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A mediação na Administração Publica- TCC

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27
 
BIANCA CORNAGLIA BATISTA
a mediação dentro da administração pública
A MEDIAÇÃO COMO MEIO ALTERNATIVO DE PACIFICAÇÃO DE CONFLITOS FRENTE À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
TABOÃO DA SERRA
2018
BIANCA CORNAGLIA BATISTA
a mediação dentro da administração pública
A MEDIAÇÃO COMO MEIO ALTERNATIVO DE PACIFICAÇÃO DE CONFLITOS FRENTE À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Anhanguera Educacional S.A, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em direito.
Orientadora: Barbara Reis
TABOÃO DA SERRA
2018
nome do(s) autor(es) em ordem alfabética
a mediação dentro da administração pública
A MEDIAÇÃO COMO MEIO ALTERNATIVO DE PACIFICAÇÃO DE CONFLITOS FRENTE À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Anhanguera Educacional, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em direito.
Aprovado em: __/__/____
BANCA EXAMINADORA
Prof.(ª). Titulação Nome do Professor(a)
Prof.(ª). Titulação Nome do Professor(a)
Prof.(ª). Titulação Nome do Professor(a)
AGRADECIMENTOS
Venho primeiramente agradecer a Deus por ter me dado força e discernimento para alcançar meus objetivos ao longo desses anos. Agradeço também aos meus familiares que me deram o apoio necessário para concluir essa jornada e expresso imensa gratidão aos meus professores e tutores que foram fundamentais para conclusão desse curso. 
RESUMO
Este trabalho apresenta estudos sobre a Lei de mediação como método de solução de conflitos frente à Administração Pública, sendo apresentada sua evolução no entendimento de doutrinadores e seus entendimentos para maior compreensão de sua aplicabilidade na esfera administrativa. Sendo assim será possível se concluir ao longo deste estudo, que existem vários pontos não pacificados sobre a Lei 13.140 de 26 de junho de 2015 e que possivelmente não serão totalmente esgotados por se tratar de um dispositivo relativamente novo em nosso ordenamento jurídico. 
Palavras-chave: Mediação; Conflitos; Administração Pública; 
ABSTRACT
This paper presents studies on the Law of Mediation as a method of conflict resolution in relation to the Public Administration, and its evolution is presented in the understanding of doctrinators and their understandings for a better understanding of their applicability in the administrative sphere. Thus it will be possible to conclude throughout this study that there are several points not pacified about Law 13,140 of June 26, 2015 and that possibly will not be totally exhausted because it is a relatively new device in our legal system.
Key-words: Mediation; Conflicts; Public administration; 
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO	13
2.	Mediação, arbitragem e conciliação de conflitos na administração pública.	14
2.1.	MEDIAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA	14
2.2.	Arbitragem na Administração Publica;	16
2.3.	Dos direitos patrimoniais Disponíveis;	16
2.4.	A conciliação na Administração Publica;	17
3.	COMO OS PRINCÍPIOS BASILARES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PODEM SE HARMONIZAR COM OS DA MEDIAÇÃO.	19
4.	ASSUNTOS E HIPÓTESES QUE PODERÃO SER SUBMETIDOS À MEDIAÇÃO FRENTE À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA	22
4.1.	A RESPEITO DOS MEDIADORES	23
4.2.	DOS CONFLITOS ENVOLVENDO A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAl ....................................................................................................................................24
CONSIDERAÇÕES FINAIS	26
REFERÊNCIAS.........................................................................................................27
1. INTRODUÇÃO
A importância do estudo sobre a mediação como meio pacificador de conflitos dentro da Administração Pública, se torna relevante quando observamos a evolução do tema ao longo dos anos. Daí o surgimento da problemática: seria possível levar um interesse público para uma modalidade de pacificação social como a mediação, cujo procedimento tem se admitido para os interesses privados numa relação de conflito? Assim, o objetivo geral deste trabalho é trazer o posicionamento doutrinário sobre este novo universo que veio se expandir para a esfera administrativa adentrando nas peculiaridades da mediação para compreensão de sua aplicabilidade.
E de suma importância demonstrar as diferenças conceituais entre mediação, conciliação e arbitragem e como será sua aplicabilidade no âmbito administrativo para que assim possa-se provar como os princípios basilares da Administração Pública podem se harmonizar com os da mediação. 
Por se tratar de um dispositivo novo sua aplicabilidade ainda tem sido muito discutida por doutrinadores e juristas, o que torna este estudo importante para que se possa romper com a visão conturbada de que a Justiça deve ser exercida apenas por um dos poderes do Estado, assim podendo demonstrar as possíveis vantagens e desvantagens da aplicabilidade desta nova disciplina. 
Posto isto, é notória a necessidade de pesquisa a ser realizada a partir de entendimentos de doutrinadores e articulistas jurídicos no que tange aos dispositivos utilizados no estudo em conjunto com legislação positivada no ordenamento jurídico, assim como em revistas e artigos acadêmicos que sejam condizentes com o tema e para isso a metodologia utilizada nesta monografia será o método dedutivo, partindo de conceitos jurídicos para a análise de casos particulares.
2. MEDIAÇÃO, ARBITRAGEM E CONCILIAÇÃO DE CONFLITOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
Uma Administração pública adequada não se limita ao trâmite exclusivamente dos processos judiciais para resolução de pendências. Com o proposito de dirimir o aumento das demandas levadas ao Poder Judiciário envolvendo o âmbito administrativo, resolveu aderir a meios alternativos de solução de conflitos, tais como: a mediação, a arbitragem e a conciliação. 
 Primeiramente, deve-se observar a evolução histórica acerca do tema, assim perceber-se-á que tudo têm inicio pelo conflito. Do Latim confictus, confligere, que significa embate, oposição, encontro, pendência, todas as circunstâncias do conflito resultam em uma tomada de decisão por alguma das partes. O conflito é inerente das relações humanas, o modo de se solucionar tais empasses que se modificou ao passar do tempo.
2.1. MEDIAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
A atividade exercida pela figura do mediador quando visto pela seara administrativa, será de extrema importância para o processo de entendimento entre sujeitos. Com a evolução do estado democrático de direito, podemos concluir que a justiça já não está mais monopolizada em um dos poderes do Estado, portanto não se limita ao trâmite exclusivamente judicial para solução de conflitos. 
No que tange a mediação judicial, o artigo 174 do novo código de processo civil, prevê que “a Administração Pública por intermédio de seus Entes Federados criará câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos”.
 Fredie Didier Jr em sua obra “Curso de Direito Processual Civil” conceitua como sendo a mediação uma forma de solução de controvérsias pela qual um terceiro integra a relação negocial, com o proposito de auxiliar as partes a chegar à auto composição veja-se:
Ao mediador cabe servir como veículo de comunicação entre os interessados, auxiliando-os a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam identificar por si mesmos, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos entre as partes. (Didier 2015 p. 275)
De modo geral, a mediação é o método extrajudicial de resolução de conflitos que se utiliza da figura de um terceiro alheio a disputa como facilitador do diálogo entre os envolvidos, a fim da propositura e da escolha de resolução a controvérsia pelos próprios participantes.
O ponto de partida da mediação veio com a Lei 13.140/2015 que em seu parágrafo único do artigo 1º conceitua mediação como sendo:
A atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificarou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia (Lei 13.140/2015 – artigo 1º).
Um ponto importante a ser observado é que a mediação não busca descobrir o Poder Judiciário, sua atuação é de complementariedade às vias judiciais para dirimir os conflitos em que se possa resultar consenso. 
A mediação transpassa à solução da controvérsia, o que vem sendo muito discutido entre doutrinadores é a figura de a mediação vir a ser uma alternativa para o excesso de litígios a serem julgados. Diante disso, Flavio Yarshell considera que não se deve usar destas formas de solução de conflito para desafogar o poder judiciário. Elas são desejáveis por serem construtivas; O descongestionamento do judiciário vem como consequência, e não como meta principal. Esta constatação é importante, pois uma visão controvertida do problema pode levar a resultados indesejados, sendo somente uma espécie de descumprimento de dever cívico (YARSHELL, 2009, p.A3). Neste sentido defende também Humberto Pinho:
A mediação obrigatória em nada contribui para a real pacificação do litígio. Ela cria uma falsa ideia de filtragem de conflitos, quando na verdade atenta contra uma lógica simples. Assim como ninguém pode ser obrigado a ir a juízo, ninguém também pode ser obrigado a tentar um acordo quando já apresentou sua pretensão ao Poder Judiciário. (PINHO, 2012, p. 213-228).
2.2. ARBITRAGEM NA ADMINISTRAÇÃO PUBLICA;
Já na arbitragem podemos observar um meio de heterocomposição de conflitos que envolvem direitos patrimoniais disponíveis, através da intervenção de uma ou mais pessoas que recebem seus poderes, assim as partes podem convencionar a maneira em que será decidida a lide, sem, contudo necessitar da intervenção estatal, pois está decisão possui eficácia de titulo executivo judicial.
 Conceito este colocado por Moore (1998, p.23): “Processo voluntário em que as pessoas em conflito delegam poderes a uma terceira pessoa, de preferência especialista na matéria, imparcial e neutra, para decidir por elas o litígio”. 
A lei nº 9.307-96 prevê a “utilização de métodos para solução de conflitos nos contratos regidos por esta Lei, inclusive a arbitragem”. Todavia, essa Lei em sua redação original, nada diz a respeito aos contratos administrativos. Assim traz em seu artigo 1º caput, um caráter mais abrangente da letra da lei: “As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis”. 
Para suprir as lacunas que deixou a lei supracitada, surgiu então a Lei nº 13.129, de 26-5-2015 que eu seu artigo 1º estabeleceu expressamente: “A administração pública direita e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis”. Com o advento desta norma, ficou clara a possibilidade de solução de conflitos, pela Administração Pública por meio da arbitragem. Todavia, é indispensável saber quais direitos serão considerados como disponíveis, como poderá ser observado no próximo item.
2.3. DOS DIREITOS PATRIMONIAIS DISPONÍVEIS; 
É sabido que poderá ser objeto de auto composição as questões que versarem sobre direitos patrimoniais disponíveis. Agora resta esclarecer quais são esses direitos. 
São considerados direitos disponíveis: a posse; os direitos reais; direitos obrigacionais; as relações econômicas do direito de família; as ações correspondentes a esses direitos. Por assim ser, pode-se dizer que serão todos aqueles direitos dos quais podemos obter alguma valoração. 
É comum encontrar posições divergentes sobre o assunto em questão, adotando a perspectiva da violação ao principio da indisponibilidade do interesse público. Assim, a Administração pública não poderia se valer dos meios alternativos de solução de controvérsias, pois não pode dispor do interesse público. Todavia, não se deve confundir indisponibilidade do interesse público com disponibilidade de direito patrimonial. Por vezes a disponibilidade de um patrimônio público pode ser de mais interesse da coletividade do que sua preservação. 
2.4. A CONCILIAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PUBLICA;
A conciliação tem sua conceituação muito similar a da mediação, entretanto com alguns pontos distintos. Conforme leciona Roberto Portugal a conciliação pode ser compreendida como: 
Um processo técnico (não intuitivo), desenvolvido pelo método consensual, na forma auto compositiva, em que terceiro imparcial, após ouvir as partes, orienta-as, auxilia, com perguntas, propostas e sugestões a encontrar soluções (a partir da lide) que possam atender aos seus interesses e as materializa em um acordo que conduz à extinção do processo judicial (Barcellar 2003, p. 66).
Podemos colocar que a conciliação nada mais é que a intervenção ativa de um terceiro imparcial que irá integrar a relação para condução da solução do conflito. Assim diferente da Mediação o conciliador tem papel efetivo na decisão do conflito, as partes devem decidir se aceitam ou não a solução dada pelo conciliador. 
Fredie Didier Jr conceitua o conciliador como “tendo uma participação mais ativa no processo de negociação, podendo, até, sugerir uma possível solução para o litígio” (Didier 2015 p. 276). Nesse sentido, compreende-se que a solução negocial neste caso não se trata somente de um meio para obter-se econômica processual ou celeridade, mas sim pode ser entendido como um estímulo para participação popular no exercício do poder. Aqui as partes se sentem efetivamente exercendo seu poder democrático. 
O parágrafo 2 do artigo 165 do Código de Processo Civil de 2015 conceitua o conciliador como sendo aquele que: 
Atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimação para que as partes se conciliem. 
Sendo assim é possível contextualizar que além de possuir respaldo no Código de Processo Civil de 2015 e na própria lei específica, a conciliação como meio alternativo para solução de conflitos dentro da Administração Pública se revela como uma maneira eficaz para promover a pacificação social.
3. COMO OS PRINCÍPIOS BASILARES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PODEM SE HARMONIZAR COM OS DA MEDIAÇÃO. 
Conforme foi demonstrado no capitulo anterior, é possível resolver conflitos através do dialogo entre as partes. 
Com os olhares voltados para a mediação como método de resolução de conflitos dentro da Administração Pública, devemos nós aprofundar acerca dos princípios norteadores da mediação e se esses princípios se harmonizam com os da Administração Pública. Por conseguinte apresentam-se algumas ponderações sobre tais princípios.
Por se tratar de uma relação em que uma das partes é a Administração Pública deverá ser observado os Princípios Constitucionais previstos no artigo 37 da Constituição Federal de 1988, tais como: Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Já a doutrina especializada elenca como princípios norteadores da mediação os seguintes: imparcialidade do mediador, isonomia entre as partes, oralidade, informalidade, autonomia da vontade das partes, busca do consenso, confidencialidade e boa-fé. Não se trata tão somente de cumprir formalidades, mas de atender a valores próprios da disciplina jurídica do funcionamento do Poder Público. Nesse sentido, a jurista Fernanda Marinela conceitua os princípios:
Assim, os princípios são mandamentos de otimização, normas que ordenam a melhor aplicação possível, dentro das possibilidades jurídicas e reais existentes, portanto, a sua incidência depende de ponderações a serem realizados no momento de sua aplicação, existindo para o caso concreto mais de um princípio aplicável, esses não se excluem. (2012, p. 25).
Os princípios são definidos por Sundfeld (1995, p.18) como as "ideias centrais de um sistema, ao qual dão sentido lógico, harmonioso, racional, permitindo a compreensão de seu modo de se organizar". 
A possibilidade de mediar conflitos envolvendo a Administração Pública geroudiversas contradições entre doutrinadores sobre as incompatibilidades que podem gerar seus princípios em face dos princípios que regem a Administração Pública. Sobre isso Souza explica: 
A defesa das possibilidades que a resolução consensual de conflitos oferece não implica, naturalmente, negar as cautelas adicionais que esta requer em face das especificidades atinentes ao regime jurídico da Administração Pública. Essas especificidades acarretam limitações ao poder/dever de transigir e decorrem basicamente dos princípios da legalidade (ou da juridicidade), da isonomia e da publicidade (2016, p. 213).
Segundo a Lei 13.140 em seu artigo 30, uma das características da mediação é a confidencialidade, segundo a qual o mediador está impedido de revelar o que é discutido na mediação. Princípio este que poderia vir a ser conflitante com o princípio da publicidade que estabelece no texto constitucional que todos os atos devem ser públicos. 
Cappelletti e Garth em sua obra “acesso a justiça” entendem que esta informalidade trazida pela lei favorece no trato entre as partes conflitantes, por preservar o sigilo estaria fortalecendo a relação, tornando mais fácil a solução pacífica do conflito (CAPPELLETTI, GARTH, 1988).
Portanto, é importante ressaltar que este princípio em nada fere o princípio da publicidade, pois o ato final de homologação do acordo pelo juiz é publicado nos órgãos competentes ou reduzido a termo e constituirá título executivo extrajudicial afastando assim a ilegalidade deste procedimento (Lei 13.140/2015-artigo 32 e seguintes). 
Outro ponto conflitante entre os juristas seria a respeito de a mediação vir a ferir o princípio da Supremacia do interesse público, colocado como um princípio de observância obrigatória pela Administração Pública pela Lei 9.784/99 e pelo artigo 2° da Constituição Federal/88. Floriano Peixoto de Azevedo Marques Neto classifica que este princípio corresponde ao “atendimento a fins de interesse geral, vedada à renúncia total ou parcial de poderes ou de competência” (MARQUES NETO, 2002 p.144-160). 
Elisa Berton entende que esta novidade trazida pela Lei 13.140/2015 e pelo novo Código de Processo Civil que possibilita mediar casos dentro da Administração Pública se harmoniza com a “razão de ser” do aparato estatal que é o cidadão, que passa a ser o principal meio para solução de seu conflito. Vejamos: 
A concepção de uma Administração Pública que dialoga com o cidadão, o qual é, ao fim e ao cabo, a razão de ser de todo o aparato do Estado, está bem clara na redação do novo código processual. A possibilidade deste diálogo, por óbvio, não se compatibiliza com a pré-definição de que há uma supremacia dos interesses do Estado sobre aqueles pretendidos pelo indivíduo, sobretudo porque não são poucas as vezes em que o agir estatal (ou não agir) viola direitos fundamentais. Um poder público que se utiliza da morosidade do judiciário para se esquivar do cumprimento de suas obrigações é postura que não se compatibiliza com a Constituição nem com as normas fundantes do processo civil contemporâneo e expressamente previstas na novel legislação (consensualidade, celeridade, colaboração e promoção da dignidade da pessoa humana). (EIDT, 2015, p. 70).
Como é possível se observar parte da doutrina moderna entende que o princípio da supremacia do interesse público não deve prevalecer sobre todas as circunstâncias. Para tais doutrinadores sob a égide do conflito entre direitos fundamentais constitucionais e interesses públicos a eventual sobreposição do interesse público só seria aceitável após se aplicar o princípio da proporção entre eles. Sendo assim, o princípio da supremacia do interesse público deixa de ser absoluto, quando existem dois princípios constitucionais conflitantes. Neste sentido, o entendimento mais adequado tem sido o de Isabelle de Baptista que entende como sendo: 
O princípio da supremacia do interesse público adentra o ordenamento jurídico brasileiro nesse espírito de imposição de uma superioridade a priori, não para fins de realização das razões de Estado, mas para o exercício de uma desigualdade frente aos interesses particulares, apenas para a imposição e satisfação dos direitos e garantias fundamentais inseridos na atual ordem constitucional, como legítimos interesses públicos (2013, p. 65).
Fredie Didier Jr defende inclusive “a existência de um princípio do estímulo da solução por mediação” (DIDIER. 2015. p274), obviamente para os casos em que ela é recomendável, pois trata de um princípio que orienta toda a atividade estatal na solução dos conflitos. 
Notadamente serão muitos os desafios para a implantação da cultura de autocomposição de conflitos na Administração Pública. Posto isto, Leal explica: 
Estas experiências novas, a despeito de pouco experimentadas, além de sofrer resistência da cultura belicosa com a qual é formada, por exemplo, o bacharel de direito (uma vez que estamos falando do Judiciário), muito mais preparado para o conflito do que à sua composição, precisam ser tratadas com a devida cautela e sopesamento, principalmente filosófico, eis que de nada adianta utilizarmos novos institutos e fórmulas de gestão social com velhas concepções de Poder, Estado e Sociedade, todas militarizadas por práticas autoritárias e concentradoras (LEAL, 2006, p. 49).
Vejamos adiante quais serão os casos que poderão ser resolvidos pelo referido método.
4. ASSUNTOS E HIPÓTESES QUE PODERÃO SER SUBMETIDOS À MEDIAÇÃO FRENTE À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Para maiores formalidades a Lei 13.140/2015 juntamente com o Código de Processo Civil/2015 institui que a União, os Estados, o Distrito Federal, e os Municípios, criarão câmaras de mediação e conciliação, com atribuições voltadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo (artigo 32 da Lei 13.140/2015; art. 174 do CPC 2015). Estes conflitos podem ser tanto com particulares, como também com outros órgãos da Administração pública, e enquanto não forem criadas as câmaras de mediação, os conflitos poderão ser dirimidos nos termos previstos no artigo 175 CPC, sendo seguidas as regras referentes à mediação no âmbito privado.
As câmaras de mediação funcionarão dentro dos órgãos da Advocacia Pública (Advocacia Geral da União, Procuradorias dos Estados e dos Municípios) e terão competência para: I - dirimir conflitos entre órgãos e entidades da administração pública; II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de composição, no caso de controvérsia entre particular e pessoa jurídica de direito público e III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta (artigo 32 da Lei 13.140/2015). 
Cabe acrescentar que cada ente federado deverá estabelecer em regulamento o modo de composição e funcionamento das câmaras. Também está previsto o procedimento de mediação coletiva de conflitos relacionados à prestação dos serviços públicos. A lei ressalva que não poderão ser apreciadas pelas câmaras as controvérsias que somente possam ser resolvidas por atos ou concessão de direitos sujeitos à autorização do Poder Legislativo ( artigo 32 § 4o ). 
 Segundo Maria Tereza Fonseca Dias, a intenção do legislador não foi instituir com clareza a mediação na Administração Pública, mas sim instituir um conjunto de mecanismos auto compositivos do qual a mediação é uma espécie (DIAS, 2016).
O inciso II supracitado refere-se à possibilidade da solução de conflitos que envolvem particulares e a Administração Pública. Além disto, a lei prevê expressamente que poderão ser solucionados conflitos que envolvam equilíbrio econômico-financeiro de contratos celebrados pela administração com particulares (art. 32, § 5o da Lei 13.140/2015). 
Outra hipótese trazida pela referida Lei, trata da possibilidade da solução de conflitos pela mediação quando o objeto da demanda versar sobre prestação de serviços públicos. O artigo 33, paragrafo único aludi que a Advocacia pública da União, Estados, Distrito Federal e dos Municípios, poderá instaurar tal procedimento de ofício ou medianteprovocação quando houver consenso entre as partes, sendo assim o instrumento será reduzido a termo e funcionará como titulo executivo extrajudicial (art. 32, §3º, da Lei 13.140/2015).
O Art. 34 da referida lei estabelece ainda que “considera-se instaurado o procedimento quando o órgão ou entidade pública emitir juízo de admissibilidade, retroagindo a suspensão da prescrição à data de formalização do pedido de resolução consensual do conflito”.
4.1. A RESPEITO DOS MEDIADORES 
Um dos principais desafios trazidos pela lei 13.140/2015 tem dividido opiniões de doutrinadores quanto à figura do “terceiro imparcial”, que para alguns, deveria o Poder Público contar com um quadro próprio de mediadores, sendo esses servidores públicos. Para outros, seria mais conveniente um quadro de mediadores, habilitados, porém alheios à função pública. Neste último caso, Luciana Moessa de Souza entende como necessário definir previamente de onde virá o custeio destes profissionais, já que não fazem parte do quadro de servidores remunerados pelos cofres públicos para tal fim (Souza, 2016, p. 217). Nos casos da mediação judicial a lei institui que:
Poderá atuar como mediador judicial a pessoa capaz, graduada há pelo menos dois anos em curso de ensino superior de instituição reconhecida pelo Ministério da Educação e que tenha obtido capacitação em escola ou instituição de formação de mediadores, reconhecida pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados - ENFAM ou pelos tribunais, observados os requisitos mínimos estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça (Lei 13.140/2015- artigo 11°).
Já no caso dos mediadores extrajudiciais a lei trouxe as seguintes ponderações: 
Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz que tenha a confiança das partes e seja capacitada para fazer mediação, independentemente de integrar qualquer tipo de conselho, entidade de classe ou associação, ou nele inscrever-se. (Lei 13.140/2015- artigo 9°).
Nesse contexto, é preciso observar que são as pessoas que ocupam os cargos e funções na seara pública que trataram a respeito das controvérsias para com particulares, tornando possível a operalidade da norma no plano administrativo. No entendimento de Coelho e Lúcio (2011, p. 20):
Faz-se importante notar que os órgãos e as instituições públicas existem e são estruturados por pessoas, por mais que estejam imbuídas dos atributos de gestão de impessoalidade e eficiência, findam por levar para esses ambientes toda a sua história e a sua composição subjetiva. Com efeito, são eles os condutores de todo o processo de instalação do conflito e, por conseguinte, de sua solução. Cabe, então, analisar o procedimento de solução das querelas, preconizando que a mediação seria uma forma útil e promissora de solução dessas questões. (Coelho e Lúcio 2011, p. 20).
Em relação aos servidores e empregados públicos que participarem do processo de composição extrajudicial do conflito, somente poderão ser responsabilizados civil, administrativa ou criminalmente quando, mediante dolo ou fraude, receberem qualquer vantagem patrimonial indevida, permitirem ou facilitarem sua recepção por terceiro, ou para tal concorrerem (art. 40).
4.2. DOS CONFLITOS ENVOLVENDO A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL 
A lei 13.140 de 2015 trás um capitulo exclusivo para tratar dos conflitos que envolvam a Administração Pública Federal direta e suas autarquias e fundações. Neste sentido, cabe ressaltar algumas peculiaridades desta instrução legal. Vejamos a seguir alguns pontos importantes:
As controvérsias jurídicas que envolvam a administração pública federal direta, suas autarquias e fundações poderão ser objeto de transação por adesão, com fundamento em: I - autorização do Advogado-Geral da União, com base na jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal ou de tribunais superiores; ou II - parecer do Advogado-Geral da União, aprovado pelo Presidente da República. § 1o Os requisitos e as condições da transação por adesão serão definidos em resolução administrativa própria. § 2o Ao fazer o pedido de adesão, o interessado deverá juntar prova de atendimento aos requisitos e às condições estabelecidos na resolução administrativa. § 3o A resolução administrativa terá efeitos gerais e será aplicada aos casos idênticos, tempestivamente habilitados mediante pedido de adesão, ainda que solucione apenas parte da controvérsia. § 4o A adesão implicará renúncia do interessado ao direito sobre o qual se fundamenta a ação ou o recurso, eventualmente pendentes, de natureza administrativa ou judicial, no que tange aos pontos compreendidos pelo objeto da resolução administrativa. § 5o Se o interessado for parte em processo judicial inaugurado por ação coletiva, a renúncia ao direito sobre o qual se fundamenta a ação deverá ser expressa, mediante petição dirigida ao juiz da causa. § 6o A formalização de resolução administrativa destinada à transação por adesão não implica a renúncia tácita à prescrição nem sua interrupção ou suspensão (Artigo 35 da Lei 13.140 de 2015). 
Ainda é importante observar que “a propositura de ação judicial em que figurem concomitantemente nos polos ativo e passivo órgãos ou entidades de direito público que integrem a administração pública federal deverá ser previamente autorizada pelo Advogado-Geral da União” (Artigo 39 da Lei 13.140 de 2015). Aos servidores e empregados públicos que participarem dos processos de composição extrajudicial, caberá serem responsabilizados civil, administrativamente ou criminalmente, somente por conduta dolosa ou fraudulenta, da qual receba alguma vantagem patrimonial indevida, para permitirem ou facilitarem sua recepção por terceiro, ou concorrerem para tal (Artigo 40 da Lei 13.140 de 2015). 
Para os Estados, Distrito Federal, Municípios juntamente com suas autarquias e fundações públicas, bem como às empresas públicas e sociedades de economia mista federais, será facultado submeter seus litígios para com os órgãos ou entidades da administração pública federal à Advocacia-Geral da União, para fins de composição extrajudicial do conflito (Artigo 37 da Lei 13.140 de 2015). 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS;
O tema trabalhado neste estudo representa um avanço significativo no âmbito administrativo, por se tratar de um método inovador para solução de controvérsias, que se trata da mudança da mentalidade litigante para compositiva, o que por hora tem sido pouco apreciado pela Administração Pública. 
A importância desse estudo é notável ao se constatar que a seara pública é a maior litigante do país. Sendo assim, quando no ápice de sua aplicabilidade este novo instrumento de autocomposição irá reduzir a elevada demanda de processos judiciais deste ente administrativo.
Por se tratar de um dispositivo novo sua aplicabilidade ainda tem sido muito discutida por doutrinadores e juristas, o que torna este trabalho importante para que se possa romper com a visão conturbada de que a Justiça deve ser exercida apenas por um dos poderes do Estado, mas, sim sob a égide da lei, venha a prevenir e solucionar o litígio, buscando sempre a pacificação social, com isso podendo demonstrar as vantagens da aplicabilidade desta nova disciplina no ordenamento jurídico. 
REFERÊNCIAS
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