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NFPSS | RETA FINAL - MPMG 
Ciclos Método 
1 
 
 
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ÍNDICE 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO___________________________________________________________________3 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL__________________________________________________________________65 
 
DIREITO PENAL E CRIMINOLOGIA___________________________________________________________ 130 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL_______________________________________________________________268 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Ciclos Método 
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DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
Olá, futuros Promotores de Justiça! 
 
Preparamos essa super revisão de véspera de prova, para refrescar a sua memória sobre aqueles 
temas que a gente insiste em esquecer na hora de marcar a alternativa correta. 
 
SENTIDOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
De acordo com Hely Lopes Meirelles, a Administração pratica atos de execução, os chamados atos 
administrativos, com poderes de decisão limitados a atribuições de natureza executiva, definidos em lei. 
Em sentido formal, subjetivo, orgânico, a Administração corresponde aos agentes, órgãos e pessoas jurídicas 
com incumbência de executar atividades administrativa. 
Em sentido material, objetivo, funcional, a Administração Pública abrange as atividades exercidas. 
 
Aspecto Subjetivo Aspecto Objetivo 
Conjunto de órgãos e entidades que integram a 
estrutura do Estado e tem como função satisfazer o 
interesse público, a vontade política governamental. 
Conjunto de atividades que esses órgãos e entidades 
desempenham. Ex.: fomentar iniciativa privada, 
prestar serviço público, exercer poder de polícia. 
 
O Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que tem por objeto as regras e os princípios aplicáveis à 
atividade administrativa para a satisfação do interesse público. 
Administração Pública (com iniciais maiúsculas) designa o conjunto de órgãos e agentes estatais no exercício 
da função administrativa, independentemente de pertencerem ao Poder Executivo, Legislativo, Judiciário, ou a 
qualquer outro organismo estatal (como Ministério Público e Defensorias Públicas). 
A expressão “administração pública” (com iniciais minúsculas) é sinônima de “poder executivo” (também com 
iniciais minúsculas), e ambas designam a atividade consistente na defesa concreta do interesse público. 
As atividades precípuas da Administração Pública moderna são: 1ª) o exercício do poder de polícia; 2ª) a 
prestação de serviços públicos; 3ª) a realização de atividades de fomento. 
 
CRITÉRIOS DE DEFINIÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO 
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CORRENTE LEGALISTA: Chamado de Escola Exegética. Para essa corrente, o direito administrativo seria um 
conjunto da legislação administrativa existente no país. Era apenas uma compilação de leis existentes, 
desconsiderando a jurisprudência e princípios, por esse motivo a corrente não vingou. 
CRITÉRIO DO PODER EXECUTIVO: Todo Direito Administrativo estaria incluído na atuação do Poder Executivo, 
ignorando a atuação administrativa fora do Executivo. Para essa teoria, o Direito Administrativo seria um 
conjunto de leis que disciplinam a atuação do Poder Executivo. 
CRITÉRIO DAS RELAÇÕES JURÍDICAS: O Direito Administrativo seria a disciplina das relações jurídicas entre a 
administração pública e o particular. Essa corrente, esquece que outros ramos do Direito Público possuem 
relações similares, como é o caso do Direito Penal e Direito Tributário. 
CRITÉRIO DO SERVIÇO PÚBLICO: Origem: Escola do Serviço Público (seguindo orientações de Leon Duguit). O 
Direito Administrativo tem por objeto a disciplina jurídica dos serviços públicos, ou seja, serviços prestados 
pelo Estado a toda sociedade. 
CRITÉRIO TELEOLÓGICO OU FINALÍSTICO: O Direito Administrativo deve ser considerado um conjunto de 
princípios que regulamenta as atividades do Estado para cumprimento de seus fins. É uma afirmação correta, 
porém incompleta. 
CRITÉRIO NEGATIVISTA: Esse conceito é obtido por exclusão, ou seja, seriam pertinentes a esse ramo do 
Direito as questões que não fossem pertinentes a nenhum outro ramo do Direto, assim seriam funções 
administrativas todas as funções do Estado que não as de natureza jurisdicional ou legislativa. 
CONCEITO POR HELLY LOPES MEIRELLES: Direito Administrativo é o conjunto harmônico de princípios 
jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar de forma concreta, 
direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. 
 
PEDRAS DE TOQUE DO DIREITO ADMINISTRATIVO: 
 
A expressão foi criada por Celso Antônio Bandeira de Melo, para falar dos princípios básicos, mais importantes 
do Direito administrativo, dos quais todos os demais princípios decorrem, quais sejam: Princípio da 
supremacia do interesse público e Princípio da indisponibilidade do interesse público. 
A Supremacia do Interesse Público sobre o Particular estabelece que o interesse do Estado deve prevalecer em 
relação ao interesse do particular. 
A Indisponibilidade do Interesse Público significa que o administrador não pode abrir mão do interesse 
público. 
 
PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE: 
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O administrador não pode buscar interesses próprios, pessoais. Traz a ausência de subjetividade, sem 
inclinações pessoais. O administrador deve agir no atendimento do interesse público (de forma impessoal, 
abstrata e genérica). 
 
Está previsto na Constituição no art. 37, caput e no §1º nos seguintes termos: 
 
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter 
educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que 
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. 
Está em desconformidade com a Constituição Federal (CF) a delegação a cada Poder para definir, por norma 
interna, as hipóteses pelas quais a divulgação de ato, programa, obra ou serviço públicos não constituirá 
promoção pessoal. A divulgação de atos e iniciativas de parlamentares é considerada legítima quando 
efetuada — com a finalidade exclusiva de informar ou educar — nos ambientes de divulgação do mandatário 
ou do partido político, não se havendo de confundi-la com a publicidade do órgão público ou entidade. (ADI 
6522/DF, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 14.5.2021). 
 
#OLHAOCHANGO: 
Nepotismo: 
O nepotismo decorre do princípio da isonomia, da impessoalidade e, especialmente, do princípio da 
moralidade, não tendo previsão legal ou constitucional expressa. 
Súmula Vinculante 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por 
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica 
investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de 
confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações 
recíprocas, viola a Constituição Federal. 
O Supremo Tribunal Federal tem afastado a aplicação da Súmula Vinculante 13 a cargos públicos de 
natureza política, ressalvados os casos de inequívoca falta de razoabilidade, por manifesta ausência de 
qualificação técnica ou inidoneidade moral. Precedentes. 2. Não há nos autos qualquer elemento que 
demonstre a ausência de razoabilidade da nomeação. (Rcl 28.024 AgR, rel. min. Roberto Barroso, 1ª T, j. 29-5-
2018, DJE 125 de 25-6-2018). 
Não há nepotismo na nomeação de servidor para ocupar o cargo de assessor de controle externo do Tribunal 
de Contas mesmo que seu tio (parente em linhacolateral de 3º grau) já exerça o cargo de assessor-chefe de 
gabinete de determinado Conselheiro, especialmente pelo fato de que o cargo do referido tio não tem 
qualquer poder legal de nomeação do sobrinho. A incompatibilidade da prática enunciada na SV 13 com o art. 
37 da CF/88 não decorre diretamente da existência de relação de parentesco entre pessoa designada e agente 
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político ou servidor público, mas de presunção de que a escolha para ocupar cargo de direção, chefia ou 
assessoramento tenha sido direcionado à pessoa com relação de parentesco com quem tenha potencial de 
interferir no processo de seleção. STF. 2ª Turma. Rcl 18564/SP, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o 
acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 23/2/2016 (Info 815). 
A Constituição do Estado do Espírito Santo prevê, em seu art. 32, VI, que é “vedado ao servidor público servir 
sob a direção imediata de cônjuge ou parente até segundo grau civil”. Foi proposta uma ADI contra esta 
norma. O STF julgou a norma constitucional, mas decidiu dar interpretação conforme à Constituição, no 
sentido de o dispositivo ser válido somente quando incidir sobre os cargos de provimento em comissão, 
função gratificada, cargos de direção e assessoramento. Em outras palavras, o STF afirmou que essa vedação 
não pode alcançar os servidores admitidos mediante prévia aprovação em concurso público, ocupantes de 
cargo de provimento efetivo, haja vista que isso poderia inibir o próprio provimento desses cargos, violando, 
dessa forma, o art. 37, I e II, da CF/88, que garante o livre acesso aos cargos, funções e empregos públicos aos 
aprovados em concurso público. STF. Plenário. ADI 524/ES, rel. orig. Min. Sepúlveda Pertence, red. p/ o 
acórdão Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/5/2015 (Info 786). 
 
ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
A Administração Direta consiste em conjunto de órgãos que integram as pessoas políticas do Estado (U, E, DF, 
M), aos quais foi atribuída a competência para o exercício de atividades administrativas, de forma 
centralizada. 
A Administração Indireta consiste em entidades administrativas vinculadas à Administração Direta, para o 
exercício de atividades de forma descentralizada. 
 
Centralização ou descentralização política: distribuir tarefas estatais entre esferas da Federação 
(descentralização vertical) ou entre poderes distintos dentro de uma mesma esfera administrativa 
(descentralização horizontal). 
 
Centralização ou descentralização administrativa: unir ou distribuir competências ou seu exercício entre 
entidades com personalidade jurídica própria, estatais ou não. Ex: União transfere as competências 
universitárias para uma autarquia. 
 
Concentração ou desconcentração: distribuir as tarefas de cada entidade pública (pessoa jurídica) 
internamente entre seus órgãos (sem personalidade jurídica própria), ou seja, repartição interna de tarefas 
dentro de uma mesma entidade entre seus órgãos. 
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#FOCANATABELA: 
 
DESCONCENTRAÇÃO DESCENTRALIZAÇÃO 
Criação de centros 
de competência 
dentro da mesma 
pessoa jurídica. 
Transferência de algumas atribuições a outras pessoas. 
TERRITORIAL 
OUTORGA 
Descentralização por serviços 
DELEGAÇÃO/COLABORAÇÃO 
Descentralização por delegação 
DA TITULARIDADE E DA 
EXECUÇÃO 
Só à Adm. Pública 
DA EXECUÇÃO 
À Adm. Pública+ Particulares 
 
Por lei 
Por lei: à Adm. Pública Indireta 
Por contrato: aos particulares 
 
Teoria dos órgãos: 
TEORIA DO MANDATO TEORIA DA REPRESENTAÇÃO TEORIA DO ÓRGÃO 
 
Toma por base um instituto de 
Direito Privado: o mandato. 
- A relação entre o Estado e os 
seus agentes teria por base o 
contrato de mandato, ou seja, o 
agente público é um mandatário 
do Estado. 
- A pessoa física atuaria em nome 
da pessoa jurídica estatal e sob a 
responsabilidade dela, em razão 
da outorga específica de 
poderes. 
Coloca o agente público como o 
representante do Estado por 
força de lei. 
- O agente é equiparado a uma 
espécie de tutor ou curador do 
Estado. 
Críticas: 
- Equiparação do Estado a um 
incapaz. 
- Ato do representante com 
exorbitância não seria oponível 
ao Estado. 
 
Teoria Alemã (Otto Gierke) 
- Presume-se que a pessoa 
jurídica manifesta a sua vontade 
por meio dos órgãos, que são 
partes integrantes da própria 
estrutura da pessoa jurídica, de 
tal modo que quando os agentes 
atuam nestes órgãos manifestam 
sua vontade. 
- A vontade da pessoa jurídica se 
forma e se exterioriza com a 
atuação dos seus órgãos. 
- A manifestação exarada pela 
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Críticas: 
- Impossibilidade do Estado (sem 
vontade própria) outorgar 
mandato. 
- Prática de ato com exorbitância 
de poderes (impossibilidade de 
responsabilizar o mandante – 
Estado). 
pessoa física é imputada à pessoa 
jurídica de direito público (Teoria 
da Imputação Volitiva). 
 
- Agente público presenta a 
pessoa jurídica de direito público, 
corporificando o ente público. 
- Teoria dominante. 
 
AUTARQUIA: As autarquias são definidas como serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, 
patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para 
seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada. 
FUNDAÇÃO: As fundações podem ser públicas podem ser de direito público ou privado. 
#DEOLHONAJURIS: Segundo a jurisprudência da Corte, a qualificação de uma fundação instituída pelo Estado 
como sujeita ao regime público ou privado depende de dois fatores: i) do estatuto de sua criação ou 
autorização e ii) das atividades por ela prestadas. Não há na Constituição Federal o elenco das atividades que 
definiriam qual o regime jurídico a ser aplicado a uma determinada fundação pública. Entretanto, existem 
alguns pressupostos lógico-jurídicos que devem ser utilizados como critérios discriminadores. (RE 716378, 
Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 07/08/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-164 DIVULG 29-
06-2020 PUBLIC 30-06-2020) 
#SELIGANATABELA 
Autarquia Criada e extinta por lei. 
Exerce atividades típicas de Estado. 
Regime Jurídico de Direito Público. 
Bens públicos. 
Regime jurídico único. 
Fundação Pode ser de direito público (criada por lei) ou de 
direito privado (autorizada por lei). 
Exerce atividades que beneficiam a coletividade. 
Regime jurídico de direito público ou privado. 
Empresa Pública Autorizada por lei, mais registro. 
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Regime jurídico de direito privado. 
Intervenção no domínio econômico ou serviço 
público. 
Empregado público, sob o regime CLT. 
Admite qualquer forma societária. 
Capital exclusivamente público. 
Sociedade de Economia Mista Autorizada por lei, mais registro. 
Regime jurídico de direito privado. 
Intervenção no domínio econômico ou serviço 
público. 
Empregado público, sob o regime CLT. 
Sempre sociedade anônima. 
Capital majoritariamente público. 
 
#FOCANATABELA #IMPORTANTE 
EMPRESA PÚBLICA SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA 
Tem sua criação autorizada por lei Tem sua criação autorizada por lei 
Pessoa jurídica de direito privado Pessoa jurídica de direito privado 
 
Funcionários são empregados públicos regidos pela 
CLT 
Funcionários são empregados públicos regidos pela 
CLT 
Presta serviço público ou explora atividade 
Econômica 
Presta serviço público ou explora atividade 
econômica 
 
100% do capital público Maioria das ações com direito a voto deve ser do 
ente público ou de entidade da administração 
indireta 
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Qualquer modalidade empresarial (sociedade 
simples, sociedade Ltda; S/A, etc) 
Somente na forma de S/A 
 
#DEOLHONAJURIS: 
É desnecessária a autorização legislativa expressa para a criação de subsidiáriasquando houver autorização 
legislativa da criação de empresa pública ou sociedade de economia mista e nesta constar permissão genérica 
da possibilidade de criação de subsidiárias. Assim, não se exige lei específica para autorizar a criação de 
subsidiária. Com base no paralelismo das formas, como não é exigida lei específica para criar a subsidiária, 
também não é necessária lei específica para alienar o seu controle acionário. Em palavras mais simples: como 
não se exige lei específica para criar, também não se exige lei específica para “vender”. STF. Plenário. ADPF 
794/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/5/2021 (Info 1018). 
O art. 37, XIX, da CF/88 afirma que é necessária a edição de uma lei específica para se autorizar a instituição de 
uma sociedade de economia mista ou uma empresa pública. Para que ocorra a desestatização da empresa 
estatal também necessária lei específica ou basta uma autorização genérica prevista em lei que veicule 
programa de desestatização? A Lei nº 9.491/97 tratou sobre o Programa Nacional de Desestatização e 
autorizou a desestatização de empresas estatais. Essa lei genérica é suficiente? Em regra, sim. É desnecessária, 
em regra, lei específica para inclusão de sociedade de economia mista ou de empresa pública em programa de 
desestatização. Não se aplica o princípio do paralelismo das formas. Exceção: em alguns casos a lei que 
autorizou a criação da empresa estatal afirmou expressamente que seria necessária lei específica para sua 
extinção ou privatização. Nesses casos, obviamente, não é suficiente uma lei genérica (não basta a Lei nº 
9.491/97), sendo necessária lei específica. STF. Plenário. ADI 6241/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 
6/2/2021 (Info 1004). 
Agências reguladoras: São autarquias em regime especial (possuem regime jurídico distinto daquele 
dispensado às demais autarquias) e que foram criadas para exercer a regulação de atividades econômicas em 
sentido amplo. 
AGÊNCIAS REGULADORAS AGÊNCIAS EXECUTIVAS 
Não se trata de uma nova espécie integrante 
da Administração Pública. 
Não se trata de uma nova espécie integrante da 
Administração Pública. 
São autarquias sob regime especial. Podem ser autarquias ou fundações públicas. 
O grau de autonomia depende dos 
instrumentos específicos que a respectiva lei 
instituidora estabeleça. 
Trata-se de qualificação formal, nos termos da lei nº 
9.649/98, arts. 51 e 52. 
Não existe a figura da desqualificação da A qualificação se dá por meio de Decreto e pode ocorrer 
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agência reguladora. a desqualificação da entidade (também por Decreto). 
Vale lembrar que essa desqualificação não afeta a 
natureza da entidade, que continua a ser uma autarquia 
ou fundação. 
Atuam na área de regulação. Não é prevista uma área específica de atuação. 
A lei instituidora pode prever ou não, a 
celebração do contrato de gestão com o Poder 
Público. 
A celebração de contrato de gestão com o Poder 
Público é condição obrigatória para a obtenção da 
qualificação. 
É possível uma agência reguladora ser 
qualificada como uma agência executiva, caso 
preencha os requisitos. 
Uma autarquia qualificada como agência executiva 
pode ou não ser uma agência reguladora. 
 
A Lei nº 9.986/2000 dispõe sobre a gestão de recursos humanos das Agências Reguladoras. 
Os art. 8º-A prevê algumas pessoas que são proibidas de integrar o Conselho Diretor ou a Diretoria Colegiada 
das agências reguladoras. Veja as hipóteses dos incisos III e VII: Art. 8º-A. É vedada a indicação para o Conselho 
Diretor ou a Diretoria Colegiada: III - de pessoa que exerça cargo em organização sindical; VII - de membro de 
conselho ou de diretoria de associação, regional ou nacional, representativa de interesses patronais ou 
trabalhistas ligados às atividades reguladas pela respectiva agência. O STF declarou que esses incisos são 
constitucionais. É constitucional dispositivo legal que veda a indicação de pessoa que exerça cargo em 
organização sindical ou que seja membro de conselho ou diretoria de associação patronal ou trabalhista para a 
alta direção das agências reguladoras. STF. Plenário. ADI 6276/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 
17/9/2021 (Info 1030). 
 
TERCEIRO SETOR 
Com a falência do Estado, o setor privado começou a ajudar nas questões sociais, através das inúmeras 
instituições que compõem o chamado terceiro setor. Ou seja, o terceiro setor é constituído por organizações 
sem fins lucrativos e não governamentais, que tem como objetivo gerar serviços de caráter público. 
Quem são as Organização da sociedade civil: 
a) entidade privada sem fins lucrativos que não distribua entre os seus sócios ou associados, conselheiros, 
diretores, empregados, doadores ou terceiros eventuais resultados, sobras, excedentes operacionais, brutos 
ou líquidos, dividendos, isenções de qualquer natureza, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos 
mediante o exercício de suas atividades, e que os aplique integralmente na consecução do respectivo objeto 
social, de forma imediata ou por meio da constituição de fundo patrimonial ou fundo de reserva; 
b) as sociedades cooperativas previstas na Lei nº 9.867, de 10 de novembro de 1999 ; as integradas por 
pessoas em situação de risco ou vulnerabilidade pessoal ou social; as alcançadas por programas e ações de 
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combate à pobreza e de geração de trabalho e renda; as voltadas para fomento, educação e capacitação de 
trabalhadores rurais ou capacitação de agentes de assistência técnica e extensão rural; e as capacitadas para 
execução de atividades ou de projetos de interesse público e de cunho social. 
c) as organizações religiosas que se dediquem a atividades ou a projetos de interesse público e de cunho social 
distintas das destinadas a fins exclusivamente religiosos. 
Termo de colaboração: O termo de colaboração deve ser adotado pela administração pública para consecução 
de planos de trabalho de sua iniciativa, para celebração de parcerias com organizações da sociedade civil que 
envolvam a transferência de recursos financeiros. 
Termo de fomento: O termo de fomento deve ser adotado pela administração pública para consecução de 
planos de trabalho propostos por organizações da sociedade civil que envolvam a transferência de recursos 
financeiros. 
Acordo de cooperação: instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela 
administração pública com organizações da sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse 
público e recíproco que não envolvam a transferência de recursos financeiros. 
#OLHAOGANCHO #SELIGANATABELA 
OS OSCIP 
O Poder Executivo poderá qualificar como 
organizações sociais pessoas jurídicas de 
direito privado, sem fins lucrativos, cujas 
atividades sejam dirigidas ao ensino, à 
pesquisa científica, ao desenvolvimento 
tecnológico, à proteção e preservação do 
meio ambiente, à cultura e à saúde. 
Podem qualificar-se como Organizações da 
Sociedade Civil de Interesse Público as 
pessoas jurídicas de direito privado sem fins 
lucrativos que tenham sido constituídas e se 
encontrem em funcionamento regular há, 
no mínimo, 3 (três) anos, desde que os 
respectivos objetivos sociais e normas 
estatutárias atendam aos requisitos 
instituídos por esta Lei. 
Contrato de Gestão. Termo de Parceria. 
 
#DEOLHONAJURIS: Em caso de irregularidades do Estado-membro em convênio federal, a União somente 
poderá inscrever o ente no SIAFI, no CADIN e no CAUC após o término do processo de prestação de contas 
especial, observados os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório O cadastro restritivo não 
deve ser feito de forma unilateral e sem acesso à ampla defesa e ao contraditório. Isso porque, muitas vezes, a 
inscrição pode ter, além de motivação meramente financeira, razões políticas. Assim, ao poder central (União) 
é possívelsuspender imediatamente o repasse de verbas ou a execução de convênios, mas o cadastro deve ser 
feito nos termos da lei, ou seja, mediante a verificação da veracidade das irregularidades apontadas. Isso 
porque o cadastro tem consequências, como a impossibilidade da repartição constitucional de verbas das 
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receitas voluntárias. A tomada de contas especial, procedimento por meio do qual se alcança o 
reconhecimento definitivo das irregularidades, com a devida observância do contraditório e da ampla defesa, 
tem suas regras definidas em lei. Ao final, é possível tornar o dano ao erário dívida líquida e certa, e a decisão 
tem eficácia de título executivo extrajudicial. STF. Plenário. ACO 2892 AgR/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. 
p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/9/2019 (Info 951). 
 
PODERES ADMINISTRATIVOS 
 
#FOCANATABELA: 
Poder Hierárquico É a prerrogativa que garante ao 
administrador estruturar, escalonar e 
hierarquizar os seus quadros. 
Poder Disciplinar O poder disciplinar é a prerrogativa 
reconhecida à Administração para investigar 
e punir, após o contraditório e a ampla 
defesa (em PAD), os agentes públicos, na 
hipótese de infração funcional, e os demais 
administrados sujeitos à disciplina especial 
administrativa. 
Poder Normativo O poder normativo ou regulamentar é a 
prerrogativa reconhecida à Administração 
Pública para editar atos administrativos 
gerais para fiel execução das leis. 
Poder de Polícia É a prerrogativa que tem o Estado de limitar 
a atuação do particular em razão do 
interesse público. 
Art. 78. CTN: Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando 
direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público 
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao 
exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à 
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. 
O fundamento do poder de polícia é o princípio da predominância do interesse público sobre o privado. 
POLÍCIA ADMINISTRATIVA POLÍCIA JUDICIÁRIA 
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Atua sobre bens, direitos ou atividades. Tem seu campo de atuação voltado para as pessoas. 
Atua para evitar ou reprimir o ilícito administrativo. Atua contra o ilícito penal. 
Exercida por diversos órgãos da Administração. É exercida pelas polícias civil e federal. 
Rege-se pelo Direito Administrativo. Rege-se pelo Direito Processual Penal. 
 
Ciclos de polícia: 
ORDEM DE POLÍCIA 
É a norma legal que estabelece, de forma primária, as restrições e as 
condições para o exercício das atividades privadas; 
CONSENTIMENTO 
DE POLÍCIA 
É a anuência do Estado para que o particular desenvolva 
determinada atividade ou utilize a propriedade particular. Nesse 
caso, o consentimento estatal pode ser dividido em, pelo menos, 
duas categorias: 
Licença: trata-se de ato vinculado por meio do qual a Administração 
reconhece o direito do particular (ex.: licença para dirigir veículo 
automotor ou para o exercício de determinada profissão); e 
Autorização: é o ato discricionário pelo qual a Administração, após a 
análise da conveniência e da oportunidade, faculta o exercício de 
determinada atividade privada ou a utilização de bens particulares, 
sem criação, em regra, de direitos subjetivos ao particular (ex.: 
autorização para porte de arma); 
FISCALIZAÇÃO DE 
POLÍCIA 
É a verificação do cumprimento, pelo particular, da ordem e do 
consentimento de polícia (ex.: fiscalização de trânsito, fiscalização 
sanitária etc.). A atividade fiscalizatória pode ser iniciada de ofício ou 
por provocação de qualquer interessado; e 
SANÇÃO DE 
POLÍCIA 
É a medida coercitiva aplicada ao particular que descumpre a ordem 
de polícia ou os limites impostos no consentimento de polícia (ex.: 
multa de trânsito, interdição do estabelecimento comercial irregular, 
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apreensão de mercadorias estragadas etc.). 
 
Delegação a pessoas jurídicas de direito privado: STJ 
O STJ, encampando a teoria dos ciclos de polícia, decidiu-se que somente os atos relativos ao consentimento e 
à fiscalização são delegáveis às pessoas jurídicas de direito privado, pois aqueles referentes à legislação e à 
sanção derivam do poder de coerção do Poder Público. 
Delegação a pessoas jurídicas de direito privado: STF 
O STF, por sua vez, decidiu que é constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas 
jurídicas de direito privado integrantes da Administração Pública indireta, desde que possuam capital social 
majoritariamente público e que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em 
regime não concorrencial. 
Apesar de ter chegado à mesma conclusão que o STJ, a Corte Suprema ressaltou que a única fase do ciclo de 
polícia que, por sua natureza, é absolutamente indelegável é a ordem de polícia, ou seja, a função 
legislativa. A competência legislativa é restrita aos entes públicos previstos na Constituição da República, 
sendo vedada sua delegação, fora das hipóteses expressamente autorizadas no texto constitucional, a pessoas 
jurídicas de direito privado. Em suma, os atos de consentimento, de fiscalização e de aplicação de sanções 
podem ser delegados a estatais que possam ter um regime jurídico próximo daquele aplicável à Fazenda 
Pública. 
É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado 
integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem 
exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial. STF. Plenário. RE 
633782/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 23/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 532) (Info 996). 
 
#OLHAOGANCHO 
 
 O excesso de poder ocorre em casos nos quais a autoridade pública atua fora dos limites de sua 
competência, ou seja, exorbita ou extrapola a competência que lhe foi atribuída, praticando atos 
que não estão previamente estipulados por lei. 
 
Abuso de poder
Excesso de 
poder
Desvio de poder 
(finalidade)
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 O desvio de poder estará presente sempre que o agente do Estado praticar o ato, até mesmo 
dentro dos limites da competência a ele conferida, mas visando a alcançar outra finalidade que 
não aquela prevista em lei. 
 
PODER VINCULADO X PODER DISCRICIONÁRIO 
a) Poder vinculado: é aquela situação em que o administrador não tem liberdade, juízo de valor, conveniência 
e oportunidade. Preenchidos os requisitos a autoridade tem que praticar o ato. Ex.: licença para construir, 
licença para dirigir, concessão de aposentadoria. Não seria necessariamente um poder, como o discricionário, 
pois não confere qualquer prerrogativa ao agente administrativo. 
b) Poder discricionário: no poder discricionário há a conveniência e oportunidade do administrador. Essa 
discricionariedade tem de estar dentro dos limites da lei, sob pena de se tratar de conduta arbitrária, sendo 
considerada ilegal. Ex.: permissão de uso de bem público, autorização para veículo acima do peso permitido. 
 
ATOS ADMINISTRATIVOS 
 
São ELEMENTOS OU REQUISITOS de um ato administrativo, que figuram como elementos de sua formação, a 
competência, a forma, o objeto, o motivo e a finalidade. O art. 2º da Lei nº 4.717/65, interpretado de forma 
reversa, permite que sejam aclarados os requisitos do ato administrativo. 
A competência é o poder previsto em lei que confere atribuições legais ao agente público para a prática do ato 
administrativo. 
#SELIGA: EXCESSO DE PODER, FUNÇÃO DE FATO E USURPAÇÃO DE FUNÇÃO. 
OcorreEXCESSO DE PODER quando o agente público atua fora ou além de sua esfera de competência, 
estabelecida em lei. O excesso de poder é uma das modalidades de “abuso de poder” (a outra modalidade é o 
desvio de poder, que corresponde a vício no elemento finalidade dos atos administrativos). 
O VÍCIO DE COMPETÊNCIA (excesso de poder), entretanto, nem sempre obriga a anulação do ato. O vício de 
competência admite convalidação, salvo se se tratar de competência em razão da matéria ou de competência 
exclusiva. 
A USURPAÇÃO DE FUNÇÃO é crime, e o usurpador é alguém que não foi por nenhuma forma investido em 
cargo, emprego ou função pública; não tem nenhuma espécie de relação jurídica funcional com a 
administração. 
Diferentemente, ocorre a denominada FUNÇÃO DE FATO quando a pessoa foi investida no cargo, no emprego 
público ou na função pública, mas há alguma ilegalidade em sua investidura ou algum impedimento legal para 
a prática do ato. Ex. Servidor que continua em exercício após a idade limite para aposentadoria compulsória. 
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Na hipótese de função de fato, em virtude da “teoria da aparência” (a situação tem aparência de legalidade), o 
ato é considerado válido, ou, pelo menos, são considerados válidos os efeitos por ele produzidos ou dele 
decorrentes. Na hipótese de usurpação de função, a maioria da doutrina considera o ato inexistente. 
Já a forma representa a observância completa e regular das formalidades indispensáveis à existência ou 
seriedade do ato administrativo. 
O objeto é o conteúdo do ato administrativo, é o seu resultado prático. 
O motivo são as razões de fato e de direito que justificam a prática do ato administrativo. 
Pressuposto de fato Pressuposto de direito 
Conjunto de acontecimentos ocorridos no mundo real 
que levam a Administração a praticar o ato. 
Dispositivo legal que embasa o ato. 
 
 
Todo ato administrativo deve ter um motivo lícito, ou seja, baseado na lei. Ademais, o motivo deve guardar 
congruência, isto é, relação de lógica com o objeto e a finalidade do ato; caso contrário, o ato será nulo. 
 
TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES: Impõe que, uma vez declarado o motivo do ato, este deve ser 
respeitado. Esta teoria vincula o administrador ao motivo declarado. 
A validade do ato está adstrita aos motivos indicados como seu fundamento, de maneira que, se os motivos 
forem inexistentes ou falsos, o ato será nulo. 
 
TREDESTINAÇÃO: É lícita quando a mudança de motivo é realizada em razão da manutenção do interesse 
público. Ex. Ia desapropriar para construir um hospital, mas acaba construindo uma escola. 
 
A finalidade representa o bem jurídico objetivado pelo ato administrativo, que deve ser marcado pelo 
interesse público. 
#MACETE: COM-FO-FI-MO-OB 
São ATRIBUTOS do ato administrativo a presunção de legalidade (legitimidade, veracidade); a imperatividade 
(coercibilidade ou poder extroverso); a autoexecutoriedade (executoriedade e exigibilidade); e a tipicidade. 
A presunção de legalidade é atributo segundo o qual o ato administrativo é presumivelmente legal, 
verdadeiro e conforme o direito, até prova em contrário. 
Já a imperatividade e o atributo segundo o qual o ato administrativo pode ser imposto a terceiros 
independentemente de sua concordância, submetendo a vontade do particular à vontade do Estado. 
A autoexecutoriedade é atributo segundo o qual a Administração Pública pode praticar os atos 
administrativos sem precisar recorrer previamente ao Poder Judiciário. Com a autoexecutoriedade o Estado 
pode se valer de meios indiretos de coerção. 
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#FOCANATABELA #NÃOCONFUNDIR 
ELEMENTOS/REQUISITOS ATRIBUTOS 
COMPETÊNCIA PRESUNÇÃO DE 
LEGALIDADE/LEGITIMIDADE/VERACIDADE 
FORMA IMPERATIVIDADE 
FINALIDADE AUTOEXECUTORIEDADE 
MOTIVO - 
OBJETO - 
 
Elementos Ato Vinculado Ato Discricionário 
Competência Vinculado Vinculado 
Finalidade Vinculado Vinculado 
Forma Vinculado Vinculado 
Motivo Vinculado Discricionário 
Objeto Vinculado Discricionário 
 
#DEOLHONAJURIS: 
Pedro e Soraia, casados entre si, são servidores públicos federais lotados em Recife. É aberta uma vaga em 
Salvador para o cargo de Pedro. Este concorre no concurso de remoção e consegue ser removido para a capital 
baiana. Soraia terá direito de ser removida junto com Pedro, com fulcro no art. 36, parágrafo único, III, “a”? O 
servidor que é transferido de localidade a pedido, após concorrer em concurso de remoção, gera para seu 
cônjuge o direito subjetivo de também ser transferido para acompanhá-lo, independentemente do interesse 
da Administração? NÃO. O servidor público federal somente tem direito à remoção prevista no art. 36, 
parágrafo único, III, "a", da Lei nº 8.112/90, na hipótese em que o cônjuge/companheiro, também servidor, 
tenha sido deslocado de ofício, para atender ao interesse da Administração (nos moldes do inciso I do mesmo 
dispositivo legal). STJ. 1ª Seção.EREsp 1247360-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 22/11/2017 (Info 
617). 
 
O servidor público federal tem direito de ser removido a pedido, independentemente do interesse da 
Administração, para acompanhar o seu cônjuge empregado de empresa pública federal que foi deslocado para 
outra localidade no interesse da Administração. O art. 36, parágrafo único, III, “a”, da Lei 8.112/1990 confere o 
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direito ao servidor público federal de ser removido para acompanhar o seu cônjuge SERVIDOR público que foi 
deslocado no interesse da Administração. A jurisprudência do STJ vem atribuindo uma interpretação 
ampliativa ao conceito de servidor público para alcançar não apenas os que se vinculam à Administração 
Direta, mas também os que exercem suas atividades nas entidades da Administração Indireta. 
Desse modo, o disposto no referido dispositivo legal deve ser interpretado de forma a possibilitar o 
reconhecimento do direto de remoção também ao servidor público que pretende acompanhar seu cônjuge 
empregado de empresa pública federal. STJ. 3ª Seção. MS 14195-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado 
em 13/3/2013 (Info 519). 
 
Enunciado 16 da I Jornada de Direito Administrativo CJF/STJ: As hipóteses de remoção de servidor público a 
pedido, independentemente do interesse da Administração, fixadas no art. 36, parágrafo único, III, da Lei n. 
8.112/1990 são taxativas. Por esse motivo, a autoridade que indefere a remoção, quando não presentes os 
requisitos da lei, não pratica ato ilegal ou abusivo. 
 
O ato de remoção de servidor público por interesse da Administração Pública deve ser motivado. Caso não o 
seja, haverá nulidade. No entanto, é possível que o vício da ausência de motivação seja corrigido em momento 
posterior à edição dos atos administrativos impugnados. Assim, se a autoridade removeu o servidor sem 
motivação, mas ela, ao prestar as informações no mandado de segurança, trouxe aos autos os motivos que 
justificaram a remoção, o vício que existia foi corrigido. STJ. 1ª Turma. AgRg no RMS 40427-DF, Rel. Min. 
Arnaldo Esteves Lima, julgado em 3/9/2013 (Info 529). 
 
A “teoria do fato consumado" não pode ser aplicada para consolidar remoção de servidor público destinada a 
acompanhamento de cônjuge, em hipótese que não se adequa à legalidade estrita, ainda que tal situação haja 
perdurado por vários anos em virtude de decisão liminar não confirmada por ocasião do 
julgamento de mérito. Em outras palavras, se a pessoa consegue uma decisão provisória garantindo a ela 
a remoção e, posteriormente, esta decisão é revogada, esta remoção terá que ser desfeita mesmo que já 
tenha se passado muitos anos. Não se aplica a "Teoria do Fato Consumado" em relação a atos praticados sob 
contestação das pessoas envolvidas, que o reputam irregular e manifestam a existência da irregularidade nas 
vias adequadas, ainda que, pela demora no transcurso do procedimento destinado à apuração da legalidade 
do ato, estegere efeitos no mundo concreto. Verificada ou confirmada a ilegalidade, o ato deve ser desfeito, 
preservando-se apenas aquilo que, pela consolidação fática irreversível, não puder ser restituído ao status quo 
ante. Se a Administração Pública, mesmo após a decisão liminar, continuou questionando no processo a 
legalidade da remoção do servidor/autor, não se pode aplicar a teoria do fato consumado, devendo o ato ser 
desfeito, salvo se tivesse havido uma consolidação fática irreversível (ou seja, se não fosse mais possível voltar 
ao "status quo ante"). STJ. Corte Especial. EREsp 1157628-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 7/12/2016 
(Info 598). 
 
A extinção dos atos administrativos pode ocorrer das seguintes formas: 
 
- Cumprimento dos seus efeitos: extinção natural, ex. fim do prazo. 
- Desaparecimento do sujeito ou objeto: extinção subjetiva ou objetiva, ex. servidor falece, bem público é 
destruído. 
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- Retirada: revogação, anulação, cassação. 
 
Revogação Anulação Cassação 
Retirada por razões de 
conveniência e oportunidade. 
Em razão de ilegalidade. Descumprimento de condição 
fundamental. 
 
Também são formas de retirada: caducidade, contraposição e renúncia. 
 
Caducidade Contraposição Renúncia 
Norma jurídica posterior tornou 
inviável a permanência do ato. 
Edição posterior de ato cujos 
efeitos se contrapõe ao anterior. 
O próprio beneficiário abre mão. 
 
A anulação é o desfazimento do ato por ofensa à lei ou princípios. A anulação do ato com vício insanável é 
obrigatória. Já o ato com vício sanável sem lesão ao interesse público e terceiros pode ser anulado ou 
convalidado. 
 
#OLHAOGANCHO: Convalidação ou saneamento é a supressão do vício existente em um ato ilegal, com efeitos 
retroativos à data em que este foi praticado. A convalidação é feita, em regra, pela Administração, mas 
eventualmente poderá ser feita pelo administrado, quando a edição do ato dependia da manifestação de sua 
vontade e a exigência não foi observada. 
Anulação = ex – Tunc 
Revogação = ex – Nunc 
Convalidação = ex- Tunc 
A convalidação envolve a sanatória de um vício de legalidade, com efeitos retroativos à edição do ato, não 
havendo qualquer empecilho em se tratando de atos de efeitos exauridos. Já a revogação não pode atingir 
atos de efeitos já exauridos. 
Atos irregulares são detentores de defeitos levíssimos e irrelevantes normalmente à forma, não prejudicando 
a validade do ato administrativo. Nem precisa de convalidação. 
O defeito ANULÁVEL é passível de convalidação. Já nos atos nulos, os defeitos são graves, insuscetíveis de 
convalidação, tornando obrigatória a anulação. 
 
#NÃOCONFUNDA: 
CONVERSÃO CONVALIDAÇÃO 
É a transformação de um ato em outro, para 
aproveitar o que for válido. 
Ex tunc (retroativo). 
Correção feita no ato, que continua a ser o mesmo. 
Ex tunc (retroativo). 
 
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A anulação capaz de repercutir desfavoravelmente sobre a esfera de interesses do administrado deve ser 
precedida de procedimento administrativo, assegurado o contraditório e ampla defesa. 
A anulação desconstitui todos os efeitos já produzidos pelo ato anulado (ex tunc), além de impedir efeitos 
futuros. Ademais, em regra, não há direito adquirido, salvo para proteger os efeitos já produzidos em relação a 
terceiros de boa-fé. 
 
#DEOLHONAJURIS: 
Não deve ser determinada a devolução de valores recebidos de boa-fé por servidor público, percebidos a título 
precário no período em que liminar produziu efeitos. É desnecessária a devolução dos valores recebidos por 
liminar revogada, em razão de mudança de jurisprudência. Também é descabida a restituição de valores 
recebidos indevidamente, circunstâncias em que o servidor público atuou de boa-fé. STF. 1ª Turma. MS 
32185/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13/11/2018 (Info 923). 
 
#GOLDENTIPS1 #AJUDAMARCINHO2 
O pagamento indevido feito ao servidor público e que decorreu de erro administrativo está sujeito à 
devolução, salvo se o servidor, no caso concreto, comprovar a sua boa-fé objetiva. Os pagamentos indevidos 
aos servidores públicos decorrentes de erro administrativo (operacional ou de cálculo), não embasado em 
interpretação errônea ou equivocada da lei pela Administração, estão sujeitos à devolução, ressalvadas as 
hipóteses em que o servidor, diante do caso concreto, comprova sua boa-fé objetiva, sobretudo com 
demonstração de que não lhe era possível constatar o pagamento indevido. 
STJ. 1ª Seção. REsp 1769306/AL, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 10/03/2021 (Recurso Repetitivo – 
Tema 1009) (Info 688). 
 
A anulação pode ser feita pela própria Administração (autotutela), de ofício ou mediante provocação ou pelo 
Poder Judiciário, apenas mediante provocação. 
 
Súmula 346-STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos. 
Súmula 473-STF: A administração pode anular os seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem 
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, 
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. 
A revogação é a retirada de um ato administrativo válido do mundo jurídico por razões de conveniência e 
oportunidade, desde que o ato seja discricionário. 
A revogação produz efeito ex nunc, e é ato privativo da Administração Pública. Não há prazo para a revogação. 
 
1 As #GOLDENTIPS foram incluídas pelo setor de revisão. 
2 Disponível em: 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/2f2cd5c753d3cee48e47dbb5bbaed331?categoria
=2&subcategoria=22&assunto=95 
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Não são passíveis de revogação: 
 
- Atos exauridos ou consumados; 
- Vinculados; 
- Que geraram direitos adquiridos; 
- Integrantes de um procedimento administrativo; 
- Meros atos administrativos (ex. atestado); 
- Complexos; 
- Se já exauriu a competência para o ato. 
 
Em regra, não gera direito à indenização, salvo se afetou o direito de outrem. 
 
Classificação dos atos administrativos: 
 
Quanto aos destinatários: 
a) atos gerais: são atos abstratos, impessoais. Atingem a coletividade como um todo. Atos com finalidade 
normativa. Prevalecem sobre os atos individuais. Ex. regulamentos, instruções normativas. 
b) atos individuais: atos especiais. São atos que se dirigem a destinatários determinados. Pode ser ato 
individual singular (único destinatário) ou plúrimo (múltiplos destinatários). 
 
Quanto ao alcance: 
a) internos: produzem efeitos dentro da Administração. Independem de publicação oficial; basta comunicação 
interna. Ex.: instruções de serviços. 
b) externos: produzem efeitos para fora da Adm. Dependem de publicação no diário oficial. 
 
Quanto à formação: 
a) ato simples: basta uma única manifestação de vontade. Essa manifestação pode ser singular (única 
autoridade) ou colegiada. 
b) ato compostos: duas manifestações de vontade no mesmo órgão, em patamar de desigualdade. A primeira 
é principal e a segunda é secundária. Ex. atos dependentes de visto do chefe. José – não são vontades 
autônomas, pois uma delas é meramente instrumental, pois se limita à verificação de legitimidade do ato. 
c) atos complexos: duas manifestações de vontade, em órgãos diferentes, em patamar de igualdade. Ex. 
nomeação de dirigente de agência reguladora, concessão de aposentadoria. 
 
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LICITAÇÕES E CONTRATOS 
 
A licitação é um procedimento obrigatório que antecede a celebração de contratos pela Administração 
Pública. A razão de existir dessa exigência reside no fato de que o Poder Público não pode escolher livremente 
um fornecedor qualquer, como fazem as empresas privadas. Os imperativos da isonomia, impessoalidade, 
moralidade e indisponibilidade do interessepúblico, que informam a atuação da Administração, obrigam à 
realização de um processo público para seleção imparcial da melhor proposta, garantindo iguais condições a 
todos que queiram concorrer para a celebração do contrato. 
 
#SELIGANATABELA 
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS APLICÁVEIS À LICITAÇÃO 
Princípio da Isonomia; 
Princípio da Competitividade; 
Princípio da veiculação ao instrumento convocatório; 
Princípio do julgamento objetivo; 
Princípio da inalterabilidade do edital; 
Princípio do sigilo das propostas; 
Princípio da vedação à oferta de vantagens; 
Princípio da obrigatoriedade; 
Princípio do formalismo procedimental; 
Princípio da adjudicação compulsória ao vencedor do certame. 
 
Em 2021 foi publicada a Lei nº 14.133/21, conhecida como a “nova lei de licitações”. Esta inovação legislativa 
determina que o procedimento anterior poderá ser utilizado pelos entes públicos durante o período de dois 
anos. Assim, a Administração Pública poderá optar por licitar de acordo com a lei 14.133/2021 ou de acordo 
com a lei 8.666/93 e a opção escolhida deverá vir de forma expressa no edital licitatório. 
A licitação busca a satisfação do interesse público ao garantir contratos mais vantajosos, respeitando a 
isonomia das contratações e visando o desenvolvimento nacional sustentável. 
As finalidades da licitação estão enumeradas no art. 11 da Lei 14.133/21. Observa-se que o novo dispositivo 
legal trouxe um quarto objetivo do processo licitatório, em relação à lei 8.666/93: evitar contratações com 
sobrepreço ou com preços manifestamente inexequíveis e superfaturamento na execução dos contratos. 
 
Lei 8.666/93 (Antiga Lei de Licitação) Lei 14.133 (Nova lei de Licitação) 
Art. 3º A licitação destina-se a garantir a 
observância do princípio constitucional da isonomia, 
a seleção da proposta mais vantajosa para a 
administração e a promoção do desenvolvimento 
nacional sustentável e será processada e julgada em 
estrita conformidade com os princípios básicos da 
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da 
igualdade, da publicidade, da probidade 
administrativa, da vinculação ao instrumento 
convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes 
Art. 11. O processo licitatório tem por objetivos: 
 
I - assegurar a seleção da proposta apta a gerar o 
resultado de contratação mais vantajoso para a 
Administração Pública, inclusive no que se refere ao 
ciclo de vida do objeto; 
II - assegurar tratamento isonômico entre os 
licitantes, bem como a justa competição; 
III - evitar contratações com sobrepreço ou com 
preços manifestamente inexequíveis e 
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são correlatos. superfaturamento na execução dos contratos; 
IV - incentivar a inovação e o desenvolvimento 
nacional sustentável. 
 
Parágrafo único. A alta administração do órgão ou 
entidade é responsável pela governança das 
contratações e deve implementar processos e 
estruturas, inclusive de gestão de riscos e controles 
internos, para avaliar, direcionar e monitorar os 
processos licitatórios e os respectivos contratos, 
com o intuito de alcançar os objetivos estabelecidos 
no caput deste artigo, promover um ambiente 
íntegro e confiável, assegurar o alinhamento das 
contratações ao planejamento estratégico e às leis 
orçamentárias e promover eficiência, efetividade e 
eficácia em suas contratações. 
 
 
O parágrafo único do artigo 11 trata da governança das contratações, um aspecto do chamado “compliance”. 
Trata-se da previsão de boas práticas na Administração, sempre visando padrões de eficiência e ética nas 
atividades administrativas. 
 
Ao longo da lei 14.133/2021, é possível verificar a inserção de dispositivos relacionados a um perfil moderno 
da Administração Pública, com referências à maior participação dos administrados, segurança jurídica, 
eficiência da Administração, “compliance”, “accountability” (prestação de contas e responsabilização) e 
controle das atividades administrativas. 
 
Aplicabilidade da Lei 14.133/2021: 
Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais de licitação e contratação para as Administrações Públicas diretas, 
autárquicas e fundacionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e abrange: 
I - os órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, dos Estados e do Distrito Federal e os órgãos do 
Poder Legislativo dos Municípios, quando no desempenho de função administrativa; 
II - os fundos especiais e as demais entidades controladas direta ou indiretamente pela Administração 
Pública. 
§ 1º Não são abrangidas por esta Lei as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as suas 
subsidiárias, regidas pela Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016, ressalvado o disposto no art. 178 desta Lei. 
§ 2º As contratações realizadas no âmbito das repartições públicas sediadas no exterior obedecerão às 
peculiaridades locais e aos princípios básicos estabelecidos nesta Lei, na forma de regulamentação específica a 
ser editada por ministro de Estado. 
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§ 3º Nas licitações e contratações que envolvam recursos provenientes de empréstimo ou doação oriundos de 
agência oficial de cooperação estrangeira ou de organismo financeiro de que o Brasil seja parte, podem ser 
admitidas: 
I - condições decorrentes de acordos internacionais aprovados pelo Congresso Nacional e ratificados pelo 
Presidente da República; 
II - condições peculiares à seleção e à contratação constantes de normas e procedimentos das agências ou dos 
organismos, desde que: 
III) sejam exigidas para a obtenção do empréstimo ou doação; 
b) não conflitem com os princípios constitucionais em vigor; 
c) sejam indicadas no respectivo contrato de empréstimo ou doação e tenham sido objeto de parecer 
favorável do órgão jurídico do contratante do financiamento previamente à celebração do referido contrato; 
d) (VETADO). 
§ 4º A documentação encaminhada ao Senado Federal para autorização do empréstimo de que trata o § 3º 
deste artigo deverá fazer referência às condições contratuais que incidam na hipótese do referido parágrafo. 
§ 5º As contratações relativas à gestão, direta e indireta, das reservas internacionais do País, inclusive as de 
serviços conexos ou acessórios a essa atividade, serão disciplinadas em ato normativo próprio do Banco 
Central do Brasil, assegurada a observância dos princípios estabelecidos no caput do art. 37 da Constituição 
Federal. 
 
Modalidades de licitações: 
Na Nova Lei, as modalidades Tomada de Preços e Carta Convite não existem mais. Continuam apenas a 
concorrência e o pregão. A definição de escolha entre as duas modalidades é exclusivamente em razão da 
complexidade do objeto da licitação. 
O pregão será utilizado sempre que o objeto possuir padrões de desempenho e qualidade que possam ser 
objetivamente definidos pelo edital, através de especificações usuais de mercado. 
Nas demais hipóteses será utilizada a modalidade concorrência, ou seja, quando se tratar de serviços 
técnicos especializados de natureza predominantemente intelectual e de obras e serviços de engenharia que 
não sejam considerados comuns. 
A Nova Lei de Licitações traz em seu artigo 28 as modalidades Pregão, Concorrência, Concurso, Leilão e ainda, 
prevê a nova modalidade Diálogo Competitivo. 
De modo simplificado, o pregão será utilizado para contratação de bens ou serviços comuns, já a 
concorrência será aplicável às contratações de bens e serviços especiais. 
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Por sua vez, a modalidade concurso mantém aplicação para contratação de serviço técnico, científico ou 
artístico e o leilão, por outro lado, será aplicável para alienação de bens móveis ou imóveis. 
E o diálogo competitivo será utilizado para contratações nos casos de Inovação tecnológica ou técnica, para 
buscar soluções que dependam de adaptação das opções que se encontram disponíveis no mercado, bem 
como que envolvam especificações que a Administraçãonão consegue definir de modo objetivo e precisa 
elaborar junto com os interessados. 
MODALIDADES NA LEI 14.133/21 (ART. 28) 
Pregão 
Concorrência 
Concurso 
Leilão 
Diálogo competitivo 
 
Instrumentos auxiliares: 
Outra mudança trazida pela Nova Lei são a formalização dos instrumentos auxiliares, que poderão ser 
utilizados pelos órgãos para organizar e otimizar as contratações. 
Credenciamento: O primeiro é o credenciamento, que é uma forma que a administração pública tem para 
chamar todos os interessados na licitação. Visa a justa competição e a escolha da proposta mais vantajosa, 
portanto não pode haver limitação do credenciamento dos interessados. Então quaisquer pessoas que 
preencham os requisitos necessários do credenciamento e queiram prestar serviços ou fornecer bens ao 
órgão público, poderão participar da licitação. 
Pré-qualificação: É um dos procedimentos que solicita a comprovação das habilidades de fornecer do 
licitante. Com a pré-qualificação no início dos procedimentos poupa tempo porque, após a abertura da 
licitação, apenas será necessária a habilitação jurídica, financeira e fiscal. Quando a licitação chegar ao final, o 
vencedor do certame já estará apto a prestar o serviço, pois a qualificação já foi previamente apresentada e 
conferida pela banca da licitação. Esse instrumento auxiliar serve para demonstrar ao órgão público que o 
fornecedor do bem ou serviço tem condições de atender e satisfazer a entrega do objeto da licitação, evitando 
assim fraudes, demora ou falha na entrega. 
Procedimento de Manifestação de Interesse: Esse procedimento é referente à entrega de uma declaração 
manifestando o interesse em participar do processo licitatório. Como o próprio nome sugere, permite que o 
participante manifeste seu interesse no edital de chamamento público, através de estudos, investigações, 
levantamentos e projetos de soluções inovadoras que contribuam com questões de relevância pública 
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Sistema de Registro de Preços: O sistema de registro de preços, já era previsto nas legislações anteriores e 
agora na Nova Lei de Licitações no artigo 82. Seu objetivo é acelerar o processo licitatório e possibilitar a 
criação de atas de registro de preço por licitação, através das modalidades concorrência e pregão, sendo uma 
ferramenta que simplifica e otimiza os certames para a Administração Pública. 
Registro Cadastral: Por fim temos o registro cadastral, que é equivalente à utilização do SICAF para todos os 
órgãos e sem necessidade de registro em cada ente específico. Os órgãos e entidades da Administração 
Pública deverão utilizar esse instrumento auxiliar, que estará disponível no Portal Nacional de Contratações 
Públicas, para ter um cadastro unificado de licitantes. Este cadastro tem como objetivo proteger a 
administração pública de fraudes e frustrações na execução do contrato, pois um fornecedor que possui um 
bom cadastro é aquele que já está com a documentação em dia e consequentemente, é um bom candidato a 
fechar um contrato. 
Contratações diretas: 
A Lei 14.133/21 mantém a sistemática que era colocada na Lei 8.666/93: há casos de inexigibilidade de 
licitação (art. 74), casos de licitação dispensável (art. 75) e casos de licitação dispensada (art. 76). 
Esses dispositivos apresentam muitas semelhanças com os artigos da Lei 8.666/93, não só nas nomenclaturas, 
mas também nos casos de contratação direta. 
Isso não significa dizer, porém, que não houve inovações: 
Em relação à inexigibilidade de licitação (art. 74), a nova lei traz, agora expressamente, hipóteses que já eram 
elencadas pela doutrina e pela jurisprudência. 
Em relação à licitação dispensável (art. 75), muitas hipóteses foram mantidas e algumas hipóteses foram 
pontualmente alteradas. Por exemplo, nas hipóteses de dispensa de licitação em razão do valor, os valores 
foram ampliados. Além disso, no contrato emergencial, que antes tinha o prazo de 180 dias, o prazo poderá 
chegar a 1 ano. Ademais, a nova lei traz alguns casos novos de dispensa e não repete alguns casos 
anteriormente colocados no art. 24 da Lei 8.666/93. 
Em relação à licitação dispensada (art. 76), cabe lembrar que o leilão é agora previsto como modalidade 
aplicável à alienação de bens móveis e imóveis. Ele estará dispensado em hipóteses bastante semelhantes às 
da Lei 8.666/93. 
Os casos de inexigibilidade são exemplificativos (tanto na Lei 8.666/93 quanto na Lei 14.133/21). Se o gestor 
público chega à conclusão de que é inviável a licitação, a única saída é a inexigibilidade. 
O art. 72 da Lei 14.133/21 traz exigências que devem ser observadas para as contratações diretas em geral. Em 
comparação com a Lei 8.666/93, o art. 26 desta tinha uma preocupação muito tímida com a contratação direta 
e com os documentos do processo. A nova lei traz uma preocupação bem mais intensa nesse aspecto. 
ART. 72, LEI 14.133/21: “O processo de contratação direta, que compreende os casos de inexigibilidade e de 
dispensa de licitação, deverá ser instruído com os seguintes documentos: 
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I - documento de formalização de demanda e, se for o caso, estudo técnico preliminar, análise de riscos, termo 
de referência, projeto básico ou projeto executivo; 
II - estimativa de despesa, que deverá ser calculada na forma estabelecida no art. 23 desta Lei; 
III - parecer jurídico e pareceres técnicos, se for o caso, que demonstrem o atendimento dos requisitos 
exigidos; 
IV - demonstração da compatibilidade da previsão de recursos orçamentários com o compromisso a ser 
assumido; 
V - comprovação de que o contratado preenche os requisitos de habilitação e qualificação mínima necessária; 
VI - razão da escolha do contratado; 
VII - justificativa de preço; 
VIII - autorização da autoridade competente. 
Parágrafo único. O ato que autoriza a contratação direta ou o extrato decorrente do contrato deverá ser 
divulgado e mantido à disposição do público em sítio eletrônico oficial”. 
ART. 73, LEI 14.133/21: “Na hipótese de contratação direta indevida ocorrida com dolo, fraude ou erro 
grosseiro, o contratado e o agente público responsável responderão solidariamente pelo dano causado ao 
erário, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis”. 
 
#DEOLHONAJURIS: 
O regime de licitação e contratação previsto na Lei nº 8.666/93 é inaplicável às sociedades de economia mista 
que explorem atividade econômica própria das empresas privadas, concorrendo, portanto, no mercado. Não é 
possível conciliar o regime previsto na Lei nº 8.666/93 com a agilidade própria desse tipo de mercado que é 
movido por intensa concorrência entre as empresas que nele atuam. STF. Plenário. RE 441280/RS, Rel. Min. 
Dias Toffoli, julgado em 6/3/2021 (Info 1008). 
 
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS: 
Art. 89. Os contratos de que trata esta Lei regular-se-ão pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito 
público, e a eles serão aplicados, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as disposições 
de direito privado. 
§ 1º Todo contrato deverá mencionar os nomes das partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato que 
autorizou sua lavratura, o número do processo da licitação ou da contratação direta e a sujeição dos 
contratantes às normas desta Lei e às cláusulas contratuais. 
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§ 2º Os contratos deverão estabelecer com clareza e precisão as condições para sua execução, expressas em 
cláusulas que definam os direitos, as obrigações e as responsabilidades das partes, em conformidade com os 
termos do edital de licitação e os da proposta vencedora ou com os termos do ato que autorizou a contratação 
direta e os da respectiva proposta. 
A principal característica dos contratos administrativos é a possibilidade de haver tratamento desigual entre a 
Administração (que atua com prerrogativas públicas) e o contratado. Maria Sylvia ZanellaDi Pietro assim 
dispõe: no contrato administrativo, a Administração age como poder público, com poder de império na 
relação jurídica contratual, não agindo nessa qualidade, o contrato será de direto privado. 
 
Portanto, os contratos administrativos são manifestações de vontade entre duas ou mais pessoas objetivando 
a celebração de um negócio jurídico, com a Participação do Poder Público, que atua com supremacia. Esse 
contrato é regido pelo direito público, sendo inerentes a ele todas as prerrogativas e limitações de Estado. 
 
As cláusulas exorbitantes estão previstas no art. 58 da Lei 8.666/93 e no art. 104 da Lei 14.133/21. 
 
Lei 8.666/93 Lei 14.133/21 
Art. 58. O regime jurídico dos contratos 
administrativos instituído por esta Lei confere à 
Administração, em relação a eles, a prerrogativa de: 
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor 
adequação às finalidades de interesse público, 
respeitados os direitos do contratado; 
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos 
especificados no inciso I do art. 79 desta Lei; 
III - fiscalizar-lhes a execução; 
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total 
ou parcial do ajuste; 
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar 
provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e 
serviços vinculados ao objeto do contrato, na 
hipótese da necessidade de acautelar apuração 
administrativa de faltas contratuais pelo contratado, 
bem como na hipótese de rescisão do contrato 
administrativo. 
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e 
monetárias dos contratos administrativos não 
poderão ser alteradas sem prévia concordância do 
contratado. 
Art. 104. O regime jurídico dos contratos instituído 
por esta Lei confere à Administração, em relação a 
eles, as prerrogativas de: 
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor 
adequação às finalidades de interesse público, 
respeitados os direitos do contratado; 
II - extingui-los, unilateralmente, nos casos 
especificados nesta Lei; 
III - fiscalizar sua execução; 
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total 
ou parcial do ajuste; 
V - ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e 
utilizar pessoal e serviços vinculados ao objeto do 
contrato nas hipóteses de: 
a) risco à prestação de serviços essenciais; 
b) necessidade de acautelar apuração administrativa 
de faltas contratuais pelo contratado, inclusive após 
extinção do contrato. 
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e 
monetárias dos contratos não poderão ser alteradas 
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§ 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as 
cláusulas econômico-financeiras do contrato 
deverão ser revistas para que se mantenha o 
equilíbrio contratual. 
 
sem prévia concordância do contratado. 
§ 2º Na hipótese prevista no inciso I do caput deste 
artigo, as cláusulas econômico-financeiras do 
contrato deverão ser revistas para que se mantenha 
o equilíbrio contratual. 
 
 
Durações dos contratos: 
Art. 105. A duração dos contratos regidos por esta Lei será a prevista em edital, e deverão ser observadas, no 
momento da contratação e a cada exercício financeiro, a disponibilidade de créditos orçamentários, bem 
como a previsão no plano plurianual, quando ultrapassar 1 (um) exercício financeiro. 
Art. 106. A Administração poderá celebrar contratos com prazo de até 5 (cinco) anos nas hipóteses de serviços 
e fornecimentos contínuos, observadas as seguintes diretrizes: 
I - a autoridade competente do órgão ou entidade contratante deverá atestar a maior vantagem econômica 
vislumbrada em razão da contratação plurianual; 
II - a Administração deverá atestar, no início da contratação e de cada exercício, a existência de créditos 
orçamentários vinculados à contratação e a vantagem em sua manutenção; 
III - a Administração terá a opção de extinguir o contrato, sem ônus, quando não dispuser de créditos 
orçamentários para sua continuidade ou quando entender que o contrato não mais lhe oferece vantagem. 
§ 1º A extinção mencionada no inciso III do caput deste artigo ocorrerá apenas na próxima data de aniversário 
do contrato e não poderá ocorrer em prazo inferior a 2 (dois) meses, contado da referida data. 
§ 2º Aplica-se o disposto neste artigo ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática. 
Art. 107. Os contratos de serviços e fornecimentos contínuos poderão ser prorrogados sucessivamente, 
respeitada a vigência máxima decenal, desde que haja previsão em edital e que a autoridade competente 
ateste que as condições e os preços permanecem vantajosos para a Administração, permitida a negociação 
com o contratado ou a extinção contratual sem ônus para qualquer das partes. 
Art. 108. A Administração poderá celebrar contratos com prazo de até 10 (dez) anos nas hipóteses previstas 
nas alíneas “f” e “g” do inciso IV e nos incisos V, VI, XII e XVI do caput do art. 75 desta Lei. 
Art. 109. A Administração poderá estabelecer a vigência por prazo indeterminado nos contratos em que seja 
usuária de serviço público oferecido em regime de monopólio, desde que comprovada, a cada exercício 
financeiro, a existência de créditos orçamentários vinculados à contratação. 
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Art. 110. Na contratação que gere receita e no contrato de eficiência que gere economia para a 
Administração, os prazos serão de: 
I - até 10 (dez) anos, nos contratos sem investimento; 
II - até 35 (trinta e cinco) anos, nos contratos com investimento, assim considerados aqueles que impliquem a 
elaboração de benfeitorias permanentes, realizadas exclusivamente a expensas do contratado, que serão 
revertidas ao patrimônio da Administração Pública ao término do contrato. 
Art. 111. Na contratação que previr a conclusão de escopo predefinido, o prazo de vigência será 
automaticamente prorrogado quando seu objeto não for concluído no período firmado no contrato. 
Parágrafo único. Quando a não conclusão decorrer de culpa do contratado: 
I - o contratado será constituído em mora, aplicáveis a ele as respectivas sanções administrativas; 
II - a Administração poderá optar pela extinção do contrato e, nesse caso, adotará as medidas admitidas em lei 
para a continuidade da execução contratual. 
Art. 112. Os prazos contratuais previstos nesta Lei não excluem nem revogam os prazos contratuais previstos 
em lei especial. 
Art. 113. O contrato firmado sob o regime de fornecimento e prestação de serviço associado terá sua vigência 
máxima definida pela soma do prazo relativo ao fornecimento inicial ou à entrega da obra com o prazo relativo 
ao serviço de operação e manutenção, este limitado a 5 (cinco) anos contados da data de recebimento do 
objeto inicial, autorizada a prorrogação na forma do art. 107 desta Lei. 
Art. 114. O contrato que previr a operação continuada de sistemas estruturantes de tecnologia da 
informação poderá ter vigência máxima de 15 (quinze) anos. 
 
#DEOLHONAJURIS: 
O edital de licitação não pode fixar um preço mínimo a ser oferecido pelos licitantes (art. 40, X, da Lei nº 
8.666/93). Só um preço máximo. Essa vedação se justifica porque o objetivo da licitação é o de selecionar a 
proposta mais vantajosa. Ocorre que algumas propostas apresentadas são claramente inexequíveis, ou seja, o 
licitante não conseguirá custear o bem ou prestar o serviço e ainda ter lucro. Isso significa que, mais a frente, 
haverá transtornos para a Administração Pública com a inexecução do contrato. Diante disso, alguns entes 
públicos passaram a exigir algo que denominaram de “taxa de administração”. Essa taxa é o percentual de 
remuneração que a empresa irá obter com aquela venda ou serviço. Se a taxa for equivalente a zero ou 
mesmo negativa, a proposta é claramente inexequível considerando que não haverá lucro para a empresa. 
Assim, alguns editais passaram a exigir um percentual mínimo de taxa de administração (ex: a empresa deverá 
demonstrar que, na planilha de custos que gerou opreço, está prevista a sua remuneração em, no mínimo, 
1%). Essa prática é válida? O ente público pode estipular cláusula editalícia em licitação/pregão prevendo 
percentual mínimo de taxa de administração como forma de se resguardar de eventuais propostas 
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inexequíveis? Não. A fixação de percentual mínimo de taxa de administração em edital de licitação/pregão 
fere expressamente a norma contida no inciso X do art. 40 da Lei nº 8.666/93. 
A taxa de administração é uma forma de remuneração do contratado pela Administração Pública, integrando, 
portanto, o conceito de preço. Logo, ao exigir um percentual mínimo de taxa de administração, o edital está 
fixando um preço mínimo. Sendo o objetivo da licitação selecionar a proposta mais vantajosa para a 
Administração (art. 3º da Lei nº 8.666/93), a fixação de um preço mínimo atenta contra essa finalidade. A Lei 
de Licitações prevê outros mecanismos de combate às propostas inexequíveis em certames licitatórios, 
permitindo que o licitante preste garantia adicional, tal como caução em dinheiro ou em títulos da dívida 
pública, seguro-garantia e fiança bancária. STJ. 1ª Seção. REsp 1840113-CE, Rel. Min. Og Fernandes, julgado 
em 23/09/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1038) (Info 683). 
As normas previstas na Lei da Relicitação para a prorrogação antecipada dos contratos de concessão não 
violam os princípios constitucionais da eficiência, da razoabilidade, da impessoalidade, da moralidade e da 
competitividade. As regras complementam os requisitos da legislação geral (Lei nº 8.987/95) sobre o regime 
de concessão de serviços públicos, que exige a regularidade, a continuidade, a eficiência, a segurança e a 
fixação de tarifas em valores razoáveis (modicidade). A prorrogação é analisada caso a caso e está sujeita à 
fiscalização da agência reguladora. Vale ressaltar, ainda, que o contrato deve ser submetido à consulta pública, 
havendo ainda a necessidade de encaminhar ao TCU o termo aditivo para análise final. 
STF. Plenário. ADI 5991 MC/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 20/2/2020 (Info 967). 
Não contrariando a lei nem sendo abusivo, o contrato administrativo pode tratar de renúncia a direito do 
contratado. Esta renúncia será eficaz e produzirá seus regulares efeitos na hipótese em que houver expressa 
concordância do contratado. Especificamente com relação aos advogados, o Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94) 
dispõe serem do advogado os honorários de sucumbência. Havia previsão expressa a respeito da 
impossibilidade de retirar-lhes esse direito. Estava no art. 24, § 3º. Contudo, em 2009, o STF declarou a 
inconstitucionalidade da regra, uma vez que se trata de direito disponível e, por isso, negociável com o 
constituinte do mandato (ADI 1194, Relatora p/ Acórdão Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgado em 
20/05/2009). Nessa linha, não se pode concluir pela abusividade ou ilegalidade da cláusula contratual que 
prevê a renúncia do direito aos honorários de sucumbência, notadamente quando a parte contratada, por livre 
e espontânea vontade, manifesta sua concordância e procede ao patrocínio das causas de seu cliente 
mediante a remuneração acertada no contrato. No caso em análise, a parte autora manifestou, de forma 
expressa e consciente, a renúncia e só procurou discutir a cláusula após o fim do contrato. STJ. 1ª Turma. 
AREsp 1825800-SC, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 05/04/2022 (Info 733). 
O art. 27 da Lei nº 8.987/95 permite que se transfira a concessão ou o controle societário da concessionária 
para uma outra pessoa, desde que o poder público concorde e sejam respeitados os requisitos legais. Art. 27. 
A transferência de concessão ou do controle societário da concessionária sem prévia anuência do poder 
concedente implicará a caducidade da concessão. Parágrafo único. Para fins de obtenção da anuência de que 
trata o caput deste artigo o pretendente deverá: I - atender às exigências de capacidade técnica, idoneidade 
financeira e regularidade jurídica e fiscal necessárias à assunção do serviço; e II - comprometer-se a cumprir 
todas as cláusulas do contrato em vigor. O STF decidiu que esse dispositivo é constitucional. 
O parágrafo único do art. 27 prevê que, mesmo com essa transferência, a base objetiva do contrato continuará 
intacta. Permanecem o mesmo objeto contratual, as mesmas obrigações contratuais e a mesma equação 
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econômico-financeira. O que ocorre é apenas a sua modificação subjetiva, seja pela substituição do 
contratado, seja em razão da sua reorganização empresarial. Em nosso sistema jurídico, o que interessa à 
Administração é, sobretudo, a seleção da proposta mais vantajosa, independentemente da identidade do 
particular contratado, ou dos atributos psicológicos ou subjetivos de que disponha. STF. Plenário. ADI 2946/DF, 
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/3/2022 (Info 1046). 
O art. 33 da Lei nº 8.987/95 afirma que, depois de ter sido declarada a intervenção, o poder concedente 
deverá, no prazo de 30 dias, instaurar procedimento administrativo para comprovar as causas determinantes 
da medida e apurar responsabilidades, assegurado o direito de ampla defesa. Desse modo, verifica-se 
claramente que, em se tratando de intervenção, o direito de defesa do concessionário só é propiciado após a 
decretação da intervenção, a partir do momento em que for instaurado o procedimento administrativo para 
apuração das irregularidades. Isso porque a intervenção possui finalidades investigatória e fiscalizatória, e não 
punitiva. STJ. 2ª Turma. RMS 66794-AM, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 22/02/2022 (Info 727). 
 
CONSÓRCIO PÚBLICO 
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios podem contratar consórcios públicos para a realização 
de objetivos de interesse comum. O consórcio público constituirá associação pública ou pessoa jurídica de 
direito privado. O consórcio público com personalidade jurídica de direito público integra a administração 
indireta de todos os entes da Federação consorciados. 
Os consórcios públicos poderão emitir documentos de cobrança e exercer atividades de arrecadação de tarifas 
e outros preços públicos pela prestação de serviços ou pelo uso ou outorga de uso de bens públicos por eles 
administrados ou, mediante autorização específica, pelo ente da Federação consorciado. 
Os consórcios públicos poderão outorgar concessão, permissão ou autorização de obras ou serviços públicos 
mediante autorização prevista no contrato de consórcio público, que deverá indicar de forma específica o 
objeto da concessão, permissão ou autorização e as condições a que deverá atender, observada a legislação 
de normas gerais em vigor. 
É nula a cláusula do contrato de consórcio que preveja determinadas contribuições financeiras ou econômicas 
de ente da Federação ao consórcio público, salvo a doação, destinação ou cessão do uso de bens móveis ou 
imóveis e as transferências ou cessões de direitos operadas por força de gestão associada de serviços públicos. 
O protocolo de intenções deverá ser publicado na imprensa oficial. O contrato de consórcio público será 
celebrado com a ratificação, mediante lei, do protocolo de intenções. É dispensado da ratificação o ente da 
Federação que, antes de subscrever o protocolo de intenções, disciplinar por lei a sua participação no 
consórcio público. 
Os entes consorciados somente entregarão recursos ao consórcio público mediante contrato de rateio. 
Ademais, deverão ser constituídas e reguladas por contrato de programa, como condição de sua validade, as 
obrigações que um ente da Federação constituir para com outro ente da Federação ou para com consórcio 
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público no âmbito de gestão associada em que haja a prestação de serviços públicos ou a transferência total 
ou parcial de encargos, serviços, pessoal ou de bens necessários à continuidadedos serviços transferidos. 
#SELIGANALEI 
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre normas gerais para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
contratarem consórcios públicos para a realização de objetivos de interesse comum e dá outras providências. 
§ 1º O consórcio público constituirá associação pública ou pessoa jurídica de direito privado. 
§ 2º A União somente participará de consórcios públicos em que também façam parte todos os Estados em 
cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados. 
§ 3º Os consórcios públicos, na área de saúde, deverão obedecer aos princípios, diretrizes e normas que 
regulam o Sistema Único de Saúde – SUS. 
§ 4º Aplicam-se aos convênios de cooperação, no que couber, as disposições desta Lei relativas aos consórcios 
públicos. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) 
#DEOLHONAJURIS: Se um consórcio público celebrou convênio com a União por meio do qual estão previstos 
repasses federais, o fato de um dos entes integrantes do consórcio possuir pendência inscrita no CAUC não 
pode impedir que o consórcio receba os valores prometidos. Isso porque o consórcio público é uma pessoa 
jurídica distinta dos entes federativos que o integram e, segundo o princípio da intranscendência das sanções, 
as punições impostas não podem superar a dimensão estritamente pessoal do infrator, ou seja, não podem 
prejudicar outras pessoas jurídicas que não sejam aquelas que praticaram o ato.Assim, o fato de ente 
integrante de consórcio público possuir pendência no Serviço Auxiliar de Informações para Transferências 
Voluntárias (CAUC) não impede que o consórcio faça jus, após a celebração de convênio, à transferência 
voluntária a que se refere o art. 25 da LC 101/2000. STJ. 2ª Turma. REsp 1463921-PR, Rel. Min. Humberto 
Martins, julgado em 10/11/2015 (Info 577). 
 
SERVIÇO PÚBLICO 
CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO PERMISSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO 
A delegação de sua prestação, feita pelo poder 
concedente, mediante licitação, na modalidade 
concorrência ou diálogo competitivo, a pessoa 
jurídica ou consórcio de empresas que demonstre 
capacidade para seu desempenho, por sua conta e 
risco e por prazo determinado; (Redação dada pela 
Lei nº 14.133, de 2021) 
A delegação, a título precário, mediante licitação, 
da prestação de serviços públicos, feita pelo poder 
concedente à pessoa física ou jurídica que 
demonstre capacidade para seu desempenho, por 
sua conta e risco. 
 
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Concessão administrativa: é uma modalidade de Parceria Público-Privada, regida pela Lei Federal 
11.079/2004, que prevê a concessão da prestação de serviços públicos tendo Administração Pública como 
usuária direta ou indireta (§ 2º do art. 2º da Lei Federal 11.079/2004), realizando o pagamento de 
contraprestações pecuniárias ao parceiro privado. Nesta modalidade, não existe pagamento de tarifa pelo 
usuário final. 
Concessão patrocinada: é uma modalidade de Parceria Público-Privada, regida pela Lei Federal 11.079/2004, 
que prevê a concessão de serviços públicos ou de obras públicas nos moldes da Lei Federal 8.987/1995. Em 
função do alto valor do investimento e para garantir o equilíbrio econômico-financeiro do contrato, bem como 
não onerar o usuário do serviço, a Administração Pública realiza pagamentos de contraprestações 
pecuniárias ao parceiro privado, de forma a complementar a tarifa cobrada dos usuários (§ 1º do art. 2º da 
Lei Federal 11.079/2004). O principal exemplo deste tipo de concessão é o contrato para construção e 
operação de linhas de metrô. 
 
Encerramento do contrato de concessão: 
No que tange ao encerramento do contrato de concessão, podemos vislumbrar algumas hipóteses: 
a) Advento do termo contratual; 
b) Encampação: ocorre todas as vezes que não há mais interesse público na manutenção do contrato, 
configurando cláusula exorbitante dos contratos administrativos. Essa cláusula permite ao ente estatal 
extinguir a avença, sem a necessidade de concordância do particular; 
c) Caducidade: trata-se de rescisão unilateral do contrato justificada por motivo de inadimplemento do 
particular contratado; 
d) Rescisão: pode se dar por duas situações distintas: (i) Consensual ou bilateral; (ii) Judicial: requerida pela 
concessionária, diante do inadimplemento contratual do poder público. Tal situação decorre do fato de que a 
entidade privada não tem poder de rescindir o contrato unilateralmente (não se aplica a cláusula exorbitante), 
devendo recorrer ao Judiciário. 
e) Anulação: é a extinção do contrato administrativo em virtude de ilegalidade originária. Nestes casos, a 
medida pode ser definida pela própria Administração Pública, no exercício de seu poder de autotutela ou por 
decisão judicial. 
f) Falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do titular, no caso de 
empresa individual: é a extinção do contrato em razão do desaparecimento da concessionária. Isso decorre do 
fato de que os contratos administrativos, em geral, são celebrados intuito personae. 
 
Corte de serviço público: 
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A Lei nº 14.015/2020, que dispõe sobre a interrupção e o restabelecimento de serviços públicos, explicitou o 
dever de prévia comunicação ao usuário de serviços a serem interrompidos. Resumindo a Lei nº 14.015/2020: 
• Em caso de inadimplemento, é possível a suspensão da prestação do serviço público, mesmo que se trate de 
serviço público essencial (ex: energia elétrica, água etc.); 
• Essa suspensão/interrupção não viola o princípio da continuidade dos serviços públicos; 
• Para que essa suspensão seja válida, contudo, é indispensável que o usuário seja previamente comunicado 
de que o serviço será desligado, devendo ser informado também do dia exato em que haverá o desligamento; 
• O desligamento do serviço deverá ocorrer em dia útil, durante o horário comercial; 
• É vedado que o desligamento ocorra em dia de feriado, véspera de feriado, sexta-feira, sábado ou domingo. 
• Caso o consumidor queira regularizar a situação e pagar as contas em atraso, a concessionária poderá cobrar 
uma taxa de religação do serviço. Essa taxa de religação, contudo, não será devida se a concessionária cortou o 
serviço sem prévia notificação. 
• Assim, se a concessionária não comunicou previamente o consumidor do corte ela estará sujeita a duas 
consequências: 
a) terá que pagar multa; 
b) não poderá cobrar taxa de religação na hipótese do cliente regularizar o débito. 
 
#DEOLHONAJURIS: 
Afronta o princípio da separação dos Poderes a anulação judicial de cláusula de contrato de concessão firmado 
por Agência Reguladora e prestadora de serviço de telefonia que, em observância aos marcos regulatórios 
estabelecidos pelo Legislador, autoriza a incidência de reajuste de alguns itens tarifários em percentual 
superior ao do índice inflacionário fixado, quando este não é superado pela média ponderada de todos os 
itens. 
STF. Plenário. RE 1059819/PE, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado 
em 18/2/2022 (Repercussão Geral – Tema 991) (Info 1044). 
 
Salvo situações excepcionais, devidamente comprovadas, o implemento de transporte público coletivo 
pressupõe prévia licitação. STF. Plenário. RE 1001104, Rel. Marco Aurélio, julgado em 15/05/2020 
(Repercussão Geral – Tema 854) (Info 982 – clipping). 
 
Na hipótese de débito estrito de recuperação de consumo efetivo por fraude no aparelho medidor atribuída 
ao consumidor, desde que apurado em observância aos princípios do contraditório e da ampla defesa, é 
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possível o corte administrativo do fornecimento do serviço de energia elétrica, mediante prévio aviso ao 
consumidor, pelo inadimplemento do consumo recuperado correspondente ao período de 90 (noventa) dias 
anterior à constatação da fraude, contanto que executado o corte em até 90 (noventa)dias após o vencimento 
do débito, sem prejuízo do direito de a concessionária utilizar os meios judiciais ordinários de cobrança da 
dívida, inclusive antecedente aos mencionados 90 (noventa) dias de retroação. STJ. 1ª Seção. REsp 1412433-
RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 25/04/2018 (recurso repetitivo) (Info 634). 
 
 
NOVIDADE LEGISLATIVA - Lei nº 14.015/2020. Alterou a Lei nº 8.987/95 e a Lei nº 13.460/2017 para deixar 
mais explícito que é possível a interrupção do serviço público em caso de inadimplemento do usuário, desde 
que ele seja previamente avisado. 
 
AGENTES PÚBLICOS 
 
As atividades administrativas são exercidas pelas pessoas físicas denominadas agentes públicos. Este gênero é 
dividido pelas seguintes espécies: 
AGENTES POLÍTICOS São os ocupantes dos primeiros escalões do 
Poder Público, ex. chefes do Executivo; 
ministros; membros do Poder Legislativo; 
etc. 
AGENTES ADMINISTRATIVOS Se vinculam aos órgãos e entidades da 
Administração Pública por relações 
profissionais e remuneradas, sujeitos à 
hierarquia funcional. Ex. servidores públicos; 
empregados públicos; temporários. 
AGENTES HONORÍFICOS Cidadãos convocados para prestar 
transitoriamente serviços relevantes ao 
Estado, sem vínculo empregatício. Ex. 
jurados e mesários. 
AGENTES DELEGADOS Particulares que executam determinada 
atividade/obra/serviço, em nome próprio, 
por sua conta e risco, de acordo com normas 
do Estado e sua fiscalização. 
AGENTES CREDENCIADOS Representa a Administração em 
determinado ato mediante remuneração. Ex. 
jogadores na copa do mundo. 
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Acumulação de cargos públicos: 
Em regra, o ordenamento jurídico brasileiro proíbe a acumulação remunerada de cargos ou empregos 
públicos. Porém, a Constituição Federal prevê um rol taxativo de casos excepcionais em que a acumulação é 
permitida. Importante lembrar que, em qualquer hipótese, a acumulação só será permitida se houver 
compatibilidade de horários e observado o limite máximo de dois cargos. 
 
As únicas hipóteses de acumulação constitucionalmente autorizadas são: 
a) a de dois cargos de professor (art. 37, XVI, a); 
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico (art. 37, XVI, b); 
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas (art. 37, 
XVI); 
c) inclusive militares (Emenda Constitucional n. 77/2014); 
d) a de um cargo de vereador com outro cargo, emprego ou função pública (art. 38, III); 
e) a de um cargo de magistrado com outro no magistério (art. 95, parágrafo único, I); 
f) a de um cargo de membro do Ministério Público com outro no magistério (art. 128, § 5º, II, d) 
 
#DEOLHONAJURIS: É possível a acumulação de cargos mesmo que a jornada semanal ultrapasse 60h. A 
acumulação de cargos públicos de profissionais da área de saúde, prevista no art. 37, XVI, da CF/88, não se 
sujeita ao limite de 60 horas semanais previsto em norma infraconstitucional, pois inexiste tal requisito na 
Constituição Federal. O único requisito estabelecido para a acumulação é a compatibilidade de horários no 
exercício das funções, cujo cumprimento deverá ser aferido pela administração pública. STF. 1ª Turma. RE 
1176440/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 9/4/2019 (Info 937). STF. 2ª Turma. RMS 34257 AgR, 
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 29/06/2018. STJ. 1ª Seção. REsp 1767955/RJ, Rel. Min. Og 
Fernandes, julgado em 27/03/2019. 
 
Direito adquirido: 
A aprovação em concurso público, como regra, gera simples expectativa de direito à nomeação. Porém, haverá 
direito subjetivo (ou direito adquirido) à nomeação nas seguintes hipóteses excepcionais: 
1) preterição da ordem classificatória (gera direito imediato à posse para todos os preteridos, exceto se a 
preterição ocorreu pela via judicial); 
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2) contratação temporária para a mesma função (direito imediato à posse do mesmo número de contratados); 
3) aprovação dentro do número de vagas anunciadas no edital (direito à posse surge com a proximidade do 
encerramento do prazo de validade do concurso); 
4) requisição de servidores para exercício da mesma tarefa a ser provida pelo concurso (direito imediato à 
posse do mesmo número de requisitados); 
5) desistência do candidato aprovado na posição imediatamente anterior (direito imediato à posse do mesmo 
número de desistentes); 
6) convocação dos candidatos para apresentar documentos necessários à nomeação (direito imediato à posse 
dos convocados); 
7) prática de qualquer ato inequívoco que torne incontestável a necessidade do preenchimento de novas 
vagas. 
 
Cargo em comissão Função de confiança 
Qualquer pessoa pode ocupar. Somente servidores efetivos. 
 
#SELIGA: o direito de greve é norma de eficácia limitada; aplica-se aos servidores públicos a lei de greve dos 
trabalhadores privados. 
 
#DEOLHONAJURIS 
É inconstitucional norma estadual que, de maneira genérica e abrangente, permite a convocação temporária 
de profissionais da área da educação sem prévio vínculo com a Administração Pública para suprir vacância de 
cargo público efetivo. STF. Plenário. ADPF 915/MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/5/2022 
(Info 1055). 
 
Não é possível inviabilizar o pedido de concessão do benefício previdenciário ou de seu restabelecimento em 
razão do transcurso de quaisquer lapsos temporais - seja decadencial ou prescricional. Diante da decisão do 
STF na ADI 6.096/DF, não é possível inviabilizar o próprio pedido de concessão do benefício (ou de 
restabelecimento), em razão do transcurso de quaisquer lapsos temporais - seja decadencial ou prescricional -, 
de modo que a prescrição se limita apenas às parcelas pretéritas vencidas no quinquênio que precedeu à 
propositura da ação, nos termos da Súmula 85/STJ. Assim, fica superado o entendimento firmado pelo STJ nos 
EDcl nos EREsp 1.269.726/MG, tendo em vista que o art. 102, § 2º, da CF/1988 confere efeito vinculante às 
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decisões definitivas em sede de ADI em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração 
pública direta e indireta nos âmbitos federal, estadual e municipal. 
STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1805428-PB, Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador convocado do TRF5), 
julgado em 17/05/2022 (Info 737). 
 
O STF possui critérios para definir se as atribuições dos cargos podem ser enquadradas como direção, chefia e 
assessoramento? SIM. O STF, ao analisar o Tema 1010, afirmou que a criação de cargos em comissão é 
exceção à regra de ingresso no serviço público mediante concurso público de provas ou provas e títulos e 
somente se justifica quando presentes os pressupostos constitucionais para sua instituição. Na oportunidade, 
foram fixadas as seguintes teses: a) A criação de cargos em comissão somente se justifica para o exercício de 
funções de direção, chefia e assessoramento, não se prestando ao desempenho de atividades burocráticas, 
técnicas ou operacionais; b) tal criação deve pressupor a necessária relação de confiança entre a autoridade 
nomeante e o servidor nomeado; c) o número de cargos comissionados criados deve guardar 
proporcionalidade com a necessidade que eles visam suprir e com o número de servidores ocupantes de 
cargos efetivos no ente federativo que os criar; e d) as atribuições dos cargos em comissão devem estar 
descritas, de forma clara e objetiva, na própria lei que os instituir. Caso não se respeite esses requisitos, a 
criação dos cargos em comissão será considerada inconstitucional. STF. Plenário. ADI 6655/SE, Rel. Min. Edson 
Fachin, julgado em 6/5/2022 (Info 1053). 
 
Para a recusa à nomeação de aprovados dentro do número de vagas em concurso público devem ficar 
comprovadas as situações excepcionais elencadas pelo Supremo Tribunal Federal no RE 598.099/MS, não 
sendo suficiente a alegaçãode estado das coisas - pandemia, crise econômica, limite prudencial atingido para 
despesas com pessoal -, tampouco o alerta da Corte de Contas acerca do chamado limite prudencial. 
A recusa à nomeação dos candidatos aprovados dentro do número de vagas deve ser a última das alternativas, 
somente sendo adotada quando realmente já não houver outra saída para a Administração Pública. 
STJ. 1ª Turma. RMS 66316-SP, Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador convocado do TRF da 5ª Região), 
julgado em 19/10/2021 (Info 715). 
 
O candidato aprovado em concurso público pode assumir cargo que, segundo o edital, exige título de Ensino 
Médio profissionalizante ou completo com curso técnico em área específica, caso não seja portador desse 
título mas detenha diploma de nível superior na mesma área profissional. Caso concreto: candidato foi 
aprovado no concurso para o cargo de Técnico de Laboratório – Área Química. O edital exigia, como 
qualificação para o exercício do cargo, “ensino médio profissionalizante na área, ou ensino médio completo 
com curso técnico na área (Área Química)”. O candidato não possui ensino médio profissionalizante nem curso 
técnico na área química. No entanto, ele possui uma qualificação superior e relacionada com a área: ele é 
formado em Química (possui bacharelado em Química), além de ter concluído Mestrado em Química. 
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STJ. 1ª Seção. REsp 1888049-CE, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 22/09/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 
1094) (Info 710). 
 
A exclusão da previsão de adaptação das provas físicas para candidatos com deficiência viola o bloco de 
constitucionalidade composto pela Constituição Federal e pela Convenção Internacional sobre os Direitos das 
Pessoas com Deficiência – CDPD (Decreto Legislativo 186/2008), incorporada à ordem jurídica brasileira com o 
“status” de Emenda Constitucional, na forma do art. 5º, § 3º, da CF/88. Duas teses fixadas pelo STF para o 
tema: 1) É inconstitucional a interpretação que exclui o direito de candidatos com deficiência à adaptação 
razoável em provas físicas de concursos públicos. 2) É inconstitucional a submissão genérica de candidatos 
com e sem deficiência aos mesmos critérios em provas físicas, sem a demonstração da sua necessidade para o 
exercício da função pública. mSTF. Plenário. ADI 6476/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 3/9/2021 
(Info 1028). 
 
Impedir que candidato em concurso público que já é integrante dos quadros da Administração prossiga no 
certame para ingresso nas fileiras da Polícia Militar na fase de sindicância de vida pregressa, fundada em relato 
do próprio candidato no formulário de ingresso na corporação de que foi usuário de drogas há sete anos, 
acaba por aplicá-lo uma sanção de caráter perpétuo, dado o grande lastro temporal entre o fato tido como 
desabonador e o momento da investigação social. STJ. 2ª Turma. AREsp 1806617-DF, Rel. Min. Og Fernandes, 
julgado em 01/06/2021 (Info 699). 
 
Os candidatos aprovados fora do número de vagas previstas no edital não possuem direito líquido e certo à 
nomeação, salvo nas hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da Administração. 
É também pacífico o entendimento que a expectativa de direito se transforma em direito subjetivo à 
nomeação nas situações em que o candidato, aprovado fora do número de vagas, passe a figurar, devido à 
desistência de aprovados classificados em colocação superior, dentro do quantitativo ofertado no edital do 
concurso. No entanto, não existe direito líquido e certo à nomeação no caso a desistência do candidato mais 
bem classificado – e que deu origem à vaga para o impetrante – ocorreu após o prazo de validade do concurso. 
Assim, se a desistência dos candidatos aprovados em melhores posições se deu após o prazo de validade do 
certame, isso não garante o direito à nomeação para o candidato que estava aguardando. 
STJ. 2ª Turma. AgInt no RMS 63676/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 22/03/2021. 
 
É inconstitucional a fixação de critério de desempate em concursos públicos que favoreça candidatos que 
pertencem ao serviço público de um determinado ente federativo. Caso concreto: lei do Estado do Pará previa 
que, em caso de empate de candidatos no concurso público, teria preferência para a ordem de classificação o 
candidato que já pertencesse ao serviço público do Estado do Pará e, persistindo a igualdade, aquele que 
contasse com maior tempo de serviço público ao Estado do Pará. Essa previsão viola o art. 19, III, da CF/88, 
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que veda a criação de distinções entre brasileiros ou preferências entre si. STF. Plenário. ADI 5358/PA, Rel. 
Min. Roberto Barroso, julgado em 27/11/2020 (Info 1000). 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO 
 
Evolução histórica: 
IRRESPONSABILIDADE: Em um primeiro momento, tinha-se a teoria da irresponsabilidade, a qual era um 
reflexo dos Estados Absolutistas, tendo raízes na ideia de soberania do administrador máximo, isto é, esta 
teoria consiste no fato de que não era possível o Estado, personificado na figura do monarca, lesar seus 
súditos, tendo em vista a impossibilidade do rei cometer erros (“the king can do no wrong”, de acordo com os 
ingleses). 
A irresponsabilidade estatal que dominou os estados absolutistas perdurou e só veio a ser extinta no século 
passado, desaparecendo em 1946, nos Estados Unidos e em 1947 na Inglaterra, ainda que estes países sejam 
ambos Estados de Direito, aliás, pilares da democracia moderna. 
 
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: Em meados do século XIX começou-se a admitir a possibilidade da 
responsabilidade subjetiva do Estado, ou seja, passou a depender da prova da culpa do agente, sem a qual, 
mesmo que houvesse um ato ilícito e o dano, não se falava em responsabilidade. 
Entretanto, a responsabilização subjetiva do Estado mostrou-se inócua na tentativa de garantir direitos dos 
cidadãos, tendo em vista a grande dificuldade que um simples cidadão tem em produzir provas frente ao 
grande aparelhamento estatal que protegia a administração pública e seus agentes. 
 
FALTA DO SERVIÇO/CULPA ANÔNIMA: Com o surgimento da teoria da “falta do serviço”, começou-se a 
caminhar em direção à responsabilidade objetiva do Estado. Assim, há culpa do serviço ou “falta do serviço” 
quando este não funciona, devendo funcionar, funciona mal ou funciona atrasado e continua a ausência do 
serviço devido ao seu defeituoso funcionamento, inclusive por demora, basta para configurar a 
responsabilidade do Estado. 
Muito embora a teoria da “falta do serviço” representasse um avanço, ela ainda não configurava a 
responsabilidade objetiva do Estado, uma vez que o Poder Público provando ter operado com diligência, 
prudência e perícia, ficaria isento de responsabilidade. 
 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA: não é necessária a comprovação da culpa, bastando o ato ilícito, o dano e 
obviamente o nexo causal entre estes para a configuração da responsabilidade. 
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Sendo assim, pode-se dizer que tal teoria veio equilibrar a relação entre o Estado, com todos os seus 
privilégios e poderes, e seus cidadãos que evidentemente encontram-se em estado de hipossuficiência nesta 
relação jurídica. 
 
Exclusão da responsabilidade: 
A responsabilidade civil do Estado será elidida quando presentes determinadas hipóteses, aptas a excluir o 
nexo causal entre a conduta do Estado e o dano causado à vítima, quais sejam: a força maior, o caso fortuito, 
o estado de necessidade e a culpa exclusiva da vítima. 
 
Exceção: A teoria do risco integral consiste em uma visão exagerada da responsabilidade civil do Estado, 
tendo em vista que, para essa teoria, é suficiente a existência do evento danoso e do nexo causal para que 
apareça a obrigação de reparar o dano por parte da Administração, ainda que o dano seja oriundo de culpaexclusiva do particular. Segundo a doutrina majoritária, aplica-se no caso de dano ambiental e dano nuclear. 
 
Responsabilidade por omissão: 
Quando se fala em danos da Administração Pública por omissão é imperioso se distinguir a omissão específica 
da omissão genérica. A omissão é específica quando o Estado tem a obrigação de evitar o dano. Isso ocorre 
nos caos de bueiros destampados que ensejam a queda de uma pessoa, causando-lhe danos. 
No entanto, há situações que não há possibilidade de o Estado impedir, através de seus agentes, danos 
eventuais aos seus administrados. O exemplo típico é o de lesões sofridas por atos de vandalismo de terceiros, 
em estádios de futebol. Assim sendo, quando há responsabilidade civil por omissão específica, o Estado 
responde objetivamente, conforme o art. 37, § 6º, da CF. Entretanto, em se tratando de omissões genéricas, a 
responsabilidade do Poder Público é subjetiva, com necessidade de se aferir a culpa. 
#DEOLHONAJURIS: Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a 
responsabilidade civil objetiva do Estado por danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do 
sistema prisional, quando não demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta 
praticada. STF. Plenário. RE 608880, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado 
em 08/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 362) (Info 993). 
 
Caso concreto: o hospital não possuía nenhum serviço de vigilância e o evento morte decorreu de um disparo 
com arma de fogo contra a vítima dentro do hospital. A conduta do hospital que deixa de fornecer o mínimo 
serviço de segurança e, por conseguinte, despreza o dever de zelar pela incolumidade física dos seus pacientes 
contribuiu de forma determinante e específica para o homicídio praticado em suas dependências, afastando-
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se a alegação da excludente de ilicitude, qual seja, fato de terceiro. STJ. 2ª Turma. REsp 1708325-RS, Rel. Min. 
Og Fernandes, julgado em 24/05/2022 (Info 740). 
 
Caso concreto: ação de indenização ajuizada contra o Departamento de Estradas e Rodagens de Sergipe 
(DER/SE), em face da morte do pai e companheiro dos autores, decorrente de acidente de veículo em rodovia 
estadual, ocasionado por buraco não sinalizado. Segundo o entendimento do STJ, a responsabilidade civil do 
Estado por condutas omissivas é subjetiva, sendo necessário, dessa forma, a comprovação da conduta 
omissiva e culposa (negligência na atuação estatal - má prestação do serviço), o dano e o nexo causal entre 
ambos. No caso, restou incontroverso que o acidente com evento morte ocorreu em rodovia estadual, 
mediante a queda de caminhão em buraco de 15 metros de profundidade, decorrente da ausência de 
manutenção e fiscalização estatal da via pública, não havendo quaisquer indícios de culpa exclusiva da vítima. 
Desse modo, é possível concluir pela existência de omissão culposa por parte do ente público, 
consubstanciada na inobservância ao dever de fiscalização e sinalização da via pública, bem como pelo nexo 
causal entre a referida conduta estatal e o evento danoso, que resultou na morte do pai e marido dos 
recorrentes, causando-lhes, evidentemente, prejuízos materiais e morais, os quais devem ser indenizados. 
Presentes os elementos necessários para responsabilização do Estado pelo evento morte, deve-se reconhecer 
devida a indenização por danos materiais, visto que a dependência econômica dos cônjuges e filhos menores 
do de cujus é presumida, dispensando a demonstração por qualquer outro meio de prova. STJ. 1ª Turma.REsp 
1709727-SE, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 05/04/2022 (Info 733). 
 
O STF decidiu que a responsabilização objetiva do Estado em caso de morte de detento somente ocorre 
quando houver inobservância do dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da Constituição 
Federal (RE 841526/RS). Não haverá responsabilidade civil do Estado se o Tribunal de origem, com base nas 
provas apresentadas, decide que não se comprovou que a morte do detento foi decorrente da omissão do 
Poder Público e que o Estado não tinha como montar vigilância a fim de impedir que o preso ceifasse sua 
própria vida. Tendo o acórdão do Tribunal de origem consignado expressamente que ficou comprovada causa 
impeditiva da atuação estatal protetiva do detento, rompeu-se o nexo de causalidade entre a suposta omissão 
do Poder Público e o resultado danoso. STJ. 2ª Turma. REsp 1305259/SC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 
julgado em 08/02/2018. 
 
Teoria da dupla garantia: 
O STF, em regime de Repercussão Geral, definiu a seguinte tese: “A teor do disposto no art. 37, § 6º, da 
Constituição Federal, a ação por danos causados por agente público deve ser ajuizada contra o Estado ou a 
pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público, sendo parte ilegítima para a ação o autor do 
ato, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”. 
 
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Responsabilidade civil do Estado por danos causados em obras públicas: 
As obras públicas podem ser executadas diretamente ou indiretamente por empresa contratada. 
No primeiro caso, o Estado responde objetivamente pelos danos causados a terceiros, na forma do art. 37,§ 
6°, da CF. 
Na segunda hipótese, por sua vez, a doutrina diverge sobre a responsabilidade civil do Estado: 
1° entendimento: o Estado responde diretamente pelos danos causados por empresas por ele contratadas, 
uma vez que a obra pública, em última análise, é de sua responsabilidade. Nesse sentido: Cavalieri Filho; 
2° entendimento: é importante se fazer uma distinção entre dano causado pelo simples fato da obra e dano 
oriundo da má execução da obra. No primeiro caso, o Estado responde diretamente e de maneira objetiva, 
inexistindo responsabilidade da empreiteira (por ex: obra que acarreta o fechamento da via pública por longo 
período, prejudicando comerciantes). No segundo caso, entretanto, a empreiteira responde primariamente e 
de maneira subjetiva, havendo, no entanto, a responsabilidade subsidiária do Estado (por ex: ausência de 
sinalização no canteiro de obra que gera queda de pedestre). Nesse sentido: Carvalho Filho e Rafael Rezende. 
 
#DEOLHONAJURIS: 
Caso concreto: ação de indenização ajuizada contra o Departamento de Estradas e Rodagens de Sergipe 
(DER/SE), em face da morte do pai e companheiro dos autores, decorrente de acidente de veículo em rodovia 
estadual, ocasionado por buraco não sinalizado. Segundo o entendimento do STJ, a responsabilidade civil do 
Estado por condutas omissivas é subjetiva, sendo necessário, dessa forma, a comprovação da conduta 
omissiva e culposa (negligência na atuação estatal - má prestação do serviço), o dano e o nexo causal entre 
ambos. No caso, restou incontroverso que o acidente com evento morte ocorreu em rodovia estadual, 
mediante a queda de caminhão em buraco de 15 metros de profundidade, decorrente da ausência de 
manutenção e fiscalização estatal da via pública, não havendo quaisquer indícios de culpa exclusiva da vítima. 
Desse modo, é possível concluir pela existência de omissão culposa por parte do ente público, 
consubstanciada na inobservância ao dever de fiscalização e sinalização da via pública, bem como pelo nexo 
causal entre a referida conduta estatal e o evento danoso, que resultou na morte do pai e marido dos 
recorrentes, causando-lhes, evidentemente, prejuízos materiais e morais, os quais devem ser indenizados. 
Presentes os elementos necessários para responsabilização do Estado pelo evento morte, deve-se reconhecer 
devida a indenização por danos materiais, visto que a dependência econômica dos cônjuges e filhos menores 
do de cujus é presumida, dispensando a demonstração por qualquer outro meio de prova. STJ. 1ª Turma.REsp 
1709727-SE, Rel. Min. Benedito Gonçalves,julgado em 05/04/2022 (Info 733). 
 
O Estado responde de forma objetiva pelos danos causados a profissional de imprensa ferido, por policiais, 
durante cobertura jornalística de manifestação pública em que ocorra tumulto ou conflito, desde que o 
jornalista não haja descumprido ostensiva e clara advertência quanto ao acesso a áreas definidas como de 
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grave risco à sua integridade física, caso em que poderá ser aplicada a excludente da responsabilidade por 
culpa exclusiva da vítima. Tese fixada pelo STF: “É objetiva a Responsabilidade Civil do Estado em relação a 
profissional da imprensa ferido por agentes policiais durante cobertura jornalística, em manifestações em que 
haja tumulto ou conflitos entre policiais e manifestantes. Cabe a excludente da responsabilidade da culpa 
exclusiva da vítima, nas hipóteses em que o profissional de imprensa descumprir ostensiva e clara advertência 
sobre acesso a áreas delimitadas, em que haja grave risco à sua integridade física”. STF. Plenário. RE 
1209429/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 10/6/2021 
(Repercussão Geral – Tema 1055) (Info 1021). 
 
Súmula 647-STJ: São imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes de atos 
de perseguição política com violação de direitos fundamentais ocorridos durante o regime militar. 
 
Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a responsabilidade civil objetiva do 
Estado por danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional, quando não 
demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada. STF. Plenário. RE 608880, 
Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em 08/09/2020 (Repercussão Geral 
– Tema 362) (Info 993). 
 
Aplica-se igualmente ao estado o que previsto no art. 927, parágrafo único, do Código Civil, relativo à 
responsabilidade civil objetiva por atividade naturalmente perigosa, irrelevante o fato de a conduta ser 
comissiva ou omissiva. STJ. 2ª Turma. REsp 1869046-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 09/06/2020 
(Info 674). 
 
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE 
 
O Estado (abrangendo, aqui, todos os entes integrantes da Federação) dispõe de uma grande quantidade de 
instrumentos jurídicos - todos eles lastreados em seu poder de império - passíveis de utilização para o 
cumprimento do seu dever constitucional de assegurar que a propriedade cumpra a sua função social. 
Em geral, esses instrumentos implicam limitações ou condicionamentos ao exercício dos poderes inerentes ao 
domínio (uso, fruição, disposição e reivindicação), hipóteses a que a doutrina se refere como “intervenção 
restritiva”. Especificamente no caso da desapropriação, entretanto, não se tem apenas uma limitação, e sim a 
perda da propriedade, que é transferida, de regra, para o domínio público. A desapropriação, por esse motivo, 
é classificada como “intervenção supressiva” (José dos Santos Carvalho Filho). 
São os seguintes os meios de intervenção do Estado na propriedade privada, tradicionalmente enumerados 
pela doutrina: servidão administrativa; requisição; ocupação temporária; limitação administrativa; 
tombamento; desapropriação 
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#SELIGANATABELA 
Limitação Administrativa Limitações administrativas são 
determinações de caráter geral, por meio 
das quais o poder público impõe a 
proprietários indeterminados obrigações de 
fazer (obrigações positivas), ou obrigações 
de deixar de fazer alguma coisa (obrigações 
negativas, ou de não fazer ou de permitir), 
com a finalidade de assegurar que a 
propriedade atenda a sua função social. 
Na lição de Hely Lopes, “limitação 
administrativa é toda imposição geral, 
gratuita, unilateral e de ordem pública 
condicionadora do exercício de direitos ou 
de atividades particulares às exigências do 
bem-estar social” 
Ocupação Temporária Ocupação temporária é a forma de 
intervenção pela qual o Poder Público usa 
transitoriamente imóveis privados, como 
meio de apoio à execução de obras e 
serviços públicos. 
Requisição Requisição é o instrumento de intervenção 
estatal mediante o qual, em situação de 
perigo público iminente, o Estado utiliza 
bens móveis, imóveis ou serviços 
particulares com indenização ulterior, se 
houver dano. 
Servidão Servidão administrativa é o direito real 
público que autoriza o Poder Público a usar 
da propriedade imóvel para permitir a 
execução de obras e serviços de interesse 
coletivo. 
São três, portanto, as características 
fundamentais do instituto servidão 
administrativa: ônus real, incidente sobre 
um bem particular (imóvel alheio), com a 
finalidade de permitir uma utilização 
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pública. 
Tombamento Tombamento é a modalidade de intervenção 
na propriedade por meio da qual o Poder 
Público procura proteger o patrimônio 
cultural brasileiro. 
 
As principais características da propriedade são: 
A)Caráter Exclusivo: Somente o proprietário (ou alguém em seu nome e com sua autorização) poderá exercer 
de forma plena as faculdades inerentes a propriedade. 
B)Caráter Absoluto: O proprietário terá ampla liberdade sob o bem, desde que respeite sua função social. 
c)Caráter de Perpetuidade: A qualidade de proprietário só termina quando há transferência da propriedade 
por mortis causa ou inter vivos. 
 
Desapropriação: 
É forma originária de aquisição da propriedade. O ente público determina a retirada do bem privado do 
particular para que venha fazer parte do patrimônio público, mediante o pagamento de indenização. 
Pode recair sobre bem móveis, imóveis, corpóreos ou incorpóreos, e até sobre bens públicos. Veja: Art. 2º §2º 
do Dec. 3365/41. 
Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser desapropriados pela 
União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização 
legislativa. 
É vedado a desapropriação de: 
 Direitos personalíssimos 
 Moeda corrente no pais 
 De pessoas, físicas ou jurídicas. 
 
São pressupostos da desapropriação: 
a) a utilidade pública ou a necessidade pública; 
b) o interesse social. 
A utilidade pública é caracterizada em hipóteses nas quais a desapropriação do bem atende a mera 
conveniência do Poder Público, sem ser imprescindível. Exemplo de utilidade pública seria a desapropriação de 
um imóvel para a construção de uma escola. 
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A necessidade pública decorre de situações de urgência ou de emergência, cuja solução exija a desapropriação 
do bem. Nas hipóteses de necessidade pública, faz- -se necessária a transferência urgente de bens de terceiros 
para o Poder Público, ou para entidades por ele indicadas, a fim de que a situação emergencial seja resolvida 
satisfatoriamente. A expropriação imediata de imóvel para salvaguardar a segurança nacional, ou para fazer 
face a uma situação de calamidade pública, são hipóteses de desapropriação por necessidade pública 
#OLHAOGANCHO 
DIREITO DE EXTENSÃO Caso de desapropriação parcial, no qual a 
parte não expropriada do bem se torna inútil 
ou sem valor econômico. Assim, pode-se 
pedir que a desapropriação seja estendida a 
todo o bem. 
TREDESTINAÇÃO É dar ao bem expropriado uma destinação 
diferente da prevista no ato expropriatório. 
-Lícita: não deixa de observar o interesse 
público. 
-Ilícita: desvio de finalidade. 
RETROCESSÃO É o direito que tem o expropriado de exigir 
de volta o seu imóvel caso o Poder Público 
não dê a ele o destino que motivou a sua 
desapropriação, nem outro destino que 
atenda o interesse público. 
 
Desapropriação indireta: A desapropriação indireta é uma desapropriação irregular, que decorre de ato 
abusivo do poder público. Neste caso, o governo se apropriado bem particular sem observar o procedimento 
legal. Ou seja, ele não obedece os requisitos da declaração de utilidade pública e da indenização prévia. Como 
o bem se incorpora ao patrimônio público, o proprietário só tem a saída de pleitear na Justiça uma 
indenização por perdas e danos decorrentes do ato ilícito. Na ação de desapropriação indireta, deverá 
demonstrar que era, de fato, o proprietário do bem, e o apossamento do Poder Público de seu imóvel. 
#DEOLHONAJURIS: Qual é o prazo da ação de desapropriação indireta? 
Regra: 10 anos (art. 1.238, parágrafo único, do CC/2002). 
Exceção: o prazo será de 15 anos se ficar comprovada a inexistência de obras ou serviços públicos no local. 
Em regra, portanto, o prazo prescricional das ações indenizatórias por desapropriação indireta é de 10 anos 
porque existe uma presunção relativa de que o Poder Público realizou obras ou serviços públicos no local. 
Admite-se, excepcionalmente, o prazo prescricional de 15 anos, caso a parte interessada comprove, concreta e 
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devidamente, que não foram feitas obras ou serviços no local, afastando a presunção legal. STJ. 1ª Seção. 
EREsp 1575846-SC, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 26/06/2019 (Info 658). 
 
O prazo prescricional aplicável à desapropriação indireta, na hipótese em que o Poder Público tenha realizado 
obras no local ou atribuído natureza de utilidade pública ou de interesse social ao imóvel, é de 10 anos, 
conforme parágrafo único do art. 1.238 do CC. STJ. 1ª Seção. REsp 1757352-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, 
julgado em 12/02/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1109) (Info 671). 
 
Desapropriação comum: situação de utilidade ou necessidade pública, ou, ainda, de interesse social. Será 
precedida de pagamento de indenização prévia, justa e em dinheiro. 
 
Desapropriação especial: Não haverá o pagamento de indenização prévia, justa e em dinheiro. 
- Desapropriação urbana (art. 182, CF) = pagamento mediante títulos da dívida pública. 
- Desapropriação rural (Art. 184 a 186, CF) = pagamento mediante títulos da dívida agrária. 
- Desapropriação confisco (art. 243, CF) = não é indenizável! 
 
Desapropriação direta 
A desapropriação direta é a desapropriação clássica. Ela ocorre quando há: 
Necessidade pública: situações emergenciais que demandam a incorporação pelo poder público de bens de 
terceiros ao seu domínio e uso para resolver o problema. 
Utilidade Pública: a desapropriação é conveniente ao interesse coletivo (casos de alargamento de avenidas, 
por exemplo); 
Interesse Social: destina-se a resolver problemas sociais, para melhorar condições de vida e atenuar 
desigualdades sociais. O poder público impõe ao proprietário do imóvel a perda do bem. Em contrapartida, ele 
recebe indenização deverá prévia, justa e em dinheiro. 
Essa desapropriação pode ser feita de forma amigável (com acordo entre as partes), ou por via judicial (não há 
acordo sobre o valor da indenização). 
Desapropriação confiscatória: A desapropriação confiscatória é também chamada de desapropriação de 
propriedade nociva. Ela tem caráter compulsório. Quando existe uma terra utilizada para o cultivo de plantas 
psicotrópicas e não autorizadas, a Constituição Federal, no artigo 243, autoriza o poder público a tomar o 
imóvel para si. 
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Esse é um dos tipos de desapropriação que não prevê qualquer tipo de indenização ao particular. E não só 
isso: o proprietário pode sofrer outras sanções previstas em lei. Isso ocorre, porque ele está utilizando a terra 
para o plantio ilegal. De acordo com a Constituição, as glebas com culturas ilegais de plantas psicotrópicas 
devem ser expropriadas e destinadas ao cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos. 
E se o poder público apreender bens de valor econômico em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e 
drogas afins? Os bens se revertem em benefício de instituições especializadas em tratar e recuperar viciados, e 
em atividades relacionadas a fiscalização, prevenção, controle e repressão do crime de tráfico de drogas. 
 
Desapropriação sancionatória: A desapropriação sancionatória decorre do mau uso da propriedade urbana ou 
rural. Qualquer propriedade deve cumprir sua função social (artigos 5º e 8º da Lei nº 10.257/2001, para 
propriedade urbana, e para propriedade rural). Mas pode ocorrer de o proprietário não dar a ela uma 
finalidade útil. Nestes casos, o poder público pode tomar para si a propriedade urbana ou rural (para fins de 
reforma agrária). 
 
#DEOLHONAJURIS: 
Ao admitir a discussão e determinar o pagamento de indenização relacionada com área diferente da que é 
objeto de desapropriação, ainda que vizinha, o magistrado violou o art. 20 do Decreto nº 3.365/1941, a qual 
reserva às ações próprias as discussões que vão além do imóvel expropriado. No caso, mostrava-se ainda mais 
necessário submeter à sede autônoma a discussão sobre a área contígua à expropriada, pois o valor da 
indenização foi muito superior ao do próprio imóvel objeto da desapropriação (cerca de três vezes), e 
apresentava complexa discussão própria sobre o cálculo que deveria ser adotado para determinação dos 
lucros cessantes de exploração de seringueiras. Registre-se que não tratou a decisão recorrida de indenizar a 
depreciação de área remanescente (art. 27 do Decreto nº 3.365/1941), mas de produzir efeitos semelhantes 
ao de verdadeira desapropriação indireta, ampliação objetiva não admitida no caso, porque ultrapassa os 
limites da lide. STJ. 1ª Turma. REsp 1577047-MG, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/05/2022 (Info 738). 
 
Na hipótese de desistência da ação de desapropriação por utilidade pública, face a inexistência de condenação 
e de proveito econômico, os honorários advocatícios sucumbenciais observam o valor atualizado da causa, 
assim como os limites da Lei das Desapropriações. Ao considerar que não houve condenação e que a parte ré 
não obteve proveito econômico nenhum, porque permaneceu com a mesma situação de antes da demanda, 
isto é, proprietária do imóvel antes sujeito à pretensão desapropriatória, o parâmetro há de ser o valor 
atualizado da causa. STJ. 2ª Turma. REsp 1834024-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 
10/05/2022 (Info 736). 
 
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I - O trânsito em julgado de sentença condenatória proferida em sede de ação desapropriatória não obsta a 
propositura de Ação Civil Pública em defesa do patrimônio público para discutir a dominialidade do bem 
expropriado, ainda que já se tenha expirado o prazo para a Ação Rescisória; 
II - Em sede de Ação de Desapropriação, os honorários sucumbenciais só serão devidos caso haja devido 
pagamento da indenização aos expropriados. STF. Plenário. RE 1010819/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, redator 
do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 26/5/2021 (Repercussão Geral – Tema 858) (Info 1019). 
 
Em regra, quem adquire bem anteriormente atingido por restrição administrativa não é parte legítima, por 
carência de efetivo prejuízo, para, com fundamento em desapropriação direta ou indireta, ingressar com ação 
indenizatória contra o Estado. Nessas condições, querer agir em nome do credor primitivo, postulando lesão 
que não sofreu, afronta os princípios da boa-fé objetiva, da proibição de enriquecimento sem causa e da 
moralidade, representando, não o exercício de um direito, mas a invocação abusiva do direito. 
Observam-se duas exceções, em numerus clausus, para a regra geral: • quando a transferência da propriedade 
for realizada por negócio jurídico gratuito; • quando o adquirente for sujeito vulnerável, na acepção de 
indivíduo incontestavelmente pobre ou humilde. mEm ambos os casos há presunção relativa de boa-fé 
objetiva, de moralidade e de inexistência de enriquecimento sem causa. 
STJ. 1ª Seção. REsp 1750660/SC, Rel. Min. Gurgel De Faria, Rel. p/ Acórdão Min. HermanBenjamin, julgado em 
10/03/2021 (Tema Repetitivo 1004). 
 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 
 Sujeito ativo do ato de improbidade 
Atenção que a nova lei introduziu expressamente no rol dos sujeitos ativos que podem praticar improbidade 
os agentes políticos. Antes da lei nova, era tema de debate doutrinário, já que os agentes políticos praticam 
crime de responsabilidade, e parcela minoritária da doutrina defendia que no caso de agentes políticos, estes, 
não deveriam ser responsabilizados por atos de improbidade, e sim apenas por crime de responsabilidade. 
Art. 2°. Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente público o agente político, o servidor público e todo 
aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, 
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas 
entidades referidas no art. 1º desta Lei. 
Agentes públicos: Inicialmente, são sujeitos ativos do ato de improbidade os agentes públicos. O conceito de 
agente público abrange: o servidor público; o empregado público (servidor governamental de direito privado) 
e o particular em colaboração (mesário e jurado, por exemplo). 
Considera-se agente público todo aquele que exerce, ainda que temporariamente ou sem remuneração, 
mandato, cargo, emprego ou função pública. 
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Presidente da República e ministros do STF: Os agentes políticos, com exceção do Presidente da República (e 
os ministros do STF) encontram-se sujeitos a duplo regime sancionatório, de modo que se submetem tanto à 
responsabilização civil pelos atos de improbidade administrativa quanto à responsabilização político-
administrativa por crimes de responsabilidade. O foro especial por prerrogativa de função previsto na 
Constituição Federal em relação às infrações penais comuns não é extensível às ações de improbidade 
administrativa. STF. Plenário. Pet 3240 AgR/DF, rel. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, 
julgado em 10/5/2018 (Info 891). 
Estagiários: O estagiário que atua no serviço público, ainda que transitoriamente, remunerado ou não, está 
sujeito a responsabilização por ato de improbidade administrativa. STJ. 2ª Turma. REsp 1.352.035-RS, Rel. Min. 
Herman Benjamin, julgado em 18/8/2015 (Info 568). 
Comissionários e permissionários: Empregados e dirigente de concessionárias e permissionárias de serviços 
públicos não estão sujeitos à Lei de Improbidade Administrativa, pois prestam serviço público por delegação e 
o Estado, como regra, não lhes destina benefícios, auxílios e subvenções, já que recebem pelo uso/do serviço 
tarifa do usuário. 
Agentes públicos com atribuição consultiva: Alguns agentes são responsáveis pela elaboração de pareceres, 
que são atos enunciativos, em cujo conteúdo se consigna apenas a opinião pessoal e técnica do parecerista. 
Em razão disso, José dos Santos diz que, como o parecer não contém densidade para a produção de efeitos 
externos; ao contrário, depende sempre do ato administrativo decisório final, em regra, o parecerista não 
responde por ato de improbidade. Contudo, ressalta José dos Santos que se a sua atuação for calcada em 
DOLO, ERRO GRAVE OU INESCUSÁVEL (em consonância com o artigo 28 da LINDB), servindo como suporte 
para o ato final, será ela caracterizada como ato de improbidade. Neste caso, pode também a autoridade que 
aprova o parecer ser enquadrada, se agir em conluio. 
O agente pode se valer do corpo jurídico do órgão para se defender (expensas do erário), ou deve contratar 
advogado? Segundo José dos Santos, se o ato foi praticado pelo agente como representante do órgão público, 
é lícito que se socorra daquelas providências, porque a defesa será a do próprio órgão estatal. É o caso, v.g., 
do agente que é acusado de contratação com dispensa indevida de licitação ou do Promotor de Justiça 
acusado de violar a legalidade ou a imparcialidade (esse entendimento restou consolidado expressamente na 
lei 14.230/2021). Se a improbidade decorrer de ato do agente em benefício próprio, não poderá provocar 
gastos ao erário, devendo então arcar com as despesas com sua defesa. 
Particulares: A partir das alterações inseridas pela Lei 14.230/21, não é possível que o terceiro seja 
enquadrado como sujeito ativo do ato apenas por ter sido beneficiado. É imprescindível que ele atue de forma 
a induzir ou concorrer para o ato de improbidade administrativa. 
Não é possível que particular, alheio à administração pública, pratique sozinho ato de improbidade 
administrativa. Para o ato do terceiro se caracterizar como improbidade, é imprescindível que haja um agente 
público também como autor do ato de improbidade. Neste sentido, é inviável a propositura de ação de 
improbidade administrativa apenas em face de particular, sem a presença do agente público. 
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Art. 3°. As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, 
induza ou concorra dolosamente para a prática do ato de improbidade. 
§ 1º. Os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores de pessoa jurídica de direito privado não 
respondem pelo ato de improbidade que venha a ser imputado à pessoa jurídica, salvo se, comprovadamente, 
houver participação e benefícios diretos, caso em que responderão nos limites da sua participação. 
§ 2º. As sanções desta Lei não se aplicarão à pessoa jurídica, caso o ato de improbidade administrativa seja 
também sancionado como ato lesivo à administração pública de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 
2013. 
Herdeiro: 
Art. 8º O sucessor ou o herdeiro daquele que causar dano ao erário ou que se enriquecer ilicitamente estão 
sujeitos apenas à obrigação de repará-lo até o limite do valor da herança ou do patrimônio transferido. 
Sociedade sucessória: 
Art. 8º-A A responsabilidade sucessória de que trata o art. 8º desta Lei aplica-se também na hipótese de 
alteração contratual, de transformação, de incorporação, de fusão ou de cisão societária. 
Parágrafo único. Nas hipóteses de fusão e de incorporação, a responsabilidade da sucessora será restrita à 
obrigação de reparação integral do dano causado, até o limite do patrimônio transferido, não lhe sendo 
aplicáveis as demais sanções previstas nesta Lei decorrentes de atos e de fatos ocorridos antes da data da 
fusão ou da incorporação, exceto no caso de simulação ou de evidente intuito de fraude, devidamente 
comprovados. 
 
 Sujeito passivo do ato de improbidade: 
Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de improbidade administrativa tutelará a probidade na 
organização do Estado e no exercício de suas funções, como forma de assegurar a integridade do patrimônio 
público e social, nos termos desta Lei. 
O bem jurídico tutelado será justamente a probidade administrativa e a integridade do patrimônio público e 
social da Administração Pública, nos termos do “caput” do art. 1º. 
Quem pode ser SUJEITO PASSIVO Exemplos 
1) órgãos da Administração direta. União, Estados, DF, Municípios. 
2) entidades da Administração indireta. Autarquias, fundações, associações 
públicas, empresas públicas, 
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sociedades de economia mista. 
3) entidade privada que receba subvenção, benefício 
ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes públicos 
ou governamentais. 
Entidades do terceiro setor 
(organizações sociais, OSCIP etc.), 
entidades sindicais, entre outros. 
4) entidade privada para cuja criação ou custeio o 
erário haja concorrido ou concorra no seu 
patrimônio ou receita atual, limitado o 
ressarcimento de prejuízos, nesse caso, à 
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres 
públicos. 
Sociedades de propósito específico, 
criadas para gerir parcerias público-
privadas (art. 9º da Lei nº 
11.079/2004). 
 
Antes da Lei 14.230/21, havia previsão diversaa respeito dos entes privados como sujeitos passivos dos atos 
de improbidade administrativa. Caso o erário houvesse concorrido com mais de 50% na criação ou custeio da 
entidade privada, haveria a sanção decorrente da improbidade de forma integral. Já se o erário houvesse 
concorrido com menos de 50%, as sanções de improbidade apenas seriam aplicadas até o montante das 
verbas públicas recebidas. Tal previsão não mais se sustenta com a Lei 14.230/21, não havendo mais distinção 
entre as entidades privadas para as quais o erário tenha concorrido mais ou menos de 50%. 
Art. 1º. § 5º Os atos de improbidade violam a probidade na organização do Estado e no exercício de suas 
funções e a integridade do patrimônio público e social dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem 
como da administração direta e indireta, no âmbito da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito 
Federal. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 
§ 6º Estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade 
privada que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes públicos ou 
governamentais, previstos no § 5º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 
§ 7º Independentemente de integrar a administração indireta, estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de 
improbidade praticados contra o patrimônio de entidade privada para cuja criação ou custeio o erário haja 
concorrido ou concorra no seu patrimônio ou receita atual, limitado o ressarcimento de prejuízos, nesse caso, 
à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 
 
 Elemento subjetivo: 
A partir de agora os atos considerados de improbidade administrativa dependem apenas de condutas dolosas. 
Isso quer dizer que se retirou a parte do texto que versava sobre a modalidade culposa. Outro ponto a ser 
observado é a exclusão da necessidade de dolo específico dos atos de improbidade administrativa, que 
decorrem do descumprimento da lei de acesso à informação. 
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Antes da Lei 14.230/21 Após a Lei 14.230/21 
Artigos 9º, 10-A e 11 = Apenas DOLO Todos os atos de improbidade = Apenas 
DOLO Art. 10 (Dano ao Erário) = DOLO ou CULPA 
 
A justificativa de tal alteração seria a finalidade da Lei, de punir o agente público desonesto, e não o inábil. 
O art. 17-C, §1º, também estabeleceu a possibilidade de prática de ato de improbidade apenas mediante o 
dolo. Assim, será sempre necessária a demonstração do dolo por parte do agente público ou de terceiro. 
Art. 17-C. § 1º A ilegalidade sem a presença de dolo que a qualifique não configura ato de 
improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 
#SELIGA: Caso o agente público venha a praticar um ato mediante culpa, apesar de não ser possível a sua 
punição a título de improbidade administrativa, será cabível a responsabilização no âmbito administrativo. 
A Lei ainda conceituou o dolo como a vontade LIVRE e CONSCIENTE de alcançar o resultado ilícito. 
Art. 1º § 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito tipificado nos arts. 
9º, 10 e 11 desta Lei, não bastando a voluntariedade do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 
§ 3º O mero exercício da função ou desempenho de competências públicas, sem comprovação de ato doloso 
com fim ilícito, afasta a responsabilidade por ato de improbidade administrativa. (Incluído pela Lei nº 
14.230, de 2021) 
 
 Atos de improbidade: 
Os atos de improbidade administrativa estão previstos nos artigos 9º, 10 e 11 da Lei 8.429/92. Alerta-se que a 
previsão do rol de atos de improbidade administrativa é meramente exemplificativo. 
Atos que importem em 
enriquecimento ilícito 
(art. 9º) 
Atos que causem prejuízo 
(art. 10) 
Atos que atentem contra os 
princípios da Administração 
Pública (art. 11) 
Auferir qualquer tipo de 
vantagem indevida em 
razão do exercício de 
Qualquer conduta que enseja 
perda patrimonial, desvio, 
apropriação, malbaratamento 
Qualquer conduta que viole 
os deveres de honestidade, 
imparcialidade, legalidade, e 
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função pública. ou dilapidação dos bens ou 
haveres dos sujeitos passivos. 
lealdade às instituições. 
 
Atos que importam em enriquecimento ilícito: 
Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importando em enriquecimento ilícito auferir, mediante a 
prática de ato doloso, qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, de 
mandato, de função, de emprego ou de atividade nas entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente: 
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, qualquer bem móvel, de propriedade ou à disposição de qualquer 
das entidades referidas no art. 1º desta Lei, bem como o trabalho de servidores, de empregados ou de 
terceiros contratados por essas entidades; 
Antes da Lei 14.230/21, este inciso IV especificava os bens que poderiam ser utilizados: veículos, máquinas, 
equipamentos ou material de qualquer natureza. A partir da alteração legal, passou a estar prevista a 
utilização de “qualquer bem móvel”, ou seja, uma redação mais ampla. 
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre 
qualquer dado técnico que envolva obras públicas ou qualquer outro serviço ou sobre quantidade, peso, 
medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades referidas no 
art. 1º desta Lei. 
 
Antes da Lei 14.230/21, a declaração seria sobre mediação ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro 
serviço. A partir da alteração legal, a declaração falsa poderá ser sobre “qualquer dado técnico”, também 
sendo uma redação mais ampliativa. 
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, de cargo, de emprego ou de função pública, e 
em razão deles, bens de qualquer natureza, decorrentes dos atos descritos no caput deste artigo, cujo valor 
seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente público, assegurada a demonstração 
pelo agente da licitude da origem dessa evolução. 
A grande inovação deste inciso foi a inserção da parte final, prevendo estar “assegurada a demonstração pelo 
agente da ilicitude da origem dessa evolução”. 
 
Atos que causam danos ao erário: 
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão 
dolosa, que enseje, efetiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou 
dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente: 
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I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a indevida incorporação ao patrimônio particular, de pessoa 
física ou jurídica, de bens, de rendas, de verbas ou de valores integrantes do acervo patrimonial das entidades 
referidas no art. 1º desta Lei; 
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de parcerias com 
entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente, acarretando perda patrimonial efetiva; 
X - agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou de renda, bem como no que diz respeito à conservação do 
patrimônio público; 
Antes da lei 14.230/21, a conduta seria “agir negligentemente”. A partir da nova lei, a conduta passou a ser 
“agir ilicitamente”, inclusive porque a negligência constitui uma forma de culpa, não sendo mais possível a 
prática de ato de improbidade culposo. 
XIX - agir para a configuração de ilícito na celebração, na fiscalização e na análise das prestações de contas de 
parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas; 
XXI - (revogado); 
O inciso XXI que foi revogado previa o ato de liberar recursos de parcerias firmadas pelaadministração pública 
com entidades privadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a 
sua aplicação irregular. 
XXII - conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º 
do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. 
 
O inciso XXII foi inserido pela Lei 14.230/21, prevendo a conduta que antes estava enquadrada no art. 10-A da 
Lei 8.429/92, referente à concessão indevida de benefício financeiro ou tributário. 
Os atos de prejuízo ao erário podem acarreta ou não a perda patrimonial, tendo em vista que o dano poderá 
ser de outra natureza. No caso de existência de perda patrimonial efetiva, será obrigatório o ressarcimento ao 
erário. 
Caso não haja a perda patrimonial efetiva, não deverá ser imposta a sanção de ressarcimento ao erário, pois 
acarretaria um enriquecimento indevido do ente. Ademais, a perda patrimonial, por si só, não será suficiente 
para a caracterização do ato de improbidade administrativa, já que se faz necessária a demonstração do dolo, 
juntamente com a finalidade específica de causar este dano. 
§ 1º Nos casos em que a inobservância de formalidades legais ou regulamentares não implicar perda 
patrimonial efetiva, não ocorrerá imposição de ressarcimento, vedado o enriquecimento sem causa das 
entidades referidas no art. 1º desta Lei. 
§ 2º A mera perda patrimonial decorrente da atividade econômica não acarretará improbidade administrativa, 
salvo se comprovado ato doloso praticado com essa finalidade. 
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Atos que atentam contra os princípios: 
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública 
a ação ou omissão dolosa que viole os deveres de honestidade, de imparcialidade e de legalidade, 
caracterizada por uma das seguintes condutas: 
A alteração do “caput”, promovida pela Lei 14.230/21, alterou a própria interpretação a respeito da 
taxatividade do rol previsto neste artigo. Isto porque, antes da modificação, o artigo indicava como ato de 
improbidade “qualquer ação ou omissão” que viole os deveres. A partir da nova lei, será ato de improbidade a 
ação ou omissão dolosa que viole os deveres, “caracterizada por uma das seguintes condutas”. Portanto, o rol 
passa a ser visto como taxativo, e não meramente exemplificativo como nos artigos 9º e 10. 
I - (revogado); 
II - (revogado); 
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em 
segredo, propiciando beneficiamento por informação privilegiada ou colocando em risco a segurança da 
sociedade e do Estado; 
IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão de sua imprescindibilidade para a segurança da 
sociedade e do Estado ou de outras hipóteses instituídas em lei; 
V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial de concurso público, de chamamento ou de 
procedimento licitatório, com vistas à obtenção de benefício próprio, direto ou indireto, ou de terceiros. 
 
Antes da Lei 14.230/21, o inciso V previa como ato de improbidade apenas a conduta de frustrar a licitude de 
concurso público. A partir da nova lei, incluiu a frustação ao caráter competitivo, e não apenas à licitude do 
procedimento. Ademais, além do concurso público, passou a prever também o chamamento ou procedimento 
licitatório. Inseriu-se, ainda, uma finalidade específica: “obtenção de benefício próprio, direto ou indireto, ou 
de terceiros”. 
 
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo, desde que disponha das condições para isso, 
com vistas a ocultar irregularidades; 
IX - (revogado); 
X - (revogado); 
XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, 
inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, 
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chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função 
gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas. 
Inciso novo, incluído a partir da Lei 14.230/21. Trata-se da conduta denominada de “nepotismo”. A Lei 
14.230/21 inseriu no texto da Lei de Improbidade Administrativa a redação da Súmula Vinculante 13: 
#DEOLHONASÚMULA Súmula Vinculante 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, 
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma 
pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em 
comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em 
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste 
mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. 
 
Todavia, o §5º do art. 11 prevê uma exceção ao ato de nepotismo: § 5º Não se configurará improbidade a 
mera nomeação ou indicação política por parte dos detentores de mandatos eletivos, sendo necessária a 
aferição de dolo com finalidade ilícita por parte do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 
XII - praticar, no âmbito da administração pública e com recursos do erário, ato de publicidade que contrarie o 
disposto no § 1º do art. 37 da Constituição Federal, de forma a promover inequívoco enaltecimento do agente 
público e personalização de atos, de programas, de obras, de serviços ou de campanhas dos órgãos públicos. 
§ 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, promulgada pelo Decreto nº 5.687, de 
31 de janeiro de 2006, somente haverá improbidade administrativa, na aplicação deste artigo, QUANDO FOR 
COMPROVADO NA CONDUTA FUNCIONAL DO AGENTE PÚBLICO O FIM DE OBTER PROVEITO OU BENEFÍCIO 
INDEVIDO PARA SI OU PARA OUTRA PESSOA OU ENTIDADE. 
O §1º trata da Convenção da ONU contra a Corrupção, chamada de Convenção de Mérida. Este dispositivo 
previu um fim especial de agir na aplicação do art. 11, qual seja, o fim de obter proveito ou benefício indevido 
para si ou para outra pessoa ou entidade. O especial fim de agir deverá ser aplicado a todos os atos de 
improbidade previstos na Lei 8.429/92, ou em outras leis. 
§ 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo A QUAISQUER ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
TIPIFICADOS NESTA LEI E EM LEIS ESPECIAIS E A QUAISQUER OUTROS TIPOS ESPECIAIS DE IMPROBIDADE 
ADMINISTRATIVA INSTITUÍDOS POR LEI. 
§ 3º O enquadramento de conduta funcional na categoria de que trata este artigo pressupõe a demonstração 
objetiva da prática de ilegalidade no exercício da função pública, com a indicação das normas constitucionais, 
legais ou infralegais violadas. 
§ 4º Os atos de improbidade de que trata este artigo exigem lesividade relevante ao bem jurídico tutelado 
para serem passíveis de sancionamento e independem do reconhecimento da produção de danos ao erário e 
de enriquecimento ilícito dos agentes públicos. 
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Os §§3º e 4º passaram a exigir requisitos mais rígidos para a configuração do ato de improbidade 
administrativa. Deverá haver a demonstração da prática de ilegalidade, além de exigir a demonstração de 
lesividade relevante. Todavia, na hipótese dos atos do art. 11, não será imprescindível a ocorrência de prejuízo 
ao erário ou de enriquecimento ilícito, que constituem hipóteses de improbidade previstas nos artigos 9º e 10. 
 
 Sanções: 
As sanções pelos atos de improbidade administrativa estão previstas no art. 12 da Lei 8.429/92. Elas são 
cominadas a depender se o ato de improbidade administrativa está previsto no art. 9º, 10 ou 11. Há uma 
gradação correspondente aotipo de ato praticado, ou seja, os atos do art. 9º são mais graves, havendo 
sanções mais severas, enquanto que os atos do art. 11 são menos graves, com sanções mais brandas. 
#FOCANATABELA: 
ART. 9º: Enriquecimento ilícito ART. 10: Dano ao erário ART. 11: Violação a princípios 
Perda dos bens ou valores 
acrescidos ilicitamente ao 
patrimônio; 
Perda dos bens ou valores 
acrescidos ilicitamente ao 
patrimônio, se concorrer esta 
circunstância; 
Não se aplica 
Perda da função pública; Perda da função pública; Não se aplica 
Suspensão dos direitos políticos 
até 14 (catorze) anos; 
Suspensão dos direitos políticos 
até 12 (doze) anos; 
Não se aplica 
Pagamento de multa civil 
equivalente ao valor do 
acréscimo patrimonial; 
Pagamento de multa civil 
equivalente ao valor do dano; 
Pagamento de multa civil de até 
24 (vinte e quatro) vezes o valor 
da remuneração percebida pelo 
agente 
Proibição de contratar com o 
poder público ou de receber 
benefícios ou incentivos fiscais 
ou creditícios, direta ou 
indiretamente, ainda que por 
intermédio de pessoa jurídica 
da qual seja sócio majoritário, 
pelo prazo não superior a 14 
(catorze) anos. 
Proibição de contratar com o 
poder público ou de receber 
benefícios ou incentivos fiscais 
ou creditícios, direta ou 
indiretamente, ainda que por 
intermédio de pessoa jurídica 
da qual seja sócio majoritário, 
pelo prazo não superior a 12 
(doze) anos. 
Proibição de contratar com o 
poder público ou de receber 
benefícios ou incentivos fiscais 
ou creditícios, direta ou 
indiretamente, ainda que por 
intermédio de pessoa jurídica 
da qual seja sócio majoritário, 
pelo prazo não superior a 4 
(quatro) anos. 
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 Indisponibilidade de bens: 
A indisponibilidade de bens não é uma sanção pela prática de atos de improbidade, na verdade, é uma medida 
de natureza cautelar cuja finalidade não é punir alguém, e sim evitar que a pessoa se desfaça de seus bens a 
fim de frustrar uma eventual execução judicial. 
A Lei 14.230/21 inseriu diversas inovações sobre a indisponibilidade de bens, inclusive superando alguns 
posicionamentos jurisprudenciais dos Tribunais Superiores. 
Art. 16. Na ação por improbidade administrativa poderá ser formulado, em caráter antecedente ou incidente, 
pedido de indisponibilidade de bens dos réus, a fim de garantir a integral recomposição do erário ou do 
acréscimo patrimonial resultante de enriquecimento ilícito. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) 
A indisponibilidade de bens será decretada pelo próprio juiz competente pela ação de improbidade 
administrativa. Todavia, ressalta-se que essa indisponibilidade não poderá ser determinada de ofício pelo juiz. 
 
O Ministério Público, como o legitimado ativo da ação de improbidade administrativa, terá também a 
legitimidade para formular o pedido de indisponibilidade de bens perante a autoridade judicial. O Ministério 
Público poderá formular o pedido por iniciativa própria ou mediante a representação da autoridade que teve 
conhecimento dos atos de improbidade administrativa. 
Art. 16. § 1º-A O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere o caput deste artigo poderá ser 
formulado independentemente da representação de que trata o art. 7º desta Lei. (Incluído pela Lei nº 
14.230, de 2021) 
 
Após o requerimento formulado pelo Ministério Público, a indisponibilidade dos bens poderá ser decretada 
pelo juiz com ou sem a oitiva do réu. A regra será a oitiva do réu, no prazo de 5 dias, com o intuito de 
resguardar o contraditório e a ampla defesa. Todavia, caso o contraditório possa frustrar a medida, a 
indisponibilidade poderá ser decretada de forma liminar, sem a oitiva do réu. 
 
Os pressupostos para a indisponibilidade dos bens serão os mesmos das medidas de urgência: 
a) Fumus boni iuris (“fumaça do bom direito”): probabilidade da ocorrência dos atos descritos na petição 
inicial com fundamento nos respectivos elementos de instrução. 
b) Periculum in mora (“perigo na demora”): perigo de dano irreparável ou de risco ao resultado útil do 
processo. 
 
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O entendimento do STJ, antes da Lei 14.230/21, era de que, para a decretação da indisponibilidade de bens, 
não seria necessária a demonstração do periculum in mora, já que ele seria presumido. A nova lei alterou esse 
cenário, posto que agora há previsão expressa acerca da necessidade da demonstração do periculum in mora. 
Assim, o Ministério Público deverá demonstrar que o réu está se desfazendo do seu patrimônio e que seria 
necessária a decretação da indisponibilidade. 
A indisponibilidade poderá recair, além dos bens do réu, sobre os bens de terceiro ou da pessoa jurídica. 
Art. 16. § 7º A indisponibilidade de bens de terceiro dependerá da demonstração da sua efetiva concorrência 
para os atos ilícitos apurados ou, quando se tratar de pessoa jurídica, da instauração de incidente de 
desconsideração da personalidade jurídica, a ser processado na forma da lei processual. (Incluído pela Lei 
nº 14.230, de 2021) 
O valor que poderá vir a ser decretado na indisponibilidade estará limitado à quantia apontada pelo Ministério 
Público como o dano ao erário ou o enriquecimento ilícito. 
 
Art. 16. § 5º Se houver mais de um réu na ação, a somatória dos valores declarados indisponíveis não poderá 
superar o montante indicado na petição inicial como dano ao erário ou como enriquecimento 
ilícito. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 
§ 6º O valor da indisponibilidade considerará a estimativa de dano indicada na petição inicial, permitida a sua 
substituição por caução idônea, por fiança bancária ou por seguro-garantia judicial, a requerimento do réu, 
bem como a sua readequação durante a instrução do processo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 
§ 10. A indisponibilidade recairá sobre bens que assegurem exclusivamente o integral ressarcimento do dano 
ao erário, sem incidir sobre os valores a serem eventualmente aplicados a título de multa civil ou sobre 
acréscimo patrimonial decorrente de atividade lícita. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 
 
Antes da Lei 14.230/21, o STJ aceitava a decretação da indisponibilidade de bens em valor superior ao indicado 
na petição inicial. Este entendimento está superado pela nova redação do dispositivo legal. 
A medida de indisponibilidade poderá recair sobre diversas espécies de bens do réu. Frise-se, inicialmente, que 
será possível a execução de atos no exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais. Previsão 
semelhante já existia na lei antes mesmo das alterações de 2021. 
 
A lei 14.230/21 elencou uma ordem preferencial de bens sujeitos à decretação da indisponibilidade: 
Art. 16. § 11. A ordem de indisponibilidade de bens deverá priorizar veículos de via terrestre, bens imóveis, 
bens móveis em geral, semoventes, navios e aeronaves, ações e quotas de sociedades simples e empresárias, 
pedras e metais preciosos e, apenas na inexistência desses, o bloqueio de contas bancárias, de forma a 
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garantir a subsistência do acusado e a manutenção da atividade empresária ao longo do processo. (Incluído 
pela Lei nº 14.230, de 2021) 
 
Estará vedada a decretação da indisponibilidade de quantias referentes à própria subsistência do réu: 
- Até 40 salários mínimos depositados na caderneta de poupança, em outras aplicações financeiras ou em 
conta-corrente; 
- Bem de família. 
 
Antes da Lei 14.230/21, o STJ admitia que a indisponibilidade de bens recaísse sobre bem de família. Esse 
entendimento está superado diante da nova redação do dispositivo legal. 
Ademais, também estará proibida a decretação de indisponibilidade que acarrete prejuízo à prestação de 
serviços públicos. 
Por fim, a decisão judicial que decreta ou não decreta a indisponibilidadede bens poderá ser enquadrada 
como uma decisão interlocutória, recorrível por agravo de instrumento. 
 
#DEOLHONAJURIS: 
A contratação de servidores públicos temporários sem concurso público, mas baseada em legislação local, não 
configura a improbidade administrativa prevista no art. 11 da Lei nº 8.429/92, por estar ausente o elemento 
subjetivo (dolo), necessário para a configuração do ato de improbidade violador dos princípios da 
administração pública. STJ. 1ª Seção. REsp 1913638-MA, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 11/05/2022 
(Recurso Repetitivo – Tema 1108) (Info 736). 
 
É possível a homologação judicial de acordo de não persecução cível no âmbito da ação de improbidade 
administrativa em fase recursal. STJ. 1ª Seção. EAREsp 102585-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 
09/03/2022 (Info 728). 
 
Nas ações de ressarcimento ao erário e improbidade administrativa ajuizadas em face de eventuais 
irregularidades praticadas na utilização ou prestação de contas de valores decorrentes de convênio federal, o 
simples fato de as verbas estarem sujeitas à prestação de contas perante o Tribunal de Contas da União, por si 
só, não justifica a competência da Justiça Federal. Igualmente, a mera transferência e incorporação ao 
patrimônio municipal de verba desviada, no âmbito civil, não pode impor de maneira absoluta a competência 
da Justiça Estadual. Se houver manifestação de interesse jurídico por ente federal que justifique a presença no 
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processo, (v.g. União ou Ministério Público Federal) regularmente reconhecido pelo Juízo Federal nos termos 
da Súmula 150/STJ, a competência para processar e julgar a ação civil de improbidade administrativa será da 
Justiça Federal. As Súmulas 208 e 209 do STJ provêm da 3ª Seção do STJ e versam hipóteses de fixação da 
competência em matéria penal, em que basta o interesse da União ou de suas autarquias para deslocar a 
competência para a Justiça Federal, nos termos do inciso IV do art. 109 da CF. Logo, não podem ser utilizadas 
como critério para as demandas cíveis. Diante disso, é possível afirmar que a competência cível da Justiça 
Federal deve ser definida em razão da presença das pessoas jurídicas de direito público previstas no art. 109, I, 
da CF/88 na relação processual, seja como autora, ré, assistente ou oponente e não em razão da natureza da 
verba federal sujeita à fiscalização do TCU. Assim, em regra, compete à Justiça Estadual processar e julgar 
agente público acusado de desvio de verba recebida em razão de convênio firmado com o ente federal, salvo 
se houver a presença das pessoas jurídicas de direito público previstas no art. 109, I, da CF/88 na relação 
processual. STJ. 1ª Seção. CC 174764-MA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 09/02/2022 (Info 
724). 
 
Na ação civil pública por ato de improbidade administrativa é possível o prosseguimento da demanda para 
pleitear o ressarcimento do dano ao erário, ainda que sejam declaradas prescritas as demais sanções previstas 
no art. 12 da Lei nº 8.429/92. STJ. 1ª Seção. REsp 1899455-AC, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 
22/09/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1089) (Info 710). 
 
É cabível a apreensão de passaporte e a suspensão da CNH no bojo do cumprimento de sentença proferida em 
ação de improbidade administrativa. Em regra, a jurisprudência do STJ entende ser possível a aplicação de 
medidas executivas atípicas na execução e no cumprimento de sentença comum, desde que, verificando-se a 
existência de indícios de que o devedor possua patrimônio expropriável, tais medidas sejam adotadas de 
modo subsidiário, por meio de decisão que contenha fundamentação adequada às especificidades da hipótese 
concreta, com observância do contraditório substancial e do postulado da proporcionalidade. Na ação de 
improbidade administrativa, com ainda mais razão, há a possibilidade de aplicação das medidas executivas 
atípicas, pois se tutela a moralidade e o patrimônio público. No que diz respeito à proporcionalidade, o fato de 
se tratar de uma ação de improbidade administrativa deve ser levado em consideração na análise do 
cabimento da medida aflitiva não pessoal no caso concreto, já que envolve maior interesse público. STJ. 2ª 
Turma, REsp 1929230-MT, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 04/05/2021 (Info 695). 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL3 
 
E aí, pessoal, como andam os estudos? Firmes? Vamos dar um gás total agora, beleza? O nosso 
queridinho NFPSS de Constitucional vai te ajudar a revisar os principais pontos para sua prova. 
 
Vamos lá! 
 
CONSTITUCIONALISMO 
 
CONSTITUCIONALISMO 
ANTIGUIDADE 
CLÁSSICA 
 
Identifica-se nos hebreus o surgimento tímido do constitucionalismo ao 
estabelecer no Estado teocrático limitações ao poder político, 
assegurando aos profetas a legitimidade para fiscalizar os atos 
governamentais que extrapolassem os limites bíblicos. Da mesma forma, 
as Cidades-Estados gregas como importante exemplo de democracia 
constitucional, na medida em que a democracia direta consagrava um 
sistema político com plena identidade entre governantes e governados, no 
qual o poder político está igualmente distribuído entre todos os cidadãos. 
IDADE MÉDIA 
 
A Magna Carta de 1215 representa o grande marco do constitucionalismo 
medieval, estabelecendo, mesmo que formalmente, a proteção a 
importantes direitos individuais. Também chamada de artigo de barões, 
não é formalmente uma Constituição e sim um contrato de domínio 
firmado entre o Rei João Sem Terra e os barões ingleses, no qual, pela 
primeira vez, um rei reconheceu limites aos seus poderes 
IDADE MODERNA 
 
Durante a Idade Moderna, destacam-se: o Petition of Rights, de 1628; o 
Habeas Corpus Act, de 1679; o Bill of Rights, de 1689; e o Act of 
Settlement, de 1701. Além desses pactos, destacam-se o que a doutrina 
chamou de forais ou cartas de franquia, também voltados para a proteção 
dos direitos individuais, diferenciando-se dos primeiros por admitir a 
participação dos súditos no governo local (elemento político). Tanto os 
pactos e forais ou cartas de franquia buscavam resguardar direitos 
individuais. Entretanto tratavam de direitos direcionados a determinados 
 
3 Maria Eduarda Carvalho 
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Ciclos Método 
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homens, e não de forma universal. 
CONSTITUCIONALISMO 
MODERNO 
 
São dois os marcos históricos e formais: a Constituição norte-americana de 
1787 e a francesa de 1791 (que teve como preâmbulo a Declaração 
Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789); Nesse primeiro 
momento, com a valorização de constituições escritas como instrumentos 
para conter qualquer arbítrio decorrente do poder, surge um 
constitucionalismo liberal clássico, com os seguintes valores: 
individualismo, absenteísmo estatal, valorização da propriedade privada e 
proteção do indivíduo. É nesse contexto que surge os direitos de primeira 
geração ou dimensão, referindo-se às liberdades negativas clássicas, que 
enfatizam o princípio da liberdade, configurando os direitos civis e 
políticos. Esses direitos são frutos das revoluções liberais francesas e 
norte-americanas, nas quais a burguesia reivindicava o respeito às 
liberdades individuais, com a consequente limitação dos poderes 
absolutos do Estado. Oponíveis, sobretudo, ao Estado, são direitos de 
resistência que destacam a nítida separação entre o Estado e a sociedade. 
Exigem do ente estatal, precipuamente, uma abstenção e não uma 
prestação, possuindo assim um caráter negativo, tendo como titular o 
indivíduo. Mas essa concepção liberal gerará concentração de renda e 
exclusão social, fazendo com que o Estado passe a ser chamado para evitar 
abusos e limitar o poder econômico. Evidencia-se, então, a chamada 
segunda geração ou dimensãode direitos e que teve como documentos 
marcantes a Constituição do México de 1917 e a de Weimar de 1919, 
influenciando, profundamente, a Constituição brasileira de 1934. Os 
direitos de segunda geração ou dimensão relacionam-se com as liberdades 
positivas, reais ou concretas, assegurando o princípio da igualdade 
material entre o ser humano. Ao invés de se negar ao Estado uma atuação, 
exige-se dele que preste políticas públicas, tratando-se, portanto de 
direitos positivos. Impõe-se ao Estado uma obrigação de fazer, para sua 
implementação concreta, destinados a trazer consideráveis melhorias nas 
condições materiais de vida da população em geral. Fala-se em direito à 
saúde, à moradia, à alimentação, à educação, à previdência etc. 
 
O neoconstitucionalismo é uma visão contemporânea, pós 2ª Guerra Mundial, com nova perspectiva em 
relação ao constitucionalismo, também chamado de constitucionalismo pós-moderno, ou, ainda, pós-
positivismo. Busca não apenas atrelar o constitucionalismo à ideia de limitação do poder político, mas dar 
eficácia à Constituição, deixando de ser percebida como um texto de caráter meramente retórico e passando a 
ser mais efetivo. Tem como uma de suas marcas a concretização das prestações materiais prometidas pela 
sociedade, servindo como ferramenta para a implantação de um Estado Democrático Social de Direito. 
 
 Em resumo, suas principais ideias são: 
 
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 Formação do Estado Constitucional de Direito; 
 Reconhecimento da força normativa da Constituição; 
 Constituição no centro do ordenamento jurídico; 
 
#SELIGA: 
 
a) O marco histórico dessas mudanças é a formação do Estado Constitucional de Direito, cuja consolidação se 
deu ao longo das últimas décadas do século XX. O Estado constitucional de Direito começa ase formar no pós-
Segunda Guerra Mundial, em face do reconhecimento da força normativa da Constituição. A legalidade, a 
partir daí, subordina-se à Constituição, sendo a validade das normas jurídicas dependente de sua 
compatibilidade com as normas constitucionais. Há uma mudança de paradigma: o Estado Legislativo de 
Direito dá lugar ao Estado Constitucional de Direito. 
 
b) O marco filosófico, por sua vez, é o pós-positivismo, que reconhece centralidade dos direitos fundamentais 
e reaproxima o Direito e a Ética. O princípio da dignidade da pessoa humana ganha relevância; busca-se a 
concretização dos direitos fundamentais e a garantia de condições mínimas de existência aos indivíduos 
(“mínimo existencial”). Há um processo de constitucionalização de direitos. No pós-positivismo, os princípios 
passam ser encarados como verdadeiras normas jurídicas (e não mais apenas como meios de integração do 
ordenamento!). 
 
#OLHAOGANCHO: 
 
A ideia de constitucionalização do Direito está associada a um efeito expansivo das normas constitucionais, 
cujo conteúdo material e axiológico se irradia, com força normativa, por todo o sistema jurídico. Os valores e 
fins públicos contemplados nos princípios e regras da Constituição passam a condicionar a validade e o sentido 
de todas as normas do direito infraconstitucional. 
 
A constituição-releitura: Neste caso, os institutos, conceitos, princípios e teorias de cada ramo do Direito 
sofrem uma releitura, para, à luz da Constituição, assumir um novo significado. Portanto, a Constituição, que 
era mera coadjuvante, se torna protagonista na interpretação do direito infraconstitucional. 
 
MARCOS FUNDAMENTAIS DO NEOCONSTITUCIONALISMO 
HISTÓRICO - Estado Constitucional de Direito 
 
- Documentos a partir da Segunda Guerra Mundial 
 
- Redemocratização 
FILOSÓFICO - Pós Positivismo 
 
- Direitos Fundamentais 
 
- Direito - Ética 
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69 
 
TEÓRICO - Força normativa (Konrad Hesse) 
 
- Supremacia da Constituição (constitucionalização dos direitos fundamentais) 
 
- Nova dogmática da interpretação constitucional. 
 
TRANSCONSTITUCIONALISMO 
 
Conceito: É o fenômeno pelo qual diversas ordens jurídicas de um mesmo Estado, ou de Estados diferentes, 
entrelaçam-se para a resolução de problemas constitucionais. Vale observar que as relações de 
interpenetração entre ordenamentos diferenciados não são, propriamente, uma novidade. Isto porque já 
existiam pactos, a exemplo daquele firmado no Tratado de Westfália de 1648, em que o direito internacional 
clássico e o direito estatal já se conectavam. A novidade está no modo como são travadas as formas de 
conversações entre os atores do cenário estatal. 
 
Decerto, em vez de hierarquia, o que existe, é uma "fertilização constitucional cruzada''. Isto porque um 
determinado órgão de cada Estado, a exemplo do Poder Judiciário, toma como base os trabalhos, os estudos, 
as técnicas de outros órgãos, para, desse modo, demonstrar o acerto de suas teses. 
 
• Transconstitucionalismo propriamente dito ou stricto sensu: ordenamentos distintos interagem entre si e 
somam esforços conjuntos para resolverem casos complexos e difíceis. Cada Estado continua com a sua 
soberania e vida própria. Ocorre, apenas, uma integração harmoniosa entre ordens constitucionais de Estados 
completamente diferentes. Para solucionar conflitos envolvendo direitos humanos, duas ou mais Cones de 
Justiça, de Estados diferentes, rompem suas barreiras territoriais e abandonam o regionalismo em nome da 
conversação e do diálogo constitucional. 
 
• Transconstitucionalismo lato sensu (ou transcontitucionalismo jurídico): Em sentido amplo, o 
transconstitucionalismo ocorre entre duas ordens jurídicas de um mesmo ordenamento. Trata-se do 
transconstitucionalismo jurídico, a exemplo daquele verificado nas federações. É o caso da Federação 
brasileira, formada pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e Distrito Federal (CF, art. 1º). Os entes 
federativos da República pátria podem dialogar entre si, a fim de trocarem ideias, experiências, 
conhecimentos. 
 
 
CONCEPÇÕES DA CONSTITUIÇÃO 
 
CONCEPÇÕES DA CONSTITUIÇÃO 
SOCIOLÓGICA 
Distingue Constituição real (=efetiva) de Constituição escrita. Lassale entende que, ao 
lado da Constituição escrita, existe a Constituição real (=efetiva), que é a soma dos 
fatores reais de poder que regem uma determinada nação, o simples reflexo das forças 
dominantes em determinada sociedade. Para ele, a Constituição real sempre irá 
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70 
 
prevalecer sobre a Constituição escrita. “Se a Constituição escrita não corresponder à 
Constituição real, ela não passará de uma folha de papel”. Por consequência, a eficácia, 
a prestabilidade e a durabilidade da Carta Constitucional eram condicionadas pela 
sintonia desta com aqueles fatores de poder, de modo que, a partir do momento em 
que a Constituição não mais refletisse o resultado dos vetores de força presentes na 
sociedade, impunha-se e era inevitável um movimento de ruptura constitucional, com a 
instauração de uma nova ordem. 
POLÍTICA 
Formulada por Carl Schmitt, Constituição seria uma decisão política fundamental, a 
qual não se apoia na justiça de suas normas, mas sim no que nela foi politicamente 
incluído. Para ele, existe a Constituição em si e normas ou leis constitucionais, as quais, 
apesar de integrarem o texto escrito, não seriam materialmente constitucionais. Para 
ele, faria parte da Constituição, efetivamente, a disciplina da forma de Estado, do 
sistema de governo, do regime de governo, da organização e divisão dos poderes e o 
rol de direitos individuais. As leis constitucionais são todas aquelas normas inscritas na 
Constituição que poderiam vir tratadas em legislação ordinária. 
JURÍDICA 
Formulada por Hans Kelsen (Teoria Pura do Direito), Constituição é o paradigma de 
validade de todo o ordenamento jurídico de um Estado e instituidor de sua estrutura. 
Sua concepção é estritamente formal. Para ele, Constituição é norma pura, é um dever 
ser, não há fundamentosociológico ou político, apenas caráter normativo. Kelsen dá 
dois sentidos à palavra Constituição: Jurídico-positivo: direito positivo é norma escrita 
ou posta pelo homem. Logo, Constituição seria norma escrita. Lógico-jurídico: a norma 
inferior encontra seu fundamento de validade na norma que lhe for superior. A 
Constituição encontra o seu fundamento de validade não no direito posto, mas no 
plano pressuposto lógico, ou seja, em valores metajurídicos, já que seu fundamento 
não seria de cunho constitucional. 
Teoria da FORÇA 
NORMATIVA DA 
CONSTITUIÇÃO 
Formulada por Konrad Hesse, trata-se de uma resposta a Lassalle. A Constituição 
escrita não necessariamente será resultado da vontade da parte mais forte no embate, 
pode ser que a Constituição escrita seja capaz de redesenhar a soma dos fatores reais 
de poder. Logo, ela não seria somente um resultado sociológico da sociedade, mas 
também, e principalmente, TERIA O PODER DE MODIFICAR O CONJUNTO DE FORÇAS, 
MOLDAR A SOCIEDADE COMO ELA É. A norma constitucional não tem existência 
autônoma em face da realidade. A Constituição deve ser conexa à realidade jurídica, 
social e política, não sendo apenas determinada pela realidade social, mas 
determinante em relação a ela. 
CONSTITUIÇÃO 
SIMBÓLICA 
Marcelo Neves define a legislação simbólica como aquela em que há o predomínio ou 
hipertrofia da função simbólica (essencialmente político-ideológica) em detrimento da 
função jurídico-instrumental (de caráter normativo-jurídico). Nesse sentido, a marca 
distintiva da legislação simbólica consistiria na produção de textos cuja referência 
manifesta à realidade é normativo-jurídica, mas que serve, primária e 
hipertroficamente, a finalidades políticas de caráter não especificamente normativo-
jurídico. Definida, portanto, a legislação simbólica como aquela em que, em razão da 
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prevalência da dimensão político-ideológica, há um déficit de concreção normativa. 
CONSTITUIÇÃO 
ABERTA 
Formulada por Paulo Bonavides, para ele o objeto da constituição é sempre dinâmico. 
A constituição deve ser o documento dinâmico que não enclausure em sim mesmo, 
mas que acompanhe as modificações e necessidades da sociedade, sob pena de ficar 
ultrapassada e condenada à morte. 
CONSTITUIÇÃO 
CULTURALISTA 
OU TOTAL 
Uma concepção culturalista de Direito, como destaca J. H. Meireles Teixeira, conduz à 
ideia de Constituição Total, em uma visão suprema e sintética, numa perspectiva 
unitária, ou seja, as Constituições positivas são um conjunto de normas fundamentais, 
condicionadas pela Cultura total, e ao mesmo tempo condicionantes desta, emanadas 
da vontade existencial da unidade política, e reguladoras da existência, estrutura e fins 
do Estado e do modo de exercício e limites do poder político. 
 
CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO 
 
ORIGEM 
Outorgada = imposta. 
 
Promulgada = via processo democrático. 
 
Cesarista = outorgada com posterior referendo popular. 
 
FORMA 
Escrita = elaborada por órgão constituinte. 
 
Costumeira = há vários centros de produção de norma. 
 
MODO DE ELABORAÇÃO 
Dogmática/sistemática = escritas sob os dogmas atuais. 
 
Histórica = criada lentamente com as tradições. 
 
ESTABILIDADE 
Imutável = o texto não pode ser modificado. 
 
Super rígida = modificada por procedimento mais 
dificultoso do que as demais leis. 
 
Semi rígida = para algumas normas o procedimento de 
alteração é mais dificultoso, para outras não. 
 
Flexível = modificada pelo procedimento legislativo 
ordinário. 
 
CONTEÚDO 
Normas materialmente constitucionais = o conteúdo é 
típico de Constituições (ex. direitos fundamentais, 
organização do Estado). 
 
Normas formalmente constitucionais = estão contidas em 
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documento escrito elaborado pelo poder constituinte, 
independente do conteúdo. 
 
EXTENSÃO 
Analíticas = trata de assuntos além da organização do 
Estado. 
 
Sintéticas = restringem-se a elementos substancialmente 
constitucionais. 
 
CORRESPONDÊNCIA COM A REALIDADE 
Normativa = corresponde à realidade política e social. 
Nominativa = é prospectiva, juridicamente válida, sem ser 
real e efetiva. 
Semântica = formaliza a situação de poder em benefício de 
seus detentores (autoritária). 
 
FINALIDADE 
Constituição Garantia = protege contra arbitrariedades 
estatais. 
 
Constituição Balanço = rege o Estado por um tempo. 
 
 
PODER CONSTITUINTE 
 
Poder Constituinte Originário 
 
Conceito de PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO: é o poder de criar o Estado e de reformar as suas instituições; 
no Estado Federal, é também o poder de organizar os Estados Federados. Histórico (de primeiro grau, 
fundante) seria o verdadeiro poder constituinte originário, estruturando, pela primeira vez, o Estado. 
Revolucionário seriam todos os posteriores ao histórico, rompendo por completo com a antiga ordem e 
instaurando uma nova. 
 
Natureza jurídica: 
 
- 1ª Corrente: Político (positivista) – Hans Kelsen: um poder de fato ou poder político, retirando a sua força da 
sociedade, e não de uma norma jurídica. Se embasa e se legitima no seu próprio processo de elaboração, não 
sendo necessário, dessa forma, observar os valores supranacionais do direito natural. (Corrente que 
prevalece). 
 
- 2ª Corrente: Jurídico (jusnaturalista) - Abade Sieyes: o Poder Constituinte Originário está subordinado a 
normas de direito natural (direito suprapositivo) e, portanto, deve ser considerado um poder jurídico ou de 
direito. Segundo esta concepção, o PCO encontraria como limitações matérias extrajudiciais, relacionadas aos 
valores éticos e morais, aos imperativos do direito natural, aos direitos fundamentais conquistados por uma 
sociedade (Princípio da Proibição do Retrocesso ou Efeito Cliquet) e às normas de Direito Internacional, 
especialmente às ligadas aos Direitos Humanos. 
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- 3ª Corrente: natureza híbrida, surgindo como um poder de fato, mas, a cada desconstituição de parte do 
antigo ordenamento, torna-se um poder de direito. 
 
Características do Poder Constituinte Originário: 
 
À luz da corrente juspositivista, ele seria: 
 
- Inicial: não existe nem poder de fato e nem de direito acima dele; ele inicia toda a normatividade jurídica; é 
esse o motivo pelo qual se diz que o Poder Constituinte Originário é de primeiro grau, já que origina a ordem 
jurídica. 
 
- Autônomo: não convive com nenhum outro poder que tenha a mesma hierarquia; só o seu titular pode dizer 
o seu conteúdo. 
 
- Incondicionado: não se sujeita a nenhuma outra norma jurídica. Trata-se principalmente de não 
subordinação a fórmulas pré-estabelecidas. 
 
- Ilimitado juridicamente: nenhum limite de espécie alguma, muito menos imposto pela ordem jurídica 
anterior, existe. 
 
- Poder de fato e poder político: A nova ordem jurídica começa com a sua manifestação, e não antes dela. 
Mas, por ser um poder de fato, o poder constituinte originário permanece latente mesmo após finda a ANC, 
podendo ser exercido a qualquer tempo. O poder constituinte originário não se esgota quando edita uma 
Constituição. Ele subsiste fora da Constituição e está apto para se manifestar a qualquer momento. 
 
Características (na corrente jusnaturalista - Abade Sieyes): permanente: não se esgota com o seu exercício. Só 
que ele fica em estado latente/repouso; inalienável: Ela sempre pertencerá ao povo a nação; incondicionado 
juridicamente: embora possua algumas limitações materiais extrajurídicas. Ele estaria limitado pelos 
imperativos do direito natural. 
 
Poder Constituinte Derivado: 
 
Conceito do PODER CONSTITUINTE DERIVADO (secundário, de segundo grau): Para garantia de maior 
durabilidade de uma CF, é importante que existam possibilidades de sua atualização, para se afastar de uma 
ruptura. Isso ocorre por meio das mudanças na Constituição. É um poder derivado,pois decorre de uma 
norma constitucional que lhe confere autenticidade, legitimidade para agir. Por isso que se lhe chama de 
secundário, já que está embasado em outro poder constituinte, o originário. 
 
Natureza Jurídica do Poder Constituinte Derivado: Ao contrário do Poder Constituinte Originário, que é um 
poder de fato/político, o Poder Constituinte Derivado é um poder de direito, já que encontra seu fundamento 
jurídico exatamente na nova Ordem Jurídica. 
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Características do Poder Constituinte Derivado: 
 
Derivado: decorre do poder constituinte originário e da própria Constituição; 
 
Subordinado: deve observância ao poder constituinte originário; 
 
Condicionado ou limitado: seu exercício deve seguir as regras previamente estabelecidas no texto 
constitucional. 
 
Poder Constituinte Derivado Decorrente: 
 
Aquele que altera ou estabelece uma Constituição ou Lei Orgânica nos Estados e DF. É um poder secundário 
(criado pela CF) e limitado, condicionado juridicamente pela própria CF. 
 
#SELIGANATABELA: 
 
PRINCÍPIOS 
SENSÍVEIS/APONTADOS/ENUMERA
DOS 
PRINCÍPIOS EXTENSÍVEIS 
PRINCÍPIOS ESTABELECIDOS/ 
ORGANIZATÓRIOS 
A expressão “sensível” remete àquilo 
que é facilmente percebido pelos 
sentidos, claro, manifesto, sendo, 
portanto, princípios sensíveis 
aqueles indubitavelmente apontados 
na Constituição, expressos em seu 
texto. Encontram-se enumerados no 
art. 34, VII, da CF, podendo sua 
infringência acarretar a intervenção 
federal no Estado. São eles: 
a) forma republicana, sistema 
representativo e regime 
democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração 
pública, direta e indireta; 
e) aplicação do mínimo exigido da 
receita resultante de impostos 
estaduais, compreendida a 
proveniente de transferências, na 
manutenção e desenvolvimento do 
Consubstanciam regras de 
organização da União, cuja 
aplicação se estende aos 
Estados, por força de regra 
expressa ou do princípio da 
simetria. Ex.: normas 
relativas à organização do 
Tribunal de Contas da 
União; regras básicas 
atinentes ao processo 
legislativo federal. 
Aqueles que limitam, vedam, 
ou proíbem a ação 
indiscriminada do Poder 
Constituinte Decorrente. 
São determinados 
diretamente aos Estados, 
ainda que não de forma 
expressa. Podem gerar 
limitações expressas, 
implícitas ou decorrentes. 
Ex.: os Estados não podem 
dispor sobre as matérias 
que constituem 
competência privativa da 
União. 
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ensino e nas ações e serviços 
públicos de saúde. 
 
#DEOLHONAJURIS: 
 
É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa de função, no 
Tribunal de Justiça, para Procuradores do Estado, Procuradores da ALE, Defensores Públicos e Delegados de 
Polícia. A CF/88, apenas excepcionalmente, conferiu prerrogativa de foro para as autoridades federais, 
estaduais e municipais. Assim, não se pode permitir que os Estados possam, livremente, criar novas hipóteses 
de foro por prerrogativa de função. STF. Plenário. ADI 2553/MA, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. 
Alexandre de Moraes, julgado em 15/5/2019 (Info 940). 
 
A Constituição Estadual não pode trazer hipóteses de intervenção estadual diferentes daquelas que são 
elencadas no art. 35 da Constituição Federal. As hipóteses de intervenção estadual previstas no art. 35 da 
CF/88 são taxativas. Caso concreto: STF julgou inconstitucionais os incisos IV e V do art. 25 da Constituição do 
Estado do Acre, que previa que o Estado-membro poderia intervir nos Municípios quando: IV – se verificasse, 
sem justo motivo, impontualidade no pagamento de empréstimo garantido pelo Estado; V – fossem 
praticados, na administração municipal, atos de corrupção devidamente comprovados. STF. Plenário. ADI 
6616/AC, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 26/4/2021 (Info 1014). 
 
Poder constituinte derivado revisor: 
 
Segundo entendimento do STF, NÃO é possível a realização de nova revisão constitucional. O art. 3º do ADCT 
previu a possibilidade de alteração da Constituição Federal de 1988 por meio da denominada “revisão 
constitucional”, realizada pelo voto da MAIORIA ABSOLUTA dos membros do Congresso Nacional, em SESSÃO 
UNICAMERAL. Segundo referido dispositivo, a revisão deveria ocorrer "após 5 anos, contados da promulgação 
da Constituição". Em 1993, foi realizada a dita revisão constitucional, a qual resultou na elaboração de 6 
Emendas Constitucionais de Revisão. Por ocasião do julgamento da ADI 981, o STF consolidou entendimento 
no sentido de que, após a realização da revisão constitucional, a norma do art. 3º do ADCT teve sua 
APLICABILIDADE ESGOTADA e EFICÁCIA EXAURIDA, de forma a NÃO ser mais possível nova manifestação do 
poder constituinte derivado revisor. De fato, considerando o procedimento mais simplificado que caracteriza a 
revisão (em comparação com o procedimento de reforma previsto no art. 60 da CF), a rigidez do texto 
constitucional restaria fragilizada. Ressalte-se ainda que, neste mesmo julgado, o STF também assentou o 
entendimento de que a realização da revisão constitucional, à época, NÃO estava vinculada ao resultado do 
plebiscito previsto no art. 2º do ADCT. 
 
Poder constituinte derivado reformador: 
 
Limites do Poder Constituinte Derivado Reformador: 
 
• Limitações Formais, procedimentais ou processuais: impõem a observância de determinadas formalidades 
durante o processo de elaboração das emendas. Elas podem ser formais subjetivas, referindo-se às 
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autoridades que podem deflagrar o processo de EC - iniciativa da PEC (art. 60, I a III): I - de um terço, no 
mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de 
mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, 
pela maioria relativa de seus membros. Formais objetivas – processo de discussão e aprovação (quórum de 
3/5, dois turnos de votação, não existe sanção ou veto do Presidente, promulgação e publicação pelas mesas 
da CD e do SF. 
 
A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova 
proposta na mesma sessão legislativa. 
 
• Limitações Temporais: A Constituição não pode ser modificada em certo lapso temporal. Não há essa 
limitação no ordenamento jurídico pátrio. 
 
• Limitações circunstanciais: a Constituição não poderá ser emendada na vigência de Intervenção Federal, 
Estado de Sítio ou Estado de Defesa. 
 
• Limites Materiais ou substanciais: alguns conteúdos não podem ser modificados na Constituição, como o 
disposto no art. 60, § 4º, que prevê as cláusulas pétreas: § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de 
emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - 
a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. 
 
#IMPORTANTE: 
 
Teoria da dupla revisão: Teoria concebida para contornar as limitações constitucionais ao poder de reforma, 
mediante duas operações subsequentes de alteração formal da Constituição. Numa primeira operação, 
revogam-se ou excepcionam-se as limitações criadas pelo poder constituinte originário; numa segunda 
operação, altera-se a Constituição, sem nenhum desrespeito ao texto já em vigor, após a modificação anterior. 
A maioria da doutrina não admite a dupla revisão, pois o artigo 60 é considerado cláusula pétrea, de forma 
que a primeira revisão proposta não seria possível. Jorge Mirada defende a possibilidade quando a cláusula 
pétrea não trata de um conteúdo essencial. No caso do Brasil todas as cláusulas estão relacionadas com a 
essência da CF. 
 
Teoria do pré-comprometimento: Aduz que as Constituições democráticas sãomecanismos de autovinculação 
adotados pela soberania popular para se proteger de suas paixões e fraquezas. Desse modo, não seria levado 
por elas para que se fizessem alterações nesses temas mais sensíveis que precisavam ser petrificados. Relação 
com a mitologia grega, na Odisseia, Ulisses, durante seu regresso a Ítaca, saberia que ia passar por todo tipo 
de provação e tentação. Ulisses saberia que não resistiria e por isso criou uma autorestrição para não 
sucumbir depois. 
 
Mutação Constitucional: São processos informais de alteração do conteúdo da CF sem que haja modificação 
em seu texto. Limites para a legitimidade da mutação constitucional: programa normativo (texto e princípios 
estruturantes da CF) – não é qualquer interpretação nova. 
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Contrapõem-se à Reforma Constitucional, em que há um processo formal de alteração da constituição. Não 
existe uma formalidade a ser observada, pois o conteúdo da Constituição é alterado sem que seu texto sofra 
qualquer modificação, valendo-se dos costumes e da interpretação para tanto. Para que se permita assim 
concluir, a norma deve ser entendida como sendo o resultado/produto da interpretação do texto/dispositivo, 
como exemplo, tem-se o princípio da individualização da pena, em que o Tribunal passou a dar uma nova 
interpretação para o tema da progressão de regime (art. 5º, XLVI, da CF), em que anteriormente se permitiria 
sua limitação (HC 82959). 
 
#DEOLHONAJURIS: Se uma lei ou ato normativo é declarado inconstitucional pelo STF, incidentalmente, ou 
seja, em sede de controle difuso, essa decisão, assim como acontece no controle abstrato, também produz 
eficácia erga omnes e efeitos vinculantes. O STF passou a acolher a teoria da abstrativização do controle 
difuso. Assim, se o Plenário do STF decidir a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei ou ato 
normativo, ainda que em controle difuso, essa decisão terá os mesmos efeitos do controle concentrado, ou 
seja, eficácia erga omnes e vinculante. Houve mutação constitucional do art. 52, X, da CF/88. A nova 
interpretação deve ser a seguinte: quando o STF declara uma lei inconstitucional, mesmo em sede de controle 
difuso, a decisão já tem efeito vinculante e erga omnes e o STF apenas comunica ao Senado com o objetivo de 
que a referida Casa Legislativa dê publicidade daquilo que foi decidido. STF. Plenário. ADI 3406/RJ e ADI 
3470/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 29/11/2017 (Info 886). 
 
Recepção Constitucional: Quando uma nova Constituição entra em vigor, as normas infraconstitucionais 
materialmente compatíveis com a nova ordem constitucional são recepcionadas. 
 
Repristinação: A regra é que a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. No 
entanto, toda regra cabe exceções. 
 
Se o STF julga liminarmente uma ADI, incide o efeito repristinatório automático. Ou seja, a norma revogada 
volta a produzir efeitos. O mesmo ocorre em caso de julgamento definitivo de ADI, pois a lógica é, se a norma 
nasceu nula, não tinha como revogar a lei pretérita. 
 
Para Marcelo Novelino, nos casos em que a decisão proferida pelo STF declarar a inconstitucionalidade de uma 
lei com efeitos retroativos (ex tunc), a legislação anteriormente revogada voltará a produzir efeitos, desde que 
compatível com a Constituição. Ocorre, portanto, o fenômeno conhecido como efeito repristinatório tácito. 
Isso ocorre porque a lei inconstitucional é considerada um ato nulo, ou seja, com um vício de origem 
insanável. Sendo este vício reconhecido e declarado desde o surgimento da lei, não se pode admitir que ela 
tenha revogado uma lei válida. 
 
APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
 
 
NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA PLENA 
São aquelas que, desde a entrada em vigor da 
Constituição, produzem, ou têm possibilidade 
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de produzir, todos os efeitos que o legislador 
constituinte quis regular. São autoaplicáveis, é 
dizer, elas independem de lei posterior 
regulamentadora que lhes complete o alcance e 
o sentido; não-restringíveis, pois não poderá 
uma lei limitar sua aplicação; possuem 
aplicabilidade direta; imediata; integral. Ex.: o 
art. 12 da CF define quem são os brasileiros 
natos e naturalizados. 
NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA CONTIDA 
OU RESTRINGÍVEL 
São normas que estão aptas a produzir todos os 
seus efeitos desde o momento da promulgação 
da Constituição, mas que podem ser 
restringidas por parte do Poder Público. São 
autoaplicáveis; restringíveis, estão sujeitas a 
uma limitação imposta por lei. Aplicabilidade 
direta; imediata; possivelmente não integral. 
(emenda constitucional, tratado, leis). 
 
Ex. XII - é inviolável o sigilo da correspondência e 
das comunicações telegráficas, de dados e das 
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, 
por ordem judicial, nas hipóteses e na forma 
que a lei estabelecer para fins de investigação 
criminal ou instrução processual penal; XIII - é 
livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou 
profissão, atendidas as qualificações 
profissionais que a lei estabelecer; 
 
NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA 
 
São aquelas que dependem de regulamentação 
futura para produzirem todos os seus efeitos. 
Não-autoaplicáveis, ou seja, dependem de 
complementação legislativa; aplicabilidade 
indireta; mediata; reduzida. Ex.: art. 37, inciso 
VII, da CF/88, que trata do direito de greve dos 
servidores públicos. 
 
Subdividem-se em: 
 
Normas definidoras de princípio institutivo, 
orgânico ou organizativo: são normas pelas 
quais o legislador constituinte traça regras gerais 
de estruturação e atribuições de órgãos, 
entidades ou institutos para que o legislador 
ordinário, de forma detalhada, conceda 
densidade jurídica, estruturando, em definitivo, 
a norma em questão. Ex. art. 88, da CF/88, 
segundo o qual “a lei disporá sobre a criação e 
extinção de Ministérios e órgãos da 
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administração pública. ” 
 
Normas definidoras de princípio programático: são 
normas que traçam as metas e princípios para 
serem cumpridos pelos órgãos integrantes dos 
poderes públicos. Tais normas são voltadas para 
os órgãos estatais, exigindo destes a consecução 
de determinados programas tais como: 
realização da justiça social, valorização do 
trabalho ,amparo a família, combate ao 
analfabetismo. Ex. o art. 196 da CF (trata da 
saúde). 
 
 
NORMA DE EFICÁCIA EXAURIDA 
 
São normas que já cumpriram a sua função no 
ordenamento, mas não foram revogadas, como 
no caso do ADCT. 
 
 
 
HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL 
 
 
PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL 
UNIDADE DA 
CONSTITUIÇÃO 
A interpretação deve evitar a contradição entre normas constitucionais, que devem 
ser vistas em sua totalidade e não como normas isoladas. Não há hierarquia formal 
entre normas constitucionais, podendo haver hierarquia material (ex.: direito à 
vida). Isso explica a impossibilidade de haver norma constitucional originária 
declarada inconstitucional. 
MÁXIMA 
EFETIVIDADE 
Deve-se optar pela interpretação que dê maior efetividade e concretude à norma, 
evitando a sua não aplicabilidade. Visa, portanto, maximizar a norma, a fim de 
extrair dela todas as suas potencialidades. 
FORÇA 
NORMATIVA DA 
CONSTITUIÇÃO 
A Constituição, assim como as demais normais do ordenamento, possui eficácia e 
aplicabilidade, devendo ser interpretada da forma que melhor assegure a sua 
aplicação concreta. É uma autêntica norma jurídica e não uma mera proclamação 
política. 
CORREÇÃO 
FUNCIONAL, 
JUSTEZA OU 
CONFORMIDADE 
É corolário do princípio a separação de poderes. Traduz a ideia de que a 
intepretação das normais constitucionais não pode subverter o esquema de 
organização funcional estabelecido na Constituição. Deve-se verificar qual o espaço 
institucional próprio de cada Poder. É preferível sempreo “diálogo entre as 
instituições”. 
PRINCÍPIO DO 
EFEITO 
INTEGRADOR 
Busca que seja dada preferência às determinações que favoreçam a integração 
política e social e o reforço da unidade política. É, muitas vezes, associado ao 
princípio da unidade da constituição, justamente por ter como objetivo reforçar a 
unidade política. 
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HARMONIZAÇÃO 
OU 
CONCORDÂNCIA 
PRÁTICA 
Deve-se evitar o sacrifício total de uma das normais diante de um conflito, 
buscando-se a coexistência delas, através de uma ponderação de interesses no 
caso concreto. É consequência do princípio da unidade da constituição. 
INTERPRETAÇÃO 
CONFORME A 
CONSTITUIÇÃO 
Esse princípio, criado pela jurisprudência alemã, se aplica à interpretação das 
normas infraconstitucionais (e não da Constituição propriamente dita!). Trata- se 
de técnica interpretativa cujo objetivo é preservar a validade das normas, evitando 
que sejam declaradas inconstitucionais. Ao invés de se declarar a norma 
inconstitucional, o Tribunal busca dar-lhe uma interpretação que a conduza à 
constitucionalidade. A interpretação conforme pode ser de dois tipos: com ou sem 
redução do texto. 
 
a) Interpretação conforme com redução do texto: Nesse caso, a parte viciada é 
considerada inconstitucional, tendo sua eficácia suspensa. Como exemplo, tem-se 
que na ADI 1.127-8, o STF suspendeu liminarmente a expressão “ou desacato”, 
presente no art. 7º,§ 7º, do Estatuto da OAB. 
 
b) Interpretação conforme sem redução do texto: Nesse caso, exclui-se ou se 
atribui à norma um sentido, de modo a torná-la compatível com a Constituição. 
Pode ser concessiva (quando se concede à norma uma interpretação que lhe 
preserve a constitucionalidade) ou excludente (quando se exclua uma 
interpretação que poderia torná-la inconstitucional). 
 
MÉTODOS TRADICIONAIS DE INTERPRETAÇÃO 
 
GRAMATICAL: Também conhecido como literal ou filológico, busca extrair a norma jurídica do texto que a 
consagra. Nos casos mais fáceis, o elemento gramatical já fornece a resposta à questão jurídica, dando ensejo 
à subsunção. Já noutros casos, não será suficiente, embora o texto permaneça relevante. 
 
HISTÓRICO: Busca subsídios para interpretação jurídica na vontade do legislador. Examina-se a “occasio legis”, 
as razões que motivaram a decisão de um ato normativo, a exposição de motivos e os debates parlamentares. 
 
LÓGICO: esse elemento se refere à estruturação do pensamento, ou seja, a relação lógica na que se acham 
suas diversas partes. 
 
SISTEMÁTICO: preconiza que cada norma jurídica deve ser interpretada com considerações de todas as 
demais, e não de forma isolada. A partir dele, formulam-se postulados específicos: a unidade da Constituição e 
a concordância prática. 
 
TELEOLÓGICO: busca a finalidade subjacente ao preceito a ser interpretado. 
 
MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA NOVA HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL 
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MÉTODO JURÍDICO (hermenêutico clássico) – considera que a Constituição é uma lei como qualquer outra, 
devendo ser interpretada usando as regras da Hermenêutica Constitucional, ou seja, elementos literal 
(textual), lógico (sistemático), histórico, teleológico e genético. 
 
MÉTODO TÓPICO PROBLEMÁTICO (Theodor Viehweg) – Há prevalência do problema sobre a norma, ou seja, 
busca-se solucionar determinado problema por meio da interpretação de norma constitucional. Esse método 
parte das premissas que (i) a interpretação tem caráter prático, pois busca resolver problemas concretos; (ii) a 
norma constitucional é aberta, de significado indeterminado. 
 
MÉTODO HERMENÊUTICO CONCRETIZADOR (Konrad Hesse) – a leitura da constituição inicia pela pré-
compreensão do seu sentido pelo intérprete, a quem cabe aplicar a norma para resolução de uma situação 
concreta. Valoriza a atividade interpretativa e as circunstâncias nas quais esta se desenvolve, promovendo 
uma relação entre o texto e contexto, transformando a interpretação em um movimento de “ir e vir” 
denominado círculo hermenêutico. Esse método se diferencia do método tópico problemático porque 
enquanto este pressupõe a primazia do problema sobre a norma, aquele se baseia na prevalência do texto 
constitucional sobre o problema. 
 
MÉTODO INTEGRATIVO OU CIENTÍFICO ESPIRITUAL (Rudolf Smend) – A interpretação da constituição deve 
considerar a ordem ou o sistema de valores subjacentes ao texto constitucional. Deve ser interpretada como 
um todo, dentro da realidade do Estado. 
 
MÉTODO NORMATIVO ESTRUTURANTE (Friederich Muller) – considera que a norma jurídica é diferente do 
texto normativo: esta é mais ampla que aquele, pois resulta não só da atividade legislativa, mas igualmente da 
jurisdicional e da administrativa. Assim, para se interpretar a norma, deve-se utilizar tanto seu texto quanto a 
verificação de como se dá sua aplicação à realidade social (contexto). A norma seria o resultado da 
interpretação do texto aliado ao contexto. 
 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
 
O controle de constitucionalidade consiste na verificação da compatibilidade dos atos infraconstitucionais 
com a Constituição. Em razão da supremacia da Constituição, todo o ordenamento jurídico infraconstitucional 
deve ser compatível com os preceitos constitucionais, sob pena de invalidade. 
 
A doutrina costuma citar como pressupostos para o controle de constitucionalidade a rigidez constitucional, a 
supremacia e a existência de órgão incumbido do exercício do controle. A rigidez manifestando-se por meio 
de seu quórum especial de modificação e do processo legislativo mais prolongado. Supremacia da 
Constituição: a constituição possui nível hierárquico superior a todas as demais normas sem caráter 
constitucional. 
 
Evolução do controle de constitucionalidade no Brasil: 
 
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82 
 
Constituição do Império de 1824: não estabeleceu qualquer sistema de controle, consagrando o dogma da 
soberania do Parlamento. Somente o Órgão Legislativo poderia saber o verdadeiro sentido da norma. Outro 
problema da Constituição de 1824 era o modelo semi-rígido adotado, no qual nem todas as matérias previstas 
na Carta eram materialmente constitucionais. 
 
Constituição da República de 1891: Apesar de se propagar isso, não foi com essa Constituição que surgiu o 
controle difuso de constitucionalidade. Nasceu, pois, com a Constituição Provisória, Decreto nº 510 de 1890. 
Na Constituição provisória foi previsto o surgimento do atual STF, AFIRMANDO SER COMPETÊNCIA DO 
CONGRESSO A GUARDA DA CONSTITUIÇÃO E DAS LEIS, MAS NÃO MAIS A COMPETÊNCIA DE INTERPRETAR. A 
CR/1891, porém, consagrou definitivamente o controle difuso. 
 
Constituição da República de 1934: Previu também a necessidade da maioria absoluta de voto dos juízes para 
que os Tribunais pudessem declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato do Poder Público. Surgiu a 
participação do Senado para dar efeitos erga omnes das leis declaradas inconstitucionais pelo Poder Judiciário 
no controle difuso. A Constituição de 34 traz o primeiro mecanismo de controle concentrado do Supremo 
Tribunal Federal, que é a ação de inconstitucionalidade interventiva, a representação de 
inconstitucionalidade interventiva. Criação da reserva de plenário. 
 
Constituição da República de 1937: Representou um retrocesso. Continuou prevendo a declaração judicial de 
inconstitucionalidade da lei ou do ato do Presidente. Entretanto, se declarada a inconstitucionalidade, poderia 
o Presidente submeter a lei novamente ao parlamento, o qual poderia confirmá-la por 2/3 dos votos, ficando 
sem efeito a decisão judicial. 
 
Constituição da República de 1946: Introduziu-se a ADIN genérica (controle abstrato concentrado) com a EC 
nº 16/1965. Porém, a única autoridade que poderia originalmente propor a ADIN era o PGR. Introduziu 
também a Representação de Inconstitucionalidade Interventiva com ela é hoje. 
 
Constituiçõesde 1967 e 1969: Não trouxeram inovações significativas em sede de controle de 
constitucionalidade. 
 
Constituição da República de 1988: Ampliou os legitimados para propor ADI. Criou a ADO. Previu a 
participação do PGR nas ações de inconstitucionalidade perante o STF e estabeleceu que o AGU deveria fazer a 
defesa, salvo na ADC. Criou a ADPF. A EC nº 03/1993 criou a ADC para ato normativo federal, dando-lhe força 
vinculante, com legitimidade inicial menor do que a ADI. A EC nº 45/2004 estendeu expressamente o efeito 
vinculante da ADC para a ADIN e igualou a legitimidade de ambas. A EC nº 45/2004 introduziu a exigência da 
repercussão geral e a Súmula Vinculante. 
 
Parâmetro e bloco de constitucionalidade: 
 
Parâmetro: são as normas que servirão como referência para que o Tribunal analise se determinada lei é ou 
não inconstitucional. Não confundir com objeto, que é a norma que está sendo questionada. 
 
Bloco de constitucionalidade: Em sentido amplo abrange não apenas as normas constitucionais (inclusive 
preâmbulo), mas também normas infraconstitucionais. Em sentido estrito, adotado pelo STF, CF, os princípios 
implícitos e os Tratados de DH aprovados a forma do art. 5 §3º. #LEMBRA: Preâmbulo não integra o bloco de 
constitucionalidade e nem normas de eficácia exaurida do ADCT. 
 
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Preâmbulo: 
 
Força normativa. 
 
a) tese da irrelevância jurídica: o preâmbulo está no âmbito da política, portanto, não possui relevância 
jurídica; não é de repetição obrigatória nas constituições estaduais e nem é parâmetro para controle de 
constitucionalidade. Adotado pelo STF. 
 
b) tese da plena eficácia: o preâmbulo tem a mesma eficácia jurídica das normas constitucionais; é de 
repetição obrigatória e é parâmetro de controle de constitucionalidade. 
 
c) tese da relevância jurídica indireta: o preâmbulo faz parte das características jurídicas da Constituição 
Federal, entretanto, não deve ser confundido com as demais normas jurídicas desta. 
 
Modelos de controle de constitucionalidade: 
 
Modelo Norte-Americano: 
 
O modelo norte-americano de controle de constitucionalidade caracteriza-se por permitir que qualquer juiz ou 
tribunal, ante um caso concreto, possa analisar a compatibilidade das leis e dos atos do poder público em face 
da Constituição. É um controle puramente judicial (reservado apenas aos órgãos do Poder Judiciário) difuso 
(todos os órgãos do poder judiciário podem exercê-lo), incidental ou indireto (só se realiza dentro de um 
processo judicial em curso, como uma questão prejudicial ao mérito) e subjetivo (desenvolvido em razão de 
um conflito de interesses subjetivos postos em juízo). Não obstante qualquer juízo ou tribunal ter a faculdade 
jurídica de declarar a inconstitucionalidade no caso concreto, é importante ressaltar que os pronunciamentos 
de Suprema Corte tomam repercussão especial, sobretudo diante do princípio do stare decisis. Por este 
princípio, as decisões e precedentes da Suprema Corte Norte-Americana têm eficácia vinculante, 
transformando-se na última e definitiva palavra sobre as questões constitucionais naquele país. A CF de 1891 
trouxe pela primeira vez o controle difuso. 
 
#DEOLHONAJURIS: Abstrativização do controle difuso. Se uma lei ou ato normativo é declarado 
inconstitucional pelo STF, incidentalmente, ou seja, em sede de controle difuso, essa decisão, assim como 
acontece no controle abstrato, também produz eficácia erga omnes e efeitos vinculantes. O STF passou a 
acolher a teoria da abstrativização do controle difuso. Assim, se o Plenário do STF decidir a constitucionalidade 
ou inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, ainda que em controle difuso, essa decisão terá os 
mesmos efeitos do controle concentrado, ou seja, eficácia erga omnes e vinculante. Houve mutação 
constitucional do art. 52, X, da CF/88. A nova interpretação deve ser a seguinte: quando o STF declara uma lei 
inconstitucional, mesmo em sede de controle difuso, a decisão já tem efeito vinculante e erga omnes e o STF 
apenas comunica ao Senado com o objetivo de que a referida Casa Legislativa dê publicidade daquilo que foi 
decidido. STF. Plenário. ADI 3406/RJ e ADI 3470/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 29/11/2017 (Info 886). 
 
Modelo Austríaco-alemão: 
 
Hans Kelsen foi o grande idealizador do modelo de controle de constitucionalidade instituído na Áustria pela 
Constituição de 1920 e aprimorado na reforma de 1929. Em tal sistema, conferiu-se a um único órgão central 
o poder de pronunciar a inconstitucionalidade das normas. Este órgão chamado de Tribunal Constitucional, 
detém, com exclusividade, o dever de analisar “concentradamente” a compatibilidade de qualquer lei ou ato 
normativo em face do texto constitucional. 
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O Tribunal constitucional, no modelo proposto por Kelsen, é apartado e independente da estrutura ordinária 
do Poder Judiciário. Ele não julga qualquer demanda concreta, não julga conflito de interesses subjetivos. A 
atividade da Corte Constitucional é plenamente objetiva, ou seja, analisa apenas a compatibilidade da norma 
em face da constituição, abstratamente. O Tribunal age como um verdadeiro legislador negativo. 
 
No modelo austríaco, as questões constitucionais podem ser remetidas para decisão do Tribunal 
Constitucional por via principal (através de órgãos políticos legitimados) e por via incidental (em sede de um 
litígio em trâmite perante o poder judiciário), mas a decisão sempre é objetiva. Esse sistema surge no Brasil 
em 1934, através da previsão da Representação Interventiva, que hoje é a ADI interventiva. E a primeira vez 
que foi criado o controle concentrado abstrato foi com a EC 16/65, que trouxe a representação de 
inconstitucionalidade, tendo como único legitimado o PGR. 
 
Controle preventivo x Controle repressivo: 
 
CONTROLE PREVENTIVO CONTROLE REPRESSIVO 
Impede a inserção no sistema normativo de normas 
que padeçam de vícios. É realizado durante o 
processo legislativo de formação do ato 
normativo, pelo Legislativo, pelo Executivo e pelo 
Judiciário. 
 
 
 
 
 
 
Sobre a lei geradora de efeitos potenciais ou 
efetivos. O controle posterior ou repressivo será 
realizado sobre a lei, e não mais sobre o projeto 
de lei, como ocorre no controle preventivo. Os 
órgãos de controle verificarão se a lei, ou ato 
normativo, ou qualquer ato com indiscutível 
caráter normativo, possuem um vício formal 
(produzido durante o processo de sua formação), 
ou se possuem um vício em seu conteúdo, qual 
seja, um vício material. 
Legislativo: O legislativo verificará, através de suas 
comissões de constituição e justiça, se o projeto 
de lei, que poderá virar lei, contém algum vício a 
ensejar a inconstitucionalidade. O plenário das 
referidas Casas também poderá verificar a 
inconstitucionalidade do projeto de lei, o mesmo 
podendo ser feito durante as votações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Controle político: Verifica-se em Estados onde o 
controle é exercido por um órgão distinto dos 
três Poderes, órgão esse garantidor da 
supremacia da Constituição. 
 
Controle jurisdicional: O sistema de controle 
jurisdicional dos atos normativos é realizado pelo 
Poder Judiciário, tanto por um único órgão 
(controle concentrado) — no caso do direito 
brasileiro, pelo STF e pelo TJ — como por 
qualquer juiz ou tribunal (controle difuso), 
admitindo, naturalmente, o seu exercício por 
juízes em estágio probatório, ou seja, sem terem 
sido vitaliciados, bem como por juízes dos 
juizados especiais. 
 
O Brasil adotou o sistema jurisdicional misto, porque 
realizado pelo Poder Judiciário — daí ser 
jurisdicional —, tanto de forma concentrada 
(controle concentrado) como por qualquer juiz 
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ou tribunal (controle difuso). 
 
Controle híbrido: No controle que chamamos de 
híbrido, temos uma mistura dos outros dois 
sistemas acima noticiados. Assim, algumas 
normassão levadas a controle perante um órgão 
distinto dos três Poderes (controle político), 
enquanto outras são apreciadas pelo poder 
judiciário (controle jurisdicional). 
 
Executivo: o Chefe do Executivo, aprovado o projeto 
de lei, poderá sancioná-lo (caso concorde) ou 
vetá-lo. O veto dar-se-á quando o Chefe do 
Executivo considerar o projeto de lei 
inconstitucional (veto jurídico) ou contrário ao 
interesse público (veto político). 
 
 
 
 
 
 
 
Órgãos administrativos autônomos de controle 
(TCU, CNJ e CNMP) exercem controle de 
constitucionalidade? Não! Poderão, no caso 
concreto, reconhecer a desconformidade formal 
ou material de normas jurídicas, incompatíveis 
com a manifestação constituinte originária. 
Sendo assim, os Tribunais de Contas podem 
deixar de aplicar ato por considerá-lo 
inconstitucional, bem como sustar outros atos 
praticados com base em leis vulneradoras da 
Constituição. 
 
Judiciário: O controle prévio ou preventivo de 
constitucionalidade a ser realizado pelo Poder 
Judiciário sobre PEC ou projeto de lei em trâmite 
na Casa Legislativa busca garantir ao parlamentar 
o respeito ao devido processo legislativo, 
vedando a sua participação em procedimento 
desconforme com as regras da Constituição. A 
legitimação para a impetração do MS é exclusiva 
do parlamentar. A perda superveniente de 
titularidade do mandato legislativo desqualifica a 
legitimação ativa do congressista, causando a 
extinção do processo de mandado de segurança. 
Partindo de um critério subjetivo ou orgânico, o 
controle judicial de constitucionalidade poderá 
ser difuso (qualquer juiz ou tribunal podem) ou 
concentrado (competência originária do órgão). 
 
 
Espécies de inconstitucionalidade: 
 
Quanto ao objeto: 
 
Inconstitucionalidade por AÇÃO: Ocorre quando um ato estatal viola preceitos constitucionais. 
 
Inconstitucionalidade por OMISSÃO: Ocorre quando um poder do Estado deixa de fazer algo que a 
Constituição determina. É necessário o DEVER CONSTITUCINAL de legislar + MORA legislativa. 
 
Quanto à natureza do vício: 
 
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Inconstitucionalidade MATERIAL (nomoestática): Incompatibilidade substantiva, ou seja, de conteúdo. 
 
Inconstitucionalidade FORMAL (nomodinâmica): ato normativo que não seguiu o processo legislativo 
constitucionalmente previsto ou não foi iniciado por um dos legitimados. 
 
Subjetiva (vício de iniciativa). Ex: presidente tem iniciativa exclusiva nas matérias constantes do art. 61, § 1º, 
CF. Impende ressaltar que o vício de iniciativa formal não pode ser convalidado pela sanção presidencial. 
 
Objetiva: guarda pertinência com o processo legislativo em si, nas demais fases posteriores à iniciativa 
legislativa. Ex: quórum de aprovação de LC ou EC. 
 
Orgânica: vício de competência. 
 
Por violação aos pressupostos objetivos do ato: violação de pressupostos definidos na constituição como 
elementos determinantes de competência para órgãos legislativos no exercício da função legiferante. Ex. A 
relevância e urgência no caso da Medida Provisória. 
 
Quanto à extensão do vício: 
 
Total: todo o ato normativo ou administrativo é inconstitucional. A inconstitucionalidade formal sempre leva à 
inconstitucionalidade total, ao passo em que a inconstitucionalidade material possibilita a manutenção da lei 
ou ato normativo na parte em que compatível com a Constituição Federal. 
 
Parcial: apenas partes dele o é. A inconstitucionalidade parcial poderá ser declarada inconstitucional apenas 
parte ou palavra do texto, desde que o Poder Judiciário não subverta o sentido da lei. Isso é chamado de 
PRINCÍPIO DA PARCELARIDADE. 
 
Quanto ao momento do vício: 
 
Inconstitucionalidade ORIGINÁRIA: Congênita à norma, que já nasce inconstitucional. 
Inconstitucionalidade SUPERVENIENTE (PROGRESSIVA) ou Declaração de Inconstitucionalidade Restrita ou 
Norma Ainda Constitucional ou norma em transito para inconstitucionalidade: A norma nasce constitucional, 
mas vai se tornando inconstitucional em momento posterior, isso ocorre em razão das mudanças fáticas ou da 
mutação constitucional. Ex. o artigo 68, CPP prevê a legitimidade do MP para a propositura de ação civil ex 
delicto quando a vítima é hipossuficiente. 
 
#NÃOCONFUNDA: 
 
Constitucionalidade superveniente Inconstitucionalidade superveniente 
Fenômeno pelo qual uma lei ou ato normativo que 
tenha “nascido” com algum vício de 
inconstitucionalidade, seja formal ou material, e se 
Fenômeno pelo qual uma lei ou ato normativo 
que “nasceu perfeita”, sem nenhum tipo de 
vício de inconstitucionalidade, vem a se 
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constitucionaliza. Esse fenômeno é inadmitido na 
medida em que o vício congênito não se convalida. 
tornar inconstitucional. Em regra, esse 
fenômeno não é observado. 
 
Se a lei foi editada antes do advento de uma nova Constituição, duas situações surgem: 
 
- A lei é compatível e será recepcionada; ou 
 
- A lei é incompatível e, então, nesse caso, será revogada por não recepção. 
 
Para se falar em controle de constitucionalidade, a lei tem que ter sido editada na vigência do texto de 1988 e 
ser confrontada (parâmetro de controle) perante a CF/88 ou toda normatividade que tenha status de 
Constituição, dentro de uma perspectiva de “bloco de constitucionalidade”. 
 
#SELIGA: 
 
A regra da impossibilidade de inconstitucionalidade superveniente, contudo, apresenta duas exceções: a) 
mutação constitucional; b) mudança no substrato fático da norma. 
 
No primeiro caso (mutação constitucional), a redação do dispositivo da Constituição não é alterada, mas o seu 
sentido interpretativo muda, surgindo, então, uma nova norma jurídica. A lei, então, que nasceu 
constitucional, tornar-se-ia inconstitucional em razão da mudança no sentido interpretativo do parâmetro de 
constitucionalidade. Ex. casamento homoafetivo. 
 
No segundo caso (mudança no substrato fático da norma), não se tem uma alteração no parâmetro da 
Constituição, mas nos novos aspectos de fato que surgem e que não eram claros no momento da primeira 
interpretação. Ex. Em um primeiro momento, o STF pronunciou-se no sentido de se declarar a 
constitucionalidade da lei federal que admitia o uso controlado de uma das modalidades do amianto (asbesto 
branco). Em momento seguinte, em razão da mudança no substrato fático da norma, referida disposição se 
tornou inconstitucional, passando a norma por um processo de inconstitucionalização. Percebam, seja na 
primeira interpretação, seja 22 anos depois quando houve a mudança de entendimento, a Constituição 
sempre proibiu substâncias que fizessem mal à saúde ou ao meio ambiente. O que se observou foi um novo 
diagnóstico do potencial de violação à saúde, inclusive em razão dos avanços tecnológicos e de pesquisa. 
 
#OLHAOGANCHO: 
 
Mutação constitucional ou vicissitude constitucional tácita/ mudança constitucional silenciosa/ processo 
informação de mudança da constituição: 
 
Conceito: é a mudança informal da Constituição, permitindo a releitura do seu texto à luz dos novos fatos 
sociais, econômicos, políticos e culturais. 
 
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Permite que a Constituição esteja sempre conectada com a realidade do país. São processos informais de 
alteração do conteúdo da CF sem que haja modificação em seu texto, não se trata de alteração formal 
realizada pelo poder constituinte reformador. 
 
Inconstitucionalidade DIRETA: Desconformidade entre leis ou outros atos normativos primários e a 
Constituição. 
 
Inconstitucionalidade INDIRETA (reflexa): O vício não decorre da violação direta da Constituição, mas sim de 
outro ato normativo no qual encontra fundamento. STF entende que é o caso de ilegalidade. 
 
Inconstitucionalidade DERIVADA (consequente) ou por reverberação normativa, por atração, consequencial: 
a declaração de inconstitucionalidade da norma regulamentada (primária)acaba por ensejar automaticamente 
o reconhecimento da invalidade das normas regulamentadoras (secundárias). 
 
Vertical: quando uma norma inferior é também declarada inconstitucional em decorrência da declaração de 
inconstitucionalidade da norma superior, como ocorre com os decretos regulamentares. 
 
Horizontal: quando uma norma do mesmo nível hierárquico também é declarada inconstitucional, por ser 
regulamentadora da norma que foi reconhecida como inconstitucional. Geralmente ocorre dentro de uma 
mesma lei, quando, por exemplo, o art. 5º vem dispondo sobre o art. 4º, que foi objeto de ADIN. 
 
Inconstitucionalidade circunstancial: A aplicação de uma lei pode ser inconstitucional em determinado caso 
concreto, embora seja ela formalmente constitucional. 
 
Inconstitucionalidade chapada, enlouquecida, desvairada: flagrante e evidente inconstitucionalidade. 
 
Cláusula de reserva de plenário: 
 
A chamada “cláusula de reserva de plenário” significa que, se um Tribunal for declarar a inconstitucionalidade 
de uma lei ou ato normativo, é obrigatório que essa declaração de inconstitucionalidade seja feita pelo voto 
da maioria absoluta do Plenário ou do órgão especial deste Tribunal. Esta exigência da cláusula de reserva de 
plenário tem como objetivo conferir maior segurança jurídica para as decisões dos Tribunais, evitando que, 
dentro de um mesmo Tribunal, haja posições divergentes acerca da constitucionalidade de um dispositivo, 
gerando instabilidade e incerteza. 
 
Art. 97. CF. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão 
especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. 
 
Súmula Vinculante 10: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de 
tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder 
Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte. 
 
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Não há de se falar em ofensa à cláusula de reserva de plenário (art. 97 da Constituição da República) e ao 
enunciado 10 da Súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal quando não haja declaração de 
inconstitucionalidade dos dispositivos legais tidos por violados, tampouco afastamento desses, mas tão 
somente a interpretação do direito infraconstitucional aplicável ao caso, com base na jurisprudência do STJ. 
STJ. 1ª Turma. AgInt nos EDcl no RMS 64.859/ES, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 21/03/2022. 
 
#FOCANATABELA: 
 
EXCEÇÕES À CLAUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO 
- Art. 949, p. u., do CPC: 
* quando o Plenário (ou órgão especial) do Tribunal que estiver decidindo já tiver se manifestado pela 
inconstitucionalidade da norma; 
* quando o Plenário do STF já tiver decidido que a norma em análise é inconstitucional; 
 - Se o órgão fracionário declarar a constitucionalidade da norma; 
- Se a lei ou ato normativo for anterior ao texto da Constituição Federal; 
- Se o órgão fracionário faz apenas uma interpretação conforme; 
 - Para juízos singulares; 
 - Para Turmas Recursais (Colégios Recursais); 
- Para o STF no caso de controle difuso; 
 
O afastamento de norma legal por órgão fracionário, de modo a revelar o esvaziamento da eficácia do 
preceito, implica contrariedade à cláusula de reserva de plenário e ao Enunciado 10 da Súmula Vinculante. 
Caso concreto: a 4ª Turma do TRF da 1ª Região, ou seja, um órgão fracionário do TRF1, ao julgar apelação, 
permitiu que uma empresa comercializasse determinada espécie de cigarro mesmo isso sendo contrário às 
regras do Decreto nº 7.212/2010. Embora não tenha declarado expressamente a inconstitucionalidade do 
Decreto, a 4ª Turma afirmou que ele seria contrário ao princípio da livre concorrência, que é previsto no art. 
170, IV, da CF/88. Ao desobrigar a empresa de cumprir as regras do decreto afirmando que ele violaria o 
princípio da livre iniciativa, o que a 4ª Turma fez foi julgar o decreto inconstitucional. Ocorre que isso deveria 
ter sido feito respeitando-se a cláusula de reserva de plenário, conforme explicitado na SV 10: Súmula 
vinculante 10-STF: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de 
tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder 
Público, afasta a sua incidência no todo ou em parte. STF. 1ª Turma. RE 635088 AgR-segundo/DF, rel. Min. 
Marco Aurélio, julgado em 4/2/2020 (Info 965). 
 
Sociedade de economia mista realizou concurso público para advogado da empresa. 
 
Mesmo havendo aprovados no certame, que ainda estava dentro do prazo de vigência, a empresa decidiu 
contratar um escritório de advocacia para realizar os serviços jurídicos. 
 
Diante disso, uma das Turmas do TRT reconheceu que houve preterição dos aprovados e determinou a 
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nomeação. Ao assim decidir, a Turma do TRT disse que não se aplicava, ao caso, o art. 25, § 1º, da Lei nº 
8.987/95. Essa decisão da Turma do TRT (órgão fracionário do Tribunal) não viola a SV 10. Isso porque o 
enfoque do acórdão do TRT não era a terceirização dos serviços, mas sim a preterição arbitrária praticada pela 
Administração Pública. STF. 1ª Turma. Rcl 29307 AgR/PB, Rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. 
Rosa Weber, julgado em 4/12/2018 (Info 926) 
 
#ATENÇÃO: Conquanto analisada no controle difuso, a cláusula de reserva de plenário aplica-se também no 
controle concentrado, seja por disposição legal, seja em razão de decisões do Supremo. #OLHAAJURIS:(...) - 
A estrita observância, pelos Tribunais em geral, do postulado da reserva de plenário, inscrito no art. 97 da 
Constituição, atua como pressuposto de validade e de eficácia jurídicas da própria declaração jurisdicional de 
inconstitucionalidade dos atos do Poder Público. Doutrina. Jurisprudência. – A inconstitucionalidade de leis ou 
de outros atos estatais somente pode ser declarada, quer em sede de fiscalização abstrata (método 
concentrado), quer em sede de controle incidental (método difuso), pelo voto da maioria absoluta dos 
membros integrantes do Tribunal, reunidos em sessão plenária ou, onde houver, no respectivo órgão 
especial... (AI 472897 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 18/09/2007) 
 
#SELIGA: Controle Difuso em Ação Civil Pública: Para que uma ACP possa ser admitida como instrumento de 
controle de constitucionalidade, a alegação de inconstitucionalidade deve ser apenas fundamento do pedido, 
questão incidental ou causa de pedir, mas não o pedido propriamente dito. Do contrário, poderia a ACP ser 
utilizada como uma espécie de ADI, usurpando a competência do STF. 
 
Controle abstrato de constitucionalidade: 
 
Legitimados: I – o Presidente da República; (U) II – a Mesa do Senado Federal; (U) III - a Mesa da Câmara dos 
Deputados; (Mesa do CN NÃÃÃO); IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito 
Federal; (E) V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; (E) VI – o Procurador-Geral da República; (U) 
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; (U) VIII - partido político com representação no 
Congresso Nacional; (U) IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. (E) 
 
#FOCANATABELA: 
 
LEGITIMADOS ATIVOS 
UNIVERSAIS (NEUTROS) ESPECIAIS (NÃO UNIVERSAIS) 
São aqueles que podem propor ADI e ADC contra leis 
ou atos normativos que versem sobre qualquer 
matéria, sem a necessidade de comprovar 
interesse específico no julgamento da ação. 
São aqueles que somente podem propor ADI e ADC 
contra leis ou atos normativos que tratem sobre 
matérias que digam respeito às funções ou 
objetivos do órgão ou entidade. O autor especial 
terá que provar o seu interesse específico no 
julgamento daquela ação. 
 
Terá que ser provada a pertinência temáticaentre a 
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norma impugnada e os objetivos do autor da 
ação. 
• Presidente da República; 
• Mesa do Senado e Mesa da Câmara; 
• Procurador-Geral da República; 
• Conselho Federal da OAB; 
• Partido político com representação no CN. 
• Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara 
Legislativa do DF; 
• Governador de Estado/DF; 
• Confederação sindical; 
• Entidade de classe de âmbito nacional. 
 
Os legitimados universais não precisam, segundo o STF, demonstrar a pertinência temática. E o que seria 
pertinência temática? É um nexo de afinidade entre os objetivos institucionais da entidade que ajuíza a ADIN 
e o conteúdo material da norma por ela impugnada nessa sede processual. Legitimados ESPECIAIS devem 
demonstrar pertinência temática. 
 
Legitimidade passiva: quaisquer autoridades de que emanem atos normativos ou administrativos. 
 
Litisconsórcio Ativo e Passivo: É possível o litisconsórcio ativo facultativo. O litisconsórcio passivo será 
necessário quando mais de um órgão tiver participado da edição da norma objeto da ADI. Exemplo: uma lei 
que tenha sido aprovado pelo CN e sancionado pelo PR, terá como polo passivo, como requeridos, o CN e o 
PR. 
 
#SELIGA: O efeito vinculante em ADI e ADC, na linha de interpretação dada pelo STF, não atinge o Poder 
Legislativo no exercício de sua função típica de legislar, produzindo eficácia contra todos e efeito vinculante, 
relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta, nas esferas 
federal, estadual e municipal. Se atingisse o legislativo ocorreria a fossilização da Constituição. O Legislativo, 
assim, poderá, inclusive, legislar em sentido diverso da decisão dada pelo STF, ou mesmo contrário a ela, sob 
pena, em sendo vedada essa atividade, de significar inegável petrificação da evolução social. 
 
#DEOLHONAJURIS: 
 
É irrecorrível a decisão que indefere o pedido de ingresso na condição de amicus curiae. 
A diretriz vigora também relativamente a processos de índole subjetiva (RE 1017365 AgR, Relator(a): EDSON 
FACHIN, Tribunal Pleno, DJe de 24/9/2020). STF. Plenário. Inq 4888 AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, 
julgado em 22/08/2022. 
 
Os Estados-membros da Federação, no exercício da competência outorgada pela Constituição Federal (art. 25, 
caput, c/c art. 125, § 2º, CF), não podem afastar a legitimidade ativa do Chefe do Ministério Público estadual 
para propositura de ação direta de inconstitucionalidade perante o Tribunal de Justiça local. STF. Plenário. ADI 
5.693/CE, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 18/11/2021. 
 
Governador de Estado afastado cautelarmente de suas funções — por força do recebimento de denúncia por 
crime comum — não tem legitimidade ativa para a propositura de ação direta de inconstitucionalidade. STF. 
Plenário. ADI 6728 AgR/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 30/4/2021 (Info 1015). 
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CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE 
Processo objetivo: não há partes; 
Causa de pedir aberta: o STF pode reconhecer a inconstitucionalidade em face de artigo diverso do 
apontado pelo autor da ação. Apesar da causa de pedir ser aberta, o pedido deve ser fechado. 
Competência: STF ou TJ (no caso de controle estadual). 
Legitimados: art. 103, CF. 
Decisão de mérito: 
- Eficácia erga omnes e efeito vinculante; 
- Eficácia temporal: Ex tunc (regra); 
- Modulação temporal: quórum de dois terços; razões de segurança jurídica ou excepcional interesse social; 
- Efeito repristinatório tácito (ADI). 
ADI 
COMPETÊNCIA STF 
OBJETO 
Lei/ato normativo; 
Federal/estadual; 
Posterior ao parâmetro constitucional violado. 
PARÂMETRO 
Norma formalmente constitucional; 
Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos (aprovados por 3/5 
dos membros e em dois turnos). 
LIMINAR 
Eficácia erga omnes e efeito vinculante; 
Suspende a eficácia da norma impugnada e o julgamento dos processos que a 
envolvam; 
Eficácia temporal: ex nunc (regra). 
ADC 
COMPETÊNCIA STF 
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OBJETO 
Lei/ato normativo; 
Federal; 
Posterior ao parâmetro - constitucional violado. 
PARÂMETRO 
Norma formalmente constitucional; 
Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos (aprovados por 3/5 
dos membros e em dois turnos). 
LIMINAR 
Eficácia erga omnes e efeito vinculante; 
Suspende julgamento dos processos; 
ADPF 
COMPETÊNCIA STF 
OBJETO 
Ato do poder público; 
Federal/estadual/municipal; 
Anterior/posterior ao preceito fundamental violado. 
PARÂMETRO "Preceito fundamental". 
LIMINAR 
Eficácia erga omnes e efeito vinculante; 
Suspende processos, efeitos de decisões judiciais ou qualquer outra medida 
relacionada à matéria (salvo se decorrentes da coisa julgada); 
Eficácia temporal: ex nunc (regra). 
ADO 
COMPETÊNCIA STF 
LEGITIMIDADE PASSIVA Autoridades ou órgãos responsáveis pela medida. 
PARÂMETRO 
Norma constitucional dependente de medida intermediadora para ter plena 
efetividade. 
LIMINAR 
Suspensão da aplicação de lei ou ato normativo (omissão parcial) ou de 
processos judiciais e administrativos 
Fixação de outras providências 
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DECISÃO DE MÉRITO 
Ciência ao poder competente para suprir a omissão; 
Órgão administrativo: 30 dias ou prazo razoável; 
Poder Legislativo: não há prazo. 
 
#DEOLHONAJURIS: Caso concreto: partido político ajuizou ADPF alegando que determinados discursos, 
pronunciamentos e comportamentos do Presidente da República, de Ministros de Estado e de outros 
integrantes do alto escalão do Poder Executivo federal representariam violação de preceitos fundamentais do 
Estado Democrático de Direito e do direito à saúde. O autor pediu “que o Presidente da República, bem como 
todos os seus Ministros e auxiliares imediatos pautem doravante seus atos, práticas, discursos e 
pronunciamentos em conformidade com os princípios constitucionais suprarreferidos.” 
O STF não conheceu da ADPF. Na ação, o partido pede, em síntese, que o STF profira comando judicial para 
que o Presidente da República e seus auxiliares cumpram a Constituição. Ocorre que isso já é óbvio. À luz do 
constitucionalismo contemporâneo, não há qualquer dúvida de que a supremacia constitucional é o postulado 
sobre o qual se assenta a validade de todos os atos estatais. Mostra-se inócua e desprovida de qualquer 
utilidade provocar o Poder Judiciário objetivando, única e exclusivamente, declarar que as autoridades 
públicas estão sujeitas à ordem constitucional. Em um Estado Democrático de Direito, como o Brasil, nenhum 
ato jurídico pode ser praticado validamente à margem da Constituição. Transgressões aos princípios e regras 
constitucionais praticadas por autoridades públicas ou particulares, quando ocorrem, exigem a intervenção 
judicial, em caráter preventivo ou repressivo, diante de situações concretas e específicas, e não por meio de 
uma ação de controle concentrado de constitucionalidade. STF. Plenário. ADPF 686/DF, Rel. Min. Rosa Weber, 
julgado em 18/10/2021 (Info 1034). 
#NÃOCONFUNDA: 
MANDADO DE INJUNÇÃO ADI POR OMISSÃO 
Natureza e finalidade 
Trata-se de processo no qual é discutido um direito 
subjetivo. A finalidade é viabilizar o exercício de um 
direito. Há, portanto, controle concreto de 
constitucionalidade. 
Natureza e finalidade 
A finalidade é declarar que há uma omissão, já que 
não existe determinada medida necessária para 
tornar efetiva uma norma constitucional. 
Estamos diante, portanto, de processo objetivo, em 
que há controle abstrato de constitucionalidade. 
Cabimento 
Cabível quando faltar norma regulamentadora de 
direitos e liberdades constitucionais e das 
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e 
à cidadania. 
Cabimento 
Cabível quando faltar norma regulamentadora 
relacionada com qualquer norma constitucional de 
eficácia limitada.NFPSS | RETA FINAL - MPMG 
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Legitimados ativos 
MI individual: pessoas naturais ou jurídicas que se 
afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das 
prerrogativas. 
MI coletivo: estão previstos no art. 12 da Lei nº 
13.300/2016. 
Legitimados ativos 
 
Os legitimados da ADI por omissão estão descritos no 
art. 103 da CF/88. 
Competência 
A competência para julgar a ação dependerá da 
autoridade que figura no polo passivo e que possui 
atribuição para editar a norma. 
Competência 
Se relacionada com norma da CF/88: STF. 
Se relacionada com norma da CE: TJ. 
Efeitos da decisão 
Reconhecido o estado de mora legislativa, será 
deferida a injunção para: 
I - determinar prazo razoável para que o impetrado 
promova a edição da norma regulamentadora; 
II - estabelecer as condições em que se dará o 
exercício dos direitos, das liberdades ou das 
prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as 
condições em que poderá o interessado promover 
ação própria visando a exercê-los, caso não seja 
suprida a mora legislativa no prazo determinado. 
OBS: será dispensada a determinação a que se refere 
o inciso I quando comprovado que o impetrado 
deixou de atender, em mandado de injunção anterior, 
ao prazo estabelecido para a edição da norma. 
Efeitos da decisão 
Declarada a inconstitucionalidade por omissão, o 
Judiciário dará ciência ao Poder competente para que 
este adote as providências necessárias. 
Se for órgão administrativo, este terá um prazo de 30 
dias para adotar a medida necessária. 
Se for o Poder Legislativo, não há prazo. 
 
#IMPORTANTE! 
 
EFEITOS DA DECISÃO DO MANDADO DE INJUNÇÃO 
POSIÇÃO 
CONCRETISTA 
DIRETA 
A concessão da ordem no MI concretiza o direito diretamente, 
independentemente de atuação do órgão omisso, até que a norma constitucional 
venha a ser regulamentada. A decisão vale ou para todos (geral) e, nesse caso, terá 
efeitos erga omnes, ou para um grupo, classe ou categoria de pessoas (coletivo), 
ou apenas para o impetrante, pessoa natural ou jurídica (individual). 
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POSIÇÃO 
CONCRETISTA 
INTERMEDIÁRIA 
Julgando procedente o mandado de injunção, o Judiciário fixa ao órgão omisso 
prazo para elaborar a norma regulamentadora. Findo o prazo e permanecendo a 
inércia, o direito passa a ser assegurado para todos (geral), para grupo, classe ou 
categoria de pessoas (coletivo) ou apenas para o impetrante, pessoa natural ou 
jurídica (individual). 
POSIÇÃO NÃO 
CONCRETISTA 
a decisão apenas decreta a mora do Poder, órgão ou autoridade com atribuição 
para editar a norma regulamentadora, reconhecendo-se formalmente a sua 
inércia. 
 
 
#DEOLHONAJURIS: 
 
Se é proposta ADI contra uma medida provisória e, antes de a ação ser julgada, a MP é convertida em lei com 
o mesmo texto que foi atacado, esta ADI NÃO perde o objeto e poderá ser conhecida e julgada. Como o texto 
da MP foi mantido, não cabe falar em prejudicialidade do pedido. Isso porque não há a convalidação 
("correção") de eventuais vícios existentes na norma, razão pela qual permanece a possibilidade de o STF 
realizar o juízo de constitucionalidade. Neste caso, ocorre a continuidade normativa entre o ato legislativo 
provisório (MP) e a lei que resulta de sua conversão. Vale ressaltar, no entanto, que o autor da ADI deverá 
peticionar informando esta situação ao STF e pedindo o aditamento da ação. STF. Plenário. ADI 1055/DF, Rel. 
Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/12/2016 (Info 851) 
 
Em regra, não é cabível ADI sob o argumento de que uma lei ou ato normativo violou um tratado 
internacional. Em regra, os tratados internacionais não podem ser utilizados como parâmetro em sede de 
controle concentrado de constitucionalidade. Exceção: será cabível ADI contra lei ou ato normativo que violou 
tratado ou convenção internacional que trate sobre direitos humanos e que tenha sido aprovado segundo a 
regra do § 3º do art. 5º, da CF/88. Isso porque neste caso esse tratado será incorporado ao ordenamento 
brasileiro como se fosse uma emenda constitucional. STF. Plenário. ADI 2030/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, 
julgado em 9/8/2017 (Info 872) 
 
A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) é meio processual inadequado para o controle de decreto 
regulamentar de lei estadual. Poderia caber ADI se fosse um decreto autônomo. Mas sendo um decreto que 
apenas regulamenta a lei, não cabe a ADI. STF. Plenário. ADI 4409/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado 
em 6/6/2018 (Info 905). Não cabe contra decreto regulamentar, por ser esse um ato secundário, cabendo ADI 
apenas contra atos primários. Neste caso seria possível o controle da legalidade. 
 
Assim, é cabível a propositura de ADI contra lei orçamentária, lei de diretrizes orçamentárias e lei de abertura 
de crédito extraordinário. STF. Plenário. ADI 5449 MC-Referendo/RR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 
10/3/2016 (Info 817). O STF entendia que esses atos caracterizavam atos administrativos, possuindo efeitos 
concretos, contudo, houver uma mudança de entendimento. 
 
Cabe ADI contra Resolução do CNMP. A Resolução do CNMP consiste em ato normativo de caráter geral e 
abstrato, editado pelo Conselho no exercício de sua competência constitucional, razão pela qual constitui ato 
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normativo primário, sujeito a controle de constitucionalidade, por ação direta, no Supremo Tribunal Federal. 
STF. Plenário. ADI 4263/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 25/4/2018 (Info 899). 
 
O que acontece caso o ato normativo que estava sendo impugnado na ADI seja revogado antes do 
julgamento da ação? Regra: haverá perda superveniente do objeto e a ADI não deverá ser conhecida (STF ADI 
1203). Exceções: fraude processual, a norma foi revogada para evitar que o STF a declarasse inconstitucional e 
anulasse os efeitos por ela produzidos; quando o conteúdo da norma foi repetido em outro diploma 
normativo, não houve desatualização significativa; quando o STF não foi comunicado previamente e já julgou 
o mérito; em caso de lei temporária, a ação foi incluída em pauta e seu julgamento foi iniciado antes do 
exaurimento da eficácia. 
 
O que acontece se a lei impugnada por meio de ADI é alterada antes do julgamento da ação? Neste caso, o 
autor da ADI deverá aditar a petição inicial demonstrando que a nova redação do dispositivo impugnado 
apresenta o mesmo vício de inconstitucionalidade que existia na redação original. A revogação, ou substancial 
alteração, do complexo normativo impõe ao autor o ônus de apresentar eventual pedido de aditamento, caso 
considere subsistir a inconstitucionalidade na norma que promoveu a alteração ou revogação. Se o autor não 
fizer isso, o STF não irá conhecer da ADI, julgando prejudicado o pedido em razão da perda superveniente do 
objeto. STF. Plenário. ADI 1931/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 7/2/2018 (Info 890). 
 
Na ADIN, aplica-se o princípio da adstrição ao pedido, devendo o STF se ater ao pedido feito pelo legitimado 
ativo. Exceção: No entanto, se houver dependência, poderá haver inconstitucionalidade por arrastamento. 
 
O STF, ao julgar as ações de controle abstrato de constitucionalidade, não está vinculado aos fundamentos 
jurídicos invocados pelo autor. Assim, pode-se dizer que na ADI, ADC e ADPF, a causa de pedir (causa petendi) 
é aberta. Isso significa que todo e qualquer dispositivo da Constituição Federal ou do restante do bloco de 
constitucionalidade poderá ser utilizado pelo STF como fundamento jurídico para declarar uma lei ou ato 
normativo inconstitucional. STF. Plenário. ADI 3796/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 8/3/2017 (Info 
856). 
 
Não é admitido o aditamento à inicial da ação direta de inconstitucionalidade após o recebimento das 
informações dos requeridos e das manifestações do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da 
República. STF. Plenário. ADI 4541/BA, Rel. Min. Cármen Lúcia,julgado em 16/4/2021 (Info 1013). O 
aditamento à petição inicial da ação direta de inconstitucionalidade para que sejam incluídos novos 
dispositivos legais somente é possível nas hipóteses em que a inclusão da nova impugnação: a) dispense a 
requisição de novas informações e manifestações; e b) não prejudique o cerne da ação. 
 
A produção de efeitos repristinatórios e a impugnação de toda cadeia normativa após a CF/88 na declaração 
de inconstitucionalidade em abstrato de normas legais. A declaração de inconstitucionalidade em abstrato de 
normas legais, diante do efeito repristinatório que lhe é inerente, importa a restauração dos preceitos 
normativos revogados pela Lei declarada inconstitucional, de modo que o autor deve impugnar toda a cadeia 
normativa pertinente. Em outras palavras, o STF exige a impugnação da íntegra da cadeia normativa 
incompatível com a Constituição, para que a decisão atinja as leis que “exteriorizem os mesmos vícios de 
inconstitucionalidade que inquinam a legislação revogadora”. Por outro lado, o STF exige apenas a 
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impugnação da cadeia de normas revogadoras e revogadas até o advento da Constituição de 1988, porquanto 
o controle abstrato de constitucionalidade abrange tão somente o direito pós-constitucional. Nada obstante, 
admitiu-se o cabimento de ação direta de inconstitucionalidade nos casos em que o autor, por precaução, 
incluiu, em seu pedido, também a declaração de revogação de normas anteriores à vigência do novo 
parâmetro constitucional. STF. Plenário. ADI 4711/RS, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 28/09/2021. 
 
É possível que seja celebrado um acordo no bojo de uma arguição de descumprimento de preceito 
fundamental (ADPF)? SIM. É possível a celebração de acordo num processo de índole objetiva, como a ADPF, 
desde que fique demonstrado que há no feito um conflito intersubjetivo subjacente (implícito), que comporta 
solução por meio de autocomposição. Vale ressaltar que, na homologação deste acordo, o STF não irá 
chancelar ou legitimar nenhuma das teses jurídicas defendidas pelas partes no processo. O STF irá apenas 
homologar as disposições patrimoniais que forem combinadas e que estiverem dentro do âmbito da 
disponibilidade das partes. A homologação estará apenas resolvendo um incidente processual, com vistas a 
conferir maior efetividade à prestação jurisdicional. STF. Plenário. ADPF 165/DF, Rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, julgado em 1º/3/2018 (Info 892). 
 
#GOLDENTIP4: A arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) é instrumento eficaz de 
controle da inconstitucionalidade por omissão. 
A ADPF pode ter por objeto as omissões do poder público, quer totais ou parciais, normativas ou não 
normativas, nas mesmas circunstâncias em que ela é cabível contra os atos em geral do poder público, desde 
que essas omissões se afigurem lesivas a preceito fundamental, a ponto de obstar a efetividade de norma 
constitucional que o consagra. 
STF. Plenário. ADPF 272/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 25/3/2021 (Info 1011). 
 
Controle de constitucionalidade estadual: 
 
É um processo no controle concentrado no TJ com finalidade objetiva e no qual se discute de maneira 
abstrata ou em tese a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou municipal utilizando como 
paradigma a constituição do Estado. 
 
O objeto na ADI Estadual é lei ou ato normativo estadual ou municipal. E o parâmetro é a Constituição 
Estadual. 
 
#FOCANATABELA: 
 
CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO NOS ESTADOS 
COMPETÊNCIA Tribunal de Justiça. 
LEGITIMIDADE ATIVA 
Estabelecida pelas constituições estaduais, sendo vedada a atribuição a um 
único órgão. 
 
4 As #GOLDENTIPs são inseridas pelo nosso setor de revisão. 
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PARÂMETRO Normas da constituição estadual. 
OBJETO Leis e atos normativos estaduais e municipais. 
EFEITOS DA DECISÃO Erga omnes e, em regra, ex tunc. 
RE 
Se a norma da CE for se reprodução obrigatória da CF, caberá RE ao STF. Nesse 
caso, esse RE produzirá os mesmos efeitos de uma ADI (vinculante, ERGA 
OMNES...) 
 
#DEOLHONAJURIS: 
 
Não cabe ADI no TJ contra lei ou ato normativo municipal que viole a Lei Orgânica do Município. Ao analisar 
dispositivos da Constituição do Estado de Pernambuco, o STF chegou a duas importantes conclusões: I – Não 
cabe controle concentrado de constitucionalidade de leis ou ato normativos municipais contra a Lei Orgânica 
respectiva. Em outras palavras, a Lei Orgânica do Município não é parâmetro de controle abstrato de 
constitucionalidade estadual, uma vez que a Constituição Federal, no art. 125, § 2º, estabelece como 
parâmetro apenas a Constituição Estadual. STF. Plenário. ADI 5548/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado 
em 16/8/2021 (Info 1025). 
 
#APROFUNDANDO: 
 
É possível que uma lei ou ato normativo municipal seja impugnado por meio de ADI proposta no Tribunal de 
Justiça? SIM. A CF/88 autorizou essa possibilidade, determinando que o tema seja tratado nas Constituições 
estaduais. 
 
Parâmetro (ou norma de referência) Em controle de constitucionalidade, quando falamos em “parâmetro”, 
queremos dizer quais serão as normas da Constituição que serão analisadas para sabermos se a lei ou o ato 
normativo atacado realmente as violou. Em outras palavras, “parâmetro” são as normas que servirão como 
referência para que o Tribunal analise se determinada lei é ou não inconstitucional. Se a lei está em confronto 
com o parâmetro, ela é inconstitucional. 
 
Quando é proposta uma ADI no STF contra lei federal ou estadual, qual é o parâmetro que será analisado 
pelo STF? A Constituição Federal. Isso inclui: normas originárias, emendas constitucionais, normas do ADCT e 
tratados internacionais de direitos humanos aprovados por 3/5 dos membros de cada Casa do Congresso 
Nacional, em dois turnos de votação. Assim, quando o autor propõe uma ADI no STF contra determinada lei, 
ele está dizendo que esta lei viola a CF/88 (parâmetro). 
 
É possível que uma lei ou ato normativo municipal seja impugnado por meio de ADI proposta no Tribunal de 
Justiça? SIM. O art. 125, § 2º da CF/88 autorizou essa possibilidade, determinando que o tema seja tratado nas 
Constituições estaduais. 
 
Quando é proposta uma ADI no Tribunal de Justiça contra lei municipal, qual é o parâmetro que será 
analisado pelo Tribunal? A Constituição Estadual. Isso está expressamente previsto no § 2º do art. 125 da 
CF/88: “§ 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos 
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normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual (...)”. Assim, em regra, quando o 
Tribunal de Justiça julga uma ADI proposta contra lei ou ato normativo estadual ou municipal, ele deverá 
analisar se esta lei ou ato normativo viola ou não algum dispositivo da Constituição Estadual. 
 
Qual foi o “problema” da previsão contida no art. 61, I, “l”, da CE/PE, objeto do presente caso? Esse 
dispositivo afirmou que caberia ADI no TJ contra lei/ato normativo municipal que violasse a Lei Orgânica do 
Município. Ocorre que o § 2º do art. 125 da CF/88 não autorizou essa possibilidade de parâmetro. O § 2º do 
art. 125 da CF/88 afirmou que somente cabe ADI no TJ se o parâmetro for a Constituição Estadual, ou seja, se a 
lei ou ato normativo violar a Constituição Estadual. • ADI alegando que a lei ou ato normativo viola a CE: é 
possível (o art. 125, § 2º da CF/88 autorizou). • ADI alegando que a lei ou ato normativo viola a LO: não é 
possível (o art. 125, § 2º da CF/88 foi silente e, portanto, entende-se que não autorizou). Assim, o STF entende 
que o controle concentrado de lei municipal contra a Lei Orgânica do mesmo Município não deve ser admitido 
por ausência de previsão constitucional: (...) 2. Controle concentradode constitucionalidade de lei municipal 
em face da Lei Orgânica do Município. Inexistência de previsão constitucional. (...) (RE 175.087/SP, Rel. Min. 
Néri da Silveira). Se uma lei ou ato normativo municipal viola a Lei Orgânica Municipal, “não estaremos diante 
de controle de constitucionalidade, mas de simples controle de legalidade, cujas regras deverão ser 
explicitamente previstas na Lei Orgânica de cada Município.” (LENZA, Pedro. Direito Constitucional 
esquematizado. 25ª ed., São Paulo: Saraiva, 2021, p. 525). 
 
E se fosse a Lei Orgânica do Distrito Federal? Cabe ADI no TJDFT contra lei ou ato normativo distrital que 
viola a Lei Orgânica do Distrito Federal? SIM. Isso porque prevalece que a Lei Orgânica do Distrito Federal 
possui a mesma natureza jurídica de uma Constituição Estadual. 
 
Nesse sentido, confira o que afirmou o Min. Ricardo Lewandowski no voto condutor proferido no RE 577.025: 
“(...) muito embora não tenha o constituinte incluído o Distrito Federal no art. 125, § 2º, que atribui 
competência aos Tribunais de Justiça dos Estados para instituir a representação de inconstitucionalidade em 
face das constituições estaduais, a Lei Orgânica do Distrito Federal apresenta, no dizer da doutrina, a natureza 
de verdadeira Constituição local, ante a autonomia política, administrativa e financeira que a Carta confere a 
tal ente federado. (...)” STF. Plenário. RE 577.025, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 11/12/2008. 
Em seu art. 63, § 3º, a CE/PE afirmou que, se o Tribunal de Justiça, no julgamento de uma ADI (controle 
concentrado de constitucionalidade), declarar a inconstitucionalidade de lei, ele deverá comunicar essa 
decisão à Assembleia Legislativa (se for lei estadual) ou à Câmara de Vereadores (se for lei municipal) a fim de 
que o respectivo órgão legislativo suspenda a eficácia da lei. 
 
O STF, contudo, afirmou que o art. 63, § 3º da CE/PE é inconstitucional justamente por violar o art. 52, X, da 
CF/88. O art. 52, X, da CF/88 é uma regra que somente vale para o controle difuso de constitucionalidade. Este 
dispositivo da Carta Magna não tem cabimento quando a decisão decorrer de julgamento de controle 
concentrado de constitucionalidade, como na ADI. As decisões tomadas em controle concentrado já são 
dotadas de eficácia erga omnes por força do art. 102, § 2º da CF/88. 
 
Desse modo, a atuação do Poder Legislativo só se justifica no âmbito do controle difuso — de modo a expandir 
a todos os efeitos de decisão dotada originalmente com eficácia “entre as partes”. A Constituição Estadual não 
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poderia ter disciplinado o tema de maneira diversa, submetendo às Casas Legislativas estaduais ou municipais 
a atribuição de suspender a eficácia de lei já declarada inconstitucional pelo Tribunal de Justiça local no 
julgamento de ADI. 
 
Não compete ao Poder Legislativo, de qualquer das esferas federativas, suspender a eficácia de lei ou ato 
normativo declarado inconstitucional em controle concentrado de constitucionalidade. STF. Plenário. ADI 
5548/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 16/8/2021 (Info 1025). 
 
#DEOLHONAJURIS: 
 
É constitucional o dispositivo de constituição estadual que confere ao tribunal de justiça local a prerrogativa de 
processar e julgar ação direta de inconstitucionalidade contra leis e atos normativos municipais tendo como 
parâmetro a Constituição Federal, desde que se trate de normas de reprodução obrigatória pelos estados. 
Admite-se o controle abstrato de constitucionalidade, pelo Tribunal de Justiça, de leis e atos normativos 
estaduais e municipais em face da Constituição da República, apenas quando o parâmetro de controle 
invocado for norma de reprodução obrigatória ou exista, no âmbito da Constituição estadual, regra de caráter 
remissivo à Carta federal. STF. Plenário. ADI5647/AP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 3/11/2021 (Info 1036). 
 
Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais utilizando 
como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de normas de reprodução obrigatória 
pelos estados. STF. Plenário. RE 650898/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, 
julgado em 1º/2/2017 (repercussão geral) (Info 852). Resumindo:  Em regra, quando os Tribunais de Justiça 
exercem controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais deverão examinar a validade dessas leis à 
luz da Constituição Estadual.  Exceção: os Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de 
constitucionalidade de leis municipais utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que 
se trate de normas de reprodução obrigatória pelos Estados. Nesse caso, o TJ poderá de ofício reconhecer a 
inconstitucionalidade do parâmetro invocado, cabendo um Recurso Extraordinário para o STF. 
 
#APROFUNDANDO: 
 
Simultaneidade entre ADI federal e ADI estadual: 
 
Caso o processo perante o Tribunal de Justiça esteja em curso quando uma ADI é ajuizada no STF, o processo 
em âmbito estadual será suspenso até a decisão final do STF. 
 
Sabe que havendo simultaneidade e sendo o parâmetro norma de reprodução obrigatória, cabe ao TJ 
suspender o processo, se assim não o fizer cabe RE ao STF, por violação a CF. 
 
Coexistência de duas ADIs: Coexistindo duas ações diretas de inconstitucionalidade, uma ajuizada perante o 
tribunal de justiça local e outra perante o STF, o julgamento da primeira – estadual – somente prejudica o da 
segunda – do STF – se preenchidas duas condições cumulativas: 1) se a decisão do Tribunal de Justiça for pela 
procedência da ação e 2) se a inconstitucionalidade for por incompatibilidade com preceito da Constituição do 
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Estado sem correspondência na Constituição Federal. Caso o parâmetro do controle de constitucionalidade 
tenha correspondência na Constituição Federal, subsiste a jurisdição do STF para o controle abstrato de 
constitucionalidade. STF. Plenário. ADI 3659/AM, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/12/2018 (Info 
927). 
 
Se ocorrer da decisão ser julgada primeiro no âmbito estadual e transitar em julgado, não perde o objeto a 
ação no STF, simultaneamente proposta. Na verdade, deveria ter havido a suspensão, mas não havendo, e 
ocorrendo as duas condições acima expostas, o STF analisará a questão, pois a última palavra sobre 
interpretação da CF/88 pertence ao STF. Logo, seria inadmissível negar ao STF a possibilidade de examinar o 
tema. 
 
Caso contrário, seria possível que um tribunal de justiça, por não suspender o trâmite de representação de 
inconstitucionalidade, desse interpretação à norma de repetição obrigatória que valeria apenas para o 
respectivo estado-membro. Isso porque o STF poderia conferir interpretação diversa à norma de repetição 
obrigatória para os demais entes da Federação. 
 
 
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 
 
Formas de governo: 
 
Para Aristóteles Para Maquiavel 
Segundo ARISTÓTELES, as formas de governo 
dividiam-se entre normais e anormais. 
A) Normais: aquelas cujo objetivo era o bem da 
comunidade. 
Subdividiam-se em: 
A.1) Monarquia: o governo de uma só pessoa; 
A.2) Aristocracia : o governo de uma classe restrita; 
e 
A.3) Democracia: o governo de todos os cidadãos. 
B) Anormais: aquelas que visavam somente a 
vantagens para os governantes, a saber: 
B.1) Tirania: forma corrompida de monarquia. 
B.2) Oligarquia : forma corrompida de aristocracia. 
Governo em que o poder fica concentrado em 
mãos de uma classe aristocrática ou de alguma 
família ou, ainda, de um pequeno grupo de 
pessoas pertencente ao mesmo partido; regime 
político em que o grupo do governante busca, 
arbitrariamente, a consecução de seus próprios 
interesses, agindo em seu benefício (cf. MARIA 
A) Governo da minoria: dividido em: 
A.1) Monarquia: forma de governo que se 
caracteriza pela presençados seguintes 
fatores: 
(i) a vitaliciedade do governante; 
(ii) a hereditariedade como mecanismo de 
sucessão governamental; 
(iii) a irresponsabilidade do monarca pelos atos 
que praticar; e 
(iv) para alguns autores, a ausência de 
representatividade popular. Subdivide-se em: 
A.1.1) Monarquia absoluta: em que os 
poderes reais são ilimitados; 
A.1.2) Monarquia de estamentos (ou monarquia 
de braços): na qual o poder é descentralizado 
e delegado; e 
A.1.3) Monarquia constitucional: aquela em que 
o monarca só exerce funções limitadas, 
geralmente restritas ao âmbito do Poder 
Executivo. 
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HELENA DINIZ, 2998, p. 436). 
B.3) Demagogia : forma corrompida de democracia. 
A.2) Ditadura: governo desenvolvido por 
governante que reúne em si amplos poderes 
públicos, exercendo arbitrária e 
absolutamente o Executivo e o Legislativo e, 
excepcionalmente, também o Judiciário 
(MARIA HELENA DINIZ). 
B) Governo da maioria, com uma só espécie: 
 
B.1) República: caracterizada pela exigência de 
renovação do governo por meio de eleições 
periódicas: o governo deve ser temporário e 
eletivo. Um governo republicano está baseado 
nas seguintes premissas: 
(i) a temporariedade: o governo deve ser 
exercido por tempo determinado, ainda que 
admissível a renovação do prazo; 
(ii) a eletividade: a sucessão governamental exige 
eleições periódicas, afastada a sucessão por 
simples vínculos hereditários; 
(iii) a responsabilidade dos agentes públicos: 
devem responder por seus atos tanto os 
governantes quanto de todos os demais 
agentes públicos: legisladores, magistrados e 
administradores; e 
(iv) a representatividade popular: o exercício da 
função pública e os poderes a ele inerentes 
têm base na soberania popular. 
São espécies republicanas: 
B.i.1) República aristocrática: o governo é 
exercido por alguma classe privilegiada, 
geralmente a nobreza; e 
B.1.2) República democrática: considera o povo 
como titular do poder estatal. 
 
 
Sistemas de governo: 
 
1) Presidencialista: criação da Constituição norte-americana. 
 
Principais Características: 
 
 Típico de Repúblicas 
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 Presidente da República exerce as funções de Chefe de Estado e de Governo 
 Investidura e mandato do Presidente não dependem da vontade do Legislativo. 
 
2) Parlamentarista: nasceu na Inglaterra. 
 
Principais Características: 
 
 típico das monarquias constitucionais, embora tenha sido estendido às Repúblicas europeias; 
 o Poder Executivo é dividido entre a chefia do Estado (exercida pelo monarca ou pelo Presidente) e a 
chefia do Governo (de atribuição do Primeiro-Ministro); 
 o Chefe do Estado nomeia ou indica o Primeiro-Ministro; 
 o Primeiro-Ministro é quem nomeia ou indica os demais Ministros; 
 
3) Diretorial ou Convencional: 
 
Implementado na antiga União Soviética. 
 
Principais Características: 
 
 Órgãos voltados para administração são todos subalternos à Assembleia. Um dos membros da 
Assembleia é intitulado Presidente da República, mas suas funções são meramente cerimoniais. 
 As Funções executivas e legislativas concentram-se em uma só entidade. 
 
 
Formas de Estado: 
 
O critério é distribuição espacial do poder político, ou seja, o que diferencia é a maneira com a Constituição 
distribui o poder no Estado 
 
No Estado Unitário, temos um centro de poder, ou seja, apenas um poder para toda população, havendo 
apenas descentralização administrativa na divisão de atividades 
 
No Estado Regional, trata-se de um Estado com divisões de poderes entre as Regiões. Contudo, tais regiões 
não possuem auto-organização, e nem são capazes de influenciar na decisão do poder central, vez que são 
destituídas de representação no Poder Legislativo Central. 
 
O Estado federal, possui uma divisão constitucional de poder, vista como cláusula fundamental. O Estado 
Brasileiro é um Estado Federal, pois há divisão de competência entre os Estados, visto como cláusula pétrea, 
além dos Estados membros possuírem representação e poder de participação no Poder Legislativo Central, por 
meio do Senado, bem como tem capacidade de auto-organização através das CE, nos limites estabelecidos na 
CF. 
 
#OLHAOGANCHO: 
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Características essenciais de um Estado Federal: DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA 
ESTABELECIDA PELA CONSTITUIÇÃO - Estado unitário quando há esta descentralização é feita pelo próprio 
ente∕poder central. PARTICIPAÇÃO DAS VONTADES PARCIAIS NA FORMAÇÃO DA VONTADE NACIONAL 
(PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO): em um estado federal os entes que compõe a federação participam da 
formação da vontade nacional através do Senado. AUTO-ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS MEMBROS POR MEIO 
DE CONSTITUIÇÕES PRÓPRIAS. 
 
Estado confederado: não é forma de estado propriamente dita, melhor sendo designada como junção de 
estados dotados de soberania. 
 
Tipos de federalismo: 
 
Quanto ao surgimento (origem): Esta classificação baseia-se com o tipo de movimento responsável pelo 
surgimento da Federação. Por agregação: Surge quando estados soberanos sedem uma parcela da sua 
soberania para formar um ente único. Chamado de Federalismo por Associação, ou por Aglutinação ou por 
Estado Perfeito. Aqui o poder é deslocado da periferia para o centro (movimento centrípeto). Ex: Estados 
Unidos. Por segregação ou desagregação: Surge com a descentralização política de um Estado Unitário, ou 
seja, neste caso o movimento é inverso (movimento centrífugo), aqui existe um Estado unitário e nele o poder 
está concentrado no centro, este poder será dividido entre os Estados Membros. Contudo, parcela maior 
desse poder continua no Estado Central, que restringe a autonomia dos estados membros. Ex: Brasil 
 
Quanto à repartição de competências: O critério utilizado é a forma de distribuição de competências entre os 
entes federativos. Federalismo dual ou dualista: Caracteriza-se por uma repartição horizontal de 
competências entre a União e os Estados Membros. A relação entre a União e Estados é de coordenação, eles 
se encontram no mesmo plano∕ patamar. A divisão é feita de maneira rígida, não há interferência de ente com 
o outro. Federalismo de integração: Caracteriza-se pela repartição vertical de competências nas quais há uma 
relação de sujeição dos Estados em relação à União. Federalismo cooperativo: Caracteriza-se por possuir 
tanto uma repartição horizontal quanto uma repartição vertical de competências, sendo estas tuteladas pela 
União. Não há hierarquia entre as Leis federais e estaduais. Ex: CF brasileira de 1988. 
 
No Brasil, há uma descentralização especial, denominada de TRÍPLICE ou de MODELO TRICOTÔMICO: União, 
Estados, DF e Municípios. 
 
Quanto a homogeneidade da distribuição de competências: O critério adotado para classificar o Federalismo 
em Simétrico ou Assimétrico é a simetria na distribuição de competências entre Entes federativos de mesmo 
grau. Federalismo simétrico ou homogêneo: Caracteriza-se pelo equilíbrio na distribuição de competências 
entre entes federativos de mesmo grau. Ex. EUA. Federalismo assimétrico ou heterogêneo: A assimetria fática 
decorrente de aspectos sócios econômicos ou culturais requer uma adaptação do sistema federativo a 
realidade subjacente ao ordenamento jurídico. 
 
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Segundo Marcelo Novelino, o Brasil adota um federalismo simétrico, na medida em que atribuiu o mesmo 
regime jurídico aos entes federativos de mesmo grau dentro de sua esfera de atuação. Nesse sentido, os 
Estados-membros foram adotados das mesmas competências, assim como ocorreu em relação aos Municípios 
(CF, art. 30), mas consagra também algumas regras assimétricas em dispositivos que reconhecem as diferenças 
e buscam o equilíbrio ou a diminuição das desigualdades regionais, como, porexemplo, o art. 3º, III, CF; art. 
43, CF. 
 
Quanto as características dominantes: O critério adotado nessa classificação é a simetria entre o modelo 
adotado pela Constituição e o modelo Federal Clássico. (Perspectiva externa). Federalismo simétrico ou 
homogêneo: É o federalismo típico. Pressupõe a adoção de um modelo tradicional com as características 
dominantes de uma federação clássica. Características de uma federação clássica - o Poder judiciário com 
órgãos nacionais e estaduais; o poder constituinte originário e o poder constituinte decorrente; a organização 
bicameral do Poder Legislativo. Federalismo assimétrico ou heterógeno: É o federalismo atípico. É aquele em 
que há um rompimento com as linhas tradicionais do federalismo simétrico. Brasil, Município como ente 
federado. 
 
Repartição de competências: 
 
Competência legislativa concorrente ou condomínio legislativo (art. 24. CF): União, Estados e DF. Art.24 § 1º 
No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º A 
competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. § 
3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para 
atender a suas peculiaridades. § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da 
lei estadual, no que lhe for contrário. 
 
Os municípios participam da competência concorrente? Sim, embora não conste no art. 24 da Constituição 
essa competência, verifica-se que os municípios têm competência suplementar, à luz do art. 30, II, da CR/88. 
Assim sendo, eles poderão suplementar a legislação estadual e federal. Com base uma interpretação 
sistemática da Constituição. 
 
#DEOLHONAJURIS: 
 
É inconstitucional norma que prevê a concentração excessiva do poder decisório nas mãos de só um dos entes 
públicos integrantes de região metropolitana. Nesse mesmo contexto, é inadmissível que a gestão e a 
percepção dos frutos da empreitada metropolitana comum, incluídos os valores referentes a eventual 
concessão à iniciativa privada, aproveitem a apenas um dos entes federados. Com base nesse entendimento, o 
STF declarou inconstitucionais normas que concentravam no Estado de Alagoas o poder decisório nas 
instâncias deliberativas e executivas da Região Metropolitana de Maceió, resultando na violação da autonomia 
dos municípios envolvidos. O STF, no entanto, modulou os efeitos da decisão para que passe a valer em 24 
meses, período em que o legislativo estadual deverá reapreciar o desenho institucional da região 
metropolitana. STF. Plenário. ADI 6573/AL, ADI 6911/AL e ADPF 863/AL, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em 
13/5/2022 (Info 1055). 
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O Estado que edita lei concedendo meia-entrada para os professores das redes públicas estadual e municipais 
de ensino atua no exercício da competência suplementar prevista no art. 24, § 2º, da Constituição Federal. Ao 
não incluir no benefício da meia-entrada os professores pertencentes à rede privada e aqueles vinculados às 
unidades federais de ensino, a legislação atacada não atuou de forma anti-isonômica. Os professores da rede 
privada estão sob influência de outros mecanismos de incentivo e os professores da rede pública federal estão 
dedicados quase exclusivamente ao ensino superior e à educação profissional e tecnológica. STF. Plenário. ADI 
3753/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/4/2022 (Info 1050). 
 
A União possui competência para explorar os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional 
(art. 21, XII, “e”, da CF/88). Logo, compete à União privativamente legislar sobre o transporte rodoviário 
interestadual e internacional. O transporte coletivo intramunicipal é de competência do Município (art. 30, V, 
da CF/88). Logo, como consequência, compete aos Municípios legislar sobre o transporte coletivo 
intramunicipal. A Constituição Federal não trouxe uma regra expressa dizendo de quem seria a competência 
para explorar os serviços de transporte intermunicipal. Diante disso, a competência será dos Estados-
membros, que possuem competência residual, na forma do art. 25, § 1º, da CF/88. O prazo de validade pode 
influenciar na política tarifária e, por consequência, impactar o equilíbrio econômico-financeiro do contrato 
celebrado em âmbito estadual. O prazo de validade do bilhete, mais elastecido ou não, corresponde a um 
benefício que, por sua natureza, tem um custo. Logo, incumbe aos Estados-membros, como titulares da 
exploração do transporte rodoviário intermunicipal, a definição da respectiva política tarifária, à luz dos 
elementos que possam influenciá-la, como o prazo de validade do bilhete, nos termos do art. 175 da 
Constituição. A União, ao dispor acerca do prazo de validade dos bilhetes de transporte coletivo rodoviário 
intermunicipal, imiscuiu-se na competência constitucional residual do Estado-membro. STF. Plenário. ADI 
4289/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 8/4/2022 (Info 1050). 
 
Lei estadual 16.576/2015, de Santa Catarina, previa “a obrigatoriedade diária de divulgação de fotos de 
crianças desaparecidas nos noticiários de TV e jornais sediados” no Estado. Essa lei é inconstitucional sob os 
pontos de vista formal e material. A lei estadual invadiu a competência privativa da União para legislar sobre 
radiodifusão de sons e imagens (art. 22, IV, da CF/88). No que tange ao aspecto material, a lei estadual viola o 
princípio da livre iniciativa e a liberdade de informação jornalística dos veículos de comunicação social (art. 
220 da CF/88). Além disso, disciplina o tema de forma diferente daquilo que prevê a Lei federal nº 
12.127/2009, que criou o Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos. STF. Plenário. ADI 
5292/SC, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 25/3/2022 (Info 1048). 
 
1) Lei estadual não pode exigir que o consumidor, antes de ser inserido no cadastro restritivo, seja comunicado 
por meio de AR. A adoção de sistema de comunicação prévia a consumidor inadimplente por carta registrada 
com aviso de recebimento configura desrespeito à Constituição Federal. 
 
2) Lei estadual não pode exigir que seja dado ao consumidor um prazo de tolerância antes da sua inserção no 
cadastro restritivo. É inconstitucional a previsão, por lei estadual, de “prazo de tolerância” a impedir que o 
nome do consumidor inadimplente seja imediatamente inscrito em cadastro ou banco de dados. 
 
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3) As empresas administradoras de bancos de dados e cadastros de consumidores não se qualificam como 
entidades certificadoras da certeza, liquidez e exigibilidade dos títulos de dívidas. A supressão da verificação 
prévia quanto à existência do crédito, exigibilidade do título e inadimplência do devedor não caracteriza 
violação do princípio da vedação ao retrocesso. STF. Plenário. ADI 5224/SP, ADI 5252/SP, ADI 5273/SP e ADI 
5978/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 8/3/2022 (Info 1046). 
 
A concessão de porte de arma a procuradores estaduais, por lei estadual, é incompatível com a Constituição 
Federal. STF. Plenário. ADI 6985/AL, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/2/2022 (Info 1045). 
 
É inconstitucional lei estadual que vede a inscrição em cadastro de proteção ao crédito de usuário 
inadimplente dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário. STF. Plenário. ADI 6668/MG, 
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/2/2022 (Info 1043). 
 
É inconstitucional lei estadual que impõe aos prestadores privados de serviços de ensino a obrigação de 
estender o benefício de novas promoções aos clientes preexistentes. Lei fluminense dizia que os serviços 
privados de educação prestados de forma contínua no Estado do Rio de Janeiro seriam obrigados a conceder, 
a seus clientes preexistentes, os mesmos benefícios de promoções posteriormenterealizadas. O STF declarou 
a inconstitucionalidade dessa previsão. A norma estadual, ao impor aos prestadores de serviços de ensino a 
obrigação de estender o benefício de novas promoções aos clientes preexistentes, promove ingerência 
indevida em relações contratuais estabelecidas, sem que exista conduta abusiva por parte do prestador. Logo, 
afronta o art. 22, I, da CF/88. STF. Plenário. ADI 6614/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, redator do acórdão Min. 
Roberto Barroso, julgado em 12/11/2021 (Info 1037) 
 
É constitucional lei estadual que autoriza a comercialização de bebidas alcoólicas em eventos esportivos. Não 
invade a competência da União para o estabelecimento de normas gerais sobre consumo e desporto a 
autorização e regulamentação, por Estado-membro, da venda e do consumo de bebidas alcoólicas em eventos 
esportivos. STF. Plenário. ADI 5112/BA, Rel. Min Edson Fachin, julgado em 16/8/2021 (Info 1025) 
 
Norma estadual pode proibir a caça em seu território. Não afronta a competência legislativa da União o 
dispositivo de constituição estadual que proíbe a caça em seu respectivo território. STF. Plenário. ADI 350/SP, 
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/6/2021 (Info 1022) 
 
É inconstitucional lei estadual que estabeleça prazo máximo para que os planos de saúde autorizem 
solicitações de exames e procedimentos cirúrgicos. É inconstitucional lei estadual que estabeleça prazo 
máximo de 24 horas para as empresas de plano de saúde regionais autorizarem ou não solicitações de exames 
e procedimentos cirúrgicos em seus usuários que tenham mais de 60 anos. Essa lei é inconstitucional por 
usurpar competência privativa da União para legislar sobre Direito Civil e política de seguros (art. 22, I e VII, da 
CF/88). STF. Plenário. ADI 6452/ES, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, 
julgado em 11/6/2021 (Info 1021) 
 
Cuidado para não confundir: É constitucional lei estadual que obrigue os planos de saúde a fornecerem aos 
consumidores informações e documentos justificando as razões pelas quais houve recusa de algum 
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procedimento, tratamento ou internação. STF. Plenário. ADI 4512/MS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 
7/2/2018 (Info 890). 
 
É inconstitucional lei estadual que obriga planos de saúde a atenderem os clientes com Covid-19 mesmo que 
eles estejam no período de carência contratual. É inconstitucional legislação estadual que impeça as 
operadoras de planos de saúde de recusarem o atendimento ou a prestação de alguns serviços, no âmbito de 
seu território, aos usuários diagnosticados ou suspeitos de estarem com Covid-19, em razão de período de 
carência contratual vigente. Essa norma é inconstitucional por usurpar competência privativa da União para 
legislar sobre Direito Civil, Comercial e política de seguros (art. 22, I e VII, da CF/88). STF. Plenário. ADI 
6493/PB, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/6/2021 (Info 1021). 
 
É inconstitucional norma de Constituição Estadual que veda aos municípios a possibilidade de alterarem 
destinação, os fins e os objetivos originários de loteamentos definidos como áreas verdes ou institucionais. Os 
Municípios têm competência para legislar sobre assuntos de interesse local compreendendo o ordenamento 
territorial, o planejamento urbano e a fiscalização de áreas de uso e ocupação do solo (art. 30, I e VII, da 
CF/88). STF. Plenário. ADI 6602/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 11/6/2021 (Info 1021). 
 
É incompatível com a Constituição Federal ato normativo estadual que amplie as atribuições de fiscalização do 
Legislativo local e o rol de autoridades submetidas à solicitação de informações. O art. 50, caput e § 2º, da 
CF/88 traduz norma de observância obrigatória pelos Estado membros que, por imposição do princípio da 
simetria (art. 25 da CF/88), não podem ampliar o rol de autoridades sujeitas à fiscalização direta pelo Poder 
Legislativo e à sanção por crime de responsabilidade. STF. Plenário. ADI 5289/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, 
julgado em 7/6/2021 (Info 1020) 
 
É constitucional lei estadual que proíba a utilização de animais para testes de produtos cosméticos; a lei 
estadual, contudo, não pode proibir a comercialização de produtos que tenham sido desenvolvidos a partir de 
testes em animais. É inconstitucional norma estadual que vede a comercialização de produtos desenvolvidos a 
partir de teste em animais, bem como a que determina que conste no rótulo informação acerca da não 
realização de testes em animais. STF. Plenário. ADI 5995/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/5/2021 
(Info 1019) 
 
É constitucional lei estadual que proibiu o corte de energia elétrica durante a pandemia da Covid-19. Atendida 
a razoabilidade, é constitucional legislação estadual que prevê a vedação do corte do fornecimento residencial 
dos serviços de energia elétrica, em razão do inadimplemento, parcelamento do débito, considerada a crise 
sanitária. STF. Plenário. ADI 6588/AM, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 28/5/2021 (Info 1019) 
 
É inconstitucional lei estadual que reduziu o valor das mensalidades escolares durante a pandemia da Covid-
19. É inconstitucional lei estadual que estabeleça redução das mensalidades no âmbito da rede privada de 
ensino, enquanto perdurarem as medidas temporárias para o enfrentamento da pandemia da Covid-19. STF. 
Plenário. ADI 6445/PA, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 28/5/2021 
(Info 1019) 
 
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É inconstitucional lei estadual que autoriza suspensão da cobrança de empréstimos consignados, mesmo que 
durante a pandemia da covid-19. É inconstitucional norma estadual que autoriza a suspensão, pelo prazo de 
120 dias, do cumprimento de obrigações financeiras referentes a empréstimos realizados e empréstimos 
consignados. Ao interferir nas relações obrigacionais firmadas entre instituições de crédito e os tomadores de 
empréstimos, a lei adentrou em matéria relacionada com direito civil e com política de crédito, assuntos que 
são de competência legislativa privativa da União, nos termos do art. 22, I e VII, da CF/88. STF. Plenário. ADI 
6495/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/11/2020 (Info 1000). 
 
Estados e DF podem legislar sobre postagem de boletos de empresas públicas e privadas. Os Estados-membros 
e o Distrito Federal têm competência legislativa para estabelecer regras de postagem de boletos referentes a 
pagamento de serviços prestados por empresas públicas e privadas. STF. Plenário. ARE 649379/RJ, Rel. Min. 
Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/11/2020 (Repercussão Geral – Tema 
491) (Info 999) 
 
O Município tem competência para legislar sobre meio ambiente e controle da poluição, quando se tratar de 
interesse local. Ex: é constitucional lei municipal, regulamentada por decreto, que preveja a aplicação de 
multas para os proprietários de veículos automotores que emitem fumaça acima de padrões considerados 
aceitáveis. STF. Plenário. RE 194704/MG, rel. orig. Min. Carlos Velloso, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado 
em 29/6/2017 (Info 870). 
 
Lei estadual que impõe a prestação de serviço de segurança em estacionamento a toda pessoa física ou 
jurídica que disponibilize local para estacionamento é inconstitucional, quer por violar a competência privativa 
da União para legislar sobre direito civil, quer por violar a livre iniciativa. Lei estadual que impõe a utilização de 
empregados próprios na entrada e saída de estacionamento, impedindo a terceirização, viola a competência 
privativa da União para legislar sobre Direito do Trabalho. STF. Plenário. ADI 451/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, 
julgado em 1º/8/2017 (Info 871). 
 
S. 645 STF: É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial. 
 
SV 2: é inconstitucional a lei ou ato normativo estadual oudistrital que disponha sobre sistemas de consórcios 
e sorteios, inclusive bingos e loterias. 
 
Súmula 19 do STJ - A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da União. 
 
SV 49: Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos 
comerciais do mesmo ramo em determinada área. 
 
PODER LEGISLATIVO 
 
Estatuto dos congressistas: 
 
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111 
 
Conceito: Trata-se de um conjunto de prerrogativas e vedações aos parlamentares para que o Poder 
Legislativo e seus membros, individualmente, tenham condições de atuar com independência e liberdade no 
desempenho de suas funções constitucionais. Essas prerrogativas são de ordem pública, não se admitindo 
renúncia, já que ligadas ao cargo, e não à pessoa que o ocupa. 
 
Os Senadores e os Deputados somente dispõem da prerrogativa processual de serem inquiridos em local, dia e 
hora previamente ajustados entre eles e a autoridade competente, quando arrolados como testemunhas ou 
quando ostentarem a condição de ofendidos. Se ele for réu, essa prerrogativa NÃO VALE (apesar de que ele 
não será conduzido coercitivamente). 
 
Imunidades 
 
Imunidade Material ou Objetiva ou Freeedom of speech Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, 
civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. 
 
Natureza jurídica: 1 Corrente: causa de exclusão da ilicitude. 2 Corrente: causa de isenção de pena. CRÍTICA: 
excludente de ilicitude e isenção de pena não obstam inquérito e ação penal, não se coadunando com a 
circunstância da imunidade material. 3 Corrente: causa de exclusão de tipicidade. Por ser atípico, impede a 
instauração de IP e ação penal. A imunidade material exclui a própria natureza delituosa do fato, afastando a 
tipicidade da conduta, na medida em que a Constituição não pode dizer ao parlamentar que exerça livremente 
seu mandato, expressando suas opiniões e votos, e, ao mesmo tempo, considerar tais manifestações fatos 
definidos como crime. (STF e posição majoritária) 
 
Essa imunidade é absoluta, permanente. Por causa delas, o deputado nunca será processado, mesmo após o 
término do mandato. 
 
Ofensas feitas DENTRO do Parlamento: a imunidade é absoluta. O parlamentar é imune mesmo que a 
manifestação não tenha relação direta com o exercício de seu mandato. 
 
Ofensas feitas FORA do Parlamento: a imunidade é relativa. Para que o parlamentar seja imune, é necessário 
que a manifestação feita tenha relação com o exercício do seu mandato. 
 
As opiniões ofensivas proferidas por deputados federais e veiculadas por meio da imprensa, em manifestações 
que não guardam nenhuma relação com o exercício do mandato, não estão abarcadas pela imunidade 
material prevista no art. 53 da CF/88 e são aptas a gerar dano moral. STJ. 3ª Turma. REsp 1.642.310-DF, Rel. 
Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/8/2017 (Info 609). 
 
Imunidade formal ou Freedom from arrest: 
 
a) Imunidade formal quanto à prisão: 
 
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Art. 53. § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, 
salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas 
à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. 
 
O STF firmou entendimento de que a imunidade formal não proíbe a prisão do Congressista quando 
determinada por sentença judicial transitada em julgado. Parlamentares não tem imunidade formal quanto à 
prisão em caso de condenação definitiva. O art. 53. Parágrafo 2, da CF, apenas veda a prisão cautelar 
 
b) Imunidade formal quanto ao processo: 
Art. 53. § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o 
Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela 
representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da 
ação. O pedido de sustação feito por partido político deverá ser apreciado no prazo improrrogável de 45 dias, 
contados do recebimento pela Mesa Diretora. 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto 
durar o mandato. 
 
Não é possível a sustação por crimes ocorridos anteriormente à diplomação, os quais não serão julgados pelo 
STF, ante a limitação da prerrogativa de foro. 
 
Se houver corréu não congressista, havendo a suspensão, o processo continuará correndo contra este, 
remetendo-se os autos à justiça comum competente. 
 
Súmula n.º 245 do STF: “A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa.” 
 
Foro por prerrogativa de função: 
 
Art.53. § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento 
perante o Supremo Tribunal Federal. 
 
Conceito: Trata-se de uma prerrogativa prevista pela Constituição segundo a qual as pessoas ocupantes de 
alguns cargos ou funções, somente serão processadas e julgadas criminalmente (não engloba processos cíveis) 
por determinados Tribunais (TJ, TRF, STJ, STF). 
 
Razão de existência: O foro por prerrogativa de função existe porque se entende que, em virtude de 
determinadas pessoas ocuparem cargos ou funções importantes e de destaque, somente podem ter um 
julgamento imparcial e livre de pressões se forem julgadas por órgãos colegiados que componham a cúpula do 
Poder Judiciário. 
 
O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e 
relacionados às funções desempenhadas. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 
03/05/2018. 
 
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Momento: Se o réu deixou de ocupar o cargo antes de a instrução terminar: cessa a competência do STF e o 
processo deve ser remetido para a 1ª instância. Se o réu deixou de ocupar o cargo depois de a instrução se 
encerrar: o STF permanece sendo competente para julgar a ação penal. 
 
O Superior Tribunal de Justiça é o tribunal competente para o julgamento nas hipóteses em que, não fosse a 
prerrogativa de foro (art. 105, I, da CF/88), o desembargador acusado houvesse de responder à ação penal 
perante juiz de primeiro grau vinculado ao mesmo tribunal. Assim, mesmo que o crime cometido pelo 
Desembargador não esteja relacionado com as suas funções, ele será julgado pelo STJ se a remessa para a 1ª 
instância significar que o réu seria julgado por um juiz de primeiro grau vinculado ao mesmo tribunal que o 
Desembargador. STJ. Corte Especial. QO na APn 878-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 21/11/2018 
(Info 639). 
 
O foro especial no âmbito penal é prerrogativa destinada a assegurar a independência e o livre exercício de 
determinados cargos e funções de especial importância, isto é, não se trata de privilégio pessoal. Ser julgado 
por juiz com duvidosa condição de se posicionar de forma imparcial, afinal, violaria a pretensão de realização 
de justiça criminal de forma isonômica e republicana. 
 
#DEOLHONAJURIS: 
 
A liberdade de expressão não alcança a prática de discursos dolosos(actualmalice), com intuito 
manifestamente difamatório, de juízos depreciativos de mero valor, de injúrias em razão da forma ou de 
críticas aviltantes. A garantia da imunidade parlamentar, que deve ser compreendida de forma extensiva para 
a garantia do adequado desempenho de mandatos parlamentares, não alcança os atos que sejam praticados 
sem claro nexo de vinculação recíproca do discurso com o desempenho das funções parlamentares (teoria 
funcional) ou nos casos em que for utilizada para a prática de flagrantes abusos, usos criminosos, fraudulentos 
ou ardilosos. Caso concreto: em vídeos divulgados no Twitter, Facebook, Instagram e YouTube, o Senador 
Jorge Kajuru afirma que determinado Senador seria um “pateta bilionário” que “entrou na política por 
negócio”.Também disse que um ex-Deputado Federal teria feito parte de esquema de jogos de azar e seria 
“chefe de quadrilha”. Prevaleceu o voto-vista do Ministro Gilmar Mendes no sentido de que as declarações de 
Kajuru são desvinculadas do mandato parlamentar. Para o Ministro, as manifestações do Senador têm 
conteúdo injurioso e foram proferidas de forma dolosa e genérica, com intenção de destruir reputações, sem 
qualquer indicação de prova que pudesse corroborar as acusações. STF. 2ª Turma. Pet 8242, 8259, 8262, 8263, 
8267 e 8366 AgR/DF, Rel. Min. Celso de Mello, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgados em 3/5/2022 
(Info 1053). 
 
 
Os estados-membros, no exercício de suas autonomias, podem adotar o modelo federal previsto no art. 81, § 
1º, da Constituição, cuja reprodução, contudo, não é obrigatória. No caso de dupla vacância, faculta-se aos 
estados-membros, ao Distrito Federal e aos municípios a definição legislativa do procedimento de escolha do 
mandatário político. No caso de realização de eleição indireta, a previsão normativa estadual de votação 
nominal e aberta é compatível com a CF/88. Caso concreto: lei da Bahia afirmou que, se o Governador e o 
Vice-Governador deixarem os cargos nos dois últimos anos do mandato, a Assembleia Legislativa deverá 
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realizar uma eleição indireta, de forma nominal e aberta. Para o STF, essa lei é constitucional, sob os pontos de 
vista formal e material. STF. Plenário. ADI 1057/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 16/8/2021 (Info 1025). 
 
A imunidade formal prevista no art. 51, I, e no art. 86, caput, da CF/88 não se estende para os codenunciados 
que não se encontrem investidos nos cargos de Presidente da República, Vice-Presidente da República e 
Ministro de Estado. A finalidade dessa imunidade é proteger o exercício regular desses cargos, razão pela qual 
não é extensível a codenunciados que não se encontrem ocupando tais funções. STF. Plenário. Inq 4483 AgR-
segundo/DF e Inq 4327 AgR-segundo/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgados em 14 e 19/12/2017 (Info 888). 
 
Não há necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa para que o STJ receba denúncia ou queixa 
e instaure ação penal contra Governador de Estado, por crime comum. Em outras palavras, não há 
necessidade de prévia autorização da ALE para que o Governador do Estado seja processado por crime 
comum. Se a Constituição Estadual exigir autorização da ALE para que o Governador seja processado 
criminalmente, essa previsão é considerada inconstitucional. Assim, é vedado às unidades federativas instituir 
normas que condicionem a instauração de ação penal contra Governador por crime comum à previa 
autorização da Casa Legislativa. Se o STJ receber a denúncia ou queixa-crime contra o Governador, ele ficará 
automaticamente suspenso de suas funções no Poder Executivo estadual? NÃO. O afastamento do cargo não 
se dá de forma automática. O STJ, no ato de recebimento da denúncia ou queixa, irá decidir, de forma 
fundamentada, se há necessidade de o Governador do Estado ser ou não afastado do cargo. Vale ressaltar 
que, além do afastamento do cargo, o STJ poderá aplicar qualquer uma das medidas cautelares penais (exs: 
prisão preventiva, proibição de ausentar-se da comarca, fiança, monitoração eletrônica etc.). STF. Plenário. 
ADI 4777/BA, ADI 4674/RS, ADI 4362/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, 
julgado em 9/8/2017 (Info 872). STF. Plenário. ADI 5540/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 3/5/2017 
(Info 863). STF. Plenário. ADI 4764/AC, ADI 4797/MT e ADI 4798/PI, Rel. Min. Celso de Mello, red. p/ o ac. Min. 
Roberto Barroso, julgados em 4/5/2017 (Info 863). 
 
Os substitutos eventuais do Presidente da República a que se refere o art. 80 da CF/88, caso ostentem a 
posição de réus criminais perante o STF, ficarão impossibilitados de exercer o ofício de Presidente da 
República. No entanto, mesmo sendo réus, podem continuar na chefia do Poder por eles titularizados. Ex: o 
Presidente do Senado Renan Calheiros tornou-se réu em um processo criminal; logo, ele não poderá assumir a 
Presidência da República na forma do art. 80 da CF/88; porém, ele pode continuar normalmente como 
Presidente do Senado, não precisando ser afastado deste cargo. STF. Plenário. ADPF 402 MC-REF/DF, Rel. Min. 
Marco Aurélio, julgado em 7/12/2016 (Info 850). 
 
Não é possível aplicar o art. 86, § 4º, da CF/88 para o Presidente da Câmara dos Deputados, considerando que 
a garantia prevista neste dispositivo é destinada expressamente ao chefe do Poder Executivo da União 
(Presidente da República). Desse modo, por se tratar de um dispositivo de natureza restritiva, não é possível 
qualquer interpretação que amplie a sua incidência a outras autoridades, notadamente do Poder Legislativo. 
STF. Plenário. Inq 3983/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 02 e 03/03/2016 (Info 816). 
 
Comissão parlamentar de inquérito: 
 
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São comissões temporária, que representam função típica do PL, além de ser um direito público subjetivo das 
minorias, para além disso, trata de um processo de investigação comandado pelo Poder Legislativo com o 
objetivo de averiguar determinadas denúncias de irregularidades no setor público. Elas exercem atuação 
típica do Poder Legislativo, que é fiscalizar atos conexos ao Poder Público. 
 
Objetivo: Ajudar na tarefa legiferante, servir de instrumento de fiscalização do Governo e da Administração 
Pública e informar a opinião pública. 
 
Requisitos: O requisito formal é o requerimento de 1/3 dos membros da Câmara, do Senado, ou de ambas as 
casas no caso de uma comissão mista. Esse requisito deve ser examinado no momento do protocolo do pedido 
perante a Mesa da respectiva Casa Legislativa, independentemente de posterior ratificação. 
 
O requisito material é a existência de um fato determinado, ou seja, no momento em que é feito 
requerimento de instauração, é necessário que esteja detalhado e especificado o fato a ser investigado. Isso 
não impede que fatos conexos, surgidos durante a investigação, sejam investigados, basta que seja feito um 
aditamento no requerimento da CPI. Esse fato determinado tem que ser obrigatoriamente de interesse 
público. Entende-se por interesse público, aquele referente a vida pública, a ordem constitucional, legal, 
econômica e social do país. 
 
O requisito temporal exige um prazo certo. A CPI é uma das comissões temporárias, de modo que será extinta 
com o fim dos trabalhos, do prazo estipulado ou com o término da legislatura. É possível que hajam várias 
prorrogações do prazo inicialmente estabelecido, porém esse prazo nunca poderá ultrapassar uma legislatura 
(4 anos). 
 
#DEOLHONAJURIS: 
 
A instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito depende unicamente do preenchimento dos requisitos 
previstos no art. 58, § 3º, da Constituição Federal, ou seja: a) o requerimento de um terço dos membros das 
casas legislativa. b) a indicação de fato determinado a ser apurado; e c) a definição de prazo certo para sua 
duração. STF. Plenário. MS 37760 MC-Ref/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 14/4/2021 (Info 1013). 
 
Poderes da CPI: No exercício de suas atribuições, as Comissões Parlamentares de Inquérito poderão: • 
determinar diligências que reputarem necessárias; • requerer a convocação de Ministros de Estado, 
Secretários de Estado ou Secretários Municipais (de acordo com a esfera de atuação da CPI); • tomar o 
depoimento de quaisquer autoridades federais, estaduais ou municipais; • ouvir os investigados; • inquirir 
testemunhas sob compromisso; • requisitar da administração pública direta, indireta ou fundacional 
informações e documentos; e • transportar-se aos lugares onde se fizer mister a sua presença (“inspeção”); • 
efetuar prisões em flagrante em caso de crime praticado na presença dos membros da comissão. 
 
CPI podedeterminar a “quebra” de sigilos? • CPI federal, estadual ou distrital (STF ACO 730): SIM. Pode 
determinar a quebra de sigilos fiscal, bancário e de dados telefônicos. • CPI municipal: prevalece que CPI 
municipal não pode. Isso porque os Municípios não possuem Poder Judiciário. Logo, não se pode dizer que a 
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CPI municipal teria os poderes de investigação próprios das autoridades judiciais. CPI pode determinar 
interceptação telefônica? NÃO. A interceptação telefônica, ou seja, a determinação para que as conversas 
telefônicas sejam gravadas, somente pode ser decretada pelo Poder Judiciário (art. 5º, XII, da CF/88). Não 
confundir: • Quebra do sigilo telefônico: ter acesso à relação dos números para os quais o investigado ligou ou 
recebeu ligações, as datas das chamadas e a duração das conversas. • Interceptação telefônica: significa gravar 
as conversas telefônicas. 
 
CPI pode decretar a indisponibilidade dos bens do investigado ou outras medidas cautelares como essa? NÃO. 
Tais medidas cautelares somente podem ser decretadas pelo Poder Judiciário. Vale ressaltar, contudo, que a 
CPI pode pedir ao Judiciário a concessão dessas medidas. 
 
Limitações aos poderes da CPI: A CPI não pode: • decretar o arresto, sequestro ou indisponibilidade de bens 
dos investigados; • decretar busca domiciliar; • decretar prisões preventivas (vimos acima que é possível a 
prisão em flagrante); • decretar interceptação telefônica; • investigar atos de conteúdo jurisdicional. 
 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
 
Teoria dos status de Jellinek: 
 
Status passivo: é aquele em que se encontra o indivíduo detentor de deveres perante o Estado. É um estado 
de subordinação em relação ao Estado. Aqui o indivíduo é meramente detentor de deveres. 
 
Status ativo: o indivíduo possui competências para influenciar a formação da vontade estatal. Ex. direitos 
políticos. Voto. 
 
Status negativo: é aquele em que o indivíduo goza de um espaço de liberdade diante das possíveis 
ingerências. 
 
Status positivo: é aquele em que o indivíduo tem o direito de exigir do Estado determinadas prestações 
positivas. 
 
Dimensão subjetiva e objetiva dos direitos fundamentais: 
 
A dimensão subjetiva é a perspectiva clássica em que há um sujeito, titular de direitos, que demanda a do 
Estado a tutela de seu interesse. 
 
A dimensão objetiva, por sua vez, desprende-se desse caráter pessoal/individual. A dimensão objetiva cria 
deveres apriorísticos de proteção dos direitos fundamentais pelo Estado. Há um caráter preventivo. O Estado 
passa a ter deveres independentemente de um titular que esteja demandando a proteção. Essa atuação 
preventiva desdobra-se, basicamente, em três vertentes (são as Eficácias da dim. objetiva): a) Eficácia 
Irradiante; b) Eficácia Vinculante; c) Eficácia Processual. 
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#OLHAOGANCHO: 
 
A eficácia irradiante é o dever do Estado de criar normas para a defesa dos direitos fundamentais. 
 
A eficácia vinculante é o papel dos direitos fundamentais como regras demarcadoras e determinantes da 
atuação do Estado em suas diferentes funções (Executiva, Legislativa e Judicial), pautando a prestação dos 
serviços públicos. 
 
A eficácia processual é a utilização dos direitos fundamentais como canais de debates e decisões políticas da 
sociedade, ou seja, a possibilidade de os direitos sejam não apenas conteúdo, mas meio possibilitador de 
debates sociais relevantes. 
 
Eficácia dos direitos fundamentais: 
 
a) Eficácia vertical: Quando os direitos fundamentais surgiram eles tinham apenas a eficácia vertical, pois o 
indivíduo está subordinado ao Estado e por esses direitos protegerem os indivíduos contra os arbítrios do 
Estado, fala-se dessa eficácia vertical. Consiste na aplicação dos direitos fundamentais às relações entre 
particulares e o Estado. É a eficácia clássica. 
 
b) Horizontal/eficácia externa/eficácia privada/eficácia em relação a terceiros – DIRETA OU INDIRETA OU 
INTEGRADORA. Com o desenvolvimento dos direitos fundamentais, percebeu-se que a opressão e a violência 
conta o indivíduo vem também de entidades privadas. Consiste na aplicação dos direitos fundamentais às 
relações entre particulares 
 
c) Eficácia diagonal: Bem recente. Consiste na aplicação dos direitos fundamentais à relação entre 
particulares, nas quais existe um desequilíbrio fático, a exemplo da relação trabalhista. 
 
Delimitação do conteúdo essencial dos direitos fundamentais: 
 
TEORIA ABSOLUTA: De acordo com a teoria absoluta, o conteúdo essencial é uma parte do conteúdo total do 
direito fundamental. Seria um núcleo duro do conteúdo total que seria intransponível pelo legislador. Esse 
conteúdo essencial é absoluto! Não pode ser relativizado. 
 
TEORIA RELATIVA: Essa teoria defende a necessidade de justificar as restrições aos direitos fundamentais 
mediante o recurso ao princípio da proporcionalidade. Não existiria um limite intransponível, a priori. 
 
#OLHAOGANCHO: 
 
Teoria dos limites dos limites: Os direitos fundamentais foram consagrados com o objeto de limitar a atuação 
Estatal. Então os direitos fundamentais atuam como limites para a atuação dos poderes estatais, inclusive do 
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Legislativo. O legislador, por sua vez, pode elaborar leis que limitam os direitos fundamentais. Isso gera um 
certo paradoxo. São os limites dos limites. 
 
#DEOLHONAJURIS: 
 
É constitucional a requisição, sem prévia autorização judicial, de dados bancários e fiscais considerados 
imprescindíveis pelo Corregedor Nacional de Justiça para apurar infração de sujeito determinado, desde que 
em processo regularmente instaurado mediante decisão fundamentada e baseada em indícios concretos da 
prática do ato. O art. 8º, V, do Regimento Interno do CNJ prevê que o Corregedor Nacional de Justiça possui 
competência para “requisitar das autoridades fiscais, monetárias e de outras autoridades competentes 
informações, exames, perícias ou documentos, sigilosos ou não, imprescindíveis ao esclarecimento de 
processos ou procedimentos submetidos à sua apreciação, dando conhecimento ao Plenário”. Essa previsão 
regimental tem por fundamento a probidade patrimonial dos agentes públicos. A legitimidade para requisição 
pode ser por decisão singular do Corregedor por conta da função constitucional por ele exercida, de 
fiscalização da integridade funcional do Poder Judiciário. Contudo, é preciso assegurar a existência de 
garantias ao contribuinte, de modo que não há espaço para devassa ou varredura, buscas generalizadas e 
indiscriminadas na vida das pessoas, com o propósito de encontrar alguma irregularidade. STF. Plenário. ADI 
4709/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 27/5/2022 (Info 1056). 
 
Caso concreto: a imprensa divulgou que o Ministério da Justiça estaria investigando e elaborando dossiês 
sigilosos contra um grupo de servidores públicos identificados como integrantes do “movimento 
antifascismo”. Os principais alvos da investigação seriam professores e policiais autointitulados de 
“antifascistas”. Determinado partido político ajuizou ADPF para que o STF declare que essa investigação viola 
os preceitos fundamentais da liberdade de expressão, reunião, associação, inviolabilidade de intimidade, vida 
privada e honra. O STF julgou o pedido procedente e declarou inconstitucionais atos do Ministério da Justiça 
de produção ou compartilhamento de informações sobre a vida pessoal, as escolhas pessoais e políticas, e as 
práticas cívicas de cidadãos, servidores públicos federais, estaduais e municipais identificados como 
integrantes de movimento político, professores universitários e quaisquer outros que, atuando nos limites da 
legalidade, exerçam seus direitos de livremente expressar-se, reunir-se e associar-se. Os órgãos do Sistema 
Brasileiro de Inteligência, conquanto necessáriospara a segurança pública, segurança nacional e garantia de 
cumprimento eficiente dos deveres do Estado, devem operar com estrita vinculação ao interesse público, 
observância aos valores democráticos e respeito aos direitos e garantias fundamentais. Caracterizam desvio de 
finalidade e abuso de poder a colheita, a produção e o compartilhamento de dados, informações e 
conhecimentos específicos para satisfazer interesse privado de órgão ou de agente público. 
Na hipótese, a utilização da máquina estatal para a colheita de informações de servidores com postura política 
contrária ao governo caracteriza desvio de finalidade e afronta aos direitos fundamentais da livre 
manifestação do pensamento, da privacidade, reunião e associação, aos quais deve ser conferida máxima 
efetividade, pois essenciais ao regime democrático. Ademais, os órgãos de inteligência de qualquer nível 
hierárquico de qualquer dos Poderes do Estado, embora sujeitos ao controle externo realizado pelo Poder 
Legislativo, submetem-se também ao crivo do Poder Judiciário, em respeito ao princípio da inafastabilidade da 
jurisdição. STF. Plenário. ADPF 722/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 13/5/2022 (Info 1054). 
 
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É vedada a utilização, ainda que em caráter excepcional, de recursos vinculados ao Fundeb para ações de 
combate à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Ainda que se reconheça a gravidade da pandemia da 
Covid-19 e os seus impactos na economia e nas finanças públicas, nada justifica o emprego de verba 
constitucionalmente vinculada à manutenção e desenvolvimento do ensino básico para fins diversos da que 
ela se destina. STF. Plenário. ADI 6490/PI, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 18/2/2022 (Info 1044). 
 
À luz do art. 227 da Constituição Federal, que confere proteção integral da criança com absoluta prioridade e 
do princípio da paternidade responsável, a licença maternidade, prevista no art. 7º, XVIII, da CF/88 e 
regulamentada pelo art. 207 da Lei nº 8.112/90, estende-se ao pai genitor monoparental. STF. Plenário. RE 
1348854/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 12/5/2022 (Repercussão Geral – Tema 1182) (Info 
1054). 
 
Regina está acometida de uma doença e precisa de um medicamento, que já foi registrado na ANVISA, mas 
que não está incorporado aos atos normativos do SUS. Ela quer ajuizar uma ação para que seja fornecido esse 
medicamento. A União precisa necessariamente figurar no polo passivo da demanda? O STJ decidiu que não: 
Em ação que pretende o fornecimento de medicamento registrado na ANVISA, ainda que não incorporado em 
atos normativos do SUS, é prescindível a inclusão da União no polo passivo da demanda. STJ. 2ª Turma. RMS 
68602-GO, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 26/04/2022 (Info 734). 
 
O problema foi que a 1ª Turma do STF, no mesmo dia, decidiu, aparentemente, em sentido contrário ao que 
foi explicado: É obrigatória a inclusão da União no polo passivo de demanda na qual se pede o fornecimento 
gratuito de medicamento registrado na Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas não incorporado aos 
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas do Sistema Único de Saúde. Esse entendimento está em 
consonância com a tese fixada pelo STF nos embargos de declaração do RE 855.178 (Tema 793). STF. 1ª 
Turma. RE 1286407 AgR-segundo/PR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 26/4/2022 (Info 1052). 
 
É vedado ao governo federal a utilização do canal de denúncias “Disque 100” do Ministério da Mulher, Família 
e Direitos Humanos (MMFDH) para recebimento de queixas relacionadas à vacinação contra a Covid-19, bem 
como para o recebimento de queixas relacionadas a restrições de direitos consideradas legítimas pelo STF. 
Resumo do caso concreto: o MMFDH produziu uma nota técnica em que se opõe ao passaporte vacinal e à 
obrigatoriedade de vacinação de crianças contra a Covid. O Ministério da Saúde divulgou em seu site uma nota 
técnica dedicada unicamente a fornecer argumentos jurídicos para sustentar que a vacinação de crianças não 
é obrigatória. MMFDH estava disponibilizando canal de denúncia para que a população apresentasse queixas 
contra a vacinação e restrições da Covid. STF considerou que essas práticas seriam ilegítimas, devendo as 
notas técnicas serem retificadas para que seja esclarecida a validade da compulsoriedade da vacinação. Além 
disso, foi proibida a utilização do disque denúncia para a finalidade com a qual estava sendo usada. STF. 
Plenário. ADPF 754 16ª TPI-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 18/3/2022 (Info 1047). 
 
É vedada a utilização, ainda que em caráter excepcional, de recursos vinculados ao Fundeb para ações de 
combate à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). 
 
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Ainda que se reconheça a gravidade da pandemia da Covid-19 e os seus impactos na economia e nas finanças 
públicas, nada justifica o emprego de verba constitucionalmente vinculada à manutenção e desenvolvimento 
do ensino básico para fins diversos da que ela se destina. STF. Plenário. ADI 6490/PI, Rel. Min. Cármen Lúcia, 
julgado em 18/2/2022 (Info 1044) 
 
A fixação do piso salarial em múltiplos do salário mínimo mostra-se compatível com o texto constitucional, 
desde que não ocorra vinculação a reajustes futuros. STF. Plenário. ADPF 53 Ref-MC/PI, ADPF 149 Ref-MC/DF e 
ADPF 171 Ref-MC/MA, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 18/2/2022 (Info 1044) 
 
No mesmo sentido é a OJ 71, da SBDI-2 do TST: “A estipulação do salário profissional em múltiplos do salário 
mínimo não afronta o art. 7º, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, só incorrendo em vulneração do 
referido preceito constitucional a fixação de correção automática do salário pelo reajuste do salário mínimo.” 
 
São inconstitucionais as interpretações judiciais que, unicamente fundamentadas na eclosão da pandemia de 
Covid-19 e no respectivo efeito de transposição de aulas presenciais para ambientes virtuais, determinam às 
instituições privadas de ensino superior a concessão de descontos lineares nas contraprestações dos contratos 
educacionais, sem considerar as peculiaridades dos efeitos da crise pandêmica em ambas as partes contratuais 
envolvidas na lide. 
 
Tese fixada pelo STF: É inconstitucional decisão judicial que, sem considerar as circunstâncias fáticas 
efetivamente demonstradas, deixa de sopesar os reais efeitos da pandemia em ambas as partes contratuais, e 
determina a concessão de descontos lineares em mensalidades de cursos prestados por instituições de ensino 
superior. STF. Plenário. ADPF 706/DF e ADPF 713/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 17 e 18/11/2021 (Info 
1038). 
 
O estrangeiro que desejar regularizar sua situação no Brasil, pode fazê-lo por meio de um procedimento 
chamado de “regularização migratória”. Exige-se o pagamento de uma taxa. Ocorre que muitos estrangeiros 
são hipossuficientes e não conseguem pagar o valor exigido. Diante disso, indaga-se: é possível a dispensa do 
pagamento dessa taxa caso o estrangeiro seja hipossuficiente. 
 
SIM. O STF decidiu que o estrangeiro com residência permanente no Brasil, na condição de hipossuficiência 
está dispensado do pagamento de taxas cobradas para o processo de regularização migratória. 
 
Não se mostra condizente com a CF a exigência de taxas em face de sujeito passivo evidentemente 
hipossuficiente 
 
Fundamento: art. 5º, LXXVI e LXXVII, da CF/88 
 
Tese fixada pelo STF: É imune ao pagamento de taxas para registro da regularização migratória o estrangeiro 
que demonstre sua condição de hipossuficiente, nos termos da legislação de regência. STF. Plenário. RE 
1018911/RR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/11/2021 (Repercussão Geral – Tema 988) (Info 1037). 
 
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A União deve prestar suporte técnico e apoio financeiro para a expansão da rede de UTI’s nos estados durante 
o período deemergência sanitária. STF. Plenário. ACO 3473/DF, ACO 3474/SP, ACO 3475/DF, ACO 3478/PI e 
ACO 3483/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 10/11/2021 (Info 1037) 
 
Caso concreto: Lei do Estado de São Paulo instituiu pisos salariais para os trabalhadores e, em determinado 
artigo, afirmou que o piso salarial não se aplica para os contratos de aprendizagem. Essa previsão é 
constitucional. 
 
Do ponto de vista formal, esse artigo é compatível com a Lei Complementar federal 103/2000, que delegou 
para os Estados-membros e DF a competência para editarem leis fixando o piso salarial dos profissionais (art. 
22, parágrafo único, da CF/88). 
 
Do ponto de vista material, esse artigo também é constitucional porque o contrato de aprendizagem é dotado 
de um regime jurídico peculiar, diferente do contrato de trabalho comum. Logo, esse discrímen que 
fundamentou a opção do legislador estadual está em consonância com os valores da ordem constitucional 
vigente. STF. Plenário. ADI 6223/SP, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, 
julgado em 22/10/2021 (Info 1035). 
 
É incompatível com a Constituição Federal ato normativo que, ao dispor sobre a comercialização de 
medicamentos anorexígenos, dispense o respectivo registro sanitário e as demais ações de vigilância sanitária. 
STF. Plenário. ADI 5779/DF, Rel. Min. Nunes Marques, redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 
14/10 /2021 (Info 1034). 
 
A tabela da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) deve servir de parâmetro para o pagamento dos 
serviços de saúde prestados por hospital particular, em cumprimento de ordem judicial, em favor de paciente 
do SUS. 
 
Tese fixada pelo STF: “O ressarcimento de serviços de saúde prestados por unidade privada em favor de 
paciente do Sistema Único de Saúde, em cumprimento de ordem judicial, deve utilizar como critério o mesmo 
que é adotado para o ressarcimento do Sistema Único de Saúde por serviços prestados a beneficiários de 
planos de saúde”. STF. Plenário. RE 666094/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 30/09/2021 
(Repercussão Geral – Tema 1033) (Info 1032) A súbita modificação da sistemática de distribuição dos 
imunizantes contra Covid-19 pela União — com abrupta redução do número de doses — evidencia a 
possibilidade de frustração do planejamento sanitário estabelecido pelos entes federados. STF. Plenário. ACO 
3518 MC-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 14/9/2021 (Info 1029) 
 
Não é cabível a condenação de empresa jornalística à publicação do resultado da demanda quando o ofendido 
não tenha pleiteado administrativamente o direito de resposta ou retificação de matéria divulgada, publicada 
ou transmitida por veículo de comunicação social no prazo decadencial estabelecido no art. 3º da Lei nº 
13.188/2015, bem ainda, à adequação do montante indenizatório fixado STJ. 4ª Turma. REsp 1867286-SP, Rel. 
Min. Marco Buzzi, julgado em 24/08/2021 (Info 706). 
 
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Direitos de Nacionalidade: 
 
Nacionalidade x Cidadania: Nacional: é o indivíduo que faz parte do povo de um Estado através d 
nascimento ou da naturalização (vínculo marcantemente jurídico). 
 
Cidadão: é o indivíduo que tem direitos políticos, ou seja, pode votar e ser votado, propor ação popular além 
de organizar e participar de partidos políticos (vínculo marcantemente político) 
 
Polipátrida: indivíduo que possui mais de uma nacionalidade 
 
Apátrida, apólidos ou heimatlos (vem do alemão e significa “sem pátria”): é o indivíduo que não possui 
nenhuma nacionalidade. 
 
Espécies 
 
Nacionalidade ORIGINÁRIA (também chamada de primária, atribuída ou involuntária): É aquela que resulta 
de um fato natural (o nascimento). A pessoa se torna nacional nato. Critérios para atribuição da nacionalidade 
originária: 
 
a) Critério territorial (jus soli): se a pessoa nascer no território do país, será considerada nacional deste 
 
b) Critério sanguíneo (jus sanguinis): a pessoa irá adquirir a nacionalidade de seus ascendentes, não 
importando que tenha nascido no território de outro país. No Brasil, adota-se, como regra, o critério do jus 
soli, havendo, no entanto, situações nas quais o critério sanguíneo é aceito. 
 
Art. 12. São brasileiros: 
 
I - natos: 
 
- os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a 
serviço de seu país; (Critério territorial ou jus soli) 
 
- os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da 
República Federativa do Brasil; (Critério sanguíneo ou jus sanguinis e serviço para a República Federativa do 
Brasil;) 
 
- os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição 
brasileira competente (critério jus sanguinis e registro em repartição competente) ou venham a residir na 
República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela 
nacionalidade brasileira (critério jus sanguinis e opção confirmativa) 
 
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Nesta última hipótese denomina-se nacionalidade potestativa, em razão de a nacionalidade estar adstrita à 
vontade do indivíduo. É importante frisar que o ato de opção pela nacionalidade brasileira não gera a própria 
nacionalidade, que é anterior, mas, sim, a definitividade da condição de brasileiro nato, confirmando-a. No 
caso, a opção funciona como uma condição suspensiva e sua manifestação expressa o pleno gozo da condição 
de nacional. 
 
Esse ato voluntário pode ser expresso ou tácito. A pessoa se torna nacional naturalizado. A nossa CF 88 não 
contempla nenhuma hipótese de naturalização tácita 
 
Nacionalidade SECUNDÁRIA (também chamada de derivada, adquirida ou voluntária): A nacionalidade 
secundária, também denominada de segundo grau, é aquela que resulta de um ato voluntário, consistente 
num concurso de vontades entre o pretendente, que deseja obter a nacionalidade de determinado país, e a 
concordância do Estado em conceder a nacionalidade e receber o estrangeiro ou o apátrida como nacional. 
 
Referida nacionalidade se efetiva com a naturalização. 
 
- Art. 12. II - Naturalizados: 
 
- os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua 
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; (Ordinária) 
 
- os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze 
anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (Extraordinária 
 
Português equiparado ou quase brasileiro: Aos portugueses com residência permanente no País serão 
atribuídos os direitos inerentes a brasileiro naturalizado se houver reciprocidade de tratamento em favor dos 
brasileiros em Portugal. Essa regra dirige-se ao português que não quer a naturalização, mas sim permanecer 
como português no Brasil. Esse nacional português terá os mesmos direitos do brasileiro naturalizado, mesmo 
sem ter obtido a naturalização, desde que haja reciprocidade de tratamento para os brasileiros em Portugal. A 
isso se chama de cláusula do ut des (cláusula de reciprocidade). 
 
Não se admite distinção entre brasileiro nato e naturalizado, apenas essas taxativas 
 
Extradição: Somente o naturalizado pode ser extraditado (o nato nunca!). O naturalizado pode ser 
extraditado por crime cometido antes da naturalização ou então mesmo depois da naturalização se o crime 
cometido foi o tráfico ilícito de entorpecentes 
 
Cargos privativos: há alguns cargos privativos de brasileiro nato. São eles: 
I - Presidente e Vice-Presidente da República; 
II - Presidente da Câmara dos Deputados; 
III - Presidente do Senado Federal; 
IV - Ministro do Supremo Tribunal Federal 
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V- de carreira diplomática; 
VI - de oficial das Forças Armadas. 
VII - de Ministro de Estado da Defesa 
 
Atividade nociva ao interesse nacional: Somente o brasileiro naturalizado poderá perder a nacionalidade em 
virtude da prática de atividade nociva ao interesse nacional (art. 12, § 4º, I, da CF/88) 
 
Conselho da República: Participam do Conselho da República, além de outros membros, seis cidadãos 
brasileiros natos, segundo o art. 89 da CF/88. 
 
Empresa jornalística e de radiodifusão: Para que o brasileiro naturalizado seja proprietário de empresa 
jornalística e de radiodifusão no Brasil, é necessário que tenha se naturalizado há mais de 10 anos. 
 
Direitos sociais: 
 
É inconstitucional concessão de descontos lineares nas mensalidades das faculdades privadas na pandemia da 
Covid-19. São inconstitucionais as interpretações judiciais que, unicamente fundamentadas na eclosão da 
pandemia de Covid-19 e no respectivo efeito de transposição de aulas presenciais para ambientes virtuais, 
determinam às instituições privadas de ensino superior a concessão de descontos lineares nas 
contraprestações dos contratos educacionais, sem considerar as peculiaridades dos efeitos da crise pandêmica 
em ambas as partes contratuais envolvidas na lide. 
 
Tese fixada pelo STF: É inconstitucional decisão judicial que, sem considerar as circunstâncias fáticas 
efetivamente demonstradas, deixa de sopesar os reais efeitos da pandemia em ambas as partes contratuais, e 
determina a concessão de descontos lineares em mensalidades de cursos prestados por instituições de ensino 
superior. STF. Plenário. ADPF 706/DF e ADPF 713/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 17 e 18/11/2021 (Info 
1038). 
 
Lei estadual criou um benefício assistencial e previu que seu valor seria o do salário mínimo vigente. Tal 
previsão, em princípio, viola o art. 7º, IV, da CF/88, que proíbe que o salário mínimo seja utilizado como 
referência (parâmetro) para outras finalidades que não sejam a remuneração do trabalho. No entanto, o STF 
afirmou que seria possível conferir interpretação conforme a Constituição e dizer que o dispositivo previu que 
o valor do benefício seria igual ao salário mínimo vigente na época em que a lei foi editada (R$ 545). Após isso, 
mesmo o salário mínimo aumentando nos anos seguintes, o valor do benefício não pode acompanhar 
automaticamente os reajustes realizados sobre o salário mínimo, considerando que ele não pode servir como 
indexador. Em suma, o STF determinou que a referência ao salário mínimo contida na lei estadual seja 
considerada como um valor certo que vigorava na data da edição da lei, passando a ser corrigido nos anos 
seguintes por meio de índice econômico diverso. Com isso, o benefício continua existindo e será necessário ao 
governo do Amapá apenas reajustar esse valor por meio de índices econômicos. STF. Plenário. ADI 4726/AP, 
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/11/2020 (Info 998). 
 
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A norma fundada no art. 7º, XXXIII, da Constituição Federal, na alteração que lhe deu a Emenda Constitucional 
20/1998, tem plena validade constitucional. Logo, é vedado “qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, 
salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos”. STF. Plenário. ADI 2096/DF, Rel. Min. Celso de 
Mello, julgado em 9/10/2020 (Info 994). 
 
Não viola a Constituição Federal a cobrança de contribuição obrigatória dos alunos matriculados nos Colégios 
Militares do Exército Brasileiro. Os Colégios Militares apresentam peculiaridades que fazem com que eles 
sejam instituições diferentes dos estabelecimentos oficiais de ensino, por razões éticas, fiscais, legais e 
institucionais. Podem, assim, ser qualificados como instituições educacionais sui generis. A quota mensal 
escolar exigida nos Colégios Militares não representa ofensa à regra constitucional de gratuidade do ensino 
público, uma vez que não há violação ao núcleo de intangibilidade do direito fundamental à educação. Por fim, 
deve-se esclarecer que esse valor cobrado dos alunos para o custeio das atividades do Sistema Colégio Militar 
do Brasil não possui natureza tributária (não é tributo). Logo, é válida a sua instituição por meio de atos 
infralegais. Portanto, são válidos os arts. 82 e 83, da Portaria 42/2008 do Comandante do Exército, que 
disciplinam essa cobrança. STF. Plenário. ADI 5082/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 24/10/2018 (Info 
921). 
 
São constitucionais a exigência de idade mínima de quatro e seis anos para ingresso, respectivamente, na 
educação infantil e no ensino fundamental, bem como a fixação da data limite de 31 de março para que 
referidas idades estejam completas. STF. Plenário. ADPF 292/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 1º/8/2018 (Info 
909). É constitucional a exigência de 6 (seis) anos de idade para o ingresso no ensino fundamental, cabendo ao 
Ministério da Educação a definição do momento em que o aluno deverá preencher o critério etário. STF. 
Plenário. ADC 17/DF, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, jugado em 1º/8/2018 (Info 
909). As Resoluções nº 01/2010 e nº 06/2010, ambas emanadas da Câmara de Educação Básica do Conselho 
Nacional de Educação (CNE/CEB), ao estabelecerem corte etário para ingresso de crianças na primeira série do 
ensino fundamental (6 anos completos até 31 de março do correspondente ano letivo), não incorreram em 
contexto de ilegalidade (não violaram a lei). Ao contrário, tais Resoluções encontram respaldo na 
interpretação conjunta dos arts. 29 e 32 da Lei nº 9.394/96 (LDB). O Poder Judiciário não pode substituir-se às 
autoridades públicas de educação para fixar ou suprimir requisitos para o ingresso de crianças no ensino 
fundamental, quando os atos normativos de regência não revelem traços de ilegalidade, abusividade ou 
ilegitimidade. STJ. 1ª Turma. REsp 1412704/PE, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 16/12/2014. 
 
A garantia constitucional da gratuidade de ensino não obsta a cobrança por universidades públicas de 
mensalidade em cursos de especialização. STF. Plenário. RE 597854/GO, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 
26/4/2017 (repercussão geral) (Info 862). Nem todas as atividades potencialmente desempenhadas pelas 
universidades são relacionadas exclusivamente ao ensino. Existem também atividades de pesquisa e extensão, 
que podem ser custeadas por recursos privados. Assim, o princípio da gratuidade não obriga as universidades 
a terem os recursos públicos como única fonte de financiamento. O "ensino" tem como missão a plena 
inclusão social (direito constitucional à educação) e, por isso, devem obedecer ao princípio da gratuidade (art. 
206, VI, da CF/88). Por outro lado, é possível que as universidades, no âmbito de sua autonomia didático-
científica, regulamentem, em harmonia com a legislação, atividades destinadas preponderantemente à 
extensão universitária, sendo-lhes, nesse caso, possível a instituição de tarifa. 
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É possível obrigar o Estado a fornecer medicamento off label? 
 
• Em regra, não é possível que o paciente exija do poder público o fornecimento de medicamento para uso off 
label. 
• Excepcionalmente, será possível que o paciente exija o medicamento caso esse determinado uso fora da 
bula (off label) tenha sido autorizado pela ANVISA. 
 
O Estado não é obrigado a fornecer medicamento para utilização off label, salvo autorização da ANVISA. STJ. 
1ª Seção. PUIL 2101-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 10/11/2021 (Info 717). 
#GOLDENTIP5: Nova hipótese foi estabelecida no art. 19-T, parágrafo único, da Lei nº 8.080/90, qual seja, o 
uso do medicamento fora da bula ter sido recomendado pela Comissão Nacional de Incorporação de 
Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), e esteja padronizado em protocolo estabelecido pelo 
Ministério da Saúde, ou que este seja recomendado pela Conitec e adquirido por intermédiode organismos 
multilaterais internacionais, para uso em programas de saúde pública do Ministério da Saúde e suas entidades 
vinculadas. 
 
A União deve prestar suporte técnico e apoio financeiro para a expansão da rede de UTI’s nos estados durante 
o período de emergência sanitária. STF. Plenário. ACO 3473/DF, ACO 3474/SP, ACO 3475/DF, ACO 3478/PI e 
ACO 3483/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 10/11/2021 (Info 1037). 
 
STF determinou que a União enviasse ao Estado-membro as vacinas necessárias para a aplicação da segunda 
dose dentro do prazo estipulado nas bulas dos fabricantes e autorizado pela Anvisa. A súbita modificação da 
sistemática de distribuição dos imunizantes contra Covid-19 pela União — com abrupta redução do número de 
doses — evidencia a possibilidade de frustração do planejamento sanitário estabelecido pelos entes 
federados. STF. Plenário. ACO 3518 MC-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 14/9/2021 (Info 
1029). 
 
Se o hospital particular atender um paciente do SUS por força de decisão judicial ele deverá ser ressarcido com 
base não na tabela do SUS nem com base nos valores de mercado; o ressarcimento ocorrerá com base na 
tabela da ANS, aplicada por analogia. A tabela da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) deve servir de 
parâmetro para o pagamento dos serviços de saúde prestados por hospital particular, em cumprimento de 
ordem judicial, em favor de paciente do SUS. Tese fixada pelo STF: “O ressarcimento de serviços de saúde 
prestados por unidade privada em favor de paciente do Sistema Único de Saúde, em cumprimento de ordem 
judicial, deve utilizar como critério o mesmo que é adotado para o ressarcimento do Sistema Único de Saúde 
por serviços prestados a beneficiários de planos de saúde”. STF. Plenário. RE 666094/DF, Rel. Min. Roberto 
Barroso, julgado em 30/09/2021 (Repercussão Geral – Tema 1033) (Info 1032). 
 
 
5 As #GOLDENTIPs são inseridas pelo nosso setor de revisão. 
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É inconstitucional a Lei 13.454/2017, que havia permitido a comercialização de medicamentos anorexígeneos 
(para emagrecer) mesmo depois de eles terem sido proibidos pela Anvisa. É incompatível com a Constituição 
Federal ato normativo que, ao dispor sobre a comercialização de medicamentos anorexígenos, dispense o 
respectivo registro sanitário e as demais ações de vigilância sanitária. STF. Plenário. ADI 5779/DF, Rel. Min. 
Nunes Marques, redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 14/10/2021 (Info 1034). 
 
Poder Público pode determinar a vacinação compulsória contra a Covid-19 (o que é diferente de vacinação 
forçada). O STF julgou parcialmente procedente ADI, para conferir interpretação conforme à Constituição ao 
art. 3º, III, “d”, da Lei nº 13.979/2020. Ao fazer isso, o STF disse que o Poder Público pode determinar aos 
cidadãos que se submetam, compulsoriamente, à vacinação contra a Covid-19, prevista na Lei nº 13.979/2020. 
O Estado pode impor aos cidadãos que recusem a vacinação as medidas restritivas previstas em lei (multa, 
impedimento de frequentar determinados lugares, fazer matrícula em escola), mas não pode fazer a 
imunização à força. Também ficou definido que os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios têm 
autonomia para realizar campanhas locais de vacinação. A tese fixada foi a seguinte: (A) A vacinação 
compulsória não significa vacinação forçada, por exigir sempre o consentimento do usuário, podendo, 
contudo, ser implementada por meio de medidas indiretas, as quais compreendem, dentre outras, a restrição 
ao exercício de certas atividades ou à frequência de determinados lugares, desde que previstas em lei, ou dela 
decorrentes, e (i) tenham como base evidências científicas e análises estratégicas pertinentes, (ii) venham 
acompanhadas de ampla informação sobre a eficácia, segurança e contraindicações dos imunizantes, (iii) 
respeitem a dignidade humana e os direitos fundamentais das pessoas; (iv) atendam aos critérios de 
razoabilidade e proporcionalidade, e (v) sejam as vacinas distribuídas universal e gratuitamente; e (B) tais 
medidas, com as limitações acima expostas, podem ser implementadas tanto pela União como pelos Estados, 
Distrito Federal e Municípios, respeitadas as respectivas esferas de competência. STF. Plenário. ADI 6586, Rel. 
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 17/12/2020. 
 
STF determinou que governo deveria detalhar a ordem de preferência na vacinação dentro dos grupos 
prioritários (quem deveria ser vacinado primeiro dentro do grupo prioritário) A pretensão de que sejam 
editados e publicados critérios e subcritérios de vacinação por classes e subclasses no Plano de Vacinação, 
assim como a ordem de preferência dentro de cada classe e subclasse, encontra arrimo: • nos princípios da 
publicidade e da eficiência que regem a Administração Pública (art. 37, da CF/88); • no direito à informação 
que assiste aos cidadãos em geral (art. 5º, XXXIII, e art. 37, § 2º, II); • na obrigação da União de “planejar e 
promover a defesa permanente contra as calamidades públicas” (art. 21, XVII); • no dever incontornável 
cometido ao Estado de assegurar a inviolabilidade do direito à vida (art. 5º, caput), traduzida por uma 
“existência digna” (art. 170); e • no direito à saúde (art. 6º e art. 196). STF. Plenário. ADPF 754 TPI-segunda-
Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 27/2/2021 (Info 1007). 
 
É ilegítima a recusa dos pais à vacinação compulsória de filho menor por motivo de convicção filosófica. É 
constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, registrada em órgão de vigilância 
sanitária, (i) tenha sido incluída no Programa Nacional de Imunizações ou (ii) tenha sua aplicação obrigatória 
determinada em lei ou (iii) seja objeto de determinação da União, estado, Distrito Federal ou município, com 
base em consenso médico-científico. Em tais casos, não se caracteriza violação à liberdade de consciência e de 
convicção filosófica dos pais ou responsáveis, nem tampouco ao poder familiar. STF. Plenário. ARE 
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1267879/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 16 e 17/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 1103) (Info 
1003). 
 
É inconstitucional a Lei nº 13.269/2016, que autorizou o uso da fosfoetanolamina sintética ("pílula do câncer) 
por pacientes diagnosticados com neoplasia maligna mesmo sem que existam estudos conclusivos sobre os 
efeitos colaterais em seres humanos e mesmo sem que haja registro sanitário da substância perante a ANVISA. 
Ante o postulado da separação de Poderes, o Congresso Nacional não pode autorizar, atuando de forma 
abstrata e genérica, a distribuição de medicamento. Compete à ANVISA permitir a distribuição de substâncias 
químicas, segundo protocolos cientificamente validados. O controle dos medicamentos fornecidos à 
população leva em conta a imprescindibilidade de aparato técnico especializado, supervisionado pelo Poder 
Executivo. O direito à saúde não será plenamente concretizado se o Estado deixar de cumprir a obrigação de 
assegurar a qualidade de droga mediante rigoroso crivo científico, apto a afastar desengano, charlatanismo e 
efeito prejudicial. STF. Plenário. ADI 5501/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 23/10/2020 (Info 996) 
 
A associação “Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e seis partidos políticos ajuizaram arguição de 
descumprimento de preceito fundamental alegando que o Poder Público estava falhando na proteção dos 
povos indígenas com relação à pandemia da Covid-19. Os autores apontaram uma série de atos comissivos e 
omissivos do Poder Público que, segundo eles, estavam causando alto risco de contágio e de extermínio dos 
povos indígenas. Os requerentes apontaram que tais atos violam a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da 
CF/88), o direito à vida (art. 5º, caput) e o direitoà saúde (arts. 6º e 196), além do direito de tais povos a 
viverem em seu território, de acordo com suas culturas e tradições (art. 231). Na ação, os autores pedem a 
realização de diversas medidas necessárias para a proteção dos povos indígenas. O Min. Roberto Barroso 
(relator) deferiu parcialmente a medida cautelar para que a União implemente, em resumo, as seguintes 
providências: Quanto aos povos indígenas em isolamento ou povos indígenas de recente contato: 1. Criação 
de barreiras sanitárias, que impeçam o ingresso de terceiros em seus territórios; 2. Criação de Sala de 
Situação, para gestão de ações de combate à pandemia quanto aos Povos Indígenas em Isolamento e de 
Contato Recente. Quanto aos povos indígenas em geral: 1. Inclusão de medida emergencial de contenção e 
isolamento dos invasores em relação às comunidades indígenas ou providência alternativa, apta a evitar o 
contato. 2. Imediata extensão dos serviços do Subsistema Indígena de Saúde. 3. Elaboração e monitoramento 
de um Plano de Enfrentamento da COVID-19 para os Povos Indígenas Brasileiros pela União. O Plenário do STF 
referendou a medida cautelar concedida. STF. Plenário. ADPF 709 Ref-MC/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, 
julgado em 3 e 5/8/2020 (Info 985) 
 
O art. 1º, § 3º da Lei nº 13.301/2016 prevê, como uma das medidas para combater o Aedes aegypti, que o 
poder público fica autorizado a fazer a pulverização, por meio de aeronaves, de produtos químicos para matar 
o mosquito: § 3º São ainda medidas fundamentais para a contenção das doenças causadas pelos vírus de que 
trata o caput: IV - permissão da incorporação de mecanismos de controle vetorial por meio de dispersão por 
aeronaves mediante aprovação das autoridades sanitárias e da comprovação científica da eficácia da medida. 
O STF deu intepretação conforme a esse dispositivo dizendo que, além da comprovação científica e da 
aprovação das autoridades sanitárias (mencionadas expressamente no texto da lei), é necessário também que 
haja a aprovação das autoridades ambientais. A aprovação das autoridades sanitárias e ambientais 
competentes e a comprovação científica da eficácia da medida são condições prévias e inafastáveis à 
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incorporação de mecanismo de controle vetorial por meio de dispersão por aeronaves. STF. Plenário. ADI 
5592/DF, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 11/9/2019 (Info 951) 
 
A prudência — amparada nos princípios da prevenção e da precaução — aconselha que continuem em vigor as 
medidas excepcionais previstas nos arts. 3º ao 3º-J da Lei nº 13.979/2020, dada a continuidade da situação de 
emergência na área da saúde pública. STF. Plenário. ADI 6625 MC-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 
julgado em 6/3/2021 (Info 1008). 
 
É incabível a requisição administrativa, pela União, de bens insumos contratados por unidade federativa e 
destinados à execução do plano local de imunização, cujos pagamentos já foram empenhados. A requisição 
administrativa não pode se voltar contra bem ou serviço de outro ente federativo. Isso para que não haja 
indevida interferência na autonomia de um sobre outro. STF. Plenário. ACO 3463 MC-Ref/SP, Rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, julgado em 8/3/2021 (Info 1008) 
 
É inconstitucional a possibilidade de um paciente do Sistema Único de Saúde (SUS) pagar para ter 
acomodações superiores ou ser atendido por médico de sua preferência, a chamada "diferença de classes". 
Existe uma portaria do Ministério da Saúde (Portaria 113/1997) que proíbe a diferença de classe. Este ato 
estava sendo questionado e o STF, em recurso extraordinário submetido à repercussão geral, declarou que ele 
é constitucional, firmando a seguinte tese, que vale de forma ampla para todos os casos envolvendo diferença 
de classe: "É constitucional a regra que veda, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, a internação em 
acomodações superiores, bem como o atendimento diferenciado por médico do próprio SUS, ou por médico 
conveniado, mediante o pagamento da diferença dos valores correspondentes." STF. Plenário. RE 581488/RS, 
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/12/2015 (repercussão geral) (Info 810). 
 
Mínimo existencial: que consiste no núcleo duro e intangível de direitos ligados ao princípio da dignidade da 
pessoa humana, isto é, o conjunto de direitos básicos que oportuniza a existência de uma vida digna, e que, 
portanto, não pode ser objeto de redução ou supressão pelo poder Público; ao contrário, este deve garanti-
los mediante prestações estatais positivas. 
 
O mínimo existencial é o mesmo que o mínimo vital? O mínimo existencial não se confunde com o mínimo 
vital uma vez que este corresponde às prestações que garantem o estado de sobrevivência, de não morte, 
enquanto aquele pode ser conceituado como as prestações materiais mínimas que garantem uma vida digna, 
abrangendo alimentação, vestuário, moradia, lazer, transporte público, entre outros. 
 
Reserva do possível: surgiu na Alemanha, de modo que a efetividade dos direitos sociais estariam sob a 
reserva da capacidade financeira do Estado, uma vez que seriam direitos dependentes de prestações 
financeiras pelos cofres públicos. Esta teoria preconiza, em síntese, que o Estado não consegue atender 
materialmente a todas as necessidades sociais, quase sempre infinitas. - Neste interim, o Estado se vê obrigado a 
tomar “decisões trágicas”, como, por exemplo, deixar de fornecer uma medicação de altíssimo custo a 
determinado paciente para, com os mesmos recursos, fornecer diversos tratamentos menos custosos que, não 
obstante, sejam capazes de atender a centenas ou, até mesmo, a milhares de outras pessoas. O cerne das 
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“Escolhas Trágicas” consiste justamente na tomada de uma decisão que imponha, de um lado, sacrifício a 
determinado bem jurídico em prol de outro, geralmente com o objetivo de uma atuação estatal mais ampla. 
 
É necessário comprovação objetiva da incapacidade econômico-financeira da pessoa estatal. Dessa forma, 
como tese processual, pode-se alegar que cabe ao Estado demonstrar a falta de recursos públicos de maneira 
cabal e, caso assim não o faça, não se desincumbe do ônus probatório. 
 
O STF entende que a Administração Pública não pode criar obstáculos artificiais, com a intenção de fraudar o 
estabelecimento e preservação, em favor de cidadãos, de condições materiais mínimas de existência. Ou seja, 
não é possível a alegação da reserva do possível frente aos direitos considerados mínimo existencial, já que 
quanto a estes, não cabe ao administrador pública preteri-los em suas escolhas. A realização de direitos 
fundamentais, não é opção do governante, tais direitos estão intimamente ligados à dignidade da pessoa 
humana, e assim não podem ser limitado em razão da escassez quando esta é fruto das escolhas do 
administrador. A não priorização de direitos essenciais implica em destrato da vida humana como um fim em 
si mesmo, ofende, às claras, o sobreprincípio da dignidade da pessoa humana. 
 
Se um direito é qualificado pelo legislador como absoluta prioridade, ele deixa de integrar o universo de 
incidência da reserva do possível, já que a sua possibilidade é obrigatoriamente fixada pela Constituição ou 
pela lei. 
 
Nesse contexto, fica fácil compreender o conceito de “Autocontenção Judicial” – também denominado 
“Autorrestrição” ou “Self Restraint” – que nada mais é do que a internalização, pelo Judiciário, das teorias 
acima mencionadas (“Reserva do Possível” e “Escolhas Trágicas”), na medida em que busca esperar a atuação 
do legislador infraconstitucional para concretização de políticas públicas, sem invadir a seara de outro Poder 
 
Em contraposição à doutrina da “Autocontenção Judicial”, encontra-se a do “Ativismo Judicial”, que, como o 
próprio nome sugere, indica ao magistrado que adote uma postura proativa na implementação depolíticas 
públicas a partir da análise direta das normas constitucionais, ainda que – ou principalmente quando – haja 
manifesta omissão do Legislativo e do Executivo em suas funções típicas de legislar sobre e de implementar os 
mesmos direitos fundamentais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO PENAL6 
 
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
CONCEITO DE DIREITO PENAL 
ASPECTO 
FORMAL/ESTÁTICO 
Direito Penal é o conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos 
como infrações penais, define os seus agentes e fixa sanções a serem-lhes aplicadas. 
ASPECTO 
MATERIAL 
O Direito Penal refere-se a comportamentos considerados altamente reprováveis ou 
danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à própria 
conservação e progresso da sociedade. 
ASPECTO 
SOCIOLÓGICO/ 
DINÂMICO 
O Direito Penal é mais um instrumento de controle social, visando assegurar a 
necessária disciplina para a harmônica convivência dos membros da sociedade. 
Aprofundando o enfoque sociológico 
- A manutenção da paz social demanda a existência de normas destinadas a estabelecer 
diretrizes. 
- Quando violadas as regras de conduta, surge para o Estado o dever de aplicar sanções 
(civis ou penais). 
#ATENÇÃO: Nessa tarefa de controle social atuam vários ramos do direito, como o 
Direito Civil, Direito Administrativo, etc. O Direito Penal é apenas um dos ramos do 
controle social. 
 
6 Por Raiane Arteman 
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- Quando a conduta atenta contra bens jurídicos especialmente tutelados, merece 
reação mais severa por parte do Estado, valendo-se do Direito Penal. 
#IMPORTANTE: O que diferencia a norma penal das demais é a espécie de 
consequência jurídica, ou seja, pena privativa de liberdade (PPL). 
- O Direito Penal é norteado pelo princípio da intervenção mínima, só atuando quando 
os outros ramos do direito falham. 
 
PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM A MISSÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENAL 
 
PRINCÍPIO DA 
EXCLUSIVA 
PROTEÇÃO DOS 
BENS JURÍDICOS 
O direito penal deve servir apenas para proteger bens jurídicos relevantes, 
indispensáveis ao convívio da sociedade. Decorrência do princípio da ofensividade. 
PRINCÍPIO DA 
INTERVENÇÃO 
MÍNIMA 
O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, de modo que sua 
intervenção fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controle (caráter 
subsidiário), observando somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao 
bem jurídico tutelado (caráter fragmentário). 
a) Princípio da fragmentariedade (ou caráter fragmentário do Direito Penal): 
estabelece que nem todos os ilícitos configuram infrações penais, mas apenas os 
que atentam contra valores fundamentais para a manutenção e o progresso do ser 
humano e da sociedade. Em razão de seu caráter fragmentário, o Direito Penal é a 
última etapa de proteção do bem jurídico. 
Deve ser utilizado no plano abstrato, para o fim de permitir a criação de tipos penais 
somente quando os demais ramos do Direito tiverem falhado na tarefa de proteção 
de um bem jurídico. Refere-se, assim, à atividade legislativa. 
#O que é FRAGMENTARIEDADE ÀS AVESSAS? 
Situações em que um comportamento inicialmente típico deixa de interessar ao Direito 
Penal, sem prejuízo da sua tutela pelos demais ramos do Direito. 
IMPORTANTE! O princípio da insignificância é desdobramento lógico da 
fragmentariedade. 
b) Princípio da subsidiariedade: a atuação do Direito Penal é cabível unicamente 
quando os outros ramos do Direito e os demais meios estatais de controle social 
tiverem se revelado impotentes para o controle da ordem pública. Assim, o Direito 
Penal funciona como um executor de reserva (ultima ratio), entrando em cena 
somente quando outros meios estatais de proteção mais brandos, e, portanto, 
menos invasivos da liberdade individual não forem suficientes para a proteção do 
bem jurídico tutelado. 
Projeta-se no plano concreto, isto é, em sua atuação prática o Direito Penal somente se 
legitima quando os demais meios disponíveis já tiverem sido empregados, sem 
sucesso, para proteção do bem jurídico. Guarda relação, portanto, com a tarefa de 
aplicação da lei penal. 
 
PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O FATO 
 
PRINCÍPIO DA 
LEGALIDADE 
Art. 5º, II, C.F. – “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa 
senão em virtude de lei;” 
Art. 5º, XXXIX, C.F. – “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem 
prévia cominação legal;” 
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Art. 1º, C.P. - “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia 
cominação legal.” 
DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: 
a) não há crime ou pena sem lei (MP não pode criar crime, nem cominar pena) 
b) não há crime ou pena sem lei anterior (princípio da anterioridade) 
c) não há crime ou pena sem lei escrita (proíbe costume incriminador) 
d) não há crime ou pena sem lei estrita (proíbe-se a utilização da analogia para criar 
tipo incriminador - analogia in malam partem). 
e) não há crime ou pena sem lei certa (Princípio da Taxatividade ou da 
determinação; Proibição de criação de tipos penais vagos e indeterminados) 
f) não há crime ou pena sem lei necessária (desdobramento lógico do princípio da 
intervenção mínima) 
PRINCÍPIO DA 
EXTERIORIZAÇÃO 
OU 
MATERIALIZAÇÃO 
DO FATO 
O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias, isto é, fatos. 
ATENÇÃO! Veda-se o Direito Penal do autor: consistente na punição do indivíduo 
baseada em seus pensamentos, desejos e estilo de vida. 
Conclusão: O Direito Penal Brasileiro segue Direito Penal do Fato. 
Resquícios de direito penal do autor no direito brasileiro: Até 2009, mendicância 
era crime. Vadiagem é contravenção penal. 
ATENÇÃO: Identifica-se a aplicação do direito penal do autor em detrimento ao 
direito penal do fato: fixação da pena, regime de cumprimento da pena e 
espécies de sanção. 
Princípio da 
OFENSIVIDADE/ 
LESIVIDADE 
Exige que do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. 
Somente condutas que causem lesão (efetiva/potencial) a bem jurídico, relevante e 
de terceiro, podem estar sujeitas ao Direito Penal. 
-CRIME DE DANO: ocorre efetiva lesão ao bem jurídico. Ex: homicídio. 
-CRIME DE PERIGO: basta risco de lesão ao bem jurídico. Ex.: embriaguez ao volante; 
porte de arma. 
a) Perigo abstrato: o risco de lesão é absolutamente presumido por lei. 
b) Perigo concreto: De vítima determinada: o risco deve ser demonstrado indicando 
pessoa certa em perigo. De vítima difusa: o risco deve ser demonstrado 
dispensando vítima determinada. 
 
PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O AGENTE 
 
PRINCÍPIO DA 
RESPONSABILIDADE 
PESSOAL 
Proíbe-se o castigo pelo fato de outrem. Está vedada a responsabilidade penal 
coletiva. 
DESDOBRAMENTOS: 
a) Obrigatoriedade da individualização da acusação (é proibida a denúncia 
genérica, vaga ou evasiva). O Promotor de Justiça deve individualizar os 
comportamentos. OBS: Nos crimes societários, os Tribunais Superiores 
flexibilizam essa obrigatoriedade. 
b) Obrigatoriedade da individualização da pena (é mandamento constitucional, 
evitando responsabilidade coletiva). 
PRINCÍPIO DA 
RESPONSABILIDADE 
SUBJETIVA: 
Não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, ficando a sua 
responsabilidade condicionada à existência da voluntariedade (dolo/culpa). 
Está proibida a responsabilidade penal objetiva, isto é, sem dolo ou culpa. 
Temos doutrina anunciando CASOS DE RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA 
(autorizadas por lei): 
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1- Embriaguez voluntária 
Crítica: a teoria da actio libera in causa exige não somente uma análise pretérita da 
imputabilidade, mas também da consciência e vontade do agente. 
2- Rixa Qualificada 
Crítica: só responde pelo resultado agravador quematuou frente a ele com dolo ou 
culpa, evitando-se responsabilidade penal objetiva. 
3- Responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes ambientais 
PRINCÍPIO DA 
CULPABILIDADE 
Postulado limitador do direito de punir. 
Só pode o Estado impor sanção penal ao agente imputável, isto é, penalmente 
capaz, com potencial consciência da ilicitude (possibilidade de conhecer o 
caráter ilícito do comportamento), quando dele exigível conduta diversa. 
PRINCÍPIO DA 
ISONOMIA 
A isonomia que se garante é a isonomia substancial. Deve-se tratar de forma igual o 
que é igual, e desigualmente o que é desigual. 
PRINCÍPIO DA 
PRESUNÇÃO DE 
INOCÊNCIA 
Convenção Americana de Direitos Humanos - Artigo 8º .2: “Toda pessoa acusada de 
um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for 
legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, 
em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:” 
Art. 5º, LVII C.F. – “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória;” 
 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (DA BAGATELA OU INFRAÇÃO BAGATELAR PRÓPRIA) 
 
Este princípio preconiza a análise da ocorrência de lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido pelo 
tipo penal. Expoente: Claus Roxin, em 1964. 
 
Natureza jurídica: causa supralegal de exclusão da tipicidade material. É um requisito negativo da tipicidade 
(STF, HC 137217). É um juízo negativo da tipicidade conglobante, pois ultrapassa o juízo subsuntivo formal e 
adentra na seara da análise do desvalor da conduta e do resultado em sentido amplo (STJ, RHC 59568). 
 
#SELIGA: É instrumento de interpretação restritiva do tipo penal. 
 
REQUISITOS DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
OBJETIVOS SUBJETIVOS 
STF: MARI 
Mínima ofensividade da conduta 
Ausência de periculosidade social da ação 
Reduzido grau de reprovabilidade do 
comportamento 
Inexpressividade da lesão jurídica 
STJ: E3C 
Extensão do dano 
Circunstâncias e resultado do crime 
Condições pessoais da vítima; 
Condições pessoais do agente 
 
EXEMPLOS: 
Extensão do dano: bem de pequeno valor, mas de grande valor sentimental. 
Circunstâncias e resultado do crime: número de pessoas atingidas. 
Condições pessoais da vítima: situação financeira por exemplo 
Condições pessoais do agente: furto praticado por policial militar. O desvalor da ação é maior do que de um 
cidadão comum 
 
DISTINÇÃO 
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BAGATELA PRÓPRIA BAGATELA IMPRÓPRIA 
Ocorre a bagatela própria quando uma conduta é 
formalmente criminosa (subsuma-se ao tipo penal), 
mas não atingiu expressivamente o bem jurídico 
tutelado pela norma. Essa lesão insignificativa 
desde o início já afasta o crime, porque a conduta é 
atípica materialmente. 
Dessa forma, sem um dos elementos do fato típico não 
há crime. 
Ocorre nas situações em que uma conduta ofende 
significativamente o bem jurídico protegido pela 
norma, mas, a pena se torna desnecessária. 
Ex. perdão judicial. 
Atenção: jurisprudência não aplica a bagatela 
imprópria para os delitos de Maria da Penha. 
 
#DEOLHONASSÚMULAS: 
 
Súmula 589-STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados 
contra a mulher no âmbito das relações domésticas. 
 
Súmula 599 do STJ: dispõe que “o princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração 
pública” 
 
Súmula 606-STJ: Não se aplica o princípio da insignificância aos casos de transmissão clandestina de sinal de 
internet via radiofrequência que caracterizam o fato típico previsto no artigo 183 da lei 9.472/97. 
 
#DEOLHONAJURIS: A jurisprudência do STF e do STJ é no sentido da inaplicabilidade do princípio da 
insignificância na hipótese de crimes praticados contra a fé pública (ex: uso de atestado médico falso; 
introdução de moedas falsas), em função do bem jurídico tutelado pela norma, que, no caso, a fé pública 
representa caráter supraindividual. STF. 2ª Turma. HC 117638, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 
11/03/2014 STF. 1ª Turma. HC 187269, Rel. Min Roberto Barroso, decisão monocrática em 18/06/2020. STJ. 6ª 
Turma. AgRg-AREsp 1.963.955, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 08/02/2022 STJ. 5ª Turma. AgRg-
RHC 155.201, Rel. Min. Jesuíno Rissato, julgado em 12/12/2021. 
 
Excepcionalmente, admite-se o princípio da insignificância nos crimes contra a fé pública (uso de atestado 
falso) em casos que o dolo do réu revela, de plano, "a mínima ofensividade da conduta do agente, a nenhuma 
periculosidade social da ação, o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e a 
inexpressividade da lesão jurídica provocada", a demonstrar a atipicidade material da conduta e afastar a 
incidência do direito penal, sendo suficientes as sanções previstas na Lei trabalhista. STJ. 5ª Turma. AgRg no 
AREsp 1816993/B1, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 16/11/2021. 
 
#ATENÇÃO: O atual entendimento do STJ é no sentido de que a apreensão de pequena quantidade de 
munição, desacompanhada da arma de fogo, permite a aplicação do princípio da insignificância ou bagatela. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 517.099/MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 06/08/2019. 
 
A jurisprudência de ambas as turmas do STJ firmou entendimento de que o crime de posse de drogas para 
consumo pessoal (art. 28 da Lei nº 11.343/06) é de perigo presumido ou abstrato e a pequena quantidade de 
droga faz parte da própria essência do delito em questão, não lhe sendo aplicável o princípio da insignificância 
STJ. 6ª Turma. RHC 35920 -DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/5/2014. Info 541. STJ. 5ª Turma. 
HC 377.737, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 16/03/2017. STJ. 6ª Turma. AgRg-RHC 147.158, Rel. Min. 
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 25/5/2021. 
 
OBS.: STF: Há um precedente da 1ª Turma, aplicando o princípio. 
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PRETENSÃO PUNITIVA DO ESTADO VS. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
 
VELOCIDADES DO DIREITO PENAL 
1ª (primeira) 
velocidade 
O direito penal da prisão. Engloba a minoria dos crimes (mais graves), que inevitavelmente 
levam à prisão. Tal velocidade constitui um direito penal lento e extremamente 
garantista. Isso porque o bem jurídico em disputa (liberdade) é muito valioso, o que 
necessita de um processo lento, com muitas fases de defesa e recursos, prazos 
dilatados. O melhor exemplo é o procedimento do júri. 
2ª (segunda) 
velocidade 
É formada pelo direito penal sem prisão. Assim, mesmo que seja condenado, o sujeito não 
será preso. Engloba os crimes mais leves. Por não envolver a perda da liberdade, 
permite um processo mais rápido, com o suprimento de algumas fases processuais e até 
mesmo flexibilizar direitos e garantias fundamentais. Um exemplo é a Lei 9099/95, ao 
tratar dos Juizados Especiais Criminais, que traz o instituto da transação penal e as 
penas restritivas de direitos. 
3ª (terceira) 
velocidade 
É uma fusão das velocidades supracitadas. Segundo parte considerável da doutrina, a 3ª 
(terceira) velocidade teria sido também desenvolvida por Silva Sánchez. Outros 
entendem que ela somente teria sido exposta com minúcias por Günther Jakobs, 
professor catedrático de Direito Penal e Filosofia do Direito na Universidade de Bonn, 
Alemanha, o qual traçou lineamentos de uma teoria denominada de Direito Penal do 
inimigo. 
O direito penal do inimigo seria então a 3ª velocidade do direito penal por ser um direito 
penal com pena de prisão e extremamente célere. Trata-se de uma mistura das duas 
velocidades acima mencionadas. Essa tendência pode ser vista em algumas “recentes” 
leis brasileiras, como a Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072, de 1990), que, por 
exemplo, aumentou consideravelmente a pena de vários delitos, estabeleceu o 
cumprimento da pena em regime integralmente fechado e suprimiu, ou tentou 
suprimir, algumas prerrogativas processuais (exemplo: a liberdade provisória), e a Lei do 
Crime Organizado (Lei n. 9.034, de 1995), entre outras.4ª (quarta) 
velocidade 
A 4ª (quarta) velocidade do Direito Penal estaria ligada ao Direito Internacional. 
Para aqueles que uma vez ostentaram a posição de Chefes de Estado, e, como tais, 
violaram gravemente tratados internacionais de tutela de direitos humanos, serão 
aplicadas as normais internacionais. O TPI (Tribunal Penal Internacional) será 
especialmente aplicado a esses réus. Nessa velocidade, há uma nítida diminuição das 
garantias individuais penais e processuais penais desses réus, defendida inclusive pelas 
ONGs. Podem ser citados como exemplos (Sadam Russem, Muammar Kadafi, Adolf 
Hitler, dentre outros). 
 
#GOLDENTIPS7: 
VELOCIDADE CARACTERÍSTICAS SANÇÃO PENAL 
 
7 As #GOLDENTIPS foram incluídas pelo setor de revisão. 
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137 
 
1ª Direitos e Garantias respeitados de forma ampla. Pena privativa de liberdade. 
2ª Flexibilização dos Direitos e Garantias. Penas restritivas de direitos e pecuniárias. 
3ª Flexibilização dos Direitos e Garantias. Pena privativa de liberdade. 
4ª Flexibilização dos Direitos e Garantias. 
No TPI: imprescritibilidade. 
Aplicadas por Cortes Internacionais. 
No TPI: prisão perpétua. 
 
LEI PENAL NO TEMPO 
 
Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do 
resultado: teoria da atividade (art. 4º, CP). 
 
O art. 5º, XL, da CF estabelece que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. Portanto, 
percebemos que a regra é a irretroatividade da lei penal e a exceção é a retroatividade da lei penal benéfica. 
 
Se a conduta anteriormente era atípica, mas com a vigência da nova lei passa a ser uma conduta criminosa, 
tem-se novatio legis incriminadora. A lei penal, neste caso, não retroagirá. 
 
Se a conduta já era criminalizada, mas uma lei recrudesce o tratamento estatal em relação àquela conduta, 
receberá o nome de novatio legis in pejus. A lei nova que, de qualquer modo, prejudique o réu, também será 
irretroativa. 
 
#SELIGA 
Sumula 711-STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua 
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 
 
Crime permanente é aquele cuja consumação se protrai no tempo pela vontade do agente. Exemplo: crime de 
sequestro. 
 
Crime continuado, que é uma ficção jurídica, consiste na prática de vários crimes da mesma espécie, sob as 
mesmas condições de tempo, lugar, maneira de execução, de forma que um crime será considerado 
continuação do outro, sendo todos tratados como crime único. 
 
É possível que a conduta criminosa seja suprimida do ordenamento jurídico por meio de uma lei penal, 
tornando-se um indiferente penal. Apresenta-se, consequentemente, como uma lei penal benéfica que irá 
retroagir, alcançado, inclusive, situações definitivamente julgadas. Neste caso, ocorrerá a denominada abolitio 
criminis. 
 
CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICO: há a supressão formal, mas não material do crime. 
 
É possível, ainda, que uma nova lei venha a beneficiar o réu, sendo uma lex mitior. O art. 2º, parágrafo único, 
do CP estabelece que a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, 
ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
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138 
 
 
#FIQUEATENTO 
Súmula 611-STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação 
de lei mais benigna. 
 
LEIS TEMPORÁRIAS E EXCEPCIONAIS 
 
A lei temporária tem um prazo determinado. 
 
A lei excepcional é editada em função de algum acontecimento excepcional. 
 
A lei temporária e a excepcional, mesmo que encerrado o período de sua duração, serão aplicadas aos fatos 
praticados durante a sua vigência, razão pela qual têm o efeito da ultratividade. 
 
Tais leis possuem duas características essenciais: 
 
a) autorrevogabilidade: a lei penal temporária traz o prazo certo da sua revogação, enquanto a lei penal 
excepcional não traz o momento de revogação, cessando quando cessar a situação ensejadora. 
 
b) ultratividade: alcançam fatos praticados durante a sua vigência, mesmo após a sua revogação. 
 
COMBINAÇÃO DE LEIS PENAIS (lex tertia): não se admite a combinação de lei penais no tempo, devendo a 
benignidade entre a lei posterior e a lei anterior ser aferida considerando-as separadamente. 
 
TEMPO DO CRIME 
 
TEORIA DA 
ATIVIDADE 
Considera-se praticado o crime no momento da conduta. Adotada CP 
TEORIA DO 
RESULTADO 
Considera-se praticado o crime no momento do resultado. 
TEORIA MISTA 
/ UBIQUIDADE 
Considera-se praticado o crime no momento da conduta ou do resultado. 
 
LEI PENAL NO ESPAÇO: PRINCÍPIOS 
 
Princípio da territorialidade: a lei penal do local do crime é a que será aplicada, não importando a 
nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico. 
 
Princípio de nacionalidade ativa (personalidade ativa): aplica-se a lei do país pertencente ao agente do crime 
(sujeito ativo), sem importar a nacionalidade da vítima, local do crime ou bem jurídico violado. 
 
Princípio da nacionalidade passiva (personalidade passiva): aplica-se a lei do país pertencente à vítima do 
crime, sem importar a nacionalidade do agente (sujeito ativo), local do crime ou bem jurídico violado. 
 
Princípio da defesa real: é a aplicação da lei penal da nacionalidade da coisa, do bem jurídico lesado. 
 
Princípio da justiça penal universal (justiça penal cosmopolita): é o princípio que exige que se faça justiça, 
sem se importar onde. O agente fica sujeito ao país em que for encontrado. 
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139 
 
 
Princípio do pavilhão (representação, substituição ou bandeira): aplica-se a lei nacional aos crimes cometidos 
em aeronaves ou embarcações privadas, quando praticados no estrangeiro, mas aí não sejam julgados. 
Adotado pelo CP. 
 
LUGAR DO CRIME 
 
Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como 
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado (TEORIA DA UBIQUIDADE). 
 
#DICA: LU/TA 
 
LU = Teoria da Ubiquidade = lugar do crime (art. 6º) 
TA = Teoria da Atividade = tempo do crime (art. 4º) 
 
CRIMES À DISTÂNCIA E CRIMES PLURILOCAIS (ART. 6.º DO CP X ART. 70 DO CPP) 
TEORIA DA UBIQUIDADE (ART. 6.º DO CP) TEORIA DO RESULTADO (ART. 70 DO CPP) 
O dispositivo aplica-se a crimes que envolvem o 
território de dois ou mais países, ou seja, 
conflitos internacionais de jurisdição 
O dispositivo aplica-se a crimes que envolvem duas 
ou mais comarcas dentro do Brasil, ou seja, 
conflitos internos de competência local. 
Nos CRIMES À DISTÂNCIA (ou crimes de espaço 
máximo), a prática do delito envolve o território 
de dois ou mais países. 
Nos CRIMES PLURILOCAIS, a prática do delito 
envolve duas ou mais comarcas/ seções 
judiciárias dentro do mesmo país. 
 
NÃO APLICAÇÃO 
DA TEORIA DA 
UBIQUIDADE 
Crimes Conexos: não se aplica a teoria da ubiquidade, eis que os diversos crimes não 
constituem unidade jurídica. Deve cada um deles, portanto, ser processado e julgado no 
país em que foi cometido. 
Crimes Plurilocais: aplica-se a regra delineada pelo art. 70, caput, do Código de Processo 
Penal, ou seja, a competência será determinada pelo lugar em que se consumar a 
infração ou, no caso de tentativa, pelo local em que for praticado o último ato de 
execução. Na hipótese de crimes dolosos contra a vida, aplica-se a teoria da atividade, 
segundo pacífica jurisprudência, em razão da conveniência para a instrução criminal em 
juízo, possibilitando a descoberta da verdade real 
Infrações penais de menor potencial ofensivo: teoria da atividade - “A competência do 
Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal” (art. 63, L. 
9099) 
Crimes falimentares: foro do local em que foi decretada a falência, concedida a 
recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial (art. 183 da Lei 
11.101/2005)Atos infracionais: competente a autoridade do lugar da ação ou da omissão (Lei 8.069/1990 
– ECA, art. 147, § 1.º). 
 
EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA 
 
A sentença criminal proveniente de estado soberano estrangeiro, desde a EC 45/2004, deve ser homologada 
no Brasil pelo Superior Tribunal de Justiça. Ao fazer a homologação o STJ não aprecia o mérito, fazendo apenas 
um exame formal (juízo de prelibação). 
 
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140 
 
A sentença pode ser homologada no Brasil para: 
I - Obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; 
II - Sujeitá-lo a medida de segurança. 
 
#ATENÇÃO: se a homologação for pertinente à medida de segurança, será imprescindível que exista tratado 
de extradição com o país de cuja autoridade emanou a decisão. Se não houver este tratado, é necessário que 
haja uma requisição do ministro da justiça que suprirá a necessidade do tratado entre os países. 
 
CONTAGEM DE PRAZO 
 
Prazos processuais penais: o CPP estabelece que não é computado o dia do início, mas é incluído o dia do 
vencimento. Se cair em feriado ou dia não útil, prorrogar-se-á para o primeiro dia útil imediatamente 
posterior. 
 
Prazos penais: há aqui uma improrrogabilidade dos prazos, de forma que será incluído o dia do começo e 
excluído o dia do final. 
 
CONFLITO APARENTE DE NORMAS 
 
Para se falar em conflito aparente de normas, é necessário que haja duas ou mais leis penais em vigor ao 
mesmo tempo. 
 
São princípios que solucionam o aparente conflito: 
 
Princípio da especialidade estabelece que a lei especial prevalece sobre a geral (lex specialis derogat legi 
generali). No conflito entre lei penal geral e lei penal especial, aplica-se esta última. A lei é especial em razão 
de conter, além de todos os elementos da lei geral, elementos especializantes. 
 
Subsidiariedade, uma lei define o fato como criminoso e outra lei também define o fato como criminoso. 
Porém, a abrangência da outra lei é maior. Em verdade, o que se percebe nesta relação entre norma 
subsidiária e norma principal é que há um a relação de maior e de menor gravidade. 
 
Consunção, a norma definidora de um crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação ou 
execução de outro crime. Em termos bem esquemáticos, há consunção quando o fato previsto em 
determinada norma é compreendido em outra, mais abrangente, aplicando-se somente esta. 
 
Princípio da alternatividade tem validade e aplicação prática nos chamados crimes de conteúdo múltiplo (ou 
variado), isto é, tipos penais que contam com vários verbos nucleares (cf. art. 33 da Lei de Drogas; art. 12 do 
Estatuto do Desarmamento etc.). Nessas hipóteses, se o agente realiza vários verbos, porém no mesmo 
contexto fático e sucessivamente (p. ex., depois de importar e preparar certa quantidade de droga, o 
agente traz consigo porções separadas para venda a terceiros), por força do princípio da alternatividade, 
responderá por crime único, devendo o juiz considerar a pluralidade de núcleos praticados na fixação da pena. 
 
#DEOLHONAJURIS – CONFLITO APARENTE DE NORMAS 
 
Embora a tipificação da lavagem de capitais dependa da existência de uma infração penal antecedente, é 
possível a autolavagem, isto é, a imputação simultânea, ao mesmo réu, do delito antecedente e do crime de 
lavagem, desde que sejam demonstrados atos diversos e autônomos daquele que compõe a realização do 
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141 
 
primeiro crime, circunstância em que não ocorrerá o fenômeno da consunção. A autolavagem (self 
laundering/auto lavado) merece reprimenda estatal, na medida em que o autor da infração penal 
antecedente, já com a posse do proveito do crime, poderia simplesmente utilizar-se dos bens e valores à sua 
disposição, mas reinicia a prática de uma série de condutas típicas, a imprimir a aparência de licitude do 
recurso obtido com a prática da infração penal anterior. Dessa forma, se for confirmado, a partir do devido 
processo legal, que o indivíduo deu ares de legalidade ao dinheiro indevidamente recebido, estará configurado 
o crime de lavagem de capitais. STJ. Corte Especial. APn 989-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 
16/02/2022 (Info 726). 
 
Para que se configure a lesão ao bem jurídico tutelado pelo art. 34 da Lei nº 11.343/2006, a ação de possuir 
maquinário e/ou objetos deve ter o especial fim de fabricar, preparar, produzir ou transformar drogas, visando 
ao tráfico. Assim, ainda que o crime previsto no art. 34 da Lei nº 11.343/2006 possa subsistir de forma 
autônoma, não é possível que o agente responda pela prática do referido delito quando a posse dos 
instrumentos se configura como ato preparatório destinado ao consumo pessoal de entorpecente. 
As condutas previstas no art. 28 da Lei de Drogas recebem tratamento legislativo mais brando, razão pela qual 
não há respaldo legal para punir com maior rigor as ações que antecedem o próprio consumo pessoal do 
entorpecente. STJ. 6ª Turma. RHC 135617-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/09/2021 (Info 709). 
 
Absorção do delito do art. 40 pelo crime do art. 64 da Lei nº 9.605/98. O delito de causar dano em unidade de 
conservação (art. 40 da Lei nº 9.605/98) pode ser absorvido pelo delito de construir em solo que, por seu valor 
ecológico, não é edificável (art. 64 da Lei nº 9.605/98). Para analisar a possibilidade de absorção do crime do 
art. 40 da Lei nº 9.605/98 pelo do art. 64, não é relevante a diversidade de bens jurídicos protegidos por cada 
tipo incriminador; tampouco impede a consunção o fato de que o crime absorvido tenha pena maior do que a 
do crime continente, como se vê na própria Súmula 17/STJ. 
 
Absorção do delito do art. 48 pelo crime do art. 64 da Lei nº 9.605/98. A conduta do art. 48 da Lei nº 9.605/98 
é mero pós-fato impunível do ato de construir em local não edificável. Afinal, com a própria existência da 
construção desejada e executada pelo agente - e à qual, portanto, se dirigia seu dolo -, é inevitável que fique 
impedida a regeneração da flora antes existente no mesmo lugar. Por isso, o princípio da consunção obsta a 
punição autônoma dos dois delitos. STJ. 5ª Turma. REsp 1925717-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 
25/05/2021 (Info 698). 
 
CONCEITO DE CRIME 
 
Formal/Legal 
O art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal traz o conceito formal de crime. 
Art. 1º. Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão 
ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente 
com a pena de multa... 
Material/Substancial 
crime é um fato que lesiona um bem jurídico cuja proteção em determinado 
momento histórico por razões culturais, éticas ou morais deve ocorrer pelo 
direito penal. Ex: adultério 
Analítico/Dogmático 
Concepção quadripartite: crime consiste num fato típico, ilícito, culpável e 
punível. (minoritário). 
Concepção tripartite: crime é um fato típico, ilícito e culpável, sendo a 
punibilidade uma consequência jurídica do crime. (majoritária). 
Concepção bipartite: crime é fato típico e ilícito, a culpabilidade é um 
pressuposto de aplicação da pena e a punibilidade uma consequência 
jurídica do crime. 
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142 
 
Outra concepção bipartite: crime é um fato tipicamente ilícito e culpável. Ela 
deriva da teoria dos elementos negativos do tipo. O primeiro extrato 
corresponde ao fato típico já revestido de ilicitude (a essa união da 
tipicidade e da ilicitude dá-se o nome de injusto penal). O segundo extrato 
é a culpabilidade. 
Concepção de Luiz Flávio Gomes: o autor tem uma concepção tripartite muito 
diferente da normal. Ele criou a Teoria Constitucionalista do Delito. Ele diz 
que o crime é fato típico, ilícito e punível e a culpabilidade é pressuposto 
de aplicação da pena. 
 
CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS 
 
CRITÉRIO CLASSIFICAÇÕES 
QUANTO AO 
SUJEITO ATIVO 
I) COMUM: pode ser praticado por qualquer pessoa, sem nenhuma circunstância 
específica. Ex: Homicídio. 
II) PRÓPRIO: exigeuma condição especial para que a pessoa possa ser o sujeito ativo, a 
exemplo dos crimes funcionais, que somente podem ser cometidos por funcionário 
público. 
#DEOLHONAJURIS: O diretor de organização social pode ser considerado funcionário 
público por equiparação para fins penais (art. 327, § 1º do CP). Isso porque as 
organizações sociais que celebram contratos de gestão com o Poder Público devem ser 
consideradas “entidades paraestatais”, nos termos do art. 327, § 1º do CP. STF. 1ª 
Turma. HC 138484/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2018 (Info 915). 
III) DE MÃO PRÓPRIA: Exige que o agente atue pessoalmente na realização do tipo. Ex: 
crime de falso testemunho 
#DEOLHONAJURIS O STF entende que esse crime admite participação, no caso concreto, 
do advogado (HC 81.327-SP, rel. Ministra Ellen Gracie, 11.12.2001. STF também admite 
coautoria RHC 81327 / SP). 
OBS: Crime multitudinário é aquele praticado pela multidão em tumulto. A lei não diz 
o que se entende por “multidão”, razão pela qual sua configuração deve ser 
examinada no caso concreto. Exemplo: agressões praticadas em um estádio por 
torcedores de um time de futebol. 
QUANTO AO 
MOMENTO DA 
CONSUMAÇÃO 
I) INSTANTÂNEO: o crime se consuma em momento determinado, não 
necessariamente no mesmo momento de realização da conduta. 
II) PERMANENTE: o momento consumativo se prolonga no tempo, de acordo com a 
vontade do agente para que assim seja. Destaque-se que enquanto durar a 
permanência poderá ser realizado o flagrante. 
III) INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES: o delito é instantâneo, consumindo-se 
em momento determinado, porém os efeitos do crime após a consumação é que são 
visíveis. Ex: Crime de bigamia, que se concretiza no ato do segundo casamento, 
permanecendo seus efeitos. 
#DEOLHONAJURIS De acordo com o entendimento do STF, o terceiro que perpetra a 
fraude pratica crime instantâneo de efeitos permanentes, que se consuma na ocasião 
do pagamento da primeira prestação do benefício indevido. Por outro lado, o agente 
beneficiário da fraude prática crime de natureza permanente, cuja execução se 
prolonga no tempo, renovando-se a cada parcela recebida. Nesse caso, a consumação 
ocorre apenas quando cessa o recebimento indevido das prestações (HC 104880). 
 I) Crime de dano: é aquele que somente se consuma com a efetiva lesão ao bem 
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143 
 
 
 
 
 
 
 
QUANTO Á 
RELAÇÃO DA 
CONSUMAÇÃO 
COM O DANO 
jurídico. 
II) Crime de perigo: é aquele que se consuma com a mera possibilidade do dano. 
III) Crime de perigo concreto: delito cujo perigo deve ser investigado e provado. 
IV) Crime de perigo abstrato: delito cujo perigo é presumido pelo tipo penal, não 
precisa ser provado. Há doutrinadores que pregam a inconstitucionalidade desses 
crimes, pois violariam o princípio da ofensividade. Ex: Crime do art. 310, CP: 
#DEOLHONASÚMULA Súmula 575-STJ: Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou 
entregar a direção de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se 
encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente 
da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo. 
V) Crimes de perigo atual: o perigo está ocorrendo, como no abandono de incapaz (CP, 
art. 133); 
VI) Crimes de perigo iminente: o perigo está prestes a ocorrer; 
VII) Crimes de perigo futuro ou mediato: a situação de perigo decorrente da conduta 
se projeta para o futuro, como no porte ilegal de arma de fogo de uso permitido 
ou restrito (Lei 10.826/2003, arts. 14 e 16), autorizando a criação de tipos penais 
preventivos. #FOCANATABELA #DIRETODAFUC 
CRIMES DE DANO CRIMES DE PERIGO 
CONCRETO 
CRIMES DE PERIGO 
ABSTRATO 
- Homicídio culposo no 
trânsito (art. 302) e 
- Lesão corporal culposa 
no trânsito (art. 303) 
- Trafegar em velocidade 
incompatível com a 
segurança nas 
proximidades de 
determinados lugares (art. 
311) 
- RACHA (art. 308) 
- DIRIGIR SEM PERMISSÃO 
(art. 309) 
- Embriaguez no volante 
(306) 
- Permitir ou entregar a 
direção de veículo 
automotor a pessoa não 
habilitada (310) 
 
QUANTOS AO N° DE 
ATOS 
NECESSÁRIOS À 
CONSUMAÇÃO 
I) Crime unissubsistente: é aquele que se consuma com a realização de um só ato. Não 
admite tentativa nem fracionamento. 
II) Crime plurissubsistente: é aquele cuja consumação é composta de vários atos. 
Admite tentativa e fracionamento. 
QUANTO A 
EXISTÊNCIA DE 
VESTÍGIOS 
I) Delito de fato permanente: é aquele que deixa vestígios ou não transeunte. 
II) Delito de fato transeunte: é aquele que não deixa vestígios. 
DIFERENCIAÇÃO DE 
CRIMES 
COMPLEXOS 
I) Crime complexo: crime que prevê, de forma explícita, dois ou mais tipos penais em 
uma única descrição legal (SENTIDO ESTRITO) ou que abrange um tipo simples 
acrescido de fato não típico (SENTIDO AMPLO). 
II) Crime complexo em sentido amplo: é formado pela conjugação de conduta 
penalmente tipificada acrescida de um fato atípico. Ex: estupro = violência ou 
ameaça (conduta típica) + conjunção carnal (figura atípica). 
III) Crime complexo em sentido estrito: é formado pela conjugação de duas ou mais 
figuras típicas. Ex: Latrocínio (roubo + morte). 
O que se entende por crime ultracomplexo? Segundo Rogério Sanches, ocorre o crime 
ultra complexo "quando um crime complexo é acrescido de outro, este servindo 
como qualificadora ou majorante daquele. Imaginemos um roubo (crime complexo) 
praticado com emprego de arma de fogo. Temos, na hipótese, uma unidade jurídica 
ultra complexa formada pela reunião do crime de roubo (nascido da fusão do 
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Ciclos Método 
144 
 
constrangimento ilegal + furto) e do crime de porte ilegal de arma de fogo. Em 
outras palavras, percebemos um crime complexo (roubo) acrescido de outro (porte 
ilegal de arma de fogo), que serve como causa de aumento de pena do crime 
patrimonial". (CUNHA Rogério Sanches, Manual de Direito Penal: Parte Geral, 4. Ed. 
Salvador: juspodivm, 2016, pág. 167). Nesse caso, sendo todos os crimes praticados 
no mesmo contexto fático, o autor deverá responder apenas pelo roubo majorado 
pelo emprego de arma de fogo (em razão da aplicação do princípio da consunção), 
que, como vimos, pode ser chamado de crime ultra complexo. 
QUANTO AO 
ESPAÇO 
TERRITORIAL 
I) Crimes à distância: também conhecidos como “crimes de espaço máximo”, são 
aqueles cuja conduta e resultado ocorrem em países diversos (lembrar que o Código 
Penal acolheu a teoria mista ou da ubiquidade quanto ao lugar do crime). 
II) Crimes plurilocais: são aqueles cuja conduta e resultado se desenvolvem em 
comarcas diversas, sediadas no mesmo país. No tocante às regras de competência, 
o art. 70 do Código de Processo Penal dispõe que, nesse caso, será competente 
para o processo e julgamento do crime o juízo do local em que se operou a 
consumação. Há, contudo, exceções (ex: júri, juizado especial criminal – momento 
da ação/omissão). 
III) Crimes em trânsito: são aqueles em que somente uma parte da conduta ocorre em 
um país, sem lesionar ou expor a situação de perigo bens jurídicos de pessoas que 
nele vivem. Exemplo: “A”, da Argentina, envia para os Estados Unidos uma missiva 
com ofensas a “B”, e essa carta passa pelo território brasileiro. 
 
QUANTO AO 
POTENCIAL 
OFENSIVO 
I) Crimes de mínimo potencial ofensivo: são os que não comportam a pena privativa 
de liberdade. No Brasil, enquadra-se nesse grupo a posse de droga para consumo 
pessoal, tipificada no art. 28 da Lei 11.343/2006, ao qual são cominadas as penas de 
advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à comunidade e 
medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo. 
II) Crimes de menor potencial ofensivo: são aqueles cuja pena privativa de liberdade 
em abstrato não ultrapassa dois anos, cumulada ou não com multa. São assim 
definidos pelo art. 61 da Lei 9.099/1995, e ingressam na competência do Juizado 
Especial Criminal. O art. 98, I, da ConstituiçãoFederal faz menção às “infrações 
penais de menor potencial ofensivo”, expressão que também abrange todas as 
contravenções penais. 
III) Crimes de médio potencial ofensivo: são aqueles cuja pena mínima não ultrapassa 
um ano, independentemente do máximo da pena privativa de liberdade cominada. 
Tais delitos admitem a suspensão condicional do processo, na forma delineada pelo 
art. 89 da Lei 9.099/1995. 
IV) Crimes de elevado potencial ofensivo: possuem pena mínima superior a um ano, 
e, consequentemente, pena máxima acima de dois anos. Tais delitos não se 
compatibilizam com quaisquer dos benefícios elencados pela Lei 9.099/1995. 
V) Crimes de máximo potencial ofensivo: recebem tratamento diferenciado pela 
Constituição Federal. São os hediondos e equiparados – tráfico de drogas, tortura e 
o terrorismo (CF, art. 5.º, XLIII), bem como os delitos cujas penas não se submetem 
à prescrição, quais sejam, racismo (CF, art. 5.º, XLII) e ação de grupos armados, civis 
ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (CF, art. 5.º, 
XLIV). 
QUANTO A CLASSE 
SOCIAL DO 
AGENTE 
I) Crimes de rua ou crimes de colarinho azul: praticados pelas pessoas de classes 
sociais desfavorecidas, a exemplo dos furtos executados por miseráveis, andarilhos 
e mendigos. Esses delitos são cometidos aos olhos da sociedade, em locais 
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supervisionados pelo Estado (praças, parques, favelas etc.), e por essa razão são 
frequentemente objeto das instâncias de proteção (Polícia, Ministério Público e 
Poder Judiciário). Quando ficam alheios ao conhecimento do Poder Público, 
integram as cifras negras do Direito Penal. 
II) Crimes do colarinho branco (white collar crime): são cometidos por aqueles que 
gozam e abusam da elevada condição econômica e do poder daí decorrente, como é 
o caso dos delitos contra o sistema financeiro nacional (Lei 7.492/1986), de lavagem 
de capitais (Lei 9.613/1998) e contra a ordem econômica (Lei 8.176/1991), entre 
tantos outros. Nesses crimes socioeconômicos, surgem as “cifras douradas do 
Direito Penal”, indicativas da diferença apresentada entre a criminalidade real e a 
criminalidade conhecida enfrentada pelo Estado. Raramente existem registros 
envolvendo delitos dessa natureza, inviabilizando a persecução penal e acarretando 
a impunidade das pessoas privilegiadas no âmbito econômico. 
CRIME HABITUAL 
Crime habitual: delito que busca punir um conjunto de condutas praticadas pelo 
agente. Tipo penal criado para punir um estilo de vida. Ex: curandeirismo, casa de 
prostituição. Considerações: I) Não suporta tentativa; II) Cabe flagrante; 
Crime habitual impróprio: basta um único ato para a configuração do delito, porém a 
prática de mais de um ato constitui crime único. Ex: gestão temerária ou 
fraudulenta (Lei 7.492). 
CRIMES DE 
INTENÇÃO 
De tendência interna transcendente/intensificada: requerem um agir com ânimo, 
finalidade ou intenção adicional de obter um resultado ulterior ou uma ulterior 
atividade, distintos da realização do tipo penal. Possui as seguintes espécies: 
I) De resultado cortado: em que o resultado naturalístico (dispensável por se tratar de 
delito formal) depende, para sua configuração, de comportamento advindo de 
terceiros estranhos à execução do crime. Ex: art. 159, CP - extorsão mediante 
sequestro - a obtenção da vantagem (o resgate) depende dos familiares da vítima. 
II) Atrofiado ou Mutilado de dois atos: o resultado naturalístico (também dispensável) 
depende de um novo comportamento do agente. Ex: art. 291 - na modalidade adquirir 
petrecho - precisa-se de outro ato para a falsificação da moeda com prejuízo a alguém 
(resultado naturalístico). 
CRIMES DE 
TENDÊNCIA 
São aqueles em que a “tendência afetiva” do autor delimita a ação típica. Assim, a 
tipicidade pode ou não ocorrer em razão da atitude pessoal e interna do agente. Ex: 
toque do ginecologista na realização de uma consulta, que pode configurar mero agir 
profissional ou algum crime de natureza sexual, a depender da tendência (libidinosa ou 
não) do agente. No mesmo sentido é o crime de injúria, pois vai depender da real 
intenção do agente de ofender a honra ou de apenas criticar ou brincar. Aqui, a 
tendência do agente não transcende a conduta típica, como nos delitos de intenção. 
Este último possui como elementares intenções especiais (finalidade transcendente) 
expressas no próprio tipo. Ex.: no crime de extorsão mediante sequestro (art. 159), o 
tipo objetivo consiste em "sequestrar alguém". Por sua vez, o tipo subjetivo possui o 
dolo (consciência e vontade de realizar o tipo objetivo, que é sequestrar alguém) e o 
elemento subjetivo especial (com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer 
vantagem, como condição ou preço do resgate). Essa intenção especial transcende (vai 
além) do tipo objetivo (sequestrar alguém). 
OUTRAS 
CLASSIFICAÇÕES 
I) Crime progressivo: o agente, desde o início, pretende praticar o crime mais grave e 
para tanto, por meio de atos sucessivos, práticas gradativas e crescentes violações o 
bem jurídico. Há uma só infração penal. Desde o início, há a intenção de praticar o 
crime “maior”. DIFERE DE PROGRESSÃO CRIMINOSA, na qual o agente deseja 
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inicialmente produzir um resultado menos grave, porém, após atingi-lo, decide 
prosseguir e reiniciar a sua agressão e produzir um resultado mais grave. Haverá mais 
de 1 infração penal. No início da conduta a intenção do agente é a prática do crime 
“menor”. Posteriormente sua intenção se altera para a prática do crime de maior 
gravidade. 
II) Crime de ação múltipla ou de conteúdo variado: é aquele que contém várias 
modalidades de condutas (núcleos no preceito primário) em sua descrição legal. Pode 
ser alternativo (prática de mais de uma conduta constitui crime único) ou cumulativo 
(prática de mais de uma conduta constitui mais de um crime). Ex: art. 22, parágrafo 
único, da Lei 7.492 (evasão de divisas) – proteção de bens jurídicos diversos. 
III) Crime vago: é aquele em que o sujeito passivo é uma coletividade de pessoas 
destituída de personalidade jurídica. 
IV) Crime gratuito é o praticado sem motivo conhecido, porque todo crime tem uma 
motivação. Não se confunde com o motivo fútil, definido como aquele de menor 
importância, desproporcional ao resultado provocado pelo crime. 
 Com efeito, a ausência de motivo conhecido não deve ser equiparada ao motivo fútil. 
Destarte, o desconhecimento acerca do móvel do agente não deve ser colocado no 
mesmo nível do motivo de somenos importância. Há, todavia, adeptos de posição 
contrária, os quais alegam que, se um motivo ínfimo justifica a elevação da pena, com 
maior razão deve ser punida mais gravemente a infração penal imotivada. 
V) Crime de ímpeto: cometido sem premeditação, como decorrência de reação 
emocional repentina, tal como no homicídio privilegiado, cometido pelo agente sob o 
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima (CP, art. 
121, § 1.º). Esses crimes são, normalmente, passionais (movidos pela paixão). 
VI) Crime exaurido: aquele em que o agente, depois de já alcançada a consumação, 
insiste na agressão ao bem jurídico. Não caracteriza novo crime, constituindo-se em 
desdobramento de uma conduta perfeita e acabada. Em outras palavras, é o crime 
que, depois de consumado, alcança suas consequências finais, as quais podem 
configurar um indiferente penal, como no falso testemunho (CP, art. 342), que se torna 
exaurido com o encerramento do julgamento relativo a este crime, ou então condição 
de maior punibilidade, como ocorre na resistência (CP, art. 329), em que a não 
execução do ato dá ensejo à forma qualificada do crime. 
VII) Crime de circulação é o praticado com o emprego de veículo automotor, a título de 
dolo ou de culpa, com a incidência do Código Penal ou do Código de Trânsito Brasileiro 
(Lei 9.503/1997). 
VIII) Crime atentado é aquele em que a lei pune de forma idêntica

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