Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Psicologia Social I Aula 2 - Características, Aplicações e Correntes da Psicologia Social Professora: Natália Rodrigues email: natalia.mrodrigues@hotmail.com Conceito e Características da Psicologia Social • A Psicologia, como ciência, possui diversas abordagens, que podem ser caracterizadas como formas de se enxergar o mundo, assim como recortes específicos de áreas de atuação. • A Psicologia social ocupa um espaço específico no estudo da psique humana, que, pelo seu próprio nome, encontra-se no limite entre o ser humano propriamente dito e o ambiente que o circunda. • A Psicologia Social é parte integrante da Psicologia e esta última possui a mente humana como objeto de estudo mais intrínseco e que a primeira não desconsidera isto. • Desta maneira, não faz parte do seu interesse o estudo de fatores ambientais isolados, mas de como este é compreendido e se relaciona com o ser humano. O estudo de fatores ambientais sem ter a mente ou o comportamento como foco fica por conta de outros saberes, como a Sociologia. • De acordo com Aronson, Wilson e Akert em seu livro Psicologia Social (2002), o comportamento social e os fatores internos que interferem na forma como o ser humano percebe e entende o mundo em seu torno não são de interesse exclusivo da Psicologia Social e Sociologia. • A Psicologia, mesmo considerando os fatores sociais, que são externos ao sujeito, volta o seu interesse aos fatores internos que influenciam e sofrem influências do ambiente. Já estes outros conhecimentos se interessam mais por fatores societários, econômicos, políticos e históricos mais amplos, que influenciam os fatos em uma dada sociedade. • O objetivo da Psicologia Social é identificar propriedades universais da natureza humana que tornam cada pessoa – independente da sua classe social e cultura – suscetível à influência social (Aronson, Wilson e Akert, 2002). • Existem de duas grandes abordagens dentro da própria psicologia social: – Psicologia Social Psicológica - se ocupa com o estudo dos processos psicológicos individuais relacionados com estímulos e situações sociais (Krüger, 1986) e possui como base a Psicologia Cognitiva para elucidação de diversas definições de fenômenos percebidos e estudados. – Psicologia Social Sociológica - enfatiza o grupo e nas ações coletivas. Frutos desta abordagem, temos os conceitos de identidade social e as representações sociais. • A Psicologia Social procurar fatores em comum nas sociedades e culturas e não nas diferenças, orientação fruto desta última. Sendo assim, Krüger (1986) definiu alguns aspectos que lhe são mais característicos: – Individualismo, experimentalismo, microteorização, etnocentrismo, utilitarismo, cognitivismo e a-historicismo. História da Psicologia Social • Filosofia - República de Platão (428-347 a.C.) e na Política de Aristóteles (384-322 a.C.) que iremos encontrar os primeiros argumentos e observações sistemáticas a respeito da natureza do Homem e de suas necessidades sociais. • A Psicologia Social nasceu no ano de 1908, através das publicações do psicólogo William MacDougall e do sociólogo Edward Alsworth Ross e mesmo este último não sendo um psicólogo legítimo, foi a “internalização” do contágio emocional, que até então já havia sido provado que acontecia nas massas, de um indivíduo ao outro. Já o primeiro teorizou a influência dos instintos no comportamento individual e coletivo. • Gustav Le Bon - Em sua obra Psicologia das Multidões Le Bon desenvolve o conceito de que o sujeito se transforma, não importando a sua inteligência, influências culturais, hereditárias, estilo de vida ou qualquer outro fator que delimite sua subjetividade e que tais características se tornam secundárias quando este se insere num grupo. Inclusive, ao fazer parte deste grupo, de acordo com Le Bon, este conglomerado de pessoas desenvolveria uma espécie de mente coletiva, que não se trataria do somatório das consciências individuais de seus integrantes. • Wilhelm Wundt - desenvolveu uma obra, a Psicologia dos Povos, que se caracterizou pelo estudo da evolução psíquica e moral do ser humano desde a época primitiva, até ao seu tempo, cuja complexidade dos relacionamentos humanos são perceptíveis pelas diferenças e peculiaridades dos povos. • Kurt Lewin - responsável pela Teoria de Campo, cujas aplicações deveriam ocorrer nas ciências sociais, especialmente na Psicologia Social. O fulcro do pensamento lewiniano é o de que o nosso comportamento é influenciado pelas cognições que temos da realidade em que nos situamos. Cabe acrescentar que Lewin também atuou pioneiramente na aplicação do método experimental ao estudo de grupos sociais humanos, gerando uma área de pesquisas, teorização e aplicações práticas, por ele denominada Dinâmica de Grupo. Psicologia Social no Brasil • A Psicologia Social em território brasileiro, seguiu dois grandes passos. • 1º - Constituiu-se pela estruturação da própria cadeira em nosso país. Desta maneira, alguns estudiosos com arcabouços teóricos divergentes encontraram espaço para criar e disseminar seu conhecimento. • 2º - Com o desenvolver dos trabalhos, seus resultados e, principalmente, na passagem para a geração seguinte, apenas a Psicologia Social Psicológica, cujo interesse se foca principalmente nos fatores cognitivos que podem fazer com que a pessoa perceba o mundo a sua volta e, por conseguinte, possa influenciar e ser influenciado, manteve-se atuante. • Raul Carlos Briquet - Seu arcabouço teórico se caracteriza pelo privilégio aos fatores psicológicos que motivavam o comportamento social, em detrimento da escola sociológica. Nestes estudos, fatores como instinto, hábito e a capacidade intelectual do sujeito consistiam no comportamento social. Aliado aos pontos já citados, Briquet também estudou a variável identidade social, que, segundo o próprio, consiste em três fatores: Sugestão, imitação e simpatia. Arthur Ramos • Em 1903, nascia em Alagoas um dos maiores cientistas psicológico do Brasil. Sendo mais específico, na cidade de Pilar e aos 23 anos se formou na Faculdade de Medicina da Bahia e se tornou doutor ao defender sua tese, Primitivo e Loucura. • Desde o início, mesmo com formação em Medicina, seus esforços já corroboravam a validade do crescimento da Psicologia. Entre 1931 e 1933, lançou alguns livros importantes para a Psicologia, como: Estudo da Psicanálise (1931), Freud, Adler e Jung (1933) e Psiquiatria e Psicanálise (1933). • Em 1934, mudou-se para o Rio de Janeiro e assumiu a direção da Seção Técnica de Ortofrenia e Higiene Mental do Departamento de Educação e Cultura do Distrito Federal. No entanto, foi em 1935, que Artur Ramos assumiu a cadeira de Psicologia Social desta Universidade e, no ano seguinte, publica a obra Introdução a Psicologia Social. • Nesta obra ele fez uma ponte entre a Psicologia Social, Psicanálise, Sociologia e Antropologia e, como este acreditava que a ação em uma criança é mais efetiva que num adulto, este focou sua atenção e esforços a crianças e na área educacional. • Uma das propostas de Arthur Ramos era que os professores fizessem uma espécie de análise coletiva, onde considerava a importância do grupo no diagnóstico de possíveis desajustes. • Além disto, a forma como a família da criança vivia também era estudada, pois era nela que a individualidade da criança se constituía e aconteciam as primeiras e mais intensas interações sociais. • De acordo com sua teoria, o ser humano não é um ser social, mas aprendia isto com os contatos sociais e papéis sociais desempenhados. A própria família era o grupo social básico e mais intenso para o desenvolvimento da criança. • Em suma, tanto pela sua produção e atuação acadêmica de destaque, como pelo seu desempenho em cargos de alta influência no crescimento da Psicologia Social,colocamos Arthur Ramos em uma posição de destaque no desbravamento da Psicologia Social no Brasil. • Percebe-se então a História da Psicologia ainda é mais curta que a da Psicologia como um todo, mesmo considerando que a chamada “psicologia ingênua” já ocupasse a mente dos filósofos da Antiguidade, da mesma maneira que o interesse específico pelos objetos tradicionais da psicologia: o comportamento e acima de todos, a mente humana e seus processos. • As principais correntes da Psicologia Social – Sócio-Experimental (Social I) – Sócio-Histórica (Social II) Principais correntes da Psicologia Social Psicologia Social e diferentes aplicações • Psicologia Social e Comunidade • Psicologia Social e Escola • Psicologia social e Saúde • Psicologia Social e Relações de Trabalho • Psicologia Social e o campo jurídico • Psicologia social e as Políticas públicas • ... • Discutir psicologia social a partir de diferentes áreas de atuação implica em pensar que: – “Não é o lugar que define a postura de um profissional – embora nem todos pensem assim –, é antes a capacidade de refletir criticamente sobre teorias, métodos e práticas, avaliando resultados e pensando acerca das necessidades do país em que nos encontramos (EIZIRIK, 1988, p. 33).” • O local é demarcado, mas a atuação profissional que defendemos é necessariamente múltipla, posto que assim se caracteriza a realidade. • Toda e qualquer ação humana (aí incluindo-se o fazer psicológico) é sempre e necessariamente política, pessoal, social e histórica. • É, nesse sentido, concomitantemente afetiva, cognitiva, social, motora, posto que em toda e qualquer situação apresentamo- nos como um todo, enquanto sujeitos histórica e socialmente constituídos e, ao mesmo tempo, como constituidores ativos do contexto no qual nos inserimos. • A nossa ação, portanto, está sempre comprometida, tenhamos consciência disso ou não, com um projeto de sociedade (ZANELLA, 2009) REFERÊNCIA • ARONSON, E.; Wilson, T. D. & Akert, R. M. Psicologia social. São Paulo: LTC, 2002. • KRÜGER, H. Introdução a Psicologia Social. Vozes. Petrópolis, 1985. Capítulo 5 • RODRIGUES, A; Assamar, E. M. L.; Jablonsky, B. Psicologia Social. Rio de Janeiro; Editora Vozes, 2000. • Vídeo: A Psicologia Social e o Social na Psicologia
Compartilhar