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MÓDULO: TRIBUTO E SEGURANÇA JURÍDICA SEMINÁRIO I – DIREITO TRIBUTÁRIO E O CONCEITO DE “TRIBUTO” Questões 1. QUE É DIREITO? HÁ DIFERENÇA ENTRE DIREITO POSITIVO E CIÊNCIA DO DIREITO? EXPLIQUE. R: Direito é um conjunto de regras obrigatórias que garantem a convivência social em virtudes dos textos de Leis que estabelecem limites à ação, ou seja, sistematiza as normas necessárias equilibristas entre o Estado e os Cidadãos, impostas coercitivamente pelo Poder Público. Miguel Reale leciona que “aos olhos do homem comum, o Direito é a Lei e Ordem, isto é, um conjunto de regras obrigatórias que garantem a convivência social, graças ao estebelecimento de limites à ação de cada um de seus membros” (REALE. Miguel. Lições Preliminares de Direito. 22ª edição. Saraiva. 1995). O breve conceito do Direito Positivo é o Direito normativo, objetivo, escrito... são as normas jurídicas válidas que se expressam através de uma linguagem, construída pelo homem, disciplinando o comportamento humano. Aparece o direito positivo como um conjunto de proposições destinadas a regular a conduta das pessoas, nas relações interpessoais. Por sua vez, a Ciência do Direito descreve o enredo normativo trazido pelo direito positivo, ordenando-o, declarando sua hierarquia, exibindo as formas lógicas que governam a relação das várias unidades do sistema e oferecendo seus conteúdos de significação. Desta forma, entendo que a Ciência do Direito está acima do direito positivo, pois, discorre sobre ela, além do mais, no direito positivo temos a lógica Deônticas, e, na Ciência do Direito temos a lógica Apofântica. Por isso, quanto ao primeiro, dizemos que as normas são válidas ou inválidas e, quanto aos enunciados da Ciência, usamos os valores verdade e falsidade. Para finalizar, enquanto a Ciência do Direito possui uma linguagem descritiva, o Direito Positivo possui linguagem prescritiva. 2. QUE É TRIBUTO (VIDE ANEXO I)? COM BASE NA SUA DEFINIÇÃO DE TRIBUTO, QUAIS DESSAS HIPÓTESES SÃO CONSIDERADAS TRIBUTOS? FUNDAMENTE SUA RESPOSTA: (I) VALOR COBRADO PELA UNIÃO A TÍTULO DE RESSARCIMENTO DE DESPESAS COM SELOS DE CONTROLE DE IPI FABRICADO PELA CASA DA MOEDA (ANEXO II); (II) CONTRIBUIÇÃO SINDICAL (CONSIDERAR AS ALTERAÇÕES DA LEI 13.467/17) (ANEXO III); (III) TRIBUTO INSTITUÍDO POR MEIO DE DECRETO (INCONSTITUCIONAL – VIDE ANEXO IV); (IV) O TRIBUTO INSERIDO NA BASE DE CÁLCULO DE OUTRO TRIBUTO. R: Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada (artigo 3, do CTN). Sendo assim, conceituado de que sendo uma prestação pecuniária compulsória, o tributo mostra-se como um comportamento obrigatório de uma prestação em dinheiro, devendo o sujeito passivo adimplir, mesmo contra seu interesse. É válido ainda, considerar, que, quando o legislador textualizou, que a prestação tributária deve ser efetuada em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, mas o caráter pecuniário da prestação já infere que esta deve ser cumprida em moeda. Não há se falar em tributação referente a cobrança da UNIÃO a título de ressarcimento de despesas com selos de controle de IPI fabricado pela casa da moeda, isto porquê, o STJ, em julgamento Recurso Especial nº. 1.405.244 sob rito de demanda repetitiva, declarou que a “inexigibilidade do ressarcimento de custos e demais encargos pelo fornecimento de selos de controle de IPI, instituído pelo DL 1.437/1975, que, embora denominado ressarcimento prévio, é tributo da espécie taxa do poder de polícia, de modo que há vício de forma na instituição desse tributo por norma infralegal” (Tema 761/STJ). Ou seja, fora instituido o tributo como espécie “taxa do poder de polícia”, de modo de haver vício de forma na instituição desse tributo por norma infralegal. Portanto, o ressarcimento de despesas com selos de controle de IPI fabricado pela casa da Moeda não é tributo. Também não é tributo as Contribuições Sindicais, pois, não se insere em nenhuma das espécies: imposto, taxa ou contribuição. Além disso, o Sindicato é uma instituição privada, não sofre fiscalização pelo Tribunal de Contas, sendo antidemocrática a compulsoriedade da obrigação. Não há, pois, exigência de Lei Complementar para disciplinar a matéria. O tributo instituído por meio de decreto deve ser declarado inconstitucional, em virtude da violação do princípio da legalidade, uma vez que a Constituição federal prevê a instituição de tributos por meio de Lei Complementar, nos termos do inciso I, do artigo 150, da CRFB/88. 3. QUE É NORMA JURÍDICA? E NORMA JURÍDICA COMPLETA? HÁ QUE SE FALAR EM NORMA JURÍDICA SEM SANÇÃO? JUSTIFIQUE. R: Sobre a Norma jurídica, alguns doutrinadores defendem a idéia de que a norma jurídica significa uma prescrição legal, que pode ter seu cumprimento exigido, caso necessário, com emprego da força, vislumbrando-se, então, a característica da coercitividade. Além desta, existem outras características, tais como: imperatividade, generalidade, bilateralidade ou alteralidade, heteronomia. Sendo assim, segundo essa corrente, toda norma jurídica implica uma sanção por seu cumprimento ou descumprimento. Contudo, ainda há outra corrente do qual entende que a norma jurídica forma-se na mente do leitor, ao ler textos de direito positivo. Portanto, cada leitor poderá ter uma interpretação diversa ao ler um mesmo texto, podendo ser formado mais de um juízo a respeito de determinado assunto. O texto de lei é a norma escrita pelo legislador, dirigida a todas as pessoas de um Estado ou a determinado grupo. São textos constitucionais, legais, decretos, atos administrativos, sentenças, são veículos normativos que se constituem de enunciados. A despeito do aparente realismo das explicações sociologistas a respeito da existência de normas desprovidas de sanção, especialmente normas constitucionais, deve-se evidenciar que tal visão pode ser perniciosa para a noção de força normativa da constituição e dificilmente conciliável com as orientações teóricas que perfilham tal orientação. Apesar de constituir uma orientação bastante normativista, a concepção aqui esposada, no sentido de considerar que toda norma constitucional necessariamente encontra apoio na sanção da inconstitucionalidade parece mais consistente com as tendências atuais do Direito Constitucional, e mais consequente quanto à afirmação da densidade normativa das normas constitucionais. Assim, sustenta-se que a definição de que a nulidade ou anulabilidade, conforme a orientação teórica prevalente, decorrente da inconstitucionalidade consiste em uma sanção genérica, sanção esta que está a assegurar a eficácia de toda e qualquer norma constitucional, sancionando as normas contrárias no plano da validade. Tal concepção afasta a propalada existência de normas constitucionais desprovidas de sanção, por um lado, e, por outro, não afasta a possibilidade de adoção de sanções específicas voltadas contra as autoridades responsáveis pela criação de atos inconstitucionais (TAVARES, 2005, p.78). 4. HÁ DIFERENÇA ENTRE DOCUMENTO NORMATIVO, ENUNCIADO PRESCRITIVO, PROPOSIÇÃO E NORMA JURÍDICA? EXPLIQUE ESTABELECENDO A DIFERENÇA ENTRE O CONCEITO DE NORMA EM SENTIDO AMPLO E NORMA EM SENTIDO ESTRITO. R: Sim, possui latente diferença. O documento normativo e o enunciado prescritivo têm caráter prescritivo, ambas são do tipo técnico, do dever-ser, suas respectivas valências são divididas em válidas e não válidas. A Proposição e norma jurídica fazem parte da lógica alética, e admitem contradições, ao contrário do documento normativo e enunciado prescritivo. Estas ainda têmsuas funções pautadas no caráter descritivo, e, ao contrário das normas positivadas, podem ser falsas ou verdadeiras. Nada mais é que a interpretação do enunciado prescritivo, ao qual se atribui valores através dos símbolos alí presentes, forma esta que são construídas as significações. Já a norma jurídica é a regra de conduta imposta pelo direito positivado, ela traz a regra de conduta social, sempre junto de uma sanção. 5. COM BASE EM SUA RESPOSTA DADA NA QUESTÃO 2, RESPONDA: A) O DESCONTO DE IPVA CONCEDIDO PARA CONTRIBUINTES QUE NÃO INCORRERAM EM INFRAÇÕES DE TRÂNSITO É UMA UTILIZAÇÃO DO TRIBUTO COMO “SANÇÃO DE ATO ILÍCITO”? R: Não. Pois trata-se de um benefício concedido. Uma vez que, o IPVA não tem o seu fato gerador em uma sanção de ato ilícito. B) E A PROGRESSIVIDADE DO IPTU E DO ITR EM RAZÃO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE? RESPONDA FUNDAMENTADAMENTE E CONSIDERE PARA SUA RESPOSTA AS SEGUINTES AFIRMAÇÕES DO AUTOR FERNANDO FAVACHO: “A DEFINIÇÃO CONOTATIVA DO ART. 3º DO CTN CONFLITA COM A DEFINIÇÃO DENOTATIVA DO ART. 182 DA CF. EM SUMA, A CONSTITUIÇÃO TRAZ UM TRIBUTO (IPTU SANCIONATÓRIO PROGRESSIVO) QUE, PARA O CTN, NÃO É TRIBUTO”1 E “O IPTU SANCIONATÓRIO PROGRESSIVO É TRIBUTO, A PAR DO MANDAMENTO DO CTN”2. R: Não há se falar em sanção de ato ilicito na progressividade do IPTU e do ITR, visto que a mesma é prevista em nossa CRFB/88, o objetivo da progressividade dos referidos impostos é assegurar a função social da propriedade e não a punição de quando a mesma não é observada. Entretanto, quando se deixa de observar o conceito social da propriedade e os deixa-lo a mercê de moradia de marginais; proliferação do Aedes aegypti; servidão de lixão; contribuir para desastres ambientais e danos ambientais, deve-se haver a “sanção” com aplicação de multa. Portanto, ao meu ver, a progressividade do IPTU e ITR não se confunde com sanção e a consequência aplicação de multa. 1 FAVACHO, Fernando Gomes. Definição do conceito de tributo. São Paulo, 2010. p. 33. 2 Idem. Loc. cit. 6. QUE É DIREITO TRIBUTÁRIO? SOB AS LUZES DA MATÉRIA ESTUDADA, EFETUAR CRÍTICA À SEGUINTE SENTENÇA: “DIREITO TRIBUTÁRIO É O RAMO DO DIREITO PÚBLICO POSITIVO QUE ESTUDA AS RELAÇÕES JURÍDICAS ENTRE O FISCO E OS CONTRIBUINTES, CONCERNENTES À INSTITUIÇÃO, ARRECADAÇÃO E FISCALIZAÇÃO DE TRIBUTOS”, E PROPOR DEFINIÇÃO PARA “DIREITO TRIBUTÁRIO”. R: Para Paulo de Barros Carvalho, “o direito tributário é o ramo didaticamente autónomo do direito, integrado pelo conjunto das proposições jurídico-normativas que correspondam, direta ou indiretamente, à instituição, arrecadação e fiscalização de tributos”. Sendo assim, ao comungar com o entendimento do mestre PBC, entendo que o Direito Tributário é um ramo autônomo do Direito e não um ramo do Direito Público Positivo. 7. DADA A SEGUINTE LEI (EXEMPLO FICTÍCIO): Estado de Minas Gerais, Lei Estadual nº 2.017, de 10/10/2017 A Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais Decretou e eu sanciono a seguinte lei: Art. 1º Esta Taxa de Controle, Monitoramento e Fiscalização de Atividades de Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Hídricos, que tem como fato gerador o exercício do poder de polícia do Estado sobre estas atividades. Art. 2º A base de cálculo dessa taxa é a receita bruta obtida com a comercialização de mercadorias ou de serviços que utilizem recursos hídricos . Art. 3o. A alíquota é de 3%. Art. 4º Contribuinte é Pessoa, física ou jurídica, que utilize recursos hídricos com a finalidade de exploração ou aproveitamento econômico. Art. 5º A taxa será apurada mensalmente e recolhida, mediante preenchimento da guia de recolhimento, até o último dia útil do mês seguinte ao da exploração ou do aproveitamento do recurso hídrico, sob pena de multa de 10% sobre o valor do tributo devido. Art. 6º Na ausência de apuração e recolhimento da taxa pelo contribuinte, a autoridade fiscal competente deverá lavrar “Auto de Infração e Imposição de Multa”, aplicando multa de 50% sobre o valor da taxa devida. Art. 7º É isenta do pagamento da taxa a utilização de recurso hídrico na captação e consumo destinados à atividade agropecuária (...). Pergunta-se: A. QUANTAS NORMAS HÁ NESSA LEI? IDENTIFIQUE-AS. R: POSSUI 6 NORMAS: 1) Fato Gerador e a base de cálculo 2) Alíquota 3) Sujeito passivo 4) Isenção 5) Obrigações acessórias 6) Penalidades e sanções
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