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Acesse o canal do YouTube: https://www.youtube.com/LuizCarlosdeAssisJunior?sub_confirmation=1 Acesse o canal do Telegram: https://t.me/processocivilnapratica AULA 03 - MEDIDAS ATÍPICAS NA EXECUÇÃO ESTRUTURA DA AULA • PONTOS IMPORTANTES ABORDADOS NAS AULAS ANTERIORES • PENHORA DA POSSE • SOLICITAÇÃO DE INFORMAÇÕES A ÓRGÃOS PÚBLICOS, AUTARQUIAS, CONCESSIONÁRIAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS, DENTRE OUTROS • INDEFERIMENTO DA PENHORA POR MEIO DO BACENJUD COM BASE NO ART. 36 DA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE • MEDIDAS EXECUTIVAS ATÍPICAS • PENHORA DE BENS DO CÔNJUGE DO EXECUTADO • BUSCA DE BENS OCULTADOS OU DESVIADOS PELO DEVEDOR • CONSIDERAÇÕES FINAIS PONTOS IMPORTANTES ABORDADOS NAS AULAS ANTERIORES Desde o primeiro encontro neste workshop, eu te mostrei que o sucesso de uma execução passa por três momentos, vejamos: https://www.youtube.com/LuizCarlosdeAssisJunior?sub_confirmation=1 https://t.me/processocivilnapratica 2 a) 1º Momento: Pré-execução, ou seja, é o momento preparatório em que as medidas adotadas podem influenciar no resultado da execução, além de evitar ou minimizar os prejuízos do exequente na execução que está por vir. b) 2º Momento: Durante a execução, em que serão utilizadas estratégias par penhorar bens, ou utilização de medidas para coagir o devedor. c) 3º Momento: O terceiro momento vai envolver as medidas que você poderá utilizar quando tudo parecer perdido, quando parecer que o único destino possível da sua execução é o arquivo, porque o devedor desviou seus bens e veremos como você poderá reverter isso. Também foi apresentada a importância de dominar os meios lícitos de coerção do executado, além de conhecer e saber quando utilizar os meios que a lei oferece. Apresentamos ainda as medidas extrajudiciais que podem ser adotadas, independentemente da atuação do Juiz como forma de localizar o devedor. Na segunda aula, tratamos das formas como você pode pesquisar bens do Executado antes mesmo de iniciar a execução e o que você deve fazer para prevenir a fraude à execução. São medidas práticas para você aplicar e começar a ter resultados imediatamente em seus processos de execução e cumprimentos de sentença. Depois de termos vistos aqueles meios pouco comuns do dia a dia forense para a efetivação da execução, hoje vamos avançar mais no estudo das execuções na prática para uma execução efetiva. Na aula de hoje vamos estudar o que e como fazer durante a sua execução para compelir o devedor a cumprir sua obrigação, que são os chamados meios coercitivos, típicos e atípicos existentes na execução. 3 Apesar de serem profundamente difundidos, é preciso ter cautela quanto ao momento e à forma de se pedir o uso de medidas atípicas na execução, a exemplo da suspensão de CNH, porque se o pedido não for feito adequadamente ou for feito em momento equivocado, as chances de ser negado serão muito grandes. Ademais, vamos enfrentar juntos o problema da Lei de Abuso de Autoridade como fundamento para negar o uso do sistema informatizado BACENJUD. Vamos lá!! PENHORA DA POSSE E se o executado apenas tiver posse e não propriedade do imóvel, por exemplo. Como proceder com a penhora deste bem para pagar o exequente? O direito à posse é um exercício de criatividade, e a penhora de posse não é diferente. E eu vou chamar sua atenção para o seguinte fato: não importa o que, desde que tenha valor de mercado poderá penhorado para pagamento de dívidas, ressalvadas as exceções legais de impenhorabilidade. Ora, a posse possui valor monetário e jurídico, e no dia a dia as pessoas muitas vezes nem distinguem posse de propriedade. Ao ver alguém usando alguma coisa, ou seja, exercendo a posse, acredita-se que ela proprietária. Por isso, numa ação de execução ou em cumprimento de sentença, é possível haver a penhora sobre a posse que o devedor executado tem sobre um imóvel – tendo em vista este conteúdo econômico dos direitos possessórios, que fazem com que a posse integre o patrimônio do devedor. 4 E se você parar para analisar bem o artigo 835 do CPC, que trata da ordem de bens penhoráveis, vai verificar que no inciso XIII1 há a previsão de “outros direitos”, caso em que a posse se enquadra perfeitamente. Lembra que, na aula anterior, eu mencionei o caso do imóvel comprado por meio de contrato de gaveta, em que o comprador não transfere a propriedade, mas assume a posse? Neste caso, é absolutamente a possível a penhora do direito possessório que o promitente comprador exerce sobre aquele imóvel. • Mas, como proceder com a penhora do imóvel sem correr o risco de que o devedor venda o imóvel para terceiro durante a execução? Como provar que aquele imóvel realmente é de propriedade do executado, se não está em nome dele? Como evitar possível fraude à execução se a posse não possui registro para fins de averbação da existência da execução? Inicialmente, a penhora em si será realizada por meio de termo ou auto de penhora nos próprios autos do processo, nos termos do artigo 838 do CPC2. Contudo, o que você não vai conseguir fazer é concretizar o artigo é fazer a averbação da penhora no registro do bem, conforme determina o artigo 844 do CPC3, justamente porque o registro não está em nome do executado. 1 Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: ... XIII - outros direitos. 2 Art. 838. A penhora será realizada mediante auto ou termo, que conterá: I - a indicação do dia, do mês, do ano e do lugar em que foi feita; II - os nomes do exequente e do executado; III - a descrição dos bens penhorados, com as suas características; IV - a nomeação do depositário dos bens. 3 Art. 844. Para presunção absoluta de conhecimento por terceiros, cabe ao exequente providenciar a averbação do arresto ou da penhora no registro competente, mediante apresentação de cópia do auto ou do termo, independentemente de mandado judicial. 5 No entanto, você precisa prevenir eventual fraude à execução, a qual será feita da seguinte forma: 1. primeiro, você vai pedir que o proprietário registral seja intimado para se manifestar acerca do seu pedido de penhora do direito possessório do executado sobre aquele imóvel, caso em que o proprietário registral certamente irá confirmar que vendeu o imóvel para o seu devedor e; 2. segundo, você vai fazer um pedido cautelar ao juiz para bloqueio da matrícula do imóvel para impedir transferência para terceiros, afinal, o executado poderia estar de posse de uma procuração e agir de má-fé transferindo o imóvel para terceiro de boa-fé. Veja que se o proprietário registral confirmou a compra e venda, você tem aí a probabilidade do direito necessária para sustentar seu pedido cautelar de bloqueio da matrícula do imóvel; 3. Por fim, você vai ficar atento ao artigo 840, §1º, do CPC4, que trata da do depósito do bem penhorado. A depender do seu caso, especialmente se não houver depositário judicial na sua comarca, você poderá requerer que você, exequente, seja nomeado como depositário, ao invés do próprio executado, afinal você não vai querer colocar a raposa para tomar conta do galinheiro, não é verdade? Pois é, meus caros, quanto mais a gente avança, mais imbróglios vão surgindo, e nós estamos aqui para desembaraçá-los! SOLICITAÇÃO DE INFORMAÇÕES A ÓRGÃOS PÚBLICOS, AUTARQUIAS, CONCESSIONÁRIAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS, DENTRE OUTROS 4 Art. 840. Serão preferencialmente depositados: ... II - os móveis, os semoventes, os imóveis urbanos e os direitos aquisitivos sobre imóveis urbanos, em poder do depositário judicial; ... § 1º No caso do inciso II do caput, se não houver depositário judicial, os bens ficarão em poder do exequente. 6 Não sei se você já viu, mas uma das dicas que eu compartilhei em nossas aulas das terças-processuais e depois repliquei nas minhas redes sociais foi de como você nunca mais ter o recebimento de um ofício ou requerimento recusado por qualquer órgão público ou mesmo um ente privado. No dia a dia, nós tendemos a querer pedir informações verbalmente, talvez por influência da facilidade das mensagens de voz nos aplicativos nos dias de hoje. O fato é que, em se tratando de expedientes processuais e administrativos, as informações devem ser veiculadas – ao menos em sua maior parte – de forma escrita e formal, claro que sempre resguardando o direito de acessibilidade e adaptação razoável para as pessoas que assim precisarem. Por isso, todas as vezes que você desejar pedir alguma informação ou fazer algum registro em algum órgão público ou qualquer lugar que seja, você não deve fazer isso verbalmente, mas, sim, materializar isso por escrito. E, para garantir que o destinatário nunca possa recusar o recebimento de qualquer pedido seu, você sempre vai fazer seus pedidos via correios. Não me pergunte sobre a mágica dos correios, mas ninguém recusa correios, por isso, qualquer ofício ou requerimento que você for fazer, sempre faça pelos correios, mesmo que seja para o seu vizinho. Mas, olha, não se esqueça do aviso de recebimento, visto que a comprovação vai ser um fator importante para os passos seguintes. Em se tratando especialmente do DETRAN, não é diferente. O acesso à informação pública e não protegida por sigilo deve ser permitido mediante requerimento. No entanto, o meu apelo é que ele seja feito por escrito e enviado via correios com aviso de recebimento (Modelo de Requerimento anexo). • Quais são os fundamentos legais que embasam este requerimento e o que você vai fazer diante da negativa ou omissão por parte do órgão em te oferecer uma resposta? 7 Então, vamos começar pelos fundamentos. A possibilidade de ter acesso às informações de propriedade de veículo no DETRAN decorre do nosso direito à informação que está assegurado no Art. 5º, inciso XXXIII da Constituição Federal5, segundo o qual todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Conhecendo a existência desse direito fundamental, nós vamos buscar a lei que o regulamente. É claro que se essa lei não existisse, poderíamos usar outras alternativas para efetivar este mesmo direito, mas, diante da existência da Lei nº 12.527 de 2011, isso representa um encurtamento de caminhos. É essa lei que regulamenta o direito de acesso à informação previsto no artigo 5º da nossa Constituição, e parte do princípio de que a publicidade é uma regra, e o sigilo é uma exceção. Essa mesma lei regulamentou um procedimento através do qual se pedirá o acesso à informação desejada. Por isso, qualquer pessoa interessada poderá apresentar seu pedido de acesso a informações ao DETRAN, sendo prudente lembrar que o pedido deve conter a identificação do requerente e a especificação da informação requerida, em outras palavras, é para deixar claro quem é você e o que e para que você deseja aquela informação. Embora a lei garanta que esse pedido possa ser feito por qualquer meio legítimo, antes que você pergunte o que é um meio legítimo para esse fim, eu lhe digo o seguinte: se o próprio órgão disponibilizar um meio específico, faço uso dele, mas, se esse meio específico não estiver disponível, então, utilize como expediente um requerimento por escrito a ser enviado via correios com aviso de recebimento. Impende ressaltar que, conforme modelo de requerimento anexo, o prazo para resposta pelo destinatário é de até 20 (vinte) dias, consoante disposição do Art. 11, § 1º, da Lei 12.527/2011. 5 XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 8 Feito o requerimento das informações junto ao DETRAN, espera-se que as informações sejam fornecidas conforme a lei, mas, se esse direito for negado, aí nós vamos para o próximo passo. Por falar em negativa, o direito à informação também abrange o direito de saber porque a informação negada, mas, a gente sabe que nem sempre a gente recebe sequer a resposta da negativa. Daí a importância de se ter o aviso de recebimento em mãos, porque é através deste AR que você comprova que fez o requerimento e que não obteve resposta, sendo que essa omissão caracteriza verdadeira negativa. De posse da prova dessa negativa, seja por decisão expressa, seja só com o seu AR, você tem duas alternativas, a depender da sua situação ou momento processual. Se você já tiver com um processo em andamento, você poderá juntar a negativa no próprio processo e pedir que o juiz oficie o DETRAN, caso em que você já terá demonstrado que diligenciou e houve a negativa na via administrativa. Agora, se você está em fase preparatória para ajuizamento de um processo futuro, como no caso da execução que você vai ajuizar, aí você pode se valer do Mandado de Segurança. Por exemplo, num caso de pedido de informações de veículo e seu respectivo proprietário, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina decidiu em reexame necessário6 o seguinte: “Todos têm direito de receber uma resposta da Administração Pública em prazo razoável, com base no direito previsto na Constituição da República e na Lei de Acesso à Informação, por isso, o não- fornecimento de informações integrais acerca de veículo automotor e respectivo proprietário rende ensejo à impetração de mandado de segurança para dar concretude a tal direito”. 6 TJ-SC - REEX: 00059667420108240025 Gaspar 0005966-74.2010.8.24.0025, Relator: Jaime Ramos, Data de Julgamento: 05/06/2018, Terceira Câmara de Direito Público. 9 INDEFERIMENTO DA PENHORA POR MEIO DO BACENJUD COM BASE NO ART. 36 DA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE Como você sabe, começou a vigorar em janeiro deste ano a Lei nº 13.869, conhecida como Lei de Abuso de Autoridade, e na primeira parte do seu artigo 36, essa prescreve que constitui conduta típica a decretação de indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que extrapole exacerbadamente o valor estimado para satisfação da dívida do exequente. Após a publicação desta lei, antes mesmo dela entrar em vigor, foram proferidas diversas decisões indeferindo a realização de penhora de ativos financeiros pelo sistema BacenJud. Essa espécie de decisão se alastrou pelo judiciário brasileiro com os mesmos fundamentos, de que o conteúdo abstrato da lei inviabiliza a utilização do sistema BacenJud, o que poderia poderá ocasionar a criminalização do seu uso pelo Juiz frente à alegação de excesso dos valores indisponibilizados. Veja, por exemplo, essa decisão no Tribunal de Justiça de São Paulo, em que o juízo de primeiro indeferiu a penhora pelo BacenJud nos seguintes termos: “O art. 36 da lei nº 13.869/2019 prevê como conduta típica a decretação de indisponibilidade de ativos financeiros em quantia exorbitante e, ante a demonstração da excessividade da medida, a ausência de correção. Ocorre que o próprio sistema, sem qualquer interferência do magistrado, bloqueia o valor do débito em todas as contas do devedor, ocasionando frequentemente a constrição de quantias muito superiores ao valor executado (...) Observo que apesar da lei nº 13.869/2019 ainda não estar em vigor, considerando o tempo operacional para a realização do bloqueio e de eventual desbloqueio, em uma vara com números de feitos tão elevado, no momento da demonstração da excessividade da medida pelaparte, pode já ter decorrido o período da vacatio legis. Portanto, diante do perigo real de imputação de crime previsto na lei de abuso de autoridade, indefiro o pedido de bloqueio”. Com o devido respeito às opiniões em contrário, esse tipo de decisão é um desrespeito ao jurisdicionado, que já percorre uma via crucis para conseguir efetivar seu direito pelas dificuldades impostas pelo executado, não sendo razoável que o próprio judiciário, faço coro aos obstáculos já enfrentados pelo exequente, tornando a deseja efetividade ainda mais distante. 10 Felizmente, os Tribunais vêm reformando esse tipo de decisão. Para isso, você deve se valer do agravo de instrumento, pois, em se tratando de execuções, seja ação de execução ou cumprimento de sentença, todas as decisões interlocutórias desafiam o agravo de instrumento7. Como você sabe, cabe ao juiz determinar todas as medidas necessárias à satisfação do crédito exequendo e o dinheiro lidera a ordem de preferência de penhora, prevendo o art. 854 do CPC a eficaz medida da constrição de quantia em depósito ou em aplicação financeira por meio do sistema BacenJud. Além disso, a ferramenta BacenJud é extremamente importante para a efetividade e celeridade dos processos, notadamente as execuções. E a parte final do artigo 36 da Lei de abuso de autoridade é claro ao dispor que só haverá a configuração do tipo penal quando o magistrado deixar de corrigir o eventual excesso de indisponibilidade de ativos financeiros, após ser provocado pela parte interessada. Portanto, é absolutamente infundada a decisão que indefere a penhora via BacenJud, especialmente porque o sistema Bacenjud constitui ferramenta que permite o bloqueio direto de valores eventualmente existentes em contas bancárias do devedor, traduzindo-se em efetivo mecanismo de satisfação do credor. Com base nestes fundamentos que você tem agora, é só colocar na estrutura do agravo de instrumento (modelo anexo) que você vai reverter essa decisão. MEDIDAS EXECUTIVAS ATÍPICAS 7 Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: ... Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário. 11 Vamos falar de um ponto sensível nas execuções, que são as medidas executivas atípicas de coerção, que realmente permitem inovação no processo, ou seja, é um campo aberto para o crescimento da sua advocacia. Eu não sei quanto tempo você tem de estrada, mas, uma coisa é certa, as cláusulas abertas que dominam os códigos atualmente são uma verdadeira via para que você exerça sua criatividade como profissional do direito. Eu quero falar com você de uma das estratégias mais importantes para garantir o sucesso em sua execução, que são os meios de coerção, especialmente aqueles decorrentes das cláusulas abertas no processo civil. Essas medidas são um poço de oportunidade para que exerçamos a criatividade e lutemos com todas as forças por aquilo que realmente se busca efetivas. É aí que reside medida atípica de suspensão da CNH como forma de coagir o devedor a cumprir uma obrigação. No CPC há previsão expressa dos meios atípicos de execução nos artigos 139, inciso IV8, 297 e 536, parágrafo primeiro. Em suma, eles estabelecem que cabe ao juiz determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, sendo que há uma grande novidade no fato de que o art, 139, inciso IV, estende essas medidas atípicas para as obrigações de prestação pecuniária, ou seja, de pagar. • Mas quando e como é que você vai pedir a suspensão da CNH do executado como medida executiva? E saiba que o que eu vou te dizer vale também para apreensão de passaporte ou bloqueio de cartão de crédito, enfim, qualquer medida excepcional de coerção. 8 Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: ... IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; 12 Para pedir a suspensão da CNH como meio de coerção você vai ficar atento aos seguintes elementos no seu caso: tempo, pertinência e proporcionalidade. Especificamente nas obrigações de pagar, a suspensão de CNH não será a primeira medida executiva a ser adotada. Decidiu o Superior Tribunal de Justiça9, por meio de suas Terceira e Quarta Turmas, que o juiz pode adotar a suspensão de CNH como meio executivo desde que seja empregado de modo subsidiário, ou seja, desde que seja requerida depois que outras medidas típicas tiverem sido tentadas, a exemplo da tentativa de penhora de dinheiro, que encabeça a fila de bens penhoráveis. Em segundo lugar, o pedido deve ser fundamentado e demonstrar pertinência e proporcionalidade da medida para o cumprimento da obrigação. Esses elementos serão encontrados no caso concreto, por exemplo, imagine que uma pessoa seja devedora executada e depois de ter sido intimada diversas vezes não pagou a dívida, tampouco foi encontrado dinheiro em conta bancária e nenhuma outra medida se mostrou eficaz. No entanto, o devedor leva uma vida bacana com muitas fotos de viagem para o exterior nas suas redes sociais. Sendo isso demonstrado, vai ser pertinente a adoção desta medida como meio coercitivo, porque, apesar de não ter sido encontrado patrimônio, há fortes indícios de ocultação patrimonial. Além disso, seria proporciona, por exemplo, porque ele não usa a CNH como instrumento de trabalho, por exemplo, e tampouco o passaporte. Neste caso teríamos autorização para a suspensão do CNH ou apreensão do passaporte como medida coercitiva. 9 Nesse sentido, REsp nº 1.854.289/PB, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, 3ª Turma STJ; REsp 1.788.950/MT, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, 3ª Turma STJ e REsp 1.782.418, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, 3ª Turma STJ. 13 Perceba, então, que é necessária a fundamentação a partir das circunstâncias específicas do caso, assim como o esgotamento prévio dos meios típicos de satisfação do crédito exequendo. Respeitado esse contexto, portanto, o juiz estará autorizado a adotar medidas atípicas de coerção. Nunca peça a aplicação de uma medida dessa logo no começo da sua execução ou do seu pedido de cumprimento de sentença, pois essas medidas coercitivas têm sido aplicadas como medidas de exceção, ou seja, quando já se tentou praticamente de tudo para se localizar bens do executado sem se ter tido sucesso. PENHORA DE BENS DO CÔNJUGE DO EXECUTADO Posso penhorar bem do cônjuge do executado, ainda que ele ou ela não participe da execução ou do cumprimento de sentença? Antes de mais nada, eu vou deixar uma orientação para você observar sempre antes de iniciar um processo contra pessoas casadas, que é a seguinte: Para que qualquer pessoa responda por uma execução com o seu patrimônio, ela deve ser citada no processo em razão do devido processo legal. Logo, se for uma ação de execução, ambos os cônjuges precisam ser citados, e se for um cumprimento de sentença, ambos os cônjuges têm que ter sido citados na fase de conhecimento e ambos deverão constar como devedores na sentença. Essa citação prévia é obrigatória mesmo quando estamos diante de obrigações solidárias, como aquelas decorrentes de dívida de economia doméstica. O simples fato de a obrigação ser solidária não autoriza expropriar diretamente o bem do cônjuge que não tenha sido parte no processo, sendo necessário o prévio litisconsórcio passivo. No entanto, pode existir uma saída para o seu caso. 14Como você sabe, se o regime patrimonial do casamento do devedor é de comunhão universal ou parcial, o devedor tem direito a 50% (cinquenta por cento) sobre os bens. Trata-se do direito de meação. Então, embora não seja possível atingir o patrimônio do cônjuge não executado, é possível penhorar um bem do casal para pagamento da dívida. Encontrado algum bem do casal, mesmo que esteja só em nome do cônjuge não executado, se o bem tiver sido adquirido após o casamento no regime patrimonial da comunhão parcial ou a qualquer tempo no regime da comunhão universal de bens, você poderá pedir a penhora de 50% (cinquenta por cento) do bem para quitar a dívida. Então, o que está sendo penhorado neste caso é a metade do bem. É que essa metade a ser penhorada pertence ao cônjuge que está sofrendo a execução em juízo. E é isso que está disposto no artigo 790 do CPC10 quando diz que o sujeitam-se à execução os bens do cônjuge nos casos em que os seus bens próprios ou de sua meação respondem pela sua dívida. Além disso, você vai ficar atento à necessidade de se resguardar a quota-parte do cônjuge não- executado, conforme artigo 843 do CPC11. 10 Art. 790. São sujeitos à execução os bens: ... IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua meação respondem pela dívida; ... 11 Art. 843. Tratando-se de penhora de bem indivisível, o equivalente à quota-parte do coproprietário ou do cônjuge alheio à execução recairá sobre o produto da alienação do bem. § 1º É reservada ao coproprietário ou ao cônjuge não executado a preferência na arrematação do bem em igualdade de condições. § 2º Não será levada a efeito expropriação por preço inferior ao da avaliação na qual o valor auferido seja incapaz de garantir, ao coproprietário ou ao cônjuge alheio à execução, o correspondente à sua quota-parte calculado sobre o valor da avaliação. 15 • Agora, uma dica prática: como descobrir o regime de bens do seu devedor? Aliás, como descobrir se ele é casado? Basta consultar no cartório de registro civil, pois a informação é pública e, em se tratando de união estável, vale a pena dar uma conferida no Tabelionato, pois, pode ser que ele tenha lavrado uma escritura de união estável. BUSCA DE BENS OCULTADOS OU DESVIADOS PELO DEVEDOR Se você quer efetivamente garantir resultado aos seus clientes, você deve simplesmente dominar também todas as estratégias de recuperação de patrimônio desviado pelo executado. Talvez você não saiba, mas existem caminhos que você pode seguir para desfazer as artimanhas praticadas pelos devedores que ocultam seu patrimônio para prejudicar os seus credores, a exemplo da Fraude à execução, fraude contra credores, desconsideração da personalidade jurídica, desconsideração inversa da personalidade jurídica, ação declaratória de simulação e até responsabilização de grupos econômicos. Essas são ferramentas que estão no sistema processual à sua disposição para que você consiga recuperar o bem desviado pelo devedor e, com isso, garantir efetivar o direito do seu cliente. • Você sabe quando e como usar cada uma dessas ferramentas que eu acabei de mencionar? Ou a fraude à execução está sendo o fim da linha para você, para os seus honorários e para o seu cliente? Você vai ver que é possível aumentar muito as chances de efetividade em suas execuções se agir no momento certo e através das ferramentas adequadas, tanto judiciais como extrajudiciais. Exemplo prático: 16 Olha, por exemplo, essa dúvida que recebi de aluna que está participando do nosso Workshop de Execuções na Prática. Ela contou que está na fase de execução e a empresa foi condenada. Ela acredita que há uma fraude à execução, porque não encontra nada nas contas nem os bens da empresa. Ela tem provas de que a empresa funciona, existe, recebe dinheiro, faz obras, mas não acha nada. Pois é, neste caso, eu dei uma dica para ela que já ajudou a começar o problema e quero compartilhar com você também essa dica. Num caso como esse, em que o executado em pleno funcionamento, mas nada, absolutamente nenhum patrimônio é encontrado em nome dele, isso é um sinal que o patrimônio pode estar em alguma outra conta bancária, de um terceiro mesmo, que pode estar funcionando como laranja. Foi aí que eu disse a ela para conversar com alguém que tenha comprado recentemente com aquela empresa executada e perguntasse qual a forma de pagamento utilizada para fazer a compra e, se fosse mediante depósito em conta, para verificar a titularidade dessa conta que estava recebendo o dinheiro. E, olha, você mesmo pode fazer isso caso não tenha ninguém de seu conhecimento que tenha comprado com o executado. Neste caso, você ou alguém de sua confiança iria até o estabelecimento para fazer uma compra e pedir para pagar mediante depósito em conta, para então descobrir onde está sendo depositado o dinheiro. Só não pode esquecer de documentar isso por e-mail ou WhatsApp. Depois disso, ela me disse que descobriu que a executada realmente estava recebendo pagamento ou em espécie ou mediante depósito em conta de titularidade diversa. De posse dessa informação, expliquei que ela poderá pedir a indisponibilidade do dinheiro naquela conta bancária encontrada mediante ação própria, a depender do caso, juntando a prova da transação, por exemplo, mensagens de WhatsApp trocadadas ou e-mail. CONSIDERAÇÕES FINAIS 17 De nada vai adianta você participar deste workshop, ou participar comigo de todas as terças processuais, se simplesmente ouvir e parar por ali. É preciso colocar em prática para ver resultados, mesmo que o resultado não venha de imediato, porque é na sucessão de tentativas que o êxito aparece. E eu te pergunto: o que você vai fazer com todo esse conhecimento que você está adquirindo aqui? Eu espero, sinceramente que você jogue no time daqueles que vão aprender e praticar, que vão colocar, na prática todas essas medidas extrajudiciais e judiciais para uma execução realmente de sucesso. Mas, e se eu te disse que você também pode ter todas essas técnicas que estamos tratando aqui, além de outras, bem estruturadas? Como eu já te falei, existem vários outros meios, várias outras técnicas extrajudiciais e judiciais para que você possa utilizar para dar efetividade às suas execuções, inclusive com desfazimento de fraudes cometidas por devedores. E é muito importante que você conheça em detalhes cada uma delas. Bom, como você pode ver, eu estou passando para você nessas aulas são sacadas mastigadas que você não vai encontrar nos livros e nem facilmente no código. São dicas que só se aprende na prática, por isso, meu objetivo é transmitir a você conhecimentos que apenas a experiência nos dá, que apenas o dia a dia da pratica jurídica pode nos proporcionar. E é isso que eu vou transmitir com muito mais detalhes e minúcia àqueles alunos que optarem por participar do treinamento estruturado de execuções na prática, que eu já tive oportunidade de mencionar anteriormente, e que eu vou dar mais detalhes adiante. Mas talvez você queira saber agora o que que esse treinamento vai incluir? Bom, no treinamento você vai ter acesso a todos os detalhes que levam ao sucesso em uma execução. Você vai estudar comigo cada um dos quatro momentos que dão sustentação a uma estratégia eficiente de efetividade na execução. 18 Na primeira parte, você vai aprender o passo a passo procedimental para sua execução. Vamos estudar as minúcias do que você deve fazer antes mesmo de iniciar uma execução para não correr o risco de confundir nada sobre os procedimentos. Depois, vamos estudar medidas que você deve adotar antes mesmo de iniciar a execução, de forma proativa, para acabar com as chances de prejuízo do cliente. Você vai conhecer e estudar comigo medidascautelares, judiciais, e extrajudiciais que podem ser utilizadas antes mesmo de ser iniciada a execução ou o cumprimento de sentença para que você possa agir de forma preventiva e ter sucesso na hora da execução. No terceiro momento, você vai aprender em detalhes e na prática como e onde procurar e encontrar patrimônio do devedor para que possa ser realizada a penhora e o pagamento da dívida. Você vai conhecer todos os sistemas de buscas disponíveis e entender a efetividade de cada um deles, sabendo exatamente a hora de utilizá-los. Você vai ter acesso aos meios de busca mais eficientes e modernos que dão mais resultados práticos, vai saber exatamente como agir na hora em que o juiz te intimar para que você indique a penhora. Aqui você vai descobrir tudo que pode fazer judicialmente e extrajudicialmente para ter sucesso na busca de bens. Enfim, vai saber como superar as dificuldades na hora de localizar o próprio devedor, bem como o seu patrimônio, muitas vezes ocultado para dificultar a vida dos credores. Você vai conhecer em detalhes todas as medidas coercitivas que o juiz pode utilizar para forçar o devedor a cumprir com a obrigação de pagar, tanto as medidas típicas, quanto as medidas atípicas. Enfim, você vai aprender também o momento certo de agir, várias alternativas de coerção que podem te ajudar muito nos seus casos concretos. 19 Você vai descobrir que existem muitos outros meios de pressionar o devedor a cumprir a obrigação e vai ver que você pode estar deixando de aplicar excelentes medidas de apoio à execução. No último momento, talvez esteja a parte mais importante do curso, você vai conhecer todas as técnicas existentes para que você consiga recuperar aquele patrimônio que foi ocultado ou desviado pelo devedor com intuito de prejudicar os credores. Você vai saber o que fazer quando o devedor transfere os bens para o nome de laranja, quando os bens são desviados para uma pessoa jurídica, quando o devedor não tem bens em seu nome, mas vive uma vida de alto padrão e ostentando boas condições financeiras, quando há patente fraude à execução e fraude contra credores, você vai saber exatamente o que fazer para nunca mais sofrer com o ganha mas não leva. Enfim, vou te mostrar aquilo que não se encontra nos livros e que a faculdade nenhuma ensina. Aquilo que é fundamental para sua atuação prática, para que você consiga efetivamente entregar resultados para os seus clientes. E agora? Se você está pronto para disputar uma vaga no meu treinamento execuções na prática em execução, fica ligado na sua caixa de e-mail, na próxima segunda feira, eu vou abrir as inscrições para o meu treinamento e quando eu abrir, eu vou te mandar um e-mail com o link de inscrição. O programa de execução na prática é um programa 100% online e que pode ser feito de qualquer lugar do mundo que tenha uma razoável conexão com a internet. De coração, obrigado por sua participação no Workshop de Execuções na Prática! Prof. Luiz
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