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INVESTIGAÇÕES DIVERSAS_MAPA MENTAL

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INVESTIGAÇÕES 
DIVERSAS
A atividade investigatória não é exclusiva da Polícia Judiciária. Com efeito, o próprio Código de Processo Penal, em seu art. 4º, parágrafo único, acentua que a 
atribuição para a apuração das infrações penais e de sua autoria não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.
Elaborado por colaborador 
Anotações extraídas do Manual Processo 
Penal - Vol. Único, 2020; Renato 
Brasileiro de Lima 
Revisado e publicado por 
@muraljuridico
O procedimento investigatório criminal 
s e r á i n s t a u r a d o p o r p o r t a r i a 
fundamentada, devidamente registrada 
e autuada, com a indicação dos fatos a 
serem investigados e deverá conter, 
sempre que possível, o nome e a 
qualificação do autor da representação 
e a determinação das diligências 
iniciais. Se, durante a instrução do 
proced imento invest igatór io 
c r i m i n a l , f o r c o n s t a t a d a a 
necessidade de investigação de 
out ros fa tos , o membro do 
Ministério Público poderá aditar a 
portaria inicial ou determinar a 
e x t r a ç ã o d e p e ç a s p a r a 
i n s t a u r a ç ã o d e o u t r o 
procedimento.
INVESTIGAÇÃO PELO 
MINISTÉRIO PÚBLICO
Na hipótese de o investigado ser membro do 
Ministério Público, a investigação não é 
atribuição da polícia judiciária, mas sim do 
respectivo Procurador-Geral, por força do art. 
18, parágrafo único, da LC nº 75/93, e art. 41, 
parágrafo único, da Lei nº 8.625/93. Portanto, 
quando o investigado for membro da 
instituição, não há dúvidas de que sua 
conduta delituosa deve ser investigada pelo 
próprio Ministério Público. A controvérsia 
acerca do poder investigatório criminal do 
Ministério Público diz respeito às infrações 
penais que não tenham como investigado 
um membro do Ministério Público.
CORRENTE CONTRÁRIA AO 
PODER INVESTIGATÓRIO DO 
MINISTÉRIO PÚBLICO
Parte da doutrina e dos Tribunais Superiores posicionava-se contrariamente a esse poder 
investigatório ministerial com base nos seguintes argumentos: a) a investigação pelo Parquet 
atentaria contra o sistema acusatório, criando um desequilíbrio na paridade de armas; b) a 
Constituição Federal teria dotado o Parquet do poder de requisitar diligências e a instauração de 
inquéritos policiais (art. 129, VIII), mas não lhe conferira o poder de realizar e presidir inquéritos 
policiais; c) a atividade investigatória seria exclusiva da Polícia Judiciária (CF, art. 144, § 1º, IV, c/c 
art. 144, § 4º); d) não haveria previsão legal de instrumento idôneo para a realização das 
investigações pelo Ministério Público.
CORRENTE FAVORÁVEL AO 
PODER INVESTIGATÓRIO DO 
MINISTÉRIO PÚBLICO
Em sentido diverso, grande parte da doutrina sempre admitiu a possibilidade de investigação pelo 
Ministério Público, sob os seguintes argumentos: a) Não há falar em violação ao sistema 
acusatório, nem tampouco à paridade de armas, porquanto os elementos colhidos pelo Ministério 
Público terão o mesmo tratamento dispensado àqueles colhidos em investigações policias, leia-
se, são elementos de informação, aptos a servir de base para a denúncia, devendo ser ratificados 
judicialmente sob crivo do contraditório e da ampla defesa, para embasamento da eventual 
condenação;
b) Teoria dos poderes implícitos: segundo essa teoria, nascida na Suprema Corte dos EUA, no 
precedente Mc CulloCh vs. Maryland (1819), a Constituição, ao conceder uma atividade-fim a 
determinado órgão ou instituição, culmina por, implícita e simultaneamente, a ele também 
conceder todos os meios necessários para a consecução daquele objetivo. Se a última palavra 
acerca de um fato criminoso cabe ao Ministério Público, porquanto é o Parquet o titular da ação 
penal pública (CF, art. 129, inc. I), deve-se outorgar a ele todos os meios para firmar seu 
convencimento, aí incluída a possibilidade de realizar investigações criminais, sob pena de não se 
lhe garantir o meio idôneo para realizar a persecução criminal, ao menos em relação a certos tipos 
de delito;
c) A Constituição Federal confere à Polícia Federal a exclusividade do exercício das funções de 
Polícia Judiciária da União, mas, como exposto anteriormente, funções de polícia judiciária não se 
confundem com funções de polícia investigativa; d) A possibilidade de o Ministério Público 
investigar pode ser extraída de diversos dispositivos constitucionais e legais, como, por exemplo, 
o art. 129, incisos I, VI e VIII, da Constituição Federal, arts. 7º e 8º da Lei Complementar n. 75/93, 
constando da Resolução n. 181 do CNMP farta regulamentação acerca do procedimento 
investigatório criminal.
No âmbito do Superior Tribunal de Justiça, sempre prevaleceu o entendimento de que a 
Constituição Federal e a legislação infraconstitucional asseguram ao Ministério Público o poder de 
realizar investigações no âmbito criminal. Aliás, a súmula nº 234 do STJ dispõe que a participação 
de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou 
suspeição para o oferecimento da denúncia.
Para a 2ª Turma do STF, o Ministério Público dispõe de atribuições para promover, por autoridade 
própria, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que 
assistem a qualquer pessoa sob investigação do Estado. Isso não significa retirar da Polícia 
Judiciária as atribuições previstas constitucionalmente, mas apenas harmonizar as normas 
constitucionais (arts. 129 e 144) de modo a compatibilizá-las para permitir não apenas a correta e 
regular apuração dos fatos supostamente delituosos, mas também a formação da opinio delicti. 
Ora, é princípio basilar da hermenêutica constitucional o dos “poderes implícitos”, segundo o qual, 
quando a Constituição Federal concede os fins, dá os meios. Se a atividade fim – promoção da 
ação penal pública – foi outorgada ao Parquet em foro de privatividade, não se concebe como não 
lhe oportunizar a colheita de prova para tanto, já que o CPP autoriza que “peças de informação” 
embasem a denúncia. Também não há falar em violação ao princípio do contraditório. Afinal, 
mesmo quando conduzida, unilateralmente, pelo Ministério Público, a investigação penal não 
legitima qualquer condenação criminal, se os elementos de convicção nela produzidos – porém 
não reproduzidos em juízo, sob a garantia do contraditório – fossem os únicos dados probatórios 
existentes contra a pessoa investigada.
Em julgamento histórico ocorrido em data de 14 de maio de 2015, o 
Plenário do Supremo Tribunal Federal reconheceu, enfim, que o 
Ministério Público dispõe de competência para promover, por 
autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza 
penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a 
qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do 
Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de 
reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas 
profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os 
advogados, sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no 
Estado democrático de Direito – do permanente controle 
jurisdicional dos atos, necessariamente documentados (Enunciado 
14 da Súmula Vinculante), praticados pelos membros do Parquet. 
Nesse caso, é imperioso observar:
a) ritos claros quanto à pertinência do sujeito investigado; b) 
formalização do ato investigativo; c) comunicação imediata ao 
Procurador-Chefe ou ao Procurador-Geral; d) autuação, numeração, 
controle, distribuição e publicidade dos atos; e) pleno conhecimento da 
atividade de investigação à parte; f) princípios e regras que orientariam o 
inquérito e os procedimentos administrativos sancionatórios; g) ampla 
defesa, contraditório, prazo para a conclusão e controle judicial. A 
função investigatória do Ministério Público não se converteria em 
atividade ordinária, mas excepcional a legitimar a sua atuação em casos 
de abuso de autoridade, prática de delito por policiais, crimes contra a 
Administração Pública, inérciados organismos policiais, ou 
procrastinação indevida no desempenho de investigação penal, 
situações que exemplificativamente justificariam a intervenção 
subsidiária do órgão ministerial.
PROCEDIMENTO 
INVESTIGATÓRIO CRIMINAL 
PIC
RESOLUÇÃO CNMP N. 181/2017
Em poder de quaisquer peças 
de informação, o membro do 
Ministério Público poderá: 
(artigo 2º)
PROMOVER A AÇÃO PENAL 
CABÍVEL
ENCAMINHAR PEÇAS PARA O 
JECRIM, caso a infração seja de 
menor potencial ofensivo
INSTAURAR PROCEDIMENTO 
INVESTIGATÓRIO CRIMINAL
A distribuição de peças de informação 
deverá observar as regras internas 
previstas no sistema de divisão de 
serviços. No caso de instauração de ofício, 
o PIC será distribuído livremente entre os 
membros da instituição que tenham 
atribuição para apreciá-lo, incluído aquele 
que determinou a sua instauração, 
observados os critérios ficados pelos 
órgãos especializados de cada MP e 
respeitadas as regras de competência 
temporária em razão da matéria, a 
exemplo de grupos específicos criados 
para apoio e assessoramento e de forças-
tarefa devidamente designadas pelo 
Procurador-Geral competente, e as 
relativas à conexão e à continência.
PORTARIA DE INSTAURAÇÃO 
DA INSTRUÇÃO
REQUISIÇÕES PRAZO PARA RESPOSTA até 10 DIAS ÚTEIS
DESTINATÁRIOS ESPECÍFICOS
As correspondências, notificações, requisições e intimações do Ministério Público 
quando tiverem como destinatário o Presidente da República, o Vice-Presidente 
da República, membro do Congresso Nacional, Ministro do Supremo Tribunal 
Federal, Ministro de Estado, Ministro de Tribunal Superior, Ministro do Tribunal 
de Contas da União ou chefe de missão diplomática de caráter permanente 
serão encaminhadas e levadas a efeito pelo Procurador-Geral da República ou 
outro órgão do Ministério Público a quem essa atribuição seja delegada. As 
notificações e requisições previstas neste artigo, quando tiverem como 
destinatários o Governador do Estado, os membros do Poder Legislativo e os 
desembargadores, serão encaminhadas pelo Procurador-Geral de Justiça ou 
outro órgão do Ministério Público a quem essa atribuição seja delegada. As 
autoridades referidas poderão fixar data, hora e local em que puderem ser ouvidas, 
se for o caso.
D a i n s t a u r a ç ã o d o 
procedimento investigatório 
criminal far-se-á comunicação 
imediata e, preferencialmente, 
eletrônica ao Órgão Superior 
competente, sendo dispensada 
tal comunicação em caso de 
registro em sistema eletrônico.
A par de outras providências que poderão ser adotadas, na 
condução das investigações, o órgão do Ministério Público 
poderá: I – fazer ou determinar vistorias, inspeções e quaisquer 
outras diligências; II – requisitar informações, exames, perícias e 
documentos de autoridades, órgãos e entidades da 
Administração Pública direta e indireta, da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios; III – requisitar informações e 
documentos de entidades privadas, inclusive de natureza 
cadastral; IV – notificar testemunhas e vítimas e requisitar sua 
condução coercitiva, nos casos de ausência injustificada, 
ressalvadas as prerrogativas legais; V – acompanhar buscas e 
apreensões deferidas pela autoridade judiciária; VI – acompanhar 
cumprimento de mandados de prisão preventiva ou temporária 
deferidas pela autoridade judiciária; VII – expedir notificações e 
intimações necessárias; VIII – realizar oitivas para colheita de 
informações e esclarecimentos; IX – ter acesso incondicional a 
qualquer banco de dados de caráter público ou relativo a serviço 
de relevância pública; X – requisitar auxílio de força policial.
PRAZO PARA CONCLUSÃO 90 DIAS + CONCLUSÃO
Oferecimento de DENÚNCIA
DECLÍNIO DE COMPETÊNCIA 
em favor de outro órgão do MP
ARQUIVAMENTO Deve observar o art. 28 do CPP
Comunicação da vítima
PRAZO PARA 
PROVIDÊNCIAS 30 DIAS
 Pode ser prorrogado, 
fundamentadamente ATÉ 90 DIAS
PROMOVER 
FUNDAMENTADAMENTE O 
RESPECTIVO ARQUIVAMENTO
REQUISITAR A INSTAURAÇÃO 
DE IPL, indicando, sempre que 
possível, as diligências 
necessárias à elucidação dos 
fatos, sem prejuízo daquelas que 
vierem a ser realizadas por 
iniciativa da autoridade policial 
competente.
Prorrogável mediante 
solicitação justificada
Admitidas prorrogações sucessivas, 
por decisão fundamentada.
Como o Ministério Público não pode presidir inquéritos 
policiais, o meio a ser usado pelo Parquet para a realização 
das investigações é o procedimento investigatório criminal 
(PIC), o qual não exclui a possibilidade de formalização de 
invest igação por outros órgãos leg i t imados da 
Administração Pública. Objeto de regramento pela 
Resolução n. 181 do CNMP, o PIC consiste no 
instrumento sumário e desburocratizado de natureza 
administrativa e inquisitorial, instaurado e presidido 
pelo membro do Ministério Público com atribuição 
criminal, e terá como finalidade apurar a ocorrência de 
infrações penais de natureza pública, servindo como 
preparação e embasamento para o juízo de 
propositura, ou não, da respectiva ação penal. Esse 
procedimento poderá ser instaurado de ofício, por membro 
do Ministério Público, no âmbito de suas atribuições 
criminais, ao tomar conhecimento de infração penal, por 
qualquer meio, ainda que informal, ou mediante provocação. 
Também poderá ser instaurado por grupo de atuação 
especial composto por membros do Ministério Público. Essa 
instauração deve se dar por portaria fundamentada, 
devidamente registrada e autuada, com a indicação dos 
fatos a serem investigados e deverá conter, sempre que 
possível, o nome e a qualificação do autor da representação 
e a determinação das diligências iniciais. O PIC deverá 
tramitar, comunicar seus atos e transmitir suas peças, 
preferencialmente, por meio eletrônico (art. 3º, §1º).
O membro do Ministério 
Público, no exercício de suas 
atribuições criminais,
deverá dar andamento às
representações, requerimentos, 
petições e peças de informação 
que lhe sejam encaminhadas.
Investigação pelo 
PODER LEGISLATIVO
COMISSÃO PARLAMENTAR 
DE INQUÉRITO 
CPI
De acordo com o art. 58, § 3º, da Carta Magna, 
as comissões parlamentares de inquérito, que 
terão poderes de investigação próprios das 
autoridades judiciais, além de outros previstos 
nos regimentos das respectivas Casas, serão 
criadas pela Câmara dos Deputados e pelo 
S e n a d o F e d e r a l , e m c o n j u n t o o u 
separadamente, mediante requerimento de 
um terço de seus membros, para a apuração 
de fato determinado e por prazo certo, sendo 
suas conclusões, se for o caso, encaminhadas 
ao Ministério Público, para que promova a 
responsabilidade civil ou criminal dos 
infratores. As comissões parlamentares de 
inquérito são órgãos que instauram procedimento 
administrativo de feição política, de cunho 
meramente investigatório, semelhante ao 
inquérito policial e ao inquérito civil público. 
Diferenciam-se destes, no entanto, não só em 
virtude dos poderes de investigação de que são 
dotados seus membros, equiparados aos 
poderes de investigação dos juízes, como 
também pelo fato de as CPI’s não assumirem, 
obrigatoriamente, natureza preparatória de ações 
judiciais. Não se destinam a apurar crimes nem a 
puni-los, o que é da competência dos Poderes 
Executivo e Judiciário; entretanto, se no curso 
de uma investigação, vem a deparar com fato 
criminoso, dele dará ciência ao Ministério 
Público, para os fins de direito, como qualquer 
autoridade, e mesmo como qualquer do povo.
PODERES E LIMITAÇÕES
A atuação das comissões parlamentares de inquérito está sujeita à cláusula de reserva de 
jurisdição, segundo a qual, por expressa previsão constitucional, compete 
EXCLUSIVAMENTE aos órgãos do Poder Judiciário, com total exclusão de qualquer outro 
órgão estatal, a prática de determinadas restrições a direitos e garantias individuais: 1) 
violação ao domicílio durante o dia (CF, art. 5º, inciso XI); 2) prisão, salvo o flagrante delito 
(CF, art. 5º, inciso LXI); 3) interceptação telefônica (CF, art. 5º, inciso XII); 4) afastamento desigilo de processos judiciais
O princípio constitucional da reserva de jurisdição não se estende ao tema da quebra de 
sigilo, pois, em tal matéria, e por efeito de expressa autorização dada pela própria 
Constituição da República (CF, art. 58, § 3º), assiste competência à Comissão Parlamentar 
de Inquérito, para decretar, sempre em ato necessariamente motivado, a excepcional 
ruptura dessa esfera de privacidade das pessoas. Para decretar a quebra de tais sigilos, 
devem as Comissões Parlamentares de inquérito demonstrar, a partir de meros indícios, a 
existência concreta de causa provável que legitime a medida excepcional, justificando a 
necessidade de sua efetivação no procedimento;
Uma comissão parlamentar de inquérito, “destinada a investigar fatos relacionados com as 
atribuições congressuais, tem poderes imanentes ao natural exercício de suas atribuições, como 
de colher depoimentos, ouvir indiciados, inquirir testemunhas, notificando-as a comparecer 
perante ela e a depor; a este poder corresponde o dever de, comparecendo a pessoa perante a 
comissão, prestar-lhe depoimento, não podendo calar a verdade. Comete crime a testemunha 
que o fizer. A Constituição, art. 58, § 3º, a Lei 1579, art. 4º, e a jurisprudência são nesse sentido. 
[…] Ao poder de investigar corresponde, necessariamente, a posse dos meios coercitivos 
adequados para o bom desempenho de suas finalidades; eles são diretos, até onde se revelam 
eficazes, e indiretos, quando falharem aqueles, caso em que se servirá da colaboração do 
aparelho judiciário;”
Se as comissões parlamentares de inquérito “detêm o poder instrutório das autoridades 
judiciais – e não maior que o dessas – a elas se poderão opor os mesmos limites formais e 
substancias oponíveis aos juízes, dentre os quais os derivados das garantias constitucionais 
contra a autoincriminação, que tem sua manifestação mais eloquente no direito ao silêncio dos 
acusados. Não importa que, na CPI – que tem poderes de instrução, mas nenhum poder de 
processar nem de julgar – a rigor não haja acusados: a garantia contra a autoincriminação se 
estende a qualquer indagação por autoridade pública de cuja resposta possa advir à imputação 
ao declarante da prática de crime, ainda que em procedimento e foro diversos;”
Ninguém pode escusar-se de comparecer a comissão parlamentar de inquérito para depor. 
Ninguém pode recusar-se a depor. Contudo, “a testemunha pode escusar-se a prestar 
depoimento se este colidir com o dever de guardar sigilo. O sigilo profissional tem alcance geral 
e se aplica a qualquer juízo, cível, criminal, administrativo ou parlamentar. Não basta invocar 
sigilo profissional para que a pessoa fique isenta de prestar depoimento. É preciso haver um 
mínimo de credibilidade na alegação e só a posteriori pode ser apreciado caso a caso. A 
testemunha, não pode prever todas as perguntas que lhe serão feitas. O Judiciário deve ser 
prudente nessa matéria, para evitar que a pessoa venha a obter HC para calar a verdade, o que 
é modalidade de falso testemunho;”
Não é dado a uma Comissão Parlamentar de Inquérito querer controlar a regularidade ou a 
legalidade de atos jurisdicionais, obrigando magistrado a dar, além daquelas que constam dos 
autos do processo judicial, outras razões de sua prática, ou a revelar as cobertas por segredo 
de justiça, sob pena de violação frontal ao princípio da separação e independência dos 
poderes;
Comissão Parlamentar de Inquérito não tem competência para expedir decreto de 
indisponibilidade de bens de particular, que não é medida de instrução – a cujo âmbito se 
restringem os poderes de autoridade judicial a elas conferidos no art. 58, § 3º – mas de 
provimento cautelar de eventual sentença futura, que só pode caber ao Juiz competente para 
proferi-la;
O art. 3º, §1º, da Lei n. 1.579/52, com redação dada pela Lei n. 13.367/16, dispõe que, em 
caso de não comparecimento da testemunha sem motivo justificado perante a Comissão 
Parlamentar de Inquérito, sua intimação será solicitada ao juiz criminal da localidade em que 
resida ou se encontre, nos termos dos arts. 218 e 219 do CPP. Como se percebe, os poderes 
de investigação próprios das autoridades judiciais outorgados às Comissões Parlamentares de 
Inquérito não abrangem a possibilidade de decretação de conduções coercitivas.
CONCLUSÕES
De acordo com o art. 1º da Lei nº 10.001/00, 
os Presidentes da Câmara dos Deputados, do 
Senado Federal ou do Congresso Nacional 
encaminharão o relatório da Comissão 
Parlamentar de Inquérito respectiva, e a 
resolução que o aprovar, aos chefes do 
Ministério Público da União ou dos 
Estados, ou a inda às autor idades 
administrativas ou judiciais com poder de 
decisão, conforme o caso, para a prática 
de atos de sua competência.
As Casas Legislativas dos 
Estados-membros, do 
Distrito Federal e dos 
Municípios também são 
dotadas de função 
fiscalizadora, mas só poderão 
investigar os fatos que se 
inserirem no âmbito de suas 
respectivas competências 
legislativas e materiais. Daí por 
que concluiu o Supremo que, 
ainda que seja omissa a Lei 
Complementar nº 105/01, é 
possível que uma CPI estadual 
determine a quebra de sigilo de 
dados bancários, com base no 
art. 58, § 3º, da Constituição.
Segundo a referida lei, a autoridade a quem for 
encaminhada a resolução informará ao 
remetente, no prazo de trinta dias, as 
providências adotadas ou a justificativa pela 
omissão. Ademais, a autoridade que presidir 
processo ou procedimento, administrativo ou 
judicial, instaurado em decorrência de conclusões 
de Comissão Parlamentar de Inquérito, 
comunicará, semestralmente, a fase em que se 
encontra, até a sua conclusão.
CONSELHO DE CONTROLE DE 
ATIVIDADES FINANCEIRAS 
COAF
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) foi 
criado pela Lei nº 9.613/98. Dispõe de autonomia técnica e 
operacional, atua em todo território nacional e vincula-se 
administrativamente ao Banco Central do Brasil (Lei n. 13.974/19, 
art. 2º). Grosso modo, a ele compete produzir e gerir 
informações de inteligência financeira para a prevenção e o 
combate à lavagem de dinheiro, assim como promover a 
interlocução institucional com órgãos e entidades nacionais, 
estrangeiros e internacionais que tenham conexão com suas 
atividades.
Tendo em conta que o processo de lavagem de capitais envolve, 
obrigatoriamente, a movimentação de bens, valores ou direitos, 
estabeleceram-se mecanismos de controle dos registros de 
operações consideradas suspeitas. Determinou a Lei nº 9.613/98, 
em seu art. 9º, as espécies de atividades sujeitas à fiscalização 
permanente por parte da correspondente pessoa jurídica ou 
física, que se vê obrigada a comunicar ao Conselho de Controle 
de Atividades Financeiras (COAF) a relação de operações 
suspeitas, de forma a viabilizar uma investigação mais detalhada.
A maior parte dos encargos é dirigida às pessoas jurídicas que 
mantenham atividades ligadas aos sistemas financeiros e 
econômicos, compelindo-as a identificar seus clientes, manter 
registros das operações com eles realizadas e comunicar 
reservadamente as transações suspeitas que ultrapassem o valor-
limite fixado pela autoridade. No entanto, o art. 9º também abarca 
outras instituições, e inclusive pessoas físicas (inciso XII 
acrescentado pela Lei 10.701/2003) que, por terem como 
atividade principal ou acessória, o giro de médias e grandes 
quantidades de dinheiro, podem ser utilizadas como canais para 
a lavagem de capitais.
O art. 10 da Lei 9.613/98 consagra a chamada 
política do know your costumer, uma das armas 
mais poderosas no combate à lavagem de 
capitais, segundo a qual é dever da instituição 
financeira conhecer o perfil de seu correntista 
de forma que seja possível a definição de um 
padrão de mov imentação finance i ra 
compatível com seus rendimentos declarados. 
Existindo incompatibilidade de movimentação, a 
notícia dessa operação suspeita deve ser 
encaminhada à autoridade administrativa 
responsável que adotará as providênciascabíveis 
quanto à verificação da legalidade da operação.
O COAF comunicará às autor idades 
competentes para a instauração dos 
procedimentos cabíveis, quando concluir pela 
existência de crimes previstos na Lei de 
lavagem de capitais, de fundados indícios de 
sua prática, ou de qualquer outro ilícito.
Investigação por 
DETETIVE PARTICULAR
Em vigor desde o dia 12 de abril de 2017, a Lei n. 13.432 
passou a dispor sobre o exercício da profissão de detetive 
particular, assim considerado “o profissional que, habitualmente, 
por conta própria ou na forma de sociedade civil ou empresarial, 
planeje e execute coleta de dados e informações de natureza 
não criminal, com conhecimento técnico e utilizando recursos e 
meios tecnológicos permitidos, visando ao esclarecimento de 
assuntos de interesse privado do contratante” (art. 2º). A 
regulamentação da matéria é complementada pelo Decreto n. 
50.532/61 e pela Lei n. 3.099/57, que não foram revogados pela 
Lei n. 13.432/17. A redação do art. 2º da Lei n. 13.432/17 deixa 
evidente que a atuação do detetive particular não terá natureza 
criminal. Ou seja, sua função está relacionada à coleta de 
d a d o s e i n f o r m a ç õ e s e x t r a p e n a i s , v i s a n d o a o 
esclarecimento de assuntos de interesse privado, que, pelo 
menos em tese, não devem ter qualquer relevância penal, 
como, por exemplo, situações envolvendo questões 
famil iares, conjugais e identificação de fil iação, 
desaparecimento e localização de pessoas ou de animais, 
idoneidade de prepostos e empregados para fins de 
possível contratação, etc. Fica evidente, portanto, que a 
investigação criminal continua sendo uma atividade 
essencial e exclusiva do Estado. E nem poderia ser 
diferente. Afinal, à luz do princípio da oficialidade, a 
apuração das infrações penais fica, em regra, a cargo da 
polícia investigativa, enquanto que a promoção da ação 
penal pública incumbe ao Ministério Público.
Elaborado por colaborador 
Anotações extraídas do Manual Processo 
Penal - Vol. Único, 2020; Renato 
Brasileiro de Lima 
Revisado e publicado por 
@muraljuridico
Para Renato Brasileiro: “é fato que o 
d ispos i t ivo em questão não fo i 
recepcionado pela Constituição Federal. 
Com efeito, essa concentração de 
poderes nas mãos de uma única 
pessoa, in casu, no Ministro inquisidor, 
além de violar a imparcialidade e o 
devido processo legal, revela-se 
absolutamente incompatível com o 
próprio Estado Democrático de Direito, 
assemelhando-se à reunião dos poderes 
de administrar, legislar e julgar em uma 
única pessoa, o ditador, nos regimes 
absolutistas”.
Investigação pelo PODER 
JUDICIÁRIO
O inquérito judicial previsto na antiga Lei de 
Falência e a Lei 9034/95 (antiga Lei das 
Organizações Criminosas) previam, no 
primeiro caso, um procedimento preparatório 
presidido por um juiz de direito, e, no segundo 
caso, quebra de sigilo decretada de ofício 
pelo juiz. Os diplomas foram revogados por 
novos regulamentos, que vão ao encontro do 
sistema acusatório, impondo ao juiz um 
distanciamento das funções investigatórias.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
A discussão em torno da possibilidade, ou não, de instauração de 
Inquérito, de ofício, pelo STF tomou relevância em virtude do 
pedido de abertura de inquérito pelo seu Presidente, Min. Dias 
Toffoli, para fins de investigação de crimes contra a honra e 
ameaças a alguns Ministros da Corte. O pedido de abertura de 
inquérito encontra fundamento no artigo 43 do RI/STF: 
“Ocorrendo infração à lei penal na sede ou dependência do 
Tribunal, o Presidente instaurará inquérito, se envolver autoridade 
ou pessoa sujeita à sua jurisdição, ou delegará esta atribuição a 
outro Ministro”. O inquérito foi autuado sob o n. 4.781 e 
distribuído à relatoria do Min. Alexandre de Moraes.

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