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NÚCLEO DE PÓS- GRADUAÇÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO Coordenação Pedagógica – IBRA DISCIPLINA CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO – ANÁLISE GERAL SUMÁRIO CADEIAS PRODUTIVAS ................................................................................... 3 CARACTERÍSTICAS DAS CADEIAS DE PRODUÇÃO .................................. 4 APLICABILIDADE DO CONCEITO DE CADEIA PRODUTIVA ....................... 6 FORMATAÇÃO DE CADEIAS PRODUTIVAS ................................................ 6 ESTUDO DE CADEIAS PRODUTIVAS E SISTEMAS LOGÍSTICOS ........... 10 OPERACIONALIZAÇÃO DO ESTUDO DE CADEIAS PRODUTIVAS E SISTEMAS LOGÍSTICOS ................................................................................ 11 INSERÇÃO DE EMPREENDIMENTOS ........................................................ 13 AGRONEGÓCIO .............................................................................................. 14 CADEIAS DE SUPRIMENTOS E REDES DE EMPRESAS .......................... 15 ALGUNS EXEMPLOS DE CADEIAS PRODUTIVAS ....................................... 17 CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ .................................................................. 17 CADEIA PRODUTIVA DO LEITE.................................................................. 19 CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE ...................................... 21 CADEIA PRODUTIVA DA AVICULTURA DE CORTE .................................. 23 CADEIA PRODUTIVA DA CANA DE AÇÚCAR ............................................ 26 CADEIA PRODUTIVA DO MILHO ................................................................ 31 COOPERATIVAS ............................................................................................. 33 AS COOPERATIVAS NO SISTEMA AGROINDUSTRIAL ............................ 35 CONCLUSÃO ................................................................................................... 38 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 39 CADEIAS PRODUTIVAS Cadeia Produtiva, ou o mesmo que supply chain, pode ser definida como um conjunto de elementos (“empresas” ou “sistemas”) que interagem em um processo produtivo para oferta de produtos ou serviços ao mercado consumidor. Em razão da globalização, evolução dos mercados consumidores, e avanços tecnológicos de processos produtivos e dos ferramentais de gerenciamento; o conceito de cadeia produtiva tem aprimorado. Especificamente, para matérias primas agroalimentares e derivados, cadeia produtiva pode ser visualizada como a ligação e inter-relação de vários elementos segundo uma lógica para ofertar ao mercado commodities agrícolas in natura ou processadas. Commodities são ativos negociados sob forma de mercadorias em bolsa de valores, como por exemplo: café, soja, açúcar e boi. Neste contexto, conforme a metodologia proposta pela EMBRAPA às cadeias produtivas do agronegócio são caracterizadas por possuírem cinco segmentos que envolvem os seguintes atores: a) Fornecedores de Insumos: referem às empresas que têm por finalidade ofertar produtos tais como: sementes, calcário, adubos, herbicidas, fungicidas, máquinas, implementos agrícolas e tecnologias. b) Agricultores: são os agentes cuja função é proceder ao uso da terra para produção de commodities tipo: madeira, cereais e oleaginosas. Estas produções são realizadas em sistemas produtivos tipo fazendas, sítios ou granjas. c) Processadores: são agroindustriais que podem pré-beneficiar, beneficiar, ou transformar os produtos in-natura. Exemplos: (a) pré- beneficiamento - são as plantas encarregadas da limpeza, secagem e armazém de grãos; (b) beneficiamento - são as plantas que padronizam e empacotam produtos como: arroz, amendoim, feijão e milho de pipoca; (c) transformação - são plantas que processam uma determinada matéria prima e a transforma em produto acabado, tipo: óleo de soja, cereal matinal, polvilho, farinhas, álcool e açúcar. d) Comerciantes: Os atacadistas são os grandes distribuidores que possuem por função abastecer redes de supermercados, postos de vendas e mercados no exterior. Enquanto os varejistas constituem os pontos cuja função é comercializar os produtos junto aos consumidores finais. e) Mercado consumidor: é o ponto final da comercialização constituído por grupos de consumidores. Este mercado pode ser doméstico, se localizado no país, ou externo quando em outras nações. Figura 1: Representação esquemática de uma cadeia produtiva de produto de origem vegetal, segundo metodologia da EMBRAPA. Fonte: https://betaeq.com.br Conforme a figura, os atores do sistema cadeia produtiva estão sujeitos a influências de dois ambientes: institucional e organizacional. O ambiente institucional refere aos conjuntos de leis ambientais, trabalhistas, tributárias e comerciais, bem como, as normas e padrões de comercialização. Portanto, são instrumentos que regulam as transações comerciais e trabalhistas. O ambiente organizacional é estruturado por entidades na área de influência da cadeia produtiva, tais como: agências de fiscalização ambiental, agências de créditos, universidades, centros de pesquisa e agências credenciadoras. As agências credenciadoras podem ser órgãos públicos como às secretarias estaduais de agricultura ou empresas privadas. Essas em alguns casos possuem a função de certificar se um determinado seguimento da cadeia atende quesitos para comercialização e/ou exportação. Isso ocorre, por exemplo, na certificação de: (i) produtos com Identidade Preservada – IP; e (ii) segmentos da cadeia produtiva quanto aos atendimentos de padrões de qualidade internacionais, tais como as séries ISO 9000. CARACTERÍSTICAS DAS CADEIAS DE PRODUÇÃO As cadeias produtivas apresentam algumas características comuns, relacionadas ao seu funcionamento. As principais são: - Visão Sistêmica: a análise estrutural e funcional do processo produtivo afasta-se da análise setorial, centrando-se na visão sistêmica, o que ocorre devido às inter-relações existentes entre os elos. Os processos não ocorrem isoladamente, mas sim de forma interativa; - Elevação do processo de divisão do trabalho: cada elo é responsável por uma parte do processo produtivo, o que reflete na intensificação da divisão do trabalho, que, por sua vez, proporciona uma melhor identificação das diversas atividades da cadeia; - Interdependência dos elos: assim como os processos, os agentes econômicos da cadeia também são interdependentes, agindo de forma interativa dentro do sistema; - Padrões de comportamento: à medida que o processo de interdependência se intensifica, padrões de comportamento podem ser observados entre os agentes da cadeia; - Dinâmica Empresarial: o desenvolvimento das atividades, em termos de cadeias, tem exigido do produtor rural maior eficiência, produtividade e qualidade, levando-o a absorver as novas tecnologias e a desenvolver competências essenciais para sua inserção à Globalização Econômica; - Equidade: algumas características anteriormente citadas (principalmente a visão sistêmica e a interdependência dos elos) sugerem que deve haver crescimento conjunto entre os integrantes da cadeia e, consequentemente, equidade na apropriação dos recursos, afinal, se o sistema cresce, todos os seus componentes devem crescer proporcionalmente. No entanto, apesar de sua plausibilidade teórica, na prática, esta característica nem sempre é comprovada, uma vez que os agentes econômicos interagem no mercado sob diferentes condições, sendo que os elos crescem em proporções desiguais. A dinâmica das cadeias de produção traz uma série de vantagens ao produtor, de modo que os principais objetivos do desenvolvimento do processo produtivo em cadeia são: redução de custos, ganhos em competitividade de preços, elevação do nível de qualidadedos produtos, maior rapidez na produção, diferenciação dos produtos, maior agregação de valor, desenvolvimento de procedimentos voltados à sustentabilidade e inserção das atividades agropecuárias no mercado globalizado. APLICABILIDADE DO CONCEITO DE CADEIA PRODUTIVA O entendimento do conceito de cadeia produtiva possibilita: (1) visualizar a cadeia de forma integral; (2) identificar as debilidades e potencialidades; (3) motivar o estabelecimento de cooperação técnica; (4) identificar gargalos e elementos faltantes; e (5) certificar quanto aos fatores condicionantes de competitividade em cada segmento. Sob a ótica de cada participante, elemento da cadeia, a maior vantagem da adoção do conceito está no fato de permitir entender a dinâmica da cadeia, principalmente, na compreensão dos impactos decorrentes de ações internas e externas, respectivamente. Por exemplo, no caso de ações internas pode ser citado o efeito decorrente da organização de agricultores em cooperativas. Nesta situação por meio das cooperativas os associados: (i) compram e comercializam insumos, (ii) armazenam e comercializam commodities, e (iii) beneficiam ou transformam matérias primas. Isto geralmente imprime maior grau de competitividade para o grupo de associados. Como ações externas podem ser citadas os impactos decorrentes, por exemplo, da: (i) alteração ou criação de alíquotas de impostos, (ii) imposição de barreiras alfandegárias aos produtos destinados a exportação, (iii) normatização de procedimentos de classificação, e (iv) definição de exigências por parte do mercado consumidor quanto aos padrões de qualidades física, sanitária e nutricional. FORMATAÇÃO DE CADEIAS PRODUTIVAS A constituição das cadeias produtiva não segue padrões pré- estabelecidos. Pois, cada arranjo depende de inúmeras variáveis, que normalmente estão associadas aos contextos regionais e as exigências de mercado. No caso específico das cadeias produtivas de produtos de origem vegetal são apresentados dois exemplos nas Figuras 2 e 3. Na Figura 2 é representada uma cadeia produtiva dedicada. Isto significa que fluxos de insumos, matérias primas, produtos e capitais, bem como, os repasses de tecnologia ocorrem sob regências contratuais. E estes são estabelecidos para garantir a fidelidade entre os segmentos e elementos da cadeia. Sob esse cenário são definidas estratégias para o estabelecimento de competitividade e o uso dos recursos de logística. É amplamente reconhecida, que a cooperação entre os segmentos e elementos da cadeia é a ferramenta mais eficaz para o sucesso no mercado interno e externo. Ou seja, quanto mais efetiva é a cooperação; maiores são presença de mercado e competitividade. Na Figura 3 é representada uma cadeia produtiva com integração horizontal. Neste caso os elementos de um dado segmento podem executar a mesma função em várias cadeias, como também, vários elementos podem executar a mesma função em um dado segmento. Nesse caso, há maior liberdade dos elementos quanto ao repasse de produtos. No entanto, isto faz requerer maior grau de capitalização e de capacidade gerencial dos elementos. Figura 2: Representação de uma cadeia produtiva tipo dedicada. Fonte: http://www.agais.com Figura 3: Representação de uma cadeia produtiva com integração horizontal. Fonte http://www.agais.com Logística pode ser conceituada como: a) “Logística - é o processo de planejar, implementar e controlar, eficientemente, ao custo correto, (i) o fluxo e armazenagem de matérias-primas, (ii) o estoque durante a produção e produtos acabados, e (iii) as informações relativas a estas atividades, desde o ponto de origem até o ponto de consumo. Isto visando atender aos requisitos do cliente”. (Council of Logistics Management) b) Logística - É o sistema de administrar qualquer tipo de negócio de forma integrada e estratégica; planejando e coordenando todas as atividades, otimizando todos os recursos disponíveis, visando o ganho global no processo no sentido operacional e financeiro. (Definição de Marcos Valle Verlangieri, diretor do Guia Log). c) Logística Empresarial - Trata-se de todas as atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável. (Definição de Ronald H. Ballou em seu livro "Logística Empresarial") Portanto, ao sumarizar estes conceitos, tem-se que: Logística é um conjunto de métodos de controle contábil, tributário, financeiro e operacional dos fluxos de matérias primas e produtos acabados deste os pontos de fornecimento até os pontos consumidores, envolvendo fatores, tais como: estruturas de armazenagem; plantas de pré-beneficiamento, beneficiamento, ou de transformação, estações de transbordos, modais de transporte e meios de comunicação. Ao ser analisado os conceitos de logística e cadeia produtiva pode ser concluído que estes são indissociáveis. Uma vez que logística implica em promover a dinâmica entre os elementos de uma cadeia produtiva de tal forma estabelecer tráfegos de informações, recurso financeiro, matérias prima e produtos acabados. O estabelecimento da logística no que refere ao tráfego de informação implica no uso de meios de comunicação como a escrita, correios, telefonia, internet, rádio e televisão. Assim são estabelecidas formas de comunicação que podem abordar situações, tais como: (i) a divulgação de normas, (ii) a emissão de pedidos de compra, (ii) a reclamações do mercado consumidor quanto ao não atendimento de padrões, e (iii) a realização de campanhas publicitárias com o objetivo de aumentar as vendas. O tráfego de recursos financeiros em um sistema de logística refere-se a fatores, tais como: a lógica do fluxo de ordens de pagamento, o pagamentos de tributos, o estabelecimento de contratos futuros e as operações de câmbio. No que se refere ao tráfego de matérias primas e produtos acabados são empregados os transportes por via aérea, terrestre e aquaviária. O emprego da modalidade aérea no Brasil é aplicada ao transporte de produtos perecíveis como frutas, exemplo mamão no estado do Espírito Santo, e pescados in natura. Por via terrestre são empregados os modais rodoviários e ferroviários. O modal rodoviário é caracterizado pela (i) maior flexibilidade na escolha de rotas em razão da densidade das malhas viárias existentes; (ii) a flexibilidade de horários devido a não existência de esquemas rígidos de controle de tráfego; (iii) a possibilidade de efetuar o transporte deste o ponto de partida ao de chegada sem necessidade de transbordo; (iv) a possibilidade de integrar a sistemas intermodal e multimodal; e (v) alto custo de manutenção dos veículos e dos eixos de transporte. O modal ferroviário caracteriza por possuir grande capacidade de carga em relação ao seu custo operacional, pois com 1 litro de óleo diesel, um caminhão pode desloca 30 t por 1 km, enquanto que um trem movimenta 125 t por 1 km. No transporte de commodites agrícolas tem sido caracterizado pelo transporte intermodal rodoferroviário, em que são utilizadas estações de transbordo em que são descarregados os caminhões e carregados os vagões. Quanto ao transporte aquaviário os modais empregados são marítimos e hidroviários. O marítimo tem sido empregado para cargas como carnes congeladas, madeira e grãos. E o hidroviário para madeira e grãos. O estabelecimento da forma de transporte apropriada para uma dada carga fundamenta-se escolha do modal, sendo necessário considerar: (i) o tamanho do lote – o que pode ser expresso em unidade de volume ou de peso; (ii) a quantidade de lotes a serem carreados por um dado eixo de transporte, oque define a densidade de transporte que é expressa em toneladas por quilometro; (iii) à distância a ser percorrida, e (iv) as características da mercadoria, tais como: valor, perecibilidade e periculosidade. ESTUDO DE CADEIAS PRODUTIVAS E SISTEMAS LOGÍSTICOS Para o estudo, análise, planejamento e gerenciamento de cadeias produtivas e sistema logístico é importante o entendimento dos seguintes conceitos: sistema e engenharia de sistemas. a) Sistema Sistema pode ser definido como um conjunto de elementos que interagem segundo uma lógica para o alcance de uma ou mais metas. Assim, por exemplo, no caso de uma fábrica, os elementos são as diversas máquinas (estações de trabalho) dispostas segundo um fluxograma lógico em que a meta é a fabricação de um ou mais tipos de produtos. Essa definição está altamente relacionada aos propósitos de estudo de sistemas e implica em: entender, analisar, projetar, modificar, preservar, e se possível controlar a performance. Para atingir estes objetivos é necessário no estudo de sistema: (i) selecionar o conjunto de elementos de acordo com os objetivos do estudo, (ii) estabelecer a inter-relação dos elementos, (c) definir a fronteira do sistema, e (iv) selecionar a variáveis de interesse. Se assim for feito, todos fatos de interesse serão englobados no estudo. Considerando os aspectos abordados, o complexo logística e cadeia produtiva constitui um sistema. Deste modo, para a condução de estudos deste complexo devem ser utilizados os mesmos ferramentais empregados no estudo de sistemas. b) Engenharia de Sistemas O termo Engenharia de Sistemas pode ser definido como a arte de planejar, implementar, operacionalizar e gerenciar sistemas produtivos de forma otimizada considerando fatores de ordem operacional, econômica e ambiental. Para tanto, devido à complexidade dos sistemas reais devem ser empregados ferramentais de Pesquisa Operacional - PO. Pesquisa Operacional – PO (Researches Operations - RO) pode ser definida como o ramo da matemática que disponibiliza ao homem, o tomador de decisão, uma coletânea de ferramentas que possibilitam a modelagem de sistemas reais. As ferramentas podem ser técnicas de controle de processo (estatística aplicada), programação linear, teoria de jogos, redes neurais e simulação de processos. No caso específico da simulação, a sua adoção tem trazido benefícios, tais como: (a) previsão de resultados na execução de uma determinada ação, (b) redução de riscos na tomada decisão, (c) identificação de problemas antes mesmo de suas ocorrências, (d) eliminação de procedimentos em arranjos industriais que não agregam valor, (e) redução de custos com o emprego de recursos (mão-de-obra, energia, água e estrutura física), (f) revelação da integridade e viabilidade de um determinado empreendimento em termos técnicos e econômicos, e (g) condução de experimentos tipos: análise de sensibilidade, comparação de cenários, otimização e simulação de Monte Carlo. Para o uso da técnica de simulação é necessária a implementação de modelos. Estes tratam da descrição da lógica do funcionamento de sistemas reais. Para a implementação dos modelos em computadores são utilizadas: (a) linguagens de programação, como: FORTRAN, Visual Basic, C e PASCAL, ou (b) linguagens de simulação, como: SLAM, GPSS, GASP, POWERSIM, ARENA e EXTEND. OPERACIONALIZAÇÃO DO ESTUDO DE CADEIAS PRODUTIVAS E SISTEMAS LOGÍSTICOS Para o estudo e análise de cadeias produtivas e sistemas logísticos devem ser implementadas as seguintes ações: (1) identificar os elementos e tipificar suas funções - o que implica em destacar qual é o produto final de cada segmento; (2) compor a lógica de ligação e inter-relação de cada elemento considerando os passos anteriores e subsequentes; (3) compreender os fluxos produtos ao longo da cadeia; (4) compor as matrizes de custo; (5) identificar para cada ponto às parecerias e as concorrências; (6) delimitar os limites do sistema; (7) especificar recursos em termos humanos, insumos, tecnologias e capital; e (6) identificar os gargalos do sistema. Neste cenário, por exemplo, podem ser estabelecidas metas, tais como: a) Promover o aprimoramento dos métodos de produção e comercialização. Isto requer adoção de novas tecnologias e técnicas de gerenciamento. b) Identificar e desenvolver novos serviços e funções para uma dada commodity. Isto pode configurar, por exemplo, na: (i) organização e treinamento dos fornecedores para o atendimento dos padrões de comercialização; (ii) introdução de inovações tecnológicas, (iii) promoção de exportação, e (iv) reorientações de pesquisas e práticas extensionistas. c) Promover inovações nas atividades agrícolas. Produtos de alto valor comercial requerem a constante inovação tecnológica. Isto é uma consequência natural devido às exigências do mercado, o que ocorre devido a forte concorrência entre os fornecedores. d) Gerenciar os métodos de controle de qualidade. Programas de alimentos seguros utilizam o conceito de cadeia produtiva para verificar os fatores que impactam negativamente a qualidade física, sanitária e nutricional, ao longo da cadeia. Neste caso, pode ser aplicada a técnica APPCC - Análise de Perigos em Pontos Críticos de Controle (HACCP –Hazard Analysis and Critical Control Point). Esta tem por objetivo identificar e controlar sistematicamente os perigos que podem afetar a saúde do consumidor. Isto pode ser realizado por meio: (a) do uso do manual BPF - Boas Práticas de Fabricação, que descreve normas de higiene pessoal, limpeza e sanitização de instalações agroindustriais; (b) da adoção do MIP - Manejo Integrado de Pragas; e (c) da observância de normas de segurança no trabalho. INSERÇÃO DE EMPREENDIMENTOS Tendo em vista o supra descrito são apresentados a seguir aspectos que devem ser observados quando da avaliação da inserção de um empreendimento em uma dada cadeia produtiva: • Ter conhecimento da tecnologia a ser empregada para imprimir a qualidade física, nutricional e sanitária ao produto a ser ofertado. • Ater as tendências de mercado. Por exemplo, na atualidade está em voga questões como a comercialização de produtos transgênicos ou orgânicos, como também, a definição de parâmetros para o credenciamento de identidade preservada – IP. • Avaliar os graus de cooperação e integração entre os elementos da cadeia, principalmente no ponto de inserção. • Identificar os fornecedores de insumos, tais como: defensivos, maquinários, lenha, energia elétrica e gás. • Ater as exigências estabelecidas pelo ambiente institucional: leis ambientais, trabalhistas, tributárias e comerciais; e normas e padrões de comercialização. • Identificar as entidades participantes do ambiente organizacional: agências ambientais, instituições de crédito e seus programas de financiamento, agências credenciadoras (secretarias da agricultura e outras) e centros de pesquisa. • Proceder aos estudos de viabilidade operacional. Para tanto: (i) considerar os recursos de logística disponíveis - sistema comunicação, rodovias, ferrovias e redes de armazenagem; e (ii) empregar ferramentas de pesquisa operacional, tais como: programação linear e simulação. • Conduzir estudos de viabilidade econômica. Assim devem ser procedidas análises de riscos e incertezas, como também, a determinação dos seguintes parâmetros econômicos: VPL – valor presente líquido, TIR – taxa interna de retorno, relação custo benefício, e pay-back – tempo de retorno do capital. AGRONEGÓCIO Fonte: https://www.simnoticias.com.br No Brasil, cerca de 33% do PIB está, de algum modo, ligado às atividades do agronegócio, com ações de fabricação de insumos, produção de produtos agrosilvopastoris, ou processamento industrial dos produtos. Segundo estimativas de produção do CEPEA (Centro de Estudos Avançadosem Economia Aplicada), o Brasil se apresenta como um dos mais importantes produtores e exportadores do agronegócio mundial (CEPEA). Além dos dados, que por si só mostram a importância do setor, vale destacar o papel que o setor desempenha como pilar de sustentação da economia brasileira há mais de uma década. Em primeiro lugar pode-se citar o papel de âncora verde, desempenhado pelo setor quando da introdução do Real (moeda) na economia brasileira, pois com o Real valorizado, a inflação ficou controlada, geralmente em razão dos baixos preços praticados com os produtos primários. Num segundo momento, a agricultura sustentou o crescimento econômico, com excepcionais ganhos de produtividade que criaram emprego e renda na economia brasileira, amenizando os efeitos da crise econômica verificada em outros setores. Segundo dados do CEPEA, apesar do PIB brasileiro, de modo geral, mostrar um tendência à estagnação, devido à crise econômica, tal queda só não foi mais acentuada devido ao desempenho do agronegócio. Vale destacar que a agricultura e a pecuária brasileira foram de fundamental importância para o crescimento das exportações e a entrada de dólares na economia, contribuindo para a blindagem da mesma em relação às pressões especulativas externas. Assim, independente do grande volume de mão-de-obra ligada ao campo, o agronegócio brasileiro é uma área estratégica para qualquer política de desenvolvimento, e como tal deve ser tratado pelos órgãos oficiais. No Brasil, o Paraná é um dos estados que contribuem para a sustentação do agronegócio, pois é um dos principais produtores nacionais de vários produtos para mercados de exportação e consumo interno. Com uma economia fundamentada no agronegócio, o Estado está entre os três maiores produtores brasileiros de grãos e carnes. Dentro do estado, a região Noroeste destaca-se pela capacidade e variedade de setores do agronegócio. São inúmeras as atividades desenvolvidas na região, como a produção de soja, milho, mandioca, cana-de-açúcar, bovinocultura de corte e leite, entre outras. Além disso, o noroeste do Paraná conta ainda com várias empresas ligadas ao setor agropecuário, entre elas, usinas de açúcar e álcool, frigoríficos, receptoras e esmagadoras de grãos. Vale ressaltar ainda as diversas cooperativas agropecuárias sediadas ou atuantes na região. CADEIAS DE SUPRIMENTOS E REDES DE EMPRESAS Acompanhando a evolução social e cultural ocorrida durante os dois últimos séculos, as empresas mudaram de forma significativa, e por mais de uma vez, sua visão de mercado e, consequentemente, a forma de atuar nesse mercado. Esse movimento foi fundamental para as empresas na passagem do século XX para o século XXI, pois levou a uma nova realidade que marcou o atual modelo de concorrência. Ou seja, o modelo da virada do século inclui um novo elemento de competição até então pouco explorado, a figura da cadeia de suprimentos. Para aumentar a competitividade, as empresas passaram a trabalhar de forma coordenada com seus fornecedores e distribuidores, pois não lhes bastava a eficiência interna. Tal fato deu pela percepção de que muitas das falhas observadas se davam pela ineficiência de seus parceiros comerciais. Para eliminar tais situações, as empresas passaram a trabalhar de forma integrada com seus fornecedores e clientes, identificando as necessidades e expectativas destes e as carências e fragilidades daqueles. Esse estreitamento entre atores do processo produtivo permitiu a introdução do conceito de cadeia de suprimentos. A cadeia de suprimentos pode ser definida como a sequência integrada de produtores de matérias-primas, processadores de produtos intermediários, até a entrega do produto final ao consumidor. Esse processo de criação de parcerias entre empresas, ocorrido principalmente após a metade da década de 90 do século XX, pela gestão conjunta de processos via gerenciamento da cadeia de suprimentos. ALGUNS EXEMPLOS DE CADEIAS PRODUTIVAS CADEIA PRODUTIVA DO CAFÉ Fonte: http://romiporafm.com.br/site/producao-de-cafe-deve-ser-a-maior-da-historia-com-quase- 60-milhoes-de-sacas/ A cadeia produtiva do café envolve três ramos principais de atividade: a produção do grão de café (arábica ou robusta), o café torrado e moído e os cafés solúveis. Os cafés podem ser divididos em dois segmentos principais, os cafés commodity e os cafés especiais (Gourmet, Estate Coffee, Orgânico e Fair Trade) De maneira mais precisa, a cadeia produtiva do café pode ser dividida em: 1) Fornecedores de insumos para a produção agrícola; 2) Produtores rurais; 3) Cooperativas; 4) Corretores; 5) Indústria de Torragem e Moagem; 6) Indústria de solúvel; 7) Exportadores de café verde; 8) Atacado interno e Atacado externo; 9) Consumidor interno; 10) Indústria externa; e 11) Consumidor externo. A cadeia produtiva do café é pouco ramificada e compreendê-la é uma tarefa relativamente simples. Ela é dividida em três ramos principais: produção de grãos, indústrias de torrefação e moagem e, por fim, o elo das indústrias produtoras de café solúvel. O café verde, uma vez produzido, poderá seguir diversas trajetórias, podendo ser exportado em grão diretamente pelo produtor ou por intermédio de cooperativas e corretores. Se não for exportado, o grão poderá passar por beneficiamento, sendo utilizado por indústrias de torrefação e moagem ou pelas indústrias de café solúvel. Em sendo utilizado pelas torrefadoras, o processo é simples. O café é torrado, moído e posteriormente vendido ao consumidor final no mercado interno ou externo. Por outro lado, a indústria de solúveis produz cafés em pó e grânulos e tem sua produção voltada ao mercado externo. Este setor, diferentemente do elo da torrefação e moagem, é caracterizado por um pequeno número de empresas, mas de grande porte, em uma estrutura oligopolizada. Funcafé O setor cafeeiro conta com o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira - Funcafé, criado pelo Decreto-Lei nº 2.295/86 e estruturado pelo Decreto nº 94.874/87, que se destina ao desenvolvimento de pesquisas, ao incentivo à produtividade e produção, à qualificação da mão de obra, à publicidade e promoção dos cafés brasileiros, apoiando a competitividade ao negócio café, com linhas de crédito para financiamentos do custeio, estocagem, e aquisição de café, e capital de giro para cooperativas, indústrias de torrefação solúvel e exportadores. A organização do setor está estruturada no Conselho Deliberativo da Política do Café - CDPC, instância colegiada e deliberativa, presidido pelo Ministro do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - MAPA e, conta com assessoramento de quatro Comitês Diretores. As entidades privadas são representadas pelo Conselho Nacional do Café - CNC, que representa os produtores e cooperativas do setor cafeeiro, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA, representante dos produtores, a Associação Brasileira da Indústria de Café - ABIC, congregando as indústrias de torrefação e moagem, a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel - ABICS, agregando as indústrias de café solúvel e o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil - CECAFE, reunindo as empresas exportadoras de café. Para a safra 2018, as linhas de crédito para financiamento com recursos do Funcafé, são de R$ 4,9 bilhões para as finalidades de Custeio, Estocagem da produção, Aquisição de Café, Capital de Giro para Indústrias de Torrefação, de Solúvel, Cooperativas de Produção e, também para Recuperação de Cafezais Danificados. Com essas linhas de crédito o Funcafé atende, anualmente, a certa de 8.000 produtores e cooperativas. CADEIA PRODUTIVA DO LEITE Fonte: https://www.diariodaamazonia.com.br O processo de desenvolvimento da cadeia produtiva do leite no Brasil teve início com a crise de 1929, através da substituição dasimportações, e com a expansão do mercado consumidor, trazida pela acelerada urbanização. Nos anos 40, várias cooperativas e empresas experimentavam as primeiras intervenções do governo em seus preços. Nas décadas de 50 e 60, começaram a passar por um processo de transformação, com a implementação das estradas, a instalação da indústria de equipamentos, surgimento do leite B, as inovações nas embalagens (descartáveis) e a vinda das multinacionais que deram um novo impulso ao segmento industrial. Porém, foi no início da década de 90 que ocorrem grandes avanços neste processo de industrialização, uma vez que nesse período começa a ocorrer maior abertura de mercado, influenciando profundamente no desempenho da cadeia, o que por consequência torna o sistema cada vez mais competitivo, sendo que o governo passa a interferir cada vez menos neste setor, ficando a formação de preço em função das leis de mercado da oferta e da procura por este produto. O incremento na utilização de tecnologias no agronegócio também vem sendo cada vez mais importante para o seu desenvolvimento, o que tem sem dúvida alguma influenciando diretamente na competitividade da cadeia. Além da abertura de mercado ocorrida nos anos 90, outro fator que influenciou significativamente o aumento do consumo do produto foi o desenvolvimento das embalagens “tetra pak” (leite integral), que proporcionou maior período de validade para seu consumo, tendo em vista que uma das grandes dificuldades que interferem diretamente na produção do leite é sua alta perecibilidade, ao contrário de outros produtos agrícolas, como exemplo do milho e soja, os quais armazenados adequadamente in natura, podem permanecer estocados por um grande período de tempo até o seu consumo. A produção do leite no Brasil está associada principalmente a dois setores: de um lado os produtores altamente tecnificados, com rebanhos leiteiros e equipamentos especializados para a produção; de outro, os produtores não especializados, que se utilizam dos rebanhos de corte para a produção do leite, o que, em contrapartida, influencia diretamente na produção média no país. Dentre os principais representantes da cadeia produtiva do leite, podemos considerar quatro categorias: primeiramente os fornecedores, os quais fornecem insumos, máquinas e equipamentos aos produtores; em segundo estão os produtores rurais, que podem ser divididos em especializados e não especializados; em terceiro a indústria, a qual influencia significativamente na cadeia, já que tem o papel de coletar o produto junto aos produtores e ao mesmo tempo distribuí-los aos varejistas, supermercados e padarias, os quais são considerados o quarto e último elo na categoria deste sistema agroindustrial. CADEIA PRODUTIVA DA PECUÁRIA DE CORTE Fonte: https://sistemafaep.org.br/o-diagnostico-da-pecuaria-de-corte-2 De uma maneira geral, a cadeia agroindustrial de carne bovina é formada pela indústria de insumos, pecuaristas, indústrias de abate e preparação da carne, distribuidores (atacadistas e varejistas) e consumidores finais (internos e externos), além das atividades de pesquisa, atividades de apoio e sistema financeiro. A indústria de insumos é representada por três segmentos: alimentação animal, indústria de medicamentos e de genética animal. A atividade de pecuária também pode ser dividida em três segmentos: cria (produção de bezerros), recria (cria de bezerros e novilhos) e engorda (terminação dos animais para abate). Geralmente essas atividades localizam-se na mesma propriedade, mas como o uso dos fatores de produção é distinto em cada uma delas, há ganhos na localização de cada atividade em regiões em que esses fatores sejam mais abundantes. Já o segmento de abate e processamento enfrenta o efeito da excessiva influência e capacidade de pressão das grandes redes de supermercados, que gradativamente vêm aumentando seu poder de barganha no mercado de carnes. Esse fator, acrescido do aumento do consumo de outras carnes, principalmente de carne branca, tem afetado o poder de mercado e a rentabilidade do segmento de abate e processamento, que, tradicionalmente, regulava o mercado de carne bovina no país, sendo responsável pela sua organização. O segmento representado por atacadistas e varejistas é formado por entrepostos revendedores atacadistas, que comercializam a carne ao varejo (supermercados, açougues e 'boutiques'), sendo posteriormente comercializadas ao consumidor final. Este, por sua vez, é tido como o agente direcionador de tendências e mantenedor financeiro de toda a cadeia, pois dele partirá, à montante do sistema produtivo, o fluxo de recursos que o fará funcionar. É no atendimento de todos os seus desejos e necessidades que as ações dos agentes do sistema deverão estar fundamentadas. Paralelamente a esses segmentos, algumas outras atividades de apoio são fundamentais, como o sistema financeiro, políticas governamentais, indústria de embalagens, aditivos, sistemas de inspeção sanitária, transportes, sistema de pesquisa e desenvolvimento (P&D), associações de classe, políticas de comércio exterior e políticas de renda. Como principais produtos dessa atividade destacam-se a carne in natura, em cortes, o porcionado (produto destinado principalmente ao mercado externo) e os enlatados. O ambiente organizacional dessa cadeia agroindustrial é formado pelas associações, órgãos de pesquisa e desenvolvimento, sindicatos, entre outros. Apesar de não haver uma nítida representação da cadeia por alguma associação ou agente, alguns destes possuem maior destaque, seja no âmbito estadual ou nacional, como é o caso do Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC), representando os produtores de gado de corte no país, ou dos Fundos de Desenvolvimento da Pecuária, de vários estados, os quais são formados com a parceria entre o setor público e privado para o desenvolvimento da pecuária do Estado de São Paulo. O grande número de entidades de classe e associações na cadeia agroindustrial de carne bovina com diferentes interesses, e sem uma liderança clara, é um dos fatores responsáveis pela baixa coordenação entre os agentes formadores desta cadeia, tendo como consequências mais diretas a perda de competitividade de todo o sistema. CADEIA PRODUTIVA DA AVICULTURA DE CORTE Fonte: http://ruralpecuaria.com.br A cadeia avícola nacional pode ser desmembrada em três importantes áreas: produção de insumos, industrialização e comercialização/distribuição. Em relação à produção de insumos, imperam três principais atividades responsáveis pelo fornecimento de matérias à indústria: produção de nutrição, medicamentos e genética animal. A produção de insumos vegetais vem aumentando nos últimos anos, pois para a exportação de carnes, principalmente frango e derivados, a alimentação dos animais deve ser predominantemente de alimentos de origem vegetal. Na área da genética animal, o Brasil possui dependência de empresas estrangeiras em relação à importação de avós, como a Hybro norte-americana, Agroceres-Ross e CobbVantress Brasil – subsidiária da Cobb-Vantress Inc., por não possuir o desenvolvimento interno de linhagens, realizando no Brasil apenas atividades de cruzamentos e melhoramentos. No sistema de industrialização predominam empresas que realizam parte substancial do processo produtivo, ou seja, empresas que compram as matrizes, fazem a recria, produzem os ovos, mantêm o controle sobre os incubatórios, produzindo os pintinhos de um dia, integram o sistema de produção de frangos e realizam o abate e todo o processo de industrialização. O sistema de distribuição de frango e derivados consiste de unidades atacadistas e de unidades de comércio varejista. Devido à perecibilidade do produto, as unidades atacadistas são controladas pela firma proprietária do frigorífico/abatedouro, via integraçãoou concessão de franquias. Sua estrutura consiste de filiais nos principais centros consumidores, com câmaras frias, frota de veículos para distribuição local e equipe de vendedores. As unidades de comércio varejista são independentes. Geralmente, o fluxo de produtos ocorre diretamente dos abatedouros para grandes estabelecimentos de varejo, ou, no caso de exportação, diretamente para os navios com containeres fechados e inspecionados no próprio abatedouro. O principal produto da cadeia ainda é o frango inteiro, congelado ou resfriado, mas, acompanhando a tendência internacional, a participação dos cortes de frango e frango industrializado vem crescendo. Apesar de ser um produto homogêneo, sendo basicamente uma commodity, o frango inteiro ou em partes pode apresentar diferenciações conforme o mercado a que se destina. Para exemplificar pode-se citar: o mercado do Oriente Médio que adquire frangos inteiros de pequeno tamanho (em torno de 1 kg); o mercado argentino prefere frangos grandes (2,5 kg) com a carne amarelada; o mercado asiático adquire partes de frangos cortadas de modo característico etc. No Brasil, especificamente, o preço é variável fundamental de decisão de compra por parte do consumidor. Os principais produtos industrializados, que, por possuírem maior valor agregado, são utilizados pelas empresas mais modernas para atender à parcela da população com maior poder aquisitivo, são: hambúrguer, pastas, pedaços empanados, salsichas etc. Os subprodutos são as farinhas de carne, de pena e de sangue, que se destinam a integrar a própria ração das aves (nos casos em que ainda não é exigido somente alimentos de origem vegetal) ou para a alimentação de outros animais (cães, principalmente). O sistema de criação intensiva provocou uma revolução na organização da produção, permitindo pela primeira vez a consolidação de estruturas produtivas em moldes industriais, o que levou a avanços contínuos nas economias de escala. Consequentemente, houve uma queda nos preços relativos do frango, tanto em relação a outros tipos de carne como em relação aos índices gerais de preços. Sobre a organização das atividades de criação de matrizes e de frangos, esta é condicionada por determinantes naturais de ordem sanitária e de crescimento das aves, como o risco de ataque de doenças, que eleva a mortalidade, e a ação de microorganismos não específicos, que reduz a taxa de conversão alimentar e de crescimento. Por esse motivo, o sistema de criação de matrizes deve cercar-se de cuidados sanitários, devendo estar isolado de criações de outros tipos de animais (aves principalmente) e de centros urbanos. As granjas de frango devem estar dispersas geograficamente, em raios de distâncias que considerem tanto o requisito sanitário como o custo de transporte, visando formar um cinturão em torno do abatedouro e da fábrica de ração. Além da dispersão espacial, para evitar a transmissão de doenças e microorganismos de um lote para outro, após o término de cada lote de aves as granjas devem ser submetidas a um vazio biológico de cerca de 15 dias antes de receber novo lote. Em relação à produção de matrizes, tem-se procurado ajustar o instrumental da biologia molecular para a obtenção de aves com melhores características genéticas. O uso da seleção assistida por marcadores (MAS), para citar uma das técnicas que já vem sendo utilizada em plantas e também em suínos para a localização de genes (de resistência a doenças, por exemplo), depende, no caso das aves, da identificação de marcadores em número suficiente para fazer com que o método seja viável. Já se conhece cerca de setecentos marcadores e os mais importantes são aqueles relacionados a genes que controlam a gordura dos frangos de corte e traços de desempenho de poedeiras. Entretanto, mesmo com os grandes avanços da biologia molecular, a seleção convencional continua ainda possuindo grande importância para o melhoramento genético em aves. As granjas de matrizes, pela facilidade de transporte de pintos de um dia em veículos climatizados, podem situar-se em maior distância das granjas de frango, para atender à condição sanitária e à eventual necessidade de especialização dessa atividade. Uma vez atingida a idade e peso adequados, em função da taxa de conversão alimentar e de requisições do mercado, o frango deve ser imediatamente abatido, sob pena de queda de desempenho na conversão. Os custos de transporte de frango vivo e os problemas de quebra de peso em transporte a longa distância, também são importantes na determinação do arranjo organizacional da produção. A localização do sistema de criação deve levar em conta os custos de transporte, disponibilidade de mão de obra, e a dispersão das granjas, de forma a prevenir problemas sanitários e a não encarecer o transporte interno. A favor da localização pelo mercado consumidor está a vantagem de oferecer o produto resfriado, que é perecível, tendo curto prazo de validade (cerca de 10 dias), e o maior contato com o segmento de distribuição e com o mercado consumidor (Batalha e Souza Filho, 2001). CADEIA PRODUTIVA DA CANA DE AÇÚCAR Fonte: https://blog.strider.ag A produção de cana de açúcar iniciou-se no período colonial, e se transformou em umas das principais culturas brasileiras. O Brasil é responsável por mais da metade de todo o açúcar comercializado no mundo, sendo também o maior exportador de etanol (AGRIC, 2015). O Brasil é o maior produtor mundial de cana de açúcar, com mais de sete milhões de hectares plantados, produzindo mais de 480 milhões de toneladas de cana, colocando o País na liderança mundial em tecnologia de produção de etanol. Além de matéria-prima para a produção de açúcar e álcool, seus subprodutos e resíduos são utilizados para co-geração de energia elétrica, fabricação de ração animal e fertilizante para as lavouras (AGEITEC, 2015). Para a implantação de um canavial, deve se fazer um planejamento da área, realizando levantamento topográfico. Nos locais de plantio é feito a sistematização do terreno, no qual subdivide a área em talhões. Hoje em dia busca-se obter talhões planos mantendo linhas de cana com o grande comprimento para evitar manobras das máquinas, ganhando tempo. Os talhões de cana são subdivididos quanto a topografia e a homogeneidade do solo, com cerca de dez a vintes hectares (ROSSETO; SANTIAGO, 2015). Antes do plantio é necessário, planejar o plantio das mudas ou buscar no mercado um fornecedor adequado. O plantio da cana pode ser feito manual ou mecanizado. O plantio apresenta três etapas principais: corte de mudas; distribuição no sulco e corte dos colmos em pedaços menores, dentro do sulco. Entretanto, antes de se iniciar o plantio deve tomar alguns cuidados, que serão apresentados na sequência. Amostragem Do Solo E Escolha Da Cultivar: Após definir a área, fazer o preparo e a sistematização do terreno, o produtor deve coletar amostra de solo em cada talhão para análise com vistas às operações de correção do solo e adubação. É muito importante que, antes do plantio, o produtor escolha a cultivar que se adapta às características do local onde sua propriedade está estabelecida, com o objetivo de melhorar o aproveitamento dos recursos naturais e, consequentemente, aumentar a produtividade. Além de certificar-se se a cultivar esta sadia, se a cultivar escolhida é resistente às principais moléstias que podem ocorrer em canaviais. Após a escolha da cultivar, é importante, ainda, que o produtor verifique a procedência das mudas escolhidas, se são sadias e se realmente são da variedade escolhida. Época De Plantio: A escolha adequada da época de plantio é fundamental para o bom desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar, que necessita de condições climáticas ideais para se desenvolver e acumular açúcar. Para seu crescimento, a cana necessita de altadisponibilidade de água, temperaturas elevadas e alto índice de radiação solar. A cultura pode ser plantada em três épocas diferentes: sistema de ano-e-meio, sistema de ano e plantio de inverno. Sistema de ano-e-meio (cana de 18 meses): A cana-de-açúcar é plantada entre os meses de janeiro e março. Nos primeiros três meses, a planta inicia seu desenvolvimento e, com a chegada da seca e do inverno, o crescimento passa a ser muito lento durante cinco meses (abril a agosto), vegetando nos sete meses subsequentes (setembro a abril), para, então, amadurecer nos meses seguintes, até completar 16 a 18 meses. Este período (janeiro a março) é considerado ideal para o plantio da cana-de-açúcar, pois apresenta boas condições de temperatura e umidade, garantindo o desenvolvimento das gemas. Essa condição possibilita a brotação rápida, reduzindo a incidência de doenças nos toletes. Sistema de ano (cana de 12 meses): Em algumas regiões, a cana-de- açúcar pode ser plantada no período de outubro a novembro. Este sistema deve ser utilizado de forma restrita. - Vantagens: Quando se tem grandes áreas para plantio, uma segunda época de plantio facilita o gerenciamento e aperfeiçoa a utilização de máquinas e de mão-de-obra, que ficam subdivididas entre o período de plantio de cana de ano-e-meio e cana de ano. - Desvantagens: Menor produtividade que a cana de 18 meses, uma vez que a cana de ano tem apenas sete ou oito meses de crescimento efetivo (um verão); o preparo do solo para o plantio da cana de ano pode ser dificultado, uma vez que há pouco tempo para o preparo, incorporação do calcário e de outros corretivos etc. Logo após a colheita anterior é necessário arrancar as soqueiras para um novo plantio. Com o início da estação chuvosa, ocorrem poucos dias úteis para operações agrícolas e, se a área de plantio for muito grande, é necessária elevada quantidade de mão-de-obra nesse período e em algumas situações e para variedades floríferas, a utilização de inibidores de florescimento pode ser necessária. Plantio de inverno: com o uso da torta de filtro que contém cerca de 70 a 80% de umidade, aplicada no sulco de plantio, é possível plantar a cana-de- açúcar mesmo no período de estiagem. A torta fornece a umidade necessária para a brotação. Se ainda for feita uma fertirrigação com vinhaça, ou mesmo irrigação, o plantio da cana pode ocorrer durante o ano todo. Espaçamento e profundidade: A escolha do espaçamento tem grande importância, pois possibilita a otimização de atividades, como o uso intensivo de maquinas e colheita, além de melhor distribuir a planta, para que ela não esteja em um espaço limitado. O espaçamento adequado contribui para o aumento da produção, pois interfere favoravelmente na disponibilização de recursos como luz, água e temperatura – variáveis consideradas determinantes para que haja aumento de produção. O espaçamento do plantio deve variar de acordo com a fertilidade do terreno e as características da variedade recomendada. No caso da cana-de- açúcar, o espaçamento entre sulcos pode variar de um metro a 1,8 m. Quantidade Necessária De Mudas: A quantidade de mudas varia entre 10 a 15 toneladas por hectare. Na época de plantio adequada e a qualidade da muda é excelente, pode ser optar por menores quantidades de mudas. As mudas são canas jovens, com oito a dez meses, plantadas em condições ótimas, bem fertilizadas, com controle de pragas e doenças. É necessária a distribuição de ao menos 12 gemas por m de sulco. Para o plantio em épocas de estiagem, é necessário dar preferência para densidade de 15 a 18 gemas por metro. Colheita: Corte manual: é o modo mais comum de colheita da cana-de- açúcar, porém é alvo de muitas polêmicas relacionadas à queima da cana antes da colheita, que visa facilitar o corte, e apresenta uma desvantagem por precisa der muita mão de obra. Corte mecanizado: Estima-se que o corte mecanizado proporcione redução de cerca de 20% dos custos de produção, quando comparado com o corte manual. Entretanto, o corte mecanizado no Brasil ainda precisa ser aprimorado, pois as máquinas nacionais utilizadas nessa atividade ainda são, em sua maioria, precárias, apresentando baixo rendimento e necessitando frequentemente de manutenção Fase Industrial – Processamento: A cana-de-açúcar é a principal matéria-prima para a indústria sucroalcooleira brasileira. A agroindústria da cana envolve etapas, como: produção e abastecimento da indústria com matéria- prima; gerenciamento dos insumos, resíduos, subprodutos e da versatilidade da produção - de açúcar ou álcool; armazenamento e comercialização dos produtos finais. Estas etapas devem ser executadas com o emprego de técnicas eficientes de gerenciamento (ALCARDE, 2015). A colheita, carregamento, transporte, pesagem, pagamento da cana pela qualidade, descarregamento e lavagem, são operações determinantes para um bom desempenho industrial. Estas etapas devem ser realizadas em sincronia com as operações industriais para que não ocorra sobre abastecimento, o que demanda armazenamento, com consequente queda na qualidade ou falta de cana para a moagem, ocasionando atrasos na produção. Após a colheita, a cana é transporta para a usina. Na indústria, a cana pode ter dois destinos: produção de açúcar ou de álcool. CADEIA PRODUTIVA DO MILHO Fonte: https://maissoja.com.br/seminario-reforca-cadeia-produtiva-do-milho-safrinha-no- tocantins/ O milho é o principal macroingrediente para a produção de rações. Dada a importância na competitividade do mercado brasileiro de carnes, a produção do grão tem aumentado gradativamente (especialmente na segunda safra). Segundo dados da Conab, desde 1989/90, o volume de milho produzido no Brasil expandiu-se em mais de 30 milhões de toneladas. A produção brasileira de milho tem apresentado tendência de elevação desde o fim da década de 80. Fatores microeconômicos, como a maior rentabilidade – expressa por um aumento no preço recebido pelo produtor, associados a fatores macroeconômicos, como a desregulamentação da economia (menor intervenção estatal) e a eliminação de tarifas sobre produtos importados (Tratado de Assunção), conduziram a produção nacional de grãos a uma realidade mais competitiva. Expostos a maior competição com o milho importado, produtores brasileiros precisaram buscar aumentos contínuos de produtividade, o que ocasionou crescimento na produção nacional. O início da década de 90 foi um período caracterizado por importação maior de milho, principalmente dos países do Mercosul. Entre outros fatores, os incentivos à soja, os efeitos de escala decorrentes da maior produção e a disseminação da cultura pelo Brasil são responsáveis pelo aumento de produtividade do milho de segunda safra. De acordo com dados da Conab, a área plantada com milho safrinha expandiu em mais de 5 milhões de hectares desde 1989/90. As regiões Centro- Oeste e Sul foram as grandes responsáveis pelo expressivo aumento na área plantada com milho safrinha. O incremento foi de mais de 3 milhões de hectares no Centro-Oeste e de 2 milhões de hectares no Sul. A produção brasileira de milho está concentrada nas Regiões Sul, Centro- Oeste e Sudeste. Os quatro maiores Estados produtores (Paraná, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Minas Gerais) são responsáveis por mais de 50% da produção nacional. Apesar dos aumentos contínuos na produtividade do grão, a cadeia brasileira de milho ainda tem baixa expressão no mercado externo; o Brasil não é um exportador tradicional do grão. Assim, a produção brasileira segue a tendência determinada pelas condições do mercado doméstico, apresentando pouca interação com o mercado internacional. Da mesma maneira, a formação dos preços do milho no Brasil é grandemente influenciada por fatores do próprio mercado, sendo pouco afetada por movimentos no mercado mundial do grão.A formação dos preços internos do milho é dependente de condicionantes regionais de oferta e demanda, que vêm registrando alterações nos últimos anos com o crescimento significativo da produção de milho safrinha. Como a comercialização constitui o processo de ligação entre a produção e o consumo, a análise do inter-relacionamento dos segmentos intermediários a esse processo se torna fundamental para o entendimento do mercado. Entre as características desse sistema a serem destacadas, estão sua abrangência, no que diz respeito a produtos finais, e sua interação com os demais sistemas agroindustriais como insumo. Se por um lado o milho é empregado como matéria-prima em diversos produtos finais, em mercados distintos, por outro a maior parte do milho toma a forma de insumo em diversos outros sistemas agroindustriais, principalmente voltados à produção animal. A tendência de aumento no consumo de milho por parte da indústria de carnes deve ser mantida nos próximos anos. Tal fato se deve ao baixo uso de substitutos ao milho na alimentação animal (aves e suínos, principalmente) e às projeções de expansão dessas atividades. COOPERATIVAS Fonte: https://cooperativaempauta.com.br/o-que-e-cooperativa/cooperativas/ As cooperativas agroindustriais são organizações tradicionais no espaço rural. Criadas para dar respostas econômicas, são organizações que têm a capacidade de intervir na realidade social da população aí localizada. Em outras palavras, são intermediárias das economias de seus cooperados, procurando beneficiá-los com melhores condições de negociação de preços junto à indústria de insumos e com ganhos na venda de seus produtos. Pode-se também articular com diferentes atores do sistema para promover a agregação de valor. Assim, simultaneamente, a organização cooperativa tem entre seus objetivos ser um dos atores locais que cumpre inúmeras funções para promover melhores condições de vida para seus associados. As cooperativas do ramo agropecuário representam cerca de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) agrícola do país e envolvem mais de um milhão de associados. São mais de 1.500 cooperativas agrícolas que geram 188.777 empregos diretos demonstrando a significativa importância para a economia nacional (MAPA, 2017; OCB, 2017). As cooperativas podem fazer parte de uma Central integrando-se verticalmente na produção. Ou seja, produtores rurais, Cooperativas Singulares e Central fazem parte de um único sistema, conhecido como modelo federado, mediante o qual a produção dos associados (oferta) sofre processos de agregação de valor que lhes permitam atender à demanda de forma que se obtenham maiores benefícios para os cooperados. Trata-se, assim, de sistemas de coordenação entre dois ou mais estágios sucessivos de produção, tecnologicamente separáveis. A relevante questão que se coloca é se o modelo federado de cooperativas vem dando conta de atender e prover tais benefícios almejados pelos cooperados e cooperativas, como redução de custos através de melhor poder de barganha na aquisição de insumos, melhoria na negociação com o mercado, em especial quando se trata de produtos perecíveis, ganhos de eficiência advinda da capacidade coordenadora das cooperativas e redução dos riscos associados às ações conjuntas. Dessa forma, a proposta da integração vertical é oportunizar a melhoria da eficiência no processo produtivo, a redução de custos de controle e de transações, o acesso a informações estratégicas para a tomada de decisões sobre produção e comercialização, além de possibilitar a especialização nas distintas fases produtivas e, com isso, permitir agregar valor aos produtos produzidos. Estudos recentes sobre o cooperativismo agropecuário, no Estado do Paraná, com as nove maiores cooperativas identificou que dos anos 2000 até 2014 os movimentos estratégicos destas organizações foram no sentido da integração vertical e da diversificação da produção, almejando agregar valor aos produtos e serviços dos cooperados e de suas cooperativas (RODRIGUES, 2016). Em suma, esta situação parte do pressuposto de que o desafio das cooperativas no modelo federado de cooperativas é ordenar a cadeia produtiva de forma eficiente e eficaz, atendendo às necessidades dos consumidores, captando sua preferência, estimulando os produtores associados a produzir para atender essa demanda e também para receber melhores preços pela sua produção. Logo, para que as cooperativas tragam resultados econômicos, financeiros e sociais para os cooperados seria necessário, em primeira instância, um trabalho que permitisse atender às preferências dos consumidores e adequar às tecnologias agroindustriais, transferindo informações e conhecimentos para os demais elos dessa cadeia de valor, em especial, aos cooperados. Assim, para que haja uma adequação da oferta da matéria prima às especificações do produto final, é necessário um controle do fluxo de informações, para responder agilmente às condições impostas pela demanda. Paralelamente, é necessário que as características e problemáticas da oferta (a realidade e potencialidade da produção dos cooperados) sejam especialmente consideradas para se posicionar adequadamente nos mercados. Isto exige muito profissionalismo, adequada governança, tomada de decisões rápidas, redução de custos, estrutura de capital para investimentos, processos de melhoria constante na qualidade e, ainda, ter cooperados comprometidos e fidelizados com a cooperativa. AS COOPERATIVAS NO SISTEMA AGROINDUSTRIAL As cooperativas agroindustriais funcionam, na maioria das vezes, na interface entre a agricultura e a indústria, tanto na indústria de insumos ou bens agrícolas, quanto na indústria que compra a oferta proveniente da agricultura para seu processamento, distribuição e comercialização. Entretanto, nas últimas décadas, diante da intensificação dos processos de modernização na agricultura, as cooperativas que são partes do sistema agroindustrial (SAI) tiveram que avançar por todos os elos da cadeia produtiva para a produção de produtos agroindustriais, desde a produção de insumos até a chegada do produto final ao consumidor, com o intuito de gerar melhores resultados para seus cooperados. Frente a importância do setor agropecuário para economia do Brasil, os sistemas agroindustriais configuram-se como estratégicos para um maior alinhamento deste segmento produtivo dentro das cadeias, de modo a agregar valor de mercado aos produtos e equilibrar mais os ganhos em cada elo das cadeias. Para isso, é necessário assegurar aos atores do SAI o acesso as ferramentas e metodologias de gestão que garantam sua competitividade individual e sistêmica necessárias aos processos de tomada de decisão. A complexidade do SAI está ligada a uma composição de inúmeras cadeias produtivas e seus subsistemas na produção agropecuária e no agronegócio, englobando o fornecedor de insumos e equipamentos, a propriedade agrícola, as indústrias de processamento (agroindústrias), as empresas de comercialização (comércio atacadista e varejista) até a inserção em mercados. Existem duas formas de integração produtiva, a horizontal e a vertical. A integração horizontal é formada pela união de duas ou mais unidades produtivas na mesma hierarquia, constituída sob o controle de uma empresa ou associação de produtores. Já a integração vertical são estágios ou setores de produção agrupados em hierarquias diferentes no mercado, sob o controle de uma empresa ou conglomerado. Para o autor, a relação entre os agentes do SAI é melhor definida quando demonstrados os tipos de integração vertical. Nessa perspectiva, o conhecimento do complexo sistema agroindustrial, no qual a cadeia produtiva se insere, torna-se de fundamental importância para a tomada de decisão da gestão cooperativa, definindo as prioridadesno processo de inserção da cadeia produtiva cooperativa nesse sistema. Deve ser considerado que, crescentemente, as cadeias produtivas do sistema agroindustrial têm que responder eficientemente às tendências do mercado consumidor. Este ambiente é dinâmico e exige das cooperativas uma gestão profissionalizada, ética e pautada pelos princípios cooperativistas que estejam em sintonia ao atual contexto, qual seja: de um mercado cada vez mais concorrido e exigente. No entanto, elas não necessariamente poderão implementar as mesmas estratégias das demais formas de organização empresarial. As cooperativas têm que encontrar suas próprias estratégias competitivas, priorizando as necessidades demandadas também por seu quadro social. As empresas podem escolher, por exemplo, mudar de clientes ou de fornecedores a qualquer momento para garantir sua competitividade, entretanto, esse não é o caso das organizações cooperativas. Elas devem encontrar alternativas econômicas para os seus associados (fornecedores), de acordo com as características socioeconômicas destes, ou, ainda, promover as mudanças produtivas ou de gestão que os viabilizem economicamente, assim como devem dar resposta às necessidades de insumo destes cooperados (clientes). A sobrevivência do cooperativismo em um mundo cada vez mais dinâmico está ligada à sua gestão no que se refere à profissionalização, transparência e praticidade. Porém, Soto (2008) alerta sobre a relevância de adequar as estratégias da gestão cooperativa aos princípios do cooperativismo. Uma vez que devem ser vistos não só como uma prática de boas intenções, mas como a tradução de atos cotidianos concretos que guiarão a gestão de maneira eficaz. Portanto, uma gestão eficiente e eficaz da cadeia produtiva do empreendimento cooperativo, articulando a montante desde a produção nas propriedades rurais dos associados, permitiria que houvesse uma melhor adequação do sistema de produção em toda a cadeia cooperativa às exigências dos consumidores, respondendo às necessidades dos produtores associados e promovendo as mudanças tecnológicas adequadas. Assim, a forma de articular a participação do quadro social na gestão cooperativa influencia, diretamente, na competitividade empresarial destas organizações. Nisto, a comunicação tem um papel de destaque, dado que se deve articular corretamente a gestão econômica de toda a cadeia de valor, considerando o perfil e necessidades dos associados e dos consumidores finais para poder atender eficientemente os mercados. Para tal, é fundamental também promover a participação e o compromisso dos associados que permitam viabilizar com êxito essa inserção estratégica da cooperativa em mercados competitivos. Entende-se que as cooperativas agropecuárias podem ser um instrumento de organização social para que o produtor rural melhore suas condições socioeconômicas e a qualidade de vida de suas famílias. Entre as possíveis vantagens da cooperativa estaria a venda de insumos a preços mais acessíveis e permitir um melhor preço na venda da produção dos associados, podendo implementar sistemas de agregação de valor aos produtos fornecidos por eles. Isso pode ser realizado na própria cooperativa ou conjuntamente com outras ao unir-se numa Cooperativa Central. CONCLUSÃO A Cadeia produtiva é um conjunto de etapas consecutivas, ao longo das quais os diversos insumos sofrem algum tipo de transformação, até a constituição de um produto final (bem ou serviço). Trata-se, portanto, de uma sucessão de operações (ou de estágios técnicos de produção e de distribuição) integradas, realizadas por diversas unidades interligadas como uma corrente, desde a extração e manuseio da matéria-prima até a distribuição do produto. Compreende, portanto, os setores de fornecimento de serviços e insumos, máquinas e equipamentos, bem como os setores de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização (atacado e varejo), serviços de apoio (assistência técnica, crédito, etc.). Setores estes, intimamente interligados, trazendo à tona a necessidade de um olhar responsável para o todo, e não somente para um só setor, pois, com as engrenagens funcionando em harmonia, o bom resultado também atinge a todos. REFERÊNCIAS AGEITEIC. Cana de Açúcar. Agência Embrapa de Informação Tecnológicas. 2015. Disponível em <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de- acucar/arvore/CONTAG01_33_711200516717.html> Acesso em 29 de agosto de 2019. AGRIC. 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