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Secretaria da Educação do Estado da Bahia SEE-BA Professor Padrão P - Grau IA - Geografia Edital de Abertura de Inscrições – SAEB/02/2017, de 09 de Novembro de 2017 NB034-2017 DADOS DA OBRA Título da obra: Secretaria da Educação do Estado da Bahia - SEE-BA Cargo: Professor Padrão P - Grau IA - Geografia (Baseado no Edital de Abertura de Inscrições – SAEB/02/2017, de 09 de Novembro de 2017) • Conhecimentos Específicos Produção Editorial/Revisão Elaine Cristina Igor de Oliveira Camila Lopes Suelen Domenica Pereira Capa Joel Ferreira dos Santos Editoração Eletrônica Marlene Moreno APRESENTAÇÃO CURSO ONLINE PARABÉNS! ESTE É O PASSAPORTE PARA SUA APROVAÇÃO. A Nova Concursos tem um único propósito: mudar a vida das pessoas. Vamos ajudar você a alcançar o tão desejado cargo público. Nossos livros são elaborados por professores que atuam na área de Concursos Públicos. Assim a matéria é organizada de forma que otimize o tempo do candidato. 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Ex: FV054-17 PASSO 3 Pronto! Você já pode acessar os conteúdos online. SUMÁRIO Conhecimentos Específicos Leitura e representação do espaço geográfico: formas de representação, leitura e interpretação de documentos cartográficos, coordenadas geográficas e UTM, fusos horários. .......................................................................................................... 01 A paisagem natural e suas interações ambientais: composição, estrutura e dinâmica da atmosfera, litosfera, hidrosfera e biosfera. ...................................................................................................................................................................................................................13 Conceitos de Geossistema e desenvolvimento sustentável: paradigma do planejamento territorial e do desenvolvimento regional. .......................................................................................................................................................................................................................15 Problemas ambientais: ocupação, exploração, poluição, consumo e formas de produção da riqueza. ............................... 18 Conceitos demográficos, econômicos e geopolíticos: composição, estrutura e dinâmica da população, .......................... 19 Os sistemas econômicos, ......................................................................................................................................................................................22 A industrialização e circulação de mercadorias, .......................................................................................................................................... 24 A globalização dos espaços, ................................................................................................................................................................................27 Relações socioeconômicas, ..................................................................................................................................................................................28 Recursos naturais e fontes de energia. ................................................................................................................................................................ Espaço Geográfico Brasileiro e Baiano: localização e situação, atividades produtivas (agropecuária, agroindústria, agro- produção de pequena e de larga escala), ...................................................................................................................................................... 31 Espaços industriais, .................................................................................................................................................................................................39 Relações de trabalho no campo e na cidade. ............................................................................................................................................... 40 Composição, estrutura e dinâmica dos elementos da paisagem brasileira e baiana: geologia, relevo, solos, clima, vegetação e hidrografia. .......................................................................................................................................................................................41 Domínios morfoclimáticos. ..................................................................................................................................................................................42 Geografia da população: a população e as formas de ocupação do espaço; ................................................................................. 42 Crescimento e estrutura, os contrastes regionais do Brasil; ................................................................................................................... 43 Urbanização e metropolização: dilemas da inclusão/exclusão e ganhos sociais. .......................................................................... 44 Produção e gestão do espaço geográfico: políticas públicas de planejamento e de gestão dos espaços de produção. .........55 Biogeografia, biomas e o semi-árido baiano: espaço, instituições, políticas regionais e economia, ..................................... 62 Relações econômicas, política ambiental, o mundo rural e identidade regional; .......................................................................... 66 O semi-árido baiano no Plano Estadual de Educação 2016-2026. ...................................................................................................... 71 O espaço rural e urbano na Bahia: delimitação, diversidade, composição, formas de ocupação e aproveitamento, evolução e modernização; relações campo-cidade e cidade campo. ................................................................................................. 77 Recôncavo Baiano e instauração da produção econômica da cana-de-açúcar no século XVI: legados, dilemas e memória social. ............................................................................................................................................................................................................................78 O ensino de geografia e de cartografia no ensino básico ......................................................................................................................82 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Professor Padrão P - Grau IA - Geografia Leitura e representação do espaço geográfico: formas de representação, leitura e interpretação de documentos cartográficos, coordenadas geográficas e UTM, fusos horários. ..........................................................................................................01 A paisagem natural e suas interações ambientais: composição, estrutura e dinâmica da atmosfera, litosfera, hidrosfera e biosfera. ...................................................................................................................................................................................................................13Conceitos de Geossistema e desenvolvimento sustentável: paradigma do planejamento territorial e do desenvolvimento regional. .......................................................................................................................................................................................................................15 Problemas ambientais: ocupação, exploração, poluição, consumo e formas de produção da riqueza. ............................... 18 Conceitos demográficos, econômicos e geopolíticos: composição, estrutura e dinâmica da população, .......................... 19 Os sistemas econômicos, ......................................................................................................................................................................................22 A industrialização e circulação de mercadorias, ..........................................................................................................................................24 A globalização dos espaços, ................................................................................................................................................................................27 Relações socioeconômicas, ..................................................................................................................................................................................28 Recursos naturais e fontes de energia. ................................................................................................................................................................ Espaço Geográfico Brasileiro e Baiano: localização e situação, atividades produtivas (agropecuária, agroindústria, agro- produção de pequena e de larga escala), ......................................................................................................................................................31 Espaços industriais, .................................................................................................................................................................................................39 Relações de trabalho no campo e na cidade. ...............................................................................................................................................40 Composição, estrutura e dinâmica dos elementos da paisagem brasileira e baiana: geologia, relevo, solos, clima, vegetação e hidrografia. .......................................................................................................................................................................................41 Domínios morfoclimáticos. ..................................................................................................................................................................................42 Geografia da população: a população e as formas de ocupação do espaço; .................................................................................42 Crescimento e estrutura, os contrastes regionais do Brasil; ...................................................................................................................43 Urbanização e metropolização: dilemas da inclusão/exclusão e ganhos sociais. ..........................................................................44 Produção e gestão do espaço geográfico: políticas públicas de planejamento e de gestão dos espaços de produção. .........55 Biogeografia, biomas e o semi-árido baiano: espaço, instituições, políticas regionais e economia, ..................................... 62 Relações econômicas, política ambiental, o mundo rural e identidade regional; ..........................................................................66 O semi-árido baiano no Plano Estadual de Educação 2016-2026. ......................................................................................................71 O espaço rural e urbano na Bahia: delimitação, diversidade, composição, formas de ocupação e aproveitamento, evolução e modernização; relações campo-cidade e cidade campo. .................................................................................................77 Recôncavo Baiano e instauração da produção econômica da cana-de-açúcar no século XVI: legados, dilemas e memória social. ............................................................................................................................................................................................................................78 O ensino de geografia e de cartografia no ensino básico ......................................................................................................................82 1 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Professor Padrão P - Grau IA - Geografia LEITURA E REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO: FORMAS DE REPRESENTAÇÃO, LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE DOCUMENTOS CARTOGRÁFICOS COORDENADAS GEOGRÁFICAS E UTM, FUSOS HORÁRIOS. Na atualidade, não apenas o geógrafo utiliza e elabora mapas para o uso em suas atividades, mas também diver- sos outros profissionais vêm se capacitando nas ferramen- tas “geotecnológicas”, e, para viabilizar o manuseio dessas ferramentas (softwares de geoprocessamento, processa- mento e manuseio de imagens de sensores remotos etc.), esses profissionais optaram pela democratização da infor- mação, disponibilizando-a com alta qualidade, em variados idiomas em blog’s, sites, livros e revistas. Assim, surgiu uma gama de materiais em formato digital e analógico que vêm subsidiando a aprendizagem de cada vez mais usuários da cartografia. Contudo, é importante que o usuário entenda que o entendimento da cartografia e o manuseio dessas geo- tecnologias é fruto direto de trabalhos de campo e de re- flexões teóricas/conceituais, que transitam pela produção acadêmica sobre os mais diversos assuntos trabalhados na concepção do espaço geográfico, realizada desde há mui- tos anos atrás, e que culminou no que se tem hoje em meio digital, sendo a principal representação expressa por meio de mapas. Assim, devemos considerar o mapa como um meio de comunicação, contendo objetos definidos por pontos, linhas e polígonos, permeados por uma linguagem com- posta de sinais, símbolos e significados. Sendo a sua estru- tura formada por uma base cartográfica, relacionada dire- tamente a objetos e fenômenos observados ou percebidos no espaço geográfico. Essa base cartográfica é composta pelos chamados ele- mentos gerais do mapa, que são pelo menos cinco com- ponentes que contribuem para a leitura e interpretação do produto cartográfico. São eles: o título, a orientação, a projeção, a escala e a legenda, sendo que a ausência e erros em mapas, na maioria das vezes, ocorre quando um desses elementos é apresentado de forma incompleta ou distorcida, não seguindo as normas da ciência cartográfi- ca, o que pode contribuir para a apreensão incorreta das representações do espaço geográfico pelos leitores. Então, vamos aqui procurar entender cada um deles de forma re- sumida: 1. O Título O título no mapa deve ser visto como ocorre em uma apresentação de um texto escrito, ou seja, é a primeira apresentação do conteúdo do que se quer mostrar; é o menor resumo do que trata um documento, neste caso, a representação cartográfica. Quando se está diante de um “mapa temático”, por exemplo, o título deve identificar o fenômeno ou fenômenos representados por ele (Figura 1). Nesse sentido, o título deve conter as informações mínimas que respondam as seguintes perguntas a respeito da pro- dução: “o quê?”, “onde?” e “quando?”. Um título deve responder a pergunta “o quê?” E ser fiel ao que se desenvolve no produto cartográfico. Pode ser escrito na parte superior da carta, do mapa ou de outro produto da cartografia, isto é, deve ter um destaque para que o leitor identifique automaticamente do que se trata esse produto cartográfico. 2. A Orientação A orientação é sem dúvida um elemento fundamen- tal, pois sem ela ficamuito difícil de responder a pergun- ta “onde?”, considerando que a carta, o mapa, a “planta” ou outro tipo de representação espacial, sob os preceitos da Cartografia, é uma parcela de um sistema maior, o pla- neta Terra (se for esse o planeta trabalhado). E, em sen- do assim, é preciso estabelecer alguma referência para se saber onde se está localizado, na imensidão da superfície deste planeta. A orientação deve ser utilizada, de preferencia, de for- ma simultânea à apresentação das às coordenadas geo- gráficas (meridianos e paralelos cruzados na forma de um sistema chamado de rede geográfica), no mapa, as quais também servem para se marcar a posição de um determi- nado objeto ou fenômeno na superfície da Terra, de modo que a direção norte aponte sempre para a parte de cima da representação (seguindo o sentido dos meridianos). E caso a representação não contenha coordenadas geográficas é importante dotá-la de um norte, ou de uma convenção que dê a direção norte da representação, geralmente na forma de seta ou da conhecida “rosa dos ventos” (presente na figura 1). 2 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Professor Padrão P - Grau IA - Geografia 3. A Projeção A ideia de projetar algo em outro meio, no caso, a forma da Terra, deu origem a técnica que definiu os tipos de pro- jeções cartográficas. Para isto foi preciso conhecer as dimensões do planeta, pois os modelos propostos para representar a Terra precisaram ajustar as suas próprias dimensões a superfície deste planeta. Inicialmente os gregos, por intuição ou por desejo entenderam que a Terra era redonda. Embora outras ideias tenham surgido e medidas demonstrem que este planeta não é tão bem acabado, como consideravam os gregos da antiguidade, a esfera ou globo ainda é o seu modelo mais conhecido. Entendido como a Terra pode ser vista, é importante lembrar que para representá-la ou para escolher o seu modelo de representação é necessário conhecer os atributos de uma projeção, tendo em vista que esses atributos são em função do uso que se quer do mapa: dimensão, forma e posição geográfica da área ou do objeto a ser mapeado. Principalmente porque as projeções são a maneira pela qual a superfície da Terra é representada em superfícies bidimensionais, como em uma folha de papel ou na tela de um monitor de computador. Como na hora de representar o planeta Terra (como uma esfera, tridimensional – com um volume) se utiliza quase sempre um meio bidimensional (um plano – com largura e altura), deve-se minimizar as distorções em área, distância e di- reção dos traços que irão compor o modelo terrestre ou parte dele (carta, mapa, planta e outras). Ou seja, se faz necessário compreender como a superfície esférica do planeta Terra – o globo, pode se tornar uma superfície plana – o mapa. Os modos de conversão do modelo esférico para a forma plana são os mais diversos, cada qual gerando certas distor- ções e evitando outras. O que significa que precisamos colocar a esfera terrestre numa folha de papel, portanto, adaptá-la à forma plana, mas para que isso ocorra é preciso pressionar o globo terrestre para que ele se torne plano, porém, tal pressão faz com que o globo se “parta” em vários lugares. gerando uma série de deformações que precisaram ser compensadas com cálculos matemáticos que procuram resolver os “vazios” criados com a abertura do globo (Figura 2). 3 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Professor Padrão P - Grau IA - Geografia A Cartografia buscou solucionar este problema com base no estudo das projeções cartográficas, e nessa busca concluiu que nenhum tipo de projeção pode evitar as deformações em parte ou na totalidade da representação, por isso mesmo, um mapa nunca será perfeito. Assim, a Cartografia se propôs a considerar três tipos de projeção: a azimutal ou plana, a cilíndri- ca e a cônica (figura 3). E para isto teve que desenvolver processos geométricos ou analíticos para representar a superfície do planeta Terra em um plano horizontal. 4 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Professor Padrão P - Grau IA - Geografia A definição dessas projeções solicitou ajustes quanto ao modelo da projeção a ser adotada: no Modelo Cilíndrico, as projeções são do tipo: a) normais, b) transversas e c) oblíquas; no Modelo Cônico ou Policônico, as projeções são do tipo: a) normais e b)transversas; e, no Modelo Plano, as projeções são do tipo: a) polares, b) equatoriais e c) oblíquas. Quanto aos atributos as projeções conservam três propriedades importantes: a equidistância, quando a distância sobre um meridiano (ou paralelo) medido no mapa é igual à distância medida no terreno; a equivalência, quando a área represen- tada no mapa é igual à área correspondente no terreno; a conformidade, quando a forma de uma representação do mapa é igual à forma existente. As projeções azimutais permitem a direção azimutal no mapa igual à direção azimutal no terreno. Essas características das projeções cartográficas garantem a elaboração de mapas para todos os tipos de uso e apli- cação, porém, nenhum mapa pode conter todas as propriedades: a equidistância, a equivalência e a conformidade ao mesmo tempo. Caso a representação cartográfica não estiver submetida a nenhuma dessas propriedades, é chamada de projeção afilática. 4. A Escala Na elaboração de um produto cartográfico observamos dois problemas importantes: 1º) a necessidade de reduzir as proporções dos acidentes existentes, a fim de tornar possível a sua representação num espaço limitado - esta ideia é a escala, concebida a partir da proporção requisitada pela representação dos fenômenos e; 2º) determinados acidentes, dependendo da escala, não permitem uma redução acentuada, pois se tornariam imperceptíveis, mas como são importan- tes devem ser representados nos documentos cartográficos. Por isto, no caso de mudança de escala de trabalho, poderá acontecer uma modificação na forma de representar o objeto, ou seja, a cada momento em que a escala for aumentando, acontecerá a aproximação do objeto, aumentando o seu tamanho, acontecendo ao contrário, na diminuição da escala, o distanciamento do objeto, o que, consequentemente, modificará sua representação (Figura 4). E para identificar essa relação a escala pode ser definida como escala numérica, na forma de fração, cujo denominador lhe determina, ou como escala gráfica, definida por um seguimento de reta fracionado e usado de acordo com a unidade de medida admitida para a representação (metro, quilômetro ou outras). 5 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Professor Padrão P - Grau IA - Geografia Com isto se pode entender a escala como uma relação entre grandezas e é neste caso que a relação entre as medidas dos objetos ou áreas da região representada no espaço cartografado (numa folha de papel ou na tela de um monitor, por exemplo) e suas medidas reais define a maior ou menor resolução espacial do objeto (visibilidade). 5. A Legenda e as Convenções As representações espaciais sempre estiveram presentes, pois antes mesmo da escrita e da fala os símbolos e desenhos representavam o meio vivido. Com eles o homem delimitava e ocupava os territórios. Mas foi somente a partir do século passado que os mapas passaram a ter o padrão normativo atual, estabelecido por leis e convenções transformadas em normas aceitas pelos estudiosos e por todos os que usam produtos da Cartografia. Assim, estabeleceu-se uma linguagem artificial, padronizada, associativa e universal com o objetivo de promover uma melhor compreensão para quem produz e para quem lê os mapas, alcançando leitores com menor e maior nível de conhe- cimento. Os mapas passaram então a fazer parte do dia-a-dia do homem em sociedade, figurando em livros, revistas, jor- nais, televisão, internet, e muitos outros meios de comunicação humana. De modo que, as técnicas cartográficas modernas permitiram que as representações ganhassem mais e melhor sentido. Assim, para a melhor simbolização dos objetos e fenômenos que são transportados e contidos em um mapa, e demais representações cartográficas, foinecessário se aprimorar as chamadas legendas, ou seja, a parte de uma carta ou mapa que contém o significado dos fenômenos representados nela, geralmente traduzidos por símbolos, cores e traços desenhados cuidadosamente para que o leitor de mapas entenda do que trata a representação cartográfica. A legenda de um mapa está situada, geralmente, dentro da moldura do mesmo, com todos os símbolos, cores e outros artifícios capazes de explicar de modo resumido a ocorrência de um determinado objeto ou fenômeno, de acordo com sua distribuição no espaço geográfico. az-se necessário atentar para uma componente muito confundida com legenda, embora faça parte de outra categoria de informação – as convenções, que não possuem a função de explicar o fenômeno temático, mas a de definir o significado de linhas, símbolos e outras representações, geralmente, referentes aos componentes gerais do mapa. Assim podemos ter mapas que mostram fenômenos qualitativos e quantitativos (figura 7) e/ou quantitativos (Figura 8), dispostos sobre uma base de referência, geralmente extraída dos mapas e cartas topográficas. Desse modo, os mapas e cartas geológicas, geomorfológicas, de uso da terra e outras, constituem exemplos de representação temática em que a linguagem cartográfica privilegia a forma e a cor dos símbolos como expressão qualitativa que surge na forma de legendas. 6 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Professor Padrão P - Grau IA - Geografia Desse modo, podemos entender que a descrição qualitativa é aquela que mostra os atributos (qualidades), a cada uma das circunstâncias ou características dos fenômenos (como os aspectos nominais do fenômeno), as quais podem ser clas- sificadas segundo um determinado padrão. Os mapas de densidade de população, de precipitação pluviométrica, de produção agrícola, de fluxos de mercadorias, constituem exemplos de que pontos, dimensões dos símbolos, linhas iguais (isarítmicas), áreas iguais (corópletas), figuras (diagramas) e outros recursos gráficos podem ser utilizados para representar as formas de expressão qualitativa, assim como a descrição quantitativa (Figura 8), que pode mensurar o fenômeno através de uma unidade de medida ou através de um percentual (aspecto ordinal do fenômeno) quantitativo. 7 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Professor Padrão P - Grau IA - Geografia Assim, para finalizar essa contribuição, devemos reconhecer que os conceitos e categorias da Cartografia não podem ser desprezados durante o uso ou a elaboração de um produto cartográfico. O uso das ferramentas mais atuais, pelos profissionais que utilizam a Cartografia, deve se dar sob o entendimento do meio que os circunda e dos elementos que compõem a ciência cartográfica. A interpretação do espaço geográfico e dos fenômenos e objetos inerentes a ele depende sobretudo dessa linguagem empregada pela Cartografia, básica para a leitura dos seus produtos (mapas, plantas, croquis e outros), tendo em vista que eles são usados por um número cada vez maior de pessoas de todas as profissões e interesses, principalmente estudantes de todas partes do mundo e áreas do conhecimento. A localização absoluta indica com precisão a posição de qualquer lugar na superfície terrestre, utilizando para tal efeito três coordenadas geográficas: a latitude, a longitude e a altitude. Para se utilizar e perceber estas coordenadas é neces- sário conhecer alguns elementos de referência da Terra. Elementos de referência da Terra Eixo da Terra – linha reta imaginária que atravessa o centro da Terra unindo os polos, em torno da qual a Terra executa o seu movimento de rotação. Círculos Máximos - Círculos que dividem a Terra em duas partes iguais. Alguns destes círculos máximos são muito importantes (equador e os Meridianos). Hemisfério – é a metade da Terra que se obtem quando esta é dividida por um círculo máximo. Equador – círculo máximo perpendicular ao eixo da terra e divide a terra em dois hemisférios: o norte e o sul. 8 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Professor Padrão P - Grau IA - Geografia Meridianos – círculos máximos paralelos ao eixo ter- restre (direção norte-sul) que passam sempre pelos polos, dividindo a terra em partes iguais - consideram-se normal- mente os hemisférios ocidental e oriental. A metade de um meridiano é um semi-meridiano. O meridiano de referência é o de Greenwich, que divide a terra em hemisfério oci- dental e oriental. O seu nome deve-se ao observatório de Greenwich, em Londres. Paralelos - são círculos menores paralelos ao círculo máximo do Equador. A - Meridiano B - Equador C – Paralelo D - Polo Norte E - Polo Sul F - Eixo da Terra AS COORDENADAS GEOGRÁFICAS LATITUDE • É a distância angular (medida em graus), a partir do Equador até ao paralelo do lugar que queremos saber. • Varia para Norte e para Sul do Equador. • Varia entre 0º (Equador) e 90º Norte (polo norte) e 90º Sul (polo sul). LONGITUDE • É a distância angular (medida em graus), a partir do semi-meridiano de Greenwich até ao semi-meridiano do lugar que queremos saber. • Varia para Oeste e para Este do semi-meridiano de Greenwich. • Varia entre 0º (semi-meridiano de Greenwich) e os 180º (o semi-meridiano oposto ao de Greenwich). 9 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Professor Padrão P - Grau IA - Geografia ALTITUDE • Mede-se na vertical em metros a partir do nível médio das águas do mar (0 metros). • Pode se positiva (acima do nível médio das águas do mar), negativa (abaixo do nível médio das águas do mar) ou nula (ao mesmo nível médio das águas do mar). • Quando um lugar tem altitude negativa e está submerso, a sua altitude designa-se por Profundidade. Fonte: http://novamente_geografando.blogs.sapo. pt/a-localizacao-absoluta-297457 Projeções Cartográficas Uma das tarefas mais árduas da Cartografia é projetar a superfície da Terra, que é arredondada, nos mapas, que são planos. Por conta disso, acabam sendo utilizadas diferen- tes técnicas de projeções, cada uma proporcionando dis- torções diferentes. Nota-se as projeções também possuem uma função ideológica, pois algumas áreas são valoriza- das em detrimento de outras, conforme a técnica adotada. Nota-se que os sistemas de projeções constituem-se de uma fórmula matemática que transforma as coordenadas geográficas, a partir de uma superfície esférica (elipsoidal), em coordenadas planas, mantendo correspondência entre elas. O uso deste artifício geométrico das projeções conse- gue reduzir as deformações, mas nunca eliminá-las. Vejam as principais projeções a seguir: Projeção de Mercator Os meridianos e paralelos retas que se cortam em ân- gulos retos. É uma projeção cilíndrica conforme, que aca- ba exagerando as regiões polares e o hemisfério Norte em geral. Projeção de Peters Arno Peters, em 1973, propôs uma Projeção também cilíndrica, mas equivalente, que determina uma distribuição dos paralelos com intervalos decrescentes desde o Equa- dor até os polos. Ela compromete a forma dos continen- tes, mas permite proporções mais adequadas em relação a Mercator. Projeção de Mollweide No caso de Mollweide, os paralelos são linhas retas e os meridianos, linhas curvas. Sua área é proporcional à da esfera terrestre, tendo a forma elíptica. As zonas centrais apresentam grande exatidão, tanto em área como em con- figuração, no entanto, as extremidades apresentam gran- des distorções. Observe a mesma a seguir: 10 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Professor Padrão P - Grau IA - Geografia Projeção de Goode É uma projeção descontínua, e usa essa descontinuida- de para eliminar várias áreas oceânicas, e, com isso, reduzir as distorções. Também existem projeções cônicas, nas quais os me- ridianos convergem para os pólos e os paralelos são arcos concêntricos situados a igual distância uns dos outros. Elas apresentam pouca distorção para as chamadas latitudes médias. Também existem as projeções azimutais que con- siste na tomada de um determinado ponto e a delimitação de áreas tangentes a partir deste (muito usada paramapear as áreas polares, por exemplo. Destaca-se que, no caso da Terra, a maneira mais ade- quada (mas nem sempre possível) de representá-la é a partir do Globo, pois este, a partir de uma escala, procura fazer uma representação próxima ao formato original da área mapeada. A Leitura dos Mapas Um dos primeiros a ser observado em um mapa é o seu título. Seguramente ele trará duas informações importan- tes, de imediato: o que foi mapeado e em que lugar (e em alguns casos a data/período em questão). Não observar o título de um mapa pode comprometer toda a sua análise. Ademais, para que possa ser realizada uma boa leitu- ra das informações presentes nos mapas, a legenda acaba sendo uma ferramenta fundamental, pois esta vai expres- sar valores e aspectos diversos presentes dentro do mapa, como linhas, cores, figuras geométricas etc. No mapa, es- tas informações não seriam apresentadas, pois seria gerada uma poluição visual desnecessária, o que comprometeria sua leitura. Diante disso, alguns aspectos sem significado explícito no mapa acabam sendo identificados por meio da legenda. Em resumo, a legenda decodifica símbolos usados no mapa. Veja um exemplo a seguir, no qual a legenda au- xilia no entendimento das áreas delimitadas no mapa. Algumas informações abordadas no mapa e suas res- pectivas representações ficam a critério do organizador do mapa. Por outro lado, outras acabam respeitando conven- ções cartográficas regionais, nacionais e internacionais, pois estas buscam universalizar alguns significados e facili- tar a interpretação dos mapas. É o caso de símbolos especí- ficos para ferrovias, aeroportos, hospitais, usinas nucleares etc. Vejam alguns exemplos de convenções adotados pelo DAER-RS: 11 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Professor Padrão P - Grau IA - Geografia Ainda com relação à leitura dos mapas, alguns pontos merecem destaque, como, por exemplo as isolinhas. No caso da Cartografia, as mais utilizadas são as curvas de nível (isoípsas), que eu ligam pontos de mesma altitude; as isóbaras (linhas com pontos de mesma pressão); isoieta (mesma precipitação pluviométrica em um determinado período); isoterma (mes- ma temperatura) etc. Veja um exemplo das curvas de nível e da construção de um perfil topográfico a partir delas: O Brasil é um país da América do Sul de extensão territorial 8.514.876 km². É o quinto maior país do planeta, sendo menor apenas que os territórios da Rússia, Canadá, China e Estados Unidos. Sua abundância territorial faz com que o Brasil tenha quatro fusos, uma vez que no sentido leste-oeste é bastante extenso. Por esses aspectos é considerado um país com dimensão continental. 12 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Professor Padrão P - Grau IA - Geografia Fusos Horários O primeiro fuso horário brasileiro encontra-se duas ho- ras atrasado em relação ao Meridiano de Greenwich, con- siderado como o “marco zero” para a medição do horário mundial. Nesse fuso, encontram-se apenas algumas ilhas pertencentes ao Brasil, com destaque para Fernando de Noronha. O segundo fuso horário encontra-se três horas atrasa- do em relação a Greenwich, abrangendo a maior parte do território brasileiro, incluindo a capital Brasília. Fazem parte desse fuso as regiões Nordeste, Sudeste, Sul e partes das regiões Norte e Centro-Oeste. O terceiro fuso horário encontra-se quatro horas atra- sado em relação ao horário oficial de Greenwich, estando uma hora atrasado em relação à capital do Brasil. Envolve parte das regiões Norte e Centro-Oeste. O quarto e último fuso horário brasileiro encontra-se cinco horas atrasado em relação ao horário de Greenwich e duas horas atrasado em relação à capital Brasília. Conforme podemos observar no mapa abaixo, ele abrange somente o estado do Acre e uma pequena parte do território do Amazonas. Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geogra- fia/fusos-horarios-territorio-brasileiro.htm Os fusos horários formam uma divisão em que o glo- bo terrestre é “fatiado” em vinte e quatro pedaços, com cada um medindo 15º de longitude. Assim, cada fuso equi- vale à uma hora e, à medida que nos deslocamos entre cada uma dessas faixas, o horário se altera. Os fusos são medidos em GMT, sigla para “Greenwich Mean Time”. Sendo a Terra uma esfera (ainda que não uma esfera perfeita, devido ao seu formato geoide), ela é dividida em 360º, ficando 180º para o hemisfério oeste e 180º para o hemisfério leste. O marco zero, ou seja, o ponto que sepa- ra um hemisfério do outro é o Meridiano de Greenwich, conforme podemos observar na figura presente no início do texto. Dessa forma, à medida que nos deslocamos para o oeste do planeta, temos que diminuir as horas e, à medida que nos deslocamos para o leste, aumentamos o valor da medida dos horários. Por exemplo: se na cidade de Nova York – localizada no fuso -5GMT – são 8h, na cidade de Brasília – que está localizada no fuso -3GMT, são 10h, pois a capital brasilei- ra encontra-se dois fusos a leste da cidade estadunidense. Observe: Nesse exemplo, é simples visualizar a diferença de ho- rários, pois nos deslocamos dois fusos em direção a leste, então é só aumentar duas horas. Mas e quando a diferença envolve fusos localizados em uma distância maior ou em hemisférios diferentes? Existe uma maneira ou uma fórmu- la mais simples de se calcular isso? Para cálculos mais complexos, recomendamos a reali- zação de três diferentes passos. O primeiro seria identificar os fusos de origem e de destino; o segundo seria calcular a diferença entre eles, já o terceiro seria verificar se os horá- rios deverão ser adiantados ou adiados. Vamos considerar o Exemplo 01 para explicar mais detalhadamente cada um deles. Exemplo 01: uma pessoa encontra-se na cidade de São Paulo, localizada no fuso horário -3GMT, e resolve fa- zer uma ligação, às 9h da manhã, para um amigo que se encontra em Tóquio, no fuso 9GMT. A que horas o amigo atenderá a ligação? 1º passo: Identificar os fusos. Nesse caso, eles foram for- necidos no enunciado da questão, mas nem sempre isso acontece, como veremos no próximo exemplo. Assim, Fuso de origem: –3GMT Fuso de destino: +9GMT 2º passo: calcular a diferença entre os fusos. Basta sub- trair o fuso da cidade de destino pelo da cidade de origem. Caso eles se encontrem em hemisférios diferentes, terão sinais diferentes e, inevitavelmente, serão somados. 9GMT – (-3GMT) = 12GMT Portanto, a diferença entre São Paulo e o Japão é de 12 fusos, ou seja, 12 horas. 3º passo: verificar se os fusos serão somados ou sub- traídos ao horário de origem. Sabemos que a ligação foi realizada às 9h da manhã e que a diferença das localidades é de 12 horas. Mas devemos somar ou subtrair esse horário em relação ao original? Para responder a essa pergunta e finalizar o exercício, basta observar em que direção a liga- ção está sendo direcionada. 13 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Professor Padrão P - Grau IA - Geografia Em direção a leste, soma. Em direção a oeste, dimi- nui. Assim, como o Japão fica a leste de Greenwich e São Paulo fica a oeste, então somamos: 9h + 12h = 21h – a pessoa atendeu a ligação em Tó- quio às 21 horas. _________________________________________________ Vamos resolver, agora, o exemplo 02. Nele, não serão fornecidos os fusos, mas as longitudes. Além disso, fare- mos um deslocamento, cuja duração deverá ser levada em conta. Exemplo 02: José Carlos atualmente mora e trabalha na cidade de Roma, localizada a 15º a leste do Meridiano de Greenwich. Certo dia, ele resolveu ir para o Brasil, na cidade de Brasília, visitar a sua família, a 45º de longitude a oeste de Greenwich. Saindo da Itália às 15h e com um tempo de viagem de 11h, ele chegou ao seu destino em que horário? 1º passo: identificar os fusos. Aqui, os fusos não estão expressos no enunciado, então teremos que calculá-los. Como afirmamos no início do texto, cada fuso possui 15º de longitude. Dessa forma, para transformar as longitudes em fusos, basta dividi-las por 15. Cidade de origem:15º ÷ 15 = 1GMT Cidade de destino: -45º ÷ 15 = -3GMT 2º passo: calcular a diferença entre os fusos. Agora basta repetir o mesmo procedimento do exemplo 01, diminuindo o fuso de destino pelo fuso de origem. -3GMT - 1GMT: -4GMT Portanto, a diferença entre o local de origem e o local de destino é de 4 horas. 3º passo: verificar se somamos ou diminuímos os fusos. Como José Carlos está se deslocando do leste em direção ao oeste, então devemos diminuir os fusos em relação ao horário de origem. No entanto, não podemos nos esque- cer de somar o tempo de viagem, que é de 11 horas. Assim, 15h (hora local de partida) – 4h (diferença entre os fu- sos) + 11h (tempo de viagem) = 22h Portanto, José Carlos chegou a Brasília às 22h. Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geogra- fia/como-calcular-fusos-horarios.htm A PAISAGEM NATURAL E SUAS INTERAÇÕES AMBIENTAIS: COMPOSIÇÃO, ESTRUTURA E DINÂMICA DA ATMOSFERA, LITOSFERA, HIDROSFERA E BIOSFERA. O sistema terrestre é o conjunto de elementos que garante o funcionamento dos componentes do plane- ta Terra em sua superfície, bem como as suas recorrentes transformações ao longo do tempo. Compreender o siste- ma terrestre é, portanto, estabelecer as bases para a com- preensão da Terra de um modo geral, de forma a entender os seus ciclos e processos naturais. Basicamente, o sistema terrestre é constituído a partir do relacionamento entre as formas de relevo e suas influ- ências endógenas (internas) e exógenas (externas), a dinâ- mica climática e dinâmica cíclica da água. Portanto, pode- mos entender o sistema terrestre como a relação entre os diferentes componentes da litosfera, atmosfera e hidros- fera, com a consequente formação da biosfera. Por litosfera entende-se a estrutura física e sólida do planeta. Isso envolve, portanto, as rochas, as formas de relevo e as dinâmicas relacionadas aos seus processos de atuação e transformação, tais como a estrutura interna do planeta e seus efeitos, a exemplo do movimento das placas tectônicas, os vulcanismos e os terremotos. Nesse senti- do, embora a Geologia entenda a litosfera como a cama- da mais externa e sólida da Terra, no sistema terrestre ela envolve tanto essa estrutura como as dinâmicas que nela interferem. Por atmosfera compreende-se a dinâmica climática e dos gases que envolvem a camada de ar da Terra. Portanto, o funcionamento dos climas e os fatores a ele relaciona- dos, tais como as chuvas, a umidade, a pressão atmosférica, entre outros dispositivos, são itens incluídos nesse subsis- tema. Por hidrosfera conceitua-se a estrutura de água que compõe o ambiente da Terra, elemento que está presen- te em 70% da superfície. No caso, não se fala somente em água líquida, mas também nos seus estados sólido e gasoso e nas dinâmicas a ela relacionadas. É importante compreender que a água atua tanto na transformação dos climas quanto na dinâmica do relevo, além de ser um item fundamental para a existência dos seres vivos. Por biosfera compreende-se a inter-relação entre as três esferas acima apresentadas, formando o ambiente pró- prio para a manutenção da vida. Portanto, falar de biosfera é falar nas condições para o assentamento das vegetações e também dos animais, dos quais os seres humanos não se excluem, embora a humanidade seja a maior interventora entre os seres vivos sobre o meio natural em que habita. O sistema terrestre e sua estrutura física Na imagem acima, é importante a compreensão de que o sistema terrestre não se encontra dividido por essas esferas ou subsistemas, mas sim unido e composto pela 14 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Professor Padrão P - Grau IA - Geografia interação entre elas. Basicamente, compreendemos que as formas de relevo interferem no clima, que interfere nos cursos d’águas, que interferem na biosfera e assim suces- sivamente. Assim, todas as esferas provocam intervenções múltiplas e caóticas entre si. Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/geografia/siste- ma-terrestre.htm Características do planeta Terra A Terra é um planeta pequeno e sólido que gira em torno do Sol, junto aos demais astros do Sistema So- lar. Uma grande parte da Terra é coberta pelos mares e oceanos – é a chamada hidrosfera. A camada mais ex- terna, a atmosfera, é formada por gases. O oxigênio existente na atmosfera e a água líquida tornam possí- vel a vida em nosso planeta. Essa vida, representada pe- los seres humanos, animais e vegetais, forma a biosfera. A parte sólida da Terra é a litosfera ou crosta terrestre. Ela recobre tanto os continentes quanto o assoalho marinho e, de acordo com sua constituição, é dividida em sial (com- posta basicamente de silício e alumínio, encontrada nos continentes) e sima (composta de silício e magnésio, en- contrada sob os oceanos). No interior da Terra acredita-se que existam duas camadas formadas por diferentes mate- riais rochosos: o manto e o núcleo, constituído basicamen- te de níquel e ferro (nife). 1. Planeta em mutação A aparência de nosso planeta sofre constantes trans- formações. Algumas das mudanças ocorrem de forma repentina e violenta, como no caso dos terremotos e das erupções vulcânicas. Outros processos duram milhões de anos e são capazes de deslocar continentes, erguer mon- tanhas e mudar completamente o aspecto da superfície da Terra. Além disso, a ação das águas dos rios, das chuvas e dos mares, as geleiras e os ventos modificam profunda- mente o relevo terrestre. 2. A grande viajante A Terra gira em torno do Sol, em um movimento contí- nuo chamado de translação. O caminho que percorre tem a forma de uma elipse e é denominado órbita terrestre. O tempo que a Terra leva para percorrer sua órbita é conhe- cido como ano sideral e dura 365 dias, seis horas e nove minutos. Além disso, a Terra gira ao redor de seu próprio eixo, como se fosse um pião. A esse movimento dá-se o nome de rotação. 2a. Os dias e as noites No movimento de rotação a Terra dá uma volta com- pleta em torno de si mesma a cada 23 horas e 56 minutos. Isso faz com que qualquer ponto do planeta esteja ilumina- do durante 12 horas, aproximadamente, e fique no escuro durante as 12 horas seguintes. Assim, o dia é o período de tempo em que um ponto da terra recebe luz, e a noite o tempo em que está às escuras. 2b. Solstícios e equinócios Cada hemisfério recebe o máximo de radiação solar durante seu solstício de verão. Nesse mesmo dia, o hemis- fério oposto recebe o mínimo da sua radiação anual: é o solstício de inverno. Ambos os hemisférios, no entanto, recebem exata- mente a mesma radiação nos equinócios da primavera e do outono. Para lembrar: O eixo de rotação terrestre é inclinado. Por isso, o número de horas de sol que os Hemisférios Norte e Sul recebem varia ao longo do ano. Essa variação determina as quatro estações e é responsável pelo dia du- rar seis meses nos polos e as noites durarem os demais seis meses. 3. O planeta azul A Terra, o planeta azul, deve seu brilhante colorido às grandes massas de água que cobrem a maior parte de sua superfície. A presença da água líquida é uma das caracterís- ticas mais surpreendentes de nosso planeta. Só podemos ver a terça parte de sua superfície sólida, pois o restante é coberto pelos mares, os oceanos e as grandes massas de gelo dos polos, as calotas polares. 4. Por que existem diferentes climas? A Terra recebe energia do Sol, na forma de radiação. Nosso planeta é quase esférico, e a quantidade de luz que recebe depende do ângulo que os raios solares formam com a superfície da Terra. O Equador e os Trópicos recebem maior quantidade de luz, por isso são zonas de clima quen- te. Ao contrário, as zonas polares recebem muito pouca ra- diação e por isso são zonas de clima frio. Assim, a distinta incidência dos raios solares sobre a superfície faz com que a Terra apresente cinco zonas climáticas. 5. A Terra fluida A Terra é rodeada por uma camada gasosa contínua chamada atmosfera. A atmosfera é formada por uma mis- tura de gases, principalmente oxigênio,nitrogênio, dióxido de carbono e vapor d´agua. Essa camada nos protege das radiações nocivas do Sol e controla a temperatura do pla- neta. Os mares e oceanos formam uma extensa camada de água líquida, interrompida apenas pelos continentes, a que se dá o nome de hidrosfera. A hidrosfera e a atmosfera constituem a parte fluida do planeta, cujas partículas (líqui- das e gasosas) podem movimentar-se livremente umas em relação às outras. 6. A Terra sólida A Terra se parece com uma esfera, ligeiramente acha- tada nos polos. Essa forma recebe o nome de geóide. A parte sólida da Terra é chamada geosfera. A geosfera tem uma série de propriedades que ajudam a fornecer muitas informações sobre o planeta. A gravidade (força com a qual a Terra atrai os corpos próximos a ela, dependendo da distância desses corpos em relação ao centro do plane- ta) varia de um ponto a outro. Essas variações permitiram comprovar que o raio da Terra é maior no Equador do que nos polos. 15 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Professor Padrão P - Grau IA - Geografia 6a. O método sísmico As mais importantes informações sobre o interior da Terra foram trazidas pelo método sísmico. Esse método es- tuda as mudanças de velocidade com que as ondas sísmi- cas atravessaram a Terra. As variações indicam a existência de materiais com propriedades diferentes e permitiram de- duzir como é seu interior. 7. Como é o interior do planeta A Terra divide-se em camadas concêntricas de dife- rentes composições e estados físicos. As camadas são se- paradas pelas descontinuidades de Mohorovicic e de Gu- tenberg. A camada mais externa é a crosta, formada por granito nos continentes e por basalto sob os oceanos. O manto é a camada intermediária e a mais extensa. Supõe- -se que seja formado por uma rocha chamada peridotite. Na zona central da Terra encontra-se o núcleo, composto por ferro e níquel. 7a. Pesquisa profunda Uma equipe de geólogos e técnicos da antiga União Soviética perfurou um poço com mais de 14 mil metros na península de Kola. É a mais profunda sondagem rea- lizada até o momento e trouxe informações valiosas a respeito da composição da crosta terrestre. No man- to superior, entre 100 e 200 quilômetros de profundida- de, existe uma zona chamada astenosfera, pouco com- pacta, formada por materiais parcialmente fundidos. A parte do manto situada acima da astenosfera é mais só- lida e forma com a crosta uma unidade chamada litosfera. 8. O calor da Terra A temperatura da Terra aumenta à medida que nos aprofundamos em seu interior. Desse modo, por exemplo, o interior das minas é mais quente que a superfície. A ele- vação da temperatura devido à profundidade chama-se gradiente geotérmico, e tem o valor aproximado de 1 grau a cada 33 metros. Ao entrar em erupção, o vulcão mostra o calor interno da Terra, capaz de fundir rochas e expulsá-las na forma de lava. A composição da Terra é estruturada em camadas. A crosta terrestre é constituída principalmente de granito, sob a qual asssenta-se também um camada de basalto, su- portando as porções continentais e os oceanos . A litosfera possui cerca de 70 quilômetros de espessura. A 33 quilô- metros de profundidade desta camada, a temperatura che- ga a atingir por volta de 1000C. O manto situa-se na zona inferior à crosta e é constituído de material ígneo rocho- so. A composição do manto é constituída principalmente de vários silicatos de magnésio. O núcleo é supostamente constituído de ferro em estado de fusão; o espaço mais interior deste núcleo contém ferro em estado sólido. As dimensões da Terra vêm a seguir: Área de Superfície: 315.096.000 de quilômetros qua- drados Massa: 6,586 quatrilhões de toneladas Circunferência Longitudinal: 39.842,4 quilômetros Circunferência Latitudinal: 39.775,52 quilômetros Quanto à composição da Terra, entre um total de 93 elementos químicos naturais existentes, nove destes ele- mentos formam 99% da massa referente à crosta terres- tre. Estes elementos são: Oxigênio, Silício, Alumínio, Ferro, Cálcio, Sódio, Potássio, Magnésio e Titânio. . Dois destes, o oxigênio e o silício, consistindo em elementos não-metáli- cos, formam juntos por volta de 3/4 da crosta terrestre. Já nas camadas internas à crosta terrestre, há a presença de por volta de 2000 tipos diversos de materiais de origem mineral, dos quais a grande maioria é formada por com- posições entre mais de um elemento químico. Os silicatos são os compostos mais abundantes dentre os minerais que formam a massa da camada interior à crosta terrestre. Fonte: https://www.algosobre.com.br/geografia/estru- tura-e-composicao-da-terra.html CONCEITOS DE GEOSSISTEMA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: PARADIGMA DO PLANEJAMENTO TERRITORIAL E DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL. A Geografia como ciência de caráter eminentemente ambientalista permite no estudo da relação entre os ho- mens e o meio natural a análise da expansão dos sítios urbanos e rurais, instalação de núcleos de colonização, implantação de sistemas produtivos tecnificados e suas inter-relações com os demais componentes do estrato ge- ográfico. Desde o sucesso da Teoria Geral dos Sistemas, de Ber- tanlanffy, no início dos anos 1950 do século XX, a análise sistêmica extravasara todas as disciplinas. O trabalho de Jean Tricart (1965), com a sua classificação ecodinâmica dos meios ambientes, já assinala o aparecimento da teoria sistêmica na Geografia. Tricart (1977) define um sistema como um conjunto de fenômenos que se processam mediante fluxos de matéria e energia. Esses fluxos originam relações de dependência mútua entre os fenômenos. Surge daí uma entidade global nova, mas dinâmica. Para o autor, esse conceito permite adotar uma atitude dialética entre a necessidade da análise e a necessidade de uma visão de conjunto, capaz de ense- jar uma atuação eficaz sobre esse meio ambiente. Através da análise de um sistema, reconhecem-se conceitualmen- te as suas partes interativas, o que torna possível captar a rede interativa sem ter de separá-las. “O conceito de sis- tema é, atualmente, o melhor instrumento lógico de que dispomos para estudar os problemas do meio ambiente” (Tricart, 1977). A polissemia da noção de paisagem apresenta a pos- sibilidade de leitura da expressão da interação sistemas naturais-sociais através da abordagem sistêmica. Essa pro- posta desempenha um papel epistemológico, prático e de grande importância na análise da construção da paisagem. 16 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Professor Padrão P - Grau IA - Geografia A evolução da “ciência da paisagem” no âmbito da Ge- ografia conduziu a melhor definição do conceito a partir do questionamento da dicotomia entre paisagem humana e paisagem natural embora a visão da paisagem natural predominasse como elemento ideográfico e descritivo. As escolas alemãs e russas se desenvolveram em torno dessa discussão originalmente e interagiram posteriormente com a escola francesa que se desenvolvia paralelamente. Esta última trouxe várias contribuições a Geografia brasileira, fornecendo suporte teórico a metodologia. A discussão da noção de paisagem e sua evolução na Geografia e a siste- matização do conceito de geossistema para compor o mé- todo de análise da paisagem foram a base, no Brasil, para os esforços de análises integradas na tentativa de articular o maior número possível de correlações dos diferentes atri- butos na estrutura de uma paisagem (Monteiro, 2001). O fato da análise integrada da paisagem considerar a dimen- são natural e social dos sistemas paisagísticos possibilita avaliar como acontece a interação sociedade-ambiente nos diferentes espaços. Neste estudo apresentou-se o resultado da aplicação da análise integrada da paisagem por meio do método de análise geossístêmico, como contribuição da Geografia para o trabalho interdisciplinar da linha de pesquisa dos “Sistemas Sociais, Técnicos e Recursos Naturais de Áreas Rurais” do Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvi- mento da Universidade Federal do Paraná (2002-2006).A pesquisa teve por objetivo de compreender os processos que conformam o espaço rural da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) e as diferenciações do quadro social- -ambiental de seus municípios “rurais”. Neste contexto, a análise da paisagem teve como finalidade identificar os possíveis conflitos entre ambiente e sociedade. A RMC é marcada pela heterogeneidade social, eco- nômica e físico-natural. Os municípios de São José dos Pi- nhais, Mandirituba, e Tijucas do Sul apresentam dinâmicas diferenciadas no espaço rural quanto às políticas públicas; sistemas produtivos; condicionantes ambientais e história de ocupação. Sendo assim, definiu-se os três municípios como ilustrativos desse universo rural da RMC e seus li- mites administrativos como escala de desenvolvimento da pesquisa (Mapa 1). Paisagem e geossistema Admitindo-se que a noção de paisagem seja uma in- terpretação social da interface da terra, mesmo que não- -apreendida pela pesquisa científica, seria muito signifi- cativa a aproximação da noção de paisagem da noção de meio ambiente. O meio ambiente consiste no conjunto dos elementos externos que envolvem a sociedade e interagem com ela; a paisagem é, ao contrário, uma produção interna, nascida da sociedade e confere uma existência social àqui- lo que se encontra em contato com o envoltório externo, ou seja, a interface sociedade-natureza. Bertrand (1968) definiu a paisagem como uma entida- de global, que possibilita a visão sistêmica numa combina- ção dinâmica e instável dos elementos físicos, biológicos e antrópicos (conjunto único e indissociável em perpétua evolução perpétua). O autor salienta que as escalas tempo- -espaciais foram utilizadas como base geral de referência para todos os fenômenos geográficos e que todo estudo de um aspecto da paisagem se apóia num sistema de de- limitação mais ou menos esquemático, formado por uni- dades homogêneas (em relação à escala considerada) e hierarquizadas, que se encaixam umas nas outras. Este artigo, intitulado Paysage e geographie physique globale, tornou-se um marco epistemológico da Geografia, inclusive no Brasil, Nele Bertrand explicita as relações entre paisagem e o geossistema. Naquele momento de discus- sões epistemológicas e eclosão de um paradigma geográ- fico, acontece a conferência de Estocolmo (1972), marco da “crise ambiental”, que vai permear todas as discussões políticas, econômicas, e científicas do final do século XX. Conseqüentemente, as noções e os conceitos recebem for- te influência do debate ambientalista. A análise sistêmica na Geografia nasceu do esforço de teorização sobre o meio natural, o mais simples e global, com suas estruturas e seus mecanismos, mais ou menos modificados pelas ações humanas, mas independentes do fenômeno direto e não-controlado da percepção. Para Ber- trand e Beroutchachvili (1978), essa construção só é possí- vel a partir da mensuração. Assim, o ponto de partida seria o conceito de geossis- tema ou “sistema geográfico”, ou, ainda, “sistema territorial natural”. O conceito de geossistema surgiu na escola russa de um esforço de teorização sobre o meio natural, suas es- truturas e seus mecanismos tal como existem na natureza. O termo geossistema foi utilizado em 1963 por Sotchava (1977) para descrever a esfera físico-geográfica, que apre- sentava características de um sistema, com base no fato de que as “geosferas” terrestres estariam interrelacionadas por fluxos de matéria e energia. Segundo o autor, os geossistemas são sistemas territo- riais naturais, que se distinguem no envoltório geográfico, em diversas ordens dimensionais, generalizadamente nas dimensões regional e topológica. São constituídos de com- ponentes naturais intercondicionados e inter-relacionados em sua distribuição e se desenvolvem no tempo, como parte do todo. Sotchava (1977) esclarece nesse sentido que, embora os geossistemas sejam fenômenos naturais, todos os fatores econômicos e sociais que influenciam sua estrutura são levados em consideração durante o estudo e a análise (no caso da escola russa são feitas descrições verbais ou mensurações e cálculos matemáticos). O geossistema é o resultado da combinação de fato- res geológicos, climáticos, geomorfológicos, hidrológicos e pedológicos associados a certo(s) tipo(s) de exploração biológica. Tal associação expressa a relação entre o poten- cial ecológico e a exploração biológica e o modo como es- ses variam no espaço e no tempo, conferindo uma dinâmi- ca ao geossistema. Por sua dinâmica interna, o geossistema não apresenta necessariamente homogeneidade evidente. Na maior parte do tempo, ele é formado de paisagens di- ferentes, que representam os diversos estágios de sua evo- lução. Sob a influência das escolas russa e alemã, Bertrand (1968) propõe uma definição de geossistema e incorpo- ra ao conceito original do “complexo territorial natural” a 17 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Professor Padrão P - Grau IA - Geografia dimensão da ação antrópica. Nessa perspectiva, o geos- sistema é, para Bertrand, uma categoria espacial, de com- ponentes relativamente homogêneos, cuja estrutura e di- nâmica resultam da interação entre o potencial ecológico: processos geológicos, climatológicos, geomorfológicos e pedológicos (a mesma evolução); a exploração biológica: o potencial biótico (da flora e da fauna naturais) e a ação antrópica: sistemas de exploração socioeconômicos. Rede- finido nas discussões teórico-metodológicas, o geossiste- ma aproxima-se do conceito de paisagem como paisagem global, na qual se evidencia a preocupação com a interação natureza-sociedade. Na análise geossistêmica, o geossiste- ma é uma categoria de sistemas territoriais regido por leis naturais, modificados ou não pelas ações antrópicas. A homogeneidade do geossistema se dá no âmbi- to das relações e dos processos, enquanto a exclusão de delimitações simplórias da paisagem ocorre no âmbito da aparência. O fenômeno antrópico imprime nas paisagens o resultado de sucessivas combinações de sociedades so- bre o espaço e a relação estabelecida entre ambos. Está situado entre a quarta e a quinta grandeza tempo-espacial da classificação de Bertrand (1968). O autor o considera uma unidade dimensional compreendida entre alguns qui- lômetros ou centenas de quilômetros quadrados. Segundo o autor, nessa escala, situa-se a maior parte dos fenômenos de interferência entre os elementos da paisagem e da evo- lução das combinações dialéticas, conformando uma boa base para os estudos da organização do espaço porque é compatível com a escala humana. Por essas características o geossistema é considerado um complexo essencialmente dinâmico mesmo num es- paço-tempo muito breve, por exemplo, histórico. O autor afirma que, devido a essa dinâmica interna, o geossistema não apresenta necessariamente uma forte homogeneidade fisionômica. Na maior parte do tempo, ele é formado de paisagens diferentes que representam os diversos estágios da evolução do geossistema. Em 1978 em outro artigo Bertrand difere a “paisagem” do “geossistema” e do “ecossistema” distinguindo os dois últimos como produções naturalistas “mais ou menos” com aspectos sociais (impactos antrópicos), e a paisagem como uma análise social, que incorpora o natural finalizado, ou seja, a base natural já trabalhada pela ação das sociedades nas suas diversas maneiras. O “geossistema” e o “ecossis- tema” são conceitos (concretos) quantificáveis fundados sobre medidas e estabelecimento de balanços energéticos. São conceitos espaciais (chorologiques) enquanto a paisa- gem é um processo, produto do tempo e, mais precisa- mente, da história social. Monteiro (1974 apud Monteiro,2001 p.39) define pai- sagem no nível de resolução para a análise da “paisagem” e sob o enfoque da organização sistêmica, como um siste- ma aberto, uma unidade de análise geográfica global, “geo sistema”. Para o autor, trata-se de uma entidade espacial delimitada segundo um nível de resolução do geógrafo (pesquisador)a partir dos objetivos centrais da análise, de qualquer modo sempre resultante da integração dinâmica, portanto instável, dos elementos de suporte e cobertura (físicos, biológicos e antrópicos), expressa em partes de- limitáveis infinitamente, mas individualizadas através das relações entre elas, que organizam um todo complexo (sis- tema), verdadeiro conjunto solidário e único em perpétua evolução. Monteiro (2001) afirma que o debate em torno do con- ceito “geossistema” no Brasil está ainda em andamento. Ele afirma que o tratamento geossistêmico visa a integra- ção das variáveis “naturais” e “antrópicas” (etapa análise), fundindo “recursos”, “usos” e “problemas” configurados (etapa integração) em “unidades homogêneas” assumin- do papel primordial na estrutura espacial (etapa síntese) que conduz ao esclarecimento do estado real da qualidade do ambiente (etapa aplicação) do diagnóstico (p. 81). Por isso, ao aplicá-lo metodologicamente, chama as unidades espaciais: geossistemas, unidades de paisagem ou, ainda, unidades morfofuncionais. Segundo ele, representam uma análise tempo-espacial integrada das inter-relações socie- dade-ambiente na construção da paisagem. ... a paisagem é vista de um modo bem mais dinâmico porquanto não ignora as relações, seus feed-backs e in- terações, de modo a configurar um verdadeiro “sistema” onde as áreas pertinentes a ela estão muito além das for- mas e aparências assumidas pelos elementos, sendo capa- zes, até mesmo de provocar importantes reações em áreas distantes. Isso decorre do fato: o homem é considerado na paisagem como qualquer outro elemento ou fator consti- tuinte do sistema paisagem (geossistema) por que ele de- sempenha aqui um papel realmente ativo (Monteiro, 2001, p. 97). Os pesquisadores chamam atenção para questões de ordem metodológica. Consideram básica a determinação da escala tempo-espacial no estudo da paisagem para a construção da abordagem geossistêmica, condição já apresentada por Bertrand (1968). Monteiro ressalta a importância da ação dos elemen- tos e do jogo de fatores em diferentes escalas. Como é o caso da ação humana que ocorre das escalas inferiores para as superiores, e a definição do geossistema nas esca- las intermediárias. Reforçando a necessidade de coerência entre a proble- mática da pesquisa e a base metodológica, Monteiro afir- ma: “A hipótese de trabalho visa esclarecer sobre o ‘núcleo’ (área de interesse) e seu ambiente na montagem de um sistema aberto, dinâmico, intercambiante com o seu entor- no” (2001, p. 89). Dada a notabilidade em considerar a escala no estudo da paisagem e na sua compartimentalização em unidades, o autor descreve a relevância da etapa de sobreposição dos mapas básicos como uma visão no plano horizontal daquilo que se revela verticalmente no transecto – enfati- za articulação dos fatos socioeconômicos – a antropização do geossistema, pela compreensão daquilo que substância concretamente na paisagem (geossistema) como os usos (agrícolas) edificações (urbano, industrial, tecnológica) e derivações importantes no sítio (represas, aterros, grandes desmatamentos, etc., etc.). Se estas são coisas que se con- cretizam no sistema há forças poderosas de dinamização processual que entram na causalidade socioeconômica (fluxos de capitais, de inovações, etc). (Monteiro, 2001, p. 89). 18 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Professor Padrão P - Grau IA - Geografia Este instrumento de análise integrada possibilita o es- tudo da dinâmica da paisagem dentro de um espaço ge- ográfico, dos processos específicos de relação sociedade meio-ambiente. Como por exemplo no rural metropolita- no. Fonte: https://confins.revues.org/10?lang=pt Nas últimas três décadas, pudemos observar importan- tes iniciativas de organização territorial baseadas em eixos formados por faixas de infraestrutura (em geral econômi- ca: comunicação, energia e logística) que buscam orientar regionalizações para provisão de recursos públicos e pri- vados. Essas iniciativas têm predomínio após o processo de redemocratização brasileira e ocorrem em escalas dife- renciadas (continental, nacional e estadual) e em períodos contínuos, demonstrando o enraizamento de uma ideia. Representam um paradigma de planejamento regional porque avançam em relação ao modelo polarizado preco- nizado pela escola francesa de planejamento regional, vi- gente durante a segunda metade do século XX na América do Sul. Além disso, carregam consigo um paradoxo, pois, ao romper com o modelo polarizado, mantêm-se baseadas na matriz econômica a partir da qual a atividade produtiva e a organização territorial exercem influências recíprocas, tal como no modelo francês. As políticas do pós-Segunda Guerra Mundial que, no Brasil, redundaram no chamado Desenvolvimentismo in- corporaram paulatinamente o modelo de Polos de Cres- cimento (proposto por Perroux em 1955). Esse modelo foi difundido por ações, principalmente, da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, 1948), da CI- BPU (Comissão Interestadual da Bacia do Paraná-Uruguai, 1951-1972) e do Plano Decenal 1967-1976 (do governo de Castello Branco) e influenciou planos estaduais (como no estado de São Paulo) e diretrizes institucionais (como no IBGE) (Tavares, 2015). De forma geral, a teoria dos Polos de Perroux apontava para um prognóstico de equilíbrio do desenvolvimento territorial a ser alcançado a partir da in- dústria motriz e de sua articulação com a cadeia produtiva distribuída controladamente pelo território. O que se observa nos modelos de organização terri- torial propostos recentemente é a incorporação do eixo como elemento estruturador de uma nova regionalização com fins à organização territorial e que, dialogando com os preceitos econômicos vigentes da reestruturação produtiva de origem neoliberal, tenta responder aos problemas de desequilíbrio do desenvolvimento pela integração, conec- tividade e competitividade regionais. Evidentemente, pela origem e finalidade de cada eixo, eles divergem no seu conteúdo e na sua forma, mas con- vergem para objetivos e padrões territoriais semelhantes. O que se busca neste estudo, portanto, é a caraterização desses eixos, historicizando-os, a fim de compreendê-los numa dimensão maior que o campo político no qual foram concebidos e de inseri-los no contexto socioeconômico com o qual eles se propõem a dialogar. Fonte: http://observatoriodasmetropoles.net/new/ index.php?option=com_k2&view=item&id=1846:eixos- - n o v o - p a r a d i g m a - d o - p l a n e j a m e n t o - -regional?&Itemid=181&lang=pt# PROBLEMAS AMBIENTAIS: OCUPAÇÃO, EXPLORAÇÃO, POLUIÇÃO, CONSUMO E FORMAS DE PRODUÇÃO DA RIQUEZA. A atividade mineradora consiste na extração de ri- quezas minerais dos solos e das formações rochosas que compõem a estrutura terrestre. Trata-se, assim, de uma das mais importantes atividades econômicas tanto no Bra- sil como em todo o mundo, com destaque para o petróleo e o carvão mineral. No entanto, é preciso ressaltar que essa prática costuma gerar sérios danos ao meio ambiente. Os impactos ambientais da mineração são diversos e apresentam-se em diversas escalas: desde problemas lo- cais específicos até alterações biológicas, geomorfológicas, hídricas e atmosféricas de grandes proporções. Portanto, conhecer esses problemas causados e a minimização de seus efeitos é de grande necessidade para garantir a pre- servação dos ambientes naturais. Entre as principais alterações nas paisagens e os im- pactos gerados pela mineração, podemos destacar: Remoção da vegetação em todas as áreas de extração; • Poluição dos recursos hídricos (superficiais e sub- terrâneos) pelos produtos químicos utilizados na extração de minérios; • Contaminação dos solos por elementos tóxicos; • Proliferação de processos erosivos, sobretudo em minas antigas ou desativadas que não foram reparadas pe- las empresas mineradoras; • Sedimentação e poluição de rios pelo descarte indevido do material produzido não aproveitado(rochas, minerais e equipamentos danificados); • Poluição do ar a partir da queima ao ar livre de mercúrio (muito utilizado na extração de vários tipos de minérios); • Mortandade de peixes em áreas de rios poluídos pelos elementos químicos oriundos de minas; • Evasão forçada de animais silvestres previamente existentes na área de extração mineral; • Poluição sonora gerada em ambientes e cidades localizados no entorno das instalações, embora a legis- lação vigente limite a extração mineral em áreas urbanas atualmente; • Contaminação de águas superficiais (doce e salga- da) pelo vazamento direto dos minerais extraídos ou seus componentes, tais como o petróleo. Diversos estudos ambientais indicam que muitos dos materiais gerados pela mineração são rejeitos, estes mui- tas vezes erroneamente descartados. Na produção de ouro, por exemplo, 99,9% de todo material produzido não é aproveitado, sendo muitas vezes depositado de forma deliberada no leito de rios ou em áreas onde as águas das chuvas escoam para a sedimentação de cursos d’água. Na extração de cobre, por sua vez, menos de 1% do que é extraído costuma ser devidamente aproveitado, ao passo que o restante é lixo. 19 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Professor Padrão P - Grau IA - Geografia A contaminação por compostos químicos, com desta- que para o mercúrio, também é um dos principais danos ambientais provocados pela mineração. Esses compostos são utilizados para a separação de misturas, retirada dos minerais e catalização de reações. Após o processo, cos- tumam ser descartados, o que ocorre muitas vezes de ma- neira indevida, principalmente em localidades de limitada fiscalização, ou até em minas ilegais, que, além de tudo isso, costumam empregar trabalho análogo ao escravo ou infantil. Essa realidade, infelizmente, é muito comum em países como o Brasil e em territórios dependentes econo- micamente, a exemplo de muitas nações do continente africano. Diante dessas considerações, é importante mencionar que a atividade mineradora é, de toda forma, de vital im- portância para as sociedades. Mas isso não significa, no en- tanto, que ela deva ser realizada de maneira não planejada e sem a devida fiscalização de suas instalações. É preciso, pois, promover medidas para o correto direcionamento do material descartado e a contenção da poluição gerada pelos elementos químicos. Além disso, torna-se necessário pensar na utilização sustentável dos recursos minerais a fim de garantir a sua existência para as gerações futuras. Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geogra- fia/impactos-ambientais-mineracao.htm CONCEITOS DEMOGRÁFICOS, ECONÔMICOS E GEOPOLÍTICOS: COMPOSIÇÃO, ESTRUTURA E DINÂMICA DA POPULAÇÃO O estudo da população é fundamental para podermos verificar a realidade quantitativa e qualitativa da mesma. Para governantes em especial, é de fundamental impor- tância pois, permite traçar planos e estratégias de atuação, além de poder desenvolver um planejamento de interesse social. A população deve ser entendida como um recurso na medida em que representa mão de obra para o mercado de trabalho, soldados para a defesa nacional, dentre outras coisas. O ramo do conhecimento que estuda a população chama-se Demografia, portanto o profissional da área é o demógrafo. Conceitos Demográficos Alguns conceitos demográficos são fundamentais para a análise da população, abaixo iremos elencar alguns: População absoluta: corresponde a população total de um determinado local. Quando um local tem uma população absoluta nume- rosa, dizemos que ele é populoso. O Brasil está entre os países mais populosos do mundo com uma população superior a 170 milhões de habitantes. Densidade demográfica ou população relativa: corres- ponde a média de habitantes por quilômetros quadrados. Podemos obtê-la através da divisão da população absoluta pela área. Quando a população relativa de um local é numerosa dizemos que esse local é muito povoado. Apesar da enorme população absoluta, a densidade demográfica do Brasil é baixa não ultrapassando 20 habi- tantes por quilômetro quadrado. Superpovoamento: corresponde a um descompasso entre as condições socioeconômicas da população e à área ocupada. Isso quer dizer que, superpovoamento não de- pende apenas da densidade demográfica, mas principal- mente das condições de vida da população. Alguns países com grande densidade demográfica podem não ser consi- derados superpovoados, enquanto outros com densidade baixa assim o podem ser classificados. Recenseamento ou censo: corresponde á coleta perió- dica de dados estatísticos dos habitantes de um determi- nado local. Taxa de natalidade: corresponde a relação entre o nú- mero de nascimentos ocorridos em um ano e a população absoluta, o resultado em geral é expresso por mil. N.º de nascimentos X 1000 = taxa de natalidade População absoluta A natalidade é ligada a vários fatores como, por exem- plo, qualidade de vida da população, ou ao fato de ser uma população rural ou urbana. As taxas de natalidade no Brasil caíram muito nos últi- mos anos, isso se deve em especial ao processo de urbani- zação que gerou transformações de ordem socioeconômi- cas e culturais na população brasileira. Taxa de mortalidade: corresponde a relação entre o número de óbitos ocorridos em um ano e a população ab- soluta, o resultado é expresso por mil. N.º de óbitos X 1000 = taxa de mortalidade População absoluta Assim como a natalidade, a mortalidade está ligada em especial a qualidade de vida da população analisada. No Brasil, assim como a natalidade a mortalidade caiu, especialmente a partir do processo de industrialização, que trouxe melhorias na assistência médica e sanitária à popu- lação, além da urbanização acentuada. Crescimento vegetativo ou natural: corresponde a di- ferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade. C.V. = natalidade - mortalidade. O crescimento vegetativo corresponde a única forma possível de crescimento ou redução da população mun- dial, quando analisamos o crescimento de áreas específicas temos que levar em consideração também as migrações. O crescimento vegetativo brasileiro encontra-se em processo de diminuição, mas já foi muito acentuado, em especial nas décadas de 50 à 70, em virtude especialmente da industrialização. 20 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Professor Padrão P - Grau IA - Geografia Taxa de fecundidade: corresponde a média de filhos por mulher na idade de reprodução. Essa idade se inicia aos 15 anos, o que faz com que em países como o Brasil, onde é comum meninas abaixo dessa idade terem filhos, ela possa ficar um pouco distorcida. Na década de 70 a taxa de fecundidade no Brasil era de 5,8 filhos por mulher, em 1999 esse número caiu para 2,3. Isso reflete a mudança que vem ocorrendo no Brasil em especial com a urbanização e com a entrada da mulher no mercado de trabalho, que tem contribuído com a redução significativa da taxa de natalidade e por consequência da taxa de fecundidade. Taxa de mortalidade infantil: corresponde ao número de crianças de 0 à 1 ano que morrem para cada grupo de mil nascidas vivas. No Brasil vem ocorrendo uma redução gradativa dessa taxa, apesar de ela ainda ser muito elevada se comparada a países desenvolvidos, em 1999 ela era de 34,6 por mil ou 3,46%. As regiões brasileiras apresentam realidades diferen- tes, o Nordeste apresenta as maiores taxas de mortalidade infantil, sendo em 1999 de 53 por mil ou 5,3%, ou seja aci- ma da média nacional. Expectativa de vida: corresponde a quantidade de anos que vive em média a população. Este é um indicador muito utilizado para se verificar o nível de desenvolvimento dos países. No Brasil a expectativa de vida nas últimas décadas tem se ampliado, em 1999 as mulheres viviam em média 72,3 anos, enquanto os homens 64,6 anos, esse aumento na expectativa também se deve a melhorias na qualidade médico sanitária da população em virtude do processo de urbanização. CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO
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