Módulo I - Seminário I - IBET

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Eduardo Augusto Faleiros
MÓDULO: TRIBUTO E SEGURANÇA JURÍDICA
SEMINÁRIO I – DIREITO TRIBUTÁRIO E O CONCEITO DE “TRIBUTO”
1.	Que é Direito? Há diferença entre direito positivo e Ciência do Direito? Explique.
Em síntese, Direito nada mais é do que um instrumento para organização da sociedade como um todo, disciplinando e regulamentando a convivência da coletividade.
De fato, direito positivo e ciência do direito são institutos diversos, considerando que o direito positivo retrata as normas do ordenamento jurídico vigente, em determinado espaço e tempo, lado outro, já a ciência do direito é o método de estudo do direito positivo, descrevendo, organizando, hierarquizando e interpretando o ordenamento jurídico.
	Para Paulo de Barros Carvalho:
(...) não é demais enfatizar que o direito positivo é o complexo de normas jurídicas válidas num dado país. À Ciência do Direito cabe descrever esse enredo normativo, ordenando-o, declarando sua hierarquia, exibindo as formas lógicas que governam o entrelaçamento das várias unidades do sistema e oferecendo seus conteúdos de significação. [footnoteRef:1] [1: CARVALHO. Paulo de Barros,. Curso de direito tributário. 15 ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2003, p. 02.] 
	Sendo assim, tem-se que o Direito Positivo é o objeto da Ciência do Direito, eis que o primeiro importa no aglomerado de normas jurídicas, ao passo que o segundo, revela verdadeiro papel hermenêutico, de interpretação destas normas.
2.	Que é tributo (vide anexo I)? Com base na sua definição de tributo, quais dessas hipóteses são consideradas tributos? Fundamente sua resposta: (i) valor cobrado pela União a título de ressarcimento de despesas com selos de controle de IPI fabricado pela Casa da Moeda (anexo II); (ii) contribuição sindical (considerar as alterações da lei 13.467/17) (anexo III); (iii) tributo instituído por meio de decreto (inconstitucional – vide anexo IV); (iv) o tributo inserido na base de cálculo de outro tributo.
Para definir o conceito de Tributo, recorremos ao artigo 3º do Código Tributário Nacional:
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Tendo por base o conceito de Tributo insculpido no CTN, forçoso concluir que:
(i) valor cobrado pela União a título de ressarcimento de despesas com selos de controle de IPI fabricado pela Casa da Moeda (anexo II);
Trata-se de obrigação tributária principal, preenchendo todos os requisitos do art. 3º do CTN, permitindo concluir, então, tratar-se de Tributo, posto isso, vale destacarmos o seguinte trecho do Anexo II, do qual concordamos: “7. Os arts. 58-T da Lei 10.833/03 c/c 28 da Lei 11.488/07 impuseram obrigação pecuniária compulsória, em moeda, fruto de ato lícito. Assim, a despeito de ter sido intitulada de ressarcimento, a cobrança se enquadra no conceito legal de tributo, nos termos do art. 3o. do CTN.”
(ii) contribuição sindical (considerar as alterações da lei 13.467/17) (anexo III);
Tendo em vista a facultatividade imposta pelas alterações da Lei 13.467/17, conclui-se que a contribuição sindical deixou de ser tributo, pois deixou de preencher os requisitos do art. 3º do CTN.
(iii) tributo instituído por meio de decreto (inconstitucional – vide anexo IV);
	Nesta hipótese, tem-se que não se trata de tributo, eis que viola o princípio da legalidade, infringindo o disposto no art. 3º do CTN.
(iv) o tributo inserido na base de cálculo de outro tributo
	Não é tributo, sobretudo por ferir uma série de princípios, à exemplo da legalidade, do não confisco, entre outros, valendo citar as palavras do Ministro Marco Aurélio, ao relatar o RE 240.785/MG: "não bastasse a ordem natural das coisas, o arcabouço jurídico constitucional inviabiliza a tomada de valor alusivo a certo tributo como base de incidência de outro".
3.	Que é norma jurídica? E norma jurídica completa? Há que se falar em norma jurídica sem sanção? Justifique.
Norma jurídica é uma hipótese, que quando praticada, nasce uma consequência e a somatória dessas duas palavras, hipótese e consequência se extrai o conceito de norma jurídica.
Por norma jurídica completa entende-se aquela que é composta por duas normas, a primária, representada pela descrição acima, sendo aquela que vincula a ocorrência de um fato social ou natural a uma consequência normativa, que é a relação de obrigação, permissão ou proibição entre dois sujeitos de direito. A norma secundária, por sua vez, é aquela caracteriza a coercitividade da norma, ou seja, a sanção, visando fazer valer aquela relação jurídica.
	Por sua vez, entendemos que não há impedimento para que uma norma jurídica não aplique uma sanção, eis que o consequente normativo não necessariamente ensejará em uma punição, diferente do que ocorre com a norma jurídica completa, eis que nessa hipótese haverá tanto a norma primária, vinculando a hipótese a consequência e uma norma secundária, de caráter coercitivo e sancionatório.
4.	Há diferença entre documento normativo, enunciado prescritivo, proposição e norma jurídica? Explique estabelecendo a diferença entre o conceito de norma em sentido amplo e norma em sentido estrito. 
	Sim, existem diferenças, em que pese tratar-se de institutos correlacionados. O documento normativo é onde se encontram os enunciados prescritivos, assim é nele que está colocada a estrutura do direito positivo, a lei, por exemplo; enquanto o enunciado prescritivo é usado na função pragmática, reguladora, de prescrever condutas, ou seja, é o formador do direito positivo, exemplo, os artigos que formam o texto de lei. 
	Em relação à proposição, é na verdade o juízo de consciência e raciocínio que tem o condão de localizar e interpretar as normas jurídicas a fim de encontrá-las no ordenamento jurídico, enquanto as normas jurídicas, em sentido amplo, são construídas a partir dos textos positivados e posteriormente estruturadas conforme a forma lógica dos juízos condicionais de dois ou mais enunciados prescritivos, hipótese e consequência, ao passo que a norma em sentido estrito, é o resultado da interpretação dos textos legislados feito pelo próprio homem. 
5.	Com base em sua resposta dada na questão 2, responda: 
a) O desconto de IPVA concedido para contribuintes que não incorreram em infrações de trânsito é uma utilização do tributo como “sanção de ato ilícito”?
	Não se trata de sanção de ato ilícito, eis que o contribuinte que eventualmente cometa infrações de trânsito tão somente arcará com o valor “correto”, sem desconto. Dessa forma, o desconto não deve ser visto como sanção, mas como uma “premiação” ao bom condutor, aquele que não incorreu em nenhuma infração de trânsito. 
	b) E a progressividade do IPTU e do ITR em razão da função social da propriedade? Responda fundamentadamente e considere para sua resposta as seguintes afirmações do autor Fernando Favacho: “a definição conotativa do art. 3º do CTN conflita com a definição denotativa do art. 182 da CF. Em suma, a Constituição traz um tributo (IPTU sancionatório progressivo) que, para o CTN, não é tributo”[footnoteRef:2] e “o IPTU sancionatório progressivo é tributo, a par do mandamento do CTN”[footnoteRef:3]. [2: . FAVACHO, Fernando Gomes. Definição do conceito de tributo. São Paulo, 2010. p. 33.] [3: . Idem. Loc. cit.] 
	Nesta hipótese há uma contradição, eis que a Constituição utiliza o critério da produtividade, estipulando que a alíquota será maior para terras improdutivas, ofendendo, portanto, o princípio da igualdade e da progressividade do imposto.
6.	Que é direito tributário? Sob as luzes da matéria estudada, efetuar crítica à seguinte sentença: “Direito tributário é o ramo do Direito público positivo que estuda as relações jurídicas entre o Fisco e os contribuintes, concernentes à instituição, arrecadação e fiscalização de tributos”, e propor definição para “direito tributário”.
	Direito Tributário é uma das áreas que compõe o ordenamento jurídico pátrio, disciplinando arelação entre o Estado, como ente federativo, e o Contribuinte, podendo este ser pessoa física ou jurídica, no que pertine ao pagamento compulsório, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
	Na sentença o conceito de direito tributário se mostrou um pouco vago, pois as relações entre o fisco e contribuinte não podem decorrer de atos voluntários, como a doação, repressivos como o confisco e punitivo como a sanção.
7.	Dada a seguinte lei (exemplo fictício):
	Estado de Minas Gerais, Lei Estadual nº 2.017, de 10/10/2017
	A Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais Decretou e eu sanciono a seguinte lei:
	Art. 1º Esta Taxa de Controle, Monitoramento e Fiscalização de Atividades de Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Hídricos, que tem como fato gerador o exercício do poder de polícia do Estado sobre estas atividades.
	Art. 2º A base de cálculo dessa taxa é a receita bruta obtida com a comercialização de mercadorias ou de serviços que utilizem recursos hídricos.
	Art. 3o. A alíquota é de 3%.
	Art. 4º Contribuinte é Pessoa, física ou jurídica, que utilize recursos hídricos com a finalidade de exploração ou aproveitamento econômico.
	Art. 5º A taxa será apurada mensalmente e recolhida, mediante preenchimento da guia de recolhimento, até o último dia útil do mês seguinte ao da exploração ou do aproveitamento do recurso hídrico, sob pena de multa de 10% sobre o valor do tributo devido.
	Art. 6º Na ausência de apuração e recolhimento da taxa pelo contribuinte,a autoridade fiscal competente deverá lavrar “Auto de Infração e Imposição de Multa”, aplicando multa de 50% sobre o valor da taxa devida.
	Art. 7º É isenta do pagamento da taxa a utilização de recurso hídrico na captação e consumo destinados à atividade agropecuária
	(...)
Pergunta-se:
1. Quantas normas há nessa lei? Identifique-as. 
	Existem 5 normas. 
1ª Norma: Art. 1º - Instituição do Tributo
2ª Norma: Art. 1º, 2º, 3º e 4º - Regra de incidência tributária
3ª Norma: Art. 5 – arrecadação – obrigação acessória
4ª Norma: Art. 6 – Sanção
5ª Norma: Art. 7 – Hipótese de isenção
1. Qual dessas normas institui tributo?
A 1ª Norma, localizada no art. 1º.
c) Qual dessas normas é estudada pela Ciência do Direito Tributário? Justificar.
	Todas essas normas são estudadas pela Ciência do Direito Tributário, já que a esta cabe o estudo do direito positivo, dos valores positivados, dos princípios e normas que dele fazem parte.
	d) O texto legal, acima transcrito, é Ciência do Direito? Justificar.
	Não, o texto acima remete ao texto legal, retratando o direito positivo, utilizando-se de linguagem prescritiva, determinando o uma hipótese de incidência e suas consequências, ou seja, esse texto legal será estudado pela ciência do direito.