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2 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador 02_Principios de oclusao.indd 101 8/18/08 4:04:14 PM 102 Ao iniciar o exame do paciente que deseja realizar um trata- mento reabilitador protético, uma avaliação clínica das con- dições do sistema mastigatório é fundamental. O sistema mastigatório compreende três unidades funcionais: as arti- culações temporomandibulares, os músculos da mastigação e a oclusão dentária (Figs. 2.1-2.2). Cada componente está in- timamente relacionado através do sistema nervoso central. Os receptores sensoriais dentro dos tecidos moles da boca, dos músculos, das articulações e do periodonto orientam a interação dos diversos grupos musculares (Carlsson et al.1, 2006; Posselt2, 1973). O exame clínico funcional de rotina deve ser realizado em todos os pacientes que procuram um tratamento odontológico. Este exame é rápido e muito objetivo e visa saber se este paciente apresenta um padrão de normalidade ou sinais, ou sintomas, de disfunção temporomandibular (DTM). Se o paciente apre- sentar sinais ou sintomas de DTM, deve ser informado de que Introdução�� 02_Principios de oclusao.indd 102 8/18/08 11:34:03 AM 103 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador foram diagnosticados previamente ao início do tratamento odontológico. Muitos dos problemas de relacionamento pro- fissional/paciente decorrem de quadros de dor muscular, ou ruídos, ou dor articular de pacientes que apresentavam DTM, não diagnosticada, e que durante ou após tratamentos odon- tológicos de rotina “começam” a apresentar sinais ou sintomas evidentes de disfunção temporomandibular, dando a entender ao paciente ou a outro profissional, de forma equivocada, que os problemas foram decorrentes do tratamento odontológico realizado (Carlsson et al.1, 2006). Atualmente, o reconhecimento da natureza multifatorial das DTM e a influência dos fatores contribuintes na sua etiologia e desenvolvimento são fundamentais para escla- recer ao paciente que esta não é uma doença de etiologia ou tratamento únicos. Os fatores contribuintes podem ser classificados em predisponentes, iniciadores e perpetuantes (Carlsson et al.1, 2006). Os fatores predisponentes podem ser sistêmicos, relaciona- dos à saúde geral do paciente. Estudos epidemiológicos evi- denciam que indivíduos com saúde geral prejudicada ten- dem a sofrem mais freqüentemente de sinais e sintomas de DTM.Fatores psicológicos relacionados à personalidade e comportamentais são cada vez mais enfatizados; entretan- to, em estudos populacionais a maioria dos pacientes não apresenta perturbação psicológica significativa. Os fatores estruturais estão relacionados à articulação temporoman- dibular propriamente dita e à oclusão dentária. Em estudos clínicos controlados não foram observadas evidências sig- nificativas em relação às diferentes características de má oclusão na etiologia das DTM, sendo considerado atual- mente o papel dos fatores oclusais secundários, não poden- do, no entanto, ser descartada como fator contribuinte em certos indivíduos, e deve-se minimizar o risco de introduzir relações oclusais desfavoráveis ao realizar procedimentos dentais restauradores (Carlsson et al.1, 2006). 02_Principios de oclusao.indd 103 8/18/08 11:34:04 AM 104 ATM Músculos Dentes SNC Figura 2.2 - O sistema mastigatório com suas unidades funcionais ATM, músculos da mastigação e dentes. 2.2 Cápsula articular Tecido retrodiscal Disco articular Figura 2.1 - O sistema mastigatório compreende três unidades funcionais: as articulações temporomandibulares, os músculos da mastigação e a oclusão dentária, sendo coordenadas as ações pelo sistema nervoso central. 2.2 02_Principios de oclusao.indd 104 8/18/08 11:34:15 AM 105 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador Fatores iniciadores ou precipitantes normalmente envol- vem fatores traumáticos como macrotraumas decorrentes de acidentes com trauma direto na mandíbula, ou micro- traumas como parafunções orais que levariam sobrecarga ao sistema da mastigação, entretanto estudos sistemáticos não fornecem dados convincentes desta relação, apesar de algumas correlações entre oclusão, bruxismo, apertamen- to dental e DTM terem sido encontradas (Ash3, 2003). Em um estudo de Carlsson et al.4 (2004), de 20 anos de acom- panhamento clínico de pacientes com DTM, o achado mais surpreendente foi que o rangimento noturno foi significan- temente mais freqüente no grupo tratado tanto no início quanto nos exames de acompanhamento, podendo suge- rir que sua presença na infância pode ser considerada um fator predisponente para a necessidade de tratamento de DTM na idade adulta. Os fatores perpetuantes ou mantenedores abrangem as- pectos comportamentais, sociais e emocionais, além da condição de saúde geral do indivíduo. Desta forma, a te- rapia cognitivo-comportamental, esclare ao paciente os fatores de piora da DTM, estimulando o autocontrole dos hábitos orais diurnos, evitando fatores que promovam an- siedade, promove uma melhora significativa em grande parte dos pacientes com DTM, associada a cuidados em re- lação à avaliação das condições de saúde geral. Nos pacientes que apresentam DTM, a presença de inter- ferências oclusais na posição de contato posterior (PCP) ou relação central é um fator de piora dos sinais e sinto- mas (Helkimo5, 1974). Muitas investigações epidemiológi- cas não são capazes de demonstrar uma forte associação entre interferências oclusais e DTM, mas isto pode ser explicado pela onipresença de tais interferências. Em al- guns pacientes com DTM, as interferências oclusais po- dem contribuir para sinais e sintomas, sendo os mais co- mumente discutidos na literatura e considerados graves os contatos prematuros unilaterais na posição de contato posterior (PCP) e as interferências do lado de não traba- lho/balanceio (Carlsson et al.1, 2006). Estudos epidemiológicos mostram que indivíduos com saúde geral prejudicada tendem a sofrer mais freqüente- mente sinais e sintomas graves de DTM do que pessoas saudáveis (Carlsson et al.1, 2006). Pacientes que desen- volvem síndrome de dor crônica associada à dor persis- tente necessitam de uma avaliação mais cuidadosa, com uma tomada de história detalhada avaliando a presença de doenças somáticas funcionais e comorbidades. O tra- tamento de tais pacientes pode exigir um longo período de tempo, sendo mais bem controlado por um especialis- ta (Auvenshine6, 2007). Os sinais e sintomas de DTM podem ser encontrados em todas as faixas etárias, mas ao contrário do que muitos possam pensar, esses sinais e sintomas não aumentam com a idade nos adultos; em pacientes acima dos 50 anos de idade os sinais e sintomas tendem a diminuir com o avanço da idade, de acordo com estudos longitudinais (Johansson et al.7, 2006). Fatores psicológicos e emocionais podem produzir hiperati- vidade, causando fadiga e dor em músculos da mastigação, por isso é importante conscientizar o paciente com uma explicação tranqüilizadora em relação à natureza das DTM e orientando o seu autocontrole (Carlsson et al.1, 2006). 02_Principios de oclusao.indd 105 8/18/08 11:34:15 AM 106 ExamE clínIco funcIonal �� Antes do exame clínico o paciente deve ser informado sobre o que será feito e por que, pois o exame consiste na avaliação de áreas que o paciente muitas vezes não relaciona ao exame clínico dentário. O exame funcional de rotina consiste na avaliação dos mo- vimentos mandibulares, a palpação das ATM, e dos mús- culos masseter e temporal, e avaliação da oclusão. avalIação dos movImEntos mandIbularEs�� A capacidade de abertura da mandíbula apresenta uma va- riação dentro de um padrão de normalidade, havendo, no en- tanto, variações dos seus valores médios de amplitude em de- corrência da diferença média na altura da face entre homens e mulheres e do comprimento da mandíbula,que proporcio- na uma maior amplitude de abertura para um mesmo ângu- lo de abertura. A capacidade funcional de abertura de boca é influenciada pelo trespasse vertical, devendo este valor ser acrescido nos casos de paciente com sobremordida (mordida profunda), ou diminuído nos casos de mordida aberta ante- rior (Bumann & Lotzmann8, 2002). A abertura de boca é medida com uma régua milimetra- da apoiada nas bordas de incisivos centrais, solicitando ao paciente que abra ao máximo sua boca, confortavelmente. A abertura de boca “normal” é em média de 53-58 mm (Bumann & Lotzmann8, 2002; Okeson9, 1993) (Figs. 2.3-2.4). Figura 2.3 - Avaliação de abertura boca com a distância interincisal de 30 mm evidenciando uma limitação de abertura. 2.3 02_Principios de oclusao.indd 106 8/18/08 11:34:25 AM 107 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador A redução da abertura de boca é quase sempre considerada um sinal de DTM. De acordo com o índice de Disfunção de Helkimo5 valores inferiores a 40 mm são considerados restri- tos; entre 30 e 39 mm são considerados levemente prejudica- do; e menor que 30 mm gravemente prejudicado. Nos movi- mentos laterais, valores menores que 7 mm são considerados reduzidos; esta limitação de movimentação pode ser ocasio- nada por diferentes fatores musculares ou articulares, estando muitas vezes associados, necessitando de tratamentos dis- tintos em cada caso. O importante é salientar que, uma vez observados valores de amplitude de movimentos limitados, deve-se evitar realizar imediatamente procedimentos irreversíveis, como ajustes oclusais ou procedimentos restauradores, havendo a neces- sidade de esclarecimento prévio ao paciente da presença de uma desordem temporomandibular e a necessidade de um diagnóstico e tratamento específicos prévios da disfunção temporomandibular. Figura 2.4 - Avaliação de abertura boca com a distância interincisal de 55 mm evidenciando uma abertura de amplitude “normal”. 2.4 02_Principios de oclusao.indd 107 8/18/08 11:34:36 AM 108 diagnóstico diferencial entre desordem articular e muscular Figura 2.5 - Paciente apresenta disfunção temporomandibular com limitação acentuada de abertura mandibular e dor intensa localizada na ATM do lado esquerdo, tendo sido diagnosticada, segundo relato da paciente, como deslocamento do disco sem redução e indicada cirurgia da ATM. Figura 2.6 - Abertura mandibular máxima da paciente. 2.5 2.6 Caso Clínico 1 02_Principios de oclusao.indd 108 8/18/08 11:34:50 AM 109 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador Figuras 2.7, 2.8 e 2.9 - Posição de máxima intercuspidação. 2.7 2.8 2.9 02_Principios de oclusao.indd 109 8/18/08 11:35:08 AM 110 10 Figura 2.10 - A paciente apresenta alívio da dor articular com o posicionamento de espaçador entre os dentes do lado afetado. Figuras 2.11, 2.12, 2.13 e 2.14 - Confecção do dispositivo pré-fabricado NTI para controle das dores e de parafunção de apertamento noturno. Observar que o NTI apresenta uma rampa para facilitar os movimentos mandibulares e que a paciente apresenta movimentos sem restrição, demonstrando que o disco articular apresenta função normal, e a desordem é muscular. 2.10 2.122.11 2.142.13 02_Principios de oclusao.indd 110 8/18/08 11:35:38 AM 111 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador Figuras 2.15 e 2.16 - Desoclusão promovida pelo uso do NTI. 2.15 2.16 02_Principios de oclusao.indd 111 8/18/08 11:35:51 AM 112 Figura 2.17 - Limitação de abertura mandibular inicial. Figuras 2.18 e 2.19 - Abertura normal após uma semana de uso do dispositivo. O valor de três dedos de abertura é usado clinicamente para que o paciente possa verificar diariamente seu grau de abertura mandibular. Figura 2.20 - Confecção de aumento oclusal de restauração de resina composta em dente posterior 37. Com o relaxamento muscular promovido, a paciente sentia os dentes posteriores sem contato dental no lado afetado, o que acentuava a dor articular devido atividade parafuncional de apertamento dental noturno. Figura 2.21 - Para o controle da parafunção noturna é indicado o uso de placa interoclusal de acrílico com contatos bilaterais e simultâneos. 2.17 2.18 2.19 02_Principios de oclusao.indd 112 8/18/08 11:36:12 AM 113 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador 2.20 2.21 02_Principios de oclusao.indd 113 8/18/08 11:36:23 AM 114 ExamE das artIculaçõEs �� tEmporomandIbularEs As articulações temporomandibulares estão localizadas ligei- ramente anteriores ao meato auditivo. Elas são palpadas di- gitalmente de forma bilateral e simultânea, tanto em repou- so como durante os movimentos mandibulares, e os achados comparados entre os lados direito e esquerdo. Previamente à palpação, pode-se solicitar ao paciente que movimente a mandíbula algumas vezes, verificando se percebe algum ruí- do ou desconforto articular durante os movimentos para que o examinador não seja responsabilizado por “iniciar” ruídos articulares ou dor durante o exame de palpação. As articulações são palpadas lateralmente com os dedos in- dicadores em repouso mandibular, e durante movimentos de abertura e fechamento mandibular o paciente relata a sensi- bilidade à palpação (Fig. 2.22); continuando o exame, os dedos mínimos são colocados no meato acústico, pressionando suavemente o aspecto posterior da articulação (Fig. 2.23), solicitando ao paciente que abra e feche a boca, informando a presença de ruídos ou sensibilidade na região. é verificado durante este exame se o paciente apresenta alguma incoor- denação dos movimentos mandibulares, como desvios, tra- vamentos ou deslocamento condilar (Carlsson et al.1, 2006). 02_Principios de oclusao.indd 114 8/18/08 11:36:23 AM 115 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador Figura 2.22 - Palpação do aspecto lateral da ATM. Para facilitar a localização solicita-se para o paciente abrir e fechar a boca suavemente. Figura 2.23 - Palpação intrameatal ou dorsal da ATM. Com o dedo mínimo realiza-se leve pressão em direção à ATM. 2.22 2.23 02_Principios de oclusao.indd 115 8/18/08 11:36:46 AM 116 ExamE dos músculos�� Em um exame funcional simplificado de rotina clínica, os músculos que devem ser palpados bilateralmente são o masseter superficial e o temporal para verificar a presença de sensibilidade, sua consistência e volume. Um músculo saudável não apresenta sensibilidade à palpação. Como os limiares individuais de dor e tolerância apresentam ampla variação, alguns pacientes acham que a musculatura é nor- malmente sensível à dor na palpação. Uma calibração da pressão exercida deve ser realizada previamente no múscu- lo bucinador, na área do orbicular da boca, pois esta muscu- latura normalmente não apresenta sensibilidade à palpação. Se uma pressão moderada bigital exercida nesta área não promove reação de dor, a mesma pressão não deve pro- vocar dor em áreas de musculatura mastigatória saudável (Carlsson et al.1, 2006). A palpação do músculo masseter compreende duas par- tes, uma profunda e uma superficial. A parte profunda é palpada extra-oralmente, logo abaixo do arco zigomáti- co, aproximadamente 10 mm à frente do pólo lateral do côndilo, enquanto a porção superficial é palpada desde a origem no arco zigomático até a inserção na borda infe- rior da mandíbula (Fig. 2.24). Além da palpação extra-oral, pode-se realizar uma palpação bigital como uma “pinça”, usando os dedos indicador e polegar, exercendo uma pres- são moderada, desde a origem até a inserção, separada- mente do lado esquerdo e direito (Bumann & Lotzmann8, 2002; Carlsson et al.1, 2006) (Fig. 2.25). 2.24 2.25 02_Principios de oclusao.indd 116 8/18/08 11:37:06 AM 117 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador O músculo temporal é amplo, em forma de leque, esten- dendo-se da inserção medialmente ao arco zigomático na fossatemporal e inserindo-se no processo coronóide até o ramo ascendente da mandíbula. Apresenta uma palpação extra e outra intra-oral; a palpação extra-oral do ponto fixo compreende três áreas: anterior, média e posterior, enquanto a palpação intra-oral compreende o tendão do temporal, palpando-se toda a inserção lateral do músculo a partir da porção lateral do trigono retromolar em direção à ponta do processo coronóide (Bumann & Lotzmann8, 2002; Carlsson et al.1, 2006) (Fig. 2.26). Se este exame mais resumido revelar sinais de disfunção, um exame funcional mais completo se torna necessário, assim como a tomada de história do paciente deve ser detalhada, ampliando-se os cuidados prévios ao trata- mento restaurador (Carlsson et al.1, 2006). Figura 2.24 - Palpação do feixe superficial do músculo masseter. Figura 2.25 - Palpação bigital do músculo masseter favorece a avaliação do volume muscular e áreas de dolorimento. Figura 2.26 - Palpação extra-oral do feixe anterior do músculo temporal. 2.26 02_Principios de oclusao.indd 117 8/18/08 11:37:18 AM 118 avalIação da oclusão�� A avaliação funcional do sistema mastigatório inclui a ava- liação das posições de intercuspidação (PIC), ou máxima in- tercuspidação (MI), e da posição de contato posterior (PCP), também conhecida como Relação Central (RC), avaliação dos movimentos mandibulares e verifi cação da presença de sinais de atividade parafuncional. O paciente deve ser capaz de fechar a boca na posição de má- xima intercuspidação consistentemente, sem procurar uma mordida estável ou confortável. Um meio efi ciente para lo- calizar zonas de contato interoclusal é posicionar tiras Mylar ou Shim Stock de 8 a 12 µm entre os dentes e solicitar que o paciente morda e segure, e com o auxílio de pinças Miller de carbono ou pinça hemostática tentar remover a tira localiza- da entre os dentes aparentemente ocluídos para sentir quão fi rme ocorre o contato (Carlsson et al.1, 2006). Apesar de bastante controverso e de apresentar várias defi - nições ao longo do tempo, o conceito de Relação Central atualmente mais aceito é o que considera um relaciona- mento maxilomandibular no qual os côndilos se articulam com a porção mais fi na e avascular do seu respectivo disco, com o complexo na posição ântero-superior contra a verten- te da eminência articular. Esta posição independe do contato dental, e é clinicamente discernível quando a mandíbula está dirigida superior e anteriormente, e restrita a movimentos pu- ramente rotatórios em torno de um eixo transversal horizontal (Dawson12, 2007; McNeill, 1997; Okeson9, 1993; The Academy of Prosthodontics11, 1999) (Figs. 2.27-2.29). os critérios para uma oclusão ótima são: - presença de contatos estáveis na posição de intercuspidação (pIc) entre o maior número de dentes possível; - contatos bilaterais e simultâneos na posição de contato posterior (pcp); - um deslize linear não excedendo 1 mm entre a pIc e a pcp; - nos movimentos laterotrusivos os contatos devem ocorrer no lado de trabalho, e nos movimentos protrusivos, nos dentes anteriores (carlsson et al., 2006). A Máxima Intercuspidação (MI) é a completa intercuspidação dos dentes oponentes, independe da posição condilar. A po- sição de intercuspidação é a de referência mais reproduzível, originalmente determinada morfologicamente pela localiza- ção e forma dos dentes, pelos órgãos sensitivos periodontais através da propriocepção e pelo estímulo neuromuscular re- forçado pelos contatos dentais (McNeill10, 1997; The Acade- my of Prosthodontics11, 1999). 02_Principios de oclusao.indd 118 8/18/08 11:37:19 AM 119 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador Figura 2.27 - A posição de relação central é uma posição manipulada e orientada de forma não forçada, dirigindo a mandíbula para uma posição retruída. Figura 2.28 - ATM na posição de Relação Central com os côndilos dirigidos para uma posição anterior e superior na cavidade articular, apoiado na porção central do disco articular. Figura 2.29 - O direcionamento dos vetores com resultante anterior e superior proporcionada por músculos e ligamentos, no momento da manipulação mandibular em Relação Central. 2.27 2.28 2.29 02_Principios de oclusao.indd 119 8/18/08 11:37:35 AM 120 Este conceito é aplicado em situações naa quais as articu- lações se apresentam em condições saudáveis e normais. Esta posição não pode ser registrada com segurança na presença de disfunção do sistema mastigatório e em pacientes com dor ou desordens articulares (McNeill, 1997; The Academy of Prosthodontics, 1999). A relação central é clinicamente reproduzível, permitin- do seu uso como uma posição de orientação repetível na posição de contato posterior (PCP), promovendo a loca- lização dos contatos prematuros. Somente uma pequena porcentagem dos indivíduos (10% a 14%) apresentam uma coincidência entre as posições de contato em Relação Cen- tral e Intercuspidação. Com base nos estudos de Helkimo5 (1974) de função e disfunção do sistema mastigatório, in- terferências oclusais são consideradas severas se promo- verem desvios laterais da mandíbula maiores que 0,5 mm durante o deslize da posição de contato posterior (PCP) em relação central e a posição de intercuspidação (PIC), ou se a distância entre a PCP e a PIC no sentido póstero- anterior for superior a 2 mm, sendo consideradas graves se os contatos ocorrerem de forma unilateral (Carlsson et al.1, 2006; Helkimo5, 1974). A manipulação mandibular em Relação Central permite um movimento de abertura e fechamento mandibular com os côndilos rodando em um eixo imaginário hori- zontal, denominado eixo terminal de rotação condilar; eventualmente, em situações de alterações de posiciona- mento do disco articular, conceitualmente não se tem a Relação Central, mas desde que o indivíduo não apresen- te dor durante a manipulação uma posição reproduzível é obtida neste eixo de rotação terminal, sendo considerada uma posição adaptada (Dawson12, 2007; Hobo et al.13, 1990; McNeill10, 1997). A manipulação mandibular pode ser realizada guiando-se passivamente a mandíbula para o primeiro contato dentá- rio com a maxila, aplicando uma pressão suave no queixo e executando um fechamento guiado, perguntando ao pa- ciente se existe contato uni ou bilateral. Este contatos são localizados com o auxílio de uma fita metálica de Mylar ou Shim Stock. Uma das técnicas de manipulação mais repro- duzíveis é a bimanual de Dawson, cujo objetivo não é forçar a mandíbula em Relação Central, mas permitir uma rotação condilar livre, mantendo os côndilos apoiados para cima e para a frente na cavidade articular. A manipulação mandi- bular pode ser associada ao uso de dispositivos interoclu- sais em dentes anteriores, confeccionados em resina acríli- ca, como o Jig de Lucia, pré-fabricados em resina, como o NTI, ou finas tiras flexíveis sobrepostas, como o Leaf Gauge desenvolvido por Long (Dawson12, 2007; McNeill10, 1997; Orthlieb et al.14, 2002). 02_Principios de oclusao.indd 120 8/18/08 11:37:35 AM 121 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador análise de modelos da discrepância rc – mI Figura 2.30 - Paciente do sexo feminino apresentava disfunção temporomandibular com limitação de abertura mandibular e dolorimento muscular na região do músculo masseter, com cefaléias ocasionais, orientada a evitar o apertamento dentário diurno e uso de compressas de calor na região do músculo masseter três vezes ao dia. Figuras 2.31, 2.32 e 2.33 - Posição de máxima intercuspidação. 2.30 2.31 2.32 2.33 Caso Clínico 2 02_Principios de oclusao.indd 121 8/18/08 11:37:56 AM 122 2.34 2.36 2.39 2.40 2.37 2.38 2.35 02_Principios de oclusao.indd 122 8/18/08 11:38:35 AM 123 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador Figura 2.34 - Avaliação do trespasse de incisivos na posição de máxima intercuspidação.Figura 2.35 - Avaliação do trespasse na posição de contato posterior em Relação Rentral. Observar a discrepância em relação à posição de MI. Figuras 2.36, 2.37 e 2.38 - Posição de contato posterior em Relação Central. Observar a mudança de posicionamento mandibular no sentido ântero-posterior e vertical. Figuras 2.39 e 2.40 - Contatos oclusais na posição de Relação Central. Figuras 2.41 e 2.42 - Modelos de estudo montados com registro em cera da posição mandibular retruída segundo técnica escandinava de montagem sem arco facial. O posicionamento dos modelos é realizado mantendo os modelos centralizados no articulador a uma meia-distância entre os ramos superior e inferior do articulador, com uma leve inclinação no sentido ântero-posterior. Figuras 2.43 e 2.44 - Detalhe do registro em cera interposto entre os modelos, evitando o contato dentário. 2.41 2.43 2.42 2.44 02_Principios de oclusao.indd 123 8/18/08 11:38:49 AM 124 2.45 2.47 2.49 2.46 2.48 2.50 02_Principios de oclusao.indd 124 8/18/08 11:39:16 AM 125 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador Figuras 2.45 e 2.46 - Modelos na posição de contato posterior (RC). Figuras 2.47 e 2.48 - Modelos na posição de máxima intercuspidação (MI). Figuras 2.49 e 2.50 - Posicionamento do pino incisal sobre uma etiqueta de papel colocada sobre a mesa incisal de acrílico do articulador com os modelos posicionados em máxima intercuspidação (MI). Figuras 2.51 e 2.52 - Modelos posicionados em MI. Observar detalhe do posicionamento das esferas condilares no articulador fora da posição do eixo terminal de rotação do articulador. Figura 2.53 - Pino incisal na posição de contato posterior (RC), travado na dimensão vertical de oclusão em MI avaliado anteriormente. Observar que o pino não toca a mesa incisal, evidenciando a discrepância vertical entre as posições de MI e RC. Figuras 2.54 e 2.55 - Pino incisal tocando a etiqueta sobre a mesa incisal na posição de contato posterior (RC). 2.51 2.54 2.52 2.55 2.53 02_Principios de oclusao.indd 125 8/18/08 11:39:36 AM 126 Figura 2.56 - Análise da discrepância ântero-posterior com uso de régua milimetrada. O valor de 5,5 mm é relativo para análise oclusal, pois está incorporado à discrepância vertical. Quanto maior a discrepância vertical maior tende a ser este valor. Figuras 2.57 e 2.58 - Contatos oclusais em modelos semelhantes aos verificados intra-oralmente nas figuras 2.39 e 2.40, evidenciando a reprodutibilidade da técnica de montagem de modelos em articulador sem arco para análise oclusal. O mesmo não ocorre para a análise estética dentofacial. 2.56 2.57 2.58 02_Principios de oclusao.indd 126 8/18/08 11:39:50 AM 127 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador avalIação dos movImEntos ExcursIvos �� mandIbularEs Os movimentos mandibulares são limitados pelas articu- lações e ligamentos temporomandibulares, pelo sistema neuromuscular e pelos dentes. As características do mo- vimento mandibular estão estabelecidas posteriormen- te pela morfologia das articulações temporomandibula- res e, anteriormente, pela relação dos dentes anteriores (Orthlieb et al.14, 2002; Okeson9, 1993). Atenção especial deve ser dada aos contatos dos dentes anteriores, superiores e inferiores, a fi m de avaliar a guia anterior, que é de fundamental importância para o direcio- namento dos movimentos de protrusão e retrusão da man- díbula. A função da guia anterior não é manter a dimensão vertical de oclusão, e sim guiar a mandíbula através dos movimentos bordejantes (Okeson9, 1993). O movimento de protusão mandibular é ditado pelos incisi- vos e caninos superiores, que servem de guia aos incisivos in- feriores. A trajetória protrusiva não deve possuir interferên- cias de contatos dentários posteriores (Fig. 2.59). Os determinantes anteriores são os trespasses verticais e horizontais e as concavidades palatinas dos dentes an- teriores superiores. A guia anterior entre os dentes ante- riores superiores e inferiores tem uma influência direta sobre a direção do movimento mandibular. Diferentes relações de incisivos com diferentes trespasses verticais e horizontais produzem diferentes ângulos de guia anterior (Okeson9, 1993). Figura 2.59 - O movimento de protusão mandibular é ditado pelos incisivos superiores, que servem de guia aos incisivos inferiores durante a trajetória protrusiva que não deve possuir interferências de contatos dentários posteriores. 2.59 Com a fi nalidade de desoclusão dos dentes posteriores durante o movimento de protrusão, à medida que o trespasse horizontal aumenta o ângulo da guia anterior diminui, resultando em cús- pides mais baixas; à medida que o trespasse vertical aumenta o ângulo da guia anterior aumenta, resultando em cúspides mais altas (Okeson9, 1993). 02_Principios de oclusao.indd 127 8/18/08 11:39:58 AM 128 Uma função harmônica é criada promovendo movimen- tos suaves e irrestritos da mandíbula durante os movi- mentos funcionais, e quando possível em atividade para- funcional (McNeill10, 1997; Posselt12, 1973). As interferências no lado de não trabalho/balanceio podem ser difíceis de ser avaliadas, pois o paciente normalmente evita esta sua interferência; em certos pacientes esta marca- ção com fi tas de carbono se mostra impossível ou irregular, promovendo grande incoordenação muscular ou rigidez refl exa muscular, devido ao efeito refl exo nociceptivo dos mecanoceptores periodontais com ação inibitória nos mús- culos da mastigação, evitando o trauma oclusal (McNeill10, 1997; Orthlieb et al.14, 2002). O trauma oclusal é definido como o causado ao periodon- to por forças funcionais ou parafuncionais, acarretando injúrias ao aparelho de suporte do periodonto por exceder sua capacidade adaptativa e reparativa. Pode ser autoli- mitante ou progressiva (McDevitt & Bibb15, 2007; The Acade- my of Prosthodontics11, 1999). O guia canino é um condutor de proteção articular mutuamen- te protegido, no qual o trespasse vertical e horizontal do cani- no desoclui os dentes posteriores nos movimentos excursivos da mandíbula (Fig. 2.60). Baseando-se em evidências funcio- nais signifi cativas, qualquer relação de contato oclusal que se interponha com esta proteção deve ser vista como uma inter- ferência articular. Se estas interferências afetar o padrão de bruxismo e não ocorrer uma adaptação funcional; seus efeitos podem ser observados como em casos de fraturas dentais, mo- bilidade excessiva ou hipersensibilidade dentária (Ash3, 2003). Figura 2.60 - O guia canino é um condutor de proteção dentário que desoclui os dentes posteriores nos movimentos excursivos da mandíbula. 2.60 02_Principios de oclusao.indd 128 8/18/08 11:40:07 AM 129 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador o bruxIsmo E outras parafunçõEs oraIs�� Muitas atividades do sistema da mastigação parecem não ter finalidade funcional e são rotuladas de parafunções. As mais comuns delas são o ranger e o apertar dos dentes, conheci- dos como bruxismo (Carlsson et al.1, 2006). Outras parafunções incluem hábitos orais, tais como morder lábios, bochechas e língua, pressionar a língua contra os den- tes, e o morder unhas, lápis, canetas, palitos e outros objetos. Apesar de estes hábitos serem surpreendentemente comuns, em sua maioria não proporcionam prejuízos para as estrutu- ras orais (Carlsson et al.1, 2006). O ranger ou apertar dos dentes durante o sono é conheci- do como bruxismo noturno ou do sono, enquanto o termo empregado para rotular hábitos praticados fora do período de sono é parafunção diurna. Atualmente sabe-se que são fenômenos que ocorrem em distintos estados de consciência (sono e vigília), apresentando diferenças em relação a sua etio- logia e necessitam de estratégias de tratamento diferentes. O bruxismo durante o sono (BS) é uma atividade oral caracteriza- da pelo ranger ou apertar dos dentes duranteo sono geralmen- te associado a microdespertares, o BS passou a ser nomeado de bruxismo relacionado ao sono e foi caracterizado como distúrbio do movimento relacionado ao sono. (Alóe et al.16, 2003; Carlsson et al.1, 2006). A prevalência do BS é igual nos dois sexos, varian- do de 3% a 20% na população geral, sendo mais comum nos jo- vens (Alóe et al.16, 2003). O bruxismo durante o sono é classificado como primário quan- do não há causa médica evidente, sistêmica ou psiquiátrica; como secundário quando vem associado a um transtorno clí- nico, neurológico ou psiquiátrico, relacionado a fatores iatro- gênicos (uso ou retirada de substâncias ou medicamentos) ou a outro transtorno do sono (Alóe et al.16, 2003). O bruxismo durante o sono pode ser causado por uso de subs- tâncias, como álcool, cafeína (doses altas), cocaína, anfetaminas e substâncias relacionadas, como metilenodioximetanfetamina (MDMA) ou ecstasy, assim como por medicamentos antipsicó- ticos antagonistas da neurotransmissão dopaminérgica, antide- pressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (fluo- xetina, sertralina, paroxetina, e outros), e inibidores dos canais de cálcio (flunarizina) (Lavigne & Manzini17, 2000). A teoria odontológica da década de 1960, que relatava que os elementos “periféricos” como a má oclusão dentária e os fatores mecânicos dentários seriam as bases do BS, é atual- mente, no mínimo, controversa e inconclusiva (Alóe et al.16, 2003; Carlsson et al.1, 2006). Os dentes devem ser examinados em relações aos sinais de desgaste oclusal. Como o desgaste dental é um processo fisiológico normal, fatores contribuintes, tais como idade do paciente, número de dentes ocluindo, dieta alimentar, devem ser levados em consideração ao avaliar o grau de desgaste dentário. O desgaste dentário grave geralmente é causado por uma combinação de fatores etiológicos. Quando o bruxismo do sono é o fator principal, a utilização de um aparelho interoclusal de uso noturno é o método mais efeti- vo no controle dos desgastes dentários. As facetas de desgaste causadas pelo apertar ou ranger dos dentes são encontradas geralmente nas posições mandibu- 02_Principios de oclusao.indd 129 8/18/08 11:40:08 AM 130 lares extremas. Neste tipo de caso um teste de provocação pode ser executado, no qual o paciente aperta fortemente na posição suspeita por 20 a 30 segundos, se isto provocar sintomas de dolorimento isto reforça a relação causa-efeito (Carlsson et al.1, 2006). O exame clínico funcional simplifi cado é rápido e facilmente executado, sufi ciente para apresentar um quadro preciso do estado funcional. A necessidade de tratamento é baseada na presença de sintomas subjetivos, e não apenas de sinais clínicos de disfunção temporomandibular. Estes são os prin- cipais tópicos avaliados: - avaliação da amplitude de abertura mandibular Valores inferiores a 40 mm são considerados restritos e sinal de DTM. - Exame das atm Palpação das ATM bilateralmente avaliando sensibilidade e ruídos articulares. - Exame dos músculos Palpação bilateral dos músculos masseteres superfi cial e temporal. - Exame da oclusão Observar estabilidade oclusal dos contatos dentais em Máxima Intercuspidação. Verifi car a presença de contatos prematuros na posição de contato posterior (PCP) e avaliar a presença de interferências oclusais signifi cativas nos movimentos excursivos da mandíbula. Avaliar sinais de parafunção com desgastes dentários ou trauma oclusal. 02_Principios de oclusao.indd 130 8/18/08 11:40:09 AM 131 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador concEIto dE plano dE tratamEnto �� IntEGrado Qualquer que seja o tratamento reabilitador, de uma sim- ples restauração a uma extensa reabilitação oral, uma ava- liação bem detalhada, um bom diagnóstico e um plano de tratamento bem definido são essenciais para um resultado final positivo (Bottino et al.18, 2003; Miyashita et al.19, 2006). Quando o tratamento reabilitador apresenta um envolvimento estético, o mesmo é válido, porém, caso não sejam observados conceitos e padrões estéticos, dificilmente se consegue uma previsão final do tratamento e conseqüentemente sucesso. O clínico deve estar apto para visualizar os problemas es- téticos, as mudanças propostas e achar um caminho rea- bilitador que alie estética mantendo os princípios básicos funcionais, mecânicos e biológicos. Para tanto, a atuação de outras disciplinas é necessária (diagnóstico bucal, perio- dontia, cirurgia, endodontia, ortodontia, dentística res- tauradora e preventiva, implantodontia, dentre outras) (Bottino et al.18, 2003; Miyashita et al.19, 2006). O exame clínico deve ser amplo, com uma anamnese con- tendo os dados do paciente, história médica e odontológica, analisando-se a parte psicológica, queixa principal, anseios e expectativas em relação ao tratamento a ser realizado. Dentro do exame clínico, o exame físico extra-oral: assimetria facial, cicatrizes, fibroses, abertura de boca, palpação muscular. No exame intra-oral: aspectos semiológicos, análise perio- dontal, presença de cáries e necessidade de substituições de restaurações. Radiografias periapicais dos arcos dentários e radiografia panorâmica são obrigatórias; exames como tomografias, planigrafias e até ressonância magnética podem ser neces- sários para a avaliação da articulação temporomandibular e planejamento de implantes osseointegrados. Após os exames radiográficos, modelos de estudo são monta- dos em articulador semi-ajustável (ASA) para a análise oclusal. A montagem do articulador é relativamente fácil e rápida, não exigindo mais de uma consulta. No entanto, são inúme- ras as vantagens fornecidas pelo uso destes aparelhos, dentre elas pode-se citar particularmente: a. Análise do plano oclusal e posicionamento de dentes anteriores para avaliação estética; b. Observação da inclinação dentária e o relaciona- mento interoclusal; c. Avaliação dos contatos dentários e desvios mandibu- lares entre a posição de contato retruído em relação central e a máxima intercuspidação; d. Confecção de enceramento de diagnóstico. 02_Principios de oclusao.indd 131 8/18/08 11:40:10 AM 132 montagem de modelos de estudo em articulador de paciente com bruxismo e fratura de próteses parciais fixas de resina laboratorial Figura 2.61 - Paciente apresenta como queixa principal sensibilidade na região das próteses de resina laboratorial nos dentes 35, 37, 45 e 47, além de sintomatologia dolorosa muscular na região dos músculos masseteres e temporais, bilateralmente com cefaléia tipo tensão diária apresentando dor nas têmporas há três meses. Observar o aumento do diastema entre os dentes 41 e 42. Figura 2.62 - Paciente utilizou dispositivo NTI modificado para dentes inferiores durante uma semana, associado ao uso de compressas de calor úmido durante 30 minutos nas regiões de dolorimento muscular, relatando melhora da sintomatologia muscular e não apresentando cefaléia nesse período. Figuras 2.63 e 2.64 - Observar a alteração do plano oclusal posterior com extrusão de dentes posteriores, com maior desoclusão no lado direito da paciente. Figuras 2.65 e 2.66 - Com o controle da sintomatologia muscular realiza-se a confecção do Jig de Lucia modificado para facilitar a manipulação da mandíbula para a posição retruída da mandíbula em Relação Central. Observe que com o auxílio da marcação com carbono de papel fino vê-se que existe um único contato entre o Jig de acrílico e a borda incisal dos incisivo central inferior (dente 41) após a realização de movimentos orientados e repetitivos de abertura e fechamento de boca, demonstrando a reprodutibilidade desta posição. 2.61 2.63 2.62 2.64 Caso Clínico 3 02_Principios de oclusao.indd 132 8/18/08 11:40:33 AM 133 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador 2.65 2.66 02_Principios de oclusao.indd 133 8/18/08 11:40:40 AM 134 Figura2.67 - Jig em posição promovendo desoclusão dos dentes posteriores. Figura 2.68 - Registro em cera da posição de relação central com remoção do excesso de cera com auxílio de instrumento cortante Holemback 3S. Figura 2.69 - Registro em cera 7 com três lâminas sobrepostas e aquecidas. Somente as áreas com contatos dentais devem ser mantidas na região distal do registro, para não promover falhas na montagem dos modelos de estudo. 2.67 2.68 2.69 02_Principios de oclusao.indd 134 8/18/08 11:40:55 AM 135 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador Figuras 2.70 e 2.71 - Garfo metálico para registro do arco facial necessário nos casos de avaliação estética e de alteração de plano oclusal. Três pontos de cera 7 são colocados na região de incisivos centrais e primeiros molares de cada lado ou de dentes que apresentem maior estabilidade. Figuras 2.72 e 2.73 - Posicionamento do garfo metálico e arco facial profissional (Bio Art – São Carlos, Brasil). O arco deve ser mantido paralelo ao plano de Frankfurt, que vai do Tragus da orelha à borda inferior da órbita (ponto infra- orbitário). Esta posição geralmente coincide com a meia-distância entre o canto do olho e a asa do nariz. O correlator nasal somente facilita esta determinação, não devendo ser usado quando o arco não estiver paralelo ao plano de Frankfurt, nos casos de avaliação de alterações do plano oclusal. 2.70 2.72 2.71 2.73 02_Principios de oclusao.indd 135 8/18/08 11:41:11 AM 136 2.74 2.76 2.75 2.77 Figura 2.74 - Posicionamento do modelo com o suporte para garfo e sistema de transferência do arco facial profissional e articulador modelo A7 plus (Bio Art). Os modelos devem estar posicionados preferencialmente a uma meia-distância entre os ramos superior e inferior do articulador quando estes estiverem paralelos entre si, o que é mais bem visualizado neste sistema de montagem. Figura 2.75 - Fixação inicial do modelo superior com pequena quantidade de gesso tipo IV no sistema de placas metálicas imantadas. Figura 2.76 - O articulador é invertido e o pino incisal é aumentado 3 mm para compensar a espessura do registro em cera para montagem em relação central. Os modelos devem ser fixados para a montagem e colocação do gesso. Figura 2.77 - Vista lateral do articulador com modelos montados em Relação Central. 02_Principios de oclusao.indd 136 8/18/08 11:41:29 AM 137 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador Figura 2.78 - A formação de diastema anterior é decorrente do posicionamento anteriorizado da mandíbula, com sobrecarga em dentes anteriores durante a atividade parafuncional noturna de apertamento dentário, relatada pela paciente, decorrente da falta de contatos em dentes posteriores e fratura das próteses de resina laboraritorial. Figura 2.79 - Vista lateral direita. Observar o espaço interoclusal na região dos dentes da prótese de resina laboratorial (dentes 44 a 46) evidenciando ausência de contatos em Relação Central, a fratura da prótese é decorrente da atividade parafuncional. Figura 2.80 - Vista lateral esquerda dos modelos. Observar ausência de contatos interoclusais na região dos dentes 37 e 38. 2.78 2.79 2.80 02_Principios de oclusao.indd 137 8/18/08 11:41:45 AM 138 Figuras 2.81A-C - Na radiografia, evidencia a fratura das próteses de resina laboratorial decorrente da atividade parafuncional noturna não controlada. 2.81A 2.81B 2.81C 02_Principios de oclusao.indd 138 8/18/08 11:41:51 AM 139 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador objEtIvos EspEcífIcos do tratamEnto�� Uma vez determinado o plano de tratamento e a seqüência clínica, considerações funcionais devem ser avaliadas para estabelecer a estabilidade e função do sistema mastigatório (McNeill10, 1997). 1- Distribuição simétrica dos contatos cêntricos na posição de máxima intercuspidação; 2- À medida do possível promover uma distribuição axial das forças ao dentes posteriores; 3- Determinação de um plano oclusal aceitável; 4- Contatos nas guias promovendo fechamento e movimentos mandibulares sem deflexão; e 5- Uma dimensão vertical de oclusão aceitável com um espaço interoclusal de repouso. distribuição simétrica dos contatos cêntricos na posição de máxima intercuspidação Os dentes posteriores devem promover estabilidade oclu- sal, com contatos dentários bilaterais e simultâneos, sendo a pressão aplicada sobre estes dentes maior do que a exercida nos dentes anteriores, que devem apresentar contatos dentais suaves, proporcionando estabilidade oclusal. A sobrecarga oclusal que pode ocorrer, decorrente de atividade muscular parafuncional, deve ser controlada por meio de dispositivos intra-orais, como placas oclusais estabilizadoras. A posição de máxima intercuspidação (MI) é a completa intercuspidação dos dentes oponentes independentemente da posição condilar (Helkimo5, 1974), considerada a posição habitual de fechamento de boca. De forma geral é a posição na qual se realiza a confecção de restaurações diretas ou indi- retas, desde que o paciente apresente conforto mastigatório e não apresente dificuldade com a fala. Pacientes que apre- sentem sinais ou sintomas de disfunção temporomandibular, trauma oclusal, desconforto ao mastigar ou dificuldade fonética, necessitam de uma avaliação oclusal prévia, na qual a decisão de modificar a posição de intercuspidação pode ser tomada, levando-se em consideração os benefícios para o paciente, lembrando que esta é uma decisão irreversível e deve ser realizada com parâmetros de controle e planeja- mento para a sua execução (Miyashita et al.19, 2006). Para uma análise oclusal em pacientes total ou parcialmen- te dentados pode-se lançar mão da posição de contato den- tal retruído em Relação Central (RC) (Hobo et al.13, 1990; Neff20, 1975; Okeson9, 1993; Rufenarcht21, 1990). A literatura odontológica não é concordante em relação ao melhor relacionamento maxilomandibular para a realização de procedimentos restauradores (Baker et al.22, 2005). A deter- minação de uma posição repetitiva de fechamento mandibular como a relação central é necessária quando da realização de reabilitações orais extensas, como de uma arcada inteira, ou quando envolvem mais de um sextante nas áreas posteriores. A utilização desta posição dependerá das vantagens clínicas que ela possa apresentar para a realização do procedimento clínico restaurador e depende de um planejamento com previ- sibilidade do resultado final, após uma avaliação clínica, radio- gráfica e de enceramento de diagnóstico de modelos de estu- do em articuladores ajustáveis (Miyashita et al.19, 2006). A determinação da Relação Central depende de uma ma- nipulação mandibular realizada pelo operador, manten- 02_Principios de oclusao.indd 139 8/18/08 11:41:52 AM 140 do preferencialmente o paciente reclinado, favorecendo o posicionamento do côndilo em relação ao seu respectivo dis- co e fossa articulares. A grande difi culdade da manipulação da mandíbula em relação cêntrica consiste na obtenção de um movimento de abertura e fechamento mandibular puro, que consiste no movimento de rotação em um eixo axial ter- minal. O movimento de abertura e fechamento deve ocor- rer de forma repetitiva, evitando-se um movimento forçado para trás. O contato dental deve ser evitado, pois geralmente é desconfortável ao paciente e desencadeia refl exos noci- ceptivos dos mecanoceptores periodontais, gerando uma resposta neuromuscular que leva a mandíbula a uma posição mais anteriorizada (Dawson12, 2007; McNeill10, 1997). A avaliação da discrepância entre o contato dentário em Re- lação Central e Máxima Intercuspidação só faz sentido se não existir patologia articular que comprometa a relação cêntrica como posição de referência. Desta, forma a análise oclusal é sempre precedida da avaliação das articulações temporo- mandibulares, com exames simples como a palpação lateral e dorsal (intrameatal)das ATMs, que deve ser indolor, e a avaliação da amplitude de abertura da boca, que deve atingir uma distância interincisal média de 45 a 50 mm; esta abertu- ra de boca deve ocorrer sem desvios laterais acentuados ou ruídos articulares nítidos (Miyashita et al.19, 2006). distribuição axial das forças As forças oclusais verticais criadas pelos contatos oclusais são mais bem aceitas pelo ligamento periodontal viscoelásti- co do que forças horizontais. Os contatos que ocorrem entre uma ponta de cúspide ou uma superfície plana, como uma crista marginal ou um fundo de fóssula, resultam em uma força em direção vertical através do seu longo eixo (Fig. 2.82). Entretanto, quando um dente é contactado em um plano inclinado, como as vertentes das cúspides, a resultante da força apresenta um componente horizontal que não é ade- quadamente dissipado pelo ligamento periodontal e tecido ósseo (McNeill10, 1997). Figura 2.82 - Localização de contato em Máxima Intercuspidação entre pontas de cúspides de suporte (círculos fechados) e paradas verticais em fundo de fóssulas e cristas marginais (círculos abertos). 2.82 02_Principios de oclusao.indd 140 8/18/08 11:41:57 AM 141 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador Uma melhor localização dos contatos dentais posteriores ocorre entre as pontas de cúspides vestibulares de dentes in- feriores (VI) e cúspides palatinas dos dentes superiores (PS) contra o fundo de fóssula oponente ou crista marginal anta- gonista; esta relação oclusal promove a manutenção da di- mensão vertical de oclusão (DVO) (Fig. 2.83). Por sua vez, as cúspides linguais de dentes inferiores (LI) e vestibulares de dentes superiores (VS) promovem o es- coamento do bolo alimentar, protegendo as bochechas e a língua das mordidas, mantendo-as afastadas das pon- tas de cúspides (Fig. 2.84). cúspides lIvs Cúspides Guias Cúspides de não trabalho ou balanceio Cúspides não Funcionais Cúspides de não Contenção Cêntrica cúspides vIps Cúspides de Suporte Cúspide de Trabalho Cúspides Funcionais Cúspides de Contenção Cêntrica Figura 2.83 - Cúspides de suporte (VIPS). Figura 2.84 - Cúspides guias (LIVS). 2.83 2.84 02_Principios de oclusao.indd 141 8/18/08 11:42:01 AM 142 plano oclusal�� O plano oclusal é comumente estabelecido pelas superfícies incisais e oclusais dos dentes. Não é um plano no sentido literal da palavra, mas representa a média da curvatura das superfícies (Rufenarcht, 1990). Em 1890, o anatomista alemão Ferdinand Graf Spee des- creveu a curva anatômica estabelecida pelo alinhamento oclusal dos dentes. é uma curva ântero-posterior que passa pela ponta de cúspide do canino inferior, pontas de cúspides vestibulares de pré-molares e molares inferiores e se estende posteriormente, passando pelo ponto mais anterior do côn- dilo da mandíbula. O raio desta curva é de aproximadamen- te 4 polegadas (10,16 cm) e é visto por um aspecto lateral. é de fundamental importância para a reabilitação oclusal, pois quando os dentes posteriores seguem esta curva durante a protusão da mandíbula, ocorre a desoclusão dos dentes pos- teriores por meio da guia anterior (Craddock et. al23, 2005; Craddock et al.24, 2006; Okeson9, 1993; The Academy of Prosthodontics11, 1999). A curva médio lateral ou curva de Wilson é o plano que é côn- cavo e contacta as cúspides vestibulares e linguais dos mola- res mandibulares (The Academy of Prosthodontics11, 1999). O desgaste dos dentes por parafunção, juntamente com as mudanças de posicionamento, ocorridas com a perda dos elementos dentários, são as principais causas de alterações na curva oclusal natural dos pacientes. A perda de um ou mais dentes posteriores pode levar à extru- são, rotação, mesilização ou distalização de outros elemen- tos, desarranjando desta maneira a Curva de Spee, podendo resultar em interferências oclusais durante o movimento de protrusão mandibular. Um dos desafios do cirurgião-dentista é restaurar a anatomia dos dentes posteriores, obtendo um esquema oclusal em harmonia com a guia anterior e condilar do paciente, permitindo total desoclusão posterior durante a protrusão da mandíbula (Okeson9, 1993). O mau posicionamento dental e as interferências oclusais são freqüentemente considerados responsáveis por posições mandibulares ditas patogênicas. Interferências que ocorrem durante o fechamento, em geral são difíceis de ser observadas clinicamente na cavidade bucal (Orthlieb et al.14, 2002). A análise oclusal realizada em articuladores permite observar a ausência ou presença dos contatos oclusais e de interfe- rências, assim como sua participação durante os movimen- tos mandibulares (protrusão e lateralidade) e no adequado fechamento mandibular. Além disso, para uma reabilitação protética o articulador nos oferece uma previsibilidade do re- sultado, reproduzindo ou simulando os movimentos mandi- bulares, permitindo a visualização da relação entre os conta- tos retruídos em Relação Central e a Máxima Intercuspidação, facilitando o diagnóstico, estudo, planejamento, e execução do tratamento restaurador (Bottino et al.18, 2003; Orthlieb et al.14, 2002; Okeson9, 1993). Em 1963, Lawson Broadrick desenvolveu um instrumento, de- nominado bandeirola de Broadrick, para orientar a reabilitação na curva ântero-posterior mais adequada, em harmonia com as guias anterior e a guia condilar, quando a Curva de Spee estava alterada (Craddock et. al23, 2005; Craddock et al.24, 2006). 02_Principios de oclusao.indd 142 8/18/08 11:42:01 AM 143 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador Após a correta montagem dos modelos de gesso em articula- dor, para descrever a Curva de Spee desejada é necessário um compasso e a bandeirola de Broadrick, que é um instrumen- to acoplado ao ramo superior do articulador semi-ajustável. Esse dispositivo parte do princípio de que a Curva de Spee é um arco de um círculo que passa pela ponta de cúspide dos dentes inferiores e o côndilo mandibular, sendo possível lo- calizar o centro da curva na bandeira de Broadrick usando um compasso (Craddock et. al23, 2005; Craddock et al.24, 2006). Lynch e McConnel25 descreveram o uso dos dentes anteriores e posteriores para determinar a curva oclusal. Neste estudo, o canino inferior foi selecionado como o ponto anterior do arco para determinar o centro do raio da curva, utilizando o compasso e a bandeirola de Broadrick. A vertente distal da cúspide disto-vestibular do molar inferior mais posterior é selecionada como ponto posterior do arco. Quando a utilização do molar inferior for inadequada, seja por ausência dos molares ou posicionamento desfavorável, pode-se utilizar o elemento condilar, uma vez que, como des- crito inicialmente por Broadrick, é um dos pontos pelo qual passa a curva. A ponta seca do compasso deve ser colocada na intersecção dos arcos na bandeira. A curva é traçada para demonstrar a posição ideal das pontas de cúspides dos dentes inferiores. Dentes extruídos, em infra-oclusão, girovertidos ou desgas- tados são identificados e poderão ser reabilitados na curva agora redefinida, permitindo corretos parâmetros de deso- clusão pelos dentes anteriores. Neste momento do planejamento reabilitador protético, a quantidade de extrusão do dente dita a terapêutica a ser empregada para reabilitá-lo de acordo a curva de Spee que se espera conseguir. Uma extrusão leve pode ser corrigida somente com ameloplastia; aumentando o grau da extrusão pode haver necessidade de procedimentos restauradores como overlays ou coroas totais, associados à necessidade eventual de realizar tratamento endodôntico e/ou aumen- to de coroa clínica; para casos de extrusão mais severa, nos quais procedimentos restauradores não são possíveis, resta somente a exodontia destes elementos. Outra vantagem da análise oclusal e do planejamento reabili- tador realizados no articulador éa reversibilidade do proces- so, pois um erro de planejamento no articulador é facilmente corrigido repetindo-se a montagem com novos modelos, antes que este erro seja levado à boca do paciente (Figs. 2.85 a 2.99). 02_Principios de oclusao.indd 143 8/18/08 11:42:01 AM 144 Figura 2.85 - Vista lateral da Curva ântero-posterior de Spee. Figura 2.86 - O canino inferior foi selecionado como o ponto anterior do arco para determinar o centro do raio da curva utilizando o compasso e a bandeirola de Broadrick. Figura 2.87 - A ponta seca do compasso deve ser colocada na intersecção dos arcos na bandeira. A curva é traçada para demonstrar a posição ideal das pontas de cúspides dos dentes inferiores. Figura 2.88 - Posicionamento da bandeirola no articulador semi-ajustável Bio-Art® série 2000 padronizado pelo fabricante. Figura 2.89 - Abertura do compasso em 10,16 cm (4 polegadas) seguindo o padrão de tamanho fornecido pelo fabricante. Figura 2.90 - O canino inferior foi selecionado como o ponto anterior do arco para determinar o centro do raio da curva utilizando o compasso demarcado sobre uma etiqueta de papel aplicada à bandeirola. Figura 2.91 - A ponta seca do compasso deve ser colocada na cúspide distal do molar, desde que não apresente mau posicionamento acentuado, promovendo a intersecção dos arcos na bandeirola. Figura 2.92 - A curva é traçada para demonstrar a posição ideal das pontas de cúspides dos dentes inferiores. 2.85 2.86 2.87 Caso Clínico 4 02_Principios de oclusao.indd 144 8/18/08 11:42:15 AM 145 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador 2.88 2.90 2.91 2.92 2.89 02_Principios de oclusao.indd 145 8/18/08 11:42:34 AM 146 2.93 2.94 2.95 Figura 2.93 - O mesmo processo é repetido no lado oposto do articulador, o canino inferior foi selecionado como o ponto anterior do arco. Figura 2.94 - A ponta seca do compasso foi posicionada na cúspide mesial do segundo molar, pois este estava mal posicionado com acentuada inclinação para mesial, promovendo a intersecção dos arcos na bandeirola. Figura 2.95 - A curva é traçada para demonstrar a extrusão das pontas de cúspides dos dentes superiores. 02_Principios de oclusao.indd 146 8/18/08 11:42:43 AM 147 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador Figura 2.96 - Observe a curva traçada e a marcação do nível para realização de aumento cirúrgico de coroa clínica, acompanhando a curva. Figura 2.97 - Recorte de modelo de gesso para orientar a realização do enceramento de diagnóstico. Figura 2.98 - Enceramento de diagnóstico realizado para visualização do planejamento oclusal e estético. Figura 2.99 - Enceramento de diagnóstico realizado demonstrando a harmonia de forma entre dentes anteriores e posteriores. 2.96 2.98 2.97 2.99 02_Principios de oclusao.indd 147 8/18/08 11:42:57 AM 148 plano oclusal E a análIsE do sorrIso�� Para a análise do sorriso, o plano oclusal permite uma observa- ção do arco inteiro e está relacionado com o posicionamento das bordas incisais. Ele é analisado com o paciente sorrindo. O plano oclusal é um plano reto que vai das extremidades inci- sais dos centrais, passa nas pontas de cúspides dos caninos e continua para o posterior. O que dá a ilusão de ser paralelo em relação ao lábio inferior (segue a curvatura do lábio inferior) é o canto da maxila em relação a um plano sagital (anterior para posterior) (Fig. 2.100). Geralmente, o plano oclusal é obtido com uma linha incisal (canino a canino) paralela a uma linha interpupilar (quando não há assimetria pupilar). Este plano de referência é até mesmo usado se há irregularidades inerentes nos lábios. O plano interpupilar só não é usado como uma refe- rência se os olhos são desnivelados. Se este for o caso, o plano oclusal deveria ser comparado ao chão, montando os modelos de diagnóstico com arco facial nivelado ao chão. Outra refe- rência para o plano oclusal é a curvatura do lábio inferior. A margem incisal dita as posições dos dentes superiores e deve- riam seguir a curvatura do lábio inferior. A linha mediana entre os incisivos centrais deve ser per- pendicular ao plano oclusal. Avaliando-se o plano vestibular tem-se uma idéia se os contornos vestibulares das restaura- ções precisam ser modificados para criar o aparecimento do plano oclusal, uma vez que é perpendicular a este plano. Figura 2.100 - O plano oclusal é um plano reto que vai das extremidades incisais dos centrais, passa nas pontas de cúspides dos caninos e continua para posterior, o que dá a ilusão de ser paralelo em relação ao lábio inferior. 2.100 02_Principios de oclusao.indd 148 8/18/08 11:43:04 AM 149 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador Isto pode ser feito mantendo o contorno cervical ligeiramen- te mais pronunciado ou afilando as extremidades incisais para lingual. Qualquer modificação nas extremidades incisais dos centrais em uma direção vestíbulo-palatina deve ser ava- liada não só esteticamente (se o apoio do lábio será afetado adversamente) como também funcional e foneticamente. Em um padrão estético ideal, a linha mediana maxilar deveria coincidir com a linha mediana da face. Na realidade, a verti- calidade da linha mediana parece ser muito mais crítica que a posição médio-lateral. Quando a linha mediana é perpendicular ao plano oclusal, e conseqüentemente ao plano interpupilar, o sorriso torna-se equilibrado. Se a linha mediana diverge, cria- se uma assimetria no sorriso. Geralmente, a linha mediana coincide com o meio da face e o filtro do lábio. Se existe uma anormalidade médio-lateral severa, ortodontia ou tratamen- to ortognático podem ser necessários. Quando os pacientes se apresentam para uma mudança estética, normalmente estão buscando correção de irregula- ridades ou desalinhamentos. Na natureza não há nada que apresente perfeita simetria. Embora cada vez mais pacientes estejam buscando correções de desalinhamentos, fazendo ortodontia, não existem dentes perfeitamente alinhados. Se a meta é agradar os pacientes, as restaurações devem parecer naturais, com simetria dos incisivos centrais, fazen- do pequenas rotações ou irregularidades no alinhamento dos laterais e caninos para criar uma aparência natural e estéti- ca. Qualquer irregularidade em alinhamento ou rotação que criar desequilíbrio deve ser observada na avaliação. Se existir apinhamento ou desalinhamento que irá promover uma falta de espaço depois do alinhamento dos dentes, o pacien- te deve ser informado das limitações de laminados ou coroas para alinhar os dentes, ou uma sobreposição pode ser neces- sária. Caso a sobreposição não seja a opção, a movimentação ortodôntica pode ser necessária. Novamente, somente com o enceramento diagnóstico pode-se avaliar o arranjo global para que se crie a meta estética que o paciente e o dentista estão tentando alcançar. Outro critério importante para o sucesso estético harmônico é a posição dos caninos. Os caninos são importantes no aspecto de transição do arco anterior para o arco posterior. Quanto mais visível o aspecto distal do canino, mais largo o segmento anterior do arco aparecerá e criará uma forma mais quadrada para o arco com uma perda de uma transição mais suave de anterior para posterior. Somente a mesial do canino deveria ser visualizada na perspectiva anterior. Embora a proporção áurea seja um conceito matemático que não leva em consideração dominância, simetria e criativida- de subjetiva, enfatiza o fato de que o canino visto de uma perspectiva vestibular só deva ser observado na face mesial. A vista vestibular do canino, idealmente, deveria fluir para posterior para criar uma transição suave de anterior para o posterior. Idealmente, a altura do contorno de todos os dentes superiores deveria seguir o Zenith gengival (distal para o meio do dente), com uma inclinação axial, na direção cérvico-incisal para mesial. 02_Principios de oclusao.indd149 8/18/08 11:43:04 AM 150 movImEntos mandIbularEs E GuIa �� antErIor Uma função harmônica é criada promovendo movimentos mandibulares suaves e irrestritos durante os movimentos fun- cionais, e quando possível, parafuncionais, guiados por um ou mais dentes, como os caninos, incisivos ou em função de grupo. A guia anterior é a influência das superfícies contactantes dos dentes anteriores nos movimentos mandibulares, com a fabricação de um relacionamento dos dentes anteriores pre- venindo um contato dos dentes posteriores em todos os mo- vimentos excêntricos da mandíbula, sendo composto pelas guias incisal e canino. A guia incisal é a influência das superfícies contactantes das faces palatinas de incisivos superiores contra a borda inciso- vestibular de incisivos inferiores nos movimentos mandibula- res, e o guia canino é o de proteção lateral no lado de trabalho; somente os caninos estão em contato durante os movimen- tos excursivos laterais. Para promover um guia que previna contatos deflectivos cha- mados de contatos prematuros ou interferentes é mais fácil, mas não essencial, desenvolver um tipo de esquema oclusal com guia anterior (McNeill10, 1997). Durante a mastigação não ocorrem contatos em incisivos, mas, esporadicamente contatos leves em caninos; em condições fisiológicas os con- tatos entre dentes anteriores são evitados durante a função (Orthlieb et al.14, 2002). Os mecanoceptores periodontais exi- bem sua maior densidade com os estímulos de baixa intensi- dade nos dentes anteriores, associados aos mecanoceptores localizados nos músculos e articulação temporomandibular. Essas informações espaciais são necessárias para garantir uma intercuspidação direta repetitiva sem atritos (Orthlieb et al.14, 2002). Os efeitos reflexos da informação periodontal são predominantemente inibitórios dos músculos de fechamen- to mandibular, um contato imprevisto com um objeto duro provoca uma parada imediata do ciclo mastigatório, mas sem um reflexo protetor de abertura (Neff20, 1975). Parece não haver evidências científicas para suportar um esquema oclusal sobre o outro; um número significativo de indivíduos apresenta uma grande variedade de contatos do lado de tra- balho (McNeill10, 1997). A atividade parafuncional de rangimento ou apertamento excêntrico pode impor posições mandibulares que ultrapas- sem os limites funcionais mastigatórios, aumentando o risco de trauma oclusal associado aos contatos deflectivos mandi- bulares, promovendo uma maior necessidade de esquemas oclusais com proteção das guias geradas pelos dentes ante- riores, sendo esta proteção mais efetiva com planos oclusais adequados. 02_Principios de oclusao.indd 150 8/18/08 11:43:04 AM 151 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador Modificação de guia anterior com laminados parciais cerâmicos Figura 2.101 - Paciente assintomático com desgastes dentais devidos ao bruxismo noturno. Figura 2.102 - Os incisivos centrais apresentam manchas no esmalte. Figura 2.103 - Alteração do plano oclusal devido aos desgastes dentais acentuados e irregulares. 2.101 2.103 2.102 Caso Clínico 5 02_Principios de oclusao.indd 151 8/18/08 11:43:20 AM 152 Figura 2.104 - Montagem dos modelos para estudo em Máxima Intercuspidação coincidente com a posição de Relação Central. Figura 2.105 - Enceramento de diagnóstico com aumento do comprimento dental nos elementos dentais 11 a 14. Figura 2.106 - Avaliação do guia lateral em canino no articulador, com a desoclusão dos dentes do lado de trabalho. Figura 2.107 - Confecção de laminados parciais com cerâmica EMax ceram (Ivoclar), cimentadas com cimento Variolink II transparente. Figura 2.108 - Laminados cerâmicos parciais confeccionados nos elementos dentais 15 a 23. 2.104 2.105 2.106 02_Principios de oclusao.indd 152 8/18/08 11:43:35 AM 153 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador 2.107 2.108 02_Principios de oclusao.indd 153 8/18/08 11:43:44 AM 154 2.109 2.111 2.110 2.112 Figura 2.109 - Aspecto do sorriso com a correção do plano oclusal e aumento do comprimento dentário. Figura 2.110 - Vista lateral dos laminados cerâmicos acompanhando o contorno do lábio inferior. Figura 2.111 - Posição de máxima intercuspidação que não foi alterada pelos laminados. Figura 2.112 - Avaliação do movimento de protrusão com desoclusão dos dentes posteriores pela ação da guia incisal. 02_Principios de oclusao.indd 154 8/18/08 11:44:04 AM 155 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador Figuras 2.113 e 2.114 - Avaliação do movimento lateral com guia de proteção canino, com desoclusão dos dentes posteriores do lado de trabalho e não trabalho (balanceio). Figura 2.115 - Placa interoclusal modelo de Michigan, com guias de desoclusão. Figura 2.116 - Placa interoclusal promovendo contatos bilaterais e simultâneos. Figura 2.117 - Desoclusão dos dentes posteriores durante o movimento de protrusão com a placa interoclusal. Figuras 2.118 e 2.119 - Desoclusão nos lados de trabalho e não trabalho com o uso da placa interoclusal. 2.113 2.114 2.115 2.116 2.118 2.117 2.119 02_Principios de oclusao.indd 155 8/18/08 11:44:40 AM 156 dImEnsão vErtIcal �� As dimensões verticais correspondem à distância que se- para dois pontos cutâneos, um no maciço facial, o outro no corpo da mandíbula. A dimensão vertical de oclusão (DVO) corresponde à altura inferior da face quando os dentes superiores e inferiores estão em contato em máxima intercuspidação; a dimen- são vertical de repouso (DVR) caracteriza-se pela ausência de contato dental, corresponde à posição ocupada pela mandíbula quando a cabeça do paciente está em posição ereta; a atividade dos músculos elevadores e depresso- res equilibra as forças de gravidade sem compressão das estruturas articulares. O espaço funcional livre (EFL) corresponde à distância entre as superfícies oclusais dos dentes maxilares e mandibulares quando a mandíbula se encontra em posição de repouso; aritmeticamente corresponde à distância que separa a DVO da DVR. Este espaço é uma necessidade fisiológica que não deve ser confundido com o espaço mínimo de pronúncia. Este espaço apresenta valores médios de 2 a 3 mm, variando entre os indivíduos de 1 a 7 mm e para um mesmo indiví- duo ao longo do dia em função da postura da cabeça e do tronco, da fala, do sono, da idade, do estresse e de eventuais manifestações de dor (Orthlieb et al.14, 2002). Acrescenta-se a esta análise do espaço livre a utilização da fonética, que apresenta grande variação em seus valores máximos de amplitude e não pode ser tomada como posição de referência, mas seus valores de “espaço fonético mínimo” são a mais precisa e mais constante em um mesmo indivíduo ao longo de toda a vida (Orthlieb et al.14, 2002). Modificações da dimensão vertical de oclusão são sempre um desafio. A literatura é muito controversa, e apesar dos co- nhecimentos sobre os mecanismos que regem as diferentes dimensões, sua determinação é baseada essencialmente na experiência pessoal do profissional (Orthlieb et al.14, 2002). 02_Principios de oclusao.indd 156 8/18/08 11:44:40 AM 157 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador restabelecimento de dimensão vertical de oclusão com overlays cerâmicos Figura 2.120 - Paciente assintomática com dentes posteriores inferiores desvitalizados, com cavidades coronárias amplas, pouco remanescente dentário e espaço interoclusal insuficiente para confecção de núcleos e coroas totais convencionais. Figura 2.121 - Confecção de onlays cerâmicas de Empress2 (Ivoclar) aproveitando o espaço e a retenção da câmara pulpar, aumentando o volume da cerâmica, proporcionando maior resistência. 2.120 2.121 Caso Clínico 6 02_Principios de oclusao.indd 157 8/18/08 11:44:50 AM 158 Figura 2.122 - Aspecto das onlays cerâmicas. Figura 2.123 - Condicionamento da superfície interna com ácidohidrofluorídrico a 10% durante 60 segundos. Figura 2.124 - Após lavagem e secagem, aplicação de silano durante 60 segundos. Figura 2.125 - Colagem das onlays com margens preparadas preferencialmente em esmalte dental e realização do ajuste oclusal ápos a cimentação. Figura 2.126 - Avaliação da Máxima Intercuspidação, com contatos bilaterais e simultâneos. Figura 2.127 - Avaliação da dimensão vertical de oclusão restabelecida pelas onlays cerâmicas. Figura 2.128 - Satisfação e conforto gerado pelas onlays cerâmicas usadas como método alternativo pela impossibilidade de confecção de próteses convencionais, sendo o paciente orientado em relação a um rigoroso controle e manutenção. 2.122 2.124 2.123 02_Principios de oclusao.indd 158 8/18/08 11:45:03 AM 159 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador 2.125 2.127 2.126 2.128 02_Principios de oclusao.indd 159 8/18/08 11:45:33 AM 160 consIdEraçõEs fonétIcas para a �� rEabIlItação oral Os testes fonéticos podem ser usados como métodos com- plementares para um diagnóstico funcional e estético con- fiável. Apesar de o teste ser fonético, o controle é visual, avaliando-se o posicionamento dento-labial do paciente. Estes testes são especialmente interessantes para avaliar o comprimento incisal e na determinação da dimensão vertical de oclusão do paciente. pronúncia do som m A pronúncia contínua do som M promove um contato suave lá- bio/labial; desta forma, os lábios se tocam mantendo um espaço interoclusal de 2 a 4 mm, que representa o espaço funcional livre presente na Dimensão Vertical de Repouso. Este método auxilia na determinação da Dimensão Vertical de Oclusão associando- se a outros métodos de determinação da Dimensão Vertical. A correta determinação da Dimensão Vertical de Oclusão influen- cia diretamente no posicionamento e comprimento de incisivos (Miyashita et al.19, 2006; Orthlieb et al.14, 2002) (Fig. 2.129). Figura 2.129 - A pronúncia contínua do som M promove um contato suave lábio/labial, desta forma os lábios se tocam, mantendo um espaço interoclusal de 2 a 4 mm. 2.129 02_Principios de oclusao.indd 160 8/18/08 11:45:39 AM 161 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador pronúncia dos sons f e v A correta pronúncia dos sons F e V apresenta uma relação dento-labial, permitindo a avaliação do perfil e comprimen- to incisal. A pronúncia produz um leve contato entre os in- cisivos centrais superiores e a borda do lábio inferior. A bor- da vermelha do lábio inferior representa o limite vestibular dentro do qual as bordas incisais devem estar posicionadas (Fradeani26, 2006) . O posicionamento da borda incisal dos incisivos superio- res é o ponto de partida para a construção do sorriso, pois uma vez definido seu posicionamento, este determinará a proporção de comprimento dental, do nível gengival e do plano oclusal posterior. O uso do teste fonético F e V é de grande auxílio na determi- nação do comprimento incisal. O posicionamento das bordas incisais norteia o posicionamento dos incisivos centrais supe- riores em repouso. O paciente sentado repete o fonema M, e com isto consegue um relaxamento dos lábios. A quantia do incisivo central mostrada é avaliada e medida. A área de den- te exposta com os lábios em repouso é menor em homens do que em mulheres. Segundo Fradeani (2006), a porção normal- mente visível dos incisivos centrais é de aproximadamente 3,5 mm em pacientes jovens do sexo feminino, e de 2,0 mm para o sexo masculino; com o aumento da idade a quantia de incisal exibida é menor, e, ainda, lábios superiores pequenos geralmente exibem mais estrutura do dente que lábios mais volumosos. As futuras margens incisais podem então ser re- lacionadas com o sexo, volume labial e idade do paciente. Quanto mais exposição de dente, em repouso, mais jovem será a aparência do paciente (Morr27, 2004) ( Fig. 2.130). Figura 2.130 - A pronúncia dos sons F e V apresentam uma relação dento- labial, permitindo a avaliação do perfil e comprimento incisal. 2.130 02_Principios de oclusao.indd 161 8/18/08 11:45:45 AM 162 pronúncia dos sons s e Z Existe uma grande variação no movimento mandibular duran- te a pronúncia dos sons S e Z; apesar disso, o movimento man- dibular vertical e horizontal deve ser avaliado se houver neces- sidade de modificação do posicionamento dental de incisivos no plano vestíbulo-lingual. A pronúncia de fonemas sibilantes como sessenta e seis, zaza, sasa, Mississipi, promove uma grande aproximação ou até um leve toque das bordas incisais de incisivos superiores e inferiores, limitando o alongamento do comprimento de dentes anteriores. Em casos de aumento da dimensão vertical os dentes não devem entrar em contato ao pronunciar estes sons (Fradeani28, 2006) (Fig. 2.131). Figura 2.131 - A pronúncia dos sons S e Z promove uma grande aproximação ou até um leve toque das bordas incisais de incisivos superiores e inferiores, limitando o alongamento do comprimento de dentes anteriores. 2.131 02_Principios de oclusao.indd 162 8/18/08 11:45:52 AM 163 Princípios de Oclusão no Tratamento Reabilitador EncEramEnto dE dIaGnóstIco�� O enceramento de diagnóstico representa um dos aspectos mais essenciais em todo o tratamento. é somente por meio dele que todas as alterações que foram planejadas, como resultado de toda a avaliação estética, podem ser testadas. Todos os critérios para o sucesso estético devem ser incorpo- rados no enceramento de diagnóstico. Se qualquer das mudanças não for possível, é no encera- mento diagnóstico que deverá ser avaliado, e não após o preparo dos dentes. rEstauraçõEs tEmporárIas�� Usando-se uma matriz de silicone, realizada na vestibular do modelo de enceramento de diagnóstico, pode-se conferir a profundidade dos preparos tanto na região vestibular quan- to na interproximal, assegurando-se uma redução uniforme e correta nos preparos. Uma matriz palatina auxilia na redução da área incisal, e, ainda, uma matriz total do modelo encera- do auxilia na construção das restaurações temporárias. Car- regando a matriz com resina ativada quimicamente (própria para provisórios) e assentando-se nos preparos, tem-se o con- torno exato dos dentes encerados. Assim, com esta matriz, agora em resina, pode-se checar corretamente as alterações estéticas que foram realizadas no enceramento de diagnóstico. Este pode parecer perfeito no modelo, mas apenas com os provisórios na boca é que a estética pode ser verdadeiramen- te checada. Qualquer mudança de contorno final deve ser rea- lizada intra-oralmente nas restaurações temporárias para que fiquem tão próximas quanto possível da largura, comprimen- to, contorno e alinhamento desejados. Quando os contornos estão finalizados e aprovados, as restaurações temporárias são checadas para verificar se a quantidade de desgaste dos preparos está correta, e somente então as impressões finais são realizadas. Quando as restaurações estão cimentadas, uma impressão com alginato é realizada para obter-se um modelo de gesso semelhante aos provisórios, que servirá de modelo para as restaurações finais. Os modelos realizados através das restaurações temporárias irão transferir as informações para as restaurações finais. A cor final, caracterizações e textura serão definidas nas res- taurações finais. ajuste oclusal por desgaste seletivo Ajuste Oclusal consiste em qualquer forma de tratamento que proporcione um melhor relacionamento funcional do Sistema Estomatognático, através da modificação da forma da superfície oclusal ou da posição dos elementos dentais. Desta forma são considerados procedimentos de Ajuste Oclusal a movimentação ortodôntica, a reabilitação pro- tética, a cirurgia ortognática e restaurações dentais. Den- tre elas temos a técnica de Desgaste Seletivo, que consiste no cuidadoso recontorneamento da superfície oclusal dos dentes, através
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