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Curso de Filosofia a Distância

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Prévia do material em texto

FILOSOFIA
FIEG - FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE GOIÁS 
SENAI - SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL 
SESI - SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA 
DEPARTAMENTO REGIONAL DE GOIÁS 
Paulo Afonso Ferreira 
Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás 
Presidente do Conselho Regional do SENAI e do SESI de Goiás 
Diretor Regional do SESI de Goiás 
Paulo Vargas 
Diretor Regional do SENAI 
Superintendente do SESI 
Manoel Pereira da Costa 
Diretor de Educação e Tecnologia do SESI e SENAI 
Cristiane dos Reis Brandão Neves 
Gerente de Tecnologia e Inovação do SENAI 
Ítalo de Lima Machado 
Gerente de Educação Profissional do SENAI 
Ângela Maria Ferreira Buta
Gerente de Educação Básica do SESI 
Para fazer inscrições ou obter informações sobre os cursos a distância 
contactar: www.sesigo.org.br e www.senaigo.com.br
FILOSOFIA
Ensino Médio Articulado
Leandro Alves Martins de Menezes
Goiânia/GO
2010
© SESI – Serviço Social da Indústria
© SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
Recurso didático elaborado pelo docente Leandro Alves Martins de Menezes, a ser utilizado na Rede 
SESI SENAI de Educação.
 
Equipe técnica que participou da elaboração desta obra
Diretor de Educação e Tecnologia
Manoel Pereira da Costa
Gerente de Educação Básica
Ângela Maria Ferreira Buta
Gerente de Tecnologia e Inovação
Cristiane dos Reis Brandão Neves
Apoio Técnico
Ariana Ramos Massensini
Revisão Ortográfca e Normatização
FabriCO
Design Educacional, Diagramação, Ilustração, 
Projeto Gráfico Editorial
Equipe de Recursos Didáticos do Núcleo de Educação 
a Distância- SENAI/SC em Florianópolis
Fotografias
Banco de Imagens SENAI/SC 
http://www.sxc.hu/ 
http://office.microsoft.com/en-us/images/ 
http://www.morguefile.com/
SESI SENAI – Departamento Regional de Goiás 
Av. Araguaia , nº 1544 – Setor Vila Nova 
CEP: 74.610-070 – Goiânia/GO 
Fone: (62) 3219-1300 
www.sesigo.org.br 
www.senaigo.com.br 
 
 
____________________________________________________________ 
S514i 
 SESI-GO. Filosofia . Goiânia, 2010. 
 202p. : Il. 
 1.Educação a distância. 2. Filosofia. 3. Plano de estudo. 
 2. Metodologia de ensino 
 I. Autor. II. Título 
 CDD – 107 
__________________________________________________________ 
SUMÁRIO
 Î CARTA AO ALUNO .................................................................7
 Î APRESENTAÇÃO ...................................................................9
 Î PLANO DE ESTUDO .............................................................11
 Î METODOLOGIA DE ESTUDO ................................................13
 Î MÓDULO I – Cultura Mitológica Grega, Pensamento 
Filosófico na Grécia Antiga e no Período Medieval ....................15
 Î MÓDULO II – Filosofia da Mente e Filosofia da Ciência ..........69
 Î MÓDULO III – Filosofia da Arte e Lógica .............................117
 Î MÓDULO IV – Dialética, Ética e Política ..............................153
 Î PALAVRAS DO AUTOR .......................................................195
 Î CONHECENDO O AUTOR ...................................................197
 Î REFERÊNCIAS ...................................................................199
Filosofia 7
CARTA DO ALUNO
Prezado aluno,
na perspectiva de que somos convidados a buscar continuamente a aprendi-
zagem e temos como referência inúmeras pesquisas indicando que pessoas com maior 
escolaridade têm diversas oportunidades no mercado de trabalho, o SESI SENAI – De-
partamento Regional de Goiás, atento a essas demandas, desenvolve cursos de aperfei-
çoamento profissional na modalidade Educação a Distância (EaD).
Com isso objetivamos democratizar o acesso à educação, possibilitando uma 
aprendizagem efetiva e autônoma, em que você, aluno, não precise se ausentar do tra-
balho ou de casa para ampliar seus conhecimentos. Vale ressaltar que os cursos de Edu-
cação Continuada na modalidade EaD foram criados tendo em vista as atuais demandas 
de qualificação, por isso oferecemos a você cursos de informática básica, geohistória, 
novas regras ortográficas, empreendedorismo, educação ambiental e outros.
Este material foi preparado para auxiliá-lo em seus estudos e contribuir como 
fonte de pesquisa e consulta, estando disponível nas bibliotecas do SESI SENAI em 
Goiás.
Desejamos sucesso em sua caminhada, e que você continue sendo parceiro na 
promoção contínua da educação de qualidade.
APRESENTAÇÃO
9Filosofia
Olá! Seja bem-vindo ao curso de Filosofia fornecido pelo sistema de educação 
a distância do SESI SENAI. Espero que você possa desfrutar deste curso da melhor for-
ma, estando apto, após a conclusão, a desenvolver reflexões de forma autenticamente 
filosófica em suas relações sociais, seja nas situações corriqueiras ou mais complexas. 
Desejo e acredito que você poderá dominar os principais pressupostos da história da 
filosofia, sobretudo até o Período Medieval. 
Filosofia é uma palavra de origem grega (philos = amigo; sophia = sabedoria) 
e, em seu sentido estrito, designa um tipo de especulação que se originou e atingiu 
apogeu entre os antigos gregos, tendo continuidade com os povos culturalmente domi-
nados por eles. É claro que, atualmente, nada impede que em qualquer parte do mundo 
se faça especulação “à moda grega”, isto é, filosofia.
Mas, se afirmamos que esse tipo de especulação é diferente e tem caracte-
rísticas próprias, quais são elas, afinal? O que é filosofia? É exatamente isso que vamos 
descobrir e compreender juntos, ao longo do curso. 
Bons estudos!
11
PLANO DE ESTUDO
Filosofia
Objetivos Gerais
 Î Historicizar as principais teorias do pensamento filosófico.
 Î Possibilitar reflexões filosóficas com autonomia, por meio das principais teorias do 
pensamento. 
Objetivos Específicos
 ÎDominar, a partir da filosofia, diversos campos do saber em múltiplas áreas do 
conhecimento.
 Î Estimular a atividade reflexiva, a inquietude, e analisar os fenômenos materiais e 
simbólicos do mundo. 
 Î Entender como identidades, culturas e sociedades foram constituídas ao longo da 
história, em meio a construções de teorias do conhecimento e de epistemologias. 
 Î Aproximar a disciplina filosófica das atividades cotidianas. 
 Î Analisar a curiosidade humana como princípio dos questionamentos filosóficos em 
busca da compreensão da natureza.
METODOLOGIA 
DE ESTUDO
13Filosofia
Este curso está dividido em quatro módulos de estudos, sendo que cada um 
contém dez aulas. O curso foi elaborado de forma a desenvolver suas habilidades e 
competências a partir do pensamento filosófico. 
Em todo o conteúdo você encontrará objetos instrucionais, que estarão dis-
poníveis para você explorar conceitos e aspectos centrais dos assuntos estudados. Você 
verá quadros de destaque, curiosidades, dicas, reflexão, saiba mais, importante, atenção, 
entre outros.
Lembre-se de que, ao terminar uma aula, é importante que você tire todas as 
dúvidas com seu professor tutor e sempre resolva todas as questões antes de passar 
para a próxima etapa. 
Assim, dedique momentos do seu dia para o estudo. Nossa sugestão é de uma 
hora por dia, em local calmo e arejado. Mas lembre-se de fazer um pequeno intervalo 
de dez minutos durante esse momento de estudo. 
Prepare-se para iniciar essa trajetória e enriquecer seus conhecimentos!
Filosofia 15
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste módulo você terá subsídios para:
 Î compreender o porquê do surgimento da filosofia a partir da mitologia;
 Î compreender a origem da filosofia e sua importância ao longo da história até os 
dias atuais;
 Î analisar a influência do pensamento filosófico na cultura e nos povos da Antiguida-
de e da Idade Média.
Aulas
Acompanhe, neste módulo, o estudo das seguintes aulas:
 
 Î AULA 1: Mitologia: impactos culturais entre os gregos 
no Período Clássico
 Î AULA 2: Sobre o amor: O Banquete
 Î AULA 3: Mitologia, poesia e filosofia no mundo grego
 Î AULA 4: Nascimento da filosofia
 Î AULA 5: As primeiras perguntas filosóficasÎ AULA 6: Principais etapas da história da filosofia grega
 Î AULA 7: Filosofia Pré-Socrática e Socrática
 Î AULA 8: Filosofia Sistemática e o Período Helenístico
 Î AULA 9: Patrística e Escolástica
 Î AULA 10: Renascença
MÓDULO 1
Cultura Mitológica Grega, Pensamento Filosófico 
 na Grécia Antiga e no Período Medieval
Módulo 116
Para início de conversa
Seja bem-vindo ao fascinante mundo da filosofia. Neste primeiro módulo você 
acompanhará o surgimento e a história do pensamento filosófico, bem como a cultura 
e os valores que o circundavam em sua origem e em seu desenvolvimento. Uma vez 
compreendida sua origem, vamos adiante na história até a Idade Média e o Período Re-
nascentista, avaliando a importância da filosofia nessas épocas e seus reflexos no futuro.
Bons estudos!
Aula 1
Mitologia: impactos culturais entre os gregos no Período 
Clássico
As reflexões e os objetivos deste primeiro estudo serão sobre os impactos da 
cultura grega a partir de reflexões no campo mitológico.
? Você já pensou sobre a maneira como os gregos do Período Clássico pensavam suas relações culturais a partir da religião?
Antes da constituição de um pensamento filosófico, notamos as formas de 
percepção e experiência do amor, representadas nas narrativas lendárias e escritos 
literários da época, sobre seus sistemas de regras e relações de poder.
O mito foi uma das primeiras formas de esclarecimento sobre a ori-
gem humana. Pautados nele, os gregos construíram suas concepções 
de conduta moral, social e política. 
Filosofia 17
As explicações míticas não fornecem informações claras, deixando questões 
abertas para serem descobertas e estudadas. Elas são uma importante fonte de co-
nhecimento do pensamento grego e de suas características de culto. Revelam como os 
gregos se relacionavam com a natureza, a sociedade e os costumes. 
Ao longo da história, ocorreram modificações de determinadas narrativas 
míticas. Parte desse fato deveu-se às alterações culturais e às recriações orais, como 
ressalta o mitógrafo Junito Brandão (1987), em seu estudo sobre a mitologia grega:
Mitógrafo: estudioso das narrativas mitológicas.
G Glossário
O mito é sempre uma representação coletiva, transmitida através de várias ge-
rações e que relata uma explicação do mundo. Mito é, por conseguinte, a parole, 
a palavra revelada, o dito... O mito expressa o mundo e a realidade humana, mas 
cuja essência é efetivamente uma representação coletiva, que chegou até nós 
através de várias gerações. E na medida em que pretende explicar o mundo e o 
homem, isto é, a complexidade do real, o mito não pode ser lógico. (BRANDÃO, 
1987, p. 36)
NOTA
Na Grécia, durante o Período Clássico, o mito se estabeleceu como um im-
portante elemento cultural da sociedade e exerceu profunda influência no cotidiano 
dessa população. Notamos que os deuses, diferentemente das religiões cristãs, possuí-
am atributos similares aos humanos.
Módulo 118
Os deuses expressavam sensações e sentimentos em uma determi-
nada ocorrência da mesma forma que um mortal, mas não tinham 
preocupação com relação a aspectos de idade e mortalidade, visto 
que eram imortais, ao contrário dos humanos. 
As similaridades mostram o quanto os deuses eram culturalmente presentes 
na realidade social grega. Nos poemas de Homero, percebemos que o mundo dos deu-
ses e dos mortais era interligado. Havia até relações amorosas entre os mortais e os 
deuses, sendo que estes se apaixonavam tão intensamente quanto os mortais.
A relação amorosa clássica entre um mortal e um deus é percebida 
no mito de Apolo e Daphne.
Os gregos adoravam os deuses por representações simbólicas.
A mitologia grega acolheu frequentemente novos deuses na sua consti-
tuição religiosa, de forma que os antigos deuses não perdiam seu lugar.
Filosofia 19
Parte dessas representações visava à certa aproximação do mundo dos mor-
tais com o dos deuses e, em geral, tais modelos representativos se encontravam nas 
atividades artísticas produzidas em referência a eles.
Os gregos antigos acreditavam que os deuses encarnavam nas está-
tuas construídas, sob um âmbito antropomórfico.
? Curiosidade
Os deuses tradicionais são caracterizados por serem guardiões de uma orde-
nação moral, visando à moderação, evitando excessos, sobretudo pregando a sabedo-
ria. Apolo se encaixa bem como um exemplo desse deus tradicional. A religião grega 
influenciava diretamente a concepção dos antigos em sua relação com o mundo. Por 
conta do mistério que envolvia a origem dos homens, principalmente entre os antigos, 
o sexo e o amor passavam a ser um dos principais meios de análise e questionamen-
to em relação a essa origem. Por causa disso, vários mitos foram desenvolvidos com 
relação intrínseca à sexualidade e, a partir destes, podemos identificar determinadas 
características do imaginário da Grécia Clássica.
Afrodite (ou a Vênus dos romanos), deusa da beleza, do amor e da 
paixão, é um dos exemplos.
A mitologia frequentemente mostra essa deusa ajudando os amantes a supe-
rarem obstáculos. A influência de Afrodite na vida dos gregos dizia respeito à relação 
entre o amor e a afetividade.
 
Módulo 120
Figura 1 - O nascimento da virgem, Wiliam – Adolphe Bougereau, 1879
Originário de Chipre, o culto a Afrodite estendeu-se por Esparta, Corinto e 
Atenas. Os cânticos de Homero retratam-na como filha de Zeus e Dione. Casou-se 
por ordem de Zeus com Hefesto, o mais feio dos imortais, a quem foi muitas vezes 
infiel: com Ares, com quem teve alguns filhos, entre eles, Eros; foi amante de Hermes, de 
Dioniso e também de alguns mortais. À medida que seu culto se estendia pelas cidades 
gregas, aumentava o número de seus atributos, quase sempre relacionados ao erotismo, 
amor e fertilidade. 
Na Grécia, a palavra aphrodisia designava as relações amorosas e 
significava aquilo que está sob domínio de Afrodite.
! Importante
Filosofia 21
Outro gênero de divindades relevantes eram as vinculadas à ascendente 
religião de mistério. O culto a Dioniso é um exemplo claro da crescente religião de 
mistério entre os gregos no Período Clássico. Deuses como Dioniso são considera-
dos a antítese dos deuses tradicionais. Em torno do seu culto havia muitas restrições, 
principalmente por parte dos membros ligados à aristocracia, devido ao fato de ser um 
deus que rompia com a lógica apolínea, própria dos deuses tradicionais. Por isso, nunca 
foi reconhecido como um deus olímpico. As festas gregas sempre estiveram ligadas à 
religião. As de Dioniso incluíam as representações teatrais que atraíam muitos especta-
dores. Eram festas marcadas por procissões, danças e carnavalizações.
As festas dionisíacas eram carregadas de erotismo, apesar de terem um ca-
ráter religioso. No pensamento grego antigo, as noções daquilo que hoje definimos 
moralmente como sagrado e profano estavam imbricadas.
? E as culturas que se desenvolveram no mundo hebraico e cris-tão?
Está curioso para conhecer esse assunto? Então reúna interesse e atenção e siga em 
frente.
Essas culturas mostram modificações na correlação do sagrado e da prática 
religiosa, ou seja, as ações morais são necessariamente ações de obediência a costu-
mes. Assim, ao contrário do mundo grego, elementos que representassem excessos e 
libertação de impulsos foram avaliados como moralmente inadequados e distantes de 
qualquer caráter religioso.
Nos festivais de Dioniso, sobretudo em Atenas, havia performances dramáticas, 
de forma que seu culto era visto entre os gregos como de gênero dramático. Progres-
sivamente, seu culto tornou-se tão difundido que passou a ser praticado inclusive em 
Delfos, santuário de Apolo.
Dioniso também era o deus das almas e sua proteção abarcava todo 
o ciclo de vida. 
 
Módulo 122
As representações mais antigas de Dioniso mostram-no como um velho de 
barbas, enquanto que as mais recentes representam-no como jovem.
Figura 2 - Estátua de Dioniso, 
restaurada no século XVIII. 
Coleção do Cardeal Richeleu, 1793
+
Saiba
Mais
Para ampliar os conhecimentossobre os assuntos abordados, 
você tem indicações muito interessantes.
 Î BRANDÃO, J. S. Mitologia grega. Petrópolis: Vozes, 1987, 
v. 2.
 Î VERNANT, J. P. Mito e pensamento entre os gregos. 
Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 1990.
Este assunto está interessante, certo? Conhecer o Período Clássico na Gré-
cia nos leva a uma viagem fantástica pela história das relações culturais entre deuses e 
mortais. Mas a próxima aula levará você a compreender cada vez mais o pensamento 
filosófico de uma época cheia de mitologias.
Filosofia 23
Aula 2
Sobre o amor: O Banquete 
? Você pôde perceber o quanto a vida religiosa (mitológica) dos gregos intuía o comportamento dos indivíduos no campo social?
 Em parte, as narrativas míticas direcionaram o início do pensamento 
filosófico. 
Um exemplo disso está na obra O Banquete, publicada pelo filóso-
fo Platão.
! Importante
Nela você perceberá a reunião de vários filósofos, poetas e intelectuais discu-
tindo sobre o amor em meio a um banquete. Você notará o quanto as entidades mito-
lógicas vinculadas aos sentimentos de afetividade são essenciais nos diálogos apresenta-
dos na obra.
 
Um dos objetivos de Platão, na obra O Banquete, produzida (apro-
ximadamente) no ano de 384 a.C., foi resgatar a antiga preocupação 
moral nas orientações sobre os sentimentos de amor e afetividade, 
orientando a juventude da melhor forma, ou seja, sem separar o pro-
cesso educacional e político desses rituais de formação do homem 
grego.
? Curiosidade
Módulo 124
A obra trata das virtudes originais da cultura grega a partir dos diálogos em 
que figuram as ideias de Aristófanes, Sócrates e Agatão sobre o deus Eros e o amor.
Figura 3 - Ideias de Aristófanes, Sócrates e Agatão.
Ao todo foram sete discursos em louvor a Eros. Destaca-se o diálogo em que 
a personagem Alcebíades, fingindo embriaguez, declara seu amor a Sócrates.
No início da narrativa, Aristodemo se espanta ao ver Sócrates muito bem 
arrumado, já que este costumava não se preocupar com isso quando andava pelas ruas 
de Atenas. Ambos caminham juntos à casa de Agatão, que era um poeta de Atenas, 
convidados a participar de um banquete. Aristodemo chegou ao local primeiro, porque 
Sócrates encontrou pessoas no caminho e travou algumas conversas, ocasionando seu 
atraso. O filósofo só aparece quando a refeição já estava por acabar e senta-se ao lado 
de Agatão. Assim iniciam os discursos acerca do amor:
Disse ele que o encontrara Sócrates, banhado e calçado com as sandálias, o que 
poucas vezes fazia; perguntou-lhe então onde ia assim tão bonito. Respondeu-lhe 
Sócrates: – Ao jantar em casa de Agatão. Ontem eu o evitei, nas cerimônias da 
vitória, por medo da multidão; mas concordei em comparecer hoje. (PLATÃO, 
1972, p. 15)
NOTA
Filosofia 25
Fedro toma a palavra, argumentando que o ideário de amor caminha em con-
vergência com um grande deus – Eros, admirado pelos homens e deuses. Eros exerce 
influência tanto no mundo dos mortais como no dos deuses.
Pausânias defende a ideia da existência de dois amores. Define esses dois amo-
res partindo das duas espécies de Afrodite:
 ÎO amor de Afrodite Pandemia é o amor puramente carnal, banal e direcionado a 
qualquer pessoa: “o Amor de Afrodite Pandemia é realmente popular e faz o que lhe 
ocorre; é a ele que os homens vulgares amam.” (PLATÃO, 1972, p. 21).
 ÎO amor de Afrodite Urânia existe somente entre os homens, visto que se trata do 
amor intelectual e não carnal.
O médico Erixímaco, outro personagem inserido na trama por Platão, entra 
em cena esclarecendo as características de Eros e tecendo analogias com a medicina. 
Aristófanes aborda o Mito dos Andróginos. Define o andrógino como um ser duplo, 
com duas faces e oito membros, um ser com forma descomunal, condenado pelos deu-
ses a buscar, durante suas vivências, a unidade perdida.
Aristófanes dedica elogios ao deus do amor e àqueles que buscam efetivamen-
te encontrar a sua outra metade. Agatão, anfitrião do banquete, resolve então discur-
sar.
 Ele atribui adjetivos a Eros e ao amor, como:
 
Figura 4 - Adjetivos a Eros e ao amor.
Sócrates valoriza a mulher no discurso do amor; cita Diotima como 
sendo a mulher responsável por tudo o que sabe sobre o amor.
! Importante
Módulo 126
Desde essa posição, argumenta que Eros é o intermediário entre os mortais e 
os deuses, assim servindo de ponte na relação dos dois mundos.
Platão, influenciado no que Sócrates afirmou, defende que o deus Eros tem o 
mesmo papel de um filósofo, exatamente por ocupar um lugar intermediário entre a 
sabedoria e a ignorância. Em suas palavras:
Um deus com um homem não se mistura, mas é através desse ser que se faz 
todo o convívio e diálogo dos deuses com os homens, tanto quando despertos 
como quando dormindo; e aquele que em tais questões é sábio é um homem de 
gênio, enquanto o sábio em qualquer outra coisa, arte ou ofício, é um artesão. 
E esses gênios, é certo, são muitos e diversos, e um deles é justamente o Amor 
(PLATÃO, 1972, p. 41).
NOTA
O diálogo é finalizado quando Alcebíades relata as experiências de amor filo-
sófico compartilhadas com o filósofo Sócrates.
A reflexão abordada nesta aula permite-nos avaliar o amor a partir da cultura 
grega, por meio de uma obra repleta de mitologias. Confira a seguir o que o mundo 
grego revela na poesia e na filosofia.
+
Saiba
Mais
Para conhecer mais sobre o assunto abordado nesta aula, leia:
 Î PLATÃO. O Banquete. São Paulo, SP: Clássica, 2005.
Filosofia 27
Aula 3
Mitologia, poesia e filosofia no mundo grego
No mundo grego, as produções artísticas em referência ao deus Apolo eram 
sempre direcionadas ao elemento de beleza, à eterna juventude e ao belo sonho. A 
arte em memória ao deus Dioniso, por sua vez, repousava no arrebatamento e na em-
briaguez. A peculiaridade do modelo artístico dionisíaco está na conjugação da lucidez 
com a embriaguez. Dioniso representava diretamente questões com uma conotação 
artisticamente irracional e sobrenatural.
De acordo com o filósofo Nietzsche, “o novo mundo artístico, o mundo do 
sublime [...], o mundo da ‘verossimilhança’, repousava sobre uma outra visão dos 
deuses e de mundo, diferente da antiga, inerente à bela aparência.” (NIETZSCHE, 
2005, p. 26). 
NOTA
Na obra Assim falava Zaratustra o dionisíaco é pensado por Nietzsche como 
uma selvagem sabedoria que oferece uma imagem da vida muito próxima de como ela 
se mostra, embora Zaratustra afirme que, do fundo do seu ser, seu amor dirige-se pro-
priamente à vida e à sabedoria apenas quando fala da vida, animada por esses impulsos 
selvagens.
A sabedoria trágica dionisíaca, dissertada na obra O nascimento da tragédia 
como conjugação dos impulsos apolíneos e dionisíacos, foi identificada por Nietzsche 
como uma concepção profunda e séria dos problemas éticos e estéticos. Essa concep-
ção, que se pode definir por “sabedoria dionisíaca”, é concebida a partir da caracteri-
zação do impulso dionisíaco como a matriz de onde nasceu a arte trágica, ou seja, as 
tragédias gregas eram eminentemente dionisíacas. 
Em seus textos da juventude sobre a visão dionisíaca do mundo, Nietzsche ar-
gumenta que o dionisíaco levava a sociedade grega às ilusões; as tragédias gregas eram 
dionisíacas. Havia na população grega certo receio ao dionisíaco, e a ideia do apolíneo 
existia exatamente para contrabalançar; seria o ópio para suportar o dionisíaco.
Apolo era, grosso modo, o deus da moderação, da individualidade e da intelectu-
alidade. Quanto ao personagem Dioniso, avistam-se características distintas, exatamen-
te porque ele representava a “embriaguez do sofrer” enquanto o apolíneo era o “belo 
sonho”, uma espécie de antídoto para o dionisíaco na sociedade grega.
Módulo 128
?
Como você pode compreender melhor uma cultura? Já havia 
pensando nisso antes?
Na constante busca de compreender uma determinada cultura, é necessário 
não somente se ater à documentação escrita, mas analisar esculturas e diversas con-
cepções de arte e símbolos. Por essa modalidadede testemunho do passado podemos 
entender certos costumes. Na ilha grega de Lesbos, identificamos uma artista clara-
mente dionisíaca, a grande poetisa Safo.
O filósofo Sócrates analisou o amor a partir da conversa que ele teve com 
uma mulher, conforme você verificou na aula anterior.
?
Você sabia que, no mundo antigo, a mulher não era entendida 
como digna de produzir reflexões profundas, nem mesmo conhe-
cimento filosófico? 
Nesse sentido Sócrates foi revolucionário, por valorizar o papel feminino nos 
campos do pensamento humano. Contudo, poucas mulheres na Grécia Clássica tinham 
a oportunidade de desenvolver suas erudições e dificilmente encontravam-se mulheres 
filósofas ou poetisas. Por isso você conhecerá agora uma dessas exceções!
ATENÇÃO
Vamos conhecer a vida de uma po-
etisa chamada Safo, tendo-se em vis-
ta que ela enfrentou todo precon-
ceito contra as mulheres gregas e 
mostrou sua força como intelectual.
Filosofia 29
Safo: No grego antigo, .
G Glossário
Figura 5 - Safo Eresia
Safo pertencia à nobreza da região. Ela encarna a poesia lírica, eólica, cujos po-
emas exprimem sentimentos pessoais, existenciais e, por isso, diferenciam-se da poesia 
lírica tradicional e das produzidas com foco puramente religioso e cívico.
Lesbos era uma ilha de grande extensão ao norte do mar Egeu. A origem 
contemporânea do imaginário em torno de alguns termos ligados ao erotismo foi cons-
truída sob a ressonância das ideias da poetisa, vinculada à região onde residiu, aproxi-
madamente entre os anos 630 e 612 a.C. Tratava-se de uma povoação bem importante, 
uma região rica, que mantinha relações com várias cidades gregas da Ásia Menor. Sobre 
a ilha de Lesbos, a intelectual Claude Mossé esclarece que:
Cada uma das aglomerações da ilha era muito ciosa de sua in-
dependência face às vizinhas, mas todas falavam o mesmo diale-
to grego, chamado eólico, que teria chegado ali trazido por um 
grupo de aqueus que havia participado do sítio de Troia; e uma 
grande família de Lesbos, a dos Pentílides, pretendia descender 
de Orestes, filho de Agamenon, chefe da grande expedição 
aqueia. (MOSSÉ, 1992, p. 39) 
Módulo 130
Claude, helenista francesa, lecionou história grega nas universidades 
de Rennes e Clermont-Ferrand. Foi uma das fundadoras da Paris VIII 
e, durante a década de 80, trabalhou por um curto período na USP e 
na UFRJ.
As mulheres em Lesbos gozavam de independência parcial e status, que não 
mais conheceriam nos séculos V e IV a.C. (época clássica). O casamento era uma obri-
gação e, dessa forma, Safo respeitou a tradição e tornou-se esposa de um homem rico 
da ilha de Andros, chamado Kerkilas. Teve uma filha com o mesmo nome da mãe de 
Safo, Kleis. No imaginário grego, a mulher deveria ser a guardiã do oikos.
Andros: Remete à ideia da androgenia
Oikos: Termo referente à ideia contemporânea de casa. 
G Glossário
As obras de Safo contêm poemas ardentes, sensuais e amorosos. Por escapar 
aos padrões da época, a poetisa foi fortemente criticada pelos homens gregos, sendo 
considerada uma pessoa desregrada.
Para muitos intelectuais, a participação das mulheres na filosofia e nas artes 
não era aceita. Em Atenas, Safo foi ridicularizada por poetas cômicos do gênero de 
Aristófanes. A historiografia dispõe de poucos documentos que registrem as poesias 
produzidas por mulheres. Os poemas de Safo pertencem à seleta documentação que 
diz respeito a isso. 
Segundo alguns estudiosos, Safo era de baixa estatura, morena e de pouca 
beleza estética. Isso, em certa medida, demonstra que a vinculação de seus amores não 
era puramente física. Muitos a traduzem como um Sócrates feminino. Lendo as poesias 
de Lesbos, é fácil identificar porque ela foi tão impactante em sua época:
Filosofia 31
Parece-me igual aos deuses este homem que, sentado frente a ti, bem de perto 
ouve tua voz tão doce. E este riso encantador que, eu juro, fez fundir meu cora-
ção dentro de meu peito; pois mal te vejo um instante, não me é mais possível 
articular uma palavra. Mas minha língua emudece, e sob minha pele de repente 
desliza um fogo sutil: meus olhos não têm olhar, minhas orelhas zumbem. O suor 
escorre por meu corpo, um calafrio me toma por inteira, fico mais verde que a 
relva e por muito pouco não sinto chegar minha morte. (SAFO, apud MOSSÉ, 
1973, p. 43 )
NOTA
Segundo o poeta ateniense Menandro (século IV a.C.), a poetisa Safo foi apai-
xonada por um homem chamado Fáon, sendo que ela o perseguiu com amor furioso. 
Esse amor não correspondido possivelmente levou-a ao suicídio. Ela lançou-se ao mar 
do alto da rocha da ilha de Lêucade. Apesar de ter sido associada a uma imagem (mo-
ral) negativa, não deixou de ser glorificada por sua técnica e seu talento.
As jovens em Lesbos podiam receber uma formação educacional considera-
velmente avançada para a época, em comparação com as mulheres gregas que viviam 
em outras regiões, restritas desde a infância à casa, sob a autoridade da mãe, sendo 
preparadas para o casamento. Existia um processo educacional especialmente dedicado 
às mulheres, uma pedagogia voltada, em geral, à formação artística, incluindo a educação 
filosófica. Essa formação inseria atividades esportivas: Safo foi monitora de uma mulher 
que, posteriormente, foi campeã de corrida pedestre.
Com relação à educação feminina, o historiador Marrou (1973, p. 64) disserta:
O ensino feminino, por muito tempo ofuscado em virtude 
da predominância masculina na civilização grega, só torna a 
aparecer novamente às claras muito mais tarde, pouco antes 
de abrir-se a época helenística. Manifesta-se, em particular, nos 
concursos em que o espírito, como hoje os nossos exames, de 
aferição dos estudos.
A poetisa Safo foi beneficiada por essa perspectiva de exceção que ocorria no 
ensino da arte e filosofia em Lesbos. 
Módulo 132
Nesta aula você pôde acompanhar a revolução da arte do mundo feminino 
pela produção da poetisa Safo. Estudar as movimentações artísticas de uma época é 
muito instigante, pois leva você a analisar um período muito rico em nossa história. 
Então, aproveite todo esse contexto filosófico!
+
Saiba
Mais
Veja algumas obras para ajudar você a ampliar seus conhecimen-
tos em relação à temática da aula.
 Î REVISTA: Amor e sexualidade no Ocidente. Porto Alegre, 
RS: L&PM, 1992.
 ÎMARROU, Henri Irénée. Da pederastia como educa-
ção. In: ______. História da educação na Antiguidade. São 
Paulo, SP: EPU, 1973.
 ÎNIETZSCHE, Friedrich. A visão dionisíaca do mundo. 
São Paulo, SP: Martins Fontes, 2005.
Aula 4
Nascimento da filosofia
Até o momento você adentrou o cenário e o imaginário do mundo grego 
anterior ao advento da filosofia.
 A filosofia surge após o período analisado há pouco, aproximadamen-
te no ano 500 a.C., quando, depois um longo período fundamentan-
do-se em argumentações mitológicas e religiosas, os seres humanos 
começam a questionar, a buscar respostas e a exigir provas raciona-
lizadas sobre a natureza do mundo. Quando os homens procuram 
argumentar e debater as condições e os pressupostos dos pensamen-
tos, estabelecem uma atitude ativa e crítica frente às grandes dúvidas, 
que antes eram sanadas por uma argumentação metafísica e religiosa. 
Filosofia 33
A primeira etapa de desenvolvimento desse novo campo reflexivo reside na 
ideia de dizer não aos preconceitos e aos prejuízos, isto é, analisar tudo, abandonando 
crenças e tentando compreender as coisas no mundo tal como elas demonstram ser, 
por elas mesmas. Assim, é possível interrogar sobre as ideias, fatos e situações diversas 
da vida, inclusive sobre nós mesmos.
Segundo o filósofo Platão, a filosofia surge com a admiração ou com 
o espanto, ou seja, quando somos capazes de reconhecer nossa igno-
rância e, por isso, podemos atingir ou vislumbrar a sua superação.
O espanto ocorre porque, por meio do pensamento, há o distanciamento do 
senso comum, dos hábitos costumeiros, e observa-se o mundo e as relações humanas 
de forma singular, como um renascimento.
A filosofia dá seu pontapé inicialefetivamente quando alguns seres huma-
nos abandonam suas crenças cotidianas e preenchem lacunas com perguntas sobre a 
realidade natural, o mundo das coisas e a realidade antropológica do mundo, isto é, a 
relação dos homens na natureza.
Em um primeiro momento, a filosofia desenvolve-se de forma estranha aos 
seres humanos. De maneira espantosa, incompreensível e enigmática. A filosofia nasceu 
e, ao longo da história, desenvolveu-se sempre em momentos de crise sobre as teorias 
do conhecimento.
Figura 6 - Desenvolvimento da filosofia
Módulo 134
Produzir filosofia é perceber os níveis de contradição, incoerência, incompati-
bilidade e ambiguidade de nossas crenças cotidianas nos momentos de crise e nos perí-
odos críticos em relação aos sistemas religiosos, éticos, científicos, artísticos e políticos.
O conceito de verdade, racionalidade, aplicação prática de conhe-
cimentos, acúmulo de saberes e correções, ou seja, todos esses 
elementos das ciências não são, por natureza, científicos, são inteira-
mente filosóficos.
! Importante
O cientista necessariamente parte dos argumentos filosóficos, lida com hipó-
teses básicas que supostamente já foram respondidas. Por outro lado, na filosofia tudo 
é princípio de dúvida e é passível de correção. Você pode perceber, assim, que parte do 
trabalho das ciências pressupõe, como coexistentes ou como condições, investigações 
anteriores de caráter filosófico.
ATENÇÃO
É muito corriqueiro encontrar 
pessoas dizendo que filosofia 
não serve para nada.
Isso ocorre justamente porque a filosofia cumpre o papel de apresentar as 
premissas daquilo que posteriormente se torna ciência ou algum instrumento utilitário. 
Dessa forma, o senso comum apenas percebe aquilo que já está pronto, apresentado no 
mundo, e não pensa sobre o que o constituiu.
Uma atitude filosófica consiste essencialmente na indagação, isto é, em per-
guntar sobre o valor das coisas, seja uma ideia, um comportamento, a significação de 
elementos da natureza, a estrutura histórico-social do mundo, as relações de poder que 
constroem uma realidade ou a origem e a causa de algo.
Filosofia 35
A filosofia, desde o seu princípio, trabalha com enunciados precisos 
e rigorosos, envolve a busca por encadeamentos lógicos de ideias, 
opera conceitos a partir de procedimentos de demonstração e 
prova hipotética, exige em sua natureza uma fundamentação autenti-
camente racional e inventiva em relação ao problema pensado sobre 
questões diversas da vida. 
O termo “filosofia”, segundo alguns registros históricos, foi proferido e inaugu-
rado pelo intelectual grego Pitágoras de Samos:
Figura 7 - Escultura representativa do filósofo 
pré-socrático (cosmológico) Pitágoras de Samos
Pitágoras teria argumentado que a sabedoria completa e plena pertenceria 
às vontades e aos poderes das entidades religiosas, dos deuses. Contudo, os homens 
podem claramente desejar alcançar tal sabedoria, podem amá-la e, ao fazerem isso, 
acabam por tornarem-se filósofos.
Viu como a filosofia surgiu por causa das inquietudes propostas por alguns 
pensadores? Quando elas expõem o que pensam, independentemente da razão ou da 
emoção, o conhecimento começa a ser investigado pelo ser humano. A partir disso, 
você deve estar achando que a filosofia é algo muito valioso para compreender o mun-
do, certo?
Módulo 136
+
Saiba
Mais
Para você refletir um pouco mais sobre o nascimento da filosofia, 
indicamos:
 ÎWOLFF, F. Sócrates: o sorriso da razão. São Paulo, SP: 
Brasilense, 1982.
Assista ao filme: 
 Î SÓCRATES. Direção: Roberto Rossellini. Itália, França, 
Espanha, 1971. 
Aula 5
As primeiras perguntas filosóficas 
Você percebeu que o princípio da racionalidade e a dúvida foram os eixos 
norteadores para que fosse possível a gestão da filosofia?
Figura 8 - Eixos norteadores
Mas quais foram as primeiras perguntas feitas pelos primeiros filósofos? É exa-
tamente isso que você irá descobrir a partir de agora.
Filosofia 37
?
Por que e como os seres nascem e morrem?
O que é o ser humano?
Como é possível de uma só vida nascerem várias outras?
O que faz o dia e a noite existirem?
Por que tudo muda constantemente?
Qual o princípio da mudança da natureza?
Por que e como a doença nos enfraquece e ataca nossos corpos?
Perguntas desse gênero percorreram as mentes dos primeiros intelectuais 
gregos e a filosofia se desenvolveu dentro de indagações como essas!
As tradições culturais e as religiões (mitologias) davam respostas para todas 
essas perguntas, mas os níveis de resposta não mais satisfaziam nem correspondiam à 
visão de mundo dos gregos ou, pelo menos, não designavam a totalidade daquilo que 
eles desejavam que fosse respondido.
Nesse sentido, os historiadores da filosofia defendem a ideia de que a filosofia, 
sob esses pressupostos, deu seus primeiros passos no fim do século VII a.C. e início 
do século VI a.C., em colônias gregas situadas na Ásia Menor, sobretudo na cidade de 
Mileto e em territórios que correspondem hoje à região da Itália.
 
Figura 9 - Mapa da Grécia no Período Clássico (século VI a.C.)
Módulo 138
As primeiras perguntas filosóficas produzidas nesse período continham um 
conteúdo cosmológico, isto é, baseado no entendimento da ordem do mundo, na ori-
gem do pensamento racional, do discurso racional, do próprio conhecimento sobre a 
natureza.
Em vários aspectos, essas primeiras perguntas devem-se ao pensamento 
oriental, dado que esses intelectuais gregos tinham conhecimento da sabedoria oriental, 
produzida sobretudo por egípcios, persas, babilônicos, assírios e caldeus. Além destes, 
poetas gregos como Homero e Hesíodo influenciaram profundamente as formulações 
filosóficas dos intelectuais gregos. Contudo, embora tenham tido influências múltiplas, 
os primeiros filósofos foram bastante inventivos:
Transformaram em conhecimento racional, abstrato e universal 
elementos da sabedoria prática oriental e mitológica permitindo o 
surgimento de conhecimentos como matemática, astronomia, astro-
logia, arquitetura e, principalmente, a invenção da política. 
! Importante
Alguns dos primeiros filósofos promoveram suas reflexões fazendo uma 
ruptura radical com a literatura mitológica, mas outros realizaram isso por uma trans-
formação progressiva, gradual. As mitologias explicavam o mundo pela cosmogonia e 
teogonia, ou seja, pelos engendramentos do mundo e da organização dele a partir dos 
seres divinos, das entidades religiosas da época e dos deuses. É uma narrativa sobre a 
origem do mundo, da natureza e dos próprios deuses, tomando como referência seus 
antepassados.
 
? O que a filosofia faz de diferente em termos de reflexão compa-rada à mitologia? 
Filosofia 39
Enquanto a mitologia explica o mundo por padrões de cosmogonia e teogonia; 
a filosofia propõe uma cosmologia, isto é, uma explicação racionalizada sobre a origem 
do mundo, sobre os efeitos e as causas das grandes transformações da natureza. 
Parte da atitude filosófica da época era baseada em um ceticismo sobre o 
conhecimento, ou melhor, havia uma postura de dúvida sobre a possiblidade de certeza 
objetiva sobre qualquer forma de saber, colocando em questionamento as evidências, 
os juízos, visando a evitar opiniões de caráter dogmático.
 
O dogmatismo é a atitude de aceitar a existência de tipos de ver-
dade absoluta no mundo, que são sempre considerados certos e 
seguros, independentemente das situações de prova em que são 
colocados, isto é, representam a postura de fazer afirmações sem 
provas materiais com evidências claras.
! Importante
? Em que condições históricas a filosofia surgiu?
Com as viagens marítimas foi permitido aos gregos alcançar os locais onde se 
acreditava existirem e viverem os deuses, como os mares em que viveriam os monstros 
representados nas literaturas da época. Essas descobertas promoveram o desencan-
tamento dos gregos com suas narrativas religiosas, propiciando indagações em outra 
ordem reflexiva que a mitologia não mais era capaz de resolver. 
Módulo 140
Figura 10 - Invençãoda escrita
A invenção do calendário e da escrita alfabética enquanto um veículo de 
cálculo do tempo e codificação das coisas revelou ao homem uma nova capacidade de 
abstração e convenção do mundo. Nas relações de convivência com a natureza e com a 
sociedade. Sob essas circunstâncias foi encontrada a formação prática e ideal do espaço 
público, da ideia de lei e norma e, sobretudo, das discussões públicas que operavam as 
razões da política e democracia grega.
Percebeu quantas perguntas ocorriam aos intelectuais devido à liberdade de 
exposição dos pensamentos? Esse momento da filosofia nos permite avaliar a constru-
ção da sociedade onde a mitologia era enraizada na vida das pessoas.
+
Saiba
Mais
Aprofunde seus conhecimentos lendo este livro:
 Î CHAUI, Marilena de Souza. Convite à filosofia. 13. ed. 
São Paulo (SP): Ática, 2004. 424p.
Filosofia 41
Aula 6
Principais etapas da história da filosofia grega
 
O conteúdo apresentado até aqui proporcionou a você uma noção ampla do 
cenário religioso e das primeiras manifestações do pensamento filosófico. A partir des-
sas referências, você perceberá quais foram, em linhas gerais, os mais relevantes perío-
dos da filosofia grega. Vamos então percorrer esse campo investigativo?
Foram quatro as principais perspectivas do conhecimento filosófico grego. 
Acompanhe!
1. Período Cosmológico, ou Pré-Socrático
Historicamente situado entre o fim do século VII a.C. e o fim do século V a.C. 
Nessa primeira etapa, a filosofia era produzida e fundamentada dentro dos panoramas 
que questionavam a origem do mundo e as maiores causas das transformações naturais.
Figura 11 - Filósofos pré-socráticos
2. Período Antropológico, ou Socrático
Historicamente identificado entre o fim do século V a.C. e o século IV a.C. 
Momento em que a filosofia assume sua corporeidade ao passar à investigação de 
questões propriamente humanas, atingindo e inaugurando estudos no campo da políti-
ca, ética, sociedade e cultura, visando compreender não mais somente a natureza, mas 
sobretudo a relação do ser humano na natureza.
Módulo 142
 
Figura 12 - Filósofo Sócrates representado 
em uma estátua
3. Período Sistemático
Etapa de maior ampliação cultural dos preceitos filosóficos na Grécia, envol-
ta do fim do século IV a.C. até o fim do século III a.C. Momento em que se propõe 
sistematizar todo conhecimento racional e filosófico formado nas duas fases anteriores, 
isto é, na Cosmologia e na Antropologia Filosófica. Período de grande desenvolvimento 
das teorias do conhecimento, de critérios sistemáticos de captação das verdades nos 
discursos; e do entendimento daquilo que futuramente seria chamado de ciência.
Confira, abaixo, a pintura de Rafael Sanzio que apresenta uma retratação dos 
filósofos do Período Sistemático debatendo temas na Escola de Atenas, fundada por 
Platão. No centro da imagem há dois homens: Platão, à esquerda, ao lado de seu jovem 
discípulo, Aristóteles.
Figura 13 - Escola de Atenas (1509 – 1511)
Filosofia 43
4. Período Helenístico
Situado entre o fim do século III a.C. e o século VI d.C. O período mais longo 
de todos que os representam a filosofia produzida na Grécia Clássica, dado que abran-
ge a época em que se deu o domínio de Roma e o desenvolvimento do cristianismo. 
Momento em que ocorre uma ocidentalização mais completa da filosofia, sobretudo 
porque os gregos, em alguma medida, eram demasiadamente etnocêntricos.
Etnocêntricos: Aqueles que entendem, em todos os aspectos a sua 
etnia, sua cultura, como centralidade e fertilidade de qualquer pensa-
mento.
G Glossário
 
Cada período filosófico visto nesta aula proporcionou uma discussão diferen-
te em torno do conhecimento, a partir da cultura em que expandiu-se, por meio do 
desenvolvimento das teorias filosóficas.
Você tem muita informação para investigar e explorar. Aproveite para trocar 
ideias com o professor tutor, assim você pode interagir mais sobre a temática apresen-
tada.
+
Saiba
Mais
Todas as obras indicadas a seguir proporcionam a expansão do 
seu conhecimento sobre os assuntos abordados.
 Î ARISTÓTELES. Os pensadores – seleção de textos. São 
Paulo, SP: Nova Cultural, 2000.
 Î PLATÃO. Os pensadores – seleção de textos. São Paulo, 
SP: Nova Cultural, 1996.
 Î PRÉ-SOCRÁTICOS. Os pensadores – seleção de textos. 
São Paulo, SP: Nova Cultural, 2000.
Módulo 144
Aula 7
Filosofia Pré-Socrática e Socrática
Por meio do assunto abordado na aula anterior, você pôde dominar introduto-
riamente o período que contempla o cenário filosófico da Grécia Clássica! Agora você 
vai percorrer esses períodos de forma mais delicada e cuidadosa, para dominar com 
maior profundidade a produção do conhecimento pelos gregos na Antiguidade. Vamos 
começar pela primeira linha filosófica, o chamado Período Cosmológico, ou Pré-Socrá-
tico.
Essa filosofia desenvolveu-se em cidades da Jônia, situada na Ásia Menor, nas 
regiões de Mileto, Samos e Éfeso. Também teve fervor na conhecida Magna Grécia, em 
locais como Crotona, Eleia e Trácia. Boa parte dessas localidades são territórios perten-
centes atualmente à Itália. Podemos destacar vários filósofos:
Região da Jônia Anaxímenes de Mileto, Anaximandro de Mileto e Tales de Mileto.
Região de Eleia Parmênides de Eleia e Zenão de Eleia.
Magna Grécia (atual Itália) Pitágoras de Samos, Filolau de Crotona e Árquitas de Tarento.
Demais regiões Empédocles de Agrigento, Leucipo de Abdera e Demócrito de Abdera.
Quadro 1 - Desenvolvimento da filosofia
Figura 14 - Escultura em representação ao 
filósofo Zenão de Eleia
Filosofia 45
Os métodos de produção do conhecimento entre esses filósofos eram basea-
dos em estudos sobre a natureza, envolvendo uma explicação racional e sistemática so-
bre a origem da vida, a ordem e a transformação do mundo natural. O princípio natural 
da existência da natureza era entendido como um agente eterno, imperecível e imortal, 
que seria aparentemente o gerador de todos os seres.
Essa ordem de pensamento não admite o surgimento da vida a partir do 
nada. Ao contrário, afirma que tudo no mundo é dependente de uma 
geração, de uma origem natural, e isso foi chamado por eles de physis.
Os filósofos cosmológicos entendiam que as coisas naturais são movidas, di-
recionadas por algo. O mundo, segundo eles, vivia em contínua transformação, mas por 
uma permanente mudança que se dava de forma ordenada por leis.
Os pontos que diferenciam a filosofia dos teóricos cosmológicos não eram 
seus métodos, mas as respostas filosóficas que alcançavam. Cada pensador pré-socráti-
co tinha uma posição distinta para explicar o surgimento da vida, o sentido da physis.
Tales afirmava que a vida originou-se na água,
Anaxímenes acreditava que o ar era a origem de tudo,
Heráclito dizia ser o fogo.
Enfim, a discordância estava justamente no resultado das suas reflexões filosó-
ficas.
Período Socrático: veja as modificações trazidas por esse 
período
A segunda etapa da história da filosofia grega corresponde ao Período Socrá-
tico (Antropológico). Essa é a época de maior desenvolvimento das cidades gregas, da 
política e da sua democracia. Momento em que é percebida, dentre todas as épocas, 
a busca pela igualdade entre os homens, de acordo com as leis e o direito. Todos os 
cidadãos poderiam participar diretamente do governo, pois havia um pertencimento 
coletivo do bem público.
Módulo 146
No passado, as cidades gregas eram dominadas por aristocracias familiares, por 
senhores de grandes posses e de terras e pelo poderio militar. Nesse novo contexto, 
houve uma emergência para a abertura de horizontes mais frutíferos para a filosofia, 
para a poesia e para os chamados sofistas.
? Você sabe quem foram os sofistas?
Segundo a filósofa brasileira Marilena Chaui:
Historicamente há dificuldades para conhecer o pensamento dos grandes sofis-
tas, porque não possuímos seus textos. Restaram fragmentos apenas. Por isso 
nós os conhecemos pelo que deles disseram seus adversários – Platão, Xenofon-
te, Aristóteles – e não temoscomo saber se estes foram justos com aqueles. Os 
historiadores mais recentes consideram os sofistas verdadeiros representantes 
do espírito democrático, isto é, da pluralidade conflituosa de opiniões e interes-
ses, enquanto seus adversários seriam partidários de uma política aristocrática, 
na qual somente algumas opiniões e interesses teriam o direito de fato perante 
o restante da sociedade. (CHAUI, 2008, p. 43)
NOTA
Sofistas eram aqueles que detinham o domínio da fala, do discurso, da retórica 
entre os gregos e acreditavam que, por esse veículo, poderiam convencer as pesso-
as, persuadindo-as sobre qualquer coisa no mundo, de forma que a verdade, em seu 
sentido puro, não existiria para além dos acordos e convenções humanas. Os sofistas 
ensinavam técnicas de persuasão aos jovens gregos.
Sócrates, o filósofo que definiu esse segundo período da filosofia grega, rebela-
va-se contra os sofistas, argumentando que eles não produziam um conhecimento que 
trouxesse novidades para o mundo. Argumentava que eles não tinham amor pelo co-
nhecimento, pela sabedoria, justamente porque eles defendiam supostamente qualquer 
ideia para se beneficiarem, fazendo a mentira valer tanto quanto a verdade. Ao contrá-
rio dos sofistas, Sócrates propunha a necessidade dos homens conhecerem o mundo 
antropologicamente, isto é, qual a relação dos seres humanos no mundo, na natureza. 
Dessa forma, Sócrates inaugurou, nos estudos de filosofia, reflexões sobre política, cul-
tura, arte, sociedade, ética e história.
Filosofia 47
Um de seus métodos de estudo foi a maiêutica. Consiste na ativi-
dade de esvaziar o sentimento da arrogância e superioridades dos 
homens, possibilitando, por meio de diálogos, que os seres humanos 
possam aprender sobre o mundo conjuntamente, uns com os outros. 
Isso justifica duas de suas frases mais famosas: “Só sei que nada sei” e 
“Conhece-te a ti mesmo”.
! Importante
Contudo, esse comportamento de Sócrates levou os jovens atenienses a segui-
rem-no, de maneira que entre eles houve uma brusca mudança de comportamento 
social. Os jovens de Atenas começam a questionar figuras públicas e políticas, o papel 
das artes e da religião grega. Isso levou à fragmentação da até então intacta cultura gre-
ga. Essa grande mudança custou caro para Sócrates! Ele acabou sendo condenado pelos 
grandes representantes do poder político e público grego, podendo optar pelo exílio 
ou pela morte. 
Sócrates escolheu a morte e, reunido com seus discípulos, pediu 
para que Platão, um de seus orientandos, lhe desse o veneno. Em 
momento algum ele demonstrou tristeza. Teve uma última conversa 
com seus discípulos e, por fim, tomou o veneno de cicuta, colocando 
fim à sua vida. Esse momento representou a conclusão do Período 
Socrático.
? Curiosidade
A pintura a seguir representa a cena que você acabou de ler! O quadro foi 
pintado por Jacques-Louis David e está localizado atualmente no Museu Metropolitan de 
Nova York.
Módulo 148
Figura 15 - A morte de Sócrates (1787)
A filosofia dos períodos Pré-Socrático e Socrático trouxe muitas discussões em 
relação ao conhecimento e a relação do ser humano com o mundo.
Sócrates deixou muitos questionamentos, que você pode continuar pesquisando.
+
Saiba
Mais
A obra indicada a seguir vai proporcionar uma bela viagem pelos 
caminhos filosóficos, permitindo que você explore mais o assunto 
estudado. Aproveite esta indicação!
 Î PLATÃO. Os pensadores – apologia de Sócrates. São 
Paulo, SP: Nova Cultural, 2000.
Filosofia 49
Aula 8
Filosofia Sistemática e o Período Helenístico
Nesta aula você vai perceber a fase que possivelmente seja a mais madura do 
pensamento clássico, caracterizada como Período Sistemático, e também vai compre-
ender a conclusão do saber filosófico grego antigo associado ao apogeu de Roma e à 
decadência do poderio grego.
O Período Sistemático ganhou um enorme destaque graças à filosofia produzi-
da por Platão e seu discípulo Aristóteles.
É um momento em que o saber filosófico passa a se caracterizar por 
um conjunto enciclopédico, isto é, em que há um acúmulo e lapida-
ção de todo pensamento produzido na Grécia, em todos os níveis e 
ramos de conhecimento, articulando a totalidade dos saberes. 
Esse período não consiste, então, em situar uma delimitação filosófica específi-
ca, mas sim em formar intelectuais universais.
Ocorre nesse período a fundação da chamada Escola de Atenas e, a partir dela, 
o conhecimento passa por um processo de disciplinamento, ou seja, há uma distribui-
ção de áreas formais dos saberes articulados com maior complexidade, no campo que 
lhe é próprio, possuindo sempre objetos específicos e premissas bem formuladas.
Platão, fundador da Escola de Atenas, assumiu uma posição de grande impor-
tância cultural na Grécia após a morte de Sócrates, seu orientador. O filósofo Sócrates 
não deixou obras publicadas em vida e, dessa forma, a primeira fase filosófica de Platão 
foi permeada pelas publicações dos chamados Diálogos Socráticos. Platão torna publi-
cáveis os debates e entraves de Sócrates com pessoas diversas na cidade de Atenas, 
como poetas, políticos e sofistas.
A meta de Sócrates sempre foi a de produzir uma sensação de ignorância nas 
pessoas, para que a arrogância do saber não fosse um problema no desenvolvimento de 
um pensamento filosófico.
Módulo 150
Nessa concepção, só é possível fazer e pensar em filosofia quando 
qualquer elemento do mundo passa a ser fonte de aprendizado, 
quando o homem se compreende limitado e detentor de um saber 
sempre imperfeito e em contínuo melhoramento.
! Importante
Posteriormente, na fase mais madura, Platão publica suas próprias obras, tam-
bém a partir de diálogos, mas dessa vez apostando em suas reflexões. Um dos exem-
plos é a obra A República, onde encontra-se o texto Alegoria da Caverna. Nesse texto, 
Platão defende de forma ferrenha o filósofo como sendo o melhor legislador para a 
política e para a República. Em termos de construção discursiva, Platão faz uso de re-
ferências metafóricas sobre a percepção filosófica do mundo, da realidade e da política, 
em distinção ao senso comum.
Esse é o momento da história da filosofia em que o campo de conhecimento 
fica dividido em uma ciência, ou melhor, em epistéme.
Epistéme: Palavra grega. O termo mais próximo em português é 
“ciência”.
G Glossário
Podemos, sem problemas, afirmar que essa construção da epistéme proposta 
por Aristóteles, discípulo de Platão, foi definitiva para se compreender a ciência, até o 
século XIX. Trata-se de um método baseado na concepção de que o conhecimento 
constitui seu objeto de pesquisa e seus próprios campos da atuação e procedimentos.
Filosofia 51
 O saber deve ser posto em exposição para demonstração e cons-
trução de argumentos de prova. A partir dele, deve-se conhecer leis 
gerais e princípios para que, enfim, a construção de um pensamento 
seja concluída enquanto ordem de um saber sistemático.
Aristóteles foi o criador daquilo que posteriormente passou a ser chamado de 
pensamento analítico, isto é, as formas de reflexão baseadas em argumentos fundados 
na lógica.
ATENÇÃO
A lógica não deve ser compreen-
dida como ciência, mas como uma 
ferramenta, um instrumento para a 
produção da cientificidade. Atual-
mente ela é considerada uma dis-
ciplina indispensável para a filosofia
A próxima ilustração é uma imagem de Aristóteles tocando em uma estátua 
que representa o poeta Homero. O quadro, pintado por Rembrandt, está localizado no 
Museu de Artes de Nova York.
Figura 16 - Aristóteles e o busto de Homero
Módulo 152
O Período Helenístico é considerado a última etapa da filosofia antiga. Nesse 
momento, a pólis grega desaparece como centro político e de manifestação de po-
der, sobretudo pelo domínio do Império Romano, deixando de ser a maior referência 
territorial para os filósofos. O discurso passa a ser cosmopolita, ou seja, a ideia é que o 
mundo esteja inteiramente aberto para a produção do conhecimento filosófico.
Os gregos tinham uma visão extremamenteetnocêntrica e acredi-
tavam que só era possível desenvolver filosofia entre os próprios 
gregos. 
! Importante
Nesse período, a filosofia encontra-se recheada de sistemas e doutrinas, que 
buscam compreender a realidade inteira de forma articulada, naturalizada a partir de 
uma ordem universal, muita vezes explicada por referências de ordens divinas. As pre-
ocupações filosóficas predominantes eram com os estudos:
a ) religiosos;
b ) físicos;
c ) éticos.
Entre essas linhas, situavam-se quatro sistemas epistemológicos, conforme 
figura a seguir:
Figura 17 - Sistemas epistemológicos
Filosofia 53
O desenvolvimento e o crescimento de Roma, associado ao contato com o 
mundo oriental, permitiram que os filósofos helenistas se aproximassem do pensamen-
to reflexivo milenar da sabedoria oriental. É nesse momento que podemos falar de uma 
espécie de orientalização da filosofia com relação às formas explicativas do mundo, 
vinculadas aos aspectos místicos e religiosos na prática filosófica e na própria produção 
do conhecimento.
Esse dois períodos da filosofia antiga deixam boas lições sobre a manifestação 
do pensamento humano. Busque aperfeiçoar seu conhecimento refletindo e discutindo 
sobre o assunto. Reúna entusiasmo e dedicação para continuar essa viagem filosófica.
+
Saiba
Mais
A sugestão a seguir ajudará você a compreender a temática desta 
aula.
 Î ARISTÓTELES. Poética; Organon; Política; Constituição de 
Atenas. São Paulo: Nova Cultural, 2004. (Os pensadores).
 
Aula 9
Patrística e Escolástica
 
? Patrística. Você já ouvir falar nisso?
Nas nossas últimas aulas você pôde conhecer os principais elementos que 
constituíam o saber filosófico na Grécia durante a Antiguidade. Assim como foi dito 
na aula anterior, notamos a decadência da filosofia grega associada ao crescimento do 
poderio romano. Nesse mesmo período encontramos o desenvolvimento de um novo 
cenário filosófico, anexado à era cristã. Isso foi possível a partir de uma linha epistemo-
lógica chamada Patrística. É exatamente isso que vamos estudar nesta aula, sobretudo a 
partir da Filosofia Agostiniana.
 
Módulo 154
 A Filosofia Patrística teve início com o apóstolo Paulo (mais tarde 
conhecido como São Paulo) e o Evangelho de João, durante o século 
I d.C., indo até o final do século VII d.C.
Esse período é conhecido pelo nome de Patrística, tendo-se em vista que essa 
filosofia foi formulada pelos primeiros padres da Igreja, que foram os primeiros dirigen-
tes religiosos e espirituais do Cristianismo, sobretudo após a morte dos apóstolos.
O objetivo dessa perspectiva do conhecimento era relacionar o Cristianismo 
(nesse período, uma religião ainda muito nova) com o pensamento filosófico desenvol-
vido pelos gregos e romanos, buscando principalmente a conversão dos pagãos.
Pagãos: povos antigos de religiões politeístas.
G Glossário
Nesse sentido, essa filosofia filia-se ao propósito religioso da evangelização, a 
partir da defesa teórico-filosófica do Cristianismo contra os ataques daqueles que não 
se eram cristãos.
Os filósofos mais relevantes desse período foram:
 Î Boécio;
 Î Agostinho;
 Î Tertuliano;
 Î Ambrósio;
 Î Eusébio.
Entre os citados anteriormente, o mais impactante foi, sem dúvida, o filóso-
fo Agostinho, porque ele implementou uma nova forma de conceber a religião e de 
pensar a filosofia. Seu pensamento foi muito influenciado pelas teorias de Platão, de tal 
forma que Agostinho fundou um campo teórico chamado neoplatonismo.
Filosofia 55
Neoplatonismo: Nova interpretação, novo uso para as teorias de 
Platão.
G Glossário
Suas indagações circulavam entre as relações do mundo divino com o dos mortais.
Uma de suas perguntas mais fundamentais foi:
Que fazia Deus antes de criar o céu e a terra?
Essa pergunta o motivou a desenvolver teorias filosóficas sobre o tempo.
? Sabe quais ideias desconhecidas Agostinho introduziu entre os gregos?
Uma delas é a concepção da criação do mundo a partir do nada, do pecado 
original da humanidade, do homem; o entendimento de Deus enquanto uma trindade; 
as ideias de encarnação e morte divina; a existência de um juízo final; a formulação da 
perfeição de Deus, e a orientação de que ele é inteiramente bondoso; tudo isso é uma 
criação religiosa inaugurada a partir da Patrística, sobretudo pelo neoplatonismo agosti-
niano.
Os deuses gregos eram imperfeitos e cheio de vícios.
Módulo 156
Tendo em vista tais características, essa filosofia entende que o ser humano 
tem uma consciência moral e suas vontades são definidas pelo livre-arbítrio. Isso faz do 
homem um ser com direito à liberdade na escolha do bem e do mal.
Os humanos são os responsáveis, em vista disso, pela existência do mal no 
mundo. Ou seja, o mal não é uma criação de Deus, pois, segundo esses filósofos, Deus 
é inteiramente bondoso. Dessa forma, o mal é o resultado da liberdade concedida aos 
homens pelo próprio Deus. Pelo livre-arbítrio, alguns homens tomam decisões que os 
encaminha para o mal ou para o bem.
Ao longo dos séculos, essas ideias foram propostas como dogmas, a partir da 
bíblia e de outros decretos divinos.
Dogma é uma ideia que deve ser entendida como totalmente verda-
deira, irrefutável, inquestionável por aquele que acredita. A pessoa 
dogmática é aquela que crê pela fé e não por possuir explicação.
! Importante
 
É com a Patrística que a filosofia passa ter uma corporização bastante distinta 
de sua origem. Em seu nascimento, a filosofia era uma forma de manifestação racional e 
explicativa do mundo, que visava a superar ou, pelo menos, dar uma nova resposta para 
a natureza e a sua relação com o homem, que não estivesse vinculada em formulações 
mitológicas, religiosas. Contudo, com essa nova perspectiva filosófica, pela primeira vez 
a filosofia passa a se relacionar diretamente com a religião. É nesse momento que se 
estabelece objetivamente o saber teológico, uma filosofia da religião.
 
Filosofia 57
Figura 18 - Pintura que representa a visão patrística sobre a produção do bem 
e do mal na humanidade, relacionada às escolhas, ao livre-arbítrio dos homens.
Escolástica, mais uma etapa filosófica para você conhecer. Preparado?
Esse momento é conhecido como a grande etapa do pensamento filosófico 
medieval. A produção desse período foi possível graças aos pensadores:
 Î europeus;
 Î árabes;
 Î judeus.
Novamente, a filosofia grega estabeleceu-se como uma das principais influ-
ências para que os filósofos medievais refletissem sobre questões do mundo cristão. 
Com a Escolástica não foi diferente, mas, em distinção ao pensamento produzido na 
Patrística, o foco do filósofo grego de referência não se fundava no idealismo de Platão, 
mas agora os estudos vinculavam-se ao pensamento de Aristóteles. Isso demonstra 
um processo de primazia do pensamento filosófico, dos estudos de lógica dentro dos 
preceitos cristãos.
Módulo 158
O intelectual que inseriu o aristotelismo na filosofia da religião foi 
Tomás de Aquino.
? Curiosidade
Um elemento bastante singular dessa linha filosófica foi a criação de um méto-
do para expor ideias filosóficas, conhecido como disputatio. Tratavam-se de apresenta-
ções de teses reflexivas que deviam ser defendidas ou refutadas pelos filósofos, toman-
do como base a bíblia, os textos de Aristóteles, de Platão e argumentos dos principais 
padres da Igreja. A qualidade dos argumentos era avaliada por uma comissão responsá-
vel, que, por sua vez, dizia se a tese era verdadeira ou falsa, dependendo do seu impacto 
e da sua força de convencimento.
A partir desse momento histórico, em que notamos certo disciplinamento do 
conhecimento em campos, em áreas de saber, fragmenta-se a atividade filosófica, dado 
que esse é o período histórico em que são inauguradas as primeiras universidades, 
escolas e faculdades, promovendo formações específicas em diversas construções de 
entendimento do mundo. A Escolástica desenvolveu-se entre os séculos VIII e XIV d.C. 
para prover um autêntico campo de pensamento filosófico na Idade Média,já que a 
Patrística consistia muito mais em uma atividade retórica e bem formulada para pro-
cessos de conversão do que uma área preocupada essencialmente com a promoção de 
uma ordem filosófica. 
 
A maior questão filosófica disposta para os teóricos da Escolástica 
é a busca pela resposta sobre uma possível capacidade de explicar 
Deus racionalmente, isto é, se é pensável articular simultaneamente o 
alimento da fé com a razão, entender as relações entre o finito (ser 
humano) e o infinito (Deus).
! Importante
Filosofia 59
Figura 19 - Filósofo Tomás de Aquino
Nesta aula você pôde verificar que os períodos filosóficos estudados voltam-
se para princípios religiosos. Vários intelectuais refletiam questões do mundo cristão a 
partir dos pensamentos filosóficos dos gregos e romanos.
+
Saiba
Mais
As sugestões a seguir são ótimas opções de pesquisa para explo-
rar os conteúdos estudados.
 ÎGILSON, Etienne. A filosofia na Idade Média. São Pau-
lo, SP: Martins Fontes, 2001.
Filme:
 Î AGOSTINHO. Direção: Roberto Rosselini. Itália, 1972.
Módulo 160
Aula 10
Renascença 
Na aula anterior você encontrou o ambiente filosófico que estruturou todo 
o saber medieval. Agora você vai perceber o fio condutor, o processo de transição do 
pensamento medieval para o moderno/iluminista. Isso foi possível graças ao movimento 
renascentista, desenvolvido na Europa durante o século XIV. É justamente esse movi-
mento, essa escola filosófica, que você terá oportunidade de explorar nesta aula.
? Você pode imaginar como foi marcado o Período da Renascença?
Esse período foi marcado essencialmente pela descoberta de obras, ainda 
inéditas, de Platão e Aristóteles, com as produções filosóficas gregas passando a re-
ceber novas traduções e, consequentemente, uma divulgação ampla por toda Europa. 
Justamente por esse desejo de retorno aos gregos e romanos, esse momento histórico 
ficou conhecido pelo nome associado à ideia de nascer novamente, de renascer.
Contudo, não se tratava apenas de um retorno ao passado remoto. Acredita-
va-se que, com o legado do passado grego, as pessoas poderiam produzir um mundo 
diferente. Curiosamente, nesse período há um enorme desenvolvimento das ciências e 
das técnicas, que até permitiram a descoberta do Novo Mundo (América), estabelecen-
do assim um novo princípio filosófico, cultural, político e econômico. A originalidade 
do pensamento iluminista encontra-se na preocupação de construir uma nova imagem 
interpretativa do mundo a partir de resíduos do passado.
Essa nova concepção filosófica abalou o domínio cristão operado durante 
quase todo o período medieval.
A figura do homem, do ser humano, passa a ser a centralidade das 
formas explicativas do mundo, não mais referências sacras. O grande 
artista Leonardo da Vinci certa vez disse: “O homem é o modelo do 
mundo”.
Filosofia 61
Essa frase sintetiza o propósito da filosofia renascentista, isto é, a busca de 
colocar o ser humano no centro das produções do conhecimento, estabelecendo uma 
nova visão de mundo, não mais teocêntrica e, a partir desse momento, antropocêntri-
ca. Algo que viria a se concretizar inteiramente nos movimentos iluministas do mundo 
moderno.
Com o Renascimento há uma mudança sensível na concepção de tempo, ou 
melhor, o tempo saiu da ordem divina e passou a pertencer ao homem. A ideia da tem-
poralidade passou a vincular-se ao ideário de produtividade e desenvolvimento. Nesse 
período há um investimento altíssimo nas produções artísticas, na promoção ampla da 
concepção de que o ser humano é criativo, um idealizador, e caminha ao desenvolvi-
mento progressivo em busca de sua perfectibilidade.
Um dos grandes intelectuais divulgadores desse sistema de pensa-
mento foi Francesco Petrarca (1304 – 1374).
! Importante
Nessa escola filosófica encontramos também o desenvolvimento do Huma-
nismo, em seu sentido amplo, visando compor o ideário do homem universal, fundado 
naquele que tudo sabe e faz, aquele que domina todos os campos do saber e todas as 
técnicas. Em um sentido técnico, o Humanismo foi articulado pela produção cuidadosa 
da gramática e da filologia das línguas antigas, produzindo posteriormente mimese da 
literatura e artes da Antiguidade.
Filologia: Estudo de uma civilização, de um povo a partir de seus 
registros documentais e linguísticos
Mimese: Uso do discurso direto, imitação de gestos, produções, voz 
e palavras de outrem
G Glossário
Módulo 162
A Renascença demarca o abandono dos estudos teocêntricos para uma 
lógica de entendimento do mundo baseada no antropocentrismo, isto é, na percepção 
de que o ser humano está na centralidade do mundo, do universo, e é capaz de dar 
resposta para todas as grandes problemáticas da natureza e da própria humanidade. O 
artista Leonardo da Vinci é um dos maiores representantes desse propósito presente 
no Renascimento e uma de suas imagens representa bem essa ideia das formas antro-
pocêntricas para compreender a razão e a função dos homens no universo. A imagem, 
reproduzida a seguir, simboliza claramente o ideário renascentista, o Humanismo e o 
retorno ao conceito de intelectual universal do Período Clássico.
 
Teocêntricos: Deus como centralidade das explicações originarias 
das coisas, do mundo.
G Glossário
Figura 20 - O homem vitruviano
Filosofia 63
Assim como Leonardo da Vinci, os demais artistas renascentistas tornam-se 
modelo da capacidade inventiva do homem moderno, a partir da concepção de que 
o ser humano deve ser audacioso e criador de novos sentidos para o mundo, sendo, 
dessa forma, alguém cheio de virtuosidades. As obras desses artistas, a partir da visão 
dos próprios artistas, deveriam se perpetuar por toda a eternidade, de tal modo que 
eles acreditavam ultrapassar a mera condição de mortal, mero fazedor de arte, emer-
gindo à sublime condição supra-humana. Não por acaso os materiais utilizados por eles 
na feitura das obras eram menos corrosíveis, já visando à durabilidade dos registros 
artísticos.
Os indivíduos que defendiam o Renascimento entendiam o mundo tomando 
como referência a imagem e semelhança do próprio homem, percebendo a natureza 
como um empreendimento humano e não divino. Nesse sentido, essa ordem de pensa-
mento, de produção do conhecimento renascentista, possibilitou que, pouco mais tarde, 
o pensamento filosófico moderno, racionalista e empirista pudesse existir.
+
Saiba
Mais
Aprofunde seus conhecimentos conhecendo a obra indicada a 
seguir.
 Î FLORIDO, Janice. A História da filosofia – o mundo 
novo do renascimento. Coleção os pensadores. São Paulo, SP: 
Nova Cultural, 2004.
Colocando em prática
 
 Chegou o momento de unir teoria e prática e avaliar seu desempenho em rela-
ção ao que estudou no módulo. Agora você é convidado a realizar a atividade propos-
ta.
Vamos lá? Demonstre seus entendimentos e percepções sobre os caminhos 
do conhecimento até o momento.
Módulo 164
1. A obra O Banquete, de Platão, produzida aproximadamente em 384 a.C., tinha 
como objetivo:
a ) ( ) A preocupação com sexo e com amor;
b ) ( ) Associar a política ao amor;
c ) ( ) Separar o sentimento moral do sexo;
d ) ( ) Resgatar a preocupação moral dos sentimentos de amor e afetividade.
2. Marque verdadeiro ou falso:
( ) Safo era uma poetisa dionisíaca;
( ) Para os intelectuais, a participação das mulheres na filosofia era aceita;
( ) As mulheres de Lesbos recebiam uma formação avançada;
( ) As mulheres de Lesbos não gozavam de independência.
3. Associe a primeira à segunda coluna:
Período Helelístico: Momento em que a filosofia torna-se cos-
mopolita.
Período Sistemático: Atinge e inaugura estudos no campo da 
política, ética, sociedade e cultura.
Período Cosmológico 
ou Pré-Socrático:
Critérios sistemáticos de captação das ver-
dades nos discursos.
Período Antropológico 
ou Socrático:
A filosofia era produzida e fundamentada 
dentro dos panoramas que questionavam a 
origem do mundo e as maiores causas das 
transformações naturais.
Filosofia 65
4. A filosofia deuseu pontapé inicial efetivamente quando alguns homens abandona-
ram suas crenças cotidianas e preencheram lacunas com perguntas sobre a reali-
dade natural, o mundo das coisas e a realidade antropológica do mundo, isto é, a 
relação dos homens na natureza. Em um primeiro momento, a filosofia se desenvol-
ve de forma estranha aos seres humanos, de maneira espantosa, incompreensível, 
enigmática. A filosofia nasceu e, ao longo da história, desenvolveu-se sempre em 
momentos de crise nas teorias do conhecimento. 
 
Com base nessa ideia, originária do discurso filosófico, explicite os principais perío-
dos da filosofia grega, enfatizando a importância e o legado dessas etapas filosóficas 
para a constituição da nossa cultura contemporânea.
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Comentário:
A filosofia originou-se das reflexões intuídas por intelectuais gregos, desta-
cando-se por quatro grandes períodos: Cosmológico, Antropológico, Sistemático e 
Helenístico. O pensamento estabelecido na etapa Pré-Socrática fundamentou-se na 
perspectiva naturalista, ou melhor, os filósofos desste período dedicaram-se aos es-
tudos sobre a origem da vida e suas condições naturais. Tais análises indiciárias foram 
fundamentais para que, contemporaneamente, tivéssemos as chamadas Ciências Bioló-
gicas. Posteriormente, nota-se o desenvolvimento da Filosofia Socrática, que promoveu 
os mais relevantes estudos críticos sobre a relação dos homens no mundo, influencian-
do diretamente a formação das próprias Ciências Humanas. Com o Período Sistemá-
tico, percebe-se um caráter mais enciclopédico do conhecimento, possibilitando que a 
filosofia obtivesse, de forma mais clara, métodos e ações enquanto uma área singular 
do conhecimento. Por último, a etapa helenística destacou-se pela ampliação territorial 
da ação filosófica, dada a decadência da Grécia e o crescimento de Roma, seguido de 
apropriações culturais que possibilitaram o alcance da filosofia até os dias de hoje.
Módulo 166
5. O mito foi uma das primeiras formas de esclarecimento sobre a origem humana. 
Pautados por ele, os gregos construíram suas concepções de conduta moral, social 
e política. As explicações míticas não fornecem informações claras, deixando ques-
tões abertas para serem descobertas e estudadas. Elas servem como importante 
fonte de conhecimento do pensamento grego e de suas características de culto. Re-
velam como os gregos relacionavam-se com a natureza, a sociedade e os costumes. 
 
Entendendo, após as aulas, a relevância da mitologia grega, aponte em que medida o 
discurso mitológico representou uma perspectiva e visão de mundo para os gregos 
do Período Clássico. Exemplifique.
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Comentário:
Na Grécia, durante o Período Clássico, o mito estabeleceu-se como um im-
portante elemento cultural da sociedade e exerceu profunda influência no cotidiano 
dessa população. Notamos que os deuses, diferentemente da religião cristã, possuíam 
atributos similares aos humanos. As similaridades mostram o quanto os deuses eram 
culturalmente presentes na realidade social grega. Nos poemas de Homero, percebe-se 
que o mundo dos deuses e dos mortais era interligado; haviam até relações amorosas 
entre os mortais e deuses, sendo que estes se apaixonavam tão intensamente quanto 
os mortais. Os gregos adoravam os deuses por representações simbólicas. Parte dessas 
representações visava a certa aproximação do mundo dos mortais com os deuses e, 
em geral, tais modelos representativos se encontravam nas atividades artísticas produ-
zidas em referência a eles
Filosofia 67
RELEMBRANDO
A partir de alguns exemplos da mitologia grega, você pôde perceber que 
algumas narrativas míticas apresentavam relações culturais de deuses com os mortais. 
O culto a esses deuses vinculava-se à vida cotidiana e à atualização de condutas morais 
entre os gregos. Esse cenário representou o berço, a porta de entrada para a sistema-
tização de um pensamento de caráter mais racionalizado sobre a natureza do mundo, 
isto é, a filosofia. Os deuses representados na mitologia grega participavam ativamente 
das concepções de mundo entre os filósofos antigos. No caso deste estudo, em espe-
cial, das suas posições sobre o amor.
Você também pôde perceber o quanto a cultura mitológica grega assumiu 
uma função central para a constituição das mentalidades, das convivências e comporta-
mentos entre os gregos antigos. A filosofia desenvolveu-se quando alguns homens na 
Grécia Clássica deram-se conta de que a verdade do mundo não é uma propriedade, 
nem mesmo um segredo ou algo misterioso, que só seria capaz de ser descoberto por 
deuses, mas, ao contrário: todos, a partir de um esforço reflexivo, racional poderiam ter 
acesso ao conhecimento verdadeiro sobre todas as dúvidas do mundo pelas operações 
mentais, pelo raciocínio.
Você viu que a filosofia alcançou sua maioridade ao longo dos séculos, consis-
tindo sua natureza na condição de não aceitar como naturais, óbvias e evidentes qual-
quer pergunta sobre o mundo, os fatos, situações, comportamentos, valores da nature-
za e existência humana.
Filosofar é jamais considerar ou aceitar algo sem antes investigar e 
compreender o que é afirmado. 
Nesta unidade foi possível entrar em contato, ainda que de forma muito 
indiciária, com o cenário que possibilitou a formalização da filosofia na Antiguidade. Ela 
se deu a partir de quatro linhas bastante singulares: Período Pré-Socrático, Socrático, 
Sistemático e Helenístico.
Módulo 168
O pensamento filosófico na Antiguidade foi apresentado primeiramente em 
duas etapas. A primeira fase caracterizou-se por estudos essencialmente de caráter, di-
gamos, naturalista, muito preocupado com respostas sobre a origem da vida. Posterior-
mente você entrou em contato com a fase antropológica, momento em que a filosofia 
se desenvolve em outro campo, nas relações do homem com a natureza, ocupado com 
as questões sobre ética, política e cultura. Estudou o impacto que Sócrates causou na 
cultura grega, gerando como estopim sua morte e o fim do Período Antropológico.
A conclusão do pensamento filosófico antigo, a partir, sobretudo dos legados 
de Platão e Aristóteles. Você estudou a formação de uma filosofia da religião, vinculada 
ao que mais tarde se concretizaria na construção do Cristianismo.
Outro assunto foi a construção da filosofia medieval, pressupondo a capa-
cidade dos filósofos desse período de abstrair a relação da filosofia com a teologia a 
partir, entre outras referências, da filosofia grega, ora com a criação do neoplatonismo, 
ora com o aristotelismo, possibilitado em grande medida por Santo Agostinho e Santo 
Tomás de Aquino.
Por último, você encontrou o cenário que resultou no desmembramento do 
pensamento teocêntrico e o desenvolvimento de uma nova forma de compreender o 
mundo, isto é, o antropocentrismo. Orientado por isso, você percebeu em que medida 
o Renascimento se estabeleceu como o fio condutor do pensamento medieval para 
o moderno, possibilitando

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