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GEOGRAFIA GEOGRAFIA DAS REDES Gustavo Ferreira Prado Marcelo de Souza Loureiro http://unar.info/ead UNIDADE 1 – ABORDAGEM DAS REDES NA CIÊNCIA GEOGRÁFICA CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: proporcionar uma introdução ao estudo da geografia das redes, compreendendo o que é uma rede, como ocorre sua formação e como é sua estrutura; analisar quais as implicações da dinâmica das redes para o espaço geográfico. ESTUDANDO E REFLETINDO Analisa-se a priori que uma rede serve a princípio para estabelecer ligações entre pontos. Uma rede só ocorre quando vários pontos são ligados entre si através de um fluxo que os coloca numa mesma estrutura. Observe a figura que segue: Pela figura acima, é fácil analisar a estrutura de uma rede. Os pontos classificados com letras formam os chamados pontos fixos, ou seja, locais, regiões ou mesmo instituições fixas no território. Contudo, apesar de serem fixos, tais pontos possuem certa ligação entre si através de linhas que podem ser de comunicação, transporte ou algo material ou imaterial que estabeleça uma relação entre os pontos (tornando-os “não estáveis”). Se observar a figura, num exemplo de produção de mercadorias, por exemplo, os pontos podem ser cidades e as linhas podem ser rodovias e/ou ferrovias. Assim, as mercadorias são escoadas para todos os pontos e os transportes atuam como canal de ligação entre as cidades, dando movimento a elas. Analisa- se ainda que as cidades de maior integração sejam as D e G por possuírem mais fluxos com outras cidades. Pode-se ainda pegar como exemplo as comunicações. Assim, os pontos poderiam ser bancos ou escritórios e as linhas seriam as informações, as quais são então responsáveis pela ligação entre os pontos. Analisa-se dessa forma que os principais fluxos de comunicação nesse caso são os pontos D e G, como no primeiro caso, pelo fato de que são os pontos que possuem maiores ligações entre os outros. Santos apud N. Curien (1988, p. 212) faz sua análise e afirma que as redes representam: Toda infraestrutura, permitindo o transporte de matéria, de energia ou de informação, e que se inscreve sobre um território onde se caracteriza pela topologia dos seus pontos de acesso ou pontos terminais, seus arcos de transmissão, seus nós de bifurcação ou de informação. (SANTOS, 2008, p. 262) Além de pontos fixos lotados no espaço e fluxos que dinamizam o sistema de redes, existe também o conceito denominado fluidez, o qual pode ser analisado como um sistema que proporciona maiores ou menores condições de se estabelecer os fluxos pelo território. Dessa forma, fluxos e refluxos se intensificam à medida que há maior fluidez no espaço. Nas imagens que seguem, é possível observar que entre os pontos de uma rede geográfica pode existir maior ou menor fluidez, o que irá determinar a intensidade e integração dos fluxos e refluxos sobre a superfície terrestre expostos no espaço. Mas como podem dois espaços ainda que distintos entre si possuírem diferentes intensidades de fluidez e como consequência menores integrações entre os fluxos que se comunicam com os pontos fixos? A questão parece complexa, mas é muito simples: é preciso apenas observar as próprias interações antrópicas no espaço geográfico e, assim, constatar que são as diferentes interações com o meio que trazem as diferenciações na fluidez. Ou seja, a maneira com que determinada sociedade produz, consome, se comunica, cresce financeiramente, desenvolve a economia e a própria sustentação do estilo de vida são fatores determinantes que influenciarão a maior ou menor intensidade de fluidez. A homogeneização é um mito, sua percepção sendo resultado de um “delírio analítico” que associa à ideia de revolução espacial a existência de uma indiferença espacial. O espaço permanece diferenciado e esta é uma das razões pelas quais as redes que nele se instalam são igualmente heterogêneas. (SANTOS, 2008, p. 268) Podem-se analisar exemplos cotidianos, ou seja, a cidade de São Paulo possui uma população numerosa, a mancha urbana é a maior do Brasil, o acesso à ciência e à tecnologia de ponta é indiscutível. Além disso, o número de empresas, fábricas e indústrias de diversos tipos estão presentes nos diversos polos industriais e o mercado consumidor é crescente. No entanto, São Paulo enfrenta graves problemas quanto a congestionamentos de veículos, mas isso não retira o mérito de a cidade possuir quilômetros de ruas, logradouros, avenidas, travessas, viadutos, ou seja, é evidente a tentativa de estabelecer maior fluidez através dos transportes dentro da metrópole. Quando se compara a cidade de São Paulo a uma média cidade, como o município de Araras-SP, analisa-se que esta possui menor fluidez no espaço que aquela, visto que na cidade de Araras o polo empresarial e técnico é menor, assim como são restritos também os mercados produtor e consumidor. Portanto pode- se afirmar que o território que compreende a cidade de São Paulo possui maior fluidez que o da cidade de Araras. Entretanto, como já foi anteriormente mencionado em relação aos meios de transporte, verifica-se que o trânsito em Araras pode fluir melhor e com mais agilidade entre os pontos mais periféricos do município quando comparado à capital. Assim, apesar da intensidade de fluxos e de pontos fixos espaciais de grande influência presentes em São Paulo, uma cidade de médio porte pode apresentar maior fluidez no espaço. Analise uma situação em que um caminhão precisa deixar sua carga em determinado local do centro de São Paulo. Enfrentando situações adversas, como engarrafamento, trânsito caótico e até enchentes, é possível prever o gasto desnecessário de combustível, dificuldades de acesso e danos ao veículo. Em comparação, tais prejuízos não ocorrem ou ocorrem com menor frequência em Araras. Assim, para esse caso específico, o território da cidade de Araras possui maior fluidez do que a cidade de São Paulo. As atuais compartimentações dos territórios ganham esse novo ingrediente. Criam-se paralelamente, incompatibilidades entre velocidades diversas; e os portadores das velocidades extremas buscam induzir os demais atores a acompanha-los, procurando disseminar as infraestruturas necessárias à desejada fluidez nos lugares que consideram necessários para sua atividade. Há, todavia, sempre, uma seletividade nessa difusão, separando os espaços da pressa daqueles outros propícios à lentidão, e dessa forma acrescentando ao processo de compartimentação nexos verticais que se superpõem à compartimentação horizontal, característica da história humana até data recente. (SANTOS, 2008, p. 84) Sabe-se que o espaço geográfico é resultado das interações da sociedade com o meio e, assim, pode-se dizer que, dependendo de tais interações, o espaço em questão terá características únicas ou semelhantes a de locais onde existem as mesmas ações antrópicas. As interações que “moldam” o espaço permitem a fluidez e originam os fluxos entre os pontos fixos. A criação de novos fixos e a manutenção de antigos dão origem a uma noção de espaço rígido e análogo. As grandes metrópoles criam espaços estáticos e o envelhecimento precoce de seções urbanas. As formas novas, criadas para responder a necessidades renovadas, tornam-se mais exclusivas, mais endurecidas, material e funcionalmente, mais rígidas tanto do ponto de vista das técnicas implicadas como de sua localização. Passamos de uma cidade plástica a uma cidade rígida. (SANTOS, 2008, p. 251) A tendência de rigidez das grandes cidades é oposta à tentativa de fluidez imposta pelo sistema socioeconômico com o intuito de integrar as redes e estabelecer fluxos densos alcançando o dinamismo. A rigidez relaciona-se aos conceitos da geografia das redes por estar vinculada às funções e atribuições dos pontos fixos. Essa rigideztanto se manifesta pela existência de novas técnicas convergentes, como pelas formas de trabalho que esse meio técnico renovado acarreta. Fala-se muito em flexibilidade e flexibilização como aspectos maiores da produção e do trabalho atuais, mas o que se dá, na verdade, é a ampliação da demanda de rigidez. Pode-se, mesmo, dizer, sem risco de produzir um paradoxo, que a fluidez somente se alcança através da produção de mais capital fixo, isto é, de mais rigidez. (SANTOS, 2008, p. 252) BUSCANDO CONHECIMENTO Homogeneização – do verbo homogeneizar, tornar homogêneo, igualar, formar um conjunto puro. Análogo – similar por certo aspecto. Caótico - em estado de caos, confuso, desordenado. UNIDADE 2 – EVOLUÇÃO DAS REDES DE TRANSPORTES CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: estudar as redes de transporte e suas dinâmicas. Observar as integrações no espaço devido à eficiência dos meios de transporte. ESTUDANDO E REFLETINDO É compreensível a importância dos meios de transporte para a humanidade. Desde os primórdios da história humana que as sociedades tentam se integrar e se comunicar diminuindo as distâncias e favorecendo diversas trocas entre os povos. Além disso, os meios de transporte viabilizam a acessibilidade a vários territórios distintos e a diferentes espaços geográficos, que são capazes de satisfazer as diversas necessidades da sociedade. Observa-se que os meios de transporte representam variados fluxos. Estes podem ser de pessoas, mercadorias, informações; tais fluxos realizam o transporte de um ponto fixo a outro. Analisa-se então que pontos fixos e fluxos irão formar um emaranhado de vértices e linhas que darão origem a redes dispostas pelo espaço. A consolidação de redes de transporte faz com que os mesmos se tornem cada vez mais inovadores e eficientes. Verifica-se que, sem redes de transporte, jamais a humanidade conseguiria obter acesso a todas as áreas do planeta nem estabelecer comunicação com os territórios alheios. As redes de transporte começaram a se formar desde as antigas civilizações, ou seja, a formação dessas redes sempre foi um desejo da humanidade e consequentemente representou um eixo de interações do espaço geográfico firmado pela sociedade. A circulação de mercadorias, pessoas e informações expandiu o comércio entre diferentes regiões do globo. Os egípcios, por exemplo, estabeleceram relações regulares com a Ásia desde 3000 a.C. Caravanas buscavam na Síria e nos arredores do Mar Vermelho produtos como o marfim, ouro, vinho e azeite; em contrapartida, os egípcios exportavam grãos, tecidos e artigos manufaturados (como armas, anéis e correntes) (TERRA: 2010, p. 67) Podem-se dividir as redes de transportes em cinco categorias: os dutos, as hidrovias, as ferrovias, as rodovias e as aerovias. Todas essas categorias formam fluxos e refluxos que independem de a rede ser material ou imaterial. As hidrovias, por exemplo, constituem um destacável exemplo de rede imaterial, assim como as aerovias, porém seria impossível imaginar esses meios de transporte sem os pontos fixos (portos, cais, estaleiros, aeroportos, torres de controle...) e sem os fluxos (rotas, viagens, deslocamento, logística...). Isso significa que existem redes materiais e imateriais em que ambas estão diretamente ligadas à fluidez já mencionada anteriormente. As redes materiais formam no espaço “uma teia” de vértices e linhas, seja nas extensões de pista e/ou estradas de ferro. Essas teias materiais também podem ser facilmente observadas através da rede de transporte por dutos. O transporte por dutos é constituído por uma rede de canalizações por onde circulam produtos petrolíferos (oleodutos), outros fluidos (como o oxigênio) e até produtos sólidos (minerais, carvão, etc.) em solução ou em suspensão na água. Em geral, esse tipo de transporte forma uma rede em árvore, com um tronco central partindo dos terminais marítimos, conectado às ramificações em direção aos depósitos e industrias de processamento e refino. (TERRA, 2010, p. 69) A principal vantagem no constante desenvolvimento dos meios de transporte é a agilidade e eficiência na comunicação e nas estratégias de distribuição, auxiliando os processos de produção e consumo. Além disso, os transportes modificam radicalmente o espaço, transformando as interações humanas no ambiente e viabilizando a dominação do território por completo pela sociedade. Uma rede de transporte é formada por um conjunto de eixos de circulação de pessoas, informações, capitais e mercadorias, em um mesmo espaço geográfico. Vários critérios podem ser utilizados para caracterizar as redes de transporte. Entre eles, destacam-se a densidade e a conectividade da malha viária. (TERRA, 2010, p. 76) A densidade das redes de transporte indica a quantidade de eixos da malha viária em determinado espaço. Assim, pode-se afirmar que podem existir espaços mais densos que outros, ou seja, que possuem mais eixos de transporte que outros. Já a conectividade indica que um ponto pode estar ligado a vários outros, ou seja, uma malha conectada a várias outras estações possui maior conectividade. As redes de transporte podem ser classificadas quanto à forma da malha viária. As redes reticulares (ou ortogonais) apresentam malhas viárias homogêneas e garantem alta conectividade. As redes polares são frequentes nas regiões com movimentação pendular entre os grandes centros urbanos e os núcleos urbanos periféricos. As redes em árvores estruturam-se a partir de um tronco central, como se observa nas redes de televisão a cabo e nos sistemas de distribuição de água. (TERRA, 2010, p. 78) A figura a seguir ilustra os três tipos de rede de transporte mencionados: As inovações técnicas e as modernidades conferidas às redes de transporte através da tecnologia conferiram fluidez ao espaço geográfico. Analisa-se que os espaços de maior fluidez são aqueles em que pessoas, informações e mercadorias circulam com maior rapidez, menores custos e consequentemente desenvolvem economicamente regiões e/ou países. Verifica-se o surgimento do transporte intermodal, em que existe a combinação de mais de um tipo de transporte, o que possibilita agregar os pontos positivos de cada malha transportadora, levando a um aumento da velocidade dos fluxos materiais e à redução dos custos gerais de deslocamento. Dessa forma, aceleram-se e ampliam-se os fluxos de bens e pessoas. A implantação de redes intermodais de transporte baseia-se nos conceitos de unidade de carga e conexão de infraestruturas. A unidade de carga foi alcançada pela disseminação do uso de contêineres, reduzindo drasticamente os custos de transferência de mercadorias entre os modos de transporte. (TERRA, 2010, p. 80) Analisa-se que as redes de transporte consolidam no espaço geográfico o que é denominado como “rugosidades”. Essas rugosidades referem-se às unidades que foram construídas há tempos atrás e que desempenhavam um papel importante na sociedade e na economia. Tais unidades foram sendo utilizadas com o passar dos anos e atualmente ainda existem e desempenham papel importante na sociedade e na utilidade pública. Como é o caso de ferrovias e rodovias que marcam seu surgimento há muitas décadas, continuando sua existência pelas várias administrações do Estado e algumas vezes podem existir até por várias gerações. Rugosidades resistiram através dos tempos e continuam desempenhando as mesmas funções no espaço, e tal espaço vêm constantemente sendo modificado, ainda que possuidor das referidas rugosidades que podem ser associadas às redes de transporte. Chamemos rugosidade ao que fica do passado como forma, espaço construído, paisagem, o que resta do processo de supressão, acumulação, superposição, com que as coisas se substituem e acumulam em todos os lugares.As rugosidades se apresentam como formas isoladas ou como arranjos. É dessa forma que elas são uma parte desse espaço-fator. (SANTOS, 2008, p. 140) Os transportes podem ser analisados como importantes redes disponíveis pelo espaço e que pode tanto integrar o território nacional como agregar o internacional. Viagens e logísticas antes impossíveis de se efetivar, hoje são acessíveis e suas realizações modificam o espaço geográfico e vão satisfazendo as necessidades da humanidade. BUSCANDO CONHECIMENTO Intermodal - realizado em vários tipos ou modos. Logística - lógica simbólica ciência que trata do alojamento, equipamento e transporte, além da produção, distribuição, manutenção e transporte de material e de outras atividades. UNIDADE 3 – REDES URBANAS CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: refletir a respeito das redes existentes na zona urbana bem como sobre suas influências para o espaço e para a sociedade. Analisar de modo crítico a formação das redes nas cidades e a consequências para as dinâmicas regionais. ESTUDANDO E REFLETINDO Você já parou para analisar a quantidade de redes existentes na cidade onde está? Já observou os constantes fluxos que existem e os pontos fixos espalhados pelo perímetro urbano? Você já refletiu a respeito do modo como chega à sua residência a água encanada, a energia elétrica, a linha telefônica? Esta unidade apresenta as diversas redes existentes dentro do espaço urbano. Analise que as muitas redes formam um emaranhado de linhas e pontos distribuídos ao longo do município. As cidades não se encontram confinadas num espaço isolado. Na verdade, elas estabelecem relações e são interligadas pelos meios de transporte e pelo sistema de telecomunicações, por intermédio dos quais fluem pessoas, mercadorias, capital, informações e tecnologia. Essas interconexões formam as redes urbanas. (GUERINO, 2010, p. 157) As cidades podem permitir acessibilidade e comunicação até pelos pontos mais distintos e longínquos entre si; é claro que tudo dependerá da fluidez espacial. A rede de transporte, por exemplo, fluída pelas ruas, avenidas, travessas, viadutos, linhas de metrô dão a oportunidade de que as pessoas possam ter acesso aos mais variados locais presentes no espaço. Não só a rede de transporte interliga a cidade de ponto a ponto, mas também é caso da rede de água que canaliza o município. Desde a captação, tratamento e distribuição desse recurso natural, é impossível pensar em seu consumo sem a lógica das redes. Analise a figura a seguir: A figura representa o caminho percorrido pela água desde a sua captação até a distribuição. Nota-se que existem pontos fixos (reservatório, elevatório, filtro), assim como a fluidez, que nesse caso é a própria infraestrutura da cidade. O fluxo de água vai em direção às residências, onde, através dos bairros, vilas e quarteirões, os recursos hídricos formam uma rede de distribuição como uma teia de canos e dutos. A imagem abaixo ilustra uma rede de abastecimento de uma cidade. Fonte: Portal do São Francisco Repare que a figura mostra uma rede de abastecimento de água onde existem os pontos fixos e também os fluxos. Repare também que existem alguns pontos que ocupam lugares de destaque na rede possuindo maior conectividade, enquanto que outros possuem lugares periféricos. É possível também observar que de certa forma todos os pontos estão interligados entre si, ou seja, um depende do outro para a própria conectividade ou então para que a rede esteja completa e em dinâmica harmoniosa. Assim, analisa-se que os pontos periféricos de uma rede também são importantes para a estrutura e o sistema da mesma. O esgoto coletado das residências é outro exemplo da formação de redes de uma cidade. Todo o esgoto é conduzido por tubulações em rede que fazem o sentido inverso ao da água. Assim forma-se um ciclo com duas redes em que, numa, os fluxos percorrem o sentido inverso da outra. Outro exemplo a ser citado é a rede de transmissão de energia elétrica. Os fluxos são conduzidos através de fios de alta tensão e os pontos fixos podem ser a própria hidrelétrica, os postes, as residências, os transformadores... Veja a seguir um esquema da rede de energia elétrica: Fonte: AMCAL É possível compreender através da imagem que a rede de energia elétrica está toda interligada em cadeia e inicia sua dinâmica desde a geração da energia. Essa rede representa um elo entre os recursos naturais longínquos, o campo e também a cidade, são três espaços com interações diferenciadas que se relacionam através da mesma rede. Cita-se também a rede de telefonia fixa, a qual segue o mesmo sistema de redes integradas que têm a possibilidade de comunicação não só com o território municipal, mas também com diversos estados da federação e até com outros países. Portanto, é nesse espaço designado como cidade que existem diversas redes, onde existe comunicação e integração; um espaço em que a sociedade busca agregar os diversos fatores qualitativos e quantitativos a fim de construir e interagir num meio de possibilidades e oportunidades. No entanto, quando se fala em redes urbanas, não se pode esquecer a noção de hierarquia urbana, pois vale lembrar que em território nacional as cidades Fonte: Rede Inteligente passam a ser pontos fixos distribuídos pelas diversas regiões, onde alguns pontos possuem maior destaque e maior densidade. O território nacional visa agregar esses pontos, formando um conjunto unido em rede. O espaço geográfico abrange as redes formadas pelos complexos sistemas de fluxos de pessoas, bens, serviços, capitais e informações que caracterizam a sociedade contemporânea. Nas redes urbanas, as cidades desempenham a função de nós, ou vértices, desses sistemas de fluxos. (TERRA, 2010, p. 114) Dentro dessa rede hierárquica de cidades brasileiras, as grandes metrópoles possuem extensas regiões de influência, ou seja, diversos pontos fixos (nós/vértices) são importantes não só em sua unidade, mas sim por toda uma região. Assim, verifica-se que a totalidade do território é composta por uma rede que abrange as cidades brasileiras em conjunto e que existem pontos fixos (cidades) de maior influência. Isso irá determinar o grau de fluidez em certa região do território e também as intensidades dos fluxos. BUSCANDO CONHECIMENTO Conurbação - trata-se da formação de uma região metropolitana pela fusão de cidades vizinhas. Região Metropolitana - espaço onde se localiza uma ou mais metrópoles (principais cidades do país) e aglomerações, com políticas únicas entre elas. Megalópoles – união entre duas ou mais regiões metropolitanas, integradas por meios de transportes eficientes e com intensa conexão. Hierarquia - ordem de classificação do maior para o menor. Agregar - reunir, associar, acumular. UNIDADE 4 – GLOBALIZAÇÃO E A INTENSIFICAÇÃO DAS REDES CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: compreender o fenômeno da globalização como um fator de diminuição de distâncias. Atentar para as modificações econômicas e sociais após a globalização e relacioná-las aos conceitos da Geografia das Redes. ESTUDANDO E REFLETINDO Analisa-se a priori acontecimentos como o fim da Guerra Fria, o aumento da produção de consumo mundial, bem como a consolidação do Capitalismo e o avanço da ciência e tecnologia. Tudo isso contribuiu para o advento do fenômeno da globalização. Com a globalização, os países realizam maiores trocas comerciais e aumentam seu comércio internacional. A importação e a exportação aumentam em doses significativas e os produtos de consumo internacionais passam a ser de preocupação nacional. Porém, não só o comércio internacional teve ênfase, mas também os fluxos de pessoas (migrações), fluxos de informações e serviços. Com os intensos fluxose refluxos entre países, regiões e continentes, assistiu-se a uma globalização dos costumes, ou seja, as culturas dos países também passam a ser disseminadas mundo afora, levando o idioma, a culinária, a moda, para outros continentes onde as culturas inicialmente se chocaram e depois se harmonizaram. Ter acesso a mercadorias, pessoas e costumes estrangeiros é algo oriundo do processo de globalização. A fábrica global instala-se além de toda e qualquer fronteira, articulando capital, tecnologia, força de trabalho, divisão do trabalho social e outras forças produtivas. Acompanhada pela publicidade, a mídia impressa e eletrônica, a indústria cultural, misturadas em jornais, revistas, livros, programas de rádio, emissões de televisão, videoclipes, fax, redes de computadores e outros meios de comunicação, informação e fabulação, dissolve fronteiras, agiliza os mercados, generaliza o consumismo. Provoca a desterritorialização e reterritorialização das coisas, gentes e ideias. Promove o redimensionamento de espaços e tempos. (Ianni, 2002, p. 37) Pode-se dizer então que o fenômeno da globalização tenta unir o mundo em redes, onde existem fluxos intensos e onde o sistema socioeconômico, a tecnologia moderna e os transportes possibilitam a fluidez no espaço global. Os pontos fixos, neste caso, podem ser os países, as regiões, os continentes, ou mesmo as cidades. O impacto da tecnologia é tão amplo e intenso que afeta também o comportamento da sociedade. A possibilidade de obter e armazenar uma quantidade enorme de informações já faz parte do dia-a-dia das pessoas. Compras, estudos, pesquisas particulares, noticiários passam a ser instantâneos. Com a informação circulando velozmente pelo globo, podemos, por exemplo, acessar o preço de um produto em vários lugares, mesmo que distantes, e escolher o mais vantajoso. A maior parte da população mundial já interage por meio das redes material e imaterial, compondo a assim chamada Sociedade da informação. (TAMDJIAN, 2008, p. 76) As redes mundiais são comandadas pelas cidades globais, visto que essas possuem os maiores nós de conectividade entre os pontos fixos presentes na superfície terrestre. Desses pontos se originam os mais densos e intensos fluxos e de onde se esperam também numerosos refluxos. Observa-se que os países desenvolvidos têm uma capacidade de influência muito grande, pelo fato de que são eles que participam da maior parcela do mercado global, consomem mais e produzem mais. Portanto os países subdesenvolvidos recebem a constante intervenção em produzir para os países ricos produtos que a eles são convenientes (geralmente matérias-primas) e em contrapartida consumir os produtos dos países desenvolvidos. Determinadas bolsas de valores têm um peso maior na economia mundial. Geralmente são aquelas que movimentam as ações das maiores transnacionais, localizadas nas cidades mais importantes do mundo. Chamadas de cidades globais, esses grandes centros financeiros influenciam todo o sistema capitalista: concentram as sedes administrativas dos grandes trustes e as matrizes de poderosos bancos, além de manterem uma vida sociocultural repleta de novidades e lançamentos. Esses centros urbanos são os nós das redes e funcionam como polos que atraem e, ao mesmo tempo, irradiam informações, dinheiro, tendências da moda e cultura. (TAMDJIAN, 2008, p. 77) Com a instalação de empresas transnacionais, hoje é possível ter acesso a produtos que só seriam vendidos em outros países caso não houvesse se consolidado a dinâmica da globalização. Veja a figura a seguir: Fonte: Blog César educador De acordo com a figura, é possível compreender que os fluxos comerciais ocorrem de maneira desigual e com intensidades diferentes quando se analisam os principais fluxos comerciais de continente para continente. Tal desigualdade é atentamente observada: Um mercado avassalador dito global é apresentado como capaz de homogeneizar o planeta quando, na verdade, as diferenças locais são aprofundadas. Há uma busca de uniformidade, ao serviço dos atores hegemônicos, mas o mundo se torna menos unido, tornando mais distante o sonho de uma cidadania verdadeiramente universal. Enquanto isso, o culto ao consumo é estimulado. (SANTOS, 2008, p. 19) Também ocorrido de forma desigual, o turismo internacional cresce a cada ano e recebe enfoque especial por parte da prestação de serviços privados e interesse público. O turismo ganha força com a globalização e faz com que muitas pessoas se deparem com diferentes culturas e povos e consiga se acostumar com divergências, passando até mesmo a ser mais tolerantes e menos preconceituosas. Quem conhece diferentes costumes e estilos de vida é capaz de aceitar novas ideias e diferentes formas de pensar. Verifica-se assim que o turismo internacional é outra ferramenta não menos importante de se firmar às redes no cenário mundial. Não se pode esquecer que o mundo é interligado e os fatores que interagem no espaço agem de forma coletiva e, desse modo, o turismo depende dos meios de transportes e graças à eficiência do mesmo é possível viajar numa longa distância em apenas algumas horas; esse é o fenômeno conhecido como “encurtamento de distâncias”. Veja a figura a seguir: É possível observar como o planeta atualmente parece mais acessível e o território mais “palpável”, mas vale sempre lembrar que, sem a evolução das redes de transporte, isso jamais seria possível. Assim, uma rede desencadeia a outra e assim sucessivamente até que ambas possam se consolidar e obter maiores densidades e conectividades no espaço. BUSCANDO CONHECIMENTO Globalização - processo atual de aceleração mundial das trocas comerciais, financeiras e informacionais. Oriundo - originário, procedente, proveniente, natural. Trustes - resultado típico do Capitalismo que forma um oligopólio na qual leva a fusão e incorporação de empresas envolvidas de um mesmo setor de atividades a Fonte: Google Imagens abrirem mão de sua independência legal para constituir uma única organização, com o intuito de dominar determinada oferta de produtos e/ou serviços. UNIDADE 5 – REDES MODIFICANDO A PAISAGEM – I CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: relacionar os preceitos da Geografia das Redes com o conceito de paisagem. Verificar as mudanças nas paisagens por influências das redes. ESTUDANDO E REFLETINDO É importante saber que a paisagem tornou-se conceito de extrema importância na Geografia por suas implicações pertinentes em relação às transformações do espaço. A paisagem é um conjunto de formas que, num dado momento, exprimem as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre homem e natureza. (SANTOS, 2008, p. 103) As paisagens podem ser urbanas, rurais, naturais ou culturais, todas elas carregam junto de sua imagem uma herança histórica de como o espaço foi sendo transformado. Olhando para uma paisagem é possível perceber várias características da forma como ocorreram as interações no ambiente, bem como a intensidade dessas interações. A figura a seguir ilustra uma paisagem natural: Foto: Hélder Henrique J. Gasperoto Mares de Morros em Minas Gerais Nota-se pela foto que a paisagem ilustra um espaço onde não há ações antrópicas, ou seja, onde o ser humano não interage. É cada vez mais difícil encontrar paisagens naturais assim, pois a humanidade ocupa cada vez mais áreas antes inabitadas. Analise a próxima foto: Foto: Hélder Henrique J. Gasperoto - Minas Gerais Pela foto, é possível ver uma paisagem de zona rural e que possui traços de ações antrópicas. Portanto, é possível também observar que o espaço foi em parte humanizado, apresentando um território de vivência humana. Dessa forma, para criar condições de habitação no local nota-sea presença de alguns pontos fixos e também alguns fluxos; no entanto, a paisagem também demonstra pouca fluidez devido à falta de infraestrutura de redes. Verifica-se ainda na imagem sinais de transformação do espaço em que as ações humanas vão mudando a própria utilidade do local. Assim, a paisagem natural “vai se moldando”, em razão das novas funções e contornos que o espaço admite. Através do tempo, a mesma paisagem se transforma, originando espaços diferenciados que carregam raízes e experiências históricas. Segundo a nova proposta curricular do Estado de São Paulo: Uma paisagem nunca pode ser destruída, pois está sempre se modificando. As paisagens devem ser consideradas como forma de um processo em contínua construção, pois, representam a aparência dos elementos construídos socialmente, e, assim, representam a essência da própria sociedade que as constrói. (in Proposta curricular do estado de São Paulo – geografia, p. 45) Observe agora as figuras que seguem: Fonte: Portal Uol Fonte: Google imagens As duas paisagens mostradas são da cidade de São Paulo, uma cidade já conhecida pela intensa ocupação e pela densa população. Nota-se pelas imagens que a paisagem urbana foi intensamente modificada, tornando-se um espaço diferenciado da paisagem natural e, dessa forma, a paisagem passa a compor novos elementos e novas funções a fim de possibilitar à sociedade condições para a produção e reprodução de seu sistema. É possível observar uma paisagem que representa um espaço de elevada conectividade entre os pontos. A estrutura confere fluidez a este espaço e os fluxos são evidentes devido às ramificações das redes de transporte. BUSCANDO CONHECIMENTO Fiordes - antigos vales glaciais, profundos e estreitos, por onde o mar penetra em algumas regiões da Europa. Antrópicos - são ambientes onde predominam aspectos da ação do homem, como cidades, prédios em geral, estradas, represas, igrejas... Nesses espaços, além, ou antes, da ação do homem, temos a figura do próprio homem. Viadutos - construções que permitem dar passagem a ruas, avenidas, estradas, leitos de vias férreas sobre depressões ou vales. Unidade 6 – REDES MODIFICANDO A PAISAGEM – II CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: relacionar os preceitos da Geografia das Redes com o conceito de paisagem. Verificar as mudanças nas paisagens por influências das redes. ESTUDANDO E REFLETINDO De acordo com o que vimos no capítulo anterior, pode-se concluir então que a paisagem urbana é a que possui a maior frequência de ações antrópicas. A paisagem urbana pode ser entendida como paisagens naturais e culturais, levando em conta, as modificações dos elementos naturais, de acordo com aspectos culturais, econômicos e sociais, além das diferentes formas de analisar, visualizar e perceber a paisagem geográfica de cada região. (CONHECIMENTO PRATICO GEOGRAFIA: 2010, p. 53) A paisagem constitui, portanto, uma interpretação sistemática do espaço, a qual se torna um conceito de extrema importância para a geografia, explorando os estudos acerca das iterações homem-meio, através de análises e observações de diferentes territórios e, portanto, de diferentes ocupações. Ou seja, as paisagens que foram ilustradas anteriormente traduzem três tipos diferenciados de espaços pela ausência ou presença de ações antrópicas bem como suas intensidades. Cada espaço possui sua particularidade, no entanto, a paisagem urbana além de carregar um histórico do espaço, traz junto de si também o histórico da própria sociedade que ali ocupava. A cidade é uma espécie de museu vivo da história do trabalho e das técnicas desenvolvidas pela sociedade. Pode-se dizer, então, que as paisagens são como as fotografias que refletem as combinações entre processos naturais e sociais em um espaço geográfico, no decorrer do tempo histórico. Se soubermos observar e interpretar a paisagem, isso permitirá que tenhamos uma concepção de como o lugar que ocupamos no espaço geográfico é o resultado das condições sociais em que vivemos. (CONHECIMENTO PRÁTICO GEOGRAFIA: 2010, p. 58) Constata-se que, pelo fato de a sociedade necessitar de comunicação, acessibilidade, ocupação e desenvolver o sistema econômico, há, consequentemente, necessidade de se conectar o espaço em rede, possibilitando a permanência e a adaptação ao local. Assim, as redes criam e recriam condições de apropriação do espaço e elas são responsáveis por mudanças na paisagem. Pelas imagens já analisadas, é possível perceber a presença das redes bem como suas influências constatadas pela própria paisagem. Nas paisagens urbanas, por exemplo, as redes se tornam um fator primordial para uma das necessidades básicas de uma cidade, a integração do território. As redes também modificam a paisagem no sentido de acompanhar as interações da sociedade com o ambiente e ir se modificando juntamente do espaço, sendo que o desenvolvimento das redes provoca no espaço ainda mais alterações; forma-se então um ciclo de novas necessidades espaciais, desenvolvimento das redes e novos contornos espaciais. Abaixo segue um exemplo do sistema citado acima para melhor compreensão e interpretação. Lembre-se de que é apenas um exemplo, pois o sistema funciona para várias situações. Analise as duas figuras em conjunto e observe que o exemplo abaixo se encaixa facilmente no esquema acima. BUSCANDO CONHECIMENTO Esquema de formação de uma região metropolitana através da conurbação de municípios limítrofes. UNIDADE 7 – VERTICALIDADES E HORIZONTALIDADES CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: interpretar conceitos atuais relacionando-os às temáticas espaciais e territoriais. ESTUDANDO E REFLETINDO Sabe-se que o espaço tende a ser heterogêneo, isto é, possui diferenciações de diversos tipos entre os lugares. Assim, a ciência geográfica tenta compreender o espaço como complexo e mutável e, por essa ótica, busca-se subdividir o espaço heterogêneo em partes homogêneas. Sobre isso, encarrega-se a geografia regional. O conceito de região irá unir as partes do território que possuem características em comum, formando assim regiões (partes) homogêneas. Dessa forma, sabe-se através da geografia regional que o espaço não é algo que precise se fragmentar, mas, pelo contrário, ele pode se unir, satisfazendo as necessidades da sociedade pois essa é a definição de território. Em espaços onde há “uma colcha de retalhos” e o espaço é muito fragmentado, analisa-se que existe um rol também muito grande de interações divergentes no meio. Não só o conceito de região irá explicar as divisões espaciais, como também as redes podem servir de base para estudos que visem analisar a complexidade do espaço e, dessa forma, verifica-se a possibilidade de se diferenciar ou separar em partes o território para análise, através da intensidade ou conectividade das redes. Assim, um território pode ser observado em várias partes dependendo da intensidade das redes que o mesmo possui. Isso é fácil de analisar quando se imagina um espaço que possui uma quantidade maior de pontos fixos, maior conectividade de fluxos e expõe de maior fluidez que outro território que, com outros divide o mesmo espaço. As segmentações do espaço podem admitir várias segmentações, tudo depende de qual aspecto se observa. Constata-se que o espaço admite pelo menos duas noções de segmentações: De um lado, há extensões formadas de pontos que se agregam sem descontinuidade, como na definição tradicional de região. São as horizontalidades. De outro lado, há pontos no espaço que, separados uns dos outros, asseguram o funcionamento global da sociedade e da economia. São as verticalidades. Espaço se compõe de uns e de outros desses recortes, inseparavelmente. É a partirdessas novas subdivisões que devemos pensar novas categorias analíticas. (SANTOS, 2008, p. 284) Essas duas concepções espaciais, a verticalidade e a horizontalidade, se apegam em explicar as questões do espaço, partilhando o território com suas características homogêneas. O conceito de verticalidade apresenta relações de interdependências no espaço, as quais tendem a hierarquizar os comandos e a subordinação entre os lugares. Existe uma evidente integração com dependência das forças dominantes. As verticalidades agregam o local e o global, além de levar em conta, sobretudo, as ordens técnicas, financeiras, políticas e condições de funcionamento do sistema. Nas verticalidades, as informações trabalham a serviço das forças econômicas hegemônicas. Verticalmente, define-se um conjunto de pontos que formam um espaço de fluxos. Há macroatores, cujas implicações são complexas e a eles cabe organizar o trabalho dos outros, criando dependências de sua regulação. A tendência atual é no sentido de uma união vertical dos lugares. Créditos internacionais são postos à disposição dos países e das regiões mais pobres, para permitir que as redes se estabeleçam a serviço do grande capital. Nessa união vertical, os vetores de modernização são entrópicos. Eles trazem desordem aos subespaços em que se instalam e a ordem que criam é em seu próprio benefício. E a união vertical - seria melhor falar de unificação - está sempre sendo posta em jogo e não sobrevive senão à custa de normas rígidas. (SANTOS, 2008, p. 287) As horizontalidades espaciais referem-se às condições que são capazes de agregar os valores de vários pontos ou espaços contíguos. Zonas adjuntas e unidas, que formam extensões adjacentes, ajudam a explicar o conceito de horizontalidade no espaço. A busca por um bem comum que satisfaça os bens produtivos e de consumo criam e recriam um espaço solidário que atenda ao bem-social. Além da verticalidade, o espaço também pode tender à horizontalidade: Mas os lugares também se podem refortalecer horizontalmente, reconstruindo, a partir das ações localmente constituídas, uma base de vida que amplie a coesão da sociedade civil, a serviço do interesse coletivo. Com a especialização funcional dos subespaços, há tendência à geração de um cotidiano homólogo graças à interdependência que se estabelece horizontalmente. (SANTOS, 2008, p. 288) Em oposição ao espaço econômico, surge o que se pode denominar “espaço banal”, este sendo capaz de agregar um espaço que oportunize a todos: empresas, instituições, pessoas - enfim, um espaço de vivências e de integração solidária, onde as solidariedades internas podem ser de natureza econômica, social, cultural ou geográfica. Esse espaço banal, essa extensão continuada, em que os atores são considerados na sua contiguidade, são espaços que sustentam e explicam um conjunto de produções localizadas, interdependentes, dentro de uma área cujas características constituem, também, um fator de produção. Todos os agentes são, de uma forma ou de outra, implicados, e os respectivos tempos, mais rápidos ou mais vagarosos, são imbricados. Em tais circunstâncias pode-se dizer que a partir do espaço geográfico cria- se uma solidariedade orgânica, o conjunto sendo formado pela existência comum dos agentes exercendo-se sobre um território comum. (SANTOS, 2008, p. 109) A permanência das horizontalidades no espaço de fluxos é assegurada pelo fato de que, apesar dos interesses divergentes das instituições, estas exerçam um papel importante na solidariedade do interesse em comum. As próprias mudanças do território acabam sendo adaptadas e readaptadas pelas condições horizontais que se estabelecem no espaço. No território são favorecidas situações em prol de uma vida reflexiva e, assim, sociedade e espaço estão sempre em busca de um sentido e, dessa forma, o espaço não pode ser analisado somente como o lugar das ações pragmáticas, mas sim como o lugar de suporte à vida, o local das razões, dos tempos e das emoções. O território se transforma no abrigo dos grupos sociais. Ao contrário das verticalidades, regidas por um relógio único, implacável, nas horizontalidades assim particularizadas funcionam, ao mesmo tempo, vários relógios, realizando-se, paralelamente, diversas temporalidades. (SANTOS, 2008, p. 111). BUSCANDO CONHECIMENTO Segmentações - fracionamento, fragmentação. Dividido em partes, segmentado. Pragmáticas - regras sociais, formalidades, objetividade. Sociedade desvinculada da humanização e bem-estar social. Consequências práticas do conhecimento. UNIDADE 8 – INTERNET – A REDE VIRTUAL CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: observar o advento da internet como fenômeno que modificou relações sociais e relações homem-meio. Analisar as implicações trazidas pelas redes virtuais em âmbito global. Verificar as mudanças do comportamento da sociedade como um todo, após o uso das redes virtuais. ESTUDANDO E REFLETINDO Calcula-se que aproximadamente um bilhão de pessoas acessam diariamente a internet por motivos diversificados. A busca por informações é evidente num mundo globalizado, onde em poucos minutos todas as partes do planeta são capazes de acessar uma informação que acaba de ser veiculada por um órgão específico. A internet forma uma rede de informações complexa em que alguns pontos possuem maiores densidades e conectividade que outros e o diferencial é a velocidade. A internet se destaca entre as redes de informações pelo fato de que a mesma é capaz de proporcionar as informações em diversas formas e tipos. Muitas vezes a natureza de uma única informação pode estar vinculada a vários tipos e, assim, as informações circulam de várias maneiras, aumentando sua eficiência de comunicação. As redes virtuais de internet são analisadas como redes imateriais, ou seja, não são palpáveis, elas formam redes invisíveis de comunicação e, no entanto, possuem pontos fixos e fluxos, além de necessitar de um espaço de fluidez. O espaço geográfico passa então por uma profunda transformação, visto que por volta do ano de 1500 a velocidade de informações era de aproximadamente 16 km/h com os barcos a vela e atualmente a transmissão de dados é quase que instantânea, fazendo com que as interações da sociedade com o território se adapte às novas velocidades de informações. A sociedade evoluiu para o que o geógrafo Milton Santos chama de meio técnico-científico-informacional: Neste período, os objetos técnicos tendem a ser ao mesmo tempo técnicos e informacionais, já que, graças à extrema intencionalidade de sua produção e de sua localização, eles já surgem como informação; e, na verdade, a energia principal de seu funcionamento é também a informação. Já hoje, quando nos referimos às manifestações geográficas decorrentes dos novos progressos, não é mais de meio técnico que se trata. Estamos diante da produção de algo novo, a que estamos chamando de meio técnico-científico-informacional. (SANTOS, 2008, p. 238) Vale lembrar também que as redes sociais modificaram muito as formas de comunicação e, consequentemente, o comportamento da sociedade. Tal sociedade se comporta de maneira diferente em espaços também diferentes, os quais divergem entre si pelas intensidades e conectividades desiguais, repartindo espaços mais ou menos densos. Fonte: Google imagens BUSCANDO CONHECIMENTO Redes sociais - são redes que se formam no mundo virtual da internet e que se consolidam na atual era da informação e da tecnologia, auxiliando a disponibilidade de informações e tornando os vários tipos de comunicação eficientes. Av. Ernani Lacerda de Oliveira, 100 Parque Santa Cândida CEP: 13603-112 - Araras / SP (19) 3321-8000 ead@unar.edu.br www.unar.edu.br 0800-722-8030 POLO EAD MATRIZ http://www.unar.edu.brhttp://www.unar.edu.br http://www.unar.edu.br http://www.unar.edu.br Página 1 Página 2
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