN evolui? Ou seja, vamos nos concentrar no processo pelo qual o EMN evolui e não sobre o estoque e a estrutura de investimento agregado direto estrangeiro. Como salienta Dunning e Lundan (2008), as várias tentativas teóricas para explicar a existência do EMN estão, na realidade, muitas vezes tentando responder perguntas diferentes. Esta é sem dúvida uma verdade. O próprio paradigma eclético responde a perguntas, pelo menos, de uma forma geral, em "o que torna possível para uma empresa para entrar e operar em um mercado externo de forma sustentável", "o modo que vai aplicar" e "aonde" ele vai. As respostas a essas perguntas, serão possíveis para explicar o tamanho e a estrutura do investimento direto estrangeiro total (Rugman, 2010). O modelo de Uppsala foi originalmente concebido para explicar as características do processo pelo qual as empresas se internacionalizam, mas também foi um expoente no início da "visão baseada em recursos" na formação da estratégia como sublinhou a importância dos recursos heterogêneos (Penrose, 1959) e apontou como a aprendizagem aumenta a capacidade da empresa (Johanson e Vahlne, 1977, 2009; Vahlne et al., 2011). Dunning e Lundan (2008) caracterizam o modelo de Uppsala como comportamental e evolutivo. A teoria das capacidades dinâmicas e a teoria evolutiva da empresa explicam como as empresas podem desenvolver sua força competitiva. Com o paradigma de Uppsala pretendemos explicar como a EMN individual evolui ao longo do tempo. O Paradigma Eclético Argumentado por seus criadores, Buckley e Casson (1976), em seu volume "O Futuro da Empresa Multinacional7", a internalização explica a existência da EMN. E esta é, sem dúvida, verdadeiro, enquanto mantivermos a definição de EMN que eles usam: uma EMN é uma empresa que possui e controla as atividades em dois ou mais países diferentes (nosso grifo). É verdade que, em muitos casos, a internalização é o modo preferido, como avaliado pelos gestores da empresa, mas isto não é necessariamente assim. Obviamente outros modos de funcionamento são muitas vezes preferidos para atividades internacionais. A internalização é necessária no início da empresa. Tem que haver alguma vantagem de propriedade para permitir que a empresa sobreviva. Este não é, no entanto, uma indicação de falha de mercado, mas do sucesso das organizações (Lazonick, 1991). O fenômeno da falha de mercado tem sido o principal argumento para os economistas para explicar a internalização. Assume-se que tal falha é composta predominantemente de "transferência de tecnologia e comércio internacional de produtos semi-processados" (Buckley e Casson, 2009). Dunning e Lundan (2008) desenvolveram as razões para a internalização, no caso de falha de mercado. Na verdade, muitas vezes, não existe nenhum mercado como o de "produtos semi-processados", principalmente componentes, muitas vezes são específicos para a necessidade de a empresa focal. Caracterizar isso como uma falha de mercado não faz sentido. O conhecimento não é sempre um bem público. Mas, mesmo assim, está mais de acordo com as realidades das atividades econômicas, que a EMN é uma forma superior de desenvolvimento de conhecimento, o conhecimento tácito em especial (cf. Kogut e Zander, 1993; Dunning e Lundan, 2008, p. 267). Mas uma vez que a empresa é criada, a internalização é apenas um dos muitos métodos diferentes disponíveis. Nosso estudo de caso no negócio de caminhões pesados da Volvo indica que o que fica internalizado ou que permanece externo não é uma questão de princípio, e, definitivamente, não é apenas um resultado da análise dos 7 NT: The Future of the Multinational Enterprise. custos de transação econômicos. Em vez disso, os aspectos "estratégicos” e contextuais parecem ter impacto sobre a forma como a linha divisória entre a empresa e o ambiente é desenhado, ou expressa de forma diferente quando fazer e quando comprar (Vahlne et al., 2011, 2012). Como Lundan (2010, p. 52) expressou: "[...] os limites da empresa tornaram-se mais porosos compostos de uma variedade de interfaces contratuais e baseadas em igualdades entre fornecedores e clientes" Postulamos que a "vantagem da internalização" não é necessária para a empresa prosperar enquanto o desempenho não é o crescimento e o tamanho da firma. Em vez disso, o desempenho está relacionado com a rede e a capacidade da empresa para controlar e coordenar o desenvolvimento da rede. Empresas multinacionais, em muitos casos desenvolveram uma capacidade "para expandir as suas atividades de valor agregado através de meios contratuais" (Lundan, 2010, p. 52; Augier e Teece, 2007) Dunning e Lundan (2008, p. 267), entender a propensão a fazer isso como dependente da qualidade da vantagem institucional da empresa. Dado um nível satisfatório de rentabilidade, trabalhar com várias modalidades contratuais de uma forma de rede permite que a empresa afete o futuro, poupe o capital e mantenha o nível de incerteza a um nível aceitável. A Teoria da Internalização perdeu sua razão de ser8 como uma explicação para a existência do EMN. Seu status correto é que explica o fenômeno da FDI9. A governança através de diferentes meios contratuais requer, no entanto, o acesso a uma capacidade de coordenar em forma de rede. Esta vantagem é nomeada "vantagens institucionais" por Dunning e Lundan (2008; Lundan, 2010). Nós preferimos considerar essa vantagem como uma "vantagem rede", mais exatamente especificando sobre o que é essa vantagem. Esta vantagem também é de grande importância à medida que, como muitas outras (Bartlett e Ghoshal, 1989; Andersson et al., 2007), vemos a EMN como a própria rede, onde a matriz (HQ)10 precisa de 8 NT: raison d’etre 9 NT: Sigla em inglês para Foreign Direct Investiment (Investimento Direto Estrangeiro) 10 NT: No inglês “Headquarters”, cuja sigla é HQ. habilidades semelhantes para coordenar tanto internamente como externamente (Vahlne et al., 2011b, 2012). Não podemos deixar de concluir a seção sobre internalização citando Dunning e Lundan (2008) em um ponto interessante, que é novamente a menos do que perfeita economia de custos de transação: "Gostaríamos de fazer um apontamento final, mas que acreditamos que seja importante. A maior parte da pesquisa sobre a internalização dos mercados pressupõe que as empresas se comportam de uma maneira economicamente racional, e na medida em que isso é levado em conta, são capazes de combater, ou pelo menos minimizar, a incerteza. No entanto, emum mundo não-ergódico, e em um em que as empresas buscam múltiplos interesses mudando e se envolvendo em domínios culturais diferentes, o modelo de transação de custos baseado em eficiência pode precisar de alguma modificação" (p. 142). Nós gostamos de sugerir a natureza do nosso ponto de vista preferido em suposições citando Cantwell et al. (2010): "[...] combater a complexidade e incerteza agora é visto como uma força motriz no processo evolutivo" (p. 567), uma visão com as quais nos comprometemos. É verdade que precisamos de uma nova abordagem para ligar as várias características da empresa e do ambiente para a escolha do modo de operação internacional. Deve basear-se em pressupostos realistas em matéria de controle e coordenação. Obviamente, Dunning ao longo do tempo também se tornou menos satisfeito com alguns dos pressupostos do paradigma OLI e ele gradualmente aliviou algumas delas na direção de mais realismo e em linha com a teoria moderna da empresa. Por isso, ele apresentou diversas variedades do paradigma (Eden e Dai, 2010; Narula, 2010), trazendo-o mais perto de nosso próprio pensamento como expresso na versão de 2009 modelo de Uppsala (Johanson e Vahlne, 2009). O desenvolvimento tem sido apresentar várias imperfeições do mercado do paradigma OLI, como racionalidade limitada, a informação assimétrica, estruturas de mercado oligopolistas, etc, e não menos importante a existência de incerteza (Dunning e Lundan, 2008, p. 235, 264, 322). Ele parece estar descontente com a propriedade estática do paradigma e afirmou que a estratégia de negócios faz pontes com a OLI em diferentes pontos no tempo (Dunning e Lundan, 2008, p. 111). A teoria baseada em recursos é "injetar" dinamismo no paradigma eclético (Dunning e Lundan, 2008, p. 120). No entanto, os princípios básicos dos pressupostos neo-clássicos permanecem. Em um artigo mais tarde Cantwell et al. (2010), mostra como, de uma forma dinâmica, as instituições externas e internas evoluem ao longo do tempo. As instituições têm uma incerta redução de função quando reduzem a responsabilidade do estrangeirismo. Este é, sem dúvida, verdadeiro e de grande importância para as empresas multinacionais. No entanto, em nossa opinião, o estrangeirismo é reduzido diminuindo o grau de estrangeiridade11, tornando-se possível interagir para reduzir o estrangeirismo (Johanson e Vahlne, 2009). Acreditamos que a permitir logo que as dinâmicas comecem focando no processo de internacionalização e começando com os pressupostos com base empírica é o caminho a seguir para construir uma alternativa ao paradigma eclético. Pressupostos Essas empresas que crescem e prosperam têm acesso a vantagens competitivas na forma de capacidades operacionais e dinâmicas, permitindo-lhes interagir com outros atores do ambiente de uma forma vantajosa para eles (Helfat et al., 2007). As capacidades dinâmicas implicam em que a empresa esteja desenvolvendo as suas capacidades operacionais ao longo do tempo, aprendendo e inovando. Como as empresas não são mais que limitadamente racional, o caminho e a dependência da rede irá caracterizar o processo de desenvolvimento (Augier et al., 2000). 11 NT: O autor aqui usa o neologismo “outsidership” que pode ser compreendido com uma analogia: Own = próprio outside = (lado de) fora Owner = proprietário outsider = aquele que vem (do lado) de fora / forasteiro Ownership = propriedade outsidership = a região que caracteriza aquele que é (do lado) de fora / forasteiridade Utilizou-se o termo “estrangeiridade” por encaixar melhor no contexto As empresas organizam em formas preferíveis de acordo com os contextos, com base em preferências estratégicas, incluindo custos e potencial de futura ação rentável. A economia dos custos da transação, devido aos pressupostos em que se baseia, é uma fórmula demasiada estreita para julgar as preferências gerenciais (Ghoshal e Moran, 1996). Ou, nas palavras de Cantwell (1989, p. 215): "[...] a teoria dos custos de transação especifica as condições em que os arranjos institucionais não mercantis obterão (por exemplo, dentro da empresa), e o faz atualmente excluindo qualquer papel ativo para a estratégia empresarial. 12" Uma razão importante, entre várias, é que as decisões não são tomadas com base no impacto sobre as transações individuais, como na maioria dos casos as empresas são partes de muitos relacionamentos de negócios diádicos, onde há longas séries de transações que afetam umas as outras de uma forma dinâmica (Dyer e Singh, 1998; Ford, de 1997; Hakansson, 1982). Em um mercado neo-clássico, presume-se haver vários vendedores e compradores que lidam com produtos homogêneos. Em oposição a isso, assumimos que há um número limitado de atores no mercado, lidando com produtos e serviços heterogêneos. Com o tempo, as partes em relações comerciais diádicas aprendem sobre as capacidades e necessidades uns dos outros e, portanto, ajustam-se uns aos outros como uma forma de melhorar a eficiência. Desta forma, os compromissos mútuos podem estar aumentando, se o desempenho é satisfatório e as perspectivas são promissoras (Johanson e Vahlne, 2009). Se o desempenho é menos do que satisfatório e as perspectivas não são promissoras, o compromisso pode diminuir e, em casos não raros, a relação pode chegar a um fim. Relações comerciais diádicas são conectadas a outros tais relações e, por isso, as empresas e as relações individuais são incorporados em redes de relações - redes de negócios13 (Anderson et al., 1994). Generalizando a partir desse ponto de vista, assumimos que os mercados são redes de relações interligadas, onde as relações e 12 NT: A frase pare estar sem sentido, mas no inglês ela também não faz nenhum sentido. Essa foi a tradução mais próxima possível. 13 NT: Networks interconexões podem ser de caráter variável (Johanson e Mattsson, 1988; Johanson e Vahlne, 2006). Isto implica por sua vez que os diferentes mercados dos países podem ser mais ou menos interligados através de relações de rede. Como a interação com as partes no ambiente de mercado é realizado dentro dos relacionamentos – aprendendo, criando a internacionalização, a melhoria das capacidades dinâmicas - é importante estar dentro de redes relevantes. A naturalidade14 é em si uma dimensão crítica de várias capacidades dinâmicas e, portanto, constitui uma vantagem. Por isso, há uma vantagem da naturalidade15 e uma responsabilidade correspondente da “estrangeiridade” (Johanson e Vahlne, 2009). O ponto de vista de rede de mercado implica que elas (as redes de mercado) são estruturas emergentes, que se desenvolvem através da interação entre os atores do mercado (Kogut, 2000). As estruturas de mercado são estáveis e em mudança. Em alguns casos, as mudanças são graduais, em outros eles são rápidos e até mesmo revolucionárias. Tais mudanças rápidas podem depender das ações dos atores individuais. Um mercado neo-clássico é em equilibrio. Nós preferimos o contrário: os mercados, e todo o sistema econômico, estão sempre passando por mudanças como dito por estudiosos austríacos (cf. por exemplo Kirzner, 1973). Partir do pressuposto de equilíbrio pode ser extremamente enganador na análise das mudanças e desenvolvimentos. Na verdade, um pressuposto de equilíbrio inibe a análise dinâmica. Também assumimos que é a razão para ver a própria EMN enquanto uma rede (Bartlett e Ghoshal, 1989; Forsgren et al., 2005). Isto implica que a empresa não é uma unidade de decisão e não existem estritas relações hierárquicas entre a matriz e as subsidiárias. Subsidiárias e outras unidades do grupo estão de diversas formas dependentes dos recursos umas das outras e das empresas no ambiente de mercado. 14 NT: aqui ocorreum neologismo análogo ao de outsidership, com o termo “insidership”, que seria o oposto do outro, significando “o local que caracteriza aquele que é (do lado) de dentro”. O termo mais aplicável foi “naturalidade”, num sentido próximo ao usado como sinônimo de “nacionalidade”. 15 NT: idem Subsidiárias podem ganhar alguma influência sobre outras unidades do grupo, controlando recursos críticos. Em particular, as subsidiárias que têm acesso a recursos críticos externos graças a relações fortes acabam obtendo uma forte posição na empresa (Andersson et al., 2007). Finalmente, a teoria de internalização explica as condições para a minimização de custos e queremos dizer que não há razão para ter uma perspectiva mais ampla, assumindo que o papel da empresa é criar valor através da construção, desenvolvimento e coordenação de relações de rede de negócios. Segundo Snehota (1990) e Pitelis e Teece (2011) nós consideramos isso como o papel do negócio da empresa. Isto significa em primeiro lugar que, em comparação com o ponto de vista da firma no paradigma eclético, mudamos o foco da estruturas para a mudança e desenvolvimento de processos, e, em segundo lugar, de investimento para a produção, para relações comerciais com os agentes do mercado. De acordo com o nosso ponto de vista a empresa de negócios multinacionais, ou melhor, a empresa multinacional (EMN), é uma empresa de construção e desenvolvimento de redes de negócios de criação de valor dentro e entre países estrangeiros, tanto dentro como fora dos limites da empresa. Essas premissas permitem-nos desenvolver o modelo de Uppsala, que nós pensamos que está de acordo com as características da realidade econômica tal como a conhecemos, também caracterizado pela dinâmica e incerteza, e (permitem também) focar nos processos evolutivos e não no estoque de investimento direto estrangeiro. Abaixo descrevemos os blocos de construção que estamos usando no desenvolvimento de nossa abordagem para explicar a evolução da EMN: o modelo de Uppsala, a teoria das capacidades dinâmicas, a teoria do empreendedorismo e da gestão em contexto de incerteza. O modelo de Uppsala O modelo de Uppsala original foi baseado em estudos indutivos de empresas multinacionais suecas que foram localizadas para iniciar a sua internacionalização em mercados próximos ao mercado doméstico em termos distância psíquica e entrando gradualmente em mercados mais distantes. No mercado individual, os modos de entrada geralmente preferido eram os que implicavam em pouco investimento e, consequentemente, em poucos riscos, enquanto que mais tarde modos mais comprometidos foram escolhidos como explorar melhor o potencial de mercado (Johanson e Vahlne, 1977). Este comportamento foi explicado como equilibrar incerteza. Mais tarde, descobrimos que este padrão era o mais diversificado, como mais formas de se tornar aplicável e que o conceito de distância psíquica, sendo de relevância em nível micro, implica que "o que é perto do mercado de casa" é, na realidade, muito contextualmente específico, que está depende das experiências tidas por pessoas com papéis críticos na empresa (Johanson e Vahlne, 2009). Ultimamente, temos aplicado o modelo sobre o processo de globalização (Vahlne et al., 2011) e na internacionalização ele tem sido visto como um processo empresarial (Schweizer et al., 2010). Estes estudos nos convenceram de que a incerteza é um fenômeno ao qual temos de prestar mais atenção. Assume-se agora o ambiente da empresa como sendo de um personagem de rede com as empresas incorporadas nas relações diádicas com outros atores, que por sua vez estão embutidos em outras tais relações. Isto implica que as relações estão ligados umas às outras, constituindo estruturas de rede. É nessas relações que a troca ocorre: não só a troca de produtos e serviços, mas também conhecimento e informação. Novos conhecimentos são desenvolvidos em sequência com uma responsabilidade cada vez maior de fortalecer o relacionamento. Se as duas partes em um tal relacionamento ver o potencial para um desenvolvimento positivo, na forma de crescimento ou melhoria da eficiência, eles vão se comprometer a futura cooperação conjunta (Johanson e Vahlne, 2003). Como "o que acontece, acontece nos relacionamentos, "a construção de uma série de tais relações constitui um investimento grande e importante, e uma vez estabelecida, uma vantagem organizacional ou de propriedade. Engajar-se em relacionamentos não está longe de tudo isento de riscos enquanto as relações continuam a se desenvolver, mas, pelo contrário, estão chegando a um impasse (Hohenthal, 2001). Nesse caso, o que foi investido foi em vão, a partir do ponto de vista de ambas as partes. Esta é uma característica importante da visão de rede em mercados. A firma individual não pode manobrar livremente do que parceiros de relacionamento preferem, mas muitas atividades importantes devem ser entendidas como uma ação conjunta. Isto implica que a empresa focal não é independente, e que pode por outro lado exercer alguma influência sobre empresas associadas. Na visão de rede em mercados supõe-se que os recursos são heterogêneos como dito por Penrose (1959) e na visão baseada em recursos (Barney, 1986). Essa é uma razão pela qual o conhecimento desenvolvido está localmente situado e não estão disponíveis para aqueles que são de fora16. Ser uma pessoa de fora implica que você não faz parte da rede que está tendo acesso aos recursos desenvolvidos nas relações críticas e, portanto, também das potenciais oportunidades que emergem das atividades em curso. Queremos dizer que a internacionalização é um aspecto do desenvolvimento de oportunidades que surgem na interação em curso em um ou mais relacionamentos. É por isso que vemos o processo de internacionalização como composto de dois sub-processos interligados: a aprendizagem, principalmente a aprendizagem experiencial e a construção de compromisso. E, como disse acima, estes subprocessos acontecem em ambas as extremidades de relações diádicas. Ao estabelecer essa relação através de uma fronteira, nomeamo-o de internacionalização. Quanto aos pressupostos subjacentes, um já foi mencionado: a heterogeneidade, a partir da qual seguem várias coisas. Conhecimento desenvolvido pela empresa focal ou em conjunto com os seus parceiros não é um bem público, mas está disponível apenas para aqueles que estão envolvidos no seu 16 NT: outsiders = forasteiros = aquele é de fora. desenvolvimento. O conhecimento sobre as oportunidades é um aspecto disto, e isto é tão importante quanto a existência de oportunidades, seja descoberto ou criado, disponível apenas para os de dentro, supomos que seja a força motriz do sistema econômico. Os atores das empresas deveriam ser limitadamente racionais e guiados por pesquisa problemística17 (Cyert e March, 1963; Augier et al., 2000). Como as empresas operam em um ambiente que é apenas vagamente conhecido, e onde a informação não é clara e é difícil de interpretar, as empresas operam em um clima de incerteza, ambiguidade e complexidade. Os gestores têm de agir com bases altamente subjetivas, e agir pode ser a única maneira de aprender e criar novos conhecimentos (Vahlne et al., 2011, 2012). Além disso, "Organizações são caracteristicamente representado como agindo em busca de inteligência, mas o caminho para a inteligência não é a racionalidade calculista, mas a aplicação de regras que se adaptam através da intenção consciente, da aprendizagem, da imitação e da seleção" (Augier et al., 2000, p. 560). Essas regras também pode ser chamado instituições ou rotinas. De acordo com Knight (1921) a incerteza prevalece quando os fenômenos de relevância são únicos, de modo que não é possível calcular os riscos. E como o ambiente de negócios oferece mudanças únicastrazendo desconhecimento sobre o futuro, há uma situação de incerteza "Knightiana": o futuro é incognoscível. Parece como se Knight recomende o ajuste como uma forma de lidar com a incerteza, como se o contexto não permitisse a transformação de uma situação de risco. Repetir a ação vai permitir que gerentes possam aprender. "Teorias econômicas contemporâneas da organização são quase inteiramente teorias da incerteza" (itálicos no original) (Augier et al., 2000, p. 559). Esta afirmação se encaixa bem com a nossa visão e gestão em contexto de incerteza e é um ingrediente importante do modelo que sugerimos. 17 NT: Não foi possível encontrar tradução para o termo “problemistic”. Em relação ao ambiente, Weick (1979) enfatiza principalmente a ambiguidade e complexidade. Mesmo com uma riqueza de informações disponíveis, as relações causais podem ser fortemente incertas. Há margem para interpretação e gerentes fazem "sentido", talvez diversos, do que eles aprendem. Mesmo membros da organização ordenam o meio ambiente, o que implica em, em parte, "criar" o ambiente. Ação, e, especialmente repetir a ação, é vista por Weick como uma forma de lidar com a complexidade e a ambiguidade, uma visão que é consistente com a visão de rede de negócios assumindo que a empresa, em interação com outras empresas cria novas estruturas de mercado. Essa visão se assemelha à de Knight e uma opinião semelhante é dada por Winter (2005). Mesmo ações fundamentadas em emoções, como o compromisso com um objetivo torna-o, de acordo com a Teoria Jamesiana de ação (James, 1879; Barbalet, 1997) possível e necessário agir. A suposição é que os seres humanos têm uma vontade embutida para agit como para melhorar o estado atual de coisas. O modelo de Uppsala então consiste em uma interação entre variáveis de estado e de mudança, o que implica que a aprendizagem e construção de compromisso afetar o estoque de conhecimento, incluindo a vontade de cunho emocional para agir, bem como a posição de rede da empresa, que por sua vez afeta o aprendizado e construção de compromisso, tornando o modelo dinâmico e evolutivo. A posição de rede abrange o grau de internacionalização, confiança e compromisso para e das partes da rede. Além de oportunidades, já mencionadas como uma parte importante do estoque de conhecimento, há também conhecimento em partes da rede de estratégias, recursos e planos. Note-se que tanto a aprendizagem quanto a construção de compromisso não só servem o propósito de melhorar a eficiência e promover o crescimento, mas também ajudar a gerir a incerteza. Em aplicações posteriores do modelo, fizemos a distinção entre a posição da rede externa à empresa como um todo e as posições da rede interna das unidades da matriz ou da EMN, uma vez que vemos a empresa como a própria rede (Bartlett e Ghoshal, 1989). Além disso, ajustando o modelo para explicar o processo de globalização, nós adicionamos processos de re-desenho do sistema de coordenação e reconfiguração das operações da empresa (Vahlne et al., 2011b, 2012). Segue-se que nós temos claramente adotado o ponto de vista da EMN como uma rede em si (Ghoshal e Bartlett, 1990; Forsgren et al., 2005) incorporada em redes de negócios mais amplas, em que diferentes unidades de grupo têm relações de rede específicas com empresas externas. Assim, a configuração é uma questão dos padrões de relações entre as diferentes unidades, com diferentes papéis na rede da EMN. Por exemplo, algumas subsidiárias, incorporados em seus ambientes locais, são importantes em termos de inovação, em nome de todo o grupo (Birkinshaw, 2000). Regne'r (2003, 2008), descobriu que subsidiárias na periferia do grupo A eram capazes de produzir, dado a estratégia da EMN, inovações radicalmente novas. Um preço que a matriz tem de pagar para este alto grau de inovação, é um nível ainda maior de incerteza. Devido à mudança incremental, a capacidade de absorção e aprendizado experimental em condições de incerteza, a mudança técnica é dependente do caminho (Rosenberg, 1979, 1982; Zander, 1994). Por razões semelhantes, são também os processos de internacionalização e globalização (Vahlne et al., 2011b, 2012). Capacidades Dinâmicas Fundamentada na visão baseada em recursos, as capacidades dinâmicas tornaram-se um conceito importante dentro da economia evolucionária e gestão estratégica. A definição é: "A capacidade dinâmica é a capacidade de uma organização de propositadamente criar, estender ou modificar sua base de recursos" (Helfat et al., 2007). Ao contrário de capacidades operacionais, determinar a eficácia em operações em curso, as capacidades dinâmicas determinam a capacidade de uma organização para ajustar-se ao seu ambiente, que é a mudança estratégica. Capacidades dinâmicas são explorados através de processos organizacionais e são elas próprias desenvolvido através de tais processos. De particular interesse é a capacidade de processamento de informação que entre outras coisas impacta sobre a capacidade da organização para descobrir ou criar oportunidades (Teece et al., 2002). O principal mecanismo para o desenvolvimento de tais capacidades são processos de aprendizagem e experiência (Helfat et al., 2007, p. 3, Zollo e Winter, 2002). A diferença entre o conceito de capacidades dinâmicas e o conceito tradicional de recursos é que o primeiro pode desenvolver e explorar um determinado conjunto de recursos. Um determinado recurso pode, por exemplo, ter pouco valor em uma empresa apesar de serem de alto valor em outra organização, graças a uma capacidade dinâmica superior. Reconhece-se que uma empresa focal pode ter acesso, embora limitado, a recursos de outras empresas, graças a, por exemplo, uma aliança (Dyer e Singh, 1998). É importante que os proponentes da visão das capacidades dinâmicas vejam mudança estratégica emergente como aceitáveis sob a égide do "intenciona”, como não há dúvidas de que é a intenção por trás da mudança, embora não seja necessariamente planejada com antecedência. Isto também inclui medidas tomadas pelos gestores abaixo na organização, mesmo sem o envolvimento dos gestores de topo (Helfat et al., 2007, p. 5). O desempenho de uma capacidade dinâmica é a sua "aptidão evolutiva", que é a forma como a organização se adapta ao ambiente em mudança. Se o valor desses recursos dinâmicos é superior aos das empresas concorrentes, a empresa focal tem uma vantagem competitiva. Este pode ser, graças à heterogeneidade, um pressuposto de grande importância. Em certa medida, o ambiente não pode ser considerado como totalmente exógeno, mas pode, em certa medida, ser determinado endogenamente (Helfat et al., 2007, p. 12). Consideramos isso muito importante, permitindo a ação empreendedora e o desenvolvimento da rede. Como dito acima, os processos organizacionais são o mecanismo através do qual as capacidades dinâmicas são colocadas em uso, mas também é através de tais processos que as capacidades dinâmicas se desenvolvem (ou desaparecem): "Ingredientes-chave das capacidades dinâmicas incluem processos organizacionais voltadas para aprendizagem e inovação, a forma básica na qual uma empresa é projetada, bem como os quadros de decisão e heurísticas que informam decisões de investimento das empresas ao longo do tempo" (Helfat et al., 2007, p. 19). Em nossa interpretação, isso é muito semelhante ao modelo de Uppsala, que descreve dois processos de mudança, aprendizagem e criação e decisões de compromisso, que de certa forma são decisões de investimento (Johanson e Vahlne, 1977, 2009). Além disso, as capacidades dinâmicas podem ser descritas e avaliadas em qualquer ponto no tempo, assim como as variáveis "estáveis" do modelo de Uppsala, mas, por princípio, não há equilíbrio enquanto os processos organizacionais se tornam mais ou menos contínuo. Outrasemelhança é a importância dada a oportunidades, por Helfat et al. (2007) considerada como uma capacidade dinâmica e por nós como um conhecimento especialmente importante. Como observado por Helfat et al. (2007, p. 62) com referência a Dierickx e Cool (1989) e Teece et al. (1997), "A idéia de que as capacidades emergem de uma série de experiências de aprendizagem dependente do caminho é uma ideia central", relacionada com o pensamento de Nelson e Winter (1982) em economia evolucionária. Esse mesmo pensamento já era crítico na versão de 1977 do modelo de Uppsala (Johanson e Vahlne, 1977). Finalmente, "os processos de [...] reconfiguração dos recurso organizacional e de coordenação sustentam capacidades dinâmicas" (Helfat et al., 2007, p. 117). Esta é uma parte importante da interação dinâmica entre as variáveis de estabilidade e de mudança do modelo de Uppsala (Johanson e Vahlne, 1977 e 2009). Acima da dependência da trajetória, existem algumas outras hipóteses, em que as capacidades dinâmicas visualizam restos, que são interessantes. Assume-se que o local onde está traçada a fronteira da empresa é dependente de vários fatores, e não apenas dos custos de transação. Por outro lado, exatamente como esse limite é desenhado não é uma questão crítica para que a empresa focal possa, utilizando suas capacidades relacionais, explorar os recursos de fora de suas fronteiras (Dyer e Singh, 1998; Helfat et al., 2007, p. 28). Os seres humanos devem ter características mais interessantes do que as assumidas por Williamson (1985). Mas aqui não há menção de construção de confiança e uma propensão a cooperar, mas sim de que os gestores deveriam ser apenas limitadamente racionais. A existência de incertezas e ambiguidades é reconhecida, mas o impacto dessas características contextuais sobre as capacidades dinâmicas ou processos organizacionais não é discutido. Ao discutir as capacidades relacionais, Helfat et al. (2007) concentra-se principalmente sobre o lado intelectual desses recursos, como gestão do conhecimento, enquanto o lado de construção de confiança dessas capacidades é raramente abordado, e como as empresas podem construir a confiança não é tratado de nenhuma modo (Capítulo 5). Teoria Empreendedorismo e gestão em contexto de incerteza O contexto das EMN, nós e outros (por exemplo, Dunning e Lundan de 2008) acreditamos, é complexo e mutante em forma nem sempre fáceis de entender e explicar (Weick, 1979). Não menos importante é o ambiente de negócios em constante mudança devido a ações por diversos atores, tentando inovar com melhor tecnologia e com melhores formas de servir os clientes. Isto é consistente com a visão de que as empresas não estão apenas ajustando passivamente ao meio ambiente, mas procurar ativamente transformar o ambiente: a tecnologia é gerada endogenamente ao invés de recebida do meio ambiente (Nightingale, 2008). Isso também pode ser visto como uma maneira de lidar com a incerteza: empurrar a sua solução para o meio ambiente! Assim, as capacidades dinâmicas são importantes para melhorar as capacidades operacionais da EMN. Destes, acho que a capacidade empreendedora merece algum interesse extra. Como o contexto, pelas razões acima expostas, muitas vezes é caracterizado por um alto grau de incerteza, a capacidade de desenvolver o negócio em tais circunstâncias é crítica. Achamos que o "processo de efetivação”, como descrito por Sarasvathy (2001) bem caracteriza o processo empreendedor. O foco na exploração de contingências, em nossas palavras aprendizagem experiencial, trabalhando com partidos e concentrações de redes sobre o que pode ser controlada, são elementos valiosos da teoria do processo de efetivação. A exploração de contingências se torna possível ao aceitar a visão de March (1982) sobre meta de ambigüidade. A efetuação é, por conseguinte, adequada no contexto de alto nível de incerteza. Mas Sarasvathy vem para salientar, que é claro que existem contextos caracterizados por baixos níveis de incerteza e um processo de causalidade possa ser adequado. O processo de causação é semelhante a um modelo de tomada de decisão racional, útil no contexto neo-clássico. Um aspecto interessante do processo de efetivação é que presume-se que o tomador de decisão concentra-se na "perda acessível" ao invés de no lucro. Isso torna a incerteza menos importante, desde que o projeto em mãos pareça ter um desempenho dentro do "limite de perda". O mesmo impacto decorre do fato de que os objetivos vagos permitem que o tomador de decisão explore as contingências emergentes, presumivelmente caracterizados por menos incertas do que os fatores de terem sido objeto de previsões. Dado o contexto descrito acima caracterizado pela incerteza, postulamos que o empreendedorismo (corporativo) é em grande medida o que a gerência trata. Consequentemente, lidar com a incerteza é um aspecto sempre presente na evolução da empresa, mesmo que os gestores provavelmente pensem que estão lidando com problemas relativamente imediatos ou oportunidades (Vahlne et al., 2012). Isso segue o que diz modelo de Uppsala que durante a troca de produtos, serviços e conhecimento nas relações de rede, novas oportunidades, contingências surgem e que os gerentes começam a agir e, dessa forma, gradualmente, aprendem a fim de que a incerteza diminua. Há uma vontade de agir bem como de melhorar o atual estado de coisas (James, 1879; Weick, 1979). Mas como o futuro é incognoscível, Manilha (1979, p. 12) afirma: ". Decisão é escolha, mas a escolha entre o que?" "A escolha é entre experiências imaginária" Em nossa interpretação, a história importa, mas como experiências são inputs do processo de inovação, mudanças podem ocorrer. Cantwell et al. (2010) argumenta que o aumento da incerteza obriga as empresas multinacionais a se envolver em empreendedorismo institucional, o que implica na experimentação e na descentralização (p.580). Acreditamos que isso esteja correto, mas que não é suficiente: as empresas multinacionais estão de vez em quando18 repensando toda a estrutura e controle das atividades econômicas e não- econômicas em que estão envolvidos. Nossa crença é de que o desenvolvimento da rede seja mais provável. Precisamos mudar a unidade de análise de “apenas a EMN” para “a EMN em sua rede”. O modelo de Uppsala na evolução da EMN Construindo o trampolim do modelo de Uppsala, congruente com a visão das capacidades dinâmicas e incorporando blocos de construção da teoria do empreendedorismo e da gestão em contextos de incerteza, desenvolvemos o modelo para explicar a evolução da EMN. É importante notar que seguindo nossa suposição de o contexto da EMN enquanto uma rede de relacionamentos é que os processos organizacionais retratados na Figura 1, estão acontecendo também na outra extremidade das relações diádicas em que a EMN está envolvida (Johanson e Vahlne, 1990). Essencialmente, o modelo captura um processo que consiste em dois tipos de variáveis de mudança: decisões comprometendo a organização a um certo partido, projeto ou estratégia e processos de aprendizagem inter-organizacionais em curso, criação e construção de confiança. Estes processos que são essencialmente processos de interação que envolvem diversos atores seguem de forma mais ou menos contínua, pois não há equilíbrio. O modelo é dinâmico no sentido de que quando um novo conhecimento é aprendido ou criado, ele vai ter um impacto sobre os contínuos aprendizado e criação, bem como sobre as decisões relativas a compromissos. Do mesmo modo, as decisões relativas a compromissos vão ter impacto sobre o 18 NT: Tradução para a gíria “on and off”, que em tradução literal significaria “ligado e desligado”. desenvolvimento do conhecimento subseqüente. As variáveis de estado podem, a qualquer momento no tempo, descrever o estadoatual do conhecimento e capacidades da EMN, bem como da posição da rede. A capacidade organizacional diz o que podemos fazer e a posição da rede diz onde estamos no espaço da rede. Juntos, eles têm um forte impacto sobre as mudanças. Tem se esforçado para manter o modelo o parcimonioso possível. Estável Mudança Capacidades Dinâmicas Capacidade de desenvolvimento de oportunidades Capacidade de formar redes Capacidades Operacionais Decisões de compromisso Mudança de Reconfiguração de coordenação Posição na Rede Posição inter-organizacional na rede Posição intra-organizacional na rede Poder da Rede Processos Inter- organizacionais Aprendizagem Criação Construção de Confiança Figura 1 - O Modelo Uppsala para a evolução da EMN O quadrante superior direito identifica as decisões que conduzem o processo de surgimento e crescimento em diante. Os fundamentos dessas decisões são de que a entidade focal, a matriz ou uma subsidiária em nome do grupo, externamente, ou a matriz em seu próprio nome, internamente, compromete recursos para um objeto específico, uma relação com um parceiro externo importante, um projeto de desenvolvimento de produtos em um centro de excelência próprio ou uma estratégia do grupo. O compromisso pode assumir a forma de um investimento tangível, que então pode ser descrita em termos de volume e grau de compromisso, que é com recursos investidos com dificuldade que pode ser usado para um projeto alternativo (Hill et al., 1990; Johanson e Vahlne, 2006). O tamanho do compromisso é então o volume do grau de comprometimento. No entanto, o compromisso também pode ser intangível, que consiste, por exemplo, em uma declaração oral de um indivíduo poderoso em apoiar um projeto de desenvolvimento específico ou uma declaração pública de uma mudança estratégica. Indiretamente, este compromisso intangível pode mais tarde atrair grandes recursos financeiros. A gerência de topo, elogiando uma determinada ação tomada por uma subsidiária em uma conferência com todos os chefes de subsidiárias presentes também podem ter forte impacto na mudança de comportamento da subsidiária. Ao tomar tais decisões assumimos que os critérios postulados por Sarasvathy (2001) aplicam-se: perda acessível, ou mesmo impacto não claro sobre os objetivos oficiais declarados e sobre outros objetivos ad hoc, utilizando os meios disponíveis. Conduzir do processo é o conhecer as oportunidades, sejam "descobertas" ou "construídas" (Johanson e Vahlne, 2006). As decisões de Compromisso, como dito acima, podem ser expressas de acordo com as duas dimensões: volume e grau de contenção na re-alocação dos recursos comprometidos. De uma forma um tanto operacionalizada, este pode ser considerado como a reconfiguração dos recursos disponíveis e o re-design dos sistemas de coordenação e de seu conteúdo (Vahlne et al., 2011). De acordo com o ponto de vista da rede da empresa e de seus parceiros relacionados tais decisões podem dizer respeito tanto a configuração e coordenação de sistemas internos e externos. Isto implica que a matriz de certa forma está "forçando" outros partidos, sejam internos ou externos ao grupo, ae comprometer recursos com um determinado objeto. Assim como Emerson (1962), não vemos grande diferença na coordenação em unidades próprias e em unidades externas na rede. A matriz não pode mais confiar em meios inteiramente hierárquicos, mas tem, em certa medida, que "vender" seus desejos e fazer com as outras partes vejam vantagens a longo prazo em seguir com a implementação de acordo com as intenções da matriz (Vahlne et al., 2011, 2012). O ponto de vista da rede da EMN sugere que o mesmo raciocínio pode ser aplicado na gestão de uma subsidiária em específico. Ele pode tomar decisões de compromisso de acordo com o processo de efetivação dentro dos limites de perda acessíveis, que são freqüentemente baseados em restrições orçamentárias. É provável que as decisões relativas a compromissos preocupem o desenvolvimento de relacionamentos com clientes ou fornecedores específicos. Esses compromissos, no entanto, irão inicialmente levar a investimentos limitados, mas como o valor do investimento inicial é dependente de consideráveis investimentos posteriores a esforços gerenciais durante longos períodos na expectativa de futuros negócios, o compromisso pode ter efeitos a longo prazo. Freqüentemente esses investimentos são tratados como custos operacionais e os investimentos reais das controladas serão provavelmente subestimados. Isso é motivo para acreditar que a maioria das estimativas de investimentos diretos estrangeiros de acordo com o paradigma eclético será muito baixo. Uma exceção é a aquisição de empresas. Nesse caso, o preço de para assumir o controle inclui o valor de rede da empresa adquirida. Em particular, pode-se esperar que as empresas comerciais e outras empresas cuja atividade é predominantemente baseado em uma rede de relações comerciais não vai de acordo com o paradigma eclético ao serem classificadas como empresas multinacionais. Nas pesquisas de Administração Internacional elas são eralmente consideradas apenas como extensões de empresas de manufatura. No modelo de Uppsala essas empresas são consideradas como EMNs e seus desdobramentos podem ser explicados da mesma forma que as outras EMNs. O resultado das decisões de compromisso é, para começar, o nascimento de uma empresa, seja "nascida global" ou não. A decisão de começar com o comprometimento de recursos, no caso extremo apenas as próprias capacidades do empreendedor, implica que, após esta decisão, existe uma empresa com pelo menos a capacidade organizacional básica a partir da qual ela pode continuar. Esta empresa pode, então, crescer no mercado interno, para internacionalizar mais tarde ou avançar rapidamente internacionalmente. A diferença é que, na nossa opinião, não necessariamente [numa internacionalização]19 muito grande, dadas as características da rede da empresa focal (Johanson e Vahlne, 2009). 19 NT: acréscimo do tradutor. Embora pode-se supor que as decisões relativas a compromissos são baseados em algum tipo de intenções (Hutzschenreuter et al., 2007), é bem possível que as intenções não sejam realizadas como demonstrado por Santangelo e Meyer (2011) em sua extensão do modelo de Uppsala com base em Mintzberg e Waters (1985). É provável que tais decisões de compromisso levem a processos de desenvolvimento de conhecimentos inesperados, bem como a compromissos futuros, que, por sua vez, terão efeitos sobre o desenvolvimento posterior da EMN. O quadrante inferior direito identifica os processos de interação inter- organizacionais que envolvem a aprendizagem, a criação e a construção de confiança. Nós compartilhamos a visão de que os indivíduos aprendem e que o que foi aprendido é transmitido como o conhecimento tácito ou explícito para outros membros da organização e são úteis se transformado em rotinas (Cohen e Bacdayan, 1994; Nelson e Winter, 1982), em padrões de ação. O modo de aprendizagem mais importante é o experimental, mas também a imitação e a pesquisa são importantes (Argote, 1999; Forsgren, 2002). Como a aprendizagem é de natureza cumulativa, no sentido de que o conhecimento anterior parece ter um forte impacto sobre a capacidade de aprender mais, mas também na direção do aprendizado futuro, na capacidade de absorção, há uma dependência da história no processo de evolução da empresa (Cohen e Levinthal, 1990). Achamos que a relação entre a aprendizagem e a criação está próxima e que, principalmente, o processo de criação ocorre mais ou menos ao mesmo tempo que o processo de aprendizagem. O processo de criação é de importância central, uma vez que ele infunde novidades no processode evolução da EMN (Dosi e Marengo, 2007). Ele faz isso de duas maneiras, criando novos conhecimentos e novas estruturas de relacionamento. A confiança parece ser um pré-requisito importante para a aprendizagem (Granovetter, 1985, 1992; Madhok, 1995). Nahapiet e Ghoshal (1998) entendem isso de modo que o capital social existente apoie a aprendizagem que por sua vez apoia o a construção conjunta de capital social. A confiança é composta por ambos os elementos afetivos e cognitivos e é importante na construção de relacionamentos, e muito importante em nosso modelo (Morgan e Hunt, 1994). A confiança torna possível prever o comportamento do outro, que é a parte do outro lado de uma relação díade, e, nesse sentido, afeta o grau de incerteza. A confiança é um pré- requisito para o compromisso, que é o bloco de construção essencial na construção de um relacionamento. E os relacionamentos são essenciais para o nosso paradigma. Ele sinaliza a disposição de continuar o relacionamento e fazê-lo crescer em importância. A economia dos custos de transação, com seu foco em oportunismo, pensamos que seja baseada em suposições abstratas (Williamson, 1985, 1991) não validadas pela pesquisa empírica. Preferimos a posição do Madhok (2006) para assumir a relevância da confiança, em vez do oportunismo. E concordamos com Morgan e Hunt (1994) que "quando tanto compromisso e confiança - e não apenas um ou o outro - estão presentes, eles produzem resultados que promovem a eficiência, a produtividade e a eficácia" (p. 22). Madhok (2006) constatou que a construção de confiança é um "processo caro e demorado" e o compromisso é desenvolvido no final desse processo (Boersma et al., 2003). Concordamos com este ponto de vista, de acordo com as nossas próprias conclusões relacionadas com a internacionalização e com o empreendedorismo (Johanson e Vahlne, 2009; Schweizer et al., 2010). O quadrante superior esquerdo compreende a primeira das duas variáveis estáveis: as capacidades dinâmicas e operacionais (Teece et al., 1997) da empresa focal. De acordo com o modelo de processo acima, assume-se que as capacidades sejam influenciadas por processos de aprendizagem, de criação e de construção de confiança e de decisões relativas a compromissos relacionados. Em versões anteriores do modelo especificávamos apenas o conhecimento. Dada a importância que atribuímos à capacidade dinâmica das empresas, usamos o conceito de capacidade, incluindo o conhecimento necessário para usar os recursos. Também vale a pena comparar o conceito de capacidade com as vantagens de propriedade, conceito que tem um papel um pouco semelhante no paradigma eclético. A primeira diferença é que o conceito de capacidades é consistente com as fronteiras difusas da empresa, incluindo que as capacidades operacionais e dinâmicas controladas por outros membros da rede da empresa focal podem ser exploradas. Além disso, a vantagem é um conceito relativo com base nos recursos dos que assumimos por concorrentes. Uma razão importante para a utilização do conceito de capacidade é que queremos entender o desenvolvimento da EMN ao longo do tempo, enquanto o paradigma eclético visa explicar a estrutura do Investimento Direto Estrangeiro. Especificamos três tipos de capacidades dinâmicas que, seguindo o modelo de Uppsala, considera-se ser de especial importância para o desenvolvimento internacional da empresa. A primeira é a capacidade de desenvolvimento de oportunidade que é fundamental na condução do processo de desenvolvimento da empresa (Ardichvili et al., 2003; Chandra et al., 2012; Johanson e Vahlne, 2009; Pitelis e Teece, 2011). Isso inclui a capacidade de identificar oportunidades e de mobilização de recursos relevantes tanto dentro da própria empresa quanto em outras empresas envolvidas na oportunidade. A segunda é a capacidade de internacionalização que é central para o desenvolvimento da multinacional (Eriksson et al., 1997). Isto inclui capacidades de abordar e desenvolver diferentes mercados e locais nas mais diversas circunstâncias. O terceiro é a capacidade da rede, o que abrange a capacidade de construir, manter e coordenar as relações em um contexto de tipo de rede (Ritter, 1999). Isto também pode ser marcado capacidade relacional. Como mencionado, consideramos tanto o ambiente interno quanto o externo para ser de um caráter rede20. O quadrante inferior esquerdo identifica a variável de desempenho, a posição da rede organizacional. A posição da rede de um ator é uma questão de quais outros atores se tem relações com, a força dessas relações, bem como os papéis desses atores nas redes mais amplas (Johanson e Mattsson, 1992). A condição de favorável21 20 NT: Não foi possível encontrar tradução precisa para este trecho. 21 NT: O autor usa o sufixo –ness para criar um neologismo com a palavra favorable (favorável). Este sufixo transforma um substantivo em um adjetivo. Ex: Happy (feliz) + ness = Happiness (felicidade). Traduziu-se assim para fica mais compreensível. dessa posição, em termos de rentabilidade e potencial para uma boa posição de desenvolvimento contínuo é resultado de compromissos anteriores e da aprendizagem, criação e construção de confiança e é, por sua vez, um ponto de partida para decisões relativas a compromissos futuros na rede. A posição pode ser também descritas em termos de grau de multinacionalidade ou globalidade. Nota-se que a posição da rede da organização não é de forma alguma um resultado de apenas das ações das matrizes. Como já foi mostrado recentemente, as subsidiárias têm um papel importante na promoção do grau de sucesso do grupo e suas atividades podem ter um impacto decisivo sobre a posição de rede externa da EMN. Além disso, a matriz está longe de ter total controle sobre as unidades internas e externas e, conseqüentemente, o grau de sucesso depende também da qualidade das competências relacionais e, incluindo as "vantagens institucionais" na terminologia de Dunning e Lundan (2008). Finalmente, a posição de rede é uma questão de relação de poder-e- dependência entre os parceiros da rede (Cook e Emerson, 1978). Isso implica, por sua vez, que os atores com posições fortes na rede têm uma espécie de poder de mercado (cf. Hymer, 1960/1976). O poder de mercado permite que a EMN possa afetar o ambiente de uma forma vantajosa para si. Um aspecto disso é que, uma EM poderosa, em comparação com um EMN impotente, pode afetar a mudança ambiental, e experienciar menos incerteza. Discussão Como é, espero, evidente nas seções anteriores a principal razão pela qual desenvolvemos o modelo de Uppsala para ser uma alternativa ao paradigma eclético, é a necessidade de utilização de pressupostos realistas. A principal diferença diz respeito à incerteza. Se Dunning está claramente "sofrimento" da incapacidade de lidar com isso. Mas ele está na página final da sua (e da de Lundan) opus magnum22 indicando que "[...] o desafio da não- ergodicidade da economia global, acreditamos 22 NT: Do Latim “grande obra” que as bolsa de estudo em Administração Internacional precisará mais uma vez abranger uma gama mais ampla de metodologias [...]" (Dunning e Lundan, 2008, p. 762-763). Acreditamos que o nosso modelo acomoda, não novas metodologias, mas uma abordagem teórica diferente permitindo a extrema incerteza. Dunning e Lundan estão referindo-se às atuais e futuras mudanças rápidas e complexas no ambiente para motivar a existência da extrema incerteza. Pode ser verdade que o nível de incerteza está aumentando. Nós, no entanto, acreditamos que sempre houve muita incerteza relacionada com a gestão e é por isso que construímos o nosso modelo da maneira que fizemos. Pensamos que a existência de incerteza, incluindo a complexidade e as obscuras relações de causae efeito, é um fator subestimado na administração. O modelo de Uppsala elimina essa subestimação. Embora o foco do paradigma eclético seja a estrutura de investimentos diretos estrangeiros, o modelo Uppsala coloca a atenção sobre o processo de evolução da EMN. O elemento central do presente processo são os processos inter- organizacionais no quadrante inferior direito da Figura 1. No modelo de 1977 do Uppsala, este foi chamado de atividades atuais que assumiu-se que fossem levar a um aumento do conhecimento do mercado através da aprendizagem experiencial. Na versão 1990 do modelo foi chamado de interação atual, uma vez que o foco foi deslocado para os processos inter- organizacionais em curso envolvendo a empresa e os suas contrapartes nos mercados estrangeiros. Supunha-se que a atividade ou que os processos de interação resultassem em aprendizagem sobre mercados e operações estrangeiras. Agora, assume-se que os processos inter-organizacionais em curso têm um impacto mais amplo sobre a capacidade organizacional da empresa. Ele influencia tanto as capacidades operacionais quanto as dinâmicas. Consistente com a teoria de capacidade dinâmica, assume-se que o efeito básico vem da experiência (Zollo e Winter, 2002). Acreditamos que o modelo que sugerimos terá algumas consequências importantes para a teoria. A relevância de uma das questões críticas em negócios internacionais, a escolha do modo, a nosso ver torna-se de menor importância. Em muitos casos, como argumentamos acima, vários modos alternativos podem trazer resultados semelhantes: o grau de sucesso da cooperação com entidades internas e externas dependem muito da capacidade da matriz em construir e desenvolver relacionamentos e coordenação entre essas entidades. Assim, o valor das vantagens da internalização também deve ser de menor importância enquanto que as capacidades operacionais para construir e coordenar as relações com as partes de rede são de maior importância. Além disso, a capacidade dinâmica de desenvolver essas habilidades deve ser vista como sendo de extrema importância. Essas habilidades são essenciais para os esforços da capacidade de aprender e criar da EMN, por exemplo, as novas tecnologias, sempre sendo visto como uma das explicações mais importantes por trás do desenvolvimento sustentável e bem sucedido das multinacionais. Outra conseqüência do paradigma é que a localização é mais um aspecto da construção de relacionamento. Em casos extremos, pode ser que a localização nacional de um parceiro seja totalmente irrelevante: são as características específicas da empresa do parceiro que importa. Estes, por sua vez, é claro que são mais ou menos dependentes das características do país de origem do parceiro. Mas muitas vezes, no nosso mundo, a localização não é um critério de decisão explícito, enquanto o é de acordo com o paradigma eclético. É certo que, em ambos os aspectos acima mencionados, existem diferenças entre os contextos. Por exemplo, em certos casos, a internalização é julgada como vantajosa para o desenvolvimento da tecnologia. Outro exemplo pode ser que a China é um local de sua preferência e que buscas um parceiro lá. Solicitamos, então, que as teorias, esclarecessem em que contextos a escolha do modo e do local são tomadas antes de escolha do parceiro a ser desenvolvido. Nosso modelo deixa espaço para discrição gerencial, subsequente à análise estratégica. De acordo com o paradigma eclético não existe espaço para a discrição gerencial: o resultado da análise dos custos de transação é o único critério. Sugeriu-se que o modelo de Uppsala implicasse em dependência do caminho na internacionalização da empresa (Hutzschenreuter et al., 2007; Johanson e Vahlne, 2009). A dependência do caminho é também uma implicação da teoria da capacidade dinâmica (Vergne e Durand, 2010; Teece et al., 1997). O conceito foi inicialmente utilizado em explicações de desenvolvimento de tecnologia (Arthur, 1989; David, 1985). Mais tarde, foi também utilizado em análise de desenvolvimento da organização. Em uma discussão sobre a teoria emergente de dependência da trajetória organizacional Sydow et al. (2009) salienta que a dependência do caminho é fortemente influenciada pelas condições iniciais em conjunto com um mecanismo de auto-reforço que leva a um caminho de desenvolvimento estreito. Eles argumentam que a dependência do caminho normalmente é associada com desenvolvimentos caracterizados por efeitos de coordenação, por efeitos de complementaridade, por efeitos de aprendizagem e/ou efeitos de expectativas adaptativas. Vários desses efeitos estão presentes no modelo de Uppsala e, conseqüentemente, é razão para supor que o modelo implica em fortes dependências do caminho. Mas o paradigma também inclui várias características que trabalham em sentido oposto. Primeiro, porque pressupõe que a criação é um efeito importante dos processos de interação inter-organizacionais. A criação de conhecimento na interação entre as duas partes será um resultado dos diferentes problemas que as partes trazem para a interação. Em segundo lugar, assume-se que as decisões de compromisso freqüentemente são feitas em situações caracterizadas pela incerteza utilizando o modelo de efetivação em que as consequências são indeterminadas. Assim, embora o modelo implique em alguma dependência da trajetória, ele deixa espaço para a criação de novos caminhos (Garud et al., 2010). Neste contexto, pensamos que o desenvolvimento da EMN é melhor caracterizada por dependência história (Cyert e March, 1963), o que denota uma dependência mais fraca do que a dependência de caminho. O modelo de Uppsala, destinado a ser uma alternativa ao paradigma eclético, tem que ter uma natureza muito geral, que deve ser capaz de acomodar diferentes teorias dentro da Administração Internacional, por exemplo, questões como a localização e modo de operação. Além disso, é óbvio que o modelo deve ser capaz de acomodar teorias sobre a mudança estratégica bem como os resultados de decisões na multinacional em dimensões tais como localização e o modo realmente seguem decisões relativas à estratégia (Dunning e Lundan, 2008, p. 87, 144, 266). Além disso, o fato de que EMNs de forma crescente desenvolvem as suas próprias "personalidades individuais", por exemplo, na terminologia de Dunning e Lundan [2008, p. 322-323 rotulado como "vantagens institucionalmente relacionados" (na qual e acreditamos fortemente], será necessário para que o modelo seja geral e capaz de acomodar também os aspectos contextuais. Tendo estado, por vezes, incomodados com a generalidade do modelo de Uppsala, nos sentimos mais confortáveis agora com esta característica, como o vemos como uma alternativa para o paradigma eclético. Empiricamente acreditamos que estudos de caso longitudinal seriam o caminho a seguir. Como pensamos, as considerações estratégicas e os aspectos contextuais são importantes para entender os processos de internacionalização e globalização, estes são melhor estudados conjuntamento, e preferivelmente em tempo real. Deve-se notar que o modelo de Uppsala apenas lida com o lado dos negócios das atividades das empresas. O lado financeiro das empresas oferece outros caminhos para lidar com a incerteza (cf. Oxelheim e Wihlborg, 2008). Finalmente, voltamos para a definição de EMN, o qual impacto no caminho que podemos explicar a evolução de tal empresa. Como tantas vezes, achamos que Dunning e Lundan (2008) se aproxima de uma (definição23), o que consideramos como uma visão razoável, mas que não leva a um fim lógico. A definição oferecida para EMN é: “A MNE é, portanto, melhor considerado como uma coordenadora de um sistema de atividades nacionais e estrangeiros que são controlados e gerenciados por ela" (grifo no original). Preferimos ver a MNE, como uma empresa de negócios23 NT: acréscimo do tradutor. (Empresa de Negócios Multinacionais), uma empresa que tem a capacidade de construir, desenvolver e coordenar estruturas de rede de negócios multinacionais de criação de valor, envolvendo ambos os atores internos e externos.
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