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ELABORAÇÃO DE BUSINESS PLAN Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Fernando Eduardo Cardoso CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Profa. Cláudia Regina Pinto Michelli Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa Prof. Ivan Tesck Revisão de Conteúdo: Augusto Geller Revisão Gramatical: Sandra Pottmeier Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI 658.8 C268e Cardoso, Fernando Eduardo Elaboração de Business Plan/ Fernando Eduardo Cardoso. Indaial : UNIASSELVI, 2016. 116 p. : il. ISBN 978-85-69910-19-0 1. Marketing I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. Copyright © UNIASSELVI 2016 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Fernando Eduardo Cardoso Doutorando em Administração e Turismo pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), Biguaçu/ SC. Mestrado em Administração: Gestão de Organizações pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB), SC (2010), Especialização em Administração Tributária pela Universidade Castelo Branco (UCB), RJ (2008), Especialização em Educação a Distância: Gestão e Tutoria, UNIASSELVI, SC (2014) e Graduação em Administração: Gestão Empresarial pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB), SC (2006). Experiência de oito anos na área de Produção e dez anos na Inteligência de Mercado/ Informações Gerenciais da área Comercial/ Vendas. Participante na elaboração de projetos e estratégias da Cia. Hering. Experiência na área de Administração, com ênfase em Administração Estratégica, atuando, principalmente, nos seguintes temas: Gestão Comercial, Processo de Formação da Estratégia, Strategizing, Strategy-as-Practice, Estratégia-como-Prática, Middle Manager e Ensino a Distância - EAD. Consultor e Palestrante da NOTÓRIA consultoria Business Inteligente. Palestrante do Instituto de Desenvolvimento Pessoal e Profissional - IDEPP. Atuou como professor do Departamento de Administração na Universidade Regional de Blumenau (FURB) e da Faculdade de Administração e Economia (FAE). Atualmente, é professor Tutor-Externo da UNIASSELVI no ensino a distância; e Supervisor de disciplina na mesma instituição. É, também, membro do grupo de pesquisa PROFORME. Sumário APRESENTAÇÃO ......................................................................7 CAPÍTULO 1 A Necessidade do Planejamento ..........................................9 CAPÍTULO 2 O Projeto do Business Plan, Instrumento de Planejamento e de Segurança Empresarial ....................19 CAPÍTULO 3 A Análise e Viabilidade do Negócio .....................................29 CAPÍTULO 4 Business Plan para uma Nova Empresa, Empresa Existente, um Novo Produto ou Serviço, um Novo Processo ..........43 CAPÍTULO 5 Os Modelos, Conceitos, Análises, Diagnósticos Inerentes a um Business Plan ................................................................51 CAPÍTULO 6 Objetivos e Indicadores do Negócio ..................................67 CAPÍTULO 7 As Estratégias e Ações para se Projetar um Negócio Numa Visão de Curto, Médio e Longo Prazo ...............................77 CAPÍTULO 8 Apresentação de Três Simulações de um Business Plan .........................................................................................91 APRESENTAÇÃO Este caderno de business plan foi elaborado com muito cuidado, buscando abranger tanto uma boa fundamentação teórica quanto um conhecimento empírico ao(à) pós-graduando(a), de forma que, ao fim do caderno, tenha conhecimento da importância de se fazer um business plan, bem como consiga elaborar o seu próprio Plano de negócios. Neste contexto, o caderno foi escrito em oito capítulos: O Capítulo 1 demonstra a necessidade do planejamento, apresentando uma introdução ao tema de business plan, abordando conceitos estratégicos fundamentais para obter uma boa base sobre planejamento, estratégias, tomada de decisão e business plan. O Capítulo 2 apresenta como o business plan pode ajudar, tanto no planejamento de uma empresa como na segurança desta, debatendo a questão da importância de se fazer um business plan. O Capítulo 3 expõe os procedimentos, tanto para se analisar como para estudar a viabilidade de um negócio, evitando, assim, que se invista em projetos que já estejam condenados ao fracasso antes mesmo de sair do papel. O Capítulo 4 mostra as diferentes funções do business plan para empresas nascentes, empresas existentes e mesmo para novos produtos, serviços ou processos. O Capítulo 5 apresenta os diferentes modelos de business plan, de forma que o pós-graduando(a) saiba o que não pode faltar para elaboração de um business plan de sucesso. O Capítulo 6 discorre sobre uma série de indicadores de negócios, proporcionando conhecimento de diferentes indicadores, os quais ajudam na análise do negócio, dando suporte no processo de tomada de decisão. O Capítulo 7 mostra as estratégias e ações para se projetar um negócio numa visão de curto, médio e longo prazo. Por fim, o Capítulo 8 expõe um exemplo prático de business plan, com comentários, de forma que o(a) acadêmico(a) possa ter uma primeira apresentação do que será capaz de fazer após a conclusão deste caderno de estudo. O autor. CAPÍTULO 1 A Nessecidade do Planejamento A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Demostrar o planejamento de maneira conceitual, suas características e suas tipologias. Identificar as responsabilidades de cada ator organizacional nas atividades do planejamento. 10 Elaboração de Business Plan 11 A Nessecidade do Planejamento Capítulo 1 Contextualização No Brasil, anualmente, são criadas milhares de empresas e, ao mesmo tempo, outra grande quantidade delas tem suas atividades encerradas. Estudos mostram que muitas empresas fecham as portas já no primeiro ano e são poucas as empresas que chegam ao quinto ano. Estes dados serão melhor apresentados e detalhados neste capítulo, no qual identificaremos que, em síntese, está faltando planejamento. Pode ter faltado o planejamento mais detalhado sobre o mercado, a habilidade dos administradores em lidar com as adversidades empresariais, a qualidade do produto ou serviço, a falta de recursos financeiros versus tempo para que a empresa deslanche no mercado e uma grande infinidade de fatores. Temos que pensar na responsabilidade de se constituir uma empresa porque ela não funciona na base do improviso ou do acaso. Tudo tem que ser muito bem planejado. O planejamento é o trabalho de elaboração de um plano de forma a atingir os objetivos definidos pela organização. O planejamento age para prever os acontecimentos, sejam positivos, sejam negativos, durante o percurso para atingir os objetivos. Nesse contexto, o ato de planejar consiste em pensar os objetivos que queremos atingir e as ações que deveremos implementar com base em métodos, e não em suposições. Importante ressaltar que o planejamento não pode ser confundido com o termo “previsão”, o que costuma acontecer. Planejar é tomar decisões antecipadas com vistas a um futuro desejado, enquanto prever é fazer inferências sobre o futuro, tentar descobrir o que irá acontecer provavelmente. A previsão não passa de uma técnica ou um mecanismo utilizado pelo planejamento, visando facilitar a tomada de decisão antecipada. De forma mais meticulosa, Oliveira (1998,p. 33) foi além, ao alertar que o planejamento não pode ser confundido com: previsão, projeção, predição, resolução de problemas e plano, pois: • Previsão: corresponde ao esforço para verificar quais serão os eventos que poderão ocorrer com base no registro de uma série de probabilidades. • Projeção: corresponde à situação em que o futuro tende a ser igual ao passado, em sua estrutura básica. O planejamento é o trabalho de elaboração de um plano de forma a atingir os objetivos definidos pela organização. 12 Elaboração de Business Plan • Predição: corresponde à situação em que o futuro tende a ser diferente do passado, mas a empresa não tem controle sobre seu processo e seu desenvolvimento. • Resolução de problemas: corresponde a aspectos imediatos, que procuram tão somente a correção de certas descontinuidades e desajustes entre a empresa e as forças externas que lhe sejam potencialmente relevantes. • Plano: corresponde a um documento formal, que se constitui na consolidação das informações e atividades desenvolvidas no processo de planejamento. É o limite da formalização do planejamento, uma visão estática do planejamento, uma decisão em que a relação custos versus benefícios deve ser observada. Planejamento é definido por Davidoff e Reiner (1962) como o processo para determinar a ação futura apropriada. As escolhas que, assim, constituem o processo de planejamento são feitas em três níveis: em primeiro lugar, a seleção dos fins e dos critérios; em segundo lugar, a identificação de um conjunto de alternativas consistentes com estes critérios gerais, e a seleção de uma alternativa desejada; e terceiro, orientação de ação para fins determinados. O planejamento deve estar alinhado com os objetivos estratégicos organizacionais, bem como os processos, rotinas e ações para atingi-los. Seja planejamento de curto, médio ou longo prazo, todos precisam ter o mesmo foco, contribuindo com o desenvolvimento da organização. Características Do Planejamento Os valores são elementos inevitáveis de qualquer processo de tomada de decisão racional ou qualquer exercício de escolha. A escolha permeia toda a sequência de planejamento, uma noção clara das maneiras como as escolhas são feitas, e dos fins visados. Deve situar-se no cerne da tarefa do planejador. Os autores Davidoff e Reiner (1962, p. 51) defendem um planejamento baseado na tomada de decisão e para contribuir com suas ideias levantam as seguintes características como definidoras do planejamento: realização de objetivos; exercício de escolha; orientação para o futuro; ações; e abrangência. • Realização de objetivos: O planejamento busca a realização de alguns objetivos, em função dos quais são definidos os meios. É um processo intencional de obtenção de situações desejadas. Os objetivos não são pré- definidos, mas sujeitos a ponderações. 13 A Nessecidade do Planejamento Capítulo 1 • Exercício de escolha: A escolha é o “exercício intelectual” mais característico do planejamento, já que escolhas sobre valores, meios e alternativas são feitos no processo de planejamento, em vários níveis. • Orientação para o futuro: Por buscar a obtenção de objetivos, o planejamento é orientado ao futuro. Sendo assim, é importante obter informações sobre possíveis condições futuras e estimar os custos futuros de não atingir os objetivos ou de postergar as ações no presente. • Ações: O planejamento deve trazer resultados, portanto, é uma etapa numa cadeia de meios e fins que leva ao que é desejado. • Abrangência: Para que as escolhas possam ser feitas adequadamente, as consequências das propostas devem ser mapeadas de forma completa. Esse requisito, entretanto, deve ser balanceado com a necessidade de ações, visto que o tempo e os recursos para realizar esse mapeamento são limitados, bem como a capacidade de gerar conhecimento. Segundo Castiglioni e Tancredi, (2014, p. 76), o planejamento deve observar uma série de características para obtenção de resultados satisfatórios: • Ser um processo permanente e contínuo: ele não se esgota em um único plano de ação, e sim é realizado continuamente pela organização. • É sempre voltado para o futuro: ele está sempre ligado intimamente à previsão, muito embora não se confunda com ela. • Visa à racionalidade da tomada de decisão: ao estabelecer esquemas para o futuro, ele funciona como meio de orientar o processo decisório, dando-lhe maior racionalidade e subtraindo a incerteza inerente a qualquer tomada de decisão. • Visa selecionar, entre várias alternativas, um curso de ação: a escolha do curso de ação pode ter duração variada, mas todas as escolhas devem levar em consideração suas consequências para o futuro, bem como suas possibilidades de execução e realização. É sistêmico: ele deve considerar a totalidade da organização, do órgão ou da unidade para o qual foi feito, sem omitir as relações internas e externas. É interativo: ele deve ser interativo, pois pressupõe avanços e recuos, alterações e modificações em função dos eventos novos e inesperados que ocorram, tanto no ambiente interno como no externo da organização. 14 Elaboração de Business Plan • É uma técnica de alocação de recursos: ele visa à definição, ao dimensionamento e à alocação dos recursos humanos e não humanos da organização, de forma antecipadamente estudada e decidida. • É uma técnica cíclica: conforme vai sendo executado e realizado, o planejamento permite condições de avaliação e de mensuração para novos planejamentos com informações e perspectivas mais seguras e corretas. • É uma função administrativa que interage com as demais: ele está intimamente relacionado à organização, à direção e ao controle, influenciando e sendo influenciado por todas elas, a todo momento, em todos os níveis da organização. • É uma técnica de coordenação e de integração: ele permite a coordenação e a integração de várias atividades, no sentido da realização dos objetivos desejados. O planejamento é um processo contínuo. Nenhum plano é definitivo, todos estão sempre sujeitos a revisões, funcionado como um documento vivo, que precisa ser analisado de forma a atender as mudanças do ambiente turbulento em que se encontram as organizações. Planejamento Estratégico O planejamento estratégico orienta os negócios organizacionais, de forma a atingir seus objetivos. Planejamento estratégico, segundo Kotler (1992), é definido como o processo gerencial de desenvolver e manter uma adequação razoável entre os objetivos e recursos da empresa e as mudanças e oportunidades de mercado. Drucker (1977) define planejamento estratégico como um processo contínuo, sistemático, organizado e capaz de prever o futuro, de maneira a tomar decisões que minimizem riscos. O planejamento estratégico, para Oliveira (2007), é um processo administrativo para se estabelecer a melhor direção a ser seguida pela organização, visando ao otimizado grau de fatores externos – não controláveis – e atuando de forma inovadora e diferenciada. Considerando a complexidade das organizações hoje, a tarefa de administrar requer um aparato de pessoas estratificadas em diversos níveis hierárquicos, que se ocupam de incumbências diferentes. Existem três níveis de atuação do planejamento estratégico: estratégico, tático e operacional, os quais veremos a seguir. O planejamento estratégico orienta os negócios organizacionais, de forma a atingir seus objetivos. 15 A Nessecidade do Planejamento Capítulo 1 No nível estratégico é onde ocorre um planejamento com uma visão mais ampla da organização. Nível Estratégico No nível estratégico é onde ocorre um planejamento com uma visão mais ampla da organização. Nesse nível, o planejamento é projetado para o longo prazo, tendo seus efeitos e consequências estendidos por vários anos à frente. O planejamento acaba envolvendo a organização de forma macro, abrangendo todos os recursose áreas de atividades, e preocupa-se em atingir os objetivos em ambiente organizacional. Tradicionalmente, os responsáveis pelas decisões do nível estratégico são os atores da cúpula organizacional, formada pelo presidente, vice-presidente, diretores e conselho administrativo. O planejamento estratégico, segundo Oliveira (2006), atua de forma inovadora e diferenciada e é, geralmente, de responsabilidade do nível mais alto da organização, tendo como foco a formulação de objetivos e a seleção dos cursos de ação a serem seguidos para sua execução, levando-se em conta as condições internas e externas da organização e sua evolução esperada. Segundo Lemos et al. (2012, p. 17), “A estratégia de uma organização deve estar associada a visão do que à organização quer ser e fazer, à missão a ser desenvolvida nos seus negócios e clientes e observar seus valores, ou seja, os princípios que regerão o desenvolvimento dos trabalhos da organização”. Sebrae (2016, p.1) apresenta os conceitos de missão, visão e valores: Missão: É o propósito de a empresa existir. É sua razão de ser. Visão: É a situação em que a empresa deseja chegar (em período definido de tempo). Valores: são os ideais de atitude, comportamento e resultados que devem estar presentes nos colaboradores e nas relações da empresa com seus clientes, fornecedores e parceiro. Para Maximiliano (2011) o processo de planejamento estratégico envolve as seguintes etapas: Entendimento da missão; análise do ambiente externo; análise do ambiente interno; definição do plano estratégico. • Entendimento da missão: A missão é a determinação do motivo central do planejamento estratégico, ou seja, corresponde a um horizonte dentro do qual a empresa atua ou poderá atuar. “Portanto, a missão representa a razão de ser da empresa” (OLIVEIRA, 2005, p. 76). 16 Elaboração de Business Plan • Análise do ambiente externo: São determinadas as ameaças e oportunidades da organização. Fatores externos sobre os quais a organização não tem controle. • Análise do ambiente interno: São determinados os pontos fortes e fracos da organização. Fatores internos sobre os quais a organização detém controle. Segundo Fernandes e Berton (2005), existem quatro forças macroambientais que influenciam no processo de gestão organizacional: político-legal; econômica; tecnológica e as sociais. • Definição do plano estratégico: é o resultado do processo de planejamento e preparação de planos que vão guiar a organização para ações futuras. As pressões exercidas pelo meio ambiente em que a organização está inserida, relativas ao uso de recursos naturais, mudanças de legislação, concorrência, problemas econômicos, mudanças das condições sociais e políticas, bem como inovações tecnológicas criam necessidades de rápida percepção e mudança constantes para as condições ideais de crescimento, a fim de garantir a continuidade e sobrevivência da organização. A capacidade de responder às mudanças do ambiente depende da velocidade com que são implementadas as mudanças no modelo de gestão. Cabe aos gestores utilizarem suas capacidades e recursos para adaptarem ao ambiente dinâmico em constante transformação. Nível Tático No nível tático, o planejamento é feito de forma a abranger cada departamento da organização. O planejamento do nível tático é projetado para o período de médio prazo, envolvendo cada departamento. Abarca seus recursos específicos, preocupado em atingir os objetivos departamentais. O planejamento tático deve estar totalmente alinhado com o planejamento estratégico da organização. O planejamento tático, segundo Oliveira (2006), tem o objetivo de otimizar determinada área de resultado, e não a organização como um todo. O planejamento do trabalho é realizado por meio do processo de decomposição dos objetivos, estratégias e políticas estabelecidas no planejamento estratégico. No nível tático, o planejamento é feito de forma a abranger cada departamento da organização. 17 A Nessecidade do Planejamento Capítulo 1 Nível Operacional O nível operacional é desenvolvido a partir do plano tático. É mais objetivo, racional e detalhado. É elaborado pelos executores operacionais, abordando detalhadamente cada operação do departamento. O planejamento do nível operacional é projetado para prazo curto, curtíssimo ou até mesmo imediato, envolvendo cada tarefa ou atividade isoladamente e preocupa-se com o alcance das metas especificas. O planejamento operacional, segundo Oliveira (2006), pode ser considerado com a formalização, como um plano de ação ou plano operacional, desenvolvido por meio de documentos, de metodologias de desenvolvimento e implantação estabelecidas. O nível operacional é desenvolvido a partir do plano tático. É mais objetivo, racional e detalhado. Atividade de Estudos: 1) Preencha o quadro abaixo de forma a obter as principais características dos níveis estratégicos com relação ao tempo, atores organizacionais e abrangência da visão organizacional. Nível Tempo/ prazo Atores Visão Estratégico Tático Operacional Algumas Considerações Esta foi uma sessão introdutória do business plan, na qual foram apresentados alguns conceitos gerais sobre planejamento. A partir das próximas sessões, aprofundaremos os estudos sobre o business plan. 18 Elaboração de Business Plan Referências CASTIGLIONI, José Antonio de Mattos; TANCREDI, Claudio Tadeu Tancredi. Or- ganização empresarial: conceitos, modelos, planejamento, técnicas de gestão e normas de qualidade. São Paulo: Erica, 2014. DAVIDOFF, Paul; REINER, Thomas A. A Choice Theory of Planning, Journal of the American Institute of Planners, v. 28, issue 2, 1962. FERNANDES, Bruno H. R.; BERTON, Luiz H. Administração Estratégica: da competência empreendedora à avaliação de desempenho. São Paulo: Saraiva, 2005. LEMOS, Paulo M. et al. Gestão estratégica de empresas. Rio de Janeiro: FGV, 2012. MAXIMILIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria Geral da Administração: da rev- olução urbana à revolução digital. São Paulo: Atlas, 2011. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Planejamento estratégico. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2006. ______. Planejamento Estratégico: Conceitos, Metodologia e Práticas. São Paulo: Atlas, 2005. OLIVEIRA, Luis Martins de. Controladoria: conceitos e aplicações. São Paulo: futura, 1998. SEBRAE. Ferramenta: missão, visão e valores (clássico). São Paulo: Globo, 2016. CAPÍTULO 2 O Projeto do Business Plan, Instrumento de Planejamento e de Segurança Empresarial A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Apontar as diferentes abordagens do business plan. � Debater a importância do uso do business plan. 20 Elaboração de Business Plan 21 O Projeto do Business Plan, Instrumento de Planejamento e de Segurança Empresarial Capítulo 2 Contextualização O business plan é necessário nas mais diversas situações: seja para ampliar uma linha de montagem, seja para verificar a viabilidade de se atender um novo mercado, seja para averiguar a viabilidade de um novo negócio, entre tantas outras exigências que o demandem. Segundo Deutscher (2012, p. 43): “Elaborar um business plan não é uma tarefa trivial. Envolve os principais empreendedores da empresa, que devem estar dispostos a tomar decisões, por vezes radicais”. O preparo de um business plan exige trabalho árduo. São necessárias muitas horas de pensamento cuidadoso, seguidas por um número igual ou maior de horas para conversão desses pensamentos em um documento escrito. Um business plan bem preparado e fundamentado ajudará no processo de planejamento, e fornecerá um guia para o empreendedor, explicando o que está tentando realizar e como alcançar as metas propostas. Quanto mais claros forem os vínculos entre as metas almejadas e os meios para alcançá-las, mais impressionante (e persuasivo) será o business plan. Por QueRedigir o Business Plan? O business plan é uma necessidade absoluta para qualquer negócio que deseja ter sucesso, evitando problemas e dificuldades que poderiam ter sidos identificados e resolvidos com a elaboração de um bom business plan. O business plan pode ser útil em diversos aspectos. Segundo as pesquisas, os empreendedores que preparam planos de negócios excelentes têm mais probabilidade de sucesso do que aqueles que não o fazem (BARON; SHANE, 2015). Para Dornelas (2008), a importância de se escrever um business plan está em: • Entender e estabelecer diretrizes para o seu negócio. • Gerenciar de maneira mais eficaz a empresa e tomar decisões acertadas. • Monitorar o dia a dia da empresa e tomar ações corretivas quando necessário. • Identificar oportunidades e transformá-las em diferencial competitivo para a empresa. • Estabelecer uma comunicação interna eficaz e também com o público externo. • Conseguir financiamentos e recursos junto a bancos, governo, Sebrae, investidores etc. 22 Elaboração de Business Plan Três razões são atribuídas por Siegel et al. (1993) para elaboração do business plan: • Primeiro lugar: ele é um plano que pode ser usado para desenvolver ideias a respeito de como um negócio deve ser conduzido. É uma oportunidade para refinar estratégias e cometer erros no papel, em lugar da vida real, examinando a empresa sob todos os pontos de vista, tais como: mercadológicos, financeiros e operacionais. • Segundo lugar: um business plan é uma ferramenta retrospectiva com a qual um empresário pode avaliar o desempenho atual de uma empresa ao longo do tempo. Por exemplo, a parte financeira de um business plan pode ser usada como base para um orçamento operacional e cuidadosamente monitorada, para verificar o quanto a empresa está se mantendo dentro do orçamento. A esse respeito, o plano pode e deve ser usado como base para um novo plano. Depois de decorrido algum tempo e, a partir de então periodicamente, o business plan deve ser examinado, para verificar em que ponto a empresa se desviou do rumo, se esse desvio foi benéfico ou danoso e como ela deverá operar no futuro. • Terceiro lugar: Obtenção de capital. A maior parte dos financiadores ou investidores não colocará dinheiro em uma empresa sem antes ver um business plan. Alguns aspectos básicos do planejamento estratégico são apresentados por Siegel et al. (1993), relatando a importância de fazer um business plan: a questão do dinamismo presente nos planos, a documentação e formalização, o sucesso por meio do não fracasso, a questão de olhar o passado como instrumento de medida, o levantamento de capital, o uso dos profissionais e o papel do plano no levantamento de capital. Todos estes tópicos abordaremos em profundidade neste capitulo, de forma a proporcionar uma visão geral do business plan para o sucesso de um negócio. O Planejamento Precisa Ser Dinâmico O business plan está em constante transformação, assim, ele deve ser sempre reiterado, bem como as suposições e projeções geradas a partir dele devem ser constantemente depuradas. Um business plan funciona como um ser vivo em constante transformação, ele nunca termina, está sempre mudando, evoluindo, transformando-se. Um business plan funciona como um ser vivo em constante transformação, ele nunca termina, está sempre mudando, evoluindo, transformando-se. 23 O Projeto do Business Plan, Instrumento de Planejamento e de Segurança Empresarial Capítulo 2 Business Plan Como Documento de Planejamento O business plan, segundo Castro (2009), é um documento escrito cujo objetivo é estruturar as principais ideias e opções que o empreendedor tem para decidir quanto à viabilidade da empresa a ser criada. Também é utilizado para a solicitação de empréstimos e financiamentos junto a instituições financeiras, bem como para a expansão da empresa. O ideal seria fazer um business plan antes de a empresa ser criada, mas, em alguns casos, o primeiro business plan da organização pode sair apenas após anos de existência desta. O importante é que, uma vez feito o Business plan, ele deve ser constantemente atualizado, mantendo-se atual à realidade do mundo em permanente mudança. Para uma organização em funcionamento, de acordo com Siegel et al. (1993), o business plan tem diversas funções. Ele é uma forma de obtenção de consenso e consistência em toda a organização. Enquanto os business plan de organizações em início de atividade costumam ser redigidos por uma ou duas pessoas, em organizações já em andamento uma série de atores organizacionais participam de sua redação. O business plan é uma ferramenta de implementação. Ele pode ser usado para testar teorias de como a organização poderia ser dirigida e para prever os possíveis resultados. Então, o plano pode ser verificado à medida que aquelas ideias são implementadas, para se certificar se as projeções eram exatas. O business plan, é um documento escrito cujo objetivo é estruturar as principais ideias e opções que o empreendedor tem para decidir quanto à viabilidade da empresa a ser criada. Sucesso Por Ter Sucesso, Sucesso Por Não Fracassar Embora o sucesso pelo sucesso não possa ser ensinado, exceto por meio de anos de experiência, o sucesso por não fracassar pode. Este é, de muitas formas, o âmago do planejamento de negócios. Estudos do SEBRAE (2014) sobre a “Causa Mortis: o sucesso e o fracasso das empresas nos primeiros cinco anos de vida” apontam que falta de planejamento (planejamento prévio), deficiências na gestão (gestão empresarial) e o próprio comportamento empreendedor são as principais causas do fechamento de empresas em seus primeiros anos de atividade. 24 Elaboração de Business Plan A seguir serão apresentados os principais resultados da pesquisa realizada pelo SEBRAE (2014), apontando as causas que levam ao fechamento das organizações nos primeiros cinco anos: • Planejamento prévio: ao abrir a empresa, parte dos empresários não levantou informações importantes sobre o mercado, mais da metade não realizou planejamento de itens básicos antes do início das atividades da organização. Um maior tempo de planejamento permite que se conheça melhor o mercado antes de abrir a empresa, o que tende a aumentar as chances de sucesso. Ao abrir a empresa, parte dos empresários não levantam informações importantes sobre o mercado: – 46% não sabe o número de clientes que teria e os hábitos de consumo destes; – 39% não sabiam qual o capital de giro necessário para abrir o negócio; – 38% não sabiam o número de concorrentes que teriam; – 37% não sabiam a melhor localização; – 33% não tinham informações sobre fornecedores; – 32% não conheciam os aspectos legais do negócio; – 31% não sabiam o investimento necessário para o negócio; – 18% não levantam a qualificação necessária da mão de obra. • Gestão empresarial: as empresas que costumam, com frequência, aperfeiçoar produtos e serviços, estar atualizadas no que diz respeito às tecnologias do setor, inovar em processos e procedimentos e investir em capacitação tendem a sobreviver mais no mercado. Experiência prévia ou conhecimentos no ramo influenciam na permanência das empresas no mercado. A estratégia da diferenciação mostrou-se mais vantajosa para a permanência das empresas no mercado do que a estratégia de custos. • Comportamento empresarial: antecipar-se aos fatos, buscar intensamente informações e persistir nos objetivos são comportamentos que distinguem os empreendedores de sucesso. Também é importante ter um plano de ações para atingir as metas e os objetivos e saber aonde quer chegar. Intensificar o contato com outras empresas, bancos, entidades e o Governo aumenta as chances de sobrevivência das empresas. 25 O Projeto do Business Plan, Instrumento de Planejamento e de Segurança Empresarial Capítulo 2 Olhando Para Trás, o Business Plan Como Instrumentode Medição O business plan, segundo Siegel et al. (1993), tem a finalidade de servir de parâmetro para os indicadores de desempenho organizacional. O business plan do ano anterior pode dizer a uma organização qual estratégia foi eficaz ou ineficaz. O mesmo ocorre com as implementações. A simplicidade é uma virtude, na medida em que facilita a implementação. Porém, muitas vezes, aquilo que parece simples no papel, quando está sendo preparado se torna complexo na implementação. O exame do desempenho real da organização em relação ao business plan pode identificar forças e fraquezas na organização. Muitas vezes, aquilo que parece simples no papel, quando está sendo preparado se torna complexo na implementação. O financiamento é fundamental para pôr em prática o business plan. De nada vai adiantar um business plan se não tiver como financiar a execução. Levantamento de Capital, o Business Plan Como Ferramenta de Financiamento O financiamento é fundamental para pôr em prática o business plan. De nada vai adiantar um business plan se não tiver como financiar a execução. Segundo Siegel et al. (1993), se uma organização não poder levantar dinheiro, tudo o mais será discutível. Embora o levantamento de recursos seja um obstáculo crítico, ele é apenas o primeiro de muitos. De acordo com Deutscher (2012, p. 55) “O BNDS aporta recursos nas empresas por meio de dois instrumentos: financiamentos de longo prazo e participação acionária. Em ambos os casos, o banco exige um plano de negócios”. A ideia de que um business plan seja apenas uma ferramenta de vendas para levantar recursos pode trazer problemas ao empreendedor. Para Dornelas (2008), o business plan é o cartão de visitas do empreendedor em busca do financiamento. As principais fontes de financiamento de patrimônio são: economias pessoais, capitalistas de risco, indivíduos abastados (anjos) e o mercado de títulos. As principais fontes de financiamento de dívidas são: bancos comerciais, programas assistidos pelo governo, fornecedores e emprestadores com base em ativos. • Economia pessoal, família, amigos: é o tipo de financiamento mais comum e que geralmente é conseguido devido a fatores pessoais e do ambiente que cerca o empreendedor. Nesse caso, vale mais a amizade e a confiança que as outras pessoas têm no empreendedor do que um business plan. Nesta 26 Elaboração de Business Plan modalidade de empréstimo existe o risco de quem emprestou o dinheiro se sentir dono do negócio, querendo dar suas ideias, seus palpites. • Investidor anjo: pessoa física, é um capitalista de risco que possui dinheiro e busca alternativas para obter melhor rentabilidade para esse capital. Diferente da forma de obtenção de financiamento com amigos ou familiares, o investidor anjo analisa e estuda muito o business plan e o seu potencial, antes de fazer o investimento. Os investidores anjos, em sua grande maioria, participam ativamente da gestão e procuram investir em empresas de suas áreas de conhecimento em qualquer âmbito. Além das categorias citadas, ainda existem categorias de investidores, como: Fundos de capital semente ou seed Money; venture capital e private quity (DEUTSCHER, 2012). • Fornecedores, parceiros estrangeiros, cliente e funcionários: o empreendedor pode achar estranho o fato de encontrar fornecedores, parceiros, cliente e funcionários na lista de fontes de financiamentos. Mas a pequena empresa deve necessariamente utilizar todas as alternativas possíveis para manter seu capital de giro e o fluxo de caixa positivo. Uma boa negociação com fornecedores, parcelando a compra da matéria-prima e, até mesmo, obtendo carência para o seu pagamento, pode ajudar substancialmente a organização. O mesmo pensamento serve para os parceiros estrangeiros, que poderão ajudar a empresa sabendo que serão recompensados no futuro próximo. Ainda temos o caso dos clientes que podem antecipar o pagamento das mercadorias, em troca de descontos ou outros benefícios. Os funcionários também são uma boa fonte de financiamento. Os funcionários com espírito empreendedor podem abrir mão do salário fixo em troca de participação nos resultados. Conseguir um financiamento não é tarefa fácil no Brasil. O empreendedor deve estar muito bem informado para saber avaliar qual a melhor opção de financiamento ou captação de recurso para o negócio. Usando Profissionalmente O business plan tem muito a ganhar se a sua construção for feita não só pelo empreendedor, mas também com a ajuda de outros profissionais, como consultores, advogados, contadores, administradores. Mas, também, não podemos deixar de falar das fontes informais, como mentores, conselheiros. Para Dornelas (2008), é muito importante que o empreendedor esteja bem assessorado desde o início, principalmente em relação aos aspectos contábeis e jurídicos de seu negócio. Para isso, deve recorrer a profissionais, advogados e contadores de sua confiança, que conheçam e tenham experiência no ramo de atuação da empresa, e, ainda, possam auxiliar o empreendedor na gestão do empreendimento. 27 O Projeto do Business Plan, Instrumento de Planejamento e de Segurança Empresarial Capítulo 2 O Papel do Plano no Levantamento de Recursos Financeiros A maior parte do business plan é redigido, segundo Siegel et al. (1993), por pessoas que estão em busca de financiamentos, o teste definitivo de um plano é o interesse que pode gerar em quem o analisa, no menor tempo possível. A este respeito, faz-se importante entender que o business plan é, na realidade, somente o início do processo de levantamento dos recursos. Ele é o primeiro documento que um analista irá receber. Atividade de Estudos: 1) Com base no que aprendeu com esta unidade, apresente seus argumentos para a elaboração de um business plan. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Algumas Considerações Aprendemos que o business plan apresenta um dinamismo que exige a constante atualização. É um documento que não serve para ficar na gaveta, precisa estar ao alcance do empreendedor, de forma a ser consultado sempre para garantir o alcance dos objetivos, servindo como um instrumento de medida. E, por fim, é o cartão de visitas para conquistar investidores ou financiadores de seu empreendimento. Muitos empreendedores subestimam a importância de se preparar um business plan. Eles subestimam o quanto o fato de se ter um bom plano pode ajudar uma nova organização a levantar dinheiro, planejar e controlar seus progressos correntes. Referências BARON, Robert A.; SHANE Scott A. Empreendedorismo: uma visão do proces- so. São Paulo: Thomson Learning, 2015. 28 Elaboração de Business Plan CASTRO, Luiz Humberto de. Arranjo produtivo local. Brasília: SEBRAE, 2009. p. 44. (Série Empreendimentos Coletivos). Disponível em: <http://goo.gl/J2JV9h>. Acesso em: 2 mar. 2011. DEUTSCHER José A. Plano de negócios. Rio de Janeiro: FGV, 2012. DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo. Transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. SEBRAE. Causa Mortis: o sucesso e o fracasso das empresas nos primeiros cinco anos de vida. 2014. Disponível em: <http://goo.gl/wFLJzl>. Acesso em: 19 jun. 2016. SIEGEL, Eric S. et al. Guia da Ernst & Young para desenvolver o seu plano de negócios. 2. ed. São Paulo: Record, 1993. CAPÍTULO 3 A Análise e Viabilidade do Negócio A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Identificar a viabilidade de um negócio. � Distinguir quais informações são importantes para medir a viabilidade do negócio. 30 Elaboração de Business Plan 31 A Análise e Viabilidade do Negócio Capítulo 3Contextualização Este capítulo tem como finalidade apresentar um modelo de estudo da viabilidade ou também chamado anteprojeto do negócio. O estudo da viabilidade de um negócio pode apresentar várias etapas, as quais variam de um autor para outro. Neste material foi adotado o modelo de estudo da viabilidade de Casarotto Filho (2009), por apresentar, como base, o mix de estratégias globais e políticas de negócio e gestão, com o objetivo de determinar os parâmetros para a concretização de um negócio. Neste capítulo, analisaremos a viabilidade de um negócio, seguindo a estrutura: • INFORMAÇÕES DO MERCADO • INFORMAÇÃO DE PRODUÇÃO – Definição das estratégias de produção – Opção tecnológica e fatores de produção – Caracterização do sistema produtivo • INFORMAÇÕES DE LOCALIZAÇÃO – Logística x localização – Relação da logística com estratégias globais • ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA Conceito O estudo da viabilidade ou anteprojeto de um negócio é conceitualizado por Casarotto Filho (2009) como sendo etapas de um empreendimento empresarial que consiste num conjunto de definições de parâmetros necessários à elaboração dos projetos de engenharia. Tais definições são decorrentes das decisões estratégicas para os negócios da organização. Para elaboração de um estudo de viabilidade de negócio, devemos seguir quatro parâmetros: • Informações de mercado – Definição dos produtos; – Esquema de distribuição e transporte dos produtos; – Sazonalidades de comercialização; – Variações de demanda; – Programa de comercialização. • Informações de localização 32 Elaboração de Business Plan – Microlocalização. • Informação de produção – Estratégias de produção; – Sistema de produção; – Dimensionamento preliminar das utilidades e instalações auxiliares; – Suporte tecnológico; – Matérias-primas disponíveis, sua sazonalidade e informações sobre outros insumos; – Mão de obra disponível; – Estratégias ou políticas quanto a recursos humanos; – Sazonalidade da produção; – Programa de produção; – Controle de poluição. • Informação sobre investimentos e recursos – Limitações de recursos disponíveis; – Limitações legais ou imposições quanto ao tipo ou à procedência de ativos, especialmente equipamentos; – Limitações de prazo. Passamos a analisar cada um destes quatro parâmetros de análise da viabilidade de um negócio. Informação do Mercado Existem três níveis de estudo do mercado com abrangências distintas: (i) gerência de marketing, (ii) viabilidade de negócio e (iii) análise estratégica. O estudo de mercado para gerencia de marketing desce a detalhes operacionais, como planejamento das vendas. Já os estudos de mercado para análise estratégica são voltados à definição das estratégias de competitividade e de produto/ mercado. Já o estudo de mercado para viabilidade de negócio visa definir elementos necessários à determinação dos parâmetros da viabilidade do negócio. Detalharemos os parâmetros para o projeto, fazendo uso dos objetivos propostos por Casarotto Filho (2009): o quê; quanto; onde; a quem; de que forma. • O que comercializar: Segundo Levitt (1986), as pessoas não compram produtos, mas sim soluções para seus problemas. O desenvolvimento de novas Estudo de mercado para viabilidade de negócio visa definir elementos necessários à determinação dos parâmetros da viabilidade do negócio. 33 A Análise e Viabilidade do Negócio Capítulo 3 soluções para problemas já existentes pode ser uma grande oportunidade de novos negócios. Percebe-se, aí, a interação do estudo de mercado, que procura detectar as demandas insatisfeitas, e da engenharia, que desenvolve novas soluções ou produtos. • Quanto comercializar: A resposta ao quanto?, ou seja, o programa de comercialização, levará em consideração o tamanho da unidade produtora. Com base no conhecimento do produto, procura-se determinar os níveis de oferta e procura. Esses níveis podem ser obtidos, em muitos casos, mediante a coleta de dados estatísticos. como vendas, consumo, exportação e importação. • Onde comercializar: A resposta ao “onde” significa fornecer as informações necessárias à escolha da localização da organização. Mercados mais concentrados podem ter uma fábrica exclusiva para seu atendimento. Mercados dispersos exigem estudos de custos de transporte e armazenagem para a definição da localização de uma ou mais unidades fabris. • A quem comercializar: a segmentação refere-se, basicamente, à definição do mercado consumidor, baseando-se em uma ou mais características. Pode ser feita por região, população, renda, sexo, raça, idade, características psicológicas, personalidade, benefício esperado, etc. O grande desafio está em definir os potenciais consumidores do produto, de forma a concentrar sobre estes os esforços promocionais e de venda. • De que forma comercializar: a resposta é a definição da estratégia de comercialização do produto, o chamado marketing mix. São considerados: qualidade; determinação do preço de venda; as formas de promoção e distribuição; os prazos para lançamento de novos produtos ou sua renovação e os prazos de entrega dos produtos ou responsividade. Informações precisas, claras e seguras do mercado são fundamental para o sucesso desta etapa. A tomada de decisão errada nesta fase pode comprometer o resultado final do projeto. Informação de Produção O estudo do sistema produtivo na viabilidade do negócio é início da materialização do futuro empreendimento. Segundo Casarotto Filho (2009), basicamente, o estudo do sistema produtivo compõe-se de três etapas: definição das estratégias de produção, opção tecnológica e fatores de produção; e, por fim, a caracterização do sistema produtivo. Estudo do sistema produtivo compõe- se de três etapas: definição das estratégias de produção, opção tecnológica e fatores de produção; e, por fim, a caracterização do sistema produtivo. 34 Elaboração de Business Plan Definição das Estratégias de Produção Uma das chaves do sucesso das organizações japonesas e alemãs, por meio da manufatura, apontada por Hill (1989), foi a integração das perspectivas funcionais com a estratégia corporativa, ou seja, a estratégia funcional de produção, refletida em processos e produtos consistentes com as estratégias globais, capazes de acompanhar a dinâmica do mercado mundial. Skinner (1985) acredita, além da competitividade mundial, nas mudanças tecnológicas e nas mudanças sociais na força de trabalho. Hayes e Wheelwrigt (1984) e Hill (1989) apresentam seis pontos de definição da estratégia de produção: • Ciclo do produto e do processo: o primeiro passo na determinação da estratégia de produção é a prospecção dos ciclos de vida do produto e do processo. Este exercício será o ponto de partida para a projeção da expansão da fábrica e seu posicionamento atual e futuro na matriz produto x processo. • Tecnologia do produto e do processo: Duas definições devem ser feitas: o posicionamento inicial e a evolução do posicionamento. • Nível de integração vertical: consiste explicitamente na política de negócio relativa à dependência de parceiros e terceirização de funções auxiliares. • Investimentos em produto e processo: é a definição dos investimentos permanentes, adequados às velocidades de inovação do produto e de evolução da tecnologia do processo, bem como a definição da tecnologia a deter ou comprar. • Política de recursos humanos na manufatura: consiste no detalhamento da política de gestão, ou seja, na definição de políticas específicas, como remuneração, participação, delegação, qualidade da mão de obra. • Qualidade, programação e controle: é a definição das linhas mestras para o sistema de garantia da qualidade e gerenciamento da produção e custos. As estratégias com produtos ou serviços são uma forma que o empresário tem de despertar o interesse do cliente para negociar com sua empresa. Importante saber o que seu cliente procura em seu negócio,de forma a atender suas necessidades e expectativas. 35 A Análise e Viabilidade do Negócio Capítulo 3 Opção Tecnológica e Fatores de Produção Cabe buscar, no ambiente técnico, tecnologias compatíveis com o produto e a estratégia de produção. É necessário um levantamento do histórico evolutivo, qualitativo e quantitativo de sua receptividade, bem como a antevisão das perspectivas de evolução. Atenção deve ser dada ao aproveitamento da tecnologia atualmente em uso pela organização e possibilidade de economia em novos investimentos. A estratégia de tecnologia da informação, segundo Lemos et al. (2012, p. 107), “Tem como objetivo o alinhamento de pessoas, processos, ambientes e estruturas com a estratégia da organização, usando, como elemento de ligação, a informação gerada por um aparato tecnológico desenvolvido de modo a sustentar sua realização“. Caracterização do Sistema Produtivo A caracterização do processo produtivo é um detalhamento da opção tecnológica, necessária para aumentar a certeza das projeções de investimentos, receitas e custos; e, também, para dimensionar a fábrica para dar condições ao início da etapa da engenharia básica. O arranjo físico é a maneira segundo a qual se encontram dispostos fisicamente os recursos que ocupam espaço dentro da instalação de uma operação. A disposição dos arranjos físicos pode ajudar no sistema produtivo de uma organização. Os tipos básicos de arranjos físicos são: processo; produto; posicional; celular; flexível. Informações de Localização Onde localizar suas operações é uma das mais importantes decisões de longo prazo sobre custos e receitas de uma organização. Custos de transporte podem alcançar até 25% do preço de venda do produto. Uma boa escolha de localização pode reduzir os custos totais em até 10% (HEIZER; RENDER, 1990). A decisão sobre a localização das operações da fábrica não é a única a ser tomada. A organização tem que considerar a distribuição e levar em conta que a localização dependerá da estratégia de comercialização: quantidade, prazo, distribuição do mercado e outras variáveis. Deve observar, também, estratégias de produção: produto, processo, fatores de produção e outras variáveis. 36 Elaboração de Business Plan O estudo da localização de uma fábrica ou sistema de operações é algo muito complexo, que considera a distribuição, o mercado e a produção. Logística x Localização Enquanto a logística é a arte de administrar o fluxo de materiais, da fonte de matérias-primas ao usuário, a localização é um parâmetro a ser determinado. Segundo Lemos et al. (2012, p. 107), “a estratégia de logística diz respeito ao gerenciamento da cadeia de abastecimento (supply chain management), apresenta dimensão fundamental na geração de vantagens competitivas, a logística apresenta-se como um grande desafio das organizações. Envolve, entre outros aspectos, as políticas de aquisição/estoques, a flexibilidade e a rapidez da colocação de insumos no processo produtivo ou do produto final ao cliente, a capilaridade e o poder de penetração nos mercados[...]“. O sistema logístico é composto pelos seguintes itens: • Estoque; • Aquisição e controle de matérias-primas; • Aquisição de serviços terceirizados; • Meios de transporte; • Capacidade de produção e flexibilidade; • Comunicação e controle; • Recursos humanos; • Respeito ao meio ambiente. No estudo da viabilidade de um negócio, a análise da logística será uma espécie de check ou compatibilização das decisões sobre comercialização e produção com as decisões sobre localização. Relação da Logística com Estratégias Globais Dois tipos de estratégias globais têm forte influência nos estudos logísticos: estratégia de competitividade e estratégia de produto/serviço. • Estratégia de competitividade: a situação mais simples é a da estratégia de foco de mercado (com liderança de custo). Isso implica produtos padronizados voltados para determinado segmento e com distribuição dedicada. No entanto, à medida que se abre o mercado a vários segmentos e busca-se a diferenciação do produto, esquemas alternativos de distribuição e aquisição passam a ser 37 A Análise e Viabilidade do Negócio Capítulo 3 obrigatórios para manter uma responsividade adequada. • Estratégia de produto/serviço: estratégia de verticalização a montante, em geral, favorece a logística, pois, normalmente, à medida que se sobe na cadeia, tende-se a chegar a uma matéria-prima apenas, a própria matéria-prima que dá origem à cadeia. Exemplo seriam as áreas da madeira, papel, metais, entre outras. A logística está cada vez mais presente no cotidiano, evoluindo de um mero departamento organizacional, passando para um importante centro estratégico organizacional. Análise Econômico-Financeira A análise econômico-financeira inclui o equacionamento dos recursos necessários ao projeto. A análise econômico-financeira tem uma metodologia flexível, visto que a resposta necessária pode ser diferente para cada situação de projeto. Por exemplo: em uma expansão de capacidade, um tipo de resposta pode ser o retorno do investimento incremental. Já num projeto associado a novo produto, a resposta pode ser o preço mínimo obtido para esse novo produto. Projetos de novas unidades podem ser tratados isoladamente, ao passo que expansões, modernizações e relocalizações devem levar em consideração o incremento em relação à situação atual. Podemos listar uma série de tipos de respostas exigíveis de uma análise econômico-financeira: • Montante dos investimentos; • Financiamentos; • Montante de recursos próprios; • Custo dos produtos; • Preços possíveis; • Retorno do investimento próprio; • Risco de pagamento do financiamento; • Possibilidades de pagamento de dividendos; • Índices de produtividade dos recursos; • Índices de risco financeiro; • Sensibilidade econômico-financeira a fatores externos. As respostas funcionam como um feedback para decisões já tomadas durante o estudo da viabilidade do negócio, pois só agora se possui um nível mais preciso de informações. Isso implica que até decisões em nível de estratégia 38 Elaboração de Business Plan global podem ser revistas, e, inclusive, as políticas, especialmente as de negócios, como, por exemplo, os riscos ou o endividamento. Passamos a analisar o fluxo para elaboração da análise econômico- financeira. • Investimento fixo: dimensionamento do investimento fixo, como terrenos, construção civil, equipamentos de produção, instalações industriais, infraestrutura administrativa, engenharia, entre outras. • Projeções de receitas e custos: as receitas são o programa de produção multiplicado pelo preço de mercado dos produtos, obtido no estudo de mercado. A análise deve ser flexível par aceitar diversas hipóteses de preços, no caso de novos produtos ou de produtos com preços sensíveis a variações do ambiente, quer seja econômico, quer cultural, quer tecnológico. • Capacidade de giro próprio: a estrutura do capital de giro deve ser confrontada com uma nova situação após o projeto para apurar o adicional necessário, ou, em certos casos, um enxugamento gerador de caixa. Em algumas situações, a adequação do capital de giro pode representar um verdadeiro saneamento financeiro, trocando o financiamento de curto prazo por linhas de longo prazo. • Financiamento: políticas de negócios relativas à formação do capital, reinvestimento, novos aportes, endividamento e custo de empréstimos de longo prazo devem orientar a previsão de fontes e quantidade de recursos para financiar o projeto. • Cronograma de usos e fontes dos recursos: proporciona um cronograma com um exercício de previsão de implantação de projeto, com a discriminação dos investimentos, a estruturação das fontes de financiamento e os aportes de recursos próprios, conforme a disponibilidade dos recursos. • Projeção de resultados: as projeções de receitas, custos, despesas, depreciaçõese amortização de despesas pré-operacionais possibilitarão projetar o demonstrativo de resultados, apurando-se o resultado líquido anual. • Projeto de fluxo de caixa: Com base nas projeções de resultados e de amortizações de financiamento, pode-se projetar os fluxos de caixa para o empreendimento e para o acionista. • Índices de produtividade do ativo: Com o cruzamento das informações do quadro de usos e fontes com as da projeção de resultados, é possível obter indicadores de produtividade de contas 39 A Análise e Viabilidade do Negócio Capítulo 3 do ativo. Rentabilidade dos recursos próprios, rotação do ativo fixo, do capital de giro ou de alguns de seus componentes, receitas por unidade de ativo são alguns dos itens obtidos. • Índices de produtividade de recursos circulantes: com base nas projeções de resultados, pode-se cruzar as receitas com diversos tipos de custos e obter índices de produtividade de fatores de produção pelo índice receita por unidade de fator, ou pela divisão do lucro pela receita, obtendo a lucratividade, ou, ainda, os índices de ponto de equilíbrio econômico, ou financeiro. • Capacidade de pagamento: A capacidade de pagamento dos exigíveis de longo prazo (financiamentos) gerará um feedback para a estruturação do quadro de usos e fontes, ajudando a dimensionar o grau máximo possível de participação de financiamentos no projeto. • Cálculo do retorno do investimento: uso de indicadores como TIR, VPL, EVA, Índice de lucratividade, payback, são indicadores recomendados para análise do retorno do investimento. • TIR (taxa interna de retorno) é uma técnica sofisticada de orçamento de capital, trata-se de uma taxa de retorno composta que a empresa obterá ao investir em um projeto, considerando as entradas de caixa prevista. Gitman (2010) referencia que ao aceitar apenas projetos com TIR’s superiores ao custo de capital, a empresa aumentará seu valor de mercado e a riqueza dos acionistas, como também evidencia se a oportunidade de investimento é viável para o investidor. • VPL (valor presente líquido) também conhecido como valor atual líquido (VAL), é o critério mais recomendado por especialistas em finanças para decisão de investimento. Esta recomendação está fundamentada no fato de que o VPL considera o valor temporal do dinheiro (um recurso disponível hoje vale mais do que amanhã, porque pode ser investido e gerar juros). Além disso, permite uma decisão mais acertada quando há dois tipos de investimentos, pois, ao considerar os fluxos futuros a valores presentes, os fluxos podem ser adicionados e analisados conjuntamente (FONSECA; BRUNI, 2016). • Payback corresponde ao período de tempo necessário para que as entradas de caixa se igualem ao valor a ser 40 Elaboração de Business Plan investido, ou seja, o prazo de recuperação de um investimento. O Payback descontado é bem semelhante ao Payback, o que difere é que nele calcula-se o tempo de retorno do capital investido a partir do valor presente dos fluxos de caixa, considerando o custo de capital (FONSECA; BRUNI, 2016). • O método do índice de lucratividade compara o valor presente das entradas de caixa futuras com investimento inicial de um projeto, conforme a fórmula: IL = (VP DO Fluxo de caixa / Investimento Inicial). Nesse método, apenas projetos com índice de lucratividade maiores ou iguais a 1 são aceitos. Dessa forma, o mesmo resultado é encontrado através da abordagem do valor presente líquido e do IL, devendo ser tomadas as mesmas precauções quanto à taxa de desconto utilizada para o cálculo do valor presente dos fluxos de caixa. Fonte: Fanti (2015, p. 20). A análise dos indicadores financeiros é uma forma importante de medir seu desempenho. Por meio das análises financeiras os gestores conseguem ter uma visão mais clara da situação e do desempenho organizacional. Atividades de Estudos: 1) Podemos alcançar os objetivos do estudo do mercado respondendo a algumas perguntas. Quais são estas perguntas? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 2) O estudo do sistema produtivo compõe-se de três etapas: (i) definição das estratégias de produção; (ii) opção tecnológica e fatores de produção; e, por fim, (iii) a caracterização do sistema produtivo. Quais são os cinco pontos de definição da estratégia de produção? Comente cada uma delas. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 41 A Análise e Viabilidade do Negócio Capítulo 3 __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 3) Dois tipos de estratégias globais têm forte influência nos estudos logísticos: estratégia de competitividade e estratégia de produto/ serviço. Comente cada uma delas. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 4) A análise econômico-financeiro aborda um fluxo de informações bem extensa. Cite pelo menos cinco destas informações do fluxo. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Algumas Considerações Modelos para análise estratégica da organização, ou para análise de cadeias produtivas, ou de competências regionais, ou, ainda, técnicas de cenários podem ser adaptados e incorporados a modelos de estudos da viabilidade de negócio com significativos ganhos de resultados. Novos ambientes de projetos são dominados pela palavra “mudança”. A globalização dos mercados, a velocidade do desenvolvimento tecnológico, as questões ambientais e o ambiente sociocultural exigem mudanças, quer pela via da melhoria contínua das fábricas, quer pela via da reengenharia, ou seja, a recriação dos negócios. E mudança, nesse sentido, significa investimentos, que impõem uma análise prévia, objeto do estudo da viabilidade do negócio. 42 Elaboração de Business Plan Referências CASAROTTO FILHO, Nelson. Elaboração de projetos empresariais: análise estratégica, estudo de viabilidade e plano de negócio. São Paulo: Atlas, 2009. FANTI, Leonardo Donizete. The use of the techniques of net present value, internal rate of return and discounted payback: a feasibility study of investment in breda group ltda. DESAFIO Online, Campo Grande, v. 3, n. 1, Jan./Abr. 2015. FONSECA, Y. D.; BRUNI, A. L. Técnicas de avaliação de investimentos: uma breve revisão da literatura. Portal de Desenvolvimento da Bahia <http://www. desenbahia.ba.gov.br/uploads/2308201122384375Artigo_05.pdf > Acesso em: 09 jul. 2016 GITMAN, L. J. Princípios da Administração Financeira. 12. ed. São Paulo: Peardon Prentice Hall, 2010. HAYES, R.H.; WHEELWRIGT, S.C. Restoring our competitive edge-competing througt manufacturing. New York: John Wiley, 1984. HEIZER, J; RENDER, B. Productions and operations management: strategies and tactics. Boston: Allyn and Bacon, 1990. HILL, Terry. Manufacturing strategy. Londres: Mac Millan, 1989. LEMOS, Paulo M. et al. Gestão estratégica de empresas. Rio de Janeiro: FGV, 2012. LEVITT, Theodore. Imaginação de marketing. São Paulo: Atlas, 1986 SKINNER, W. Manufacturing: the formidable competitiveweapon. New Jersey: John Wiley, 1985 CAPÍTULO 4 Business Plan Para uma Nova Empresa, Empresa Existente, um Novo Produto ou Serviço, um Novo Processo A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Apontar os planos existentes de forma a identificar o melhor caminho de acordo com suas necessidades. � Escolher o plano adequado para cada tipo de empresa. 44 Elaboração de Business Plan 45 Business Plan Para uma Nova Empresa, Empresa Existente, um Novo Produto ou Serviço, um Novo Processo Capítulo 4 Contextualização Hoje, os novos empreendedores não podem reclamar da falta de informações sobre business plan. Os empreendedores são muito bem alimentados com informações vindas tanto do governo como de ONGs. O Sebrae disponibiliza material didático, cursos, consultoria e software para ajudar na elaboração do business plan. O instituto Empreender Endeavor oferece diversos artigos e vídeos que explicam como escrever um plano. As principais faculdades já têm em sua grade disciplinas ligadas ao empreendedorismo. Isso sem falar das incubadoras, livros e a própria internet. Existe business plan específico para cada tipo de empreendimento. Nesta sessão, daremos ênfase a três planos: business plan para empresas nascentes; business plan para empresa existente; business plan para novos produtos e/ou serviços. Business Plan Para Empresas Nascentes Cada tipo de business plan de uma organização nascente é elaborado em uma situação específica, com objetivos também específicos. Por essa razão, cada tipo de plano tem uma função principal inicial, que pode ser modificada posteriormente. Nakagawa (2011) classificou o business plan das empresas nascentes em seis grupos principais: • Sem planos de negócio: responsáveis pelo maior número de negócios criados no Brasil. As empresas são criadas sem nenhum planejamento. • Plano de negócio fictício: existem duas situações, pelo menos, em que planos de negócios são elaborados, mas não utilizados: ocorrem nos casos das disciplinas de cursos de graduação e pós-graduação e de competições de empreendedorismo e planos de negócio. • Planos de negócios operacionais: são planos utilizados pelos empresários para analisar a viabilidade (técnica e financeira) e para auxiliar na criação e desenvolvimento do negócio. Inclui plano mais simplificado para empresários iniciantes, com pouca familiaridade com as ferramentas de gestão de negócio, como os observados na nova categoria estabelecida pelo governo federal, Business plan de uma organização nascente é elaborado em uma situação específica, com objetivos também específicos. 46 Elaboração de Business Plan o empreendedorismo individual, e planos mais detalhados, para os que já dominam as principais ferramentas de planejamento e gestão de negócios. • Planos de negócio para captação de recursos: são planos para a captação de recursos de investidores privados e agências governamentais de fomento. Para Deutscher et al. (2012, p.51), “Os clientes agora são pragmáticos que exigem soluções dentro de padrões de qualidade negociados. Nesse momento, o plano de negócios a ser apresentado ao investidor de risco deve contemplar a construção de outros ativos intangíveis que reforcem o regime de apropriabilidade”. • Plano de negócio para parcerias: são planos de negócios que implicam a consideração de contribuição do parceiro no planejamento estratégico da organização nascente, como ocorre com os planos escritos para os editais de incubadoras de empresas. • Planos de negócio elaborados por organizações: ao contrário dos demais casos, em que o plano é elaborado por indivíduos interessados em planejar um negócio próprio, as empresas nascentes criadas por organizações não são associadas a um empreendedor individual, mas sim a uma combinação de interesses de uma ou mais organizações. Entram nessa classificação, os planos de negócio para joint ventures, Project e parcerias público-privadas. Nessa situação, a organização nascente é, em geral, uma sociedade do proposito específico, criada apenas para aproveitar uma oportunidade bastante clara e objetiva de negócio. O plano para empresa nascentes é muito importante para que a empresa desde o início já tenha um plano bem definido, aumentando suas chances de sobreviver aos primeiros anos de uma empresa, que costumam ser os mais difíceis. Business Plan Para Empresa Existente Da mesma forma que ocorre com as organizações nascentes, o business plan também pode ter diversos objetivos para as organizações existentes. Nakagawa (2011) classificou o business plan das empresas existentes em cinco grupos principais: • Sem plano de negócio: a maioria das empresas existentes, principalmente as de menor porte, não faz planejamento estratégico e business plan, tornando difícil o trabalho dos gestores no desenvolvimento do negócio. • Planos de negócio operacional: provavelmente é a situação em que o business 47 Business Plan Para uma Nova Empresa, Empresa Existente, um Novo Produto ou Serviço, um Novo Processo Capítulo 4 plan tem mais utilidade. Empresas existentes têm mais conhecimento e vivência para elaborar melhores planos de negócio para orientar o desenvolvimento dos seus negócios. • Planos de negócios para captação de recursos: diversas linhas de apoio a empresas, existentes no Brasil, como investidores privados, agências de fomento, bancos de desenvolvimento, exigem um business plan no processo de avaliação. • Plano de negócio de projetos: o business plan também deve ser elaborado para projetos das empresas existentes, como novos produtos ou serviços e novas unidades de negócio. • Planos de negócio para recuperação judicial: infelizmente, algumas empresas entram em processo de declínio. A Lei n. 11.101/2005, no entanto, possibilita que se recuperem. O documento central desse processo é um business plan (de recuperação da empresa). O business plan para empresas existentes é tão importante quanto para as nascentes. Empresas que ainda não têm o business plan podem usá-lo para garantir a sua existência por muitos anos, e, para empresas que já fazem o plano, servirá para garantir que a empresa está seguindo o caminho correto para o desenvolvimento organizacional. Plano de Negócio Para Novos Produtos e ou Serviços Tradicionalmente, as organizações desenvolvem um projeto de novo produto ou serviço em detrimento de um business plan para o mesmo fim. É comum as organizações tratarem um novo produto ou serviço como uma iniciativa isolada, não dando a devida atenção à estratégia da organização. Segundo Barkley (2007), muitos novos produtos não se encaixam no business plan (e na competência da empresa) pelo simples fato de o projeto ter sido aprovado sem a consideração da capacidade interna de executá-la. Esse desenvolvimento será um fracasso, apesar do ótimo gerenciamento de projeto e do desempenho do novo produto. Para evitar que isso aconteça, o gerente de projeto precisa estabelecer fortes vínculos com os planos e estratégias corporativos e assegurar que seu projeto está vinculado ao processo de planejamento e orçamento da organização. É comum as organizações tratarem um novo produto ou serviço como uma iniciativa isolada, não dando a devida atenção à estratégia da organização. 48 Elaboração de Business Plan O business plan, segundo Wheelwright e Clark (1992), desenvolvido pelo pessoal do marketing e finanças não é suficiente. Não basta pegar o business plan da organização e adicionar parte do projeto do novo produto. É necessário o entendimento de para onde o negócio está indo, quais serão as questões para se chegar lá e como o projeto se ajusta a este cenário. A importância do business plan de novos produtos ou serviços tem crescido nos últimos anos em virtude do aumento da percepção da importância do tema inovação. Apesar de omanual de Oslo (OECD, 2005) considerar processos novos, ou significativamente melhorados, e novos métodos de marketing ou organizacionais, como inovação, a maior atenção das organizações ainda está concentrada nas inovações de produtos e serviços. Uma das constatações dessa preferência por inovação em produtos e serviços são as várias linhas oferecidas por agências governamentais como Finep, BNDES e Fapesp, que apoiam o desenvolvimento de novos produtos. Atividades de Estudos: 1) Caracterize as classificações do plano de negócio das empresas nascentes. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Caracterize as classificações do plano de negócio das empresas existentes. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Algumas Considerações Diversos aprendizados podem ser tirados de casos de empreendedorismo na história do Brasil e do mundo, como o caso da “Webvan”, só para citar um exemplo. 49 Business Plan Para uma Nova Empresa, Empresa Existente, um Novo Produto ou Serviço, um Novo Processo Capítulo 4 Acesse o link para ter acesso ao estudo de caso de “Webvan”: <http://www3.fsa.br/localuser/sig/3%20SIG%20Atividades/ A04%20Estudo%20de%20Caso.pdf>. O principal aprendizado é que não há business plan perfeito. Portanto, não se iluda com promessas de planos de negócios vencedores, efetivos ou vitoriosos. Da mesma forma, não subestime a importância do planejamento e do plano para o desenvolvimento do seu negócio. Referências BARKLEY, B. Project management in new product development. Nova York: McGraw-Hill Professional, 2007. OECD. Oslo Manual: Guidelines for collecting and interpreting innovation data. Paris: OECD Publishig, 2005. WHEELWRIGHT, S.; CLARK, K. Managing new product and process development: text and cases. Nova York: Free Press, 1992. 50 Elaboração de Business Plan CAPÍTULO 5 Os Modelos, Conceitos, Análises e Diagnósticos Inerentes a um Business Plan A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Elaborar os diferentes modelos de Business Plan, desenvolvendo suas análises e diagnósticos. � Elaborar um Business Plan adequado ao empreendimento, de forma a identificar sua viabilidade. 52 Elaboração de Business Plan 53 Os Modelos, Conceitos, Análises e Diagnósticos Inerentes a um Business Plan Capítulo 5 Contextualização O business plan é um documento usado para descrever um empreendimento e o modelo de negócio que sustenta a organização. Sua elaboração envolve um processo de aprendizagem e autoconhecimento e, ainda, permite ao empreendedor situar-se no seu ambiente de negócio. Existem diversos modelos de business plan. Não há um mais certo do que outro, o que existem são abordagens diferentes. Neste capítulo, apresentaremos um modelo de business plan baseado nos estudos de Dornelas (2008) e Cecconello e Ajzental (2008), que apresentam modelos que se complementam, à medida que o mercado dinâmico não apresenta um modelo padrão a ser seguido. O modelo apresentado segue a seguinte estrutura: • Capa; • Sumário; • Sumário executivo; • Descrição da empresa; • Produtos e serviços; • Mercado e competidores; • Marketing e vendas; • Análise estratégica; • Plano financeiro. Modelo Business Plan Baseado em Dornelas (2008) e Cecconello e Ajzental (2008) De acordo com o que você estudou até agora, já consegue perceber a importância de um business plan, certo? De forma resumida, um business plan é um “roteiro” das variáveis financeiras, de marketing, de produto, etc., que guiará e dimensionará a nova empresa. Ao criar uma nova empresa, o empreendedor deve listar os principais aspectos do empreendimento no business plan, essa ação possibilita ter uma visão de ponta a ponta do que o negócio é e do que pode se tornar. A seguir, apresentamos um modelo de plano de negócios, o qual possui os pontos mais importantes a serem observados. 54 Elaboração de Business Plan Capa O business plan inicia com a capa, Dornelas (2008) relaciona algumas informações fundamentais que precisam aparecer na capa do business plan: • Nome da empresa (empresa); • Endereço da empresa; • Telefone da empresa (incluindo DDD); • Logotipo, se a empresa tiver um; • Nomes, cargos, endereços e telefones dos proprietários da empresa (dados do gerente e principais pessoas chave da empresa); • Mês e ano em que o plano foi feito; • Número da cópia; • Nome de quem fez o Plano de Negócios. Sumário O sumario do business plan deve apresentar o título de todas as seções, capítulos e itens do business plan e de suas respectivas páginas, de forma a facilitar ao leitor encontrar a seção que mais lhe interessa. Cecconello e Ajzental (2008) ressaltam que geralmente subitens não são incluídos no sumário. Sumário Executivo Diferente de uma introdução, o sumário executivo, segundo Cecconello e Ajzental (2008), diz respeito a um resumo do trabalho. Deve-se levar em consideração que os avaliadores têm muitos planos para ler, dessa forma, o sumário executivo deve proporcionar ao leitor uma ideia do conjunto da obra e, principalmente, prender sua atenção e despertar a curiosidade para que leia o plano inteiro. O Sumário Executivo, segundo Dornelas (2008), é a principal seção de um business plan e deve expressar uma síntese do que será apresentado na sequência, preparando o leitor e atraindo-o para uma leitura com mais atenção e interesse. Embora o Sumário Executivo apareça no início do business plan, deve ser a última coisa a ser escrita durante a elaboração do plano. É muito mais eficiente e coerente escrever uma síntese depois de se preparar o texto básico que a origina. 55 Os Modelos, Conceitos, Análises e Diagnósticos Inerentes a um Business Plan Capítulo 5 O Sumário Executivo é uma forma de sintetizar ou resumir todo o business plan, segundo Deutscher et al. (2012, p. 69), o “resumo, mostrando claramente os caminhos que serão seguidos para que o objetivo de tornar o empreendimento um sucesso seja atingido”. Para cumprir esse propósito, é preciso resumir a mensagem. Não existe um consenso em relação à quantidade de páginas de um business plan. Para Dornelas (2008), não deve ter mais do que 2 páginas (no caso do plano completo) ou no máximo 1 página (plano resumido). Para Cecconello e Ajzental (2008), deve ter de três a cinco páginas. Por se tratar do item mais importante de um business plan, ele deve conter todas as informações-chave do plano. O melhor business plan é aquele mais objetivo e seu Sumário Executivo deve seguir esta regra, contemplando a essência do plano. Para Baron e Shane (2015), a lição é clara, muitas vezes, temos apenas uma breve oportunidade para estimular o interesse da outra pessoa, para deixá-la interessada o suficiente para querer saber mais. Essa é, em essência, a finalidade do resumo executivo. Descrição da Empresa A sessão Descrição da Empresa do business plan tem como objetivo fazer o leitor entrar em contato com a concepção da organização, sua proposta, sua oferta, a solução adotada diante do trabalho realizado. Esse é o caminho mais rápido e direto para que o leitor entenda seu posicionamento. Depois, com interesse nas razões para a solução adotada, procura entender o percurso metodológico utilizado e as bases estudadas (CECCONELLO; AJZENTAL,
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