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Apostila Direito Administrativo II-1

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1 
 
APOSTILA - DIREITO ADMINISTRATIVO II 
Sumário 
AULA 1 – AGENTES PÚBLICOS .........................................................................................................2 
AULA 2 – AGENTES PÚBLICOS (CONT.) ..........................................................................................6 
AULA 3 – PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR ..............................................................9 
AULA 4 – ATO ADMINISTRATIVO ................................................................................................. 14 
AULA 5 – ATO ADMINISTRATIVO (CONT. ) ................................................................................ 18 
AULA 6 – CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS ............................................................. 21 
AULA 7- LICITAÇÃO (CONCEITO E PRINCÍPIOS) ....................................................................... 25 
AULA 8- LICITAÇÃO (DISPENSA E INEXIBILIDADE) ................................................................ 29 
AULA 9 - LICITAÇÃO (MODALIDADES E ESPÉCIES) ................................................................. 37 
AULA 10 - LICITAÇÃO (FASES, NULIDADE E REVOGAÇÃO) .................................................. 41 
AULA 11 – CONTRATOS ADMINISTRATIVOS ............................................................................. 45 
AULA 12 – RESPONSABILIDADE DO ESTADO ............................................................................ 48 
AULA 13 – IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA ........................................................................... 51 
AULA 14 – REGIME DIFERENCIADO DE CONTRATATAÇÕES - RDC ..................................... 57 
AULA 15 – REGULAÇÃO E FOMENTO ESTATAL ........................................................................ 62 
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA ............................................................................................................ 73 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
AULA 1 – AGENTES PÚBLICOS 
 
1.1. Classificação dos agentes públicos 
 
a) agentes políticos: titulares de cargos relacionados à organização política do país. 
Vínculo político. Decorre da CF. Ex.: prefeito, vereador, secretário e, para alguns, juízes; 
b) agentes administrativos: são os que mantêm com a Administração direta ou indireta 
relação de trabalho de natureza profissional e de caráter não-eventual, sob vínculo de 
dependência, ainda que temporário. Podem ser titulares de cargo (regra), emprego (celetista) ou 
sujeitos a regime especial (caso dos agentes contratados para atender à necessidade temporária 
de excepcional interesse público; CF, art. 37, IX); 
c) agentes honoríficos: cidadãos convocados para prestar, transitoriamente, serviço ao 
Estado, em razão de sua honorabilidade. Não há remuneração. Ex.: mesários, jurados; 
d) agentes delegados: particulares que recebem delegação para executar atividade, obra 
ou serviço público, agindo em nome próprio, e por conta e risco, mediante remuneração advinda 
do Estado ou dos usuários. Ex.: tabeliães, concessionários; 
e) agentes credenciados: particulares que recebem uma incumbência específica para 
representar a Administração. São remunerados. Transitoriedade é maior. Ex.: advogado 
renomado contratado por Prefeitura para fazer sustentação oral. 
 
1.2. Cargos, empregos e funções. 
1.2.1. Cargos públicos: mais simples unidades de competência a serem exercidas por 
agente público, devendo ser criados por lei. 
1.2.2. Funções públicas (funções de confiança): conjuntos de atribuições, criadas por lei, 
correspondentes a encargos de direção, chefia e assessoramento, a serem exercidas 
exclusivamente por titular de cargo efetivo, da confiança da autoridade que as preenche. Aqui 
se fala em atribuições. Só quem já tem um cargo efetivo pode ser chamado para uma função de 
confiança. Perdendo a função, volta ao cargo de origem. 
1.2.3. Empregos públicos: núcleos de encargos de trabalho, a serem preenchidos por 
contratados pelo regime jurídico celetista, contratual. O agente não tem direito à estabilidade 
pelo texto constitucional. Cuidado: o provimento de empregos requer concurso público. 
Destinam-se a atribuições em que não há atividade administrativa, como nas estatais, para 
atribuições subalternas (mesmo nas pessoas públicas) e para contratações temporárias. 
Empregados públicos não são nomeados, mas contratados. 
 
1.3. Cargo público 
1.3.1. Classificação quanto à retenção dos ocupantes: 
a) cargo em comissão: unidade de competência a ser preenchida por servidores de 
carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei. Pode ser preenchido sem 
que o ocupante faça concurso público. Outras características são o caráter transitório e a 
ocupação por pessoas de confiança, que podem ser nomeadas e exoneradas livremente (“ad 
nutum”); 
b) cargo de provimento efetivo: unidade de competência provida mediante concurso 
público de provas e títulos, admitindo-se a inclusão de outros requisitos de habilitação se houver 
previsão legal e pertinência com as atribuições a serem executadas pelo servidor. Tem por nota 
a permanência, podendo o servidor auferir a estabilidade. Em regra, os cargos são desse tipo; 
c) cargo de provimento vitalício: é aquele cuja permanência é mais intensa; só se perde 
o cargo por sentença transitada em julgado. A vitaliciedade ocorre após 2 anos de exercício, se 
o ingresso foi por concurso (juízes e promotores), ou logo após a posse, se por indicação 
(ministros dos Tribunais Superiores). 
3 
 
 
1.3.2. Provimento em cargo público (designação para o cargo): 
a) nomeação: é provimento autônomo de servidor em cargo público. Após, vem a posse, 
que é a aceitação do cargo (investidura), e a entrada em exercício, início do trabalho; 
b) promoção (ou acesso): designação para titularizar cargo superior da própria carreira; 
c) readaptação: designação para titularizar cargo compatível com a limitação física ou 
mental que acometer o agente público; 
d) reversão: designação para o aposentado voltar a titularizar cargo, por não mais persistir 
o motivo da aposentadoria; 
e) aproveitamento: designação daquele em disponibilidade, para que volte a titularizar 
cargo público; 
f) reintegração: designação do ilegalmente desligado para titularizar o cargo público. 
Geralmente decorre de decisão judicial. Será paga a remuneração não percebida no período. As 
instâncias cível, administrativa e criminal são independentes, mas, se houver absolvição 
criminal por “negativa de autoria” ou “inexistência do fato”, repercutirá nas outras instâncias, 
o que não ocorre se o fundamento for “atipicidade” ou “falta de provas”. 
 
1.3.3. Desinvestidura (vacância): desligamento do agente público do cargo, do emprego ou da 
função. Confira os casos: 
a) falecimento: a morte do agente torna vago o cargo; 
b) aposentadoria: transferência para inatividade remunerada; 
c) perda do cargo, emprego ou função: desligamento por sentença em ação penal ou por 
improbidade administrativa; 
d) dispensa: desligamento sem justa causa do celetista. Deve ser motivado; 
e) demissão: desligamento por justa causa (infração disciplinar). Tem natureza punitiva. 
Depende de sentença transitada em julgado ou processo administrativo com ampla defesa; 
f) exoneração: desligamento a pedido ou de ofício, sem caráter punitivo. A Emenda 
Constitucional 19/98 previu mais dois casos de exoneração: - 
f.1) por avaliação insatisfatória de desempenho: é requisito para adquirir a estabilidade a 
aprovação em avaliação especial de desempenho (por comissão instituída para esse fim após 3 
anos de estágio probatório); após, o servidor está sujeito a avaliações periódicas de desempenho 
(a serem regulamentadas por lei complementar, assegurada ampla defesa), e, não aprovado em 
qualquer dos dois tipos de avaliação, será exonerado; 
f.2) para atender limite de despesas com pessoal ativo e inativo (CF, art. 169, par. 4°): a Lei de 
Responsabilidade Fiscal traz limitesmáximos de despesas com pessoal ativo e inativo, 50% (na 
União) e 60% (nos Estados e Municípios) da receita corrente líquida. Superado esse limite, 
deve-se exonerar pessoal. O servidor fará jus a indenização correspondente a um mês de salário 
por ano de serviço. 
 
Questões 
1- O ingresso no serviço público para cargo de provimento efetivo está sujeito ao 
cumprimento dos termos e condições previstos na legislação, dentre os quais: 
a) a realização de provas físicas, psicológicas e psicotécnicas após a aprovação em concurso 
público de provas e títulos, para aferição da expectativa de longevidade dos candidatos. 
b) o concurso público de provas e títulos, necessário para provimento de cargos públicos, 
vedada a exigência de outros requisitos de habilitação, como exames psicotécnicos ou físicos. 
4 
 
c) a submissão a prévio concurso público de títulos e documentos, para cargos, empregos e 
funções públicas, independentemente do prazo de duração do vínculo funcional pretendido, 
como forma de privilegiar os princípios da igualdade e da publicidade. 
d) a possibilidade de nomeação para cargos de livre provimento, seja para vínculos funcionais 
temporários, seja para vínculos funcionais permanentes, passíveis de extinção apenas por meio 
de processo administrativo disciplinar. 
e) a obrigatoriedade de submissão a concurso público de provas e títulos para provimento de 
cargos e empregos públicos, admitindo-se a inclusão de outros requisitos de habilitação se 
houver previsão legal e pertinência com as atribuições a serem executadas pelo servidor. 
2- Uma vez cumprida a avaliação a que se sujeita o servidor público em seu estágio 
probatório e verificando-se que não atendeu os seus deveres funcionais, deverá ele ser 
a) exonerado, após sua oitiva sobre os resultados da avaliação, fundamentando-se o ato, caso 
persista a conclusão sobre o não cumprimento dos deveres funcionais. 
b) demitido, após sua oitiva sobre os resultados da avaliação, fundamentando-se o ato, acaso 
persista a conclusão sobre o não cumprimento dos deveres funcionais. 
c) demitido sem necessidade de fundamentação do ato administrativo, uma vez que não se trata 
de servidor estável. 
d) exonerado sem necessidade de fundamentação do ato administrativo, uma vez que não se 
trata de servidor estável. 
e) removido a bem do interesse público. 
3- O Poder Público deferiu título de organização social a uma pessoa jurídica de direito 
privado, sem fins lucrativos, cuja atividade é dirigida à prestação de serviços de saúde. É 
correto afirmar que eventuais trabalhadores contratados pela referida entidade após a 
qualificação serão considerados: 
a) agentes honoríficos, sendo facultativa a promoção de processo seletivo objetivo e impessoal. 
b) empregados públicos, sujeitos à regra constitucional do concurso público. 
c) servidores públicos, sujeitos à regra constitucional do concurso público. 
d) empregados privados, selecionados mediante processo seletivo objetivo e impessoal. 
e) empregados privados, sendo facultativa a promoção de processo seletivo objetivo e 
impessoal. 
4- Os contratados por prazo determinado, em razão de excepcional interesse público 
(Art.37, IX da Constituição Federal), 
a) são considerados agentes administrativos. 
b) podem substituir cargos públicos efetivos, temporários ou vitalícios. 
c) devem submeter-se a concurso público. 
d) são proibidos de exercer funções públicas permanentes ou temporárias ainda que haja 
necessidade. 
e) são considerados empregados públicos, sujeitos à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). 
5 
 
5- “É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-
se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que 
não integra a carreira na qual anteriormente investido" (STF, Súmula Vinculante n. 43). 
A regra transcrita, consagrada na Súmula, 
 
a) implica a impossibilidade da realização de concurso interno para acesso a cargos públicos 
que não integrem a mesma carreira. 
b) consagra a inconstitucionalidade do provimento de qualquer cargo público sem concurso 
público. 
c) impede a promoção do servidor para níveis mais altos dentro da mesma carreira. 
d) exige carreira para todo e qualquer cargo público. 
e) objetiva vedar o nepotismo no acesso aos cargos públicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
AULA 2 – AGENTES PÚBLICOS (CONT.) 
 
2.1 Acessibilidade a cargos, empregos e funções; greve e sindicalização. 
a) igualdade (art. 37, I): são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos 
em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; Repare que os requisitos para ingresso 
devem estar estabelecidos em lei. Assim, o edital só poderá trazer requisitos previamente 
estabelecidos na lei ou na Constituição. O STF entende que o limite de idade para inscrição em 
concurso público legitima-se quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do 
cargo. 
b) obrigatoriedade do concurso (art. 37, II): o concurso público (de provas ou de provas e 
títulos) é obrigatório, inclusive para quem ingressar pela CLT. A exceção é para a nomeação 
para cargo em comissão; 
c) validade do concurso (art. 37, III): é de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período; 
d) prioridade na convocação (art. 37, IV): o aprovado em concurso não tem direito a ser 
nomeado, mas tem prioridade na convocação, segundo sua classificação; o STF e o STJ também 
admitem o direito à nomeação no limite das vagas do edital. 
e) deficientes (art. 37, VIII): “A lei reservará percentual e definirá os critérios para a sua 
admissão”; 
f) contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional 
interesse público (art. 37, IX): Será feita mediante processo seletivo simplificado. Ex.: em caso 
de calamidade pública; 
g) direito de greve (art. 37, VII): será exercido nos termos e nos limites definidos em lei 
específica. Exceção: militares; o STF determina a aplicação da lei de greve para o setor privado, 
quando das greves de agentes públicos; 
h) direito de sindicalização (art. 37, VI): é garantido ao servidor público civil. Aqui também 
incide vedação em relação aos militares. 
 
2.2. Proibição de acumulação remunerada. 
- Regra geral (art. 37, VI): É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto 
quando houver compatibilidade de horários, observado a jornada semanal não superior a 44 
horas e o teto remuneratório. As exceções são: a) de dois cargos de professor; b) de um cargo 
de professor com outro, técnico ou científico; c) de dois cargos ou empregos privativos de 
profissionais da saúde com profissões regulamentadas. Extensão da regra geral: tal proibição 
vale também para empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, 
sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou 
indiretamente, pelo Estado. 
- Acumulação de remuneração e aposentadoria: como regra, é proibida. Exceções: a) se os 
cargos da ativa e da inatividade forem cumuláveis; b) na acumulação de aposentadoria com 
remuneração de cargo em comissão ou de mandato eletivo. Outros casos trazidos na 
Constituição: a1) magistrados e membros do Ministério Público: permite-se acumulação com 
um cargo ou função de professor; b1) vereador: pode acumular, desde que haja 
compatibilidade de horários; se não houver, deve se afastar do cargo que tinha, podendo 
escolher qual remuneração deseja receber; c1) prefeito: não pode acumular, devendo afastar-
se do cargo, emprego ou função que tinha, mas pode optar pela remuneração; d1) detentor de 
mandato eletivo federal, estadual e distrital: ficará afastado do cargo ou função anterior, e 
não pode optar pela remuneração. 
 
2.3. Estágio probatório / Estabilidade: garantia de permanência no serviço público outorgada 
ao servidor que, nomeado para cargo de provimento efetivo, em virtude de concurso público, 
tenha transposto o estágio probatório de 3 anos, após sersubmetido a avaliação especial de 
7 
 
desempenho por comissão instituída para essa finalidade. Obs.: Segundo a Súmula n. 22 do 
STF “O estágio probatório não protege o funcionário contra a extinção do cargo”. 
 
2.4. Disponibilidade: colocação do servidor estável, isto é, aquele já cumpriu o estágio 
probatório, em inatividade remunerada, até seu adequado aproveitamento em outro cargo, com 
proventos proporcionais ao seu tempo de serviço. É direito do servidor, desde que estável, 
ocorrendo nas seguintes situações: a) quando o cargo é extinto ou declarado desnecessário; b) 
quando um servidor é reintegrado e volta para o cargo para onde foi chamado um novo 
servidor, ficando este desalojado por não ter o cargo de origem. 
 
2.5. Sistema remuneratório. 
- Remuneração (estipêndio): corresponde ao valor fixado em lei (vencimento), mais vantagens 
pessoais. 
- Subsídios: modalidade de remuneração fixada em parcela única e devida aos agentes políticos 
(art. 39, § 4°, CF- fala-se em membros de Poder), aos policiais (art. 144, § 9°), procuradores de 
Estado, defensores públicos, integrantes da AGU (art. 135) e ministros dos Tribunais de Contas. 
- Teto remuneratório: a) na União é o subsídio dos ministros do STF; b) nos Estados/DF: no 
Executivo, é o subsídio do governador; no Legislativo, dos deputados; e no Judiciário, dos 
desembargadores (limitado a 90,25% do subsídio dos ministros do STF), podendo se adotar 
como limite único o subsídio dos desembargadores, o que não se aplicará a deputados e 
vereadores; c) nos Municípios, é o subsídio do prefeito; d) membros do MP estadual, 
procuradores estaduais e municipais e defensores públicos estaduais têm por limite o subsídio 
dos desembargadores. 
Direitos: Os direitos dos servidores públicos são muito parecidos com os dos trabalhadores em 
geral. Os primeiros têm direito a salário mínimo, décimo terceiro salário, remuneração superior 
ao trabalho noturno, jornada semanal não superior a 44 horas, hora extra superior em pelo 
menos 50% da hora normal, férias anuais com 1/3 a mais na remuneração, licença à gestante de 
120 dias, licença paternidade, proteção ao mercado de trabalho da mulher, redução dos riscos 
do trabalho, proibição de diferença de salário, função ou admissão, por discriminação. 
 
2.6. Aposentadoria: é a transferência para a inatividade remunerada, cumpridos certos 
requisitos. Tipos de aposentadoria: 
Por invalidez: deve ser invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de 
contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença 
grave contagiosa ou incurável, na forma da lei. 
Compulsória: aos 70 anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição. 
Voluntária: a) com remuneração proporcional ao tempo de serviço: aos 65 anos, se homem, e 
60 anos, se mulher; b) com remuneração integral (observado o teto de aposentadoria): aos 60 
anos, se homem (mínimo de 35 anos de contribuição), e 55 anos, se mulher (mínimo de 30 anos 
de contribuição). As aposentadorias acima (“a” e “b”) só serão concedidas se o agente contar 
com no mínimo 10 anos de efetivo exercício no serviço público e 5 anos no cargo em que se 
dará a aposentadoria. 
Professor: se comprovar exclusivo e efetivo magistério na educação infantil/ensino 
fundamental/ensino médio, reduz-se de 5 anos a idade e o tempo de contribuição para as 
aposentadorias voluntárias acima, conforme determina o art. 40, § 5°, da CF, interpretado pela 
Súmula 726 do STF “Para efeito de aposentadoria especial de professores, não se computa o 
tempo de serviço prestado fora da sala de aula”. 
 
 
 
8 
 
Questões 
 
1- José, nomeado pela primeira vez para cargo de provimento efetivo no serviço público, foi 
exonerado de ofício, durante estágio probatório, em razão da extinção do seu cargo. Com base 
nessa situação hipotética, responda: 
a) Se José pretender retornar ao serviço público, qual medida ele deverá postular: reversão, 
reintegração ou aproveitamento? (vide Aula 1) 
b) José poderia ter sido exonerado de ofício, mesmo durante o estágio probatório? 
c) José teria direito à disponibilidade? Justifique sua resposta. 
 
2- Carlos exerce os cargos de professor de universidade federal, em regime de 40 (quarenta) 
hora semanais, e de professor em universidade estadual, também em regime de 40 (quarenta) 
horas semanais. Ao constatar essa acumulação, a Administração Federal considerou-a ilícita e 
notificou Carlos para que optasse por um dos cargos. Tem razão a Administração Federal? 
Justifique sua resposta. 
 
3- Certo Estado da Federação abriu concurso para o preenchimento de 100 (cem cargos) de 
professor, conforme constante do Edital. Após as provas e impugnações, e resolvidos todos os 
incidentes, dá-se a classificação final, e sua homologação. Trinta dias depois da homologação, 
a Administração nomeio os 10 (dez) primeiros aprovados e contrata temporariamente 90 
(noventa) professores. Teriam os 90 candidatos aprovados, que tiveram sua nomeação preterida 
pela contratação dos temporários, direito subjetivo à nomeação? 
 
4- Ana Amélia, professora dos quadros da Secretaria de Educação Estadual, ao completar 62 
anos e 25 anos de contribuição, formulou requerimento de aposentadoria. O pleito foi deferido. 
Ao analisar o ato de concessão de aposentadoria, o Tribunal de Contas indeferiu seu registro, 
pois constatou que Ana Amélia, por 15 anos, exerceu cargo em comissão de Assessora 
Executiva da Secretaria de Educação Estadual, tendo sido esse período computado para a 
concessão da aposentadoria. Considerando a situação apresentada, responda: a decisão do 
Tribunal de Contas está correta? Justifique sua resposta. 
 
5 - Um desembargador do Tribunal de Justiça do Estado X, após 4 anos de aposentadoria, é 
convidado a ocupar cargo em comissão de assessor jurídico no Município Y. Poderá o 
desembargador aposentado acumular os proventos de sua aposentadoria com os do cargo em 
comissão? Justifique sua resposta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
AULA 3 – PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR 
 
3.1 – Introdução 
Dentre a generalidade dos processos administrativos destaca-se a espécie do processo 
administrativo disciplinar, a qual tem por finalidade a averiguação da ocorrência de um ilícito 
administrativo para, se for o caso, impor uma sanção de natureza administrativa ao servidor 
público que comete faltas no exercício de suas funções. 
Não há uma base normativa específica que discipline a matéria. Incide, para esse tipo de 
processo, o princípio da disciplina reguladora difusa 
As regras se encontram nos estatutos funcionais das diversas pessoas federativas (cada 
pessoa administrativa tem autonomia para instituir o seu estatuto funcional). 
 
3.2 – Sindicância 
Uma das fases da apuração da existência de alguma infração funcional é a sindicância. É 
uma apuração preliminar dos fatos, colhendo os seguintes indícios: i) existência de infração 
funcional; ii) autoria e iii) elemento subjetivo com que se conduziu o responsável. 
Em âmbito federal, a sindicância não se confunde com o Inquérito Administrativo. Este 
tem sinônimo de instrução. Portanto, não se trata de instituto autônomo, e, sim, de uma das 
fases do processo disciplinar principal. 
Esse é o sentido empregado na normativa federal (Lei nº 8.112/90): 
 
Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é 
obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo 
administrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa. 
 
Art. 145. Da sindicância poderá resultar: 
I — arquivamento do processo; 
II — aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30 (trinta) dias; 
III — instauração de processo disciplinar. 
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não excederá 30 (trinta) 
dias, podendo se prorrogado por igual período, a critério da autoridade superior. 
 
Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a imposição de 
penalidade de suspensão por maisde 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de 
aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão, será 
obrigatória a instauração de processo disciplinar. 
 
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes fases: 
I — instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão; 
II — inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa e relatório; 
III — julgamento. 
 
Merece ser lembrado que Estados e municípios têm autonomia para legislar sobre 
seus respectivos processos disciplinares, tendo a Lei 8.112/90 natureza federal. 
 
3.3 - Processo Administrativo Disciplinar 
 
Processo Administrativo Disciplinar é todo aquele que tem por objeto a apuração 
de ilícito funcional. Apurado o ilícito, aplica-se a respectiva sanção. 
10 
 
A mencionada regra federal disciplina a questão: 
 
Do Processo Disciplinar 
Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento destinado a apura 
responsabilidade de servidor por infração praticada no exercício de suas 
atribuições, ou que tenha relação com as atribuições do cargo em que se encontre 
investido. 
 
Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por comissão composta de três 
servidores estáveis designados pela autoridade competente, observado o disposto 
no § 3° do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu presidente, que deverá ser 
ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade 
igual ou superior ao do indiciado. 
§ 1° A Comissão terá como secretário servidor designado pelo seu presidente, 
podendo a indicação recair em um de seus membros. 
§ 2° Não poderá participar de comissão de sindicância ou de inquérito, cônjuge 
companheiro ou parente do acusado, consangüíneo ou afim, em linha reta ou 
colateral, até o terceiro grau. 
 
Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com independência e 
imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido 
pelo interesse da administração. 
Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comissões terão caráter 
reservado. 
 
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes fases: 
I — instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão; 
II — inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa e relatório; 
III — julgamento. 
 
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não excederá 60 
(sessenta) dias, contados da data de publicação do ato que constituir a 
comissão, admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias 
o exigirem. 
§ 1° Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo integral aos seus 
trabalhos, ficando seus membros dispensados do ponto, até a entrega do relatório 
final. 
§ 2° As reuniões da comissão serão registradas em atas que deverão detalhar as 
deliberações adotadas. 
 
Na esfera federal, são cabíveis as seguintes penalidades: 
 
Art. 127. São penalidades disciplinares: 
I — advertência; 
II — suspensão; 
III — demissão; 
IV — cassação de aposentadoria ou disponibilidade; 
V — destituição de cargo em comissão; 
VI — destituição de função comissionada 
 
11 
 
Para a aplicação das penalidades, deverão ser observadas as seguintes regras: 
Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza e a 
gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço 
público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais. 
Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencionará sempre o 
fundamento legal e a causa da sanção disciplinar. 
 
Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de violação de 
proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever 
funcional previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não justifique 
imposição de penalidade mais grave. 
 
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas 
com advertência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração 
sujeita a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias. 
§ 1° Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servidor que, 
injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspeção médica determinada 
pela autoridade competente, cessando os efeitos da penalidade uma vez cumprida 
a determinação. 
§ 2° Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão 
poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cinquenta por cento) por dia de 
vencimento ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em 
serviço. 
 
Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão seus registros 
cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, 
respectivamente, se o servidor não houver, nesse período, praticado nova infração 
disciplinar. 
Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não surtirá efeitos retroativos. 
 
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: 
I - crime contra a administração pública; 
II - abandono de cargo; 
III - inassiduidade habitual; 
IV - improbidade administrativa; 
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição; 
VI - insubordinação grave em serviço; 
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa 
própria ou de outrem; 
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; 
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo; 
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional; 
XI - corrupção; 
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; 
XII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. 
 
Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas: 
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do Poder Legislativo 
e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar 
12 
 
de demissão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor vinculado 
ao respectivo Poder, órgão, ou entidade; 
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediatamente inferior àquelas 
mencionadas no inciso anterior quando se tratar de suspensão superior a 30 
(trinta) dias; 
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos respectivos 
regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência ou de suspensão de até 30 
(trinta) dias; 
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se tratar de destituição 
de cargo em comissão. 
 
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá: 
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de 
aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão; 
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; 
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. 
§ 1° prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou 
conhecido. 
§ 2° Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações 
disciplinares capituladas também como crime. 
§ 3° A abertura de sindicância ou a instauração de processo disciplinar interrompe 
a prescrição, até a decisão final proferida por autoridade competente. 
§ 4° Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a partir do 
dia em que cessar a interrupção. 
 
Como se vê, acima, um dos motivos ensejadores da demissão do servidor é a 
denominada Improbidade Administrativa. Segundo Carvalho Filho, a ação de improbidade 
administrativa é aquela em que se pretende o reconhecimento judicial de condutas de 
improbidade na Administração, perpetradas por administradores públicos e terceiros, e a 
consequência é a aplicação das sanções legais, com o escopo de preservar o princípio da 
moralidade. 
De se ressaltar que, nos termos do art. 126 da Lei n. 8.112/90, a responsabilidade 
administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência 
do fato ou sua autoria. 
 
3.5 – Revisão 
 
O processo administrativo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo, a pedido ou 
de ofício, quando se alegam atos novos ou circunstânciassuscetíveis de justificar a inocência 
do punido ou a inadequação da penalidade aplicada. A simples alegação de fatos ou 
circunstâncias novos, sem a devida comprovação, não constitui fundamento para a revisão. 
Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a penalidade aplicada, 
restabelecendo-se todos os direitos do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em 
comissão, que será convertida em exoneração. Da revisão do processo não pode resultar o 
agravamento da penalidade. 
O processo de revisão está previsto nos arts. 174 a 182 da Lei 8.112/90. 
 
 
 
 
13 
 
Questões 
 
1- Trata-se de aplicação de pena de demissão, pelo Ministro da Justiça, a policial do 
Departamento de Polícia Rodoviária Federal do Ministério da Justiça, em razão da prática de 
irregularidades na comprovação das despesas realizadas com transporte público, para fins de 
recebimento do auxílio-transporte, o que lhe teria rendido um proveito pessoal próprio da ordem 
de R$ 36,80. 
A seu ver, mostra-se proporcional a sanção aplicada face ao delito administrativo cometido? Se 
meses após, o policial descobrisse a existência de outros comprovantes de despesas realizadas 
com o transporte público, que não foram apresentados anteriormente e os quais habilitá-lo-iam 
a reembolsos na ordem de R$ 100,00. Esse fato poderia ensejar a revisão da demissão? Sob 
qual fundamento? 
 
2- João, analista de sistemas dos quadros do Ministério da Educação, foi demitido de seu cargo 
público, por meio de Portaria do Ministro da Educação publicada em 19 de maio de 2010, 
após responder a processo administrativo em que restou apurada infração funcional relativa ao 
recebimento indevido de vantagem econômica. Exatamente pelo mesmo fato, João também foi 
processado criminalmente, vindo a ser absolvido por negativa de autoria, em decisão que 
transitou em julgado em 18 de janeiro de 2011. 
Com base nessa situação hipotética, responda: 
a) De qual medida administrativa João poderia se valer contra o ato de demissão? 
b) Qual seria o pedido de João (vide Aula 1) e os respectivos fundamentos? 
 
3- Pedro, servidor público federal, após veiculada notícia de que teria praticado ato de 
corrupção, pediu aposentadoria do cargo efetivo que ocupava. Meses depois de concedida a 
aposentadoria, foi aberto processo administrativo disciplinar que, encerrado um ano depois de 
sua abertura, concluiu pela materialidade e autoria do fato. Pedro poderá sofrer alguma sanção 
administrativa? Justifique sua resposta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
AULA 4 – ATO ADMINISTRATIVO 
 
4.1 – Definição e elementos do ato administrativo 
A Administração Pública manifesta-se sempre através de atos administrativos. Nesse 
sentido, Diogo de Figueiredo Moreira Neto define o ato administrativo como “manifestação de 
vontade da Administração destinada a produzir efeitos jurídicos”, sendo, portanto, uma espécie 
do gênero ato jurídico. 
No entanto, havendo distintas formas de manifestação da Administração Pública — que 
ora age investida do múnus público, regendo-se seus atos então pelo direito público, como por 
outras vezes age em igualdade de condições com os agentes privados — Renato Alessi já 
ressaltava a dificuldade em se construir uma teoria unitária sobre o ato administrativo. 
Sob o aspecto eminentemente formal/subjetivo, o ato administrativo constitui qualquer 
ato praticado pela Administração Pública. A dificuldade maior surge na busca de uma definição 
desde a perspectiva material, a qual, no entanto, pode ser compreendida como a exigência de 
que o ato administrativo tenha por objeto um “assunto administrativo”. 
A Administração Pública pratica tanto atos unilaterais quanto de natureza negocial, como 
os contratos administrativos. 
A doutrina alude a cinco elementos do ato administrativo: 
 
• Competência: a autoridade administrativa da qual emane a manifestação de vontade deve ter 
sido regularmente investida na função e possuir competência conferida por lei para fazê-lo. 
• Objeto: corresponde, nas palavras de José dos Santos Carvalho Filho, à “alteração no mundo 
jurídico que o ato administrativo se propõe a processar”, ou seja, “o objetivo imediato da 
vontade exteriorizada pelo ato, a proposta, enfim, do agente que manifestou a vontade com 
vistas a determinado ato”. 
• Forma: a exteriorização da vontade do agente administrativo deve ocorrer na forma prevista 
em lei. Sobre a importância da forma para o ato administrativo, Themístocles Brandão 
Cavalcanti já asseverava que “o elemento formal predomina na conceituação do ato 
administrativo, não obstante ser indispensável também a manifestação da vontade para 
caracterizar o ato, ou melhor, para atribuir existência ao ato. 
A forma às vezes exige a observância de todo um procedimento prévio à realização do ato 
administrativo. Nesse sentido, veja-se que a assinatura de um contrato administrativo deve, de 
forma geral, ser precedida do devido processo licitatório. 
• Motivo: constitui as razões de fato e de direito que determinam a realização de um ato. A 
Administração Pública não pode realizar atos de forma imotivada. 
• Finalidade: compreende a exigência de que todo ato administrativo deve voltar-se à realização 
de uma finalidade pública. 
 
4.2- Classificação dos atos administrativos 
 
Os atos administrativos podem ser simples, complexos e compostos. Serão simples 
quando a manifestação de apenas uma autoridade administrativa for suficiente à formação 
válida do ato; ex. decisão da autoridade administrativa sobre o recurso de uma infração de 
trânsito. Serão complexos quando se apresentar necessário o concurso de vontades de duas ou 
mais autoridades para a existência do ato; ex. aposentadoria, que depende da concessão pela 
chefia do órgão em que lotado o agente e do controle e registro pelo Tribunal de Contas. Ato 
administrativo composto é o ato que resulta da "vontade de um órgão, mas depende da 
verificação por parte de outro, para se tornar exequível” (Hely Lopes Meirelles); ex. nomeações 
15 
 
de autoridades ou dirigentes de entidades da administração sujeitas à aprovação prévia pelo 
Poder Legislativo. 
O ato administrativo será vinculado quando suportado em norma que não deixa margem 
para opções ou escolhas estabelecendo que, diante de determinados requisitos, a Administração 
deverá agir de tal ou qual forma. São exemplos de atos administrativos vinculados a licença, a 
admissão e a homologação. 
Será discricionário o ato quando embasado em regramento que não atinge todos os 
aspectos da atuação administrativa; deixando a lei certa margem de liberdade de decisão diante 
do caso concreto, de modo que a autoridade administrativa poderá optar por uma dentre várias 
soluções possíveis, a ser escolhida mediante critérios de conveniência, oportunidade e equidade. 
São exemplos de atos administrativos discricionários a autorização e a permissão. 
 
4.3- Atributos do ato administrativo 
 
De acordo com a doutrina majoritária, os atos administrativos possuem alguns atributos 
que os distinguem dos atos jurídicos privados. 
O primeiro é o da presunção de legitimidade, segundo a qual os atos praticados pela 
Administração presumem-se “em conformidade com a lei”. Maria Sylvia Zanella di Pietro 
considera que esse atributo pode ser desdobrado em dois, pois, enquanto a legitimidade 
propriamente dita diz respeito à conformidade do ato administrativo com o direito, há 
igualmente uma presunção de veracidade dos atos administrativos, que se relaciona ao plano 
dos fatos, pois “presumem-se verdadeiros os fatos alegados pela Administração”. 
Outro atributo do ato administrativo diz respeito à imperatividade, pelo qual os atos 
administrativos podem ser impostos a terceiros independentemente do seu consentimento. 
Grande relevância tem ainda o atributo da auto-executoriedade, segundo o qual “o ato 
administrativo pode ser posto em execução pela própria Administração Pública, sem 
necessidade de intervenção do Poder Judiciário”. Aplica-se nashipóteses previstas em lei ou 
nas situações em que a urgência o exija. Exemplo típico é a demolição de prédio que ameace 
ruir. 
Por fim, quanto aos atos administrativos unilaterais, existe ainda a tipicidade, que é “o 
atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela 
lei como aptas a produzir determinado resultado” Tal atributo, entretanto, não está presente nos 
contratos celebrados pela Administração. Conforme esclarece Maria Sylvia Zanella Di Pietro, 
“A tipicidade só existe com relação aos atos unilaterais; não existe nos contratos porque, com 
relação a eles, não há imposição de vontade da Administração, que depende sempre da aceitação 
do particular; nada impede que as partes convencionem um contrato inominado, desde que 
atenda melhor ao interesse público e ao do particular”. 
 
4.4 Atos administrativos em espécie 
4.4.1. Quanto ao conteúdo: a) autorização: ato unilateral, discricionário e precário pelo qual se 
faculta ao particular, em proveito desse, o uso privativo de bem público ou o desempenho de 
uma atividade, os quais, sem esse consentimento, seriam legalmente proibidos. Exs.: 
autorização de uso de praça para festa beneficente; autorização para porte de arma; b) licença: 
ato administrativo unilateral e vinculado pelo qual a Administração faculta àquele que preencha 
requisitos legais o exercício de uma atividade. Ex.: licença para construir; c) admissão: ato 
unilateral e vinculado pelo qual se reconhece ao particular que preencha requisitos legais o 
direito de receber serviço público. Ex.: aluno de escola; paciente em hospital; programa de 
assistência social; d) permissão: ato administrativo unilateral, discricionário e precário, pelo 
qual a Administração faculta ao particular a execução de serviço público ou a utilização 
privativa de bem público, mediante licitação. Exs.: permissão para perueiro; permissão para 
16 
 
uma banca de jornal. Vale lembrar que, por ser precária, pode ser revogada a qualquer momento, 
sem direito à indenização; e) concessão: ato bilateral e não precário, pelo qual a Administração 
faculta ao particular a execução de serviço público ou a utilização privativa de bem público, 
mediante licitação. Ex.: concessão para empresa de ônibus efetuar transporte remunerado de 
passageiros. Quanto aos bens públicos, há também a concessão de direito real de uso, oponível 
até ao poder concedente, e a cessão de uso, em que se transfere o uso para entes ou órgãos 
públicos; f) aprovação: ato de controle discricionário. Vê-se a conveniência do ato controlado. 
Ex.: aprovação pelo Senado de indicação para Ministro do STF; g) homologação: ato de 
controle vinculado. Ex.: homologação de licitação ou de concurso público; h) parecer: ato pelo 
qual órgãos consultivos da Administração emitem opinião técnica sobre assunto de sua 
competência. Tipos: facultativo (parecer solicitado se a autoridade quiser); obrigatório 
(autoridade é obrigada a solicitar o parecer, mas não a acatá-lo) e vinculante (a autoridade é 
obrigada a solicitar o parecer e a acatar o seu conteúdo; ex.: parecer médico). 
 
4.4.2. Quanto à forma: a) decreto: é a forma de que se revestem os atos individuais ou gerais, 
emanados do Chefe do Poder Executivo. Exs.: nomeação e exoneração (atos individuais); 
regulamentos (atos gerais que têm por objeto proporcionar a fiel execução da lei – art. 84, IV, 
da CF); b) resolução e portaria: são as formas de que se revestem os atos, gerais ou individuais, 
emanados de autoridades que não sejam o Chefe do Executivo; c) alvará: forma pela qual a 
Administração confere licença ou autorização para a prática de ato ou exercício de atividade 
sujeita ao poder de polícia do Estado. Exs.: alvará de construção (instrumento da licença); alvará 
de porte (instrumento da autorização). 
 
Questões 
 
1- Segundo a doutrina, os atos administrativos serão válidos quando, em sua formação, 
preencherem todos os elementos jurídicos, ou seja, competência, forma, finalidade, motivo e 
objeto. Por outro lado, os atos serão nulos quando possuírem vícios insanáveis, ou seja, quando 
há defeitos nos elementos finalidade, motivo ou objeto. Os atos anuláveis são aqueles que 
apresentam defeitos sanáveis, ou seja, possuem defeitos nos elementos competência, desde que 
esta não seja exclusiva (= pertencente a uma determinada pessoa, ex. Presidente da República), 
ou na forma, desde que esta não seja essencial ou substancial ao ato (ex.: todo ato administrativo 
multilateral tem de ser manifestado por um instrumento de contrato). 
Classifique os atos administrativos a seguir em válidos, nulos e anuláveis. 
 
A) Um gari, revoltado com um automóvel que estacionou na calçada, atrapalhando seu trabalho 
de varrição, aplica ao motorista desse veículo uma multa por infração ao Código de Trânsito. 
Resposta: __________________________________________________________________ 
B) Um servidor que cometeu um ato irregular é removido de ofício como forma de punição. 
Lembre-se que, segundo a doutrina, o ato de remoção tem por finalidade adequar o número de 
servidores lotados nas diversas unidades administrativas de um órgão. 
Resposta: __________________________________________________________________ 
 
2- A multa de trânsito e a remoção de servidor são exemplos de ato discricionários ou 
vinculados? Justifique sua resposta. 
Resposta:___________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________ 
 
17 
 
3- O Código de Trânsito, em seu art. 233, prevê como infração transitar com farol desregulado, 
perturbando a visão de outros motoristas; trata-se de infração grave, que tem como 
consequência a retenção do veículo. Por sua vez, segundo o art. 180 do Código, estacionar o 
veículo em local proibido ou em desacordo com as regras de trânsito implicará sua remoção. 
Nesses casos, a retenção e remoção do veículo são exemplos de que atributo do ato 
administrativo? 
Resposta:___________________________________________________________________ 
 
4- Segundo a doutrina, “procedimento administrativo é uma sequência de atos administrativos, 
geralmente praticados pelo mesmo órgão”. Partindo dessa definição, pode-se dizer que todo 
processo administrativo é um ato complexo? Justifique sua resposta. 
Resposta: ___________________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
AULA 5 – ATO ADMINISTRATIVO (CONT. ) 
 
5.1 Vícios do ato administrativo 
ELEMENTOS DO ATO VÍCIOS 
CAPACIDADE E COMPETÊNCIA DO 
ÓRGÃO E DO AGENTE 
INCAPACIDADE DO AGENTE 
INCOMPETÊNCIA DO ÓRGÃO 
INCOMPETÊNCIA DO AGENTE 
(TOTAL) 
INCOMPETÊNCIA POR EXCESSO DE 
PODER 
OBJETO OBJETO ILEGAL 
OBJETO IMORAL 
OBJETO IMPOSSÍVEL (NOMEAÇÃO P/ 
CARGO INEXISTENTE) 
FORMA VíCIO DE FORMA “INOBSERVÂNCIA 
INCOMPLETA OU 
IRREGULAR DE FORMALIDADES 
INDISPENSÁVEIS À 
EXISTÊNCIA DO ATO” 
EX: PÚBLICAÇÃO, AUDIÊNCIA 
PÚBLICA, PARECER 
MOTIVO =FATO TÍPICO 
PRESUPOSTO DE FATO 
E DE DIREITO 
MOTIVAÇÃO= RAZÕES 
DE DECIDIR 
MOTIVO FALSO OU INEXISTENTE 
MOTIVO INADEQUADO (AO 
RESULTADO PRETENDIDO) – FALTA 
DE CORRELAÇÃO ENTRE OS MEIOS E 
OS FINS 
FALTA DE RAZOABILIDADE 
FALTA DE PROPORCIONALIDADE 
FINALIDADE (PÚBLICA) FIM DIVERSO DAQUELE PREVISTO 
IMPLÍCITA OU EXPLICITAMENTE NA 
REGRA DE COMPETÊNCIA 
 
5.2 Extinção do ato administrativo 
Há diferentes espécies de extinção do ato administrativo, desde a extinção natural, 
decorrente do exaurimento dos efeitos do ato; extinção subjetiva (por desaparecimento do 
sujeito beneficiário); objetiva (quando o desaparecimento é do objeto); caducidade; e 
desfazimento volitivo. 
Além disso, os atos administrativos são passíveis de invalidação, em caso de 
“desconformidade do ato com as normas reguladoras”. 
Também podem atos jurídicos perfeitos, de natureza discricionária, ser alvo de revogação 
pela Administração Pública,por motivo de conveniência e oportunidade, tendo em vista o 
interesse público protegido, desde que respeitados os direitos adquiridos. 
Os atos administrativos devem ser anulados pela Administração Pública quando ficar 
constatado vício. Com efeito, a anulação de um ato administrativo consiste na declaração de 
sua invalidação, diferentemente da revogação, está baseada em fatores de conveniência e 
oportunidade. Nesse sentido, vale colacionar o entendimento predominante sobre o assunto, 
representado nas palavras de Maria Sylvia Zanella Di Pietro: 
 
19 
 
E a anulação pode também ser feita pelo Poder Judiciário, mediante provocação dos 
interessados, que poderão utilizar, para esse fim, quer as ações ordinárias e especiais 
previstas na legislação processual, quer os remédios constitucionais de controle 
judicial da Administração Pública. 
 
A anulação feita pela própria Administração independe de provocação do interessado uma 
vez que, estando vinculada ao princípio da legalidade, ela tem o poder-dever de zelar pela sua 
observância. 
De acordo com Valmir Pontes, “o que se tem como certo é que os atos administrativos 
viciados ou defeituosos, isto é, os atos administrativos em cuja realização se tenha deixado de 
observar qualquer requisito essencial, são atos inválidos”. Destaque-se, nessa senda, as Súmulas 
346 e 473, do Supremo Tribunal Federal, que reza essa prerrogativa da Administração Pública 
de anular seus próprios atos ou de revogá-los (Poder de Autotutela): 
 
Súmula 346: A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios 
atos. 
Súmula 473: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de 
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, 
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e 
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. 
 
O dever de anular o ato administrativo defeituoso encontra fundamento no princípio da 
estrita legalidade. Eis, por seu turno, a manifestação doutrinária de Celso Antônio Bandeira de 
Mello, que acrescenta: “Para a Administração o que fundamenta o ato invalidador é o dever de 
obediência à legalidade, o que implica obrigação de restaurá-la quando violada. Para o 
judiciário é o exercício mesmo de sua função de determinar o Direito aplicável no caso 
concreto”. 
Por outro lado, vale transcrever, por oportuno, o trecho do magistério da Professora Maria 
Sylvia Zanella Di Pietro, que, em que pese ser adepta da corrente que se fundamenta no 
princípio da legalidade, encontra exceções à referida obrigatoriedade de anulação por parte da 
Administração Pública, in fine: “Para nós, a Administração tem, em regra, o dever de anular os 
atos ilegais, sob pena de cair por terra o princípio da legalidade. No entanto, poderá deixar de 
fazê-lo, em circunstâncias determinadas, quando o prejuízo resultante da anulação puder ser 
maior do que o decorrente da manutenção do ato ilegal; nesse caso, é o interesse público que 
norteará a decisão.” 
No que concerne ao conceito de ilegalidade ou ilegitimidade, para fins de anulação dos 
atos administrativos, é correta a assertiva de que este não se resume apenas à transgressão da 
lei, incluindo também o abuso, por desvio ou excesso de poder, ou por inobservância dos 
princípios gerais do Direito, em especial do regime jurídico de direito público. Com efeito, os 
vícios de finalidade ou do fim dos atos administrativos “escondem a intenção do administrador 
sob a capa da legalidade”. 
Do ponto de vista do direito posto, a Lei do Processo Administrativo Federal (Lei nº 
9.784/99) também regula o tema da invalidade e revogação dos atos administrativos, nos 
seguintes termos: 
 
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício 
de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, 
respeitados os direitos adquiridos. 
 
20 
 
Por outro lado, existem vícios dos atos administrativos que se apresentam sanáveis. 
Nesses casos, a Administração pode retificá-los e convalidá-los, tomando as medidas que se 
façam necessárias para suprir a ilegalidade que vicia o ato, conformando-o às exigências da lei. 
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal consagra esse entendimento, conforme se 
observa do julgamento do Recurso Extraordinário nº 247.399/SC, cuja Relatora foi a Ministra 
Ellen Gracie: 
 
Servidor Público. Proveitos de aposentadoria. Ato administrativo eivado de 
nulidade. Poder de autotutela da Administração Pública. Possibilidade. 
Precedente. Pode a Administração Pública, segundo o poder de autotutela a ela 
conferido, retificar ato eivado de vício que o torne ilegal, prescindindo, portanto, 
de instauração de processo administrativo (Súmula 473, 1ª parte — STF). RE 
185.255, DJ 19/09/1997. RE conhecido e provido. 
 
Questões 
 
1- O Governo do Estado do Piauí celebrou um comodato de bens móveis com um município. 
Embora, nos termos do art. 102, XVIII, da Constituição Estadual, trate-se de matéria de 
competência exclusiva do Governador do Estado, ad referendum da Assembleia 
Legislativa, o convênio foi celebrado por Secretário de Estado de Saúde, para o qual, ao que 
consta, o Governador não havia delegado poderes específicos para a prática do ato. 
Ademais, não houve anuência do Poder Legislativo para a celebração do ato. 
Tendo se dado conta das irregularidades acima, o Secretário de Saúde pretende revogar o 
ato administrativo praticado, reavendo os bens oferecidos em comodato. O município, 
entretanto, resiste a essa pretensão, alegando que assinou o convênio com quem aparentava 
ser legítimo representante do Governo do Estado e que os aparelhos são essenciais para o 
funcionamento do sistema de saúde da Prefeitura, sendo que sua devolução acarretará 
graves prejuízos à população local. 
Com base nos elementos do ato administrativo e no disposto na súmula 473 do Supremo 
Tribunal Federal, como deve ser solucionada a controvérsia? 
 
2 - O Diretor Presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária expediu norma 
regulamentar excluindo o cloreto de etila (“lança perfume”) da lista de substâncias de uso 
proibido. Levada o tema à decisão do Superior Tribunal de Justiça, esse decidiu que o ato 
havia sido exarado por autoridade incompetente, pois as resoluções normativas da 
ANVISA, por força da lei federal que a instituiu, são de competência da Diretoria 
Colegiada. Apenas os atos urgentes podem ser praticados pelo Diretor Presidente e, ainda 
assim, ad referendum do órgão colegiado. Tendo em vista os seus estudos sobre os 
elementos do ato administrativo, questiona-se: qual(is) elemento(s) encontra(m)-se 
ausente(s) no mencionado ato? Qual o efeito da(s) irregularidade(s) apontada(s) sobre o ato 
praticado? 
 
 
 
 
 
 
21 
 
AULA 6 – CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 
 
6.1- Controle interno: é aquele exercido no interior da própria Administração, tendo 
fundamento no princípio da autotutela. Tal controle deve se dar de ofício, podendo iniciar-se, 
também, por provocação do interessado. 
De acordo com o artigo 70 da CF, o controle abrange a fiscalização contábil, financeira, 
orçamentária, operacional e patrimonial. O controle interno se dá pela fiscalização hierárquica, 
pela supervisão ministerial e por meio dos recursos administrativos, que serão em seguida 
analisados. 
 
6.2- Recursos administrativos são meios hábeis a provocar o controle da atividade 
administrativa. Aqui se utiliza a palavra recurso em sentido amplo. Como regra, os recursos 
têm somente efeito devolutivo, tendo também efeito suspensivo nas hipóteses em que a lei 
assim dispuser ou quando o administrador aplicá-lo motivadamente, não se presumindo sua 
existência. Recebido no efeito suspensivo, sem exigência de caução do particular, este não terá 
interesse processual em ingressar com demanda no Poder Judiciário (salvo se o recurso pleitear 
que a Administração deixe de se omitir diante de um caso concreto). Disso decorre o 
impedimento da fluência do prazoprescricional. Caso o particular desista do recurso, poderá 
recorrer ao Judiciário. De acordo com o art. 58 da Lei 9.784/99, têm legitimidade para interpor 
recurso: os titulares dos direitos discutidos no processo, os terceiros afetados pela decisão, as 
organizações e associações representativas, em caso de interesses coletivos, e os cidadãos ou 
associações, quanto aos interesses difusos. 
São modalidades de recursos administrativos: 
a) representação: denúncia de irregularidade feita perante a Administração. 
b) reclamação administrativa: dedução das seguintes pretensões: 
b.1) pedido de reconsideração: dirigido à mesma autoridade que decidiu. 
 
b.2) recurso hierárquico: dirigido ao superior hierárquico do que decidiu. Será hierárquico 
próprio, dirigido a autoridade superior do mesmo órgão da inferior - para secretário da 
Educação contra ato de um diretor da Secretaria; será hierárquico impróprio, se dirigido a 
autoridade superior fora do órgão da inferior - para o prefeito contra ato do secretário da Saúde. 
A Lei 9.784/99 dispõe, em seu art. 56, que o recurso será dirigido à autoridade que proferiu a 
decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de 5 dias, o encaminhará à autoridade superior. 
O prazo para interposição de recurso é, como regra, de 10 dias, contado da ciência ou da 
divulgação oficial da decisão (art. 59). O recurso administrativo tramitará no máximo por três 
instâncias, salvo disposição legal diversa (art. 57). O não-conhecimento do recurso não impede 
a Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida a preclusão 
administrativa (art. 63). O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, 
anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua 
competência, devendo-se cientificar o recorrente para defesa, caso da aplicação de tal regra 
puder decorrer gravame à situação do recorrente (art. 64). 
 
b.3) revisão: destinada ao reexame de matéria já definitivamente apreciada pela Administração 
quando surgirem fatos ou circunstâncias que possam modificar a decisão anterior, não podendo 
haver reforma em prejuízo de quem a pede (art. 65 da Lei 9.784/99). Ex.: agente demitido que 
é absolvido na esfera criminal por negativa de autoria ou inexistência do fato. 
Deve-se destacar que toda decisão administrativa é passível de ser reapreciada pelo Poder 
Judiciário no aspecto de legalidade. Assim, não faz aquela coisa julgada prevista na lei 
processual civil ou penal. Aqui, fala-se em coisa julgada administrativa, que é tão-somente a 
22 
 
impossibilidade de retratação por parte da Administração Pública, quando decida 
favoravelmente ao administrado, desde que, é claro, não se trate de decisão ilegal, hipótese em 
que, no âmbito federal, tem a Administração 5 anos para anular sua decisão, sob pena de se 
configurar decadência, salvo comprovada má-fé (art. 54 da Lei 9.784/99). 
 
6.3- Prescrição administrativa: pode ser a perda do prazo para recorrer de decisão 
administrativa (prazo previsto na lei local) ou a perda do prazo para que a Administração reveja 
seus atos (5 anos) ou, ainda, a perda do prazo para punir (previsto também na lei local). 
 
6. 4- Coisa julgada administrativa: nada mais é do que uma preclusão de efeitos internos, 
não tendo o caráter da coisa julgada judicial. As decisões administrativas finais importam 
somente na irretratabilidade do ato perante a própria Administração. 
 
6.5- Prescrição contra o particular: o prazo prescricional para a Administração ingressar 
com demanda contra o particular é o da lei civil (10 anos, como regra geral; 3 anos para 
reparação civil; e 5 anos para responsabilidade contratual). 
 
6.6 - Prescrição contra a Fazenda Pública: o prazo é de 5 anos, permitida uma única 
interrupção, quando então o prazo recomeça a contar, agora, por mais 2 anos e meio, desde que, 
na somatória do prazo que já decorreu com esse novo prazo, não fique reduzido a prazo inferior 
aos 5 anos originariamente previstos. A Súmula 383 do STF assim dispõe: a prescrição em 
favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir do ato interruptivo, 
mas não fica reduzida aquém de cinco anos, embora o titular do direito a interrompa durante a 
primeira metade do prazo. Vale salientar que o art. 10 do Decreto 20.910/32, que trata da 
prescrição quinquenal contra a Fazenda, dispõe que o prazo de cinco anos “não altera as 
prescrições de menor prazo, constantes das leis e regulamentos, as quais ficam subordinadas às 
mesmas regras”. 
 
6.7 - Controle externo: aquele exercido por órgão ou pessoa que está fora da 
Administração. Pode ser parlamentar ou judicial. 
6.7.1 - Controle parlamentar: o art. 49, X, da CF, diz ser competência exclusiva do 
Congresso Nacional fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos 
do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta. Tal controle, no plano financeiro-
econômico é exercido com o auxílio do Tribunal de Contas (TC), que é órgão independente, 
mas auxiliar do Poder Legislativo no controle que faz. O TC fiscaliza a Administração direta e 
indireta, bem como qualquer pessoa física ou jurídica, desde que tenha recebido recurso de 
origem estatal. O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos 
Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas 
dos Municípios, onde houver, sendo vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de 
Contas Municipais (art. 31, CF). O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as 
contas que o prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois 
terços dos membros da Câmara Municipal (art. 31, CF). 
Quanto ao controle parlamentar, vale lembrar que o artigo 49, V, diz que é competência 
exclusiva do Congresso “sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder 
de regulamentar ou dos limites de delegação legislativa”. O artigo 49, IX, por sua vez, confere 
a competência para “julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e 
apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo”. 
O artigo 71 da Constituição traz as seguintes disposições a respeito da competência do 
Tribunal de Contas: 
23 
 
VIII – aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidades de 
contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa 
proporcional ao dano causado ao erário; 
IX – assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao 
exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade. 
X – sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à 
Câmara dos Deputados e ao Senado Federal. 
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso 
Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. 
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não 
efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. 
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia 
de título executivo. 
 
Ainda, nos termos do art. 113 da Lei de Licitações (Lei 8.666/93), o controle das despesas 
decorrentes dos contratos e demais instrumentos regidos por aquela Lei será feito pelo Tribunal 
de Contas, na forma da legislação pertinente, ficando os órgãos interessados da Administração 
responsáveis pela demonstração da legalidade e regularidade da despesa e execução, nos termos 
da Constituição e sem prejuízo do sistema de controle interno nela previsto. 
Vale salientar que a Constituição Federal traz uma série de situações em que o Poder 
Legislativo controlará atos do Poder Executivo, como na aprovação de tratados e convenções 
internacionais, autorização para declarar guerra e fazer a paz, aprovação ou suspensão de 
intervenção federal ou estado de sítio, todas previstas no artigo 49.Há também um controle, previsto no artigo 52, a ser feito pelo Senado Federal, quanto à 
aprovação da escolha de ocupantes de certos cargos, autorização de operações externas 
financeiras e endividamentos. Tudo sem contar o fato de que se pode constituir CPI por prazo 
certo e para apurar fato determinado (art. 58. § 3º, da CF). 
 
6.7.2 - Controle judicial: dá-se por qualquer tipo de demanda judicial. Estamos num 
Estado de Direito, que tem por consequência o princípio da universalidade da jurisdição, 
lançado no inciso XXXV do art. 5°, nos seguintes termos: a lei não excluirá da apreciação do 
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Há tipos de ações especiais contra atos do Poder 
Público, como o mandado de segurança, o “habeas data”, a ação popular e a ação civil pública, 
por exemplo. Há de se lembrar que todo ato administrativo pode ser controlado judicialmente, 
inclusive o ato discricionário, desde que tal controle se atenha aos aspectos de legalidade, 
razoabilidade e moralidade, não sendo possível invadir-se o puro mérito administrativo, a 
conveniência e oportunidade que remanescer ao agente público diante dos chamados atos 
discricionários. 
Neste ponto vale destacar que determinados atos estão sujeitos a controle especial. São 
eles: os atos políticos (ex.: iniciativa e veto a projeto de lei, nomeação de ministro, concessão 
de indulto etc.), os atos legislativos (leis) e os atos “interna corporis” (regimentos de tribunais 
e de corporações legislativas). Os primeiros terão âmbito de controle muito pequeno. Os 
segundos serão controlados por instrumento específico (Adin), salvo as leis de efeito concreto, 
que podem ser atacadas por meios comuns, como o mandado de segurança e a ação popular. Os 
últimos, por dizerem respeito aos interesses internos da corporação legislativa, não são passíveis 
de controle quanto ao seu conteúdo, sendo possível tão-somente analisá-los quanto a aspectos 
formais. 
 
 
 
24 
 
Questões 
 
1- Em 2011, uma resolução da ANVISA proibiu a fabricação, importação, exportação, 
manipulação, prescrição e o comércio de remédios com as substâncias femproporex, 
anfepramona e mazindol (anfetaminas) na fórmula, utilizados no controle da obesidade. No 
entanto, importante ala da sociedade sustentou que referida proibição prejudica as pessoas que 
sofrem com obesidade, especialmente com a obesidade mórbida. O tema foi objeto de debate 
no Senado Federal e, em seguida, na Câmara. O Poder Legislativo pode tomar alguma iniciativa 
no intuito de controlar o ato praticado pela ANVISA, que não seja o exercício do seu poder de 
legislar? 
 
2- Um órgão da Administração Pública federal lançou edital de concorrência para a execução 
de obra pública. Logo após sua publicação, uma empresa interessada em participar do certame 
formulou representação ao Tribunal de Contas da União (TCU), noticiando a existência de 
cláusulas editalícias restritivas de competividade. O TCU, então, suspendeu a licitação e 
determinou a retificação do edital. 
Cumprida a determinação e regularizado o edital, realizou-se a licitação, e o contrato foi 
celebrado com o licitante vencedor. 
Entretanto, durante a execução da obra, o TCU recebeu denúncia de superfaturamento e 
deliberou pela sustação do contrato, comunicando o fato ao Congresso Nacional. 
Considerando a situação narrada, responda: 
a) Foi correta a decisão do TCU de suspender a licitação e determinar a retificação do edital? 
b) O TCU tem competência para sustar a execução do contrato superfaturado? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
AULA 7- LICITAÇÃO (CONCEITO E PRINCÍPIOS) 
 
7.1- Conceito e exigência 
A licitação se traduz no procedimento constitucionalmente previsto com vistas à garantia 
da competição isonômica entre aqueles que podem oferecer determinados bens ou serviços à 
Administração Pública, bem como para a contratação de obras e para a alienação de bens 
públicos. Nas palavras de Marçal Justen Filho, a licitação constitui o “procedimento 
administrativo disciplinado por lei e por um ato administrativo prévio, que determina critérios 
objetivos de seleção da proposta de contratação mais vantajosa, com observância do princípio 
da isonomia, conduzido por um órgão dotado de competência específica.” 
Trata-se, assim, de procedimento administrativo conduzido por um órgão específico, 
geralmente uma comissão de licitação. 
O dever de licitar constitui uma exigência constitucional, conforme se observa do art. 37, 
XXI, da Constituição Federal: 
 
Art. 37.(...) 
XXI — ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e 
alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure 
igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam 
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, 
o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica 
indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. 
 
Igualmente, a Constituição exige a realização de licitação para a outorga de concessão ou 
permissão de serviços públicos, nos termos do art. 175, caput: 
 
Art. 175. Incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob o regime de 
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. 
 
Também não se pode deixar de mencionar que o regime licitatório é aplicável às empresas 
públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, §1º, III, da Constituição 
Federal. 
De acordo com a Constituição Federal, constitui competência privativa da União Federal 
legislar sobre normas gerais de licitações e contratos administrativos, nos termos do art. 22, 
XXVII: 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:(...) 
XXVII — normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as 
administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas 
e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III 
 
7.2 – Princípios 
A lei geral sobre licitações e contratos administrativos é a Lei nº 8.666/93, em cujo art. 3º 
encontram-se elencados os princípios da licitação: 
 
Art. 3° A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da 
isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do 
desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita 
conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da 
26 
 
moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação 
ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos 
 
O art. 3º da Lei nº 8.666/93 prevê o desdobramento, em sede licitatória, dos princípios 
que regem o agir da Administração Pública: 
 
Princípio da Legalidade 
Nos procedimentos de licitação, esse princípio vincula os licitantes e a Administração Pública 
às regras estabelecidas, nas normas e princípios em vigor. 
 
Princípio da Isonomia 
Significa dar tratamento igual aos interessados. É condição essencial em todas as fases da 
licitação. Como consequência dessa regra, o art. 7º, § 5º, da Lei 8.666/93, veda expressamente 
a indicação da marca de produto a ser adquirido, regra essa que, todavia, é relativizada no 
Regime Diferenciado de Contratações Públicas (vide Aula 14). 
 
Princípio da Impessoalidade 
Esse princípio obriga a Administração a observar nas suas decisões critérios objetivos 
previamente estabelecidos, afastando a discricionariedade e o subjetivismo na condução dos 
procedimentos da licitação. 
 
Princípio da Moralidade e da Probidade Administrativa 
A conduta dos licitantes e dos agentes públicos tem que ser, além de lícita, compatível com a 
moral, ética, os bons costumes e as regras da boa administração. 
 
Princípio da Publicidade 
Qualquer interessado deve ter acesso às licitaçõespúblicas e seu controle, mediante 
divulgação dos atos praticados pelos administradores em todas as fases da licitação. 
 
Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório 
Obriga a Administração e o licitante a observarem as normas e condições estabelecidas no ato 
convocatório. Nada poderá ser criado ou feito sem que haja previsão no ato convocatório. 
 
Princípio do Julgamento Objetivo 
Esse princípio significa que o administrador deve observar critérios objetivos definidos 
no ato convocatório para o julgamento das propostas. Afasta a possibilidade de o julgador 
utilizar-se de fatores subjetivos ou de critérios não previstos no ato convocatório, mesmo que 
em benefício da própria Administração. 
 
Além dos princípios expressos, Marçal Justen Filho ressalta a importância da 
proporcionalidade como princípio norteador das licitações, destacando sua primazia: 
 
O primeiro [princípio] a ser considerado é o da proporcionalidade, que se traduz, antes 
de tudo, na necessidade de equilíbrio na busca de dois fins igualmente relevantes. A 
realização do princípio da isonomia deve dar-se simultânea e conjuntamente com a 
seleção da proposta mais vantajosa. Não é possível privilegiar um desses dois fins como 
absoluto em si mesmo. 
 
E complementa: 
 
27 
 
A Administração Pública está constrangida a adotar alternativa que melhor prestigie a 
racionalidade do procedimento e de seus fins. Os princípios da proporcionalidade e 
razoabilidade acarretam a impossibilidade de impor conseqüências de severidade 
incompatível com a irrelevância de defeitos. Sob esse ângulo, as exigências da lei ou do 
ato convocatório devem ser interpretadas como instrumentais. 
 
Na análise de questões envolvendo temas relacionados a licitações, destacam-se os 
princípios da competição e da igualdade entre os competidores. 
O primeiro, nas palavras de Diogo de Figueiredo Moreira Neto, “orienta todo o processo”, 
traduzindo-se na “busca de uma justificada desigualação dos licitantes, o que se obtém pela 
identificação final da vantagem pretendida pela Administração, oferecida por um dos 
licitantes”. 
Essa “desigualação”, entretanto, tem de ser realizada por critérios objetivos, que não 
permitam considerações de natureza subjetiva na determinação da proposta que melhor atende 
aos interesses da Administração. Essa a proteção conferida pelo princípio da igualdade, de 
matriz constitucional, conforme se observa do citado art. 37, XXI, da Constituição Federal. 
Diogo de Figueiredo Moreira Neto alude ainda aos princípios da legalidade, legitimidade, 
publicidade e moralidade como constituindo princípios gerais de aplicabilidade direta em 
questões envolvendo licitações públicas. 
O regime jurídico das licitações possui, também, um rol de princípios setoriais, dentre os 
quais se sobressai o princípio da vinculação ao instrumento convocatório, também conhecido 
como princípio da vinculação ao edital. 
Esse princípio exige que: 
 
todo o processo licitatório se submeta, em todos os seus atos, às regras que forem 
especificamente baixadas para a licitação anunciada, sob a forma de edital ou de convite, 
inclusive e notadamente as que definam os critérios para julgamento. Nenhuma decisão, 
interlocutória ou final, poderá ser tomada pela Administração se não estiver tríplice e 
rigorosamente vinculada à lei, ao regulamento e aos termos desse ato convocatório. 
 
Um dos desdobramentos desse princípio é encontrado no princípio do julgamento 
objetivo, que reside justamente no dever, imposto à Administração, de escolher a proposta mais 
vantajosa com base única e exclusivamente nos critérios quantitativos e qualitativos 
expressamente dispostos no edital, sendo vedados subjetivismos, a introdução de novos 
critérios ou a interpretação extensiva de exigências não expressamente requeridas no edital ou 
convite. 
Maria Sylvia Zanella Di Pietro ainda se refere ao princípio da adjudicação compulsória, 
segundo o qual “a Administração não pode, concluído o procedimento, atribuir o objeto da 
licitação a outrem que não o vencedor”, salvo a existência de justo motivo. 
 
Questões 
 
1- A sociedade XLZ Comunicação Ltda. impetrou mandado de segurança contra ato do 
Presidente da Comissão Especial de Licitação da Secretaria de Serviços de Radiodifusão do 
Ministério das Comunicações, por ter sido excluída da fase de habilitação de um procedimento 
licitatório na modalidade concorrência, em razão de ter entregado a documentação exigida dez 
minutos após o encerramento do prazo de recebimento disposto no edital de licitação. Alega 
que se encontrava na sala de licitação no horário estipulado pela Comissão e que o atraso 
decorreu da dificuldade em encontrar o responsável pelo recebimento do envelope com a 
28 
 
documentação. Sustenta ter direito líquido e certo a que seus documentos de habilitação e sua 
proposta sejam recebidos e analisados pela Comissão. 
A sociedade alega que a atitude da Comissão reflete exacerbado formalismo por parte da 
autoridade licitante, incompatível com os princípios da competição e da razoabilidade que 
norteiam o procedimento licitatório. Haveria, ainda, desvio de finalidade, pois se o objetivo da 
licitação é a busca da oferta mais vantajosa, afastar-se-ia desse ideal a desclassificação da 
proponente por míseros dez minutos. 
Em suas informações, a Comissão destaca que agiu no estrito cumprimento do dever 
legal, tendo em vista que o art. 41 da Lei nº 8.666/93 dispõe: 
 
Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual 
se acha estritamente vinculada. 
 
O supracitado artigo reflete um dos princípios basilares da licitação, consistente na 
vinculação da Administração ao instrumento convocatório. 
Com base nos seus estudos sobre os princípios constitucionais que regem a atuação da 
Administração Pública e, especialmente, os princípios da licitação, na sua opinião, tem razão a 
sociedade XLZ Comunicação Ltda.? Em sua análise, considere a aplicação dos já estudados 
princípios da finalidade e da eficiência. 
 
2- A Administração Pública Federal publicou edital de licitação, na modalidade concorrência, 
para a compra de ambulâncias para um de seus hospitais públicos. Após a publicação do edital, 
um dos interessados impugnou-o, sob a alegação de que o edital previa a marca dos veículos a 
serem adquiridos. Procede a impugnação do interessado? Com base no que foi visto na Aula 6, 
que procedimentos poderiam ser adotados pela Administração Pública. Justifique suas 
respostas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
AULA 8- LICITAÇÃO (DISPENSA E INEXIBILIDADE) 
 
8.1 – Introdução 
Como visto na última aula, a licitação se traduz no procedimento constitucionalmente 
positivado para garantia da competição isonômica entre aqueles que podem oferecer 
determinados serviços, bens e realizar obras à Administração Pública, bem como para a 
aquisição e alienação de bens, nos termos do art. 37, XXI. 
No entanto, em determinadas situações, a competição se demonstra indesejável ou mesmo 
inviável, embasando situações de dispensa ou inexigibilidade do certame licitatório. 
As hipóteses de dispensa encontram-se taxativamente previstas em lei, merecendo 
destaque os casos elencados no art. 24 da Lei 8.666/93. Já a inexigibilidade de licitação tem 
fundamento legal no art. 25 da Lei 8.666/93: 
 
8.2 – Inexigibilidade de licitação 
 
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial: 
I - para aquisição de materiais, equipamento ou gêneros que só possam ser fornecidos 
por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de 
marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido 
pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra o 
serviço, pelo Sindicato, Federação, Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades 
equivalentes; 
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza

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