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GEOLOGIA ESTRUTURAL Aula 1 INTRODUÇÃO À GEOLOGIA ESTRUTURAL DEFORMAÇÃO NA CROSTA Aula 1 INTRODUÇÃO À GEOLOGIA ESTRUTURAL DEFORMAÇÃO NA CROSTA Prof. Eduardo Salamuni (Arte: Acadêmica Marcela Fregatto) INTRODUÇÃO Da Geotectônica à Geologia Estrutural • Geotectônica estuda os movimentos da crosta terrestre por meio da determinação de suas causas e mecanismos, bem como as leis que os regem. • Na crosta há um dinamismo motivado por esforços resultantes de forças endógenas (movimentos tectônicos) que deslocam maciços. As espessuras em regiões continentais são de cerca de 30 Km e podem variar de 5 Km, nas regiões oceânicas a 70 Km nas cadeias orogênicas – ver perfil do planeta) • Os movimentos tectônicos produzem nas rochas as modificações de posição, atitude, forma e volume. Isto é que define a deformação, cujos resultados são as estruturas tectônicas ou secundárias. • O termo Geologia Estrutural foi cunhado por CHARLES LYELL (1873, no livro "Princípios de Geologia“), para se referir ao estudo das estruturas maiores. Com a evolução da ciência geológica os estudos se estenderam às estruturas menores, visíveis em afloramentos ou amostras de rochas e até em lâminas delgadas (microtectônica). Da Geotectônica à Geologia Estrutural • Geotectônica estuda os movimentos da crosta terrestre por meio da determinação de suas causas e mecanismos, bem como as leis que os regem. • Na crosta há um dinamismo motivado por esforços resultantes de forças endógenas (movimentos tectônicos) que deslocam maciços. As espessuras em regiões continentais são de cerca de 30 Km e podem variar de 5 Km, nas regiões oceânicas a 70 Km nas cadeias orogênicas – ver perfil do planeta) • Os movimentos tectônicos produzem nas rochas as modificações de posição, atitude, forma e volume. Isto é que define a deformação, cujos resultados são as estruturas tectônicas ou secundárias. • O termo Geologia Estrutural foi cunhado por CHARLES LYELL (1873, no livro "Princípios de Geologia“), para se referir ao estudo das estruturas maiores. Com a evolução da ciência geológica os estudos se estenderam às estruturas menores, visíveis em afloramentos ou amostras de rochas e até em lâminas delgadas (microtectônica). OBJETIVOS E IMPORTÂNCIA Âmbito dos Estudos • A GEOLOGIA ESTRUTURAL estuda as deformações da crosta terrestre, (porção envoltória do manto, acima da Descontinuidade de Mohovicic- MOHO). Ocupa-se com as estruturas e a morfologia de sua formação. São também objetos de seus estudos os mecanismos, os processos de deformação e os produtos gerados. • Os estudos estruturais focam os corpos rochosos de forma global: suas estruturas (geometria e/ou morfologia), sua movimentação (cinemática) e a origem desta movimentação (dinâmica). • A Primeira Lei de Newton (“todo o corpo persiste em seu estado de repouso ou de movimento uniforme, a menos que seja compelido a mudar seu estado por uma força aplicada a ele” ) é bem representada por esse escopo da ciência geológica, pois a grande presença de falhas e dobras na crosta sugere que as rochas foram submetidas a forças que modificaram seu estado original. Âmbito dos Estudos • A GEOLOGIA ESTRUTURAL estuda as deformações da crosta terrestre, (porção envoltória do manto, acima da Descontinuidade de Mohovicic- MOHO). Ocupa-se com as estruturas e a morfologia de sua formação. São também objetos de seus estudos os mecanismos, os processos de deformação e os produtos gerados. • Os estudos estruturais focam os corpos rochosos de forma global: suas estruturas (geometria e/ou morfologia), sua movimentação (cinemática) e a origem desta movimentação (dinâmica). • A Primeira Lei de Newton (“todo o corpo persiste em seu estado de repouso ou de movimento uniforme, a menos que seja compelido a mudar seu estado por uma força aplicada a ele” ) é bem representada por esse escopo da ciência geológica, pois a grande presença de falhas e dobras na crosta sugere que as rochas foram submetidas a forças que modificaram seu estado original. Perfil geral da Terra Limite físico da crosta: descontinuidade de Moho TIPOS DE ANÁLISES • ANÁLISE GEOMÉTRICA Parte descritiva ou qualitativa da geologia estrutural e implica no estudo do tamanho, da forma e orientação das estruturas. Esse tipo de análise envolve interpretação de imagens aéreas, modelos digitais de relevo, interpretação de perfis geofísicos e estratigráficos, observações e obtenção de atitudes estruturais de campo, análise da deformação em laboratório, estudos petrográficos. Necessita-se levar em conta a escala de trabalho. Em grande parte do trabalho em laboratório (ou escritório) utiliza-se o Estereograma Estrutural (stereonet), que se trata de ferramenta qualitativa de fácil uso para a inserção de pontos e vetores em um sistema de projeção de coordenadas tridimensionais. • ANÁLISE GEOMÉTRICA Parte descritiva ou qualitativa da geologia estrutural e implica no estudo do tamanho, da forma e orientação das estruturas. Esse tipo de análise envolve interpretação de imagens aéreas, modelos digitais de relevo, interpretação de perfis geofísicos e estratigráficos, observações e obtenção de atitudes estruturais de campo, análise da deformação em laboratório, estudos petrográficos. Necessita-se levar em conta a escala de trabalho. Em grande parte do trabalho em laboratório (ou escritório) utiliza-se o Estereograma Estrutural (stereonet), que se trata de ferramenta qualitativa de fácil uso para a inserção de pontos e vetores em um sistema de projeção de coordenadas tridimensionais. O estudo dos movimentos que geram as diversas estruturas rochosas é chamado de cinemática e o estudo das forças que causam o movimento é chamado de dinâmica. A física e a matemática que envolve a Geologia Estrutural são equacionadas para estudar a cinemática e a dinâmica • ANÁLISE CINEMÁTICA: requer tratamento matemático. É a descrição quantitativa do “caminho” que as rochas percorrem durante sua deformação. Também descreve a posição relativa de dois pontos durante a deformação rochosa que podem alterar sua posição pela translação conjunta, rotação um ao redor do outro ou pela alteração da distância entre si. Costuma-se chamar esta descrição de “mapeamento da deformação”. • ANÁLISE DINÂMICA: interpreta as tensões (forças e pressões) responsáveis pela formação das estruturas. É a mais interpretativa da análise estrutural. Necessita o entendimento da geometria e da cinemática das estruturas. Revela a magnitude relativa e a orientação absoluta das tensões responsáveis pelas deformações e neste caso, inclui o estudo da reação da rocha ao stress a que está submetida: ao stress (tensão) aplicado há um strain (deformação) gerado. O estudo dos movimentos que geram as diversas estruturas rochosas é chamado de cinemática e o estudo das forças que causam o movimento é chamado de dinâmica. A física e a matemática que envolve a Geologia Estrutural são equacionadas para estudar a cinemática e a dinâmica • ANÁLISE CINEMÁTICA: requer tratamento matemático. É a descrição quantitativa do “caminho” que as rochas percorrem durante sua deformação. Também descreve a posição relativa de dois pontos durante a deformação rochosa que podem alterar sua posição pela translação conjunta, rotação um ao redor do outro ou pela alteração da distância entre si. Costuma-se chamar esta descrição de “mapeamento da deformação”. • ANÁLISE DINÂMICA: interpreta as tensões (forças e pressões) responsáveis pela formação das estruturas. É a mais interpretativa da análise estrutural. Necessita o entendimento da geometria e da cinemática das estruturas. Revela a magnitude relativa e a orientação absoluta das tensões responsáveis pelas deformações e neste caso, inclui o estudo da reação da rocha ao stress a que está submetida: ao stress (tensão) aplicado há um strain (deformação) gerado. Análise geométrica: estuda a deformação por meio das formas resultantes da modificação das formas originais de estratos e/ou de maciços. Foto: Mármores em Apiaí (E. Salamuni) Deformação de corpo de prova submetido a uma tensão(seta em vermelho) Deformação de um maciço submetido a uma tensão Foto: embasamento gnáissico-migmatítico - PR (E. Salamuni) OBSERVAÇÕES: • O reconhecimento de uma estrutura é feita por meio de referências geométricas primárias. A forma inicial, anterior à deformação, deve ser reconhecível ou passível de interpretação. Exemplos de referênciais: (a) estratificação das rochas sedimentares, (b) estruturas sedimentares e/ou ígneas primárias e (c) fósseis. • Dados a respeito da idade do corpo rochoso deformado são importantes para estabelecer a sequência ou a idade relativa das deformações impostas. A idade relativa pode ser reconhecida pela estratigrafia e/ou pelo conteúdo paleontológico; a idade absoluta pode ser conhecida pela geocronologia. OBSERVAÇÕES: • O reconhecimento de uma estrutura é feita por meio de referências geométricas primárias. A forma inicial, anterior à deformação, deve ser reconhecível ou passível de interpretação. Exemplos de referênciais: (a) estratificação das rochas sedimentares, (b) estruturas sedimentares e/ou ígneas primárias e (c) fósseis. • Dados a respeito da idade do corpo rochoso deformado são importantes para estabelecer a sequência ou a idade relativa das deformações impostas. A idade relativa pode ser reconhecida pela estratigrafia e/ou pelo conteúdo paleontológico; a idade absoluta pode ser conhecida pela geocronologia. Foto: sedimentos no Domo de Monte Alegre (E. Salamuni) A idade relativa da deformação é mais recente do que a idade dos estratos, que é dada pela relação estratigráfica do maciço rochoso CONCEITOS E DEFINIÇÕES Textura refere-se aos grãos componentes da rocha quanto à forma, tamanho, o arranjo entre as unidades granulares (ou cristais) e suas relações de contato. Estrutura designa tanto os arranjos espaciais micro e macroscópico dos cristais nas rochas quanto aos arranjos espaciais das unidades rochosas. • As “unidades” rochosas podem ser heterogêneas, já que a forma, o volume, a atitude e as relações espaciais podem variar. • As estruturas geológicas podem ser visualizadas em diferentes escalas (desde um grão mineral, uma camada, um maciço rochoso, até um continente). • As estruturas podem ser geradas durante a formação da rocha e posteriormente sofrerem modificações (deformações) por ação de esforços, contínuos ou não. Textura refere-se aos grãos componentes da rocha quanto à forma, tamanho, o arranjo entre as unidades granulares (ou cristais) e suas relações de contato. Estrutura designa tanto os arranjos espaciais micro e macroscópico dos cristais nas rochas quanto aos arranjos espaciais das unidades rochosas. • As “unidades” rochosas podem ser heterogêneas, já que a forma, o volume, a atitude e as relações espaciais podem variar. • As estruturas geológicas podem ser visualizadas em diferentes escalas (desde um grão mineral, uma camada, um maciço rochoso, até um continente). • As estruturas podem ser geradas durante a formação da rocha e posteriormente sofrerem modificações (deformações) por ação de esforços, contínuos ou não. Estrutura: arranjo espacial Textura: arranjo geométrico entre os grãos Estrutura: arranjo espacial Fonte: Microtectonics (Passchier, Trouw (1996) Classificações Gerais das Estruturas Quanto à origem • Primárias: concomitantes à gênese da rocha (sedimentar – por ex. estratificação cruzada - ou magmática – por ex. estrutura fluidal) • Secundárias: posteriores à gênese da rocha. Podem ser atectônicas ou adiastróficas (a maioria das estruturas exógenas) ou tectônicas ou diastróficas (estruturas endógenas). As tectônicas, por sua vez, são: (a) coesivas ou contínuas, quando há mudança de forma, volume, atitude e posição, sem perda de continuidade (dobras, xistosidades) (b) disjuntivas ou disruptivas, quando há perda da continuidade (falhas, juntas). Quanto à origem • Primárias: concomitantes à gênese da rocha (sedimentar – por ex. estratificação cruzada - ou magmática – por ex. estrutura fluidal) • Secundárias: posteriores à gênese da rocha. Podem ser atectônicas ou adiastróficas (a maioria das estruturas exógenas) ou tectônicas ou diastróficas (estruturas endógenas). As tectônicas, por sua vez, são: (a) coesivas ou contínuas, quando há mudança de forma, volume, atitude e posição, sem perda de continuidade (dobras, xistosidades) (b) disjuntivas ou disruptivas, quando há perda da continuidade (falhas, juntas). primárias (ou) secundárias Dobras (A) clivagem de crenulação discreta; (B) clivagem de crenulação zonal em trama de variação de camadas; (C) clivagem de crenulação em xisto (Fonte: Gray, 1977a; modificado por C. Dal Ré Carneiro, 1996) Quanto à geometria: • Planares: xistosidade, gnaissificação, falhas e acamamentos • Lineares: eixos de dobras, interseções de estruturas planares • Cilíndricas ou cônicas: formas especiais Quanto à localização no corpo rochoso: • Internas: circunscritas ao corpo. • Externas: situadas fora do corpo, em sua superfície. Quanto à geometria: • Planares: xistosidade, gnaissificação, falhas e acamamentos • Lineares: eixos de dobras, interseções de estruturas planares • Cilíndricas ou cônicas: formas especiais Quanto à localização no corpo rochoso: • Internas: circunscritas ao corpo. • Externas: situadas fora do corpo, em sua superfície. OUTROS CONCEITOS Penetratividade Distribuição regular de uma estrutura qualquer por todo o maciço rochoso, numa certa escala de observação. Utiliza-se também o termo pervasidade Se a distribuição não é regular, a estrutura é pouco penetrativa ou não- penetrativa (linhas vermelhas) ou bastante penetrativas (linhas amarelas). Foto: embasamento gnáissico-migmatítico - PR (E. Salamuni) Foto: xisto do Grupo Brusque- SC Atitude, Direção, Mergulho Atitude: orientação de um plano ou de uma linha no espaço. É composto pela direção e mergulho. (a)Direção: ângulo horizontal entre uma linha e uma coordenada geográfica (Norte). (b)Mergulho: inclinação de uma linha em relação ao plano horizontal. Estrias de atrito - falha em mármores da Pedreira Santo Olavo (Grupo Açungui). Fotos E. Salamuni Profundidade, Espessura Profundidade: distância na vertical entre a superfície e um ponto qualquer. Espessura: distância tomada entre limites de camadas, de forma perpendicular a estes limites. ESTRUTURAS PRIMÁRIAS Estruturas primárias de rochas sedimentares mais comuns (a) Acamamento plano-paralelo: estratificações planares paralelas entre si (b) Acamamento plano-cruzado: retrabalho de sedimentos em ambientes de rios meandrantes (c) Estratificações rítmicas: alternância de finas camadas, repetidas sucessivamente Estruturas primárias de rochas sedimentares mais comuns (a) Acamamento plano-paralelo: estratificações planares paralelas entre si (b) Acamamento plano-cruzado: retrabalho de sedimentos em ambientes de rios meandrantes (c) Estratificações rítmicas: alternância de finas camadas, repetidas sucessivamente (a) (b) (c) Estruturas Domingos) (d) Estrutura gradacional: variação granulométrica gradual, mais grossa na base até a mais fina no topo (e) Marcas de onda: simétricas (marca o topo da camada), assimétricas (não permite a observação do topo da camada) (f) Fendas de ressecamento: geralmente preenchidas com material arenoso Estruturas Domingos) Estruturas onduladas (Contesto. Foto: Fabiana Domingos (g) Estruturas convolutas: a camada de cima desliza sobre a camada inferior que funciona como uma camada lubrificante (h) Camadas basais: camadas arenosas penetram nas camadas argilosas devido às pressões de suas camadas superiores (i) Discordâncias: camadas inferiores apresentam tectonismo, enquanto as mais jovens ocorrem intactas. A discordância pode ser angular ou paralela Outros exemplos Marcas onduladas simétricasEstratificação plano-paralela Marcas onduladas assimétricas Discordância angular Discordância paralela Estruturas convolutas Estruturas primárias mais comuns das rochas ígneas são formadas quando o magma está se consolidando(a) Forma dos corpos Tabulares (diques e sills), cilíndricos (chaminés vulcânicas), circulares (intrusões graníticas e outros), irregulares (batólitos e stocks) (b) Relações de contatos Contato abrupto (corpos próximos à crosta ou extravasantes); contato gradacional (rocha ígnea que passa gradativamente às características da rocha encaixante); contato concordante (sills); Contato discordante (diques). Estruturas primárias mais comuns das rochas ígneas são formadas quando o magma está se consolidando (a) Forma dos corpos Tabulares (diques e sills), cilíndricos (chaminés vulcânicas), circulares (intrusões graníticas e outros), irregulares (batólitos e stocks) (b) Relações de contatos Contato abrupto (corpos próximos à crosta ou extravasantes); contato gradacional (rocha ígnea que passa gradativamente às características da rocha encaixante); contato concordante (sills); Contato discordante (diques). (c) Estruturas Internas • Fluidais: o fluxo laminar da massa ígnea determina orientação planar dos minerais. • Estruturas vesiculares: localizadas no topo de um derrame. • Sistemas de fraturas atectônicas: sucessão de esforços internos ou externos. Por ex., fraturas paralelas à estrutura fluidal ou motivadas pelo resfriamento. • Sistemas de fraturas marginais: ocorrem à margem do contato. (c) Estruturas Internas • Fluidais: o fluxo laminar da massa ígnea determina orientação planar dos minerais. • Estruturas vesiculares: localizadas no topo de um derrame. • Sistemas de fraturas atectônicas: sucessão de esforços internos ou externos. Por ex., fraturas paralelas à estrutura fluidal ou motivadas pelo resfriamento. • Sistemas de fraturas marginais: ocorrem à margem do contato. A B C (A) Fluxo de lava tipo pahoehoe, Kilauea (Hawaii); (B) fluxo lento de lava (Fotos A e B: J.D. Griggs, USGS). (C) Dique de diabásio, intrusivo em gnaisses do Terreno Paranaguá, Ilha do Mel - PR (Foto: E. Salamuni; (D) Derrame de lava básica, Hawaii D Hidrofraturas geradas pela intrusão de rocha ígnea em estado fluidal Estruturas primárias atectônicas Ocorrem normalmente próximas à superfície do terreno. (a) Compactação: arqueamento e compactação das camadas inferiores devido ao peso isostático. (b) Deslizamentos de terras: parecem falhas mas na realidade são erosão das encostas por movimentos rotacionais. (c) Creep: movimentos lentos do solo que tendem a arquear a encosta. (d) Expansão de argilas: as argilas em estado plano tendem a dobrar-se para aumentar sua superfície de contato e volume pela saturação de água. (d) Expansão de argilas: as argilas em estado plano tendem a dobrar-se para aumentar sua superfície de contato e volume pela saturação de água. (e) Deslizamentos sub-aquáticos: “dobras” atectônicas e fraturas atectônicas. Estruturas primárias atectônicas Ocorrem normalmente próximas à superfície do terreno. (a) Compactação: arqueamento e compactação das camadas inferiores devido ao peso isostático. (b) Deslizamentos de terras: parecem falhas mas na realidade são erosão das encostas por movimentos rotacionais. (c) Creep: movimentos lentos do solo que tendem a arquear a encosta. (d) Expansão de argilas: as argilas em estado plano tendem a dobrar-se para aumentar sua superfície de contato e volume pela saturação de água. (d) Expansão de argilas: as argilas em estado plano tendem a dobrar-se para aumentar sua superfície de contato e volume pela saturação de água. (e) Deslizamentos sub-aquáticos: “dobras” atectônicas e fraturas atectônicas. (f) Arrasto pelo gelo: os movimentos de geleiras podem arrastar e dobrar uma camada em estado horizontal, fazendo com que esta camada fique irregularmente dobrada. Também pode haver cisalhamento em estado frio. (g) Astroblemas, ou crateras geradas por impactos de meteoritos Astroblema de Vargeão (SC) Fontes: Alvaro Crósta (UNICAMP) Barringer (Arizona) Fonte: Google Earth MOVIMENTOS GLOBAIS • Eustasia termo que designa as variações do nível do mar. Movimentos eustáticos podem ser positivos (quando há transgressão marinha) ou negativos (regressão marinha). MOVIMENTO LOCAIS • Isostasia termo que explica que a superfície do Planeta sempre tende ao equilíbrio isostático, isto é, à compensação das pressões: havendo carga na região haverá subsidência, havendo erosão haverá ascensão. DEFORMAÇÃO DA CROSTA CONTINENTAL / MORFOESTRUTURA MOVIMENTOS GLOBAIS • Eustasia termo que designa as variações do nível do mar. Movimentos eustáticos podem ser positivos (quando há transgressão marinha) ou negativos (regressão marinha). MOVIMENTO LOCAIS • Isostasia termo que explica que a superfície do Planeta sempre tende ao equilíbrio isostático, isto é, à compensação das pressões: havendo carga na região haverá subsidência, havendo erosão haverá ascensão. Praias geradas devido a movimento eustático Modelos de compensação isostática MOVIMENTOS REGIONAIS Epirogênese movimentos de ascenção ou descenso de grandes áreas da crosta terrestre, de modo lento. É um reajustamento isostático abrangente (extensas regiões) sem afetar de forma significativa estruturas antigas. MOVIMENTOS REGIONAIS Epirogênese movimentos de ascenção ou descenso de grandes áreas da crosta terrestre, de modo lento. É um reajustamento isostático abrangente (extensas regiões) sem afetar de forma significativa estruturas antigas. Orogênese conjunto de fenômenos que levam à formação de cadeias de montanhas, produzidas pelo diastrofismo (falhas e ou dobras) em zonas de subducção. Taxas atuais de subsidência e ascenção nos EUA DEFORMAÇÃO DA CROSTA Levantamento causado pela remoção de capa de gelo Seção esquemática em áreas com domos e bacias A B Seção esquemática em áreas com domos e bacias Ascenção e subsidência da crosta Ascenção é causada por levantamento da pluma mantélica e subsidência por extensão e resfriamento. Origem Vulcânica Sistemas de dobras: vales e cristas Anticlinal das Montanhas de Zagros (Irã). Foto: J.T. Daniels (NASA) Tipos fundamentais de falhas: normais, inversas e transcorrentes Expressão geomórfica das falhas Falhas normais: blocos inclinados tipo dominó / abertura de bacias Falhas inversas Falhas normais: blocos inclinados Falha transcorrente (direita da figura) gerando falha inversa (a esquerda) Falha transcorrente atual na Nova Zelândia Detalhe da costa do Chile / Placa de Nazca Direção de movimento é mostrada pela seta. Os locais de epicentros de sismos com maior intensidade estão marcados pelas estrelas Detalhe da costa do Chile / Placa de Nazca Direção de movimento é mostrada pela seta. Os locais de epicentros de sismos com maior intensidade estão marcados pelas estrelas Fonte: Ruegg et al. (2009) Physics of The Earth Planetay Interiors, 175 Falha transcorrente Exemplos de falhas transformantes/transcorrentes Falha de Santo André Falha do rio Jordão ...para pensar até a próxima aula! ...para pensar até a próxima aula! ANEXO PARÂMETROS EM GEOLOGIA ESTRUTURAL CONSTANTES E FATORES DE CONVERSÃO • Tal como nas ciências físicas em Geologia Estrutural são usados dados fundamentais e símbolos para a representação das propriedades físicas. • Os dados numéricos dependem de circunstâncias, tais como localização geológica e, assim, não são constantes físicas estritas. • As tabelas consistem de listas de propriedades físicas que são representadas por símbolos, que incluem letras do alfabeto grego. Os dados numéricos e as propriedades do material formam uma importante linguagem da Geologia Estrutural. CONSTANTES E FATORES DE CONVERSÃO • Tal como nas ciências físicas em Geologia Estrutural são usados dados fundamentais e símbolos para a representação das propriedades físicas. • Os dados numéricos dependem de circunstâncias, tais como localização geológica e, assim, não são constantes físicas estritas. • As tabelas consistem de listas de propriedades físicas que são representadas por símbolos, que incluem letras do alfabeto grego. Os dados numéricos e as propriedadesdo material formam uma importante linguagem da Geologia Estrutural. TABELA DE SÍMBOLOS Símbolo Nome Unidades r densidade ML-3 s stress ML-1T-2 t stress cisalhante ML-1T-2 sn stress normal ML-1T-2 e strain adimensional [LL-1] E Módulo de Young ML-1T-2 n Raio de Poisson adimensional g Strain cisalhante (engenharia) adimensional Pp poro-pressão ML-1T-2 f porosidade adimensional T temperatura C° q Fluxo de calor JL-2T-1 k Condutividade térmica JL-1T-1C°-1 z Profundidade L TABELA DE SÍMBOLOS Símbolo Nome Unidades r densidade ML-3 s stress ML-1T-2 t stress cisalhante ML-1T-2 sn stress normal ML-1T-2 e strain adimensional [LL-1] E Módulo de Young ML-1T-2 n Raio de Poisson adimensional g Strain cisalhante (engenharia) adimensional Pp poro-pressão ML-1T-2 f porosidade adimensional T temperatura C° q Fluxo de calor JL-2T-1 k Condutividade térmica JL-1T-1C°-1 z Profundidade L TABELA DE DADOS NUMÉRICOS Símbolo Nome Magnitude g gravidade ao nível do mar 9.8 m/sec2 dm densidade média do manto 4.5 x 103 kg/m2 (4.5 g/cm2) dquartzo densidade do quartzo 2.65 x 103 kg/m2 (2.65 g/cm2) TABELA DE CONVENÇÕES Nome Convenção Stress principal s1 > s2 > s3 (Stress na crosta) Stress horizontal máximo SH Stress horizontal mínimo Sh Stress vertical Sv Stress normal compressional positivo Stress normal distensional negativo TABELA DE FATORES DE CONVERSÃO Stress e pressão 1 atm = 14.5 psi = 1 bar = 106 dynes/cm2 = 105 N/m2 = 105 Pascals (Pa) 1 MPa = 10 bars = 106 N/m2 (obs: a pressão é aplicada em um fluido e o stress em corpos sólidos) TABELA DE DADOS NUMÉRICOS Símbolo Nome Magnitude g gravidade ao nível do mar 9.8 m/sec2 dm densidade média do manto 4.5 x 103 kg/m2 (4.5 g/cm2) dquartzo densidade do quartzo 2.65 x 103 kg/m2 (2.65 g/cm2) TABELA DE CONVENÇÕES Nome Convenção Stress principal s1 > s2 > s3 (Stress na crosta) Stress horizontal máximo SH Stress horizontal mínimo Sh Stress vertical Sv Stress normal compressional positivo Stress normal distensional negativo TABELA DE FATORES DE CONVERSÃO Stress e pressão 1 atm = 14.5 psi = 1 bar = 106 dynes/cm2 = 105 N/m2 = 105 Pascals (Pa) 1 MPa = 10 bars = 106 N/m2 (obs: a pressão é aplicada em um fluido e o stress em corpos sólidos) TABELA DE DEFINIÇÕES Nome Definição Uma componente do stress principal sii ou si Alguma componente do stress sij Stress diferencial sd = s1 - s3 Stress de cisalhamento máximo Stress litostático SH = Sh = Sv Pressão hidrostática Pp = Pp = Pp Stress significativo Stress deviatório (3 componentes) sm - s1, sm - s2, sm - s3 Stress efetivo si - Pp TABELA DE EQUAÇÕES Pp = rH2Ogz Sv = rrockgz ; if rrock = 2.5 x 103 kg/m3, g = 9.8 m/sec2, z = 103 m; então Sv = 2.5 x 105 kg/m-sec2 = 25 MPa/km • O gradiente geotérmico (dT/dz T=Temperatura e z=profundidade) na crosta é cerca de 20°C/km. O gradiente pode variar de 10°C/km a 40°C/km em um terreno glaucofana- xisto. O baixo gradiente geotérmico pode ocorrer nas vizinhanças de rocha cristalina com cavalgamentos onde a crosta fria é rebaixada. Altos gradientes ocorrem em regiões de intrusão magmática. Fluxos de calor (q) na superfície é uma indicação de gradiente geotérmico contanto que condutividade térmica (K) da crosta seja baixa q = K(dT/dz). TABELA DE DEFINIÇÕES Nome Definição Uma componente do stress principal sii ou si Alguma componente do stress sij Stress diferencial sd = s1 - s3 Stress de cisalhamento máximo Stress litostático SH = Sh = Sv Pressão hidrostática Pp = Pp = Pp Stress significativo Stress deviatório (3 componentes) sm - s1, sm - s2, sm - s3 Stress efetivo si - Pp TABELA DE EQUAÇÕES Pp = rH2Ogz Sv = rrockgz ; if rrock = 2.5 x 103 kg/m3, g = 9.8 m/sec2, z = 103 m; então Sv = 2.5 x 105 kg/m-sec2 = 25 MPa/km • O gradiente geotérmico (dT/dz T=Temperatura e z=profundidade) na crosta é cerca de 20°C/km. O gradiente pode variar de 10°C/km a 40°C/km em um terreno glaucofana- xisto. O baixo gradiente geotérmico pode ocorrer nas vizinhanças de rocha cristalina com cavalgamentos onde a crosta fria é rebaixada. Altos gradientes ocorrem em regiões de intrusão magmática. Fluxos de calor (q) na superfície é uma indicação de gradiente geotérmico contanto que condutividade térmica (K) da crosta seja baixa q = K(dT/dz). GEOLOGIA ESTRUTURAL Aula 2 Análise da Tensão (stress) Análise da Deformação (strain) Aula 2 Análise da Tensão (stress) Análise da Deformação (strain) Prof. Eduardo Salamuni (Arte: Acadêmica Marcela Fregatto) ANÁLISE DA TENSÃO E DA DEFORMAÇÃO (COMPORTAMENTO MECÂNICO DAS ROCHAS) • O estado de tensão propicia deformação/movimentação (cinemática) e resulta na forma final (geometria) da rocha. • Força ou tração: agente responsável pelos movimentos das rochas submetendo-as a solicitações diversas. Caso a solicitação seja tangencial ocorre o cisalhamento, que pode ser subdividido em componente normal (n) e componente de cisalhamento (s). A intensidade da força (ou tração) depende da área da superfície por onde é distribuída. • O estado de tensão propicia deformação/movimentação (cinemática) e resulta na forma final (geometria) da rocha. • Força ou tração: agente responsável pelos movimentos das rochas submetendo-as a solicitações diversas. Caso a solicitação seja tangencial ocorre o cisalhamento, que pode ser subdividido em componente normal (n) e componente de cisalhamento (s). A intensidade da força (ou tração) depende da área da superfície por onde é distribuída. CONCEITOS STRESS E STRAIN • Stress significa “tensão“ ou “esforço”. A tensão é a força/área (N/m2) necessária para produzir deformação (strain). Strain significa “deformação". É uma grandeza escalar medida somente pelo comprimento. Vetor é um quantitativo que possui magnitude e direção. Tensor é um quantitativo usado para descrever a propriedade física de um material. Tanto o stress quanto o strain são materializados por elipsóides utilizados para representação espacial da tensão e da deformação, cujos eixos são inversamente proporcionais. Tensão x Deformação (Profundidade) • Um corpo rochoso está submetido a dois esforços, o litostático (similar à força da gravidade) e o tectônico. Ambos podem ser representados por elipsóides de tensão. STRESS E STRAIN • Stress significa “tensão“ ou “esforço”. A tensão é a força/área (N/m2) necessária para produzir deformação (strain). Strain significa “deformação". É uma grandeza escalar medida somente pelo comprimento. Vetor é um quantitativo que possui magnitude e direção. Tensor é um quantitativo usado para descrever a propriedade física de um material. Tanto o stress quanto o strain são materializados por elipsóides utilizados para representação espacial da tensão e da deformação, cujos eixos são inversamente proporcionais. Tensão x Deformação (Profundidade) • Um corpo rochoso está submetido a dois esforços, o litostático (similar à força da gravidade) e o tectônico. Ambos podem ser representados por elipsóides de tensão. ELIPSÓIDES Elipsóide de tensão (stress) Em geral no interior de um grande corpo geológico, a orientação do stress varia de lugar para lugar, dependendo de vários fatores (espessura da crosta, reologia do material, natureza de estruturas pretéritas, existência de descontinuidades). Essa variação é conhecida como campo de tensão, que pode ser representado e analisado pelo digrama da trajetória de stress. Nestes diagramas as linhas mostram a contínua variação na orientação do stress principal, considerando que 1 (Smax) sempre é perpendicular a 3 (Smin). Assim, em cada ponto do objeto geológico o campo de tensão é representado por um sistema de eixos nominados pela letra (grega) "“, onde 1 > 2 > 3 (ordem decrescente de tensão). Elipsóide de tensão (stress) Em geral no interior de um grande corpo geológico, a orientação do stress varia de lugar para lugar, dependendo de vários fatores (espessura da crosta, reologia do material, natureza de estruturas pretéritas, existência de descontinuidades). Essa variação é conhecida como campo de tensão, quepode ser representado e analisado pelo digrama da trajetória de stress. Nestes diagramas as linhas mostram a contínua variação na orientação do stress principal, considerando que 1 (Smax) sempre é perpendicular a 3 (Smin). Assim, em cada ponto do objeto geológico o campo de tensão é representado por um sistema de eixos nominados pela letra (grega) "“, onde 1 > 2 > 3 (ordem decrescente de tensão). O campo de tensão é caracterizado pelos eixos σ1, σ2 e σ3, cuja representação gráfica é o elipsóide de tensão. (lembrete: é um campo físico, portanto não representa um objeto concreto) O campo de tensão é caracterizado pelos eixos σ1, σ2 e σ3, cuja representação gráfica é o elipsóide de tensão. (lembrete: é um campo físico, portanto não representa um objeto concreto) Elipsóide de deformação (strain) Eixos de deformação são representados pelas letras “x","y","z“, cuja relação é x>y>z, ou seja, mostra ordem decrescente de deformação. O elipsóide de tensão é inversamente proporcional ao elipsóide de deformação. Numa comparação aproximada: 1Z /2Y /3X Os eixos dos elipsóides variam de acordo com o stress aplicado na superfície rochosa. Desta forma os eixos podem sofrer, (a) estiramento/encurtamento/encurtamento (b) estiramento/encurtamento/estiramento (c) encurtamento/estiramento/estiramento Elipsóide de deformação (strain) Eixos de deformação são representados pelas letras “x","y","z“, cuja relação é x>y>z, ou seja, mostra ordem decrescente de deformação. O elipsóide de tensão é inversamente proporcional ao elipsóide de deformação. Numa comparação aproximada: 1Z /2Y /3X Os eixos dos elipsóides variam de acordo com o stress aplicado na superfície rochosa. Desta forma os eixos podem sofrer, (a) estiramento/encurtamento/encurtamento (b) estiramento/encurtamento/estiramento (c) encurtamento/estiramento/estiramento O campo de deformação é caracterizado pelos eixos X,Y,Z cuja representação gráfica é o elipsóide de deformação. (lembrete: representa um objeto físico concreto, por exemplo um grão de quartzo estirado em um xisto) Comparação entre os elipsóides e de tensão e de deformação. REOLOGIA Conceitos •Reologia estuda o comportamento físico das rochas, mediante a aplicação de forças e tensões (stress). As propriedades mecânicas da rocha refletem aspectos das forças e dos movimentos que os corpos experimentaram. As rochas possuem propriedades elásticas e plásticas concomitantes. Xisto do Complexo Setuva, Vale do Ribeira – PR. Foto: E. Salamuni Métodos de estudo Dinâmico: investiga a natureza e os tipos de tensões aplicadas durante a deformação. Cinemático: as relações geométricas e de simetria em relação a um plano de movimento são estabelecidas na análise da trama rochosa. Analítico: ensaios laboratoriais teóricos de resistência de materiais, similares àqueles aplicados em metais, cerâmica e concreto. • Modelos Reduzidos: teste de deformação em modelos, com o objetivo de se descobrir as tensões regionais envolvidas. Métodos de estudo Dinâmico: investiga a natureza e os tipos de tensões aplicadas durante a deformação. Cinemático: as relações geométricas e de simetria em relação a um plano de movimento são estabelecidas na análise da trama rochosa. Analítico: ensaios laboratoriais teóricos de resistência de materiais, similares àqueles aplicados em metais, cerâmica e concreto. • Modelos Reduzidos: teste de deformação em modelos, com o objetivo de se descobrir as tensões regionais envolvidas. Situação da deformação Rocha com heterogeneidades iniciais. Aspectos mecânicos significativos (mineralogia, foliações, limites de grãos, ...)Condições que influenciam (temperatura e pressão) Forças agindo fora e dentro do corpo Sistema de Stress Intervalo de tempo Propriedades mecânicas A resposta da rocha à uma dada deformação Corpo de rocha distorcido com novas heterogeneidades Modificação da estrutura ou “fabric” Taxa de deformação (movimentos relativos entre as partes) Incremento da deformação: novas posições das partes um função do strain, delocamentos e rotação que varia de ponto a ponto Tipos de fraturas desenvolvidas durante experimentos em rocha em estado rúptil (a) Fratura de tensão (b) Fratura de extensão (c) Fraturas conjugadas Evolução da deformação de acordo com: (a) propriedades reológicas da rocha (b) aumento gradativo do esforço (stress). (Hobbs, Means e Williams, 1976) Evolução da deformação de acordo com: (a) propriedades reológicas da rocha (b) aumento gradativo do esforço (stress). (Hobbs, Means e Williams, 1976) Gráfico Tensão x Deformação • Uma rocha apresenta variação de sua deformação em função dos fatores intrínsecos e extrínsecos podendo posicionar-se de maneira variável no gráfico TENSÃO x DEFORMAÇÃO. • No gráfico são demonstrados os campos referentes à deformação elástica, limite da elasticidade, deformação plástica e o ponto de ruptura. • A curva de deformação é consequência das mudanças dos mecanismos da deformação ativadas em escala cristalina. Gráfico Tensão x Deformação • Uma rocha apresenta variação de sua deformação em função dos fatores intrínsecos e extrínsecos podendo posicionar-se de maneira variável no gráfico TENSÃO x DEFORMAÇÃO. • No gráfico são demonstrados os campos referentes à deformação elástica, limite da elasticidade, deformação plástica e o ponto de ruptura. • A curva de deformação é consequência das mudanças dos mecanismos da deformação ativadas em escala cristalina. Gnaisse do Terreno Paranaguá, Ilha do Mel (PR). Foto: E. Salamuni Gráfico TENSÃO x DEFORMAÇÃO: mostra de maneira genérica os limites reológicos teóricos de uma rocha Fatores reológicos extrínsecos (a) Pressão confinante: materiais rígidos tornam-se mais dúcteis, quando a pressão confinante (PC) é maior. Os limites de elasticidade, resistência e esforço máximo se elevam com o aumento da PC: à maiores profundidades maiores esforços são necessários para produzir a mesma deformação. (b) Temperatura: facilita a deformação, tornando os materiais mais dúcteis, principalmente quando a pressão confinante e a temperatura somam seus efeitos. O limite da resistência, o esforço máximo e o limite de elasticidade, diminuem com o aumento de temperatura: a mesma deformação é causada por esforços, tanto menores, quanto maior for a temperatura, que age inversamente em relação à pressão confinante. (c) Tempo de Aplicação do Esforço: se faz lentamente e com pausas - fenômeno comum na natureza – por meio de acréscimos infinitesimais. Quanto maior o tempo de aplicação do esforço mais dúctil será a deformação. Fatores reológicos extrínsecos (a) Pressão confinante: materiais rígidos tornam-se mais dúcteis, quando a pressão confinante (PC) é maior. Os limites de elasticidade, resistência e esforço máximo se elevam com o aumento da PC: à maiores profundidades maiores esforços são necessários para produzir a mesma deformação. (b) Temperatura: facilita a deformação, tornando os materiais mais dúcteis, principalmente quando a pressão confinante e a temperatura somam seus efeitos. O limite da resistência, o esforço máximo e o limite de elasticidade, diminuem com o aumento de temperatura: a mesma deformação é causada por esforços, tanto menores, quanto maior for a temperatura, que age inversamente em relação à pressão confinante. (c) Tempo de Aplicação do Esforço: se faz lentamente e com pausas - fenômeno comum na natureza – por meio de acréscimos infinitesimais. Quanto maior o tempo de aplicação do esforço mais dúctil será a deformação. a) Materiais friáveis tornam-se dúcteis; b) Aumenta o limite de elasticidade, limite de resistência máximo; c) Aumenta o ângulo de cisalhamentos com o eixo do corpo de prova. a) Facilita a deformação; b) Diminui o limite de resistência, o esforço máximo e o limite de elasticidade. a) Materiais friáveis tornam-se dúcteis; b) Aumenta o limite de elasticidade, limite de resistência máximo; c) Aumenta o ângulo de cisalhamentos com o eixo do corpo de prova. a)Facilita a deformação; b) Diminui o limite de resistência, o esforço máximo e o limite de elasticidade. Deformação sob pressão confinante e temperatura variável Fonte: Decifrando a Terra Domínios de deformação em função da pressão hidrostática / litostática e temperatura. As linhas BP – AT representam o comportamento esperado em regimes de alto e baixo gradientes térmicos, respectivamente. AP = alta pressão BP = baixa pressão AT = alta temperatura BP = baixa temperatura Domínios de deformação em função da pressão hidrostática / litostática e temperatura. As linhas BP – AT representam o comportamento esperado em regimes de alto e baixo gradientes térmicos, respectivamente. AP = alta pressão BP = baixa pressão AT = alta temperatura BP = baixa temperatura Fonte: Decifrando a Terra Deformação sob condições de velocidade e deformação variáveis Fonte: Decifrando a Terra Fatores reológicos intrínsecos (d) Presença de Fluidos: o limite de plasticidade, o limite de resistência e o esforço máximo, diminuem com a presença das soluções (uma mesma deformação exige esforços menores se a rocha portar soluções). (e) Anisotropia Estrutural: corpos de provas, cortados paralela ou perpendicularmente à xistosidade, mostram comportamentos diferentes (a orientação da anisotropia estrutural influi na deformação). (f) Heterogeneidade litológica: devido à diferenças reológicas entre materiais, as rochas podem apresentar, em um mesmo evento de deformação, estruturas diferenciadas, principalmente quando há porções competentes e incompetentes. Willis (1932) introduziu o conceito de competência: rochas incompetentes são aquelas que se deformam sem se romperem e transmitem os esforços por distâncias maiores em função da ductibilidade; rochas competentes são relacionadas à deformação rúptil e fraturam com mais facilidade. Neste caso os esforços se propagam em curto alcance. Fatores reológicos intrínsecos (d) Presença de Fluidos: o limite de plasticidade, o limite de resistência e o esforço máximo, diminuem com a presença das soluções (uma mesma deformação exige esforços menores se a rocha portar soluções). (e) Anisotropia Estrutural: corpos de provas, cortados paralela ou perpendicularmente à xistosidade, mostram comportamentos diferentes (a orientação da anisotropia estrutural influi na deformação). (f) Heterogeneidade litológica: devido à diferenças reológicas entre materiais, as rochas podem apresentar, em um mesmo evento de deformação, estruturas diferenciadas, principalmente quando há porções competentes e incompetentes. Willis (1932) introduziu o conceito de competência: rochas incompetentes são aquelas que se deformam sem se romperem e transmitem os esforços por distâncias maiores em função da ductibilidade; rochas competentes são relacionadas à deformação rúptil e fraturam com mais facilidade. Neste caso os esforços se propagam em curto alcance. CIRCULO DE MOHR Diagrama ou círculo de Mohr O círculo de Mohr é um método gráfico desenvolvido por Christian Otto Mohr que permite a representação do estado de tensões num ponto. É uma representação cartesiana da tensão (), decomposta em grandezas vetoriais a partir de um corpo rochoso qualquer submetido à tensão. Trata-se de técnica gráfica que mostra o estado de stress de diferentes planos em um mesmo campo de tensão. As tensões (n normal e s cisalhante) são marcadas em um plano como pontos simples, sendo n medido no eixo horizontal e s na vertical. Valores de n e s F= .A n = 1/2 ( 1+ 3 ) + 1/2 ( 1 - 3 ) . cos 2 s = 1/2 ( 1 - 3 ) . sen 2 F = Força máxima aplicada pela pressão A = Área do plano arbitrado para o estudo = Ângulo entre o plano arbitrado em relação á direção de Fz = Tensão total Diagrama ou círculo de Mohr O círculo de Mohr é um método gráfico desenvolvido por Christian Otto Mohr que permite a representação do estado de tensões num ponto. É uma representação cartesiana da tensão (), decomposta em grandezas vetoriais a partir de um corpo rochoso qualquer submetido à tensão. Trata-se de técnica gráfica que mostra o estado de stress de diferentes planos em um mesmo campo de tensão. As tensões (n normal e s cisalhante) são marcadas em um plano como pontos simples, sendo n medido no eixo horizontal e s na vertical. Valores de n e s F= .A n = 1/2 ( 1+ 3 ) + 1/2 ( 1 - 3 ) . cos 2 s = 1/2 ( 1 - 3 ) . sen 2 F = Força máxima aplicada pela pressão A = Área do plano arbitrado para o estudo = Ângulo entre o plano arbitrado em relação á direção de Fz = Tensão total Fonte: www.geosurvey.state.co.org Exemplos de falhas normais que podem ser estudadas à luz do Círculo de Mohr. Fonte: www.gsabulletin.gsapubs.org Modelo de falha (ou fratura) de Anderson (modelo andersoniano) Componentes da TRAÇÃO Componentes da FORÇA • Visualmente o Círculo de Mohr indica que todos os estados de tensão possíveis no ponto P (ao longo de planos ou seções com inclinações quaisquer) estão sobre uma circunferência de raio R e centro σ medida no plano σ - T. • As tensões principais podem ser obtidas da representação gráfica do círculo de Mohr como sendo os pontos extremos da circunferência sobre o eixo das tensões normais, sendo calculadas como o centro +/- o raio. • As tensões tangenciais máximas podem ser calculadas como +/- o raio do círculo de Mohr correspondente. • Visualmente o Círculo de Mohr indica que todos os estados de tensão possíveis no ponto P (ao longo de planos ou seções com inclinações quaisquer) estão sobre uma circunferência de raio R e centro σ medida no plano σ - T. • As tensões principais podem ser obtidas da representação gráfica do círculo de Mohr como sendo os pontos extremos da circunferência sobre o eixo das tensões normais, sendo calculadas como o centro +/- o raio. • As tensões tangenciais máximas podem ser calculadas como +/- o raio do círculo de Mohr correspondente. Diagrama ou círculo de Mohr. O ponto (P) representa um plano qualquer, orientado a um ângulo (θ) em relação a (σ3) Envelope ou Envoltória de Mohr Exemplo de aplicação GEOLOGIA ESTRUTURAL Aula 3 Regimes e Processos de Deformação Prof. Eduardo Salamuni (Arte: Acadêmica Marcela Fregatto) Aula 3 Regimes e Processos de Deformação Prof. Eduardo Salamuni (Arte: Acadêmica Marcela Fregatto) REGIMES E PROCESSOS DE DEFORMAÇÃO CONCEITOS GERAIS • As mudanças mecânicas nos maciços rochosos são decorrentes dos movimentos tectônicos, impostos por forças originadas no manto e no interior da crosta terrestre (ou endógenas). • As rochas estão sujeitas a mudanças de um estado inicial para um final. Esta passagem, denominada deformação, é observada em dois momentos: (a) Deformação finita: estado final da rocha após a deformação, configurando modificações impostas por eventos sucessivos de deformação. (b) Deformação progressiva: trajetória que o objeto geológico – ou parte dele - percorre desde o estado original até o estado final. CONCEITOS GERAIS • As mudanças mecânicas nos maciços rochosos são decorrentes dos movimentos tectônicos, impostos por forças originadas no manto e no interior da crosta terrestre (ou endógenas). • As rochas estão sujeitas a mudanças de um estado inicial para um final. Esta passagem, denominada deformação, é observada em dois momentos: (a) Deformação finita: estado final da rocha após a deformação, configurando modificações impostas por eventos sucessivos de deformação. (b) Deformação progressiva: trajetória que o objeto geológico – ou parte dele - percorre desde o estado original até o estado final. Caminho da deformação (strain): deformação progressiva incremental (infinitesimal) até a deformação finita. As trajetórias de deformação envolvem etapas sucessivas ou pulsos de atividade. Caminho da deformação (strain): deformação progressiva incremental (infinitesimal) até a deformação finita. As trajetórias de deformação envolvem etapas sucessivas ou pulsos de atividade. Fonte: Passchier e Trouw (2005) Incremento da deformação: ocorre em momentosinfinetesimais que, somados, podem representar longo tempo da evolução geológica. Algumas possibilidades desde o estado inicial até o estado final inicial final • caminho superior: encurtamento na vertical • caminho inferior: encurtamento na horizontal inicial e posterior encurtamento na vertical. A deformação envolve uma ou mais transformações físicas nas rochas, tais como: •Distorção: mudança de forma. •Rotação: mudança de atitude •Translação: mudança de posição. •Dilatação: mudança de volume (positiva ou negativa). A deformação envolve uma ou mais transformações físicas nas rochas, tais como: •Distorção: mudança de forma. •Rotação: mudança de atitude •Translação: mudança de posição. •Dilatação: mudança de volume (positiva ou negativa). DISTORÇÃO mudança de forma TRANSLAÇÃO mudança de posição ROTAÇÃO mudança de atitude MECANISMOS DE DEFORMAÇÃO • Os minerais possuem propriedades mecânicas diferenciadas, refletindo um comportamento diferenciado: rúptil, dúctil ou um estado intermediário (dúctil-rúptil ou rúptil-dúctil). • A deformação inicial se processa em nível cristalino e se propaga por toda a rocha, de maneira homogênea ou heterogênea. • Há quatro mecanismos de deformação principais Microcataclase: fragmentação dos grãos minerais, a partir de microfissuras. Deslizamentos intracristalinos: deslocamentos ao longo de planos reticulares que geram defeitos cristalinos, manifestados, por exemplo, por meio de distorções e geminação. Deslizamentos intergranulares: ocorrem ao longo das superfícies de contato entre os grãos. Representam acomodações entre grãos. Fluxo por difusão: envolve transferência de elementos através dos grãos (fusão sólida). • Os minerais possuem propriedades mecânicas diferenciadas, refletindo um comportamento diferenciado: rúptil, dúctil ou um estado intermediário (dúctil-rúptil ou rúptil-dúctil). • A deformação inicial se processa em nível cristalino e se propaga por toda a rocha, de maneira homogênea ou heterogênea. • Há quatro mecanismos de deformação principais Microcataclase: fragmentação dos grãos minerais, a partir de microfissuras. Deslizamentos intracristalinos: deslocamentos ao longo de planos reticulares que geram defeitos cristalinos, manifestados, por exemplo, por meio de distorções e geminação. Deslizamentos intergranulares: ocorrem ao longo das superfícies de contato entre os grãos. Representam acomodações entre grãos. Fluxo por difusão: envolve transferência de elementos através dos grãos (fusão sólida). Deslizamento intracristalino provocado por stress em escala de retículo do cristal Fonte: adaptado de Passchier e Trouw (1996) Stress em nível cristalino Exemplo do quartzo Fonte: Passchier e Trouw (1996) Deslizamento intergranular Fonte: Passchier e Trouw (1996) Microcataclase Fonte: Passchier e Trouw (1996) Fluxo por difusão, observado a partir de seções de rochas (lâminas delgadas). Os minerais apresentam bordas irregulares, difusas e/ou interdigitadas (intercrescimento gráfico, por exemplo) . Fluxo por difusão, observado a partir de seções de rochas (lâminas delgadas). Os minerais apresentam bordas irregulares, difusas e/ou interdigitadas (intercrescimento gráfico, por exemplo) . Fonte: Passchier e Trouw (1996) PROCESSOS E COMPORTAMENTOS DA DEFORMAÇÃO • A deformação pode ser instantânea como ocorre em evento sísmicos, ou então o processo se dá por meio de incrementos infinitesimais, gerando uma deformação progressiva. • A deformação pode ser homogênea (uniforme) ou heterogênea (não uniforme) • A deformação pode ser instantânea como ocorre em evento sísmicos, ou então o processo se dá por meio de incrementos infinitesimais, gerando uma deformação progressiva. • A deformação pode ser homogênea (uniforme) ou heterogênea (não uniforme) Deformação Homogênea Deformação Heterogênea Fonte: modificado de Hobbs, Means, Williams (1976) • Deformação homogênea: elementos originalmente paralelos (planos e linhas) se mantêm paralelos durante todo o processo deformacional (característica típica de translação). • Pode ser representada no espaço pelo elipsóide de deformação, resultante de deformação de uma esfera imaginária inicial, composta por um sistema triortogonal de eixos cinemáticos: X = eixo de estiramento máximo Y = eixo intermediário; Z = eixo de encurtamento máximo • Deformação homogênea: elementos originalmente paralelos (planos e linhas) se mantêm paralelos durante todo o processo deformacional (característica típica de translação). • Pode ser representada no espaço pelo elipsóide de deformação, resultante de deformação de uma esfera imaginária inicial, composta por um sistema triortogonal de eixos cinemáticos: X = eixo de estiramento máximo Y = eixo intermediário; Z = eixo de encurtamento máximo • Deformação heterogênea: o paralelismo não é mantido e a deformação varia de ponto a ponto. • Na natureza quase a totalidade dos casos de deformação é heterogênea. Como a análise estrutural nesse contexto é complexa, procura-se subdividir o objeto de tal forma que cada fração ou porção do maciço rochoso possa ser analisada do ponto de vista da deformação homogênea. Tanto a deformação homogênea quanto a heterogênea podem sofrer processos de deformação diferenciados, representados por deformações não-rotacionais (coaxiais) ou rotacionais (não-coaxiais). Ambas envolvem o conceito de cisalhamento: em geologia estrutural o primeiro é chamado de cisalhamento puro e o segundo de cisalhamento simples. Deformação coaxial (ou cisalhamento puro ou deformação não-rotacional) Estes termos são sinônimos entre si e caracterizam processos de deformação que provocam movimentos no mesmo eixo de incidência (coaxial), porém com sentidos opostos. Na deformação coaxial ocorrem os seguintes tipos de comportamento: (a) Comportamento rúptil Quando são geradas fraturas de tensão ou partição (T) e fraturas de cisalhamento (que podem caracterizar um par conjugado C e C'). As fraturas T e C formam ângulos teóricos da ordem de 300 entre si. C ’ C T 30 ºT Na deformação coaxial ocorrem os seguintes tipos de comportamento: (a) Comportamento rúptil Quando são geradas fraturas de tensão ou partição (T) e fraturas de cisalhamento (que podem caracterizar um par conjugado C e C'). As fraturas T e C formam ângulos teóricos da ordem de 300 entre si. Esse é o princípio do modelo de fraturas de Anderson, que é o modelo mais simples, mas é a base da maioria dos outros modelos (Riedel, Moddy e Hill, Wilcox) Fonte: Ricardo Teixeira (2001) (b) Comportamento dúctil homogêneo Há achatamento paralelo a Z (1) e escoamento plástico ou estiramento na direção X (3). Na direção de Y (2) poderá haver estiramento ou encurtamento. Esta deformação é chamada também de achatamento (flattening). (c) Comportamento dúctil heterogêneo (ou não- homogêneo) Há escoamento de algumas porções que fluem mais que outras. Na deformação heteregênea o estiramento pode resultar em boudinage enquanto o encurtamento pode resultar em ondulação. (b) Comportamento dúctil homogêneo Há achatamento paralelo a Z (1) e escoamento plástico ou estiramento na direção X (3). Na direção de Y (2) poderá haver estiramento ou encurtamento. Esta deformação é chamada também de achatamento (flattening). (c) Comportamento dúctil heterogêneo (ou não- homogêneo) Há escoamento de algumas porções que fluem mais que outras. Na deformação heteregênea o estiramento pode resultar em boudinage enquanto o encurtamento pode resultar em ondulação. Deformação não-coaxial (ou cisalhamento simples ) • Estes termos igualmente são sinônimos entre si e significam que a deformação provoca movimento rotacional no corpo. • Há movimento em porções diferentes (não-coaxial) e com sentidos opostos. Este tipo de deformação envolve rotação desde a escala mineralógica até a escala de maciço rochoso. Da mesma forma que na deformação coaxial a deformação não-coaxial mostra os seguintes comportamentos: (a) Comportamento rúptil As descontinuidadesque se desenvolvem encontram-se em modelo de fratura denominado de Modelo de Riedel (Riedel shear): ocorrem as seguintes estruturas: - fratura de tensão (ou partição) T: fratura de extensão ou distensão - fratura de cisalhamento de RIEDEL (sintética ou R) - fratura de cisalhamento conjugada de RIEDEL (antitética ou R') - fratura de cisalhamento P (sintética secundária) - fratura de cisalhamento X (sintética secundária) - fratura de cisalhamento Y ou D, que se forma paralelamente ao binário em casos extremos Da mesma forma que na deformação coaxial a deformação não-coaxial mostra os seguintes comportamentos: (a) Comportamento rúptil As descontinuidades que se desenvolvem encontram-se em modelo de fratura denominado de Modelo de Riedel (Riedel shear): ocorrem as seguintes estruturas: - fratura de tensão (ou partição) T: fratura de extensão ou distensão - fratura de cisalhamento de RIEDEL (sintética ou R) - fratura de cisalhamento conjugada de RIEDEL (antitética ou R') - fratura de cisalhamento P (sintética secundária) - fratura de cisalhamento X (sintética secundária) - fratura de cisalhamento Y ou D, que se forma paralelamente ao binário em casos extremos T = fraturas de tensão R = cisalhamento de Riedel P = cisalhamento P Y = cisalhamento Y R’ = cisalhamento conjugado de Riedel a Falha neotectônica na Nova Zelândia. Zona de falha, com fraturas escalonadas (Foto: internet domínio público) tensão Shmax Interpretação: conjugadas Riedel, mostrando zona de falha dextrógira, que caracteriza a zona brechada; as fraturas R (Riedel) são representadas pelos planos das fraturas escalonadas maiores e os planos X pelas fraturas paralelas menores. A fratura Y está inferida ou mal se percebe como ruptura, apenas como deformação do plano geodésico (Foto: internet domínio público). Riolitos da Bacia de Castro. Tectonito cataclástico em zona de falha, com fraturas conjugadas preenchidas por caulim (Foto: E. Salamuni) Interpretação: conjugadas Riedel, mostrando plano Y de falha sinistrógira, que caracteriza a zona cataclástica; as fraturas T são representadas pelos veios e os planos R (tension gashs) estão preenchidos por caulim (Foto: E. Salamuni) (b) Comportamento dúctil homogêneo Ocorre fluxo plástico uniforme de material rochoso submetido às tensões resultantes do movimento tectônico. Modelo de fraturamento em cisalhamento (Wilcox, 1979) (c) Comportamento dúctil heterogêneo Deformação dúctil : se diz quando as rochas apresentam comportamento plástico e sofreram deformação permanente. A mudança é produzida na forma do cristal, por meio de um rearranjo químico no retículo cristalino, sem a ocorrência de microfalhas. Xisto do Grupo Brusque, com estiramento mineral que mostra sentido de movimento (Microfoto: Fernanda M. Gonçalves) Deformação dúctil : se diz quando as rochas apresentam comportamento plástico e sofreram deformação permanente. A mudança é produzida na forma do cristal, por meio de um rearranjo químico no retículo cristalino, sem a ocorrência de microfalhas. Comportamento dúctil heterogêneo em xistos da Formação Perau (PR). Observar dobras ptigmáticas e boudins em bandas mais deformadas em contrastes com bandas foliadas e pouco dobradas. Foto: E. Salamuni Comportamento dúctil homogêneo em metagranitos (augen-gnaisses) do embasamento do Complexo Setuva (PR). Observar estiramento mineral que desenha a foliação / milonitização. Foto: E. Salamuni Sobreposição de deformação coaxial: uma elipse de deformação incremental de diferente magnitude é superimposta à primeira elipse extensão Elipse incremental + = ANEXOS Três regiões ocorrem na elipse resultante: I: região de extensão continuada II: região de encurtamento continuado III: região de encurtamento inicial que passa a ser extensional Fonte: Van der Pluijm and Marshak (1997)encurtamento Sobreposição de deformações não-coaxiais: uma elipse de deformação incremental de diferente magnitude é superimposta à primeira elipse extensão Elipse incremental + = A geometria é mais complexa: Quatro regiões ocorrem na elipse subsequente: I: região de extensão continuada II: região de encurtamento continuado III: região de encurtamento inicial que passa a ter extensão IV: região de extensão inicial que passa a ter encurtamento encurtamento Fonte: van der Pluijm and Marshak (1997) GEOLOGIA ESTRUTURAL Aula 4 Zonas de Cisalhamento Prof. Eduardo Salamuni (Arte: Acadêmica Marcela Fregatto) Aula 4 Zonas de Cisalhamento Prof. Eduardo Salamuni (Arte: Acadêmica Marcela Fregatto) INTRODUÇÃO e MECANISMOS DE CISALHAMENTO Definição Zona de cisalhamento é uma faixa estreita e planar de paredes subparalelas onde se concentra a deformação com taxas variáveis. São zonas de fraqueza e apresentam adelgaçamento por deformação localizada. As zonas dúcteis e as dúcteis-rúpteis podem ser equivalentes, em nível estrutural inferior das zonas rúpteis situadas em nível estrutural superior. Definição Zona de cisalhamento é uma faixa estreita e planar de paredes subparalelas onde se concentra a deformação com taxas variáveis. São zonas de fraqueza e apresentam adelgaçamento por deformação localizada. As zonas dúcteis e as dúcteis-rúpteis podem ser equivalentes, em nível estrutural inferior das zonas rúpteis situadas em nível estrutural superior. São classificadas em: a) Rúptil b) Rúptil-dúctil c) Dúctil-rúptil d) Dúctil Fonte: Ramsay & Huber (1976) Exemplos de cisalhamento dúctil, dúctil- rúptil e rúptil Cisalhamento dúctil em tectonitos do Complexo Atuba, pedreira São Jorge (Foto: E. Salamuni) Cisalhamento dúctil-rúptil na Formação Capiru, (Foto: E. Salamuni) Cisalhamento rúptil no Complexo Atuba (Foto: E. Salamuni) Cisalhamento dúctil-rúptil na Formação Capiru, (Foto: E. Salamuni) Cisalhamento rúptil no Complexo Atuba (Foto: E. Salamuni) \ Cisalhamento rúptil Em geral representado por zonas cataclásticas ou fraturas individualizadas (falhas ou diáclases) \ Grupo Brusque. Foto:Fernanda M. Gonçalves Cisalhamento dúctil Em geral representado por faixas miloníticas ou protomiloníticas com estiramento generalizado Complexo Atuba (Foto: E. Salamuni) Zona de cisalhamento Paraíba do Sul (Foto: E. Salamuni) Os parâmetros do cisalhamento são: ângulo do cisalhamento = tg taxa do cisalhamento ângulo entre o eixo principal do elipsóide e a direção de cisalhamento = ângulo de cisalhamento = taxa de cisalhamento = ângulo entre o eixo principal do elipsóide e a direção do cisalhamento Relação da elipse de deformação para o cisalhamento em um sistema de cisalhamento simples. Deformação em Zonas de Cisalhamento (ZC) • Há vários modos pelos quais se pode caracterizar uma ZC. • É possível observar cataclase e brechamento em uma faixa cisalhada ou zona de falha - estado rúptil. • No estado dúctil observa-se dobras, estiramento e/ou achatamento mineral, controlados pelo grau de deformação em cada um dos eixos do elipsóide de deformação (X, Y e Z). • Isto depende dos seguintes fatores: (a) o deslocamento de um determinado ponto de um objeto geológico é definido pelo vetor que o une quando indeformado ao mesmo quando deformado, não importando a trajetória executada; • (b) as mudanças podem se dão por distorção, dilatação ou dilatação com distorção; Deformação em Zonas de Cisalhamento (ZC) • Há vários modos pelos quais se pode caracterizar uma ZC. • É possível observar cataclase e brechamento em uma faixa cisalhada ou zona de falha - estado rúptil. • No estado dúctil observa-se dobras, estiramento e/ou achatamento mineral, controlados pelo grau de deformação em cada um dos eixos do elipsóide de deformação (X, Y e Z). • Isto depende dos seguintes fatores: (a) o deslocamento de um determinado ponto de um objeto geológico é definido pelo vetor que o une quando indeformado ao mesmo quando deformado, não importando a trajetória executada; • (b) as mudanças podem se dão por distorção, dilatação ou dilatação com distorção; • Em relação aos eixos do elipsóidede deformação. Em ZC dúcteis, observa-se que: (a) se Y corresponde à direção de encurtamento. Há constrição com geração de lineação; (b) quando Y corresponde à direção de estiramento há achatamento com geração da foliação; (c) quando não há deformação na direção Y a deformação é plana gerando foliação e lineação de forma concomitante. a) Constrição • Em relação aos eixos do elipsóide de deformação. Em ZC dúcteis, observa-se que: (a) se Y corresponde à direção de encurtamento. Há constrição com geração de lineação; (b) quando Y corresponde à direção de estiramento há achatamento com geração da foliação; (c) quando não há deformação na direção Y a deformação é plana gerando foliação e lineação de forma concomitante. b) Achatamento c) Deformação plana • Diagrama de Flinn é a representação gráfica que mostra como um corpo passaria do estado de deformação linear para o achatado • Diagrama de Flinn é a representação gráfica que mostra como um corpo passaria do estado de deformação linear para o achatado • Em uma ZC a deformação pode ser quantificada. • Deve haver condições de se conhecer ou estimar os valores e as posições geométricas iniciais. • Mudanças tanto no comprimento de linhas quanto no valor angular entre essas linhas podem ser calculadas. Utiliza-se as seguintes relações: e = elongação l = comprimento e = l1-l0 / l0 = (1+e)2 = (l1 / l0)2 (elongação quadrática) sendo: x = 1 y = 2 z = 3 • Em uma ZC a deformação pode ser quantificada. • Deve haver condições de se conhecer ou estimar os valores e as posições geométricas iniciais. • Mudanças tanto no comprimento de linhas quanto no valor angular entre essas linhas podem ser calculadas. Utiliza-se as seguintes relações: e = elongação l = comprimento e = l1-l0 / l0 = (1+e)2 = (l1 / l0)2 (elongação quadrática) sendo: x = 1 y = 2 z = 3 A deformação em zona de cisalhamento pode ser concentrada. Após ocorrer o aparecimento do primeiro núcleo de deformação, com incrementos posteriores, a rocha assume uma ou mais das seguintes condições: (a) aumento da deformação havendo o esforço constante; (b) aumento da deformação com esforços cada vez menores (strain softening). Nesta situação o local tende a concentrar cada vez mais a deformação impedindo a propagação para o restante da rocha; (c) Em situações anômalas há aumento da resistência e consequente necessidade do aumento do esforço para aumento da deformação (strain hardening). Isto ocorre, por exemplo, quanto há silicificação em um plano de falha. A deformação em zona de cisalhamento pode ser concentrada. Após ocorrer o aparecimento do primeiro núcleo de deformação, com incrementos posteriores, a rocha assume uma ou mais das seguintes condições: (a) aumento da deformação havendo o esforço constante; (b) aumento da deformação com esforços cada vez menores (strain softening). Nesta situação o local tende a concentrar cada vez mais a deformação impedindo a propagação para o restante da rocha; (c) Em situações anômalas há aumento da resistência e consequente necessidade do aumento do esforço para aumento da deformação (strain hardening). Isto ocorre, por exemplo, quanto há silicificação em um plano de falha. GEOMETRIA DE ZONAS DE CISALHAMENTO • Uma zona de cisalhamento (ZC) deve possuir limites laterais relativamente paralelos entre si. • Como há variação na tipologia do deslocamento, em perfil podem ocorrer como seis campos, cuja a geometria é diferenciada: Condição 1: paredes da ZC estiverem indeformadas: a. cisalhamento simples heterogêneo b. troca de volume heterogêneo c. combinação entre (a) e (b) Condição 2: paredes da ZC estiverem deformadas d. deformação homogênea combinada com o cisalhamento simples e. deformação homogênea combinada com a troca de volume f. Deformação homogênea combinada com o cisalhamento simples e troca de volume • Uma zona de cisalhamento (ZC) deve possuir limites laterais relativamente paralelos entre si. • Como há variação na tipologia do deslocamento, em perfil podem ocorrer como seis campos, cuja a geometria é diferenciada: Condição 1: paredes da ZC estiverem indeformadas: a. cisalhamento simples heterogêneo b. troca de volume heterogêneo c. combinação entre (a) e (b) Condição 2: paredes da ZC estiverem deformadas d. deformação homogênea combinada com o cisalhamento simples e. deformação homogênea combinada com a troca de volume f. Deformação homogênea combinada com o cisalhamento simples e troca de volume • Quando há perda de volume, as zonas de deformação são chamadas de zonas de dissolução por pressão (minerais mais solúveis são carreados para pontos onde a tensão é menor). Isto possibilita a concentração de minerais (mineralização) em ZC. Fonte: Ramsay e Huber (1976) Classificação de tectonitos gerados em zonas de cisalhamento e/ou em falhas Em um mesmo evento de deformação, ou seja, na mesma zona de cisalhamento, dependendo do nível crustal, podem ser gerados cataclasitos e milonitos de forma concomitante. Modificado de Sibson (1977) Definição por escala (a) Cinturão de cisalhamento (b) Zona de cisalhamento (c) Banda de cisalhamento LARGURA E ESPESSURA DO CISALHAMENTO Definição por escala (a) Cinturão de cisalhamento (b) Zona de cisalhamento (c) Banda de cisalhamento • cinturões orogênicos: acima de larguras maiores que decaquilométricas. São frequentemente utilizadas para designar regiões orogênicas e coincidentes com zonas de colisão continental (subducção). Fonte: USGS • Cinturão de Cisalhamento: deformações regionais quilométricas (tem sido frequentemente utilizado para designar até zonas decaquilométricas). São região dominadas por zonas de cisalhamento dúctil ou rúptil (neste caso por falhas, independente de sua natureza). Fonte: USGS Cinturão Ribeira (Mantiqueira Sul) Zona de cisalhamento Ribeira • zonas de cisalhamento também são assim denominadas quando espessuras /larguras centimétricas a métricas (o termo tem o mesmo sentido quando utilizado para definir faixas com espessuras decamétricas até quilométricas). Pedreira Maringá (Foto: Lilian Chavez-Kus ) Foto de domínio público (internet) Pedreira Maringá (Foto: Lilian Chavez-Kus ) Formação Abapã (Foto: E. Salamuni) • bandas de cisalhamento: espessuras milimétricas a centimétricas. Gnaisse da Pedreira São Jorge (Foto: E. Salamuni) Xistos do Grupo Brusque (Foto: E. Salamuni ZONAS DE CISALHAMENTO RÚPTIL Características (a) são representadas por uma zona de falha (longas e estreitas faixas onde se concentra a deformação); (b) há intenso quebramento e cominuição (moagem) nas rochas; (c) ocorre no nível estrutural superior e intermediário (até cerca de 15 Km de profundidade) (d) depende do volume do material deformado e dos mecanismos de deformação; (e) os mecanismos de cisalhamento rúptil são principalmente controlados pela concentração de esforços em torno de imperfeições internas seja em nível cristalino seja em nível de blocos e maciços rochosos. Características (a) são representadas por uma zona de falha (longas e estreitas faixas onde se concentra a deformação); (b) há intenso quebramento e cominuição (moagem) nas rochas; (c) ocorre no nível estrutural superior e intermediário (até cerca de 15 Km de profundidade) (d) depende do volume do material deformado e dos mecanismos de deformação; (e) os mecanismos de cisalhamento rúptil são principalmente controlados pela concentração de esforços em torno de imperfeições internas seja em nível cristalino seja em nível de blocos e maciços rochosos. Rochas cataclásticas formadas (tectonitos rúpteis) • As rochas formadas no processo cataclástico recebem a seguintes nomenclatura: brecha, pseudotaquilito, microbrecha, protocataclasito, cataclasito, ultracataclasito (ver a classificação de Sibson, 1977). • Essas rochas envolvem respectivamente os seguintes processos de deformação: (a) microfraturamento coalescente; (b) fraturamento generalizado; (c) rotação e esmagamento dos minerais Rochas cataclásticas formadas (tectonitos rúpteis)• As rochas formadas no processo cataclástico recebem a seguintes nomenclatura: brecha, pseudotaquilito, microbrecha, protocataclasito, cataclasito, ultracataclasito (ver a classificação de Sibson, 1977). • Essas rochas envolvem respectivamente os seguintes processos de deformação: (a) microfraturamento coalescente; (b) fraturamento generalizado; (c) rotação e esmagamento dos minerais Fraturas generalizadas concentradas (zona de prejuízo – damage zone) com consequente geração de cataclase e brechas. Gnaisse do Complexo Atuba (Foto: E. Salamuni) Granitóide do Complexo Atuba (Foto: E. Salamuni) Formação de planos de descontinuidade (falhas e juntas) e estrias em planos de falhas Gnaisses e granitóides do Complexo Atuba (Fotos: E. Salamuni) Da mesma forma que na deformação coaxial a deformação não- coaxial mostra comportamento rúptil, onde as descontinuidades desenvolvidas são caracterizadas pelo Modelo de Riedel. Quartzito da Formação Capiru (Fotos: E. Salamuni) Gnaisse do Complexo Atuba (Fotos: E. Salamuni) Cisalhamento rúptil progressivo É comum haver a continuidade da deformação (ou dos elementos estruturais que foram ali gerados. O resultado é a rotação destes elementos estruturais. Há possibilidade de que novas estruturas sejam geradas assumindo a posição original. Generalidades • A feição fundamental das ZCDs é a recristalização acentuada, com desenvolvimento de estruturas e texturas indicadoras de fluxo plástico. • O limite superior do ambiente onde se desenvolvem estas feições, apresenta temperaturas da ordem de 300°C (cerca de 15 km de profundidade nível estrutural inferior). • As rochas geradas são aquelas que caem no campo dos milonitos (ver classificação de Sibson, 1977). Pode haver processos cataclásticos envolvidos (inclusive fluxo cataclástico), porém o mecanismo de deformação mais característico é o superplástico (fluxo laminar não-coaxial). ZONAS DE CISALHAMENTO DÚCTIL (ZCD) Generalidades • A feição fundamental das ZCDs é a recristalização acentuada, com desenvolvimento de estruturas e texturas indicadoras de fluxo plástico. • O limite superior do ambiente onde se desenvolvem estas feições, apresenta temperaturas da ordem de 300°C (cerca de 15 km de profundidade nível estrutural inferior). • As rochas geradas são aquelas que caem no campo dos milonitos (ver classificação de Sibson, 1977). Pode haver processos cataclásticos envolvidos (inclusive fluxo cataclástico), porém o mecanismo de deformação mais característico é o superplástico (fluxo laminar não-coaxial). • Com o aumento da deformação os grãos grossos das rochas convertem-se em protomilonitos, milonitos ou ultramilonitos. • Os elementos mobilizados podem, também, formar concentrações minerais importantes. As principais “armadilhas” são as faixas de alta deformação; zonas de sombra de pressão; zonas de fraturas diversas e aberturas criadas por distensão (ou tração). • As zonas de cisalhamento dúctil articulam-se de forma a isolar lentes mais ou menos extensas formando o padrão amendoado, que é resultado de: (1) anastomosamento de zonas de cisalhamento; (2) zonas de cisalhamento conjugadas e (3) zonas de cisalhamento de tipos diversos entrecruzadas. • Com o aumento da deformação os grãos grossos das rochas convertem-se em protomilonitos, milonitos ou ultramilonitos. • Os elementos mobilizados podem, também, formar concentrações minerais importantes. As principais “armadilhas” são as faixas de alta deformação; zonas de sombra de pressão; zonas de fraturas diversas e aberturas criadas por distensão (ou tração). • As zonas de cisalhamento dúctil articulam-se de forma a isolar lentes mais ou menos extensas formando o padrão amendoado, que é resultado de: (1) anastomosamento de zonas de cisalhamento; (2) zonas de cisalhamento conjugadas e (3) zonas de cisalhamento de tipos diversos entrecruzadas. Feições Planares • Em zonas de cisalhamento dúctil há orientação preferencial (ou estatística) de minerais ou neocristalização no plano de achatamento. Isso origina a xistosidade materializada no plano XY (perpendicular a Z), constituindo-se na feição planar fundamental de ZCs. Os mecanismos de formação das foliações (ou feições planares): (a) rotação passiva de minerais planares (matriz sofre deformação plástica); (b) orientação de minerais neo-formados; (c) mecanismos de dissolução e recristalização por pressão; (d) fluxo plástico, gerado por defeitos intra-cristalinos. Feições Planares • Em zonas de cisalhamento dúctil há orientação preferencial (ou estatística) de minerais ou neocristalização no plano de achatamento. Isso origina a xistosidade materializada no plano XY (perpendicular a Z), constituindo-se na feição planar fundamental de ZCs. Os mecanismos de formação das foliações (ou feições planares): (a) rotação passiva de minerais planares (matriz sofre deformação plástica); (b) orientação de minerais neo-formados; (c) mecanismos de dissolução e recristalização por pressão; (d) fluxo plástico, gerado por defeitos intra-cristalinos. • O cisalhamento dúctil apresenta gradiente de máximo deslocamento na zona central, decrescendo em direção às margens, resultando geometria sigmoidal às feições planares Fonte: Fotomicrografia de Kemako Team As deformações plásticas, em escala cristalina, são as responsáveis pela orientação planar em rochas metamórficas de altas temperaturas e altas taxas de deformação. Granitóide deformado do Núcleo Setuva – Faixa Ribeira (PR) (Foto: E. Salamuni) Em altas temperaturas as deformações em ZCD provocam recuperação mineralógica motivada pela recristalização dinâmica. Xisto do Complexo Setuva – Faixa Ribeira (PR) (Foto: E. Salamuni) Feições Lineares • São basicamente representadas pelas lineações de estiramento. Estas são impressas no plano XY e representam o eixo X do elipsóide. Podem ser representadas por: (a) minerais pré ou sincinemáticos orientados ou alinhados; (b) objetos geológicos alongados, tais como seixos, pillow-lavas, fósseis e sombras de pressão. Milonito-gnaisse do Complexo Juiz de Fora – Santo Atônio de Pádua (RJ) (Fotos: E. Salamuni) Dobras • As dobras geradas pelo cisalhamento dúctil (shear-folds) podem eventualmente apresentar ter o seu eixo Y, paralelo à direção de X (direção do transporte tectônico). • Dobras podem deformar foliações geradas anteriormente ou concomitantemente na zona de cisalhamento dúctil. Gnaisse Complexo Atuba (Foto: E. Salamuni) • É frequente o desenvolvimento de dobras com eixos curvos e redobrados (dobras em bainha). As dobras variam continuamente em estilo a partir de abertas concêntricas até a isoclinais similares . Podem ser geradas a partir de um buckling interno (instabilidade da foliação). Mármore do Grupo Açungui – Vale do Ribeira (Foto: E. Salamuni) Gnaisse das unidades basais pré- andinas – Argentina (Foto: E. Salamuni) Deformação de estruturas pré-existentes • As feições lineares pré-existentes aproximam-se da direção de cisalhamento (X) durante o transcorrer da deformação. Um dobramento pré-existente, por exemplo, tem suas variações de orientação amplificadas até tornar-se uma dobra em bainha. Dobras de cisalhamento (shear-fold) em estilo ptigmático (sem padrão definido) Gnaisse do Complexo Atuba – Pedreira do Atuba, Curitiba (PR) (Foto: E. Salamuni Mármore da Formação Capiru (Grupo Açungui) – Itaperuçu (PR) (Foto: E. Salamuni) Estruturas geradas em deformação progressiva • Em zonas de cisalhamento dúctil é possível que feições estruturais sejam geradas e, posteriormente, com o incremento da deformação, sejam também deformadas caracterizando uma continuidade do processo deformacional. Xisto do Grupo Brusque Botuverá (SC) (Foto: Fernanda M. Gonçalves) Marcadores de Direção de Movimento Algumas das estruturas mais comuns, que fornecem o sentido de movimento tectônico em zonas de cisalhamento são as seguintes: (a) Estruturas do Tipo Augen • Pórfiroclastos com estruturas augen, desenvolvidos em planos de foliação, são derivados de minerais relíctos
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