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Página 1 de 50 COMPILADO DE INFORMATIVOS STF E STJ 2020 @MP_ESTADUAL FONTE: DIZER O DIREITO Página 2 de 50 Controle de leitura dos Informativos STF STJ 965 663 Sumário DIREITO CONSTITUCIONAL ........................................................................................................................... 8 Direitos e garantias fundamentais ........................................................................................................... 8 Direitos sociais.......................................................................................................................................... 8 Direitos políticos....................................................................................................................................... 8 Competências legislativas ........................................................................................................................ 8 Regime de precatórios ............................................................................................................................. 8 Processo Legislativo ................................................................................................................................. 8 Poder Executivo ........................................................................................................................................ 8 Poder Legislativo ...................................................................................................................................... 8 Imunidade parlamentar ....................................................................................................................... 8 Tribunal de Contas ................................................................................................................................... 8 Controle de constitucionalidade .............................................................................................................. 8 Poder Judiciário ........................................................................................................................................ 9 CNJ .......................................................................................................................................................... 10 Ministério Público .................................................................................................................................. 10 Advocacia Pública ................................................................................................................................... 10 Defensoria Pública.................................................................................................................................. 10 Ordem Econômica .................................................................................................................................. 10 Direito à saúde ....................................................................................................................................... 10 Direito à educação ................................................................................................................................. 10 Desporto ................................................................................................................................................. 11 DIREITO CIVIL .............................................................................................................................................. 11 Direitos da personalidade ...................................................................................................................... 11 Pessoas jurídicas..................................................................................................................................... 11 Prescrição e decadência ......................................................................................................................... 11 Obrigações .............................................................................................................................................. 12 Negócio jurídico ..................................................................................................................................... 12 Contratos ................................................................................................................................................ 12 Seguro................................................................................................................................................. 12 Responsabilidade civil ............................................................................................................................ 14 Página 3 de 50 Direitos reais .......................................................................................................................................... 14 Posse................................................................................................................................................... 14 Direitos reais ...................................................................................................................................... 14 Direito de Família ................................................................................................................................... 14 Casamento.......................................................................................................................................... 14 Filiação ................................................................................................................................................ 14 Alimentos ........................................................................................................................................... 14 Sucessões ............................................................................................................................................... 14 Bem de família........................................................................................................................................ 16 SFH .......................................................................................................................................................... 16 Lei de Locação (Lei n° 8.245/91) ............................................................................................................ 16 Lei de Direitos Autorais (Lei n° 9.610/98) .............................................................................................. 16 Arbitragem ............................................................................................................................................. 16 ECA ............................................................................................................................................................. 16 Direitos da criança e do adolescente ..................................................................................................... 16 Poder Familiar ........................................................................................................................................ 16 Colocação em família substituta ............................................................................................................ 16 Classificação indicativa de programas ................................................................................................... 16 DIREITO NOTARIAL E REGISTRAL ................................................................................................................ 17 DIREITO PROCESSUAL CIVIL ....................................................................................................................... 17 Competência ..........................................................................................................................................17 Partes e Procuradores ............................................................................................................................ 17 Deveres das partes e de seus procuradores ...................................................................................... 17 Sucumbência e honorários de advogado ........................................................................................... 17 Comunicação de atos processuais ......................................................................................................... 17 Tutela provisória .................................................................................................................................... 17 Procedimento comum ............................................................................................................................ 17 Cumprimento de sentença ..................................................................................................................... 18 Execução ................................................................................................................................................. 18 Fazenda Pública em juízo ....................................................................................................................... 19 Procedimentos especiais ........................................................................................................................ 20 Ordem dos processos nos Tribunais e competência originária ............................................................. 20 Disposições gerais .............................................................................................................................. 20 Técnica de ampliação do colegiado ................................................................................................... 20 IAC ...................................................................................................................................................... 20 Ação rescisória ................................................................................................................................... 20 Reclamação ........................................................................................................................................ 20 IRDR .................................................................................................................................................... 21 Página 4 de 50 Recursos ................................................................................................................................................. 21 Execução Fiscal ....................................................................................................................................... 21 Mandado de segurança .......................................................................................................................... 21 Processo coletivo.................................................................................................................................... 21 Fazenda Pública em juízo ....................................................................................................................... 23 DIREITO DO CONSUMIDOR ........................................................................................................................ 23 Consumidor ............................................................................................................................................ 23 Fornecedor ............................................................................................................................................. 23 Direitos básicos ...................................................................................................................................... 23 Responsabilidade ................................................................................................................................... 23 Prescrição e decadência ......................................................................................................................... 24 Publicidade ............................................................................................................................................. 24 Práticas abusivas .................................................................................................................................... 24 Práticas comerciais ................................................................................................................................. 24 Cadastro de consumidores ..................................................................................................................... 24 Contratos bancários ............................................................................................................................... 24 Planos de saúde...................................................................................................................................... 24 DIREITO EMPRESARIAL ............................................................................................................................... 25 Direito SOCIETÁRIO ................................................................................................................................ 25 Sociedade limitada ................................................................................................................................. 25 SA ............................................................................................................................................................ 25 Propriedade industrial............................................................................................................................ 25 Falência e recuperação judicial .............................................................................................................. 25 Recuperação judicial .......................................................................................................................... 25 Falência............................................................................................................................................... 26 Títulos de crédito ................................................................................................................................... 26 Fundo de investimento .......................................................................................................................... 26 Contratos empresariais .......................................................................................................................... 26 DIREITO PENAL ........................................................................................................................................... 26 Princípios ................................................................................................................................................ 26 Pena ........................................................................................................................................................ 26 1ª Fase ................................................................................................................................................ 26 2ª Fase ................................................................................................................................................ 26 Medidas de segurança ........................................................................................................................... 27 Extinção da punibilidade ........................................................................................................................ 27 Prescrição ...........................................................................................................................................27 Furto ....................................................................................................................................................... 27 Roubo ..................................................................................................................................................... 28 Página 5 de 50 Estelionato.............................................................................................................................................. 28 Crimes contra a dignidade sexual .......................................................................................................... 28 Crimes contra a fé pública...................................................................................................................... 28 Crimes contra a administração pública .................................................................................................. 28 Crimes hediondos ................................................................................................................................... 28 Lei de Drogas .......................................................................................................................................... 28 Lei Maria da Penha ................................................................................................................................. 29 ECA ......................................................................................................................................................... 29 Lei de licitações ...................................................................................................................................... 29 Lavagem de dinheiro .............................................................................................................................. 29 Estatuto do Desarmamento ................................................................................................................... 29 Racismo .................................................................................................................................................. 29 Crimes contra a ordem tributária .......................................................................................................... 29 Crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492/86)............................................................................ 29 Crimes de trânsito .................................................................................................................................. 29 Crimes de responsabilidade de Prefeitos............................................................................................... 29 Organização criminosa ........................................................................................................................... 29 Lei Antiterrorismo (Lei n° 13.260/16) .................................................................................................... 30 Outros crimes ......................................................................................................................................... 31 DIREITO PROCESSUAL PENAL ..................................................................................................................... 31 Inquérito policial .................................................................................................................................... 31 Investigação criminal .............................................................................................................................. 32 Competência .......................................................................................................................................... 32 Competência originária .......................................................................................................................... 32 Ação penal .............................................................................................................................................. 32 Sujeitos do processo .............................................................................................................................. 32 Impedimento e suspeição .................................................................................................................. 32 Partes e procuradores ........................................................................................................................ 32 Medidas assecuratórias.......................................................................................................................... 32 Provas ..................................................................................................................................................... 32 Prisão e cautelares diversas ................................................................................................................... 32 Execução provisória da pena.............................................................................................................. 33 Audiência de custódia ............................................................................................................................ 34 Sentença ................................................................................................................................................. 36 Tribunal do Júri ....................................................................................................................................... 36 Nulidades ................................................................................................................................................ 36 Recursos ................................................................................................................................................. 36 Reclamação ............................................................................................................................................ 37 Página 6 de 50 Revisão criminal ..................................................................................................................................... 37 Remédios constitucionais ...................................................................................................................... 37 Execução penal ....................................................................................................................................... 39 Colaboração premiada ........................................................................................................................... 39 Juizados .................................................................................................................................................. 39 DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL MILITAR ........................................................................................ 39 DIREITO ADMINISTRATIVO ......................................................................................................................... 40 Princípios ................................................................................................................................................ 40 Entes da Administração Pública ............................................................................................................. 40 Ato administrativo .................................................................................................................................. 40 Processo administrativo ......................................................................................................................... 40 Licitação .................................................................................................................................................. 40 Responsabilidade Civil do Estado ...........................................................................................................41 Poderes administrativos ......................................................................................................................... 41 Concurso público .................................................................................................................................... 41 Agentes públicos .................................................................................................................................... 41 Improbidade administrativa ................................................................................................................... 42 Intervenção do Estado na propriedade ................................................................................................. 42 DIREITO TRIBUTÁRIO .................................................................................................................................. 44 Limitações ao poder de tributar............................................................................................................. 44 Crédito tributário ................................................................................................................................... 44 Responsabilidade tributária ................................................................................................................... 44 Tributos em espécie ............................................................................................................................... 44 Repetição de indébito ............................................................................................................................ 45 Prescrição ............................................................................................................................................... 45 Compensação tributária ......................................................................................................................... 45 Parcelamento ......................................................................................................................................... 45 Direito aduaneiro ................................................................................................................................... 45 Processo administrativo tributário ........................................................................................................ 45 DIREITO ELEITORAL .................................................................................................................................... 45 DIREITO AMBIENTAL .................................................................................................................................. 45 DIREITOS DIFUSOS e coletivos ................................................................................................................... 46 Direito financeiro ....................................................................................................................................... 46 Orçamento ............................................................................................................................................. 46 Despesas públicas .................................................................................................................................. 46 Outros temas .......................................................................................................................................... 46 Direito internacional .................................................................................................................................. 46 Exercícios / INFORMATIVOS STF ................................................................................................................ 46 Página 7 de 50 EXERCÍCIOS / INFORMATIVOS STJ .............................................................................................................. 46 Página 8 de 50 INFORMATIVOS STF E STJ (2020) DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos e garantias fundamentais Direitos sociais Direitos políticos Competências legislativas Regime de precatórios Processo Legislativo Poder Executivo Poder Legislativo Imunidade parlamentar Tribunal de Contas Controle de constitucionalidade É possível, em tese, o ajuizamento de ADI contra deliberação administrativa de tribunal, desde que ela tenha conteúdo normativo com generalidade e abstração, devendo, contudo, em regra, a ação ser julgada prejudicada caso essa decisão administrativa seja revogada. É cabível ação ADI contra deliberação administrativa do Tribunal que determina o pagamento de reajuste decorrente da conversão da URV em reais (“plano real”) aos magistrados e servidores. Depois que a ADI foi proposta, e antes que fosse julgada, o TRT decidiu revogar essa deliberação administrativa. Diante disso, indaga-se: o mérito da ação foi julgado? NÃO. Em decorrência da revogação da deliberação, o STF julgou prejudicada a ADI, por perda superveniente de objeto. STF. Plenário. ADI 1244 QO-QO/SP, Min. Gilmar Mendes, 19/12/2019 (Info 964). Sempre que uma lei ou ato normativo que estava sendo impugnado por ADI for revogado, haverá perda do objeto? O que acontece caso o ato normativo que estava sendo impugnado na ADI seja revogado antes do julgamento da ação? Regra: haverá perda superveniente do objeto e a ADI não deverá ser conhecida (STF ADI 1203). Exceção 1: “fraude processual”, ou seja, a norma foi revogada de forma proposital a fim de evitar que o STF a declarasse inconstitucional e anulasse os efeitos por ela produzidos (STF ADI 3306). Exceção 2: conteúdo do ato impugnado foi repetido, em sua essência, em outro diploma normativo. (STF ADI 2418/DF, Min. Teori Zavascki, 4/5/2016. Info 824). Exceção 3: caso o STF tenha julgado o mérito da ação sem ter sido comunicado previamente que Página 9 de 50 houve a revogação da norma atacada (STF. Plenário. ADI 951, Min. Barroso, 27/10/2016. Info 845). Exige-se quórum de maioria absoluta dos membros do STF para modular os efeitos de decisão proferida em julgamento de recurso extraordinário no caso em que não tenha havido declaração de inconstitucionalidade. Exige-se quórum de MAIORIA ABSOLUTA dos membros do STF para modular os efeitos de decisão proferida em julgamento de recurso extraordinário repetitivo, com repercussão geral, no caso em que NÃO tenha havido declaração de inconstitucionalidade da lei ou ato normativo. Qual é o quórum para que o STF, no julgamento de recurso extraordinário repetitivo, com repercussão geral reconhecida, faça a modulação dos efeitos da decisão? • Se o STF declarou a lei ou ato inconstitucional: 2/3 dos membros. • Se o STF não declarou a lei ou ato inconstitucional: maioria absoluta. STF. Plenário. RE 638115 ED- ED/CE, Min. Gilmar Mendes, 18/12/2019 (Info 964). Modulação de efeitos da decisão a) Nos processos objetivos de controle de constitucionalidade, há previsão expressa (art. 27 da Lei 9.868/99) b) O STF entende que, excepcionalmente, admite-se, em caso de controle difuso de constitucionalidade, a modulação temporal dos efeitos da decisão proferida. Com o objetivo de seguir o mesmo modelo previsto no art. 27 da Lei 9.868/99, o STF decidiu que é necessário o quórum de 2/3 p/ que ocorra a modulação de efeitos em sede de RE com repercussão geral reconhecida. Considerou-se que esta maioria qualificada seria necessária para conferir eficácia objetiva ao instrumento. Nesse sentido: É possível a modulação dos efeitos da decisão proferida em sede de controle incidental de constitucionalidade. STF. Plenário. RE 522897/RN, Min. Gilmar Mendes, 16/3/2017 (Info 857). Vale ressaltar que esse quórum de 2/3 é para o caso de o STF declarar inconstitucional a lei ou ato normativo. CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO. Viola a cláusula de reserva de plenário e a SV 10 a decisãode órgão fracionário do Tribunal que permite que empresa comercialize produtos em desacordo com as regras previstas em Decreto federal, sob o argumento de que este ato normativo violaria o princípio da livre concorrência. O afastamento de norma legal por órgão fracionário, de modo a revelar o esvaziamento da eficácia do preceito, implica contrariedade à cláusula de reserva de plenário e ao Enunciado 10 da Súmula Vinculante. Caso concreto: a 4ª Turma do TRF da 1ª Região, ou seja, um órgão fracionário do TRF1, ao julgar apelação, permitiu que uma empresa comercializasse determinada espécie de cigarro mesmo isso sendo contrário às regras do Decreto nº 7.212/2010. Embora não tenha declarado expressamente a inconstitucionalidade do Decreto, a 4ª Turma afirmou que ele seria contrário ao princípio da livre concorrência, que é previsto no art. 170, IV, da CF/88. Ao desobrigar a empresa de cumprir as regras do decreto afirmando que ele violaria o princípio da livre iniciativa, o que a 4ª Turma fez foi julgar o decreto inconstitucional. Ocorre que isso deveria ter sido feito respeitando-se a cláusula de reserva de plenário, conforme explicitado na SV 10: Súmula vinculante 10-STF: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta a sua incidência no todo ou em parte. STF. 1ª Turma. RE 635088 AgR-segundo/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 4/2/2020 (Info 965). Poder Judiciário Página 10 de 50 CNJ Ministério Público (!) Ação de improbidade administrativa proposta contra Promotor de Justiça (podendo resultar na perda do cargo): julgada em 1ª instância; ação civil de perda de cargo de Promotor não envolvendo improbidade administrativa: julgada pelo TJ. Ação Civil de perda de cargo de Promotor de Justiça cuja causa de pedir não esteja vinculada a ilícito capitulado na Lei nº 8.429/92 deve ser julgada pelo Tribunal de Justiça. STJ. 2ª Turma. REsp 1.737.900- SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 19/11/2019 (Info 662). • Promotor de Justiça não pode perder o cargo em processo administrativo instaurado para apuração de infração disciplinar de natureza grave. Exige-se, para tanto, sentença judicial transitada em julgado. • O art. 92 do CP não se aplica aos membros do MP condenados criminalmente porque o art. 38 da Lei 8.625/93 disciplina o tema, sendo norma especial (específica), razão pela qual deve esta última prevalecer em relação à norma geral (CP). STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1409692/SP, Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 23/05/2017. A perda do cargo do Promotor de Justiça, portanto, não pode ser decretada como efeito da condenação penal. • É pacífico o entendimento de que o Promotor de Justiça (ou Procurador da República) pode ser processado e condenado por ato de improbidade administrativa, com fundamento na Lei nº 8.429/92. • A ação de improbidade contra o membro do MP deverá ser proposta pelo Promotor de Justiça ou Procurador da República, ou seja, pelo membro do MP que atua em 1ª instância. Advocacia Pública Defensoria Pública Ordem Econômica Direito à saúde Direito à educação FUNDEF. União deverá indenizar Estados prejudicados com o cálculo incorreto do VMNA. O valor da complementação da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) deve ser calculado com base no valor mínimo nacional por aluno extraído da média nacional. A complementação ao Fundef realizada a partir do valor mínimo anual por aluno fixada em desacordo com a média nacional impõe à União o dever de suplementação de recursos, mantida a vinculação constitucional a ações de desenvolvimento e Página 11 de 50 manutenção do ensino. Em outras palavras, os Estados prejudicados com o cálculo incorreto do valor mínimo nacional por aluno deverão ser indenizados por conta do montante pago a menor a título de complementação pela União no período de vigência do FUNDEF, isto é, nos exercícios financeiros de 1998 a 2007. O tema acima foi definido pelo STJ (no REsp 1101015/BA) e pelo STF nas ACO 648/BA, ACO 660/AM, ACO 669/SE e ACO 700/RN, jugadas em 6/9/2017. Diante disso, é possível que o Ministro do STF, Relator de ações com pedidos semelhantes, decida monocraticamente e julgue procedente os pedidos formulados por outros Estados-membros contra a União. Não haverá, neste caso, violação ao princípio da colegialidade. STF. Plenário. ACO 701 AgR/AL, Min. Edson Fachin, 18/12/2019 (Info 964). Desporto É inconstitucional previsão do Estatuto do Torcedor, inserida pela Lei do PROFUT, que permitia o rebaixamento do clube em caso de não comprovação da regularidade fiscal e trabalhista. A Lei 13.155/2015 institui o PROFUT (Programa de modernização da gestão e de responsabilidade fiscal do futebol brasileiro). Essa lei alterou o Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/03) para incluir entre os critérios técnicos, além da colocação obtida em campeonato anterior, a apresentação de Certidão Negativa de Débitos Federais, de certificado de regularidade de contribuição ao FGTS e comprovação de pagamentos de obrigações previstas nos contratos de trabalho e nos contratos de imagem dos atletas. Assim, por força da Lei 13.155/15, um clube de futebol da série “A” (“1ª divisão”) do Campeonato Brasileiro caso não cumprisse os requisitos de regularidade fiscal, regularidade com o FGTS e com os salários dos atletas seria rebaixado para a série “B”. Para o STF, a exigência da regularidade fiscal fere a autonomia das entidades desportivas em relação à sua organização e seu funcionamento (art. 217 da CF) e constitui forma indireta de coerção estatal ao pagamento de tributos. A retirada do clube do campeonato pelo não pagamento de tributos ou do FGTS é medida gravíssima, que demonstra falta de proporcionalidade e razoabilidade, além de configurar uma sanção política. Com a exclusão automática do campeonato, o clube jamais conseguiria pagar tributos e refinanciamentos, trazendo prejuízos à União, aos atletas, aos funcionários e à ideia de fomentar o desporto. Resultado: foi declarada a inconstitucionalidade do art. 40 da Lei 13.155/15, na parte em que altera o art. 10, §§ 1º, 3º e 5º da Lei 10.671/03, mantendo-se a vigência e eficácia de todos os demais dispositivos impugnados. STF. Plenário. ADI 5450 MC-Ref/DF, Min. Alexandre de Moraes, 18/12/2019 (Info 964). A cobrança do tributo por vias oblíquas (sanções políticas) é rechaçada por quatro súmulas do STF e do STJ: a) Súmula 70-STF: É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para cobrança de tributo. b) Súmula 323-STF: É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos. c) Súmula 547-STF: Não é lícito à autoridade proibir que o contribuinte em débito adquira estampilhas, despache mercadorias nas alfândegas e exerça suas atividades profissionais. d) Súmula 127-STJ: É ilegal condicionar a renovação da licença de veículo ao pagamento de multa, da qual o infrator não foi notificado. DIREITO CIVIL Direitos da personalidade Pessoas jurídicas Prescrição e decadência Página 12 de 50 Obrigações Negócio jurídico Contratos Seguro É cabível a modulação dos efeitos do entendimento da Súmula 610 do STJ no caso de suicídio que tenha ocorrido ainda na vigência do entendimento anterior, previsto nas Súmulas 105 do STF e 61 do STJ. No seguro de vida, se o segurado se suicidar, a seguradora continua tendo obrigação de pagar a indenização? 1) Entendimento ANTERIOR (até 08/04/2015) (Súmulas 105 do STF e 61 do STJ): O critério era o da premeditação: • Se o suicídio foi premeditado: NÃO. A seguradora não tem obrigação de indenizar. • Se o suicídio não foi premeditado: SIM. A seguradora tem obrigação de indenizar. 2) Entendimento ATUAL (Súmula 610 do STJ):O critério passou a ser o meramente temporal: • Suicídio nos dois primeiros anos: SEM direito à indenização. • Suicídio após os dois primeiros anos: TEM direito à indenização. Caso concreto: segurado cometeu suicídio antes de terminarem os dois primeiros anos do contrato. Ficou demonstrado que o suicídio não foi premeditado. Assim, pelo entendimento anterior, o beneficiário do seguro teria direito à indenização (porque o suicídio não foi premeditado). Por outro lado, pelo entendimento atual, o filho de João não teria direito à indenização (porque o suicídio ocorreu nos dois primeiros anos do contrato). O beneficiário ajuizou a ação contra a seguradora quando ainda vigorava o entendimento anterior do STJ, tendo, inclusive, obtido uma sentença favorável. Ocorre que, quando o processo chegou ao STJ por meio de recurso, o entendimento já havia mudado. Neste caso, o STJ afirmou que, mesmo tendo havido alteração da jurisprudência, deveria ser aplicado o entendimento anterior. STJ. 3ª Turma. REsp 1.721.716-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/12/2019 (Info 662). Página 13 de 50 ● Nesse julgado, o STJ aplicou a técnica da superação prospectiva de precedente (prospective overruling). Como o suicídio correu na vigência do entendimento anterior, deverá ser aplicada a posição anterior da jurisprudência, ou seja, o critério da premeditação previsto nas Súmulas 105 do STF e 61 do STJ. Para o STJ, deve ser feita a modulação dos efeitos do novo entendimento, manifestado na Súmula 610, de forma que essa nova posição não retroaja para alcançar suicídios ocorridos antes de seu início. ● Essa modulação de efeitos é expressamente permitida pelo art. 927, §3°, do NCPC: Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do STF e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica. (!) Mudança de entendimento – Atualize informativo 561, STJ. A cláusula de reajuste por faixa etária em contrato de seguro de vida é legal, ressalvadas as hipóteses em que o contrato já tenha previsto alguma outra técnica de compensação do desvio de risco dos segurados idosos. Em regra, é válida a cláusula de reajuste por faixa etária em contrato de seguro de vida. Essa cláusula somente não será válida nos casos em que o contrato já tenha previsto alguma outra técnica de compensação do “desvio de risco” dos segurados idosos, como nos casos de constituição de reserva técnica para esse fim, a exemplo dos seguros de vida sob regime da capitalização (em vez da repartição simples). STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 632.992/RS, Min. Maria Isabel Gallotti, 19/03/2019. STJ. 3ª Turma. REsp 1.816.750-SP, Min. Paulo de Tarso Sanseverino, 26/11/2019 (Info 663). Vale ressaltar que o julgado acima representa uma mudança de entendimento! No Info 561 do STJ, o seguinte julgado está SUPERADO: A cláusula de contrato de seguro de vida que estabelece o aumento do prêmio do seguro de acordo com a faixa etária mostra-se abusiva quando imposta ao segurado maior de 60 anos de idade e que conte com mais de 10 anos de vínculo contratual. STJ. 3ª Turma. REsp 1376550-RS, Min. Moura Ribeiro, 28/4/2015 (Info 561). Página 14 de 50 A tese 3 do Jurisprudência em Teses do STJ (edição 98) também está SUPERADA: 3) Em decorrência da aplicação analógica do parágrafo único do art. 15 da Lei n. 9.656/1998, que dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde, é abusiva a cláusula que estabelece fatores de aumento do prêmio do seguro de vida de acordo com a faixa etária após o segurado completar 60 anos de idade e ter mais de 10 anos de vínculo contratual. Responsabilidade civil Direitos reais Posse Direitos reais Direito de Família Casamento Filiação Alimentos Sucessões INVENTÁRIO. A fixação de determinado valor a ser recebido mensalmente pelo herdeiro a título de adiantamento de herança não configura o negócio jurídico processual atípico do art. 190 do CPC/2015. A fixação de determinado valor a ser recebido mensalmente pelo herdeiro a título de adiantamento de herança não configura negócio jurídico processual atípico na forma do art. 190, caput, do NCPC. O acordo firmado entre os herdeiros para autorizar a retirada mensal dos valores não é um acordo puramente processual. Isso porque o seu objeto é o próprio direito material que se discute e que se pretende obter na ação de inventário, ou seja, a divisão do patrimônio do autor da herança. O que se está fazendo, portanto, é simplesmente antecipar a fruição e uso do direito material. STJ. 3ª Turma. REsp 1.738.656-RJ, Min. Nancy Andrighi, 03/12/2019 (Info 663). Negócios jurídicos processuais O que são negócios jurídicos processuais? Negócio processual é um fato jurídico voluntário por meio do qual o sujeito regula, dentro dos limites fixados no ordenamento jurídico, certas situações jurídicas processuais, podendo até mesmo alterar o procedimento (DIDIER, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Juspodivm, 2019, p. 443). Negócios processuais unilaterais, bilaterais e plurilaterais 1. Unilaterais: quando o sujeito, sem necessidade de acordo com a outra parte, pratica determinado ato que gera consequências no processo. Ex: desistência do recurso (art. 998 do CPC). 2. Bilaterais: quando há um acordo de vontades, uma combinação entre as partes. Página 15 de 50 3. Plurilaterais: quando a sua eficácia depende de um acordo de vontade das partes e do juiz (NEVES, Daniel Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 11ª ed., Salvador: Juspodivm, 2019, p. 390). É o caso, por exemplo, do calendário processual (art. 191). Negócios processuais típicos e atípicos 1. Típicos: quando o legislador prevê expressamente a possibilidade de a parte regular aquela situação jurídica. Exs: o foro de eleição (art. 63 do CPC), o calendário processual (art. 191), o acordo para a suspensão do processo (art. 313, II). 2. Atípicos: ocorre quando as partes criam um ajuste que não foi previsto previamente pela lei. A autorização para negócios processuais atípicos está no art. 190 do CPC, que é considerada como uma cláusula geral de negociação sobre o processo. Obs: o negócio processual atípico é sempre um negócio jurídico processual bilateral. Cláusula geral de negociação sobre o processo O caput do art. 190 do CPC previu uma cláusula geral de negociação por meio da qual se concedem às partes mais poderes para convencionar sobre matéria processual. O CPC/1973 autorizava a celebração de determinados negócios jurídicos processuais típicos, como a eleição de foro para modificação de competência relativa (art. 111, caput), a redução ou a prorrogação de prazos dilatórios (art. 181), a suspensão do processo (art. 265, II). A grande novidade do CPC/2015 foi essa cláusula geral do art. 190. A partir dela passou a ser admitida a celebração de negócios processuais não especificados na legislação, isto é, atípicos. (!) É possível o inventário extrajudicial, ainda que exista testamento, se os interessados forem capazes e concordes e estiverem assistidos por advogado. É possível o inventário extrajudicial, ainda que exista testamento, se os interessados forem capazes e concordes e estiverem assistidos por advogado, desde que o testamento tenha sido previamente registrado judicialmente ou haja a expressa autorização do juízo competente. STJ. 4ª Turma. REsp 1.808.767-RJ, Min. Luis Felipe Salomão, 15/10/2019 (Info 663). Quais são as exigências para que o inventário seja feito extrajudicialmente? Segundo a lição tradicional que se encontra nos manuais de Direito Civil, o inventário extrajudicial exigiria o cumprimento de quatro requisitos cumulativos (art. 610, NCPC): 1. herdeiros capazes: todos os herdeiros devem ser capazes; havendo interessado incapaz, deve ser feito o inventário judicial. 2.consenso: deve haver consenso entre os herdeiros quanto à divisão dos bens; todos devem ser concordes. 3. advogado: todas as partes interessadas devem estar assistidas por advogado ou por defensor público. 4. inexistência de testamento: o falecido não pode ter deixado testamento; pela lei, havendo testamento, deveria ser feito inventário judicial. Anderson Schreiber afirma que a exigência relativa à ausência de testamento “não tem razão de ser. Pelo contrário, cria no Brasil um cenário insólito em que o testador que realiza testamento, pretendendo justamente evitar conflitos futuros entre seus herdeiros, acaba por lhes impor a via judicial, mesmo que não haja nenhum herdeiro incapaz e todos estejam de acordo quanto à divisão dos bens. Trata-se de verdadeiro contrassenso.” (Direito Civil contemporâneo. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2020, p. 1432). Nesse julgado, o STJ encampou a crítica doutrinária, propondo nova interpretação ao art. 610 do NCPC c/c os arts. 2015 e 2016 do CC. Enunciados doutrinários sobre o tema Página 16 de 50 • Enunciado 600 da VII Jornada de Direito Civil do CJF: Após registrado judicialmente o testamento e sendo todos os interessados capazes e concordes com os seus termos, não havendo conflito de interesses, é possível que se faça o inventário extrajudicial. • Enunciado 77 da I Jornada sobre Prevenção e Solução Extrajudicial de Litígios: Havendo registro ou expressa autorização do juízo sucessório competente, nos autos do procedimento de abertura e cumprimento de testamento, sendo todos os interessados capazes e concordes, o inventário e partilha poderão ser feitos por escritura pública, mediante acordo dos interessados, como forma de pôr fim ao procedimento judicial. • Enunciado 51 da I Jornada de Direito Processual Civil do CJF: Havendo registro judicial ou autorização expressa do juízo sucessório competente, nos autos do procedimento de abertura, registro e cumprimento de testamento, sendo todos os interessados capazes e concordes, poderão ser feitos o inventário e a partilha por escritura pública. • Enunciado 16 do IBDFAM: Mesmo quando houver testamento, sendo todos os interessados capazes e concordes com os seus termos, não havendo conflito de interesses, é possível que se faça o inventário extrajudicial. Bem de família SFH Lei de Locação (Lei n° 8.245/91) Lei de Direitos Autorais (Lei n° 9.610/98) Arbitragem ECA Direitos da criança e do adolescente Poder Familiar Colocação em família substituta Classificação indicativa de programas (!) Emissora de TV pode ser condenada ao pagamento de indenização por danos morais coletivos em razão da exibição de filme fora do horário recomendado pelo Ministério da Justiça. Segundo decidiu o STF, é inconstitucional a expressão “em horário diverso do autorizado” contida no art. 254 do ECA. Assim, o Estado não pode determinar que os programas somente possam ser exibidos em determinados horários. Isso seria uma imposição, o que é vedado pelo texto constitucional por configurar censura. O Poder Público pode apenas recomendar os horários adequados. A classificação dos programas é indicativa (e não obrigatória) (STF. Plenário. ADI 2404/DF, Min. Dias Toffoli, 31/8/2016). Vale ressaltar, no entanto, que a liberdade de expressão, como todo direito ou garantia constitucional, exige responsabilidade no seu exercício, de modo que as emissoras deverão resguardar, em sua programação, as cautelas necessárias às peculiaridades do público infantojuvenil. Logo, a despeito de ser a classificação da programação apenas indicativa e não proibir a sua veiculação em horários diversos daquele recomendado, cabe ao Poder Judiciário controlar eventuais abusos e violações ao direito à Página 17 de 50 programação sadia, previsto no art. 221 da CF/88. Diante disso, é possível, ao menos em tese, que uma emissora de televisão seja condenada ao pagamento de indenização por danos morais coletivos em razão da exibição de filme fora do horário recomendado pelo órgão competente, desde que fique constatado que essa conduta afrontou gravemente os valores e interesses coletivos fundamentais . STJ. 3ª Turma. REsp 1.840.463-SP, Min. Marco Aurélio Bellizze, 19/11/2019 (Info 663). No caso concreto, contudo, não houve essa demonstração, razão pela qual não se justifica a condenação da emissora ao pagamento de danos extrapatrimoniais coletivos. Segundo restou apurado nos autos, em um dos casos a exibição inadequada ocorreu em razão de falha técnica no sistema de controle da emissora. Em outra hipótese houve posterior reclassificação do filme pelo Ministério da Justiça. Em outros casos a emissora fez a edição dos filmes, com supressão das cenas impróprias para a respectiva faixa etária. Vale ressaltar, ainda, que em todos os casos, a exibição dos filmes ocorreu apenas parcialmente em horário inadequado. Desse modo, a conduta da ré, a despeito da sua irregularidade, não foi capaz de abalar, de forma intolerável, a tranquilidade social dos telespectadores, assim como os seus valores e interesses fundamentais. DIREITO NOTARIAL E REGISTRAL DIREITO PROCESSUAL CIVIL Competência Justiça comum deve julgar causa de servidor celetista que passou a ser regido pelo regime estatutário (pós CF/88). Compete à Justiça comum processar e julgar causa de servidor público municipal admitido mediante aprovação em concurso público sob o regime da CLT e que, posteriormente, passou a ser regido pelo estatuto dos servidores públicos municipais (estatutário). Caso concreto: o servidor ingressou no serviço público do Município em 1997 no cargo de auxiliar de serviços gerais sob o regime celetista e, em julho de 2010, passou a ser regido pelo regime estatutário. Em 2013, ele ajuizou ação na Justiça do Trabalho para pleitear o recolhimento de parcelas do FGTS no período em que esteve regido pelas regras da CLT. Como o vínculo do servidor com a administração pública é atualmente estatutário, a competência para julgar a causa é da Justiça comum, ainda que as verbas requeridas sejam de natureza trabalhista e relativas ao período anterior à alteração do regime de trabalho. STF. Plenário. CC 8018/PI, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, 19/12/2019 (Info 964). Partes e Procuradores Deveres das partes e de seus procuradores Sucumbência e honorários de advogado Comunicação de atos processuais Tutela provisória Procedimento comum Página 18 de 50 Cumprimento de sentença O credor pode optar pela remessa dos autos ao foro de domicílio do executado, mesmo após o início do cumprimento de sentença. O inciso II do art. 516 do CPC prevê que o cumprimento da sentença será feito perante o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição. O § único, por sua vez, afirma que o exequente poderá optar por ingressar com o cumprimento de sentença: a) no juízo do atual domicílio do executado; b) no juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução; c) no juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer. É possível que o exequente faça a opção de que trata o § único do art. 516 do CPC/2015 mesmo após já ter sido iniciado o cumprimento de sentença? SIM. O credor pode optar pela remessa dos autos ao foro de domicílio do executado, mesmo após o início do cumprimento de sentença. STJ. 3ª Turma. REsp 1.776.382-MT, Min. Nancy Andrighi, 03/12/2019 (Info 663). Para incidência da multa do art. 523, § 1º, do CPC (Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento), é preciso a efetiva resistência do executado ao cumprimento de sentença. João ingressa com pedido de cumprimento de sentença cobrando determinada quantia de Pedro. Após ser intimado a pagar, Pedro depositou em juízo o valor da condenação, mas apresentou petição narrando que aquilo não era pagamentoe sim mera garantia do Juízo para obter o efeito suspensivo na futura impugnação. Hipótese 1: Pedro, logo em seguida ao ato acima, apresentou impugnação ao cumprimento de sentença. A impugnação foi julgada improcedente. Pedro terá que pagar a multa de 10% do art. 523, § 1º? SIM. Veja: A multa a que se refere o art. 523 do CPC/2015 será excluída apenas se o executado depositar voluntariamente a quantia devida em juízo, sem condicionar seu levantamento a qualquer discussão do débito. STJ. 3ª Turma. REsp 1803985/SE, Min. Nancy Andrighi, 12/11/2019. STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1435744/SE, Min. Raul Araújo, 28/05/2019. Hipótese 2: Pedro depositou em juízo o valor da condenação e apresentou petição narrando que aquilo não era pagamento e sim garantia do Juízo. Apesar disso, Pedro não apresentou a impugnação. Transcorrido o prazo, como o devedor não ingressou com a impugnação, o credor pediu a expedição de guia para levantamento do valor depositado, o que foi deferido pelo juiz mediante alvará. Pedro terá que pagar a multa de 10% do art. 523, § 1º? NÃO. Não haverá a incidência da multa mesmo o devedor tendo afirmado que não estava pagando. Isso porque para incidir a multa é necessário que haja a efetiva resistência do devedor por meio da propositura de impugnação, o que não ocorreu. Assim, considerando o depósito efetuado e a ausência de resistência ao cumprimento de sentença, não se justifica a incidência da multa. Para incidência da multa do art. 523, § 1º, do CPC, é preciso a efetiva resistência do executado ao cumprimento de sentença. STJ. 3ª T. REsp 1.834.337-SP, Min. Nancy Andrighi, 03/12/2019 (Info 663). Execução É ilegal a decisão judicial que determina a penhora de valores de instituição financeira, no âmbito de processo do qual não era parte, mas funcionou como auxiliar da justiça. A instituição financeira que cumpre ordem judicial de indisponibilização de saldos encontrados em contas bancárias atua como auxiliar da Justiça. A atuação dos auxiliares da Justiça é dirigida e orientada pelo Juízo da causa, a quem subordinam-se e submetem-se, mediante regime administrativo, e, por isso, os auxiliares não detêm nenhuma faculdade ou ônus processual, devendo, entretanto, observar os deveres estabelecidos no art. 77 do CPC/2015 (art. 14 do CPC/1973). Assim, os auxiliares da Justiça podem ser Página 19 de 50 responsabilizados civil, administrativa ou penalmente pelos danos que causarem, em razão de dolo ou culpa. A responsabilidade civil dos auxiliares da Justiça deve ser apurada mediante observância dos princípios do contraditório e da ampla defesa, em via processual adequada para sua inclusão como parte. Exemplo: o Juiz da 3ª Vara Cível determinou ao Banco Itaú que efetuasse o bloqueio dos valores existentes na conta bancária da empresa Fênix S/A. A instituição financeira cumpriu a ordem e foi bloqueado R$ 1 milhão. Passados alguns meses, o Juiz da 3ª Vara Cível determinou a transferência do valor bloqueado. O banco respondeu que o dinheiro não existia mais, uma vez que foi retirado por determinação do Juiz da 5ª Vara Cível, onde tramitava outra execução proposta contra a Fênix S/A. O Juiz da 3ª Vara Cível entendeu que houve descumprimento de ordem judicial e, em razão disso, determinou a penhora do mesmo valor (R$ 1 milhão, com as atualizações) nas contas do Banco Itaú. O STJ considerou que essa determinação foi ilegal. STJ. 3ª T. RMS 49.265-MG, Min. Marco Aurélio Bellizze, 10/12/2019 (Info 662). Os bens da Fundação Habitacional do Exército - FHE são impenhoráveis. A Fundação Habitacional do Exército (FHE) é uma entidade vinculada ao Exército Brasileiro, criada pela Lei 6.855/80. A FHE tem por objetivo facilitar a aquisição da “casa própria” para os militares e demais associados, além de prestar outras formas de “apoio social” aos militares (exs: consórcios, seguros, planos odontológicos etc.). Os bens da FHE são considerados impenhoráveis em razão de dois motivos: 1) a FHE possui características de autarquia federal (e os bens das autarquias são impenhoráveis); 2) o art. 31 da Lei 6.855/80 prevê que o patrimônio da FHE goza dos privilégios próprios da Fazenda Pública, inclusive quanto à impenhorabilidade. STJ. 1ª T. REsp 1.802.320-SP, Min. Benedito Gonçalves, 12/11/19 (Info 662). Não tendo sido prestada garantia real, é desnecessária a citação em ação de execução, como litisconsorte passivo necessário, do cônjuge que apenas autorizou seu consorte a prestar aval. O cônjuge que apenas autorizou seu consorte a prestar aval, nos termos do art. 1.647, III, do CC (outorga uxória), não é avalista. Dessa forma, não havendo sido prestada garantia real, não é necessária sua citação como litisconsorte, bastando a mera intimação do cônjuge que apenas autorizou o aval. STJ. 4ª Turma. REsp 1.475.257-MG, Min. Maria Isabel Gallotti, 10/12/2019 (Info 663). Juiz, no despacho inicial da execução, fixou os honorários advocatícios; esse valor é, em princípio, provisório; ocorre que, no curso da execução, foi firmado acordo entre as partes, sem nada dispor sobre honorários; o advogado poderá executar esse valor fixado no despacho inicial. Quando houver sentença homologatória de transação firmada entre as partes e esta não dispor sobre os honorários sucumbenciais, a decisão inicial que arbitra os honorários advocatícios em execução de título extrajudicial pode ser considerada título executivo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.819.956-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 10/12/2019 (Info 663). Fazenda Pública em juízo EXECUÇÃO FISCAL. Termo inicial da prescrição para redirecionamento em caso de dissolução irregular da empresa. i) O prazo de redirecionamento da Execução Fiscal, fixado em cinco anos, contado da diligência de citação da pessoa jurídica, é aplicável quando o referido ato ilícito, previsto no art. 135, III, do CTN, for precedente a esse ato processual; Página 20 de 50 ii) A citação positiva do sujeito passivo devedor original da obrigação tributária, por si só, não provoca o início do prazo prescricional quando o ato de dissolução irregular for a ela subsequente, uma vez que, em tal circunstância, inexistirá, na aludida data (da citação), pretensão contra os sócios-gerentes (conforme decidido no REsp 1.101.728/SP, no rito do art. 543-C do CPC/1973, o mero inadimplemento da exação não configura ilícito atribuível aos sujeitos de direito descritos no art. 135 do CTN). O termo inicial do prazo prescricional para a cobrança do crédito dos sócios-gerentes infratores, nesse contexto, é a data da prática de ato inequívoco indicador do intuito de inviabilizar a satisfação do crédito tributário já em curso de cobrança executiva promovida contra a empresa contribuinte, a ser demonstrado pelo Fisco, nos termos do art. 593 do CPC/1973 (art. 792 do novo CPC - fraude à execução), combinado com o art. 185 do CTN (presunção de fraude contra a Fazenda Pública); e, iii) em qualquer hipótese, a decretação da prescrição para o redirecionamento impõe seja demonstrada a inércia da Fazenda Pública, no lustro que se seguiu à citação da empresa originalmente devedora (REsp 1.222.444/RS) ou ao ato inequívoco mencionado no item anterior (respectivamente, nos casos de dissolução irregular precedente ou superveniente à citação da empresa), cabendo às instâncias ordinárias o exame dos fatos e provas atinentes à demonstração da prática de atos concretos na direção da cobrança do crédito tributário no decurso do prazo prescricional. STJ. 1ª Seção. REsp 1.201.993-SP, Min. Herman Benjamin, 08/05/2019 (recurso repetitivo - Tema 444) (Info 662). Procedimentos especiais Ordem dos processos nos Tribunais e competência originária Disposições gerais Técnica de ampliação do colegiado Aplica-se a técnica de ampliação do colegiado quando o Tribunal, por maioria, der provimento aos embargos de declaração para reformar a decisãoembargada e, por consequência, reformar a decisão parcial de mérito prolatada pelo juiz em 1ª instância. Em se tratando de aclaratórios opostos a acórdão que julga agravo de instrumento, a aplicação da técnica de julgamento ampliado somente ocorrerá se os embargos de declaração forem acolhidos para modificar o julgamento originário do magistrado de primeiro grau que houver proferido decisão parcial de mérito. Quando se tratar de embargos de declaração contra acórdão que decidiu agravo de instrumento, só será caso de ampliação do colegiado se, ao julgar os embargos declaratórios, o colegiado - por maioria - deliberar por reformar decisão de mérito (o que significa dizer que se terá, por deliberação não unânime, atribuído efeitos infringentes aos embargos de declaração, reformando-se a decisão embargada e, por conseguinte, reformando a decisão parcial de mérito prolatada pelo órgão de primeira instância) (CÂMARA, Alexandre Freitas. A ampliação do colegiado em julgamentos não unânimes. Revista de Processo, ano 43, vol. 282, ago/2018, p. 264). STJ. 3ª Turma. REsp 1.841.584-SP, Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, 10/12/2019 (Info 662). IAC Ação rescisória Reclamação Página 21 de 50 IRDR (!) O procedimento de distinção (distinguishing) previsto no art. 1.037, §§ 9º a 13, do CPC/2015, aplica-se também ao incidente de resolução de demandas repetitivas – IRDR. O procedimento de alegação de distinção (distinguishing) entre a questão debatida no processo e a questão submetida ao julgamento sob o rito dos recursos repetitivos, previsto no art. 1.037, §§9º a 13, do CPC, aplica-se também ao IRDR. Exemplo: o TJ/SP está recebendo milhares de apelações discutindo se os bancos podem ou não cobrar a tarifa bancária “X”. É instaurado um IRDR no TJ/SP para decidir o tema. O Des. Relator determina a suspensão de todos processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitam no Estado de SP envolvendo a cobrança da tarifa bancária “X”. Antes da instauração do IRDR, Pedro havia ajuizado, na comarca de Santos (SP), ação contra o Banco Itaú questionando a cobrança da tarifa “X”. O processo estava tramitando normalmente, mas o Juiz foi informado de que o TJSP determinou o sobrestamento de todos os processos que tratem sobre o tema. Diante disso, o magistrado proferiu decisão determinando a suspensão do processo envolvendo Pedro e o Banco Itaú. Pedro, contudo, não concorda com essa suspensão. Isso porque a matéria discutida na ação por ele proposta envolve a constitucionalidade da tarifa “X” (e não a sua legalidade). Logo, seria, em seu ponto de vista, um caso diferente daquele que será julgado pelo TJSP no IRDR. Pedro poderá interpor, imediatamente, um agravo de instrumento contra esta decisão do Juiz? Não. Antes de interpor o agravo de instrumento, Pedro deverá adotar o procedimento de distinção previsto no art. 1.037, §§ 9º a 13, do CPC. Mas esse procedimento foi previsto para os recursos repetitivos. Mesmo assim, ele se aplica também para o IRDR? Sim. Tanto os recursos especiais e extraordinários repetitivos como o IRDR compõem um microssistema de julgamento de questões repetitivas, devendo o intérprete promover, sempre que possível, a integração entre os dois mecanismos que pertencem ao mesmo sistema de formação de precedentes vinculantes. Não há diferença ontológica nem tampouco justificativa teórica para um tratamento assimétrico (diferente). STJ. 3ª Turma. REsp 1.846.109-SP, Min. Nancy Andrighi, 10/12/2019 (Info 662). Recursos O STF reconheceu a repercussão geral na discussão sobre a inclusão dos expurgos inflacionários na correção monetária dos depósitos judiciais (Tema 1.016) e determinou a suspensão nacional de todos os processos que envolvam o tema. Há repercussão geral da questão constitucional referente à inclusão dos expurgos inflacionários na correção monetária dos depósitos judiciais (Tema 1.016). Reconhecida a repercussão geral, o STF determinou a suspensão nacional de todos os processos que envolvam discussão sobre expurgos inflacionários dos planos econômicos nos depósitos judiciais. Tal decisão foi proferida com base no art. 1.035, § 5º do CPC/2015. STF. Plenário. RE 1141156 AgR/RJ, Min. Edson Fachin, 19/12/2019 (Info 964). O sobrestamento dos processos pendentes, no caso de reconhecimento de repercussão geral, não é obrigatório (trata-se de uma decisão discricionária do relator do RE). Execução Fiscal Mandado de segurança Processo coletivo Página 22 de 50 (!) O MPF possui legitimidade para propor ação civil pública a fim de debater a cobrança de encargos bancários supostamente abusivos praticados por instituições financeiras privadas. O Ministério Público Federal possui legitimidade para propor ação civil pública a fim de debater a cobrança de encargos bancários supostamente abusivos praticados por instituições financeiras privadas. Ex: ação civil pública ajuizada pelo MPF contra diversos bancos privados pedindo para que seja declarada abusiva a cobrança da tarifa bancária pela emissão de cheque de baixo valor. As atividades desenvolvidas pelas instituições financeiras, sejam elas públicas ou privadas, estão subordinadas ao conteúdo de normas regulamentares editadas por órgãos federais e de abrangência nacional. Logo, o cumprimento dessas normas por parte dos bancos é um tema de interesse nitidamente federal, suficiente para conferir legitimidade ao Ministério Público Federal para o ajuizamento da ação civil pública. STJ. 3ª Turma. REsp 1.573.723-RS, Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, 10/12/2019 (Info 662). Temas correlatos ● O Conselho Monetário Nacional e o Banco Central possuem legitimidade passiva para figurar nesta ação? NÃO. O Conselho Monetário Nacional e o Banco Central possuem função fiscalizadora e reguladora das atividades das instituições financeiras. Isso, contudo, por si só, não faz com que o CMN e o BACEN tenham interesse jurídico em relação às ações que são propostas contra os bancos. STJ. 3ª T. REsp 1303646/RJ, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 10/05/2016. ● O fato de a União e do CMN terem sido excluídos da lide faz com que o processo tenha que ser deslocado para a Justiça Estadual? NÃO. A simples presença do MPF no polo ativo da relação processual é suficiente para manter o processamento da demanda perante a Justiça Federal. Nesse sentido: A presença do Ministério Público Federal no polo ativo da demanda, por si só, determina a competência da Justiça Federal, nos termos do art. 109, I, da CF, tendo em vista que o MPF é um órgão federal. STJ. 1ª Seção. AgInt no CC 163.268/SC, Min. Gurgel de Faria, 20/8/2019. ● Município tem legitimidade ad causam para ajuizar ação civil pública em defesa de direitos consumeristas questionando a cobrança de tarifas bancárias. STJ. 3ª Turma. REsp 1.509.586-SC, Min. Nancy Andrighi, 15/05/2018 (Info 626). (!) Em regra, o autor pode ajuizar a ação popular no foro de seu domicílio, mesmo que o dano tenha ocorrido em outro local; contudo, diante das peculiaridades, as ações envolvendo o rompimento da barragem de Brumadinho devem ser julgadas pelo juízo do local do fato. Em 2019, houve o rompimento de uma barragem de rejeitos de minério, localizada em Brumadinho/MG. O rompimento resultou em um terrível desastre ambiental e humanitário. Felipe, na condição de cidadão, ajuizou ação popular contra a União, o Estado de MG e a Vale S.A., pedindo para que os réus fossem condenados a recuperar o meio ambiente degradado, pagar indenização pelos danos causados e pagar multa por dano ambiental. Como Felipe mora em Campinas/SP, ele ajuizou a ação no foro de seu domicílio e a demanda foi distribuída para a 2ª Vara Federal de Campinas/SP. Ocorre que na 17ª Vara Federal de MG existem ações individuais, ações populares e ações civis públicas tramitando contra os mesmos réus e envolvendo pedidos semelhantes a essa ação popular ajuizada em Campinas. Quem é competente para julgaresta ação popular: o juízo do domicílio do autor ou o juízo do local em que se consumou o ato danoso? O juízo do local onde se consumou o dano (17ª Vara Federal de MG). Regra geral: em regra, o autor pode ajuizar a ação popular no foro de seu domicílio, mesmo que o dano tenha ocorrido em outro local. Isso porque como a ação popular representa um direito político fundamental, deve-se facilitar o seu exercício. Exceção: o STJ entendeu que o caso concreto envolvendo Brumadinho era excepcional com inegáveis peculiaridades que impõem a adoção de uma solução diferente para evitar tumulto processual em uma situação de enorme magnitude social, econômica e ambiental. Assim, para o STJ é necessário superar, excepcionalmente, a regra geral. Entendeu-se que seria necessário adotar uma saída pragmática para Página 23 de 50 permitir uma resposta do Poder Judiciário aos que sofrem os efeitos desta grande tragédia. A regra geral do STJ deve ser usada quando a ação popular for isolada. Contudo, no caso de Brumadinho havia uma ação popular em Campinas/SP competindo e concorrendo com várias outras ações populares e ações civis públicas, bem como com centenas, talvez milhares, de ações individuais tramitando em MG, razão pela qual, em se tratando de competência concorrente, deve ser eleito o foro do local do fato. Em face da magnitude econômica, social e ambiental do caso concreto, é possível a fixação do juízo do local do fato para o julgamento de ação popular que concorre com diversas outras ações individuais, populares e civis públicas decorrentes do mesmo dano ambiental. STJ. 1ª Seção. CC 164.362-MG, Min. Herman Benjamin, 12/06/2019 (Info 662). Distinguishing Vale ressaltar que a solução encontrada é de distinguishing à luz de peculiaridades do caso concreto. Isso significa que não houve uma “revogação universal” (superação) do entendimento do STJ sobre a competência para a ação popular. Logo, o entendimento tradicional do STJ (CC 47.950/DF) deve ser mantido como regra geral. Ação popular em temas ambientais: aplicação analógica do art. 2° da LACP A definição do foro competente para a apreciação da ação popular em temas como o de direito ambiental exige a aplicação, por analogia, da regra pertinente contida no art. 2º da LACP (Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa. § único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto). Tal medida se mostra consentânea com os princípios do Direito Ambiental, por assegurar a apuração dos fatos pelo órgão judicante que detém maior proximidade com o local do dano e, portanto, revela melhor capacidade de colher as provas de maneira célere e de examiná-las no contexto de sua produção. É verdade que, ao instituir a ação popular, o legislador constituinte buscou privilegiar o exercício da fiscalização e da própria democracia pelo cidadão. Disso não decorre, contudo, que as ações populares devam ser sempre distribuídas no foro mais conveniente a ele; neste caso, o de seu domicílio. Isso porque, casos haverá, como o destes autos, em que a defesa do interesse coletivo será mais bem realizada no local do ato que, por meio da ação, o cidadão pretenda ver anulado. Nessas hipóteses, a sobreposição do foro do domicílio do autor ao foro onde ocorreu o dano ambiental acarretará prejuízo ao próprio interesse material coletivo tutelado por intermédio desta ação, em benefício do interesse processual individual do cidadão, em manifesta afronta à finalidade mesma da demanda por ele ajuizada. Ausência de prejuízo para o autor da ação popular: processo eletrônico Vale ressaltar, por fim, que devido ao processamento eletrônico, as dificuldades decorrentes da redistribuição para local distante do domicílio do autor são significativamente minimizadas, se não totalmente afastadas, em decorrência da possibilidade de acesso integral aos autos por meio do sistema de movimentação processual. Fazenda Pública em juízo DIREITO DO CONSUMIDOR Consumidor Fornecedor Direitos básicos Responsabilidade Página 24 de 50 Prescrição e decadência Publicidade A ausência de informação relativa ao preço, por si só, não caracteriza publicidade enganosa. A ausência de informação relativa ao preço, por si só, não caracteriza publicidade enganosa. Para a caracterização da ilegalidade omissiva, a ocultação deve ser de qualidade essencial do produto, do serviço ou de suas reais condições de contratação, considerando, na análise do caso concreto, o público alvo do anúncio publicitário. STJ. 4ª T. REsp 1.705.278-MA, Min. Antonio Carlos Ferreira, 19/11/2019 (Info 663). Publicidade ilícita Publicidade ilícita é toda aquela que viola os deveres jurídicos estabelecidos no Código de Defesa do Consumidor para a realização, produção e divulgação de mensagens publicitárias. Existem duas espécies de publicidade ilícita: Obs. É possível que uma publicidade seja simultaneamente enganosa e abusiva. ● Nesse julgado, o STJ afirmou que nem sempre o preço constitui informação essencial do produto ou serviço. Assim, sua omissão, por si só, não configura publicidade enganosa. Assunto correlato Jurisprudência em Teses do STJ: Tese 18 (Ed. 74): É solidária a responsabilidade entre aqueles que veiculam publicidade enganosa e os que dela se aproveitam na comercialização de seu produto ou serviço. Práticas abusivas Práticas comerciais Cadastro de consumidores Contratos bancários Planos de saúde Autarquia que seja criada para prestar serviços de saúde suplementar para os servidores públicos e seus dependentes estará sujeita às regras da Lei dos Planos de Saúde (Lei 9.656/98). Aplica-se a Lei nº 9.656/98 à pessoa jurídica de direito público de natureza autárquica que presta serviço de assistência à saúde de caráter suplementar aos servidores municipais. Considerando que o caput do Página 25 de 50 art. 1º faz menção expressa às pessoas jurídicas de direito privado, pode-se interpretar que a escolha do termo “entidade” no § 2º teve por objetivo ampliar a aplicação da lei para todas as pessoas jurídicas que prestam os serviços de assistência à saúde suplementar, até porque não faria sentido a utilização de termos distintos. STJ. 3ª T. REsp 1.766.181-PR, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, 03/12/2019 (Info 662). Sobre o tema, vale lembrar... Súmula 608-STJ: Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão. DIREITO EMPRESARIAL Direito SOCIETÁRIO Sociedade limitada SA Propriedade industrial Falência e recuperação judicial Recuperação judicial RECUPERAÇÃO JUDICIAL. A ação de habilitação retardatária de crédito deve ser ajuizada até a prolação da decisão de encerramento do processo recuperacional. Se o credor não requereu a habilitação de seu crédito e o quadro-geral de credores já foi homologado, a única via que ainda resta para esse credor será pleitear a habilitação por meio de ação judicial autônoma que tramitará pelo rito ordinário, nos termos do art. 10, § 6º, da LFRE: § 6º Após a homologação do quadro-geral de credores, aqueles que não habilitaram seu crédito poderão, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil, requerer ao juízo da falência ou da recuperação judicial a retificação do quadro-geral para inclusão do respectivo crédito. Vale ressaltar, no entanto, que essa ação pedindo a habilitação retardatária somente pode ser proposta até a prolação da decisão de encerramento do processo recuperacional. Desse modo, uma vez encerrada a recuperação judicial, não se pode mais autorizar a habilitação ou a retificação de créditos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.840.166-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi,
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