Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Católica de Moçambique Exame individual da cadeira de Sistema de Informação e Gerencial Questões Éticas e Sociais em Sistemas de Informação Nome da Estudante: Cecília Fernando Trigo Nome do Docente: Juleca Issufo Curso: Licenciatura em Gestão de Recursos Humanos Disciplina: Sistema de Informação e Gerencial Ano de Frequência: 4º Ano Quelimane, Agosto de 2020 Índice Introdução ................................................................................................................................... 1 Questões Éticas e Socais em Sistemas de Informação ............................................................... 2 1. Ética na sociedade da informação. ...................................................................................... 2 1.1. Princípios éticos ............................................................................................................... 3 2. As dimensões morais dos sistemas de informação.............................................................. 4 2.1. Direitos sobre a informação: privacidade e liberdade na era da Internet ........................ 4 2.2. Direitos sobre a propriedade: propriedade intelectual ..................................................... 4 2.3. Direito Comercial e Autoral ............................................................................................ 5 3. Entendendo as questões éticas e sociais relacionadas aos sistema...................................... 6 3.1. As cinco dimensões morais da era da informação ........................................................... 6 Conclusão ................................................................................................................................... 7 Bibliografia ................................................................................................................................. 8 1 2 Introdução Nas últimas décadas, observou-se um vasto processo de globalização, desencadeado pelos avanços tecnológicos e dos sistemas de informação. Para Laudon e Laudon (1999, p.70) um sistema de informação pode ser definido como um conjunto de componentes inter- relacionados trabalhando juntos para colectar, recuperar, processar, armazenar e distribuir informações com a finalidade de facilitar o planeamento, o controle, a coordenação, a análise e o processo decisório em organizações. O sistema de informação gerencial é uma importante ferramenta que fornece informações confiáveis e detalhadas sobre as operações da entidade, em tempo hábil, oferecendo um suporte para melhorar o desempenho das suas actividades e auxiliar na tomada de decisões com o objectivo de atingir a principal meta que é o retorno financeiro de qualquer empresa. Para manter essas informações actualizadas constantemente, é imprescindível investir nas tecnologias da informação (Perazzoli, 2009, p.45). Entretanto, o investimento em tecnologias de informação e da robótica ao mesmo tempo que optimizam as actividades das empresas pode acarretar alguns prejuízos a nível social que figurem em consequências não éticas em relação aos colaboradores. Por esta razão nascem algumas questões éticas e sociais advindas do uso dos sistemas de informação. No presente trabalho abordam-se as questões éticas e sociais em sistemas de informação com os seguintes objectivos: Objectivo geral: � Compreender as questões éticas e sociais em sistemas de informação. Objectivos específicos: � Caracterizar a Ética na sociedade da informação. � Descrever as dimensões morais dos sistemas de informação. � Entender as questões éticas e sociais relacionadas aos sistemas. Metodologia: Para a efectivação deste trabalho usou-se uma pesquisa bibliográfica cujas fontes aparecem devidamente citadas ao longo do texto e mencionadas na bibliografia final com recurso ao descrito nas normas APA. 3 Questões Éticas e Socais em Sistemas de Informação 1. Ética na sociedade da informação. A Sociedade da Informação é caracterizada pela velocidade em que as informações são apresentadas às pessoas e a aproximação de diversas culturas com a globalização. Um dos pressupostos fundamentais que, de forma mais ou menos explícita é abordado por Tanenbaum (2003, p.616), enforma os actuais discursos acerca das “virtudes” da “sociedade da informação” — bem como as políticas que decorrem de tais discursos — é o de que um homem melhor informado é, necessariamente, um homem moralmente melhor; e que, em consequência disso, uma sociedade de homens melhor informados é necessariamente uma sociedade mais justa e mais ética. Pretendemos, no que se segue, mostrar que esta posição conduz pelo menos a dois paradoxos. Primeiro paradoxo: o “excesso de informação” que caracteriza a actual “sociedade da informação” não só não torna o agir mais ético como tende mesmo a impossibilitar o agir em geral, substituindo-o por uma reactividade mais ou menos pavloviana de que a expressão mais clara é aquilo a chamaremos a “esteticização generalizada da existência” — que, e ao contrário do defendido por autores como Barbosa (2008, p.49), representa não o “regresso da ética”, de uma ética “pós-dever”, mas a verdadeira liquidação da mesma. Assim, quanto mais “informados” estamos, menos sabemos não só como devemos mas como podemos agir. Segundo paradoxo: se é certo que toda a ética não pode deixar de tomar em consideração a existência do Outro, não parece menos certo que a mediatização do Outro, a transformação do Outro em “informação” e “imagem” — envolvida, nomeadamente, naquilo a que Castells (2003, p.39) chama a “filantropia mediática” —, representa não uma forma de ampliar e aprofundar essa ligação intersubjectiva, essa “aproximação” ao Outro, mas antes a sua anulação de facto como Outro. Assim, quanto mais a “informação” aproxima os Outros de nós, mais nos afasta desses mesmos Outros enquanto Outros. De ambos os paradoxos pretendemos concluir que, a haver um “regresso da ética”, ele tem de ser procurado não nas “tecnologias da informação”, por muito revolucionárias e performativas que elas sejam mas, precisamente, numa limitação dessas tecnologias e da informação — para dar lugar a uma aproximação ao/do Outro no sentido em que ela foi e tem vindo a ser tematizada por filósofos como Turban et al. (2004, p.81). 4 Como várias outras tecnologias, TI pode ser usada para alcançar progresso social, mas também pode ser usada para cometer crimes ou ameaçar comportamentos sociais importantes para a humanidade. Tanenbaum (2003, p.72) ressalta que a discussão sobre ética está em evidência nos dias de hoje, caracterizando o papel fundamental da tecnologia da informação em algumas das mais importantes questões da actualidade, como privacidade, o direito autoral, censura e as obrigações criadas nas parcerias comerciais ampliadas pelos negócios electrónicos. Nesse contexto, Abdala e Oliveira (2003, p. 198) afirmam que ''independentemente da dimensão moral, a grande verdade dos dilemas éticos que se enfrenta na actualidade e que ainda se enfrentará no futuro é que a informação é muito diferente das máquinas e produtos tangíveis, e por isso requer uma nova concepção para todos os aspectos que a cercam, sejam eles ligados directamente à informação, à propriedade intelectual ou à privacidade.'' Tanto as organizações como os interessados em ética nos negócios devem prever os problemas éticos, ou ao menos levantá-los, e lidar com eles antes que produzam grande prejuízo ou estejam tão arraigados que seja difícil mudar, trazendo assim um futuro melhor para todos, indivíduos e empresas (Abdala; Oliveira, 2003, p.199). 1.1. Princípios éticos � Imperativo Categórico É um dos principais conceitos da filosofia de Immanuel Kant explicado por Barbosa (2008,p.53). A ética Kantiana, segundo a visão de Barbosa (2008, p.55), tem como conceito esse sistema. Para o filósofo alemão, imperativo categórico é o dever de toda pessoa agir conforme princípios os quais considera que seriam benéficos caso fossem seguidos por todos os seres humanos: se é desejado que um princípio seja uma lei da natureza humana, deve-se colocá-lo à prova, realizando-o para consigo mesmo antes de impor tal princípio aos outros. Em suas obras Barbosa (2008, p.53) afirma que é necessário tomar decisões como um ato moral, ou seja, sem agredir ou afectar outras pessoas. � Princípio Utilitário Em Economia, o utilitarismo pode ser entendido como um princípio ético no qual o que determina se uma decisão ou acção é correcta, é o benefício intrínseco exercido à colectividade, ou seja, quanto maior o benefício, tanto melhor a decisão ou acção será (Barbosa, 2008, p.58). � Princípio da Aversão ao Risco 5 Aversão ao risco é um conceito em psicologia, economia e finanças, com base no comportamento humano (especialmente dos consumidores e investidores) quando expostos a incerteza. Aversão ao risco é a relutância de uma pessoa para aceitar um negócio com um retorno incerto, em vez de outro negócio comum retorno esperado mais certo, mas possivelmente menor (Barbosa, 2008, p.58). � Não existe almoço grátis "Não existe almoço grátis" (tradução da expressão em inglês "There is no freelunch") é uma frase popular que expressa a ideia de que é impossível conseguir algo sem dar nada em troca. O termo "almoço grátis" faz referência a uma prática comum entre bares americanos do século XIX, que ofereciam uma refeição sem nenhum custo para os clientes que consumissem bebidas. De acordo com Barbosa (2008, p.62) a expressão popularizou-se pelo economista monetarista Milton Friedman, ao utilizar a frase em 1975,como o título de um de seus livros. 2. As dimensões morais dos sistemas de informação 2.1. Direitos sobre a informação: privacidade e liberdade na era da Internet A Internet é famosa por dar a seus usuários uma sensação de anonimato quando, na realidade, eles são altamente visíveis e estão abertos a violações de sua privacidade. Grande parte da Internet e de sua rede mundial de computadores e grupos de notícias ainda constitui uma fronteira electrónica escancarada e insegura sem quaisquer regras rígidas sobre quais informações são pessoais e privativas (Barbosa, 2008, p.71). Uma das questões de privacidade mais discutidas actualmente tem sido o uso de e-mail, especialmente em empresas. Barbosa (2008, p.29) alega que as empresas possuem diferentes políticas de privacidade, principalmente quando estas se aplicam ao correio electrónico. Algumas empresas, por exemplo, nunca monitoram as mensagens de e-mail de seus funcionários, ao passo que outras afirmam que se reservam o direito de fazê-lo. Algumas empresas monitoram constantemente e-mails, enquanto outras o fazem apenas se percebem que há uma razão para suspeitar que um funcionário o esteja utilizando para uma actividade ilegal ou não autorizada. 2.2. Direitos sobre a propriedade: propriedade intelectual Considera-se propriedade intelectual a propriedade intangível criada por indivíduos ou corporações. A propriedade intelectual está sujeita a uma variedade de protecções sob três tradições legais diferentes: 6 � Leis do segredo comercial; � Do direito autoral; e � Da patente. 2.3. Direito Comercial e Autoral Outra área em que a Internet entra em conflito com as dimensões éticas é a questão do direito autoral. Se o material que se acessa na Internet é identificado como de domínio público, isso significa que o acesso a ele é livre para quem quer que seja, para qualquer finalidade. Outros materiais, no entanto, estão protegidos por direitos autorais, indicando que você precisa de permissão para qualquer outro tipo de uso que não seja o "uso justo". Uso justo é o de actividades educacionais e sem fins lucrativos (Turban et al., 2004, p57). Boa parte do material existente na Internet não estão identificados como de domínio público ou sob copyright. Assim, pelo menos do ponto de vista ético, deveria estar automaticamente sob a protecção do direito autoral (Turban et al., 2004, p.56). Tanenbaum (2003, p.38) destaca que a discussão sobre os direitos autorais ganhou espaço quando o Napster, um serviço de troca de obras musicais, alcançou 50 milhões de membros. Embora o Napster realmente não copiasse nenhuma música, os tribunais sustentaram que manter um banco de dados central de quem tinha uma cópia de cada música era infracção contribuinte, isto é, eles ajudavam outras pessoas a infringirem a lei. � Patentes A patente confere ao proprietário, por 20 anos, o monopólio exclusivo sobre as ideias que estão por trás de uma invenção. A intenção é garantir que os inventores de novas máquinas, dispositivos ou métodos recebam compensação total, financeira e outras, pelo seu trabalho. Os conceitos-chave da lei da patente são: originalidade, inovação e invenção � Diferença entre Direito Autoral e Patente Para Couto (2005, p.24) o direito autoral é voltado para a garantia de um tipo específico de propriedade intelectual, voltado para todas as criações relacionadas a obras intelectuais e/ou artísticas. Já uma patente é voltada para a garantia da propriedade industrial, ou seja, está focada em criações de cunho industrial ou comercial. Dessa maneira, tanto a propriedade industrial, quanto o direito autoral, buscam garantir protecção para pessoas que criam obras originais. � Dependência e vulnerabilidade. 7 Hoje, as empresas, os governos, as escolas e as associações privadas, como as igrejas, são inacreditavelmente dependentes de sistemas de informação e estão, portanto, altamente vulneráveis a eventuais falhas desses sistemas. 3. Entendendo as questões éticas e sociais relacionadas aos sistema Os sistemas de informação trouxeram consigo uma revolução fantástica que alterou de um momento para outro toda a história da humanidade. Pode-se dizer, conforme Barbosa (2008), que nada manteve-se igual depois do surgimento das redes mundiais de computadores. Até mesmo na dimensão de valores éticos e sociais os sistemas de informação se fizeram presentes, fazendo emergir questões que a trinta anos atrás seriam difíceis de prever. A grande verdade é que o mundo mudou e fomos forçados a acompanhar essas rápidas mudanças. No entanto, a velocidade das mudanças tem sido maior do que a capacidade empregada para alcançá-las. De forma implícita, essa foi a grande explanação desse trabalho. Os eixos abordados, de privacidade, liberdade de expressão, direito autoral e divisão digital, por Tanenbaum (2003, p. 616) mostram que este conceitos tão arraigados à ética nos sistemas de informação e na internet, mostra que a tecnologia avançou num ritmo tão rápido que a humanidade encontra ainda dificuldades em viver numa completa sintonia com a era digital. Buscar soluções coerentes para esses problemas é uma necessidade que não pode mais ser adiada e nem descartada. Não pode-se esperar acontecer o pior para que haja uma mobilização em prol de questões tão importantes na vida social. É necessário que o desenvolvimento aconteça em harmonia completa em todas as esferas que permeiam a vida humana. Diante disso, faz-se estritamente necessário que as questões éticas e sociais no contexto dos sistemas de informação alcancem o seu verdadeiro valor na era digital. 3.1. As cinco dimensões morais da era da informação Segundo Fuoco (2003, p.75) podemos observar as seguintes dimensões morais da era da informação: � Direitos e deveres sobre a informação. � Direitos e deveres sobre a propriedade. � Prestação de contas e controle. � Qualidade do sistema. � Qualidade de vida. 8 Conclusão Mediante o trabalho feito se pode afirmar que os sistemas de informação não são em sientraves ao que consideramos de ética pois o mal não deriva das tecnologias em si mesmas, mas das livres escolhas das pessoas enquanto seres humanos que podem preferir seguir ou ferir a ética. As questões éticas não estão nos sistemas de informação nem na tecnologia, mas na forma como são usados. A importância da dimensão ética dos grandes problemas humanos não se alterou substancialmente com as novas tecnologias da informação, apenas mudou a forma de a equacionar. É verdade que o alargamento do campo de escolha potencia os vícios, mas também as oportunidades para as virtudes humanas se exercitarem de modo a que o bem da humanidade possa levar a melhor aumentaram substancialmente. 9 Bibliografia Abdala, E. A.; Oliveira, M. (2003). Tecnologia da Internet: casos práticos em empresas. Rio Grande do Sul: EdiPucRS. Barbosa, A. P. (2008). Segurança e os Desafios Éticos da Tecnologia da Informação. Dezembro. Disponível em: Acesso em: 08 Ago. 2020 Castells, M. (2003). A Galáxia da Internet: reflexões sobre a Internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. Couto, S. P. (2005). Decifrando a Fortaleza Digital. São Paulo: Digerat. Fuoco, T. (2003). Guia Valor Económico de Comércio Electrónico. São Paulo: Globo, 2003. Laudon, K. C. & Laudon, J. P. (1999). Sistema da Informação com Internet. [S.l.: s.n.]. Atlas, São Paulo. Perazzoli, G. S. (2009). Controle Interno para Auxílio de Tomada de Decisão Gerencial: um estudo de caso em uma pequena empresa. Pato Branco – PR – Brasil. Tanenbaum, A. (2003). Redes de computadores. 4. Ed. Rio de Janeiro: Campus. Turban, E.; McLean, E.; Wetherbe, J. C. (2004). Tecnologia da Informação: transformando os negócios na economia digital. 3. Ed. São Paulo: Bookman.
Compartilhar