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AS CARACTERISTICAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CARNE BOVINA NO MARANHÃO - MONOGRAFIA RUAN

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46
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
RUAN DE CASTRO MEDEIROS
AS CARACTERISTICAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CARNE BOVINA NO MARANHÃO: do período de 2003 a 2018
 São Luís 
 2019
 RUAN DE CASTRO MEDEIROS 
AS CARACTERISTICAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CARNE BOVINA NO MARANHÃO: do período de 2003 a 2018
Monografia submetida à banca examinadora do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Maranhão, como requisito obrigatório para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas.
Orientador(a): Prof.ª Dr.ª Lindalva Silva Correia.
 São Luís
 2019
 
 DE CASTRO MEDEIROS, RUAN.
 AS CARACTERISTICAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CARNE BOVINA
 NO MARANHÃO : do período de 2003 a 2018 / RUAN DE CASTRO
 MEDEIROS. - 2019.
 48 p.
 
 Orientador(a): Lindalva Silva Correia.
 Monografia (Graduação) - Curso de Ciências Econômicas,
 Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2019.
 
 1. Brasil. 2. Cadeia Produtiva. 3. Carne Bovina. 4.
 Maranhão. I. Silva Correia, Lindalva. II. Título.
RUAN DE CASTRO MEDEIROS
A CADEIA PRODUTIVA DA CARNE BOVINA NO MARANHÃO: uma análise do período de 2003 a 2018
Monografia submetida à banca examinadora do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Maranhão, como requisito obrigatório para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas.
Aprovada em: __/__/____
____________________________________________
Prof.ª Dr.ª Lindalva Silva Correia (Orientadora)
Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
____________________________________________
Prof.ª Ma. ALESSANDRA JULIANA CAUMO
Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
____________________________________________
Prof. Dr. ALEXSANDRO SOUSA BRITO
Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
AGRADECIMENTOS
 
Agradeço à minha mãe Francisca da Silva de Castro pela vida, ao meu pai Magno Brandão de Medeiros Filho pela educação, ao meu irmão Yuri de Castro Medeiros pelo companheirismo e a toda minha família por estar ao meu lado durante todos os momentos da minha vida. 
Agradeço a minha orientadora Professora Doutora Lindalva Silva Correia, exemplo de ser humano, de economista, de professora, com sua inteligência e compromisso profissional, a quem me orgulho de ter sido aluno e orientado. 
Agradeço a Brenda Brito Neves, minha amada companheira, parceira, com quem tenho o orgulho e o prazer de compartilhar meu amor. 
Agradeço a Francisco Mascarenhas Junior, Vinícius Nunes Coimbra, Roberto Brito, Laura Passos, Rodrigo Cruz e a todos os meus amigos que fizeram parte dessa jornada. 
Agradeço a todo o corpo docente do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Maranhão pelo conhecimento.
RESUMO
A cadeia produtiva da carne bovina brasileira possui uma posição de grande importância na economia rural do país. Ocupa grande área do território nacional e é responsável por gerar milhões de empregos e renda. De acordo com Buainain; Batalha (2007), a referida cadeia é caracterizada por grande heterogeneidade de seus agentes, como: pecuaristas altamente capitalizados a pequenos produtores de baixa renda, assim como grandes frigoríficos capazes de corresponder as exigências externas quanto à qualidade e a questões sanitárias, a abatedouros e frigoríficos que sequer preenchem os mínimos requisitos de higiene. Machado & Amin (2005) afirmam que o rebanho bovino brasileiro cresceu de forma significativa no início dos anos 2000 em resposta a demanda externa e que em decorrência disso a pecuária de corte vem sofrendo profundas transformações desde a década de 90. Em termos regionais, o estado do Maranhão, objeto parcial da presente monografia, possuía no ano de 2016, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2016), um rebanho bovino de aproximadamente 7,65 milhões de cabeças, o segundo maior rebanho da região nordeste. No Maranhão a bovinocultura, no período de 2000 a 2012, foi a atividade que mais cresceu, algo em torno de 82,99%, segundo dados do Banco do Nordeste do Brasil (BNB, 2015). O objetivo principal desse estudo, pautou-se em verificar o comportamento da cadeia agroindustrial da carne bovina no estado do Maranhão, suas características e peculiaridades no tocante à produção e comercialização no período que compreende os anos de 2003 a 2018. Foi observado que apesar do crescimento expressivo conseguido nesse segmento produtivo, o Brasil ainda enfrenta muitos gargalos que impedem o desenvolvimento de forma mais ampla. Muitos estados não participam das zonas livres da aftosa, ou seja, são impossibilitados de exportar sua produção, ficando restrita a comercialização apenas internamente. Além da incidência na maioria dos municípios, de abatedouros sem qualquer padrão de higiene, sem sequer apresentar algum certificado de inspeção estadual e federal. O Estado do Maranhão, apresenta características geográficas que favorecem a criação e a produção da carne bovina, como o clima propício e terras férteis, além da proximidade com o mercado consumidor europeu. No entanto, ainda apresenta uma série de gargalos que dificultam o desenvolvimento dessa cadeia produtiva, entre eles estão: a incidência elevada de abate clandestino, precárias condições apresentadas pelos matadouros públicos municipais, além da falta de profissionais qualificados nos estabelecimentos públicos de abate na área de manutenção. Dessa forma é crucial, para o desenvolvimento da cadeia produtiva no Estado, não apenas o melhoramento do aspecto sanitário e logístico, mas também a necessidade de investimentos para o melhoramento da criação animal, no que se refere à produção, gerando assim, a qualidade necessária exigida para a comercialização dos mercados mais exigentes. 
Palavras-chave: Cadeia produtiva, Carne Bovina, Brasil, Maranhão. 
ABSTRACT
The Brazilian beef production chain has a position of great importance in the rural economy of the country. It occupies a large area of ​​the national territory and is responsible for generating millions of jobs and income. According to Buainain; Batalha (2007), this chain is characterized by great heterogeneity of its agents, such as: highly capitalized ranchers to small low-income producers, as well as large slaughterhouses capable of meeting external demands on quality and health issues, slaughterhouses and refrigerators that do not even meet the minimum hygiene requirements. Machado & Amin (2005) state that the Brazilian cattle herd grew significantly in the early 2000s in response to external demand and that as a result, beef cattle have been undergoing profound transformations since the 1990s. State of Maranhão, partial object of this monograph, had in 2016, according to data from the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE, 2016), a cattle herd of approximately 7.65 million heads, the second largest herd in the northeast region. . In Maranhão, cattle raising, from 2000 to 2012, was the fastest growing activity, something around 82.99%, according to data from the Bank of the Northeast of Brazil (BNB, 2015). The main objective of this study was to verify the behavior of the agroindustrial chain of beef in the state of Maranhão, its characteristics and peculiarities regarding production and marketing in the period from 2003 to 2018. It was observed that despite the expressive growth achieved in this productive segment, Brazil still faces many bottlenecks that hinder development more broadly. Many states do not participate in FMD-free zones, that is, they are unable to export their production, being restricted to marketing only internally.In addition to the incidence in most municipalities, slaughterhouses without any hygiene standards, without even presenting any state and federal inspection certificate. The State of Maranhão, has geographical characteristics that favor the creation and production of beef, such as the favorable climate and fertile land, and proximity to the European consumer market. However, it still has a number of bottlenecks that hinder the development of this production chain, including: the high incidence of clandestine slaughter, precarious conditions presented by municipal public slaughterhouses, as well as the lack of qualified professionals in public slaughter establishments in the area of maintenance. Thus, it is crucial, for the development of the productive chain in the State, not only the improvement of the sanitary and logistic aspect, but also the necessity of investments for the improvement of the animal husbandry, regarding the production, thus generating the necessary quality. required to market the most demanding markets.
Keyword: Beef, Chain, Brazil, Maranhão
LISTA DE ABREVIATURAS 
ABIEC Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne
AGED Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Maranhão
BNB Banco do Nordeste do Brasil
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CEPEA Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
CPA Cadeias Agroindustriais de Produção
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
ETENE Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
SAI Sistema Agroindustrial
SIE Sistema de Inspeção Estadual	
SIF Sistema de Inspeção Federal
SUDAM Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia
SUDENE Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
USDA United States Department of Agriculture
USEP Unidades Socioeconômicas de Produção
 LISTA DE FIGURAS 
Figura 1 - Agentes formadores do Sistema Agroindustrial.
Figura 2 - Brasil: Estrutura da cadeia de carne bovina.
Figura 3 - Mapa da Distribuição do Rebanho Bovino Total no Estado do Maranhão, por Município em 2008
Figura 4 – Canais de Comercialização de Carne Bovina no Estado do Maranhão.
LISTA DE QUADROS 
Quadro 1 - Unidades socioeconômicas de produção que formam o SAI.
Quadro 2 – Valores Movimentados por Setor “Antes das Fazendas”.
Quadro 3 – Valores Movimentados no Setor de Insumos e Serviços Industriais.
Quadro 4 - Posição acionária das instituições financeiras do governo nas principais empresas da agroindústria da carne bovina.
Quadro 5 − Matadouros Privados de Bovinos com Serviço de Inspeção Federal(SIF) no Maranhão – 2018.
SUMÁRIO
1	INTRODUÇÃO	12
2	REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................................15
2.1	Cadeias agroindustriais de produção	15
2.2	Sistema agroindustrial	17
2.3	Competitividade do agronegócio	20
3	METODOLOGIA DA PESQUISA	22
4	CARACTERÍSTICAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CARNE BOVINA	23
4.1	Indústrias de insumos, máquinas e equipamentos	24
4.2	Subsistema da matéria-prima	26
4.3	A indústria frigorífica	27
4.4 Comercialização........................................................................................................28
4.4.1 Atacado.......................................................................................................................29
4.4.2 Varejista......................................................................................................................29
4.4.3 Consumidor.................................................................................................................29
4.5 Aspectos institucionais..............................................................................................29
4.6 Fatores externos........................................................................................................31
4.7 Entraves para um maior desenvolvimento da cadeia da carne............................32
5	A CADEIA PRODUTIVA DA CARNE BOVINA NO MARANHÃO................33
5.1 Linha de produção....................................................................................................37
5.2 Comercialização........................................................................................................38
5.3 Aspectos ambientais..................................................................................................39
5.4 Aspectos institucionais e organizacionais................................................................39
5.5 As vantagens comparativas e competitivas e os pontos fracos de produção do Estado.......................................................................................................................................41
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS	44
	REFERÊNCIAS	46
1 INTRODUÇÃO
Desde do ano de 2003 tem se observado um crescimento no setor da agroindústria da carne bovina na participação na economia brasileira. No ano de 2003, o rebanho bovino era de aproximadamente 195,55 milhões de cabeças, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2019). As exportações correspondiam a 855,424 mil toneladas com um faturamento de US$ 1,598 bilhões segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC, 2003) e a cadeia produtiva da pecuária, no ano de 2003, apresentou um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 313,130 bilhões, correspondendo a 6,51% do PIB do Brasil daquele mesmo ano, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA/CNA e IBGE, 2019). O Brasil no ano de 2016 detinha o maior rebanho bovino do mundo com aproximadamente 218,23 milhões de cabeças de gado, segundo dados do IBGE. Nesse mesmo ano, o país foi o maior exportador de carne bovina a nível mundial, tendo exportado cerca de 1,4 milhões de toneladas, chegando a um faturamento de US$ 5,5 bilhões com as exportações (ANBIEC, 2016). A cadeia produtiva da pecuária, no ano de 2016, movimentou cerca de R$ 455,510 bilhões, tendo uma participação de 6,82% no PIB daquele ano (CEPEA/CNA e IBGE, 2019). Esses números demonstram que o setor tem fundamental importância na economia nacional. 
Machado & Amin (2005) afirmam que o rebanho bovino brasileiro cresceu de forma significativa no início dos anos 2000 em resposta a demanda externa e que em decorrência disso a pecuária de corte vem sofrendo profundas transformações desde a década de 1990. Além disso, pode-se dizer que as políticas econômicas adotadas na década de 1990 contribuíram significativamente para o aumento das exportações e o crescimento do setor. Estabilidade econômica e uma maior abertura comercial contribuíram para uma reformulação das indústrias frigoríficas. O setor se tornou mais competitivo visto que se buscou uma padronização do produto, melhoramento genético dos animais, melhoria das pastagens, baixo custo das terras considerando que outros grandes exportadores como Austrália e Estados Unidos possuem custos elevados, o Brasil pôde ter vantagens sobre os demais concorrentes e uma melhor qualidade.
No que se refere aos fatores de condições sanitárias, o Brasil evoluiu de forma significativa, com constantes campanhas de erradicação de doenças como a febre aftosa, que proporcionou um aumento significativo na produtividade e na aceitação do produto no exterior e em países com altos níveis de exigências sanitárias, ocasionando um aumento da competitividade da carne brasileira no setor externo.
Em termos regionais, o estado do Maranhão, objeto da presente monografia, possuía no ano de 2016, segundo dados do IBGE (2016), um rebanho bovino de aproximadamente 7,65 milhões de cabeças, o segundo maior rebanho da região nordeste. De acordo com a série de documentos do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (ETENE), apresentada pelo Banco do Nordeste(2012), o rebanho maranhense é caracterizado em sua maioria por animais destinados ao corte, tendo uma minoria destinada à produção leiteira e para o transporte em pequenas propriedades rurais.
Outro fator aparente que caracteriza a produção da pecuária no maranhão, no período de 2003 a 2018, é a pequena incidência de criadores no estado que utilizam em sua produção o semiconfinamento[footnoteRef:1] ou o confinamento de novilhos com a adoção de suplemento proteico. Tendo o confinamento, no estado, apresentado maiores custos quando comparados com outras regiões brasileiras. Assim a engorda confinada do bovino é quase inexpressiva, muito por consequência da inexistência de bonificações estabelecidas pelos frigoríficos para o preço da arroba e da carcaça. [1: Confinamento de bovinos é caracterizado como um sistema intensivo de produção com o objetivo de produzir carne em quantidade e qualidade, respeitando os aspectos sanitários, nutricionais, comportamentais dos animais e do meio ambiente. O semiconfinamento é uma alternativa para intensificar a terminação de bovinos de corte a pasto. Considerado um meio termo entre o confinamento e a suplementação estratégica, esta prática tem se tornado cada vez mais comum pela menor necessidade de infraestrutura, quando comparada ao primeiro e por melhores desempenhos zootécnicos, quando comparada ao último. Segundo os estudiosos do assunto, entre eles: Filho, Adelar Dias (2011); Rodrigo da Costa Gomes (2019); Amoracyr José Costa Nuñez (2019); Carolina Tobias Marino (2019); Sérgio Raposo de Medeiros (2019). ] 
O mesmo documento apresentado pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB; 2012) demonstra que a infraestrutura no Maranhão apresenta uma pequena quantidade de abatedouros e locais para abate com algum tipo de certificado de inspeção federal, estadual ou municipal. Esse fator contribui significativamente para o impedimento da exportação da carne produzida no estado visto que os principais demandantes internacionais exigem um alto grau de rigidez sanitária. 
Assim, considerando as políticas econômicas adotadas no período, associadas ao crescimento da demanda externa do produto e aliadas ao melhoramento no processo de produção, a indústria brasileira demonstrou um crescimento significativo no período de 2003 a 2018. Tais políticas econômicas como uma abertura externa e estreitamento de relações com os principais importadores do produto no período supracitado, elevou a quantidade de exportações brasileiras. O processo produtivo passou a ter cada vez mais utilização da tecnologia, gerou aumento tanto na qualidade quanto na quantidade produzida. 
No Maranhão, a bovinocultura, no período de 2000 a 2012, foi a atividade que mais cresceu – algo em torno de 82,99%, segundo dados do BNB (2015). Nesse mesmo período, o Estado acompanhou o crescimento nacional, porém não exportou a carne produzida, posto que ainda não se encontrava na zona livre da aftosa, não tendo desse modo, autorização para a exportação.
Tendo em vista os avanços alcançados pela agroindústria da carne bovina no país e o estado do Maranhão se configurar como segundo maior produtor da região nordeste, esse estudo torna-se importante no que se refere a importância desse segmento para a economia maranhense. Apresentar suas características, especificidades, potencialidades e entraves que dificultam uma melhor operacionalização a nível estadual na produção e nos canais de comercialização, justificar-se-á a presente pesquisa. 
Dessa forma, o objetivo principal desse estudo pautou-se em verificar o comportamento da cadeia agroindustrial da carne bovina no estado do Maranhão, suas características e peculiaridades no tocante à produção e comercialização no período que compreende os anos de 2003 a 2018. Assim, os objetivos específicos, elencados a seguir, permitiram a elucidação do propósito apresentado no objetivo principal, quais sejam:
· Descrever a cadeia produtiva da carne bovina no Brasil, no período de 2003 a 2018.
· Observar o comércio interno da carne bovina brasileira e fatores que proporcionaram o aumento das exportações no período acima citado.
· Verificar os problemas enfrentados pelo setor agroindustrial da carne bovina no Brasil e no Maranhão, entre os anos 2003 a 2018. 
A metodologia adotada na presente pesquisa é de caráter qualitativo, com utilização de gráficos, tabelas e quadros. A pesquisa bibliográfica ancorou-se em autores ligados ao tema sobre cadeia agroindustrial.
O presente trabalho estrutura-se em 6 capítulos. No primeiro, tem-se uma introdução ao tema e os objetivos da pesquisa. O segundo capítulo pautou-se numa breve apresentação teórica sobre o entendimento conceitual de cadeia de produção na agropecuária, a partir de alguns estudiosos da questão, entre eles; Batalha (2014). O terceiro apresenta a metodologia e a fonte de dados utilizado na pesquisa. O quarto capítulo expõe a cadeia produtiva a nível nacional e suas características, desde os fatores que contribuíram para a sua expansão até os entraves que tendem a minimizar o seu crescimento. O quinto capítulo apresenta as características da cadeia produtiva bovina no Estado do Maranhão, suas potencialidades e os possíveis entraves que impedem um crescimento compatível ao nacional. E, por último, na conclusão, sintetiza-se as principais constatações percebidas no decorrer da pesquisa.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Cadeias agroindustriais de produção
A análise sobre cadeias de produção na agropecuária remete aos esforços de conceituação e definições de estudiosos do assunto, entre eles Morvan (1988) apud Batalha (2014, p. 06), que expõe três séries de elementos que estão diretamente ligados a uma visão em termos de cadeia de produção, como exposto a seguir por Batalha (2014, p. 06):
1. A cadeia de produção é uma sucessão de operações de transformação dissociáveis, capazes de ser separadas e ligadas entre si por um encadeamento técnico.
2. A cadeia de produção é também um conjunto de relações comerciais e financeiras que estabelecem, entre todos os estados de transformação, um fluxo de troca, situado de montante a jusante, entre fornecedores e clientes.
3. A cadeia de produção é um conjunto de ações econômicas que presidem a valoração dos meios de produção e asseguram a articulação das operações.
Batalha (2014, p. 07) especifica ainda que as cadeias de produção agroindustrial podem ser segmentadas em três macrossegmentos que envolvem os aspectos antes e depois da produção propriamente dita (à jusante e à montante) da produção agropecuária. A seguir a estruturação descrita pelo autor supracitado:
1. Comercialização. Representa as empresas que estão em contato com o cliente final da cadeia de produção e que viabilizam o consumo e o comércio dos produtos finais (supermercado, mercearias, restaurantes, cantinas, etc.). Podem ser incluídas neste macrossegmento as empresas responsáveis somente pela logística de distribuição. 
2. Industrialização. Representa as firmas responsáveis pela transformação das matérias-primas em produtos finais destinados ao consumidor. O consumidor pode ser uma unidade familiar ou outra agroindústria. 
3. Produção de matérias-primas. Reúne as firmas que fornecem as matérias-primas iniciais para que outras empresas avancem no processo de produção do produto final (agricultura, pecuária, pesca, piscicultura etc.).
Nas cadeias agroindustriais de produção (CPA), as operações a montante podem alimentar várias outras operações a jusante, conforme Batalha (2014, p. 07) denomina de “ligações divergentes”. De outra forma, há também o que ele chama de “ligações convergentes”, no qual várias ligações a montante dão origem a um número limitado de operações a jusante. Não é incomum encontrar dentro das CPA o processo de retroalimentação, onde o produto oriundo da etapa intermediária da CPA vá alimentar, nesta mesma CPA, outra operação situada a montante desta operação. 
Segundo o autor acima referendado (2014, p.07), a lógica de encadeamento das operações, como forma de definir a estrutura de uma CPA, deve situar-se semprede jusante a montante. Para ele, esta lógica assume implicitamente que as condicionantes impostas pelo consumidor final são os principais indutores de mudanças no status quo do sistema. É perceptível que, de modo geral, há a possibilidade das unidades produtivas serem responsáveis pela introdução de inovações tecnológicas que, consideravelmente, geram mudanças na dinâmica de funcionamento das cadeias agroindustriais. Porém, essas mudanças só serão sustentáveis quando reconhecidas pelo consumidor como portadoras de alguma diferenciação em relação a situação de equilíbrio anterior. 
Um determinado complexo agroindustrial pode apresentar operações ou estados intermediários de produção comuns a várias outras CPA que o compõem. 
Neste caso, pode ocorrer o que será chamado de “operações-nó”. Essas operações são muito importantes do ponto de vista estratégico, pois representam lugares privilegiados para a obtenção de sinergias dentro do sistema, além de funcionarem como pontos de partida eficientes para a diversificação das firmas (BATALHA, 2014, p. 07).
Os fatores tecnológicos aparecem como objeto fundamental. A estrutura da CPA é composta pela sucessão de operações tecnológicas de produção, distintas e dissociáveis, estando elas associadas à obtenção de determinado produto necessário à satisfação de um mesmo segmento de demanda (Batalha, 2014, p. 09).
Em geral, não é difícil decompor um processo industrial de fabricação segundo algumas etapas principais de produção. Assim, seria razoável considerar que, após passar por várias operações de fabricação, um produto, possa alcançar um “estado intermediário de produção”. Vale lembrar que o termo intermediário, diz respeito ao produto final da CPA. A produção de óleo refinado de soja, por exemplo, poderia ser considerada estado intermediário de produção na fabricação dos produtos finais margarina e maionese. O produto deste “estado intermediário de produção” deveria ter estabilidade física suficiente para ser comercializado, além, evidentemente, de possuir um valor real ou potencial de mercado (BATALHA, 2014, p.09).
A presença de mercados interligados de produtos intermediários permite uma maior articulação entre os vários macrossegmentos da CPA. Existem no mínimo quatro mercados com diferentes características: o mercado entre os produtores de insumos e os produtores rurais, entre os produtores rurais e a agroindústria, entre a agroindústria e os distribuidores e os mercado entre os distribuidores e os consumidores finais.
2.2 Sistema agroindustrial
Pode-se dizer que o Sistema Agroindustrial (SAI) é o conjunto de atividades que convergem para a produção de produtos agroindustriais, desde a produção dos insumos até o produto final ao consumidor. Segundo Batalha (2014, p. 10), o SAI pode ser composto por seis conjunto de atores, quais sejam:
1. Agricultura, pecuária e pesca
2. Industrias agroalimentares (IAA)
3. Distribuição agrícola e alimentar 
4. Comércio internacional
5. Consumidor
6. Indústria e serviços de apoio
A figura 1 abaixo apresenta essa composição de atores especificado pelo o autor. É possível observar o encadeamento entre os atores que convergem para a entrega do produto final. A indústria de apoio se relaciona com todos os agentes formadores do sistema agroindustrial. A agricultura e a pecuária destacadas na figura 1 estão diretamente ligadas à indústria de apoio, como demandantes do produto, e estão ligadas ao mercado externo, com a distribuição e com as indústrias agroalimentares. O mercado externo, a indústria agroalimentar e o agente de distribuição estão diretamente ligados ao consumidor final.
Figura 1 - Agentes formadores do Sistema Agroindustrial.
Fonte: BATALHA, 2014, p. 11. 
	
O complexo agroindustrial pode ser entendido como ponto de partida de determinada matéria-prima de base, podendo fazer alusão ao complexo industrial da carne bovina, complexo da soja, complexo do leite, complexo do couro etc. 
A arquitetura deste complexo agroindustrial seria ditada pela “explosão” da matéria-prima principal que o originou, segundo os diferentes processos industriais e comerciais que ela pode sofrer até se transformar em diferentes produtos finais. Assim, a formação de um complexo agroindustrial exige a participação de um conjunto de cadeias de produção, cada uma delas associada a um produto ou família de produtos (BATALHA, 2014, p.12).
Assim a cadeia de produção se diferencia do complexo, pois a primeira é definida a partir da identificação de um determinado produto final. Após esta identificação, cabe ir encadeando, de jusante a montante, as várias operações técnicas, comerciais e logísticas, necessárias à sua produção (BATALHA, 2014, p. 12).
Destaca-se, como fator importante para o funcionamento do sistema, as Unidades Socioeconômicas de Produção (USEP). Elas influenciam e são influenciadas pelo sistema no qual estão inseridas. No caso do Sistema Agroindustrial (SAI), as USEP apresentam uma variedade de formas muito grande. Não existem, porém, dúvidas de que a eficiência do sistema como um todo passa pela eficiência de cada uma desta unidades (BATALHA, 2014, p. 14).
No quadro 1 a seguir, é possível verificar as diversas faces das principais USEP que formam o SAI.
Quadro 1 - Unidades socioeconômicas de produção que formam o SAI.
	
 Setores 
 Funcionais
 Formas
de Organização 
	
Produção Agrícola
	
Transformação Agroindustrial
	
Distribuição
	
Alimentação fora do domicílio
	Artesanal
	Pequenas propriedades familiares
	Padarias, açougues, consumo tradicional
	Padarias, fruteiras, feirantes
	Restaurantes e bares
	Capitalista
	Empresas Capitalistas
	Empresas industriais
	Supermercados
	Redes de lanches fast-food
	Cooperativa
	Cooperativas agrícolas
	Cooperativas de transformação
	Cooperativas de consumo
	Cantinas
	Pública
	Institutos de pesquisa
	_
	Companhia Brasileira de alimentação (COBAL)
	Exército, escola
Fonte: BATALHA (2014, p. 16).
De acordo com Batalha (2014), o macrosseguimento industrial da cadeia agroindustrial pode ser dividido em empresas de primeira, segunda e terceira transformação. 
As empresas de primeira transformação são caracterizadas como sendo as responsáveis pelos primeiros processos de transformação de matéria-prima agropecuária, tais como trituração e moagem no caso vegetal ou fracionamento no caso de animais. Os produtos desta primeira transformação podem ser fornecidos diretamente à comercialização ou, ainda, servir como matérias-primas para as indústrias usualmente denominadas de segunda transformação e terceira transformação. São estas últimas que promovem a geração de produtos mais elaborados, como tortas, pizzas, refrigerantes, doces etc. (BATALHA, 2014, p. 14).
A participação coordenada de produtores agropecuários, agroindustriais, distribuidores, agentes financeiros e de logística, é algo imprescindível na produção, industrialização e distribuição dos alimentos e insumos no sistema. Para Batalha (2014; p. 18), o enfoque sistêmico da produção agroindustrial é guiado por cinco conceitos-chaves: 
1. Verticalidade: significa que características de um elo da cadeia influenciam fortemente os outros elos;
2. Orientação pela demanda: a ideia aqui é de que a demanda gera informações que determinam os fluxos de produtos e serviços através de toda a cadeia produtiva; 
3. Coordenação dentro da cadeia: as relações verticais dentro das cadeias de suprimento e comercialização, incluindo o estudo das formas alternativas de coordenação (contratos, mercado spot etc.), são de fundamental importância para a dinâmica de funcionamento das cadeias;
4. Competição entre sistemas: um sistema pode envolver mais de um canal de comercialização (por exemplo, exportação e mercado doméstico), restando à análise sistêmica tentar entender a competição que se estabelece entre os canais e examinar como alguns deles podem ser criados ou modificados para melhorar o desempenho econômico dos agentes envolvidos;
5. Alavancagem: a análise sistêmica busca identificarpostos-chaves na sequencia produção-consumo em que ações podem melhorar a eficiência de um grande número de participantes de um só vez. 
A cadeia de produção agroindustrial, como sistema aberto, está sujeito a influências do meio no qual está inserido, tais como as mudanças que afetam o sistema, como os fatores políticos, fatores econômicos e financeiros, fatores tecnológicos, fatores socioculturais e fatores legais e jurídicos. 
2.3 Competitividade do agronegócio
Os fatores que influenciam na competitividade das cadeias agroindustriais brasileiras podem ser esboçados, de acordo com Batalha (2014), segundo algumas etapas principais. Segundo o autor, a primeira etapa envolve a definição dos direcionadores de competividade e dos subfatores que o compõem. Pode-se utilizar seis direcionadores de competividade: tecnologia, gestão interna dos agentes da cadeia, estrutura de mercado, insumos e infraestrutura, ambiente institucional e relações de mercado (estrutura de governança). Cada direcionador pode ser dividido em subfatores, de acordo com as especificidades do macrossegmentos (elo) estudado ou do sistema como um todo.
Assim, esta análise deve ser feita para cada um dos principais macrossegmentos da cadeia agroindustrial analisada. Além disso, cada subfator será classificado quanto ao seu grau de controlabilidade. Esta classificação é importante dado que permitirá, em etapa posterior, a associação de eventuais problemas ligados a determinado subfator de competitividade a determinado agentes de intervenção. Por exemplo, problemas ligados a subfatores de competitividade “controlados pelo governo” serão objeto de proposição de políticas públicas, ou problemas ligados a subfatores “controlados pela firma” serão alvo de proposta de políticas privadas. (BATALHA, 2014, p.34).
O Grupo de Estudos e Pesquisas Agroindustriais (GEPAI) realizou um estudo para analisar a competitividade da cadeia agroindustrial da carne bovina no Brasil (Batalha, 2014, p.35). Os pesquisadores dividiram o sistema agroindustrial da carne bovina em dois sistema diferentes. A divisão em dois sistemas foi orientada por dois critérios básicos: os padrões de exigência dos consumidores a que o sistema estava atendendo (mais ou menos exigentes) e os fatores críticos de sucesso que permitem o sucesso no atendimento destes mesmos consumidores (grupos estratégicos que utilizam o mesmo padrão concorrencial).
O primeiro sistema representa a parcela mais avançada e, portanto, mais competitiva da cadeia brasileira da carne bovina. Ele é formado por pecuaristas tecnificados, normalmente utilizadores de técnicas avançadas de produção animal, frigoríficos modernos e bem equipados e sua produção é escoada através de pontos de venda adaptados aos padrões de consumo de consumidores mais exigentes. Em decorrência ao alto padrão exigido pelo mercado externo, os agentes desse sistema possuem condições de competitividade para atuar no mercado internacional. 
O segundo sistema reúne os agentes menos competitivos da cadeia. Formado por pecuaristas menos intensivo em utilização de tecnologia, pequenos abatedouros/frigoríficos com condições de higiene comprometidas (principalmente os municipais) e os abates clandestinos. O produto resultante desse sistema é distribuído em açougues e feiras livres, em algumas regiões do país com péssimas condições de armazenamento, transporte e higiene. 
De acordo com Batalha (2014, p. 36): “Desta forma, reconhece-se que quaisquer políticas e diretrizes propostas para o aumento da competitividade da cadeia teriam, necessariamente, que refletir esta diversidade de situações e serem adequadas a cada um dos sistemas identificados”. 
Estudar, pois, a cadeia produtiva da carne bovina no estado do Maranhão e buscar compreender seu nível de competitividade frente ao cenário nacional tem um papel relevante no tocante à possibilidade de detectar os pontos de vulnerabilidade e implementar políticas de combate a tais fragilidades. Assim como demonstrar as características que favorecem o seu crescimento é fundamental para o processo de desenvolvimento da mesma. 
O próximo capítulo apresentará a metodologia utilizada no presente estudo.
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
A pesquisa utilizada nesse trabalho, teve um caráter qualitativo. Nesse sentido, Gerhardt, Silveira (2009, p.31) complementa da seguinte forma:
A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc. Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa opõem-se ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências, já que as ciências sociais têm sua especificidade, o que pressupõe uma metodologia própria. 
Dessa forma buscou-se, a partir de uma análise empírica dos fatos, as respostas para a explicação da dinâmica do objeto estudado nessa pesquisa. Assim a pesquisa qualitativa se encaixa como método ideal nessa análise, já que a mesma possui características que proporcionam uma melhor compreensão do fenômeno. 
As características da pesquisa qualitativa são: objetivação do fenômeno; hierarquização das ações de descrever, compreender, explicar, precisão das relações entre o global e o local em determinado fenômeno; observância das diferenças entre o mundo social e o mundo natural; respeito ao caráter interativo entre os objetivos buscados pelos investigadores, suas orientações teóricas e seus dados empíricos; busca de resultados os mais fidedignos possíveis; oposição ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências (Gerhardt e Silveira, 2009, p. 32).
Os instrumentos utilizados na pesquisa foram os dados disponibilizados em plataformas de informações sobre a agroindústria da carne bovina no Brasil e no Maranhão. A seguir, será feito um detalhamento das fontes: a base utilizada para coletar informações e dados referentes ao rebanho, produção e comercialização a nível nacional e do Maranhão foi o IBGE, MAPA, EMBRAPA, AGED e CEPEA/CNA. No setor externo, foi a ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne) e dados da Secretaria de Comércio Exterior. 
Os dados apresentados na introdução e na conclusão sobre os valores do PIB do agronegócio foram extraídos da base de dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, que utilizam como ano base, para a referência de valores, o ano de 2018.
Pelo critério metodológico do Cepea/Esalq - USP, o PIB do agronegócio é medido pela ótica do produto, ou seja, pelo Valor Adicionado (VA) total deste setor na economia. Ademais, avalia-se o VA a preços de mercado (consideram-se os impostos indiretos menos subsídios relacionados aos produtos). O PIB do agronegócio brasileiro refere-se, portanto, ao produto gerado de forma sistêmica na produção de insumos para a agropecuária, na produção primária e se estendendo por todas as demais atividades que processam e distribuem o produto ao destino final. A renda, por sua vez, se destina à remuneração dos fatores de produção (terra, capital e trabalho) (CEPEA/CNA, 2018).
A explicação de métodos utilizados no que se refere às características da produção, exportação e comercialização, foi feita a partir de publicações de artigos, relatórios de órgãos ligados a atividade, livros complementares e relatórios técnicos que caracterizam toda agroindústria da carne bovina no Brasil e no Maranhão. Foi utilizado series de documentos do ETENE, publicada pelo Banco do Nordeste.
4 CARACTERISTICAS DA CADEIA PRODUTIVA DA CARNE BOVINA NO BRASIL
A cadeia produtiva da carne bovina brasileira possui uma posição de grande importância na economia rural do pais. Ocupa grande área do território nacional e é responsável por gerar milhões de empregos e renda. De acordo com Buainain; Batalha (2007), tal cadeia é caracterizada por grande heterogeneidade de seus agentes, como: pecuaristas altamente capitalizados a pequenos produtores de baixa renda, assim como grandes frigoríficos capazes de corresponder as exigências externas quanto à qualidade e a questõessanitárias, a abatedouros e frigoríficos que sequer preenchem os mínimos requisitos de higiene. A figura 2, a seguir, apresenta a estrutura da cadeia de carne bovina brasileira, conforme Buainain, Batalha (2007, p. 19). 
Figura 2 - Brasil: Estrutura da cadeia de carne bovina.
 Fonte: Buainain; Batalha (2007). 
Os autores supracitados, esquematizaram a estrutura da cadeia da carne bovina brasileira em cinco subsistemas que são compostos pelos seguintes agentes conforme descrição abaixo:
1. Subsistema de apoio: caracterizado pelos agentes que fornecem insumos básicos e transporte.
2. Subsistema de produção de matéria-prima (produção agropecuária): composto por empresas rurais que geram, criam e engordam para o atendimento das necessidades das indústrias de primeira transformação, podendo estar integradas em um único empreendimento ou dissociadas em empreendimento diversos.
3. Subsistema de industrialização: formado por industrias de primeira transformação, responsáveis por abater os animais para obter as peças de carne conforme as condições de utilização necessárias para os demais agentes da cadeia e indústria de segunda transformação que incorporam carne em seus produtos e agregam valor a ela. 
4. Subsistema de comercialização: formado por atacadistas ou exportadores. Possuem o papel de agentes de estocagem e/ou entrega simplificando o processo de comercialização. Os varejistas responsáveis por efetuar a venda direta da carne bovina ao consumidor final, tais como os supermercados e açougues. Empresas de alimentação coletiva/mercado institucional ou aquelas que utilizam a carne como produto facilitador, como restaurantes, hotéis, hospitais, escolas, presídios e empresas de fast food.
5. Subsistema de consumo: formado pelos consumidores finais, responsáveis pela aquisição, preparo e utilização do produto final. Determinam as características desejadas do produto, influenciando os sistemas de produção de todos dos agentes da cadeia. 
Além dos subsistemas mencionados, os aspectos institucionais são de grande influência no processo de competitividade dessa cadeia agroindustrial. Fatores como o comercio exterior, fatores macroeconômicos, inspeção higiênica e sanitária, disponibilidade e confiabilidade de informações estatísticas, legislação ambiental, mecanismo de rastreabilidade e certificação, sistemas de inovação e outros relacionados à coordenação dos agentes condicionaram de forma importante na dinâmica competitiva da cadeia. A seguir, uma breve descrição do aspecto a montante da cadeia produtiva da carne bovina no país.
4.1 Indústria de insumos, máquinas e equipamentos
A maioria das empresas que fornecem insumos, máquinas e equipamentos para a agropecuária são estrangeiras. Ao considerarmos as importações, o setor revela uma dependência por fertilizantes importados, cujo o montante, em 2013, atingiu US$ 8,9 bilhões. De acordo com o Sistema Brasileiro do Agronegócio As importações responderam por certa de 70% da demanda nacional (SBA, 2014).
Os maiores fornecedores de bens de capital para a agroindústria da carne bovina, são em sua maioria indústria de tratores e implementos agrícolas, com praticamente todos estabelecidos no Brasil, chegando a exportar daqui parte de sua produção. Dentre elas, destacam-se as norte-americanas AGCO e John Deere e a italiana CNH (Guimarães; Pereira, 2018). Além da aquisição do grupo holandês DSM, em 2013, e da empresa brasileira Tortura, líder no mercado nacional de nutrição animal e bovinos. 
No entanto, como destaca Guimarães; Pereira (2018, p.25-6) os pontos considerados como de maior desafio nesse segmento, diz respeito ao sistema tributário brasileiro: 
“O principal desafio ao maior adensamento da cadeia produtiva agropecuária está ligado à estrutura tributária brasileira. Enquanto o produto primário pode ser exportado praticamente sem impostos desde a Lei Kandir, os exportadores de industrializados não conseguem recuperar todos os impostos incluídos em seus produtos, gerando favorecimento à exportação dos produtos primários em detrimento dos industrializados. Esse fato, combinado com a “preferência” que os países desenvolvidos dão à industrialização de matérias-primas em seus territórios, reforça a posição do Brasil como exportador de produtos primários”.
Por outro lado, observa-se um processo de concentração no setor de insumos e matérias primas que influencia diretamente nos preços. De acordo com CEPEA (2018), as sementes forrageiras, utilizada nas pastagens, apresentaram alta nos preços, entre os anos de 2004 e 2014, de 346%. Os suplementos minerais apresentaram variação de 174,35%, no mesmo período. Antibióticos, vacinas e medicamentos para controle parasitário tiveram, respectivamente, aumentos de 83%, 79% e 53%. Nesse segmento observa-se queda no custo desses insumos. 
Em 2015 o setor de insumos e matérias primas “antes das fazendas” foi responsável por movimentar mais de R$ 48 bilhões de reais. O quadro 2 abaixo destaca os valores movimentados pelo setor “antes das fazendas” e o quadro 3 destaca o setor de insumos e serviços industriais na cadeia produtiva da agroindústria da carne bovina. 
Quadro 2 – Valores Movimentados por Setor “Antes das Fazendas”.
	Setor: antes das fazendas ou a jusante
	Valor em Reais
	Nutrição
	R$ 11.667.400.000
	Protocolos e sêmen
	R$ 514.000.000
	Sanidade animal
	R$ 1.896.900.000
	Diesel
	R$ 3.590.000.000
	Insumos agrícolas
	R$ 7.756.500.000
	Energia elétrica
	R$ 179.500.000
	Manutenções, serviços e peças
	R$ 4.482.300.000
	Funcionários e encargos
	R$ 8.528.400.000
	Despesas administrativas
	R$ 852.800.000
	Reinvestimentos
	R$ 9.513.500.000
Fonte: ABIEC, 2015.
No total movimentou-se, no ano de 2015, mais de R$ 55 bilhões de reais em insumos, serviços e equipamentos. Além de ter, no mesmo ano, movimentado mais R$ 10 bilhões de reais em salários e encargos.
Quadro 3 – Valores Movimentados no Setor de Insumos e Serviços Industriais.
	Setor “insumos e serviços industriais”
	Valor
	Embalagem
	R$ 1.639.000.000
	Energia Elétrica
	R$ 1.639.000.000
	Peças, equipamentos e manutenção
	R$ 307.000.000
	Óleo para caldeiras
	R$ 169.000.000
	Produtos de limpeza
	R$ 85.400.000
	Gases refrigerantes
	R$ 84.400.000
	Filtros de água
	R$ 75.600.000
	EPIs
	R$ 55.800.000
	Óleos e graxas lubrificantes
	R$ 18.100.000
	Salários e encargos
	R$ 2.842.800.000
Fonte: ABIEC, 2015.
Esse subsistema de apoio é formado por grandes empresas com grandes poderes de influência nos sistemas agroindustriais. “O setor fornecedor de insumos posiciona-se no extremo a montante da cadeia e está estruturado de forma oligopólica, ou seja; poucos grupos, em sua maioria, multinacionais, que dão suporte a produção primaria” (Medeiros; Brisola, 2009, p. 13). 
4.2 Subsistema da matéria-prima 
Esse subsistema, conhecido como produção agropecuária é composto por fazendeiros produtores de bovinos de cortes. Os produtores são agentes do meio com grande importância no desenvolvimento da cadeia, pois a quantidade da produção e a qualidade do produto dependem diretamente de suas ações. 
O desenvolvimento desse setor depende do compartilhamento de ferramentas, informações e tecnologias dos demais elos da cadeia. Sua produção está sujeita a outros fatores de pouco controle por parte do produtor. “Característica peculiar a esse setor é que sua produção está sujeita às variáveis de reduzido controle, tais como condições climáticas, critérios sanitários, estacionalidade da produção e dependência de condições biológicas.” Medeiros; Brisola (2009, p. 13).	
Segundo o IBGE (2006), a pecuária bovina se encontra presente em 75% das propriedades agrícolas brasileiras, o que a torna uma das principais atividades do meio rural. O baixo custo de produção da carne bovina brasileira, em razão do clima favorável, da grande disponibilidade de terras cultiváveis e a existência de instituições de pesquisas renomadas, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), proporciona uma posição privilegiada quando se compara a outros países produtores. 
Em 2012,por exemplo, produzir 100 kg de carcaça na China foi quase três vezes mais caro do que se produzir no Brasil. Produzir na Europa encarece em duas vezes o valor se compararmos à produção nacional, e nos EUA se torna até uma vez e meia mais caro (De Zen & Crespolini dos Santos, 2013). Como reflexo do baixo custo de produção em relação a outros países produtores, há um menor preço da arroba e consequentemente um menor preço da carne. Se pegarmos valores de fevereiro de 2013, o preço da arroba no Brasil teve média de US$ 49,96/@, no Uruguai: US$ 58,1/@ e nos EUA: US$ 56,74/@ (CEPEA, 2013).
No âmbito da criação dos animais, o Brasil apresenta, segundo Buainain; Batalha (2007), vantagens no ciclo da pecuária. Por ser predominantemente natural e seguir as épocas de reprodução dos animais, os bezerros são mais homogêneos, o que exige um manejo semelhante nas fases de recria e engorda, reduzindo os custos e as necessidades de planejamento e controle das atividades.
Outro fator que pode ser observado ao longo dos últimos anos é o aumento da produtividade “dentro da porteira”. A partir dos dados agregados, se considerarmos o início da série do IBGE em 1997, cerca de 9% do total do rebanho eram abatidos. No ano de 2013, a taxa de abate foi de 16% do total (IBGE, 2018). Da mesma forma houve um crescimento no rebanho bovino no mesmo período. Em 1997, o rebanho brasileiro era aproximadamente de 160 milhões de cabeças, em 2013 era de aproximadamente 212 milhões de cabeças (IBGE, 2018). Apesar do considerável aumento no número de abates, observa-se um outro aumento considerável do rebanho. Buainain; Batalha (2007), afirmam que tal crescimento paralelo se deu graças ao aumento na adoção de manejos adequados, pesquisas genéticas e da difusão crescente das práticas de inseminação artificial. 
Outras características que ainda residem “dentro da porteira” e favorecem o crescimento são o baixo custo da mão de obra, o clima favorável, as terras relativamente baratas e a abundância de fontes de alimentação animal.
4.3 A indústria frigorífica
A indústria frigorífica se posiciona entre a pastagem e os canais de distribuição. Responsável pelo abate do gado (ou não), pelo corte e geração de subprodutos, essa parte da cadeia fornece diretamente aos canais de distribuição e comercialização. Essa indústria, no Brasil, possui um bom nível tecnológico e tem a maioria de suas instalações situadas no centro-oeste brasileiro (ABIEC, 2018). Os principais compradores são as redes atacadistas e varejistas, além das empresas exportadoras. No ano de 2017, o Brasil abateu 30,83 milhões de cabeças de gado (IBGE, 2017). Os principais produtos gerados por essa indústria são: corte com osso, corte sem osso e miúdos, classificados como carne de primeira e carne de segunda. 
O incremento tecnológico exige não somente uma utilização maior de mão de obra especializada na indústria como estimula o processo de verticalização para trás ao longo da cadeia. Devido ao uso sistemático de melhoramento genético, melhora na nutrição bovina, cruzamento industrial e práticas de produção integrada, os grandes frigoríficos acabam por incentivar os produtores pecuaristas a investirem em tecnologias que aumentam a qualidade do produto e a produtividade, visando corresponder às exigências externas. 
No ano de 2015, o setor exportou mais de R$ 19 bilhões de reais em carne, faturou mais de R$ 93 bilhões de reais no comércio interno, além de faturar mais de R$ 7 bilhões de reais em exportação de couro, mais de R$ 2 bilhões de reais com a comercialização do couro no mercado interno, mais de R$ 1,5 bilhão de reais na comercialização interna do sebo e mais de R$ 13,7 bilhões de reais na comercialização dos demais subprodutos, gerando um faturamento total de mais de R$ 138 bilhões de reais pelos frigoríficos (ABIEC, 2018).
Dentro desse subsistema há uma grande variação de plantas frigoríficas. De abatedouros com baixo nível de tecnologia e investimento, operando em péssimas condições sanitárias, o que leva a baixa qualidade do produto. Assim como também há empresas multinacionais de grande porte, com alto nível de tecnologia, com alta capacidade de produção com qualidade, o que permite a essas empresas a exportarem seus produtos aos mais exigentes países. Conforme acrescenta Buainain; Batalha (2007, p. 43):
[...] Unidades de processamentos autorizadas e capacitadas para exportar dispõem de tecnologia avançada para atender as exigências do mercado internacional, seja em termo de flexibilidade de cortes, produtividade e até mesmo em capacidade de atender vultuosos pedidos. Também atende as exigências de qualidade, utilizando-se das melhores técnicas existentes, como sistema de Análise de Perigo e Pontos Crítico de Controle (APPCC), e de boas práticas de fabricação.
4.4 Comercialização
4.4.1 Atacado
Esse elo da cadeia produtiva é responsável pela comercialização e distribuição em larga escala. Localizado em pontos estratégicos para atender o maior números de varejistas, é o segmento responsável pela exportação, entreposto atacadista e distribuidor regional. Além de participarem do papel de estocagem e distribuição.
4.4.2 Varejista
A representação desse elo da cadeia se dá pelos segmentos de boutiques de carnes, supermercados, restaurantes, açougues e feiras livres. Os grandes varejistas negociam diretamente com os frigoríficos, o que garante uma maior qualidade a um preço mais acessível. É nessa parte da cadeia de produção que os custos de produção são repassados ao consumidor.
4.4.3 Consumidor
Nessa parte da cadeia se determinam as características desejadas no produto e a existência de maior interferência nos outros elos da cadeia de produção, sendo o principal fornecedor de estímulos para o desenvolvimento do setor, tendo em vista a necessidade de satisfazer o consumidor, nos requisitos que envolve exigência de mais qualidade e segurança alimentar como atributo importante do produto. Como acrescenta Tirado (2005, p. 77): 
Os consumidores enquadrados no grupo de renda acima de 20 salários mínimos são caracterizados como consumidores exigentes. Estes consumidores buscam adquirir carne com qualidade assegurada pela fiscalização SIF. Seu perfil pode ser enquadrado entre os consumidores de classe média, média-alta e alta, com grau de escolaridade entre o segundo e o terceiro grau e com conhecimento sobre os padrões de qualidade. Adquirem a carne bovina em estabelecimentos que lhes inspirem segurança, localizados em pontos nobres e detentores de reputação junto à população, restaurante de carnes nobres, boutiques de carnes, grandes redes de supermercados e muito pouco em supermercados locais. Valorizam as seguintes características intrínsecas da carne bovina: boa aparência do produto, limpeza do corte, coloração da carne e da gordura, teor de gordura, qualidade e origem da carne, valorização da rastreabilidade, dentre outras. Além de apreciar a maciez e o sabor, o preço do produto não se sobrepõe a esta exigências.
Dessa forma as empresas que buscam a consolidação no mercado buscam cada vez mais atender as preferências do consumidor final; seja ele consumidor interno ou do mercado externo. 
4.5 Aspectos institucionais
Os aspectos institucionais, como os incentivos aos grandes frigoríficos nacionais, feitos pelo Governo Federal via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), como financiamentos, ou ainda, tornando-se acionista em alguns casos, a partir de 2002, fortaleceram o processo produtivo viabilizando a internacionalização do produto e aumentando a competitividade internacional da cadeia produtiva da carne bovina brasileira. A partir de 2008, a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) incentivou ainda mais o Complexo Agroindustrial da carne bovina brasileiro com os objetivos de alcançar a liderança mundial, colocar as empresas brasileiras entre as primeiras cinco principais do mundo e buscar novos mercados (MDIC, 2014).
Os resultados de tais políticas proporcionaram ao Brasil, desde 2004, o posto de maior exportador de carne bovina do mundo(USDA, 2018). Em 2017, o Brasil exportou um total de 1,53 milhão de toneladas, considerando o produto in natura, industrializado, além de cortes salgados e miúdos. Gerando um total com receita cambial de 6,28 bilhões de dólares de acordo com Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC, 2018). A participação do ramo pecuário no PIB do agronegócio foi de 31% no ano de 2017 e sua participação no PIB nacional foi de 6,61% no mesmo ano (CEPEA, 2018). Números que corroboram para o alinhamento de políticas econômicas voltadas para o desenvolvimento do setor. 
No aspecto microeconômico podemos destacar o papel de acionista que o BNDES e outras instituições financeiras do governo desempenha junto as grandes empresas brasileiras que dominam o mercado da agroindústria da carne bovina. Papel esse que vai além do fornecimento de crédito. O quadro 4 mostra a posição acionária dessas instituições junto a essas empresas.
Quadro 4 - Posição acionária das instituições financeiras do governo nas principais empresas da agroindústria da carne bovina.
	
Empresas
	Posição Acionária em (%)
	
Investidor
	
JBS
	
21,32
	BNDES Participações S.A. – BNDESPAR
	
BRF
	
10,66
	Previ - Caixa Previdência Funcionários Banco do Brasil
	
	
 11,41
	Petros Fundação Petrobras de Seguridade Social
	MARFRIG GLOBAL FOODS S.A.
	
33,75
	
BNDES Participações S.A. – BNDESPAR
Fonte: B3 - Posição Acionária: JBS, BRF, MARFRIG; (2019).
De acordo com o próprio BNDES a entrada do BNDES Participações S.A. (BNDESPAR), em 2007, no capital da JBS associou-se ás novas oportunidades de internacionalização e diversificação das atividades da empresa após a abertura de capital.
O aporte financeiro realizado pelo BNDESPAR de R$ 1,1 bilhão, no ano de 2007, se deu a partir da oportunidade de aquisições de frigoríficos estrangeiros por parte da empresa brasileira, o que elevou o seu patamar para a de maior empresa de carnes do mundo, com um faturamento de R$ 55 bilhões e um abate de 90,4 mil cabeças de gado por dia, 8% da produção mundial em 2010. Posteriormente a empresa diversificou sua produção proteica, como a produção de carne suína, aves e coprodutos como couro e laticínios e processados, aproveitando a oportunidade de integração para frente (BNDES, 2014). Um processo que estava de acordo com a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), que buscava posicionar o Brasil na liderança desse setor; internacionalizando, diversificando e agregando valor. 
Outro aspecto institucional relevante dentro da cadeia produtiva é o SIF (Sistema de Inspeção Federal). É a inspeção que habilita as plantas das empresas para exportação. Todas as grandes exportadoras estão sob a fiscalização desse sistema. Já os frigoríficos menores, que estão sob o Sistema de Inspeção Estadual (SIE) e Sistema de Inspeção Municipal (SIM), tem sua produção voltada para o comércio interno. 
4.6 Fatores externos 
A agroindústria da carne bovina está diretamente relacionada ao setor externo, pelo fato de produzir commodities e ter sua comercialização externa em grandes volumes. Dessa forma, os preços praticados no mercado interno seguem, em maior ou menor grau, os preços internacionais, que podem variar de acordo com os custos de fretes e de impostos. 
Por estar sob influência do mercado externo, a agroindústria da carne bovina tem seu crescimento diretamente atrelado ao crescimento econômico mundial, ou ao menos, ao crescimento econômico dos países que mais demandam o produto. De tal modo que um aquecimento da economia mundial interfere diretamente no aumento da demanda pela carne bovina e sucessivamente a elevação do preço da commodities. 
No ano de 2003, os três maiores importadores da carne bovina brasileira eram, respectivamente, o Chile com um volume de 95.404 toneladas no valor de US$ 158 milhões de dólares, seguido por Holanda com 37.780 toneladas no valor US$ 144 milhões de dólares e Rússia com 83.636 toneladas no valor de US$ 100 milhões de dólares (ABIEC). Em 2017, os três maiores eram, respectivamente, Hong Kong com um volume de 247 mil toneladas no valor de mais de US$ 1 bilhão de dólares; China com volume de 213.536 toneladas no valor de US$ 938 milhões de dólares e Iran com um volume de 133.035 toneladas no valor de US$ 559 milhões de dólares (ABIEC).
O consumo de carne bovina na china aumentou ao longo da primeira década do século XX de forma sistemática. No ano de 2003, o país não figurava nem entre os vinte maiores importadores da carne bovina brasileira, para exercer em 2017 o protagonismo junto com Hong Kong entre os maiores importadores de carne bovina brasileira. Segundo Buainain; Batalha (2007), esse aumento sistemático ocorre como resultado do crescimento econômico do país, que com o aumento da renda, a população tende a substituir o consumo de proteína vegetal para a de proteína animal, além de mudanças nos hábitos de consumo. 
O reflexo do crescimento econômico das outras nações é diretamente sentido pelo setor. Da mesma forma fatores sanitários impactam de forma significativa na comercialização. Surtos de doenças como o mal da “vaca louca”, na década de 1990, na Grã-Bretanha e da febre aftosa, no ano de 2005, no Mato Grosso do Sul afetaram de forma significativa o comercio da carne bovina. Na época, 86,74% do mercado consumidor da carne bovina brasileira impôs, oficialmente, alguma restrição a proteína importada do Brasil, conforme dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2005). Porém, ainda continuaram a comprar a carne brasileira, exceto do local onde houve incidência da doença, por acreditar que a cadeia produtiva estaria estritamente ligada ao princípio da regionalização, além da manutenção da confiança nos órgãos sanitários e de saúde brasileiro em manter o foco sob controle em seus locais de origem. 
Assim, fatores externos à cadeia produtiva influenciaram de forma significativa o processo de produção da carne bovina; impactando de forma sistemática no crescimento dessa cadeia.
4.7 Entraves para um maior desenvolvimento da cadeia da carne bovina no Brasil
	A incidência de poucas propriedades produtoras de bovinos no Brasil preocupadas com a realização de cálculos de aferição e de indicadores financeiros para o melhor conhecimento do negócio, acabam por esconder os verdadeiros resultados financeiros, o que leva muitos produtores a não conhecerem suas margens de lucro. Fernandez (2017) demonstra esse fator como uma deficiência na forma de organização entre os produtores. 
	Outro fator desfavorável e que dificulta o desenvolvimento do setor é a incidência de abatedouros clandestinos que não cumprem regras relacionadas às questões sanitárias, não pagam impostos, além de não cumprir com as questões trabalhistas de seus funcionários, ocasionando a diminuição dos custos quando comparados aos grandes frigoríficos, auferindo na formação do preço final. As incidências desses fatores são desfavoráveis para conseguir a manutenção do padrão de higiene e de segurança alimentar, fator que desfavorece a comercialização com outros países, além de ameaçar o consumidor interno, suscetível ao consumo desses produtos. 
	Assim como fatores higiênicos são um empecilho no processo de desenvolvimento, a infraestrutura deficiente impede, em muitos casos, o aumento da produção, por falta de capacidade de escoamento e armazenagem. Segundo Guimarães; Pereira (2018, p. 24):
A falta de armazéns para estocar as crescentes safras agrícolas, bem como de rodovias, ferrovias e portos adequados ao escoamento dessas safras, encarece demasiadamente o custo dos fretes e inviabiliza economicamente a produção em determinadas regiões do país. 
	Apresentado de forma geral a estrutura da cadeia produtiva bovina no Brasil, suas características, potencialidades e fragilidades; o próximo capitulo dedicar-se-á examinar a cadeia produtiva bovina no estado do Maranhão, para compreender os arranjos estabelecidos ao longo da cadeia, suas potencialidades e entraves que dificultam uma melhor operacionalização a nível estadual.
5 A CADEIA PRODUTIVADA CARNE BOVINA NO MARANHÃO
O Estado do Maranhão possui o décimo terceiro rebanho bovino do Brasil, o segundo maior do Nordeste com o efetivo de 7.653.870 cabeças, segundo IBGE (2016). Com 82,3% destinado ao corte, 10,4% destinado a produção de leite e 7,3% a animais de trabalho (BNB, 2012). O sudoeste do estado é a região que possui uma maior concentração da população bovina. Açailândia, Amarante do Maranhão e Santa luzia, são os municípios que possuem os três maiores rebanhos, com 392.287, 249.982 e 212.018 mil cabeças respectivamente. 
A produção de leite apresenta apresentou um montante de 371.250 mil litros de leite no estado no ano de 2016. Os municípios que apresentaram a maior produção foram Açailândia com 47.451 mil litros, Amarante com 14.441 mil litros e Estreito com 11.113 mil litros, representando 1% da produção nacional, demonstrando pouca expressão no setor leiteiro nacional. Com o valor da produção estimado em R$ 434.866.000,00 (quatro centos e trinta e quatro milhões, oitocentos e sessenta e seis mil reais) em 2016 (IBGE, 2016).
No início, a bovinocultura no estado esteve mais preocupada com a expansão territorial do que com a qualidade, sua expansão era diretamente ligada ao processo de expansão territorial devido às características geográficas favoráveis, tais como: solo agriculturável, clima favorável com chuvas regulares, além de haver ao longo do território rios perenes, o que ocasionou uma nova fronteira agrícola. 
A produção bovina no Maranhão vem desde a época colonial, mas só a partir da década de 1970, na segunda metade do século XX, com a ampliação da estrutura econômica no Maranhão, que a produção começou a se consolidar. Com apoio do governo e políticas de incentivo da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), a produção começou a ser desenvolvida com uma maior organização, apesar de ainda demonstrar características da agricultura e pecuária tradicional e extensiva. 
A raça predominante para corte é a Nelore, um padrão racial presente nas principais regiões produtoras do país. Na produção do leite, há a predominância de gados da raça Girolândia, responsável por 80% da produção nacional, conforme dados da Agencia Estadual de Defesa Agropecuária do Maranhão (AGED). 
A região tocantina é a localidade onde concentra a maior bacia de gados leiteiros, responsável pela produção de mais de 100 mil litros de leite, o que representou 28% da produção maranhense no ano de 2016, conforme dados do (IBGE, 2016).
A figura 3 apresenta o mapa da distribuição do rebanho bovino total no Estado do Maranhão, por município no ano de 2008, segundo informações do (BNB, 2012).
Figura 3 - Mapa da Distribuição do Rebanho Bovino Total no Estado do Maranhão, por Município em 2008.
Fonte: BNB, 2012.
Os gados da raça Nelore se encontram nas propriedades mais estruturadas, com alimentação de pasto a campo com suplementação alimentar. Há regulamente vacinação contra a febre aftosa com 97% do rebanho imunizado (AGED, 2019). É rara a utilização por parte dos produtores do método de confinamento e semiconfinamento de novilhos com a adoção de suplementação proteica. O confinamento, no estado, apresenta maiores custos de produção em comparação a outras regiões do país devido aos preços dos concentrados proteicos serem mais caros no que em outras regiões do país. Apesar de haver produção de torta de soja e milho em grão no estado, o que viabiliza a produção em confinamento, não se demonstra como um processo vantajosos visto que os frigoríficos não recompensariam o preço da arroba da carcaça. 
Quanto ao preço elevado dos proteicos levantados pelos entrevistados, cabe realizar algumas considerações. O cerrado maranhense é produtor de algodão, milho e soja, parte expressiva da produção processada no Maranhão, resultando proteicos para alimentação do rebanho. Paralelamente, apurou-se na pesquisa que o Maranhão destaca-se como um dos principais supridores de torta de soja e milho em grão para os estados nordestinos, viabilizando as engordas confinadas de bovino. Possivelmente, o principal motivo do número inexpressivo de engorda confinada de bovino no estado seja a inexistência de bonificações estabelecidas pelos frigoríficos para o preço da arroba da carcaça (BNB, 2012, p. 185).
A cadeia produtiva no Maranhão segue a mesma esquematização que a cadeia a nível nacional. Seus subsistemas de produção são interligados e seguem os mesmos processos. Porém, aparece um novo elo intermediário não identificado na cadeia a nível nacional, que é a figura do marchante e do corretor, que negocia o boi ainda vivo com o criador e utiliza-se dos frigoríficos como prestador de serviço, ou em alguns casos utiliza-se de matadouros municipais para o abate. Nesse caso, as vísceras, a carcaça, o couro e os miúdos ficam com o próprio marchante, que negocia com o açougueiro, o feirante, o pequeno comercio e com os consumidores finais. 
A figura 4, abaixo, demonstra os canais de comercialização da carne bovina no Estado do Maranhão com os linkagens efetuados entre os diversos mercados, conforme dados do BNB (2012).
Figura 4 – Canais de Comercialização de Carne Bovina no Estado do Maranhão.
Fonte: BNB, 2012.
 
5.1 Linha de produção 
Os cinco frigoríficos maranhenses que possuem S.I.F utilizam tecnologia moderna no abate bovino. A linha de produção compõe-se de carnes bovinas em carcaça e em cortes, além de subprodutos como a carne semielaborada, o couro, sebo, vísceras e farinha (sangue, osso e carne). Os estabelecimentos apresentam estratégias sem maiores diversidades devido ao aspecto de perecibilidade da carne. A qualidade do produto é considerada boa e do mesmo nível praticado nacionalmente. A capacidade gira em torno de 2.150 bovinos/dia sob inspeção federal e 910 sob inspeção estadual, utilizando-se 75% da capacidade total. Os frigoríficos têm uma capacidade média instalada de 150 bovinos por hora. Essa capacidade ociosa se dá pela relação de preços e custos de produção. A ampliação da produção está limitada pela oferta de matéria prima na qual é de acirrada disputa (BNB, 2012). 
Quadro 5 − Matadouros Privados de Bovinos com Serviço de Inspeção Federal
(SIF) no Maranhão – 2018.
	NOME
	MUNICÍPIO
	LINHA DE PRODUÇÃO
	Frigorífico de Timon S/A
	Timon
	Abatedouro Frigorífico
	Comcarne Comercial de Carne LTDA
	Igarapé do Meio
	Abatedouro Frigorífico
	Rio Grande Comércio de Carnes LTDA
	Imperatriz
	Abatedouro Frigorífico
	Upper Dog Comercial LTDA - ME
	Governador Edison Lobão
	Fábrica de Produtos não Comestíveis
	Curtidora Ribeiraozinho LTDA
	Governador Edison Lobão
	Fábrica de Produtos não Comestíveis
Fonte: MAPA, 2018.
O abate é realizado durante todo o ano, havendo piques de produção nos meses de maio a agosto em decorrência de uma maior quantidade de bovinos gordos. Há também um aumento nos meses de outubro e dezembro devido às festas de fim de ano e ao décimo terceiro salário, o que ocasiona em uma maior demanda pela carne bovina.
A condenação da carne acontece em um nível baixo, menos de 0,5%, com raros casos de brucelose, cisticercose, tuberculose, cirrose ou ferimentos/lesões no transporte. (BNB, 2012). O processo de controle de qualidade começa na aquisição e no transporte durante embarque e desembarque dos bovinos nos frigoríficos, prologando-se ao longo das etapas do abate. Durante todo o procedimento, os animais são submetidos as exigências da S.I.F., além de haver estrutura de armazenamento em câmeras frigoríficas.
5.2 Comercialização
O processo de comercialização se dá com a venda direta do criador ao frigorífico, ou por meio de intermediação de corretores e comerciantes. O frigorífico, por sua vez, negocia com distribuidores ou com o comércio varejista, que levam ao consumidor final.
Há, também, como figura intermediária a esse processo, o marchante[footnoteRef:2], que compra diretamente do criador para abate em frigoríficos privados ou em matadouros públicos municipais. As carcaças, o couro, os miúdos e as víscerassão comercializadas entre os pequenos comerciantes, feirantes e açougueiros. [2: Agentes bastante comuns nos pequenos municípios.] 
No ano de 2009, o consumo maranhense foi dimensionado em 191 mil toneladas; o que colocou a relação entre o abate e o consumo local próximo ao equilíbrio, ou seja, aquilo que se produz dentro do estado em relação ao que se consome. Porém, distribuidores locais, redes de supermercados e açougues, fazem grandes aquisições de frigoríficos instalados no Estado do Pará, levando a um superávit da produção interna, sendo destinada a outros estados do Nordeste. 
O principal mercado da produção frigorífica maranhense são os estados do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte. A limitação sanitária configura-se num entrave que se repercute nos aspectos de infraestrutura dos abatedouros municipais e baixa incidência de frigoríficos com S.I.E. e S.I.F, conforme exigência do MAPA.
Por outro lado, o controle e erradicação da febre aftosa, apresentou um avanço no elo à montante da cadeia de produção em estudo, conforme esclarece a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Pesca (SAGRIMA, 2018):
Em 2014, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) reconheceu o Maranhão como área livre de Febre Aftosa com Vacinação. Em 2017, foram imunizados mais de 98% de todo o rebanho bovino e bubalino do Maranhão contra febre aftosa. Com a porcentagem alcançada, que representa a vacinação de 7.530.569 animais em 90.709 propriedades, o Maranhão também conseguiu, pelo terceiro ano consecutivo, manter os resultados acima de 98% de cobertura. Antes de 2015, a cobertura máxima alcançada havia sido de 97%, em 2011.
O couro é destinado a curtumes no Tocantins e no Maranhão, o sebo e a fabricação de sabão no próprio Estado e a farinha de sangue e osso são destinadas a fabricação de ração também no próprio estado do Maranhão.
A determinação do preço é reflexo do conjunto de critérios que os frigoríficos adotam, como: o custo da criação do boi, o valor do frete, impostos, preço do couro e uma margem mínima de lucro. 
A concorrência para o abate bovino se dá através de abatedouros clandestinos instalados por todo o estado. Já a concorrência em relação a carne se dá pelos frigoríficos instalados no Tocantins e Pará, além da importação da carne argentina, que ocupa importante espaço no mercado consumidor. 
5.3 Aspectos ambientais
Os matadouros com S.I.F e S.I.E seguem rigorosamente os cuidados ambientais. A água usada e os resíduos líquidos são submetidos a tratamento químico e colocados em lagoas de decantação. Há casos de que a água é tratada de forma aeróbia e anaeróbica; e depois de represada é lançada ao rio com 95% de pureza (BNB, 2012).
Os subprodutos são reutilizados na fabricação de sabão, fabricação de ração e nos curtumes. O sangue é transformado em farinha de sangue, que serve para a alimentação bovina, enquanto ossos e carnes inadequadas para o consumo humano são processadas em farinha de osso e farinha de carne, utilizada na fabricação da ração. 
5.4 Aspectos institucionais e organizacionais 
O Estado do Maranhão é regido por normas e leis que regem e regulamentam o setor bovino no país. Há a Superintendência Federal de Agricultura, órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Sua ação é direcionada na inspeção animal, de matadouros e frigoríficos de maior porte, onde as carcaças e os cortes são destinadas aos mercados locais e a outros estados. Além de fiscalizar a entrada de carne bovina procedente de outro estado.
Há também a Agência de Desenvolvimento Agropecuário do Maranhão (AGED), autarquia vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Pesca (SAGRIMA). Sua missão é a defesa sanitária animal e vegetal, assegurando uma oferta de produtos de qualidade, contribuindo para a melhora da saúde pública, do meio ambiente, da qualidade de vida da população maranhense.
Dentre os programas que a AGED desenvolve estão a erradicação e prevenção da febre aftosa; controle da raiva dos herbívoros e outras encefalopatias; inspeção de produtos de origem animal; controle e erradicação da brucelose e da tuberculose e a educação sanitária em defesa da agropecuária. 
Na atuação da defesa animal destaca-se várias ações como: cadastramento, mapeamento e monitoramento de propriedades rurais; coordenação e credenciamento de profissionais de sanidade animal; fiscalização do trânsito animal intraestadual e interestadual; fiscalização de insumos e serviços agropecuárias; manutenção dos informes zoos sanitários, registro de estabelecimento de produtos de origem animal; registro de rótulos de produtos de origem animal; fiscalização e inspeção de locais de venda de produtos de origem animal; coordenação, supervisão e execução das atividades operacionais relativas à inspeção e qualidade de produtos de origem animal e combate aos estabelecimentos clandestinos de carne. A aplicação dos programas e desenvolvimento das ações é fundamental na tentativa de reverter o quadro desfavorável de funcionamento da maioria dos matadouros maranhenses. 
O segmento de carne bovina no estado ocorre de forma desorganizada. Existe no Estado, uma Organização de Criadores, porém, com pouca atuação e engajamento. A Associação dos Criadores do Estado do Maranhão congrega criadores do estado, entretanto, grande parte dos criadores não estão associados, levando-os a atuarem de forma isolada.
Há também o sindicado patronal, o SINRURAL, que tem como atividades a representação política, consultoria jurídica, fomento e modernização da agropecuária, leilões e exposições, apoio a pesquisa e curso de capacitação de recursos humanos. 
Os principais agentes financeiros atuantes no setor da carne bovina são: Banco do Brasil, Banco do Nordeste, BNDES, Banco da Amazônia e Bradesco. Sendo observado uma necessidade de créditos para investimentos e capital de giro. Além do empecilho causado pela burocracia na obtenção do crédito. A assistência técnica está restrita à fase de elaboração de projetos para obtenção do crédito. As ações de assistência técnica e extensão rural no âmbito federal e estadual restringem-se ao pequeno produtor da agricultura familiar (BNB, 2012).
A logística de transporte ainda carece de entrepostos de frios[footnoteRef:3], principalmente no porto do Itaqui, onde, se houvesse, seria fundamental para o desenvolvimento do processo de exportação. [3: Entende-se por logística de frios, segundo Pereira, D. (2011, p. 18), como algo: “fundamental e muito necessário, para garantir a contínua segurança dos alimentos, que a cadeia de frio não seja quebrada, ou que seja o mínimo possível, e por isso da mesma maneira que se deve ter em atenção às temperaturas de armazenamento. Também é importante ter em atenção e aplicar temperaturas adequadas durante o transporte dos alimentos, quer seja transporte terrestre, em que os carros devem estar devidamente equipados com sistema de frio, bem como transporte através de contentores, quando é necessário transporte marítimo, e aéreo”.] 
	A primeira operação de embarque de bois em pé, pelo Porto do Itaqui, ocorreu no dia 22 de novembro de 2015, com uma carga de cinco mil bois vivos, destinada à Venezuela. Esse, no entanto, só se tornou possível em virtude à atuação da Agência Estadual de Defesa Agropecuária (AGED) que conseguiu o reconhecido internacional pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) em maio de 2014. Em 2016, ocorreu o primeiro embarque de gado vivo genuinamente maranhense, com 1.269 animais destinado ao Líbano. 
5.5 As vantagens comparativas e competitivas e os pontos fracos da produção no Estado 
Dentre as vantagens comparativas e competitivas que o Maranhão apresenta, destaca-se a localização estratégica com o mercado consumidor da Europa, América do Norte e Caribe, proporcionando uma redução dos custos de transporte marítimo. O Porto do Itaqui possui uma sólida infraestrutura, mas que ainda necessita de investimento na infraestrutura para frios. Entre outros fatores, destaca-se a grande disponibilidade de terras férteis e clima propício.

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