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Experiências Theo-Práxis • Dezembro 2015 • Vol. I, No. 1 FILTRAÇÃO DIRETA DESCENDENTE E PROCESSO OXIDATIVO AVANÇADO (H2O2, O3 e UV), TRATANDO EFLUENTES DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO PARA FINS DE REUSO Alex Lobão Faculdade AREA1 – v1.95 – 2015 alex@clearwater.eco.br Resumo O desenvolvimento socioeconômico sem foco na sustentabilidade vem gerando altos impactos ambientais, causando como consequência a escassez hídrica, neste sentido a busca por tec- nologias de tratamento terciário e/ou reuso de efluentes sanitários domésticos e industriais vem sendo estudadas sob diversas matrizes tecnológicas. Como contribuição à estas linhas de pesquisas este artigo avaliará a eficiência de um sistema de tratamento terciário e reuso indi- reto por FDD (filtração direta descendente) seguida por POA (Processo Oxidativo Avançado), tratando o efluente final de um sistema de lagoa de equalização composta por uma lagoa anaeróbia, uma facultativa e três de maturação. Os estudos mostraram a viabilidade da rota tecnológica FDD + POA com boa performance de remoção da carga orgânica, expressa como DBO e DQO com eficiência de remoção de 78% e 60% respectivamente, e microbiológica com redução de 99,99% estando em completa conformidade com os padrões estabelecidos pela norma NBR 13.969/97 que estabelece padrões para qualidade da água de reuso e CONAMA 430/11 e 357/05 que determinam as condições e padrões de lançamento de efluentes em corpos hídricos. Portanto trata-se de uma alternativa viável para mitigar problemas ambientais associados a geração de efluente sanitários domésticos e industriais. Palavras-chaves: Reuso, Filtração, Efluente, Oxidação. I. Introdução Com o aumento gradativo da popu- lação, principalmente nas grandes cidades, aumentou-se a quantidade de dejetos pro- duzidos e lançados em redes de esgoto. Mas assim como eles, também houve o aumento da demanda de água. Conhecida como solvente universal, a água sempre retém algum resíduo dos materiais com os quais entra em contato. Mesmo a água doce da natureza, presente nos rios, la- gos e lençóis subterrâneos, contém resíduos das substâncias presentes no meio ambiente, como sais dissolvidos, partículas em suspen- são e microrganismos. (AGUA, 2004). Sabendo de tudo isso, há muitos anos a humanidade sabe da importância de econ- omizar água, pois a escassez dela é algo quase certo e já pode ser vista nos tempos atuais em algumas regiões do Brasil e do mundo. A fim de dar solução a essa prob- lemática, pesquisadores estudam formas de tratamento que viabilizem o reuso de esgoto sanitário por exemplo para aplicação dentro dos processos produtivos industrias como: utilização em sistemas de água fria (chillers e torres de resfriamento), e utilização para irrigação de áreas verdes ou qualquer outra atividade não nobre de utilização da água. Atualmente existe grande preocupação a re- speito da escassez hídrica no Nordeste e Sud- este do pais, reduzindo os níveis dos man- anciais e causando o desabastecimento de alguns centros urbanos. Com a possibilidade do reuso dos efluentes, provenientes de es- 1 mailto:alex@clearwater.eco.br Experiências Theo-Práxis • Dezembro 2015 • Vol. I, No. 1 tações de tratamento de esgotos industrias e sanitários, surge uma nova esperança para a melhoria desse quadro. No Nordeste brasileiro, onde ocorre grande precipitação pluviométrica de chuvas anual, distribuídas geralmente durante o período de três meses, ocorre evapotranspiração exce- dente e as plantas sofrem déficit hídrico. As- sim, a irrigação torna-se a prática mais se- gura para garantir a produção agrícola na região, no entanto, para suprir a demanda da água desta região, precisa-se não so- mente administrar racionalmente as bacias hidrográficas locais, mas, também, implan- tar uma política racional, no sentido de se tratar convenientemente os esgotos sanitários provenientes dos grandes centros urbanos, objetivando-se reusá-los para fins de agricul- tura, pois, além de suprir a água que é tão es- cassa na região serve, também, como fertirri- gação orgânica, vindo assim, consubstanciar ações direcionadas para o desenvolvimento sustentável da região. (SOUSA et al., 1998). A água de reuso ainda não possui finalidade para consumo humano, sendo necessários maiores estudos para melhor adequação desse tipo de tratamento. Hoje em dia ela é utilizada apenas para irrigação de plantas, desobstrução de redes de esgoto, em terra planagem na construção civil, dentre muitas outras possibilidades que mesmo assim para esses fins já resultam em grande economia de água potável. A água reusada para irrigação deve estar den- tro dos padrões de qualidade físico-químico e sanitário de acordo com a Norma NBR 13.969/97 que estabelece parâmetros de pota- bilidade para a água de reuso. Desta forma, os principais constituintes que devem ser avaliados, são: os sais presentes na água e no solo, que reduzem a disponibilidade da água para a planta as altas concentrações de sódio ou baixa de cálcio, que fazem diminuir a ve- locidade de infiltração da água; a toxicidade de íons específicos (sódio, cloreto e boro), e o excesso de nutrientes, além de organismos patogênicos (SOUSA; LEITE; LUNA, 2001). Tudo isso garante que não haja contaminação no manuseio do efluente tratado e ao mesmo tempo mantem-se os níveis de nitrogênio e fósforo, necessários, para o crescimento das áreas verdes, foco principal desse estudo. O efluente de águas servidas, apresenta-se como uma alternativa de grande impacto na preservação ambiental, exigindo um investi- mento de baixo custo e com grandes bene- fícios. O uso urbano de efluentes sanitários tratados no mundo acontece com maior fre- quência naqueles países que sofrem com o problema da escassez de água, como exem- plo, o Oriente Médio, a região sudoeste dos Estados Unidos e a Austrália (BASTOS et al., 2008). Segundo FLORENCIO, BASTOS & AISSE (2006) explicam que: A prática do reuso está crescendo tam- bém nas regiões com restrições severas relativas à disposição dos efluentes trata- dos, como a Flórida, a região costeira e il- has do sul da França, Espanha e Itália, e os países europeus densamente povoados como Inglaterra e Alemanha. Países com disparidades regionais em recursos hídri- cos, como o Japão, também utilizam a reci- clagem e o reuso da água e efluente. Para que um efluente seja tratado para fins de reuso independente da atividade empre- gada ele deve estar dentro de padrões ad- equados de tratabilidade de acordo com a NBR13.969/97. No processo de tratamento a ser aplicado no efluente com a finalidade de reuso, (BASTOS et al., 2002), descreve alguns aspectos que devem ser seguidos: • Eficiência de remoção de matéria orgânica, nutrientes e organismos patogênicos; • Demanda de área; • Facilidades de operação e manutenção, e • Custos de implantação, operação e manutenção. Existem vários métodos de se tratar a água de esgoto para fins de reuso. A seleção do modelo que deve ser seguido vai variar das condições do efluente a ser tratado, haja vista que um mesmo tipo de tratamento quando 2 Experiências Theo-Práxis • Dezembro 2015 • Vol. I, No. 1 operado em locais distintos poderá apresen- tar resultados diferentes. Complementando esse contexto, (BASTOS et al., 2008), apresenta as seguintes vantagens e fatores que motivam o reuso da água, a saber: • A redução da poluição com a minimiza- ção da descarga em corpos de água. • A disponibilidade de efluentes tratados com elevado grau de qualidade. • A promoção, em longo prazo, de uma fonte confiável de abastecimento de água dentro de uma comunidade. • O gerenciamento da demanda de água em períodos de seca, no planejamento global dos recursos hídricos. • O encorajamento da população para con- servar a água e adoção de práticas de reuso. Em 28 de novembro de 2005, a Resolução nº 54 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH apresenta a definição de água como sendo somente o uso de água residuária (BRASIL, 2006). O art. 3 da referida resolução estabelece as seguintes modalidades para o reuso, a saber:Art. 3º O reuso direto não potável de água, para efeito desta Resolução, abrange as seguintes modalidades: I - Reuso para fins urbanos: utilização de água de reuso para fins de irrigação pais- agística, lavagem de logradouros públicos e veículos, desobstrução de tubulações, con- strução civil, edificações, combate a incên- dio, dentro da área urbana; II - Reuso para fins agrícolas e florestais: aplicação de água de reuso para produção agrícola e cultivo de florestas plantadas; III - Reuso para fins ambientais: utilização de água de reuso para implantação de pro- jetos de recuperação do meio ambiente; IV - Reuso para fins industriais: utilização de água de reuso em processos, atividades e operações industriais; V - Reuso na aquicultura: utilização de água de reuso para a criação de animais ou cul- tivo de vegetais aquáticos. Por ser a água um dos mais preciosos bens naturais existentes no nosso planeta, pela sua abundância, embora não uniformemente distribuída na superfície e subsolo do nosso planeta, por muito tempo a percepção das sociedades tem sido de que é um recurso nat- ural inesgotável. Com a crescente degradação dos corpos hídricos nota-se que o seu pro- cesso de escassez já foi iniciado, tomando as- pectos e contornos estratégicos, onde o cam- inho para uma melhor utilização da água é o reuso de efluentes doméstico para final- idades adequadas à qualidade do mesmo, após os devidos tratamentos. Os processos Oxidativos Avançados vêm atraindo atenção devido o aumento da com- plexidade e dificuldade no tratamento de águas servidas, o que tem sido motivo para a busca de novas metodologias visando a remediação desses rejeitos. Com relação as principais vantagens é possível destacar: a simplicidade de aplicação do processo e a eficiência na degradação de compostos alta- mente recalcitrantes. Este trabalho tem como objetivo avaliar a eficiência de uma Estação de Tratamento de Reuso (ETR), por filtração direta descendente em leito misto de areia e carvão seguido por Processo Oxidativo Avançado (via Peróx- ido de Hidrogênio, Ozônio e Ultravioleta), através de parâmetros físico-químicos e bi- ológicos, tratando efluente de um sistema de lagoas de estabilização composta por uma lagoa anaeróbia, uma facultativa e três de maturação, com fins de reuso indireto para irrigação de áreas verdes municipais. II. Materiais e Métodos A ETE escolhida para o estudo está local- izada no Estado do Ceará no município Cau- caia operada pela Companhia de Água e Es- goto do Ceará (CAGECE), está dimension- ada para operar com vazão média diária de 242,80 m3 (Vazão média 2,81 L/s, vazão máx- ima 5,05 L/s). A estação é composta por um medidor de vazão, calha parshall, pré-tratamento com gradeamento, caixa de areia seguido por tratamento biológico convencional via lagoas de estabilização sendo 5 lagoas em série: 1 3 Experiências Theo-Práxis • Dezembro 2015 • Vol. I, No. 1 anaeróbia, 1 facultativa e 3 de maturação. Conforme figura abaixo: Figura 1 – Layout da ETE escolhida para o estudo: 1(Lagoa anaeróbia), 2(Lagoa facultativa), 3,4 e 5(Lagoa de Maturação). Fonte: Compan- hia de Água e Esgoto do Ceará - CAGECE. A tabela 1, caracteriza o efluente da ETE em estudo mostrando os valores o mínimo, mé- dio e máximo do efluente bruto e após o tratamento biológico para os parâmetros de DQO e DBO. Com uma vazão nominal da ETE de 10 m3/h e após a passagem pelas lagoas, no ponto 5, o efluente de saída da ETE, que foi submetido somente ao tratamento biológico possui as características apresentadas na tabela 1. I. Lagoas de Estabilização Segundo (MONTEGGIA; SOBRINHO, 1999), Lagoas de estabilização consistem em reser- vatórios de pequena profundidade, construí- dos em diques de terra e fundo compacta- dos e impermeabilizados. Devido à simplici- dade construtiva e ausência de equipamen- tos mecânicos, apresentam baixos custos de investimento e operação. É considerada, at- ualmente, a tecnologia que mais se aproxima de ambientes hídricos naturais e, portanto, reconhecidas como a de menor impacto ao ambiente sob o ponto de vista das reações de depuração das águas residuária. Esses reservatórios de estabilização, com dis- positivos de acumulação e tratamento de águas residuais brutas e/ou pré-tratados, po- dem se tornar uma fonte de água importante, nas regiões áridas e semiáridas, principal- mente quando se pretende reutilizar esses efluentes na irrigação de culturas, sem rep- resentar risco à saúde pública (OLIVEIRA et al., 1999). Os esgotos tratados caracterizam-se por ser um material líquido, cuja suas características que os diferenciam da água, são: presença de matéria orgânica, expressa em DBO (de- manda bioquímica de oxigênio) e em DQO (demanda química de oxigênio), macro e mi- cronutrientes, metais essenciais e não essenci- ais às plantas, orgânicos traços e patógenos. Com a combinação de solúvel de DBO e biomassa de algas, as lagoas de estabiliza- ção possuem um alto valor fertilizante, pois suprem quase todo o nitrogênio e grande parte de potássio e fósforo necessários às cul- turas. Nutrientes importantes para agricul- tura do país, fornecendo, assim, a economia com fertilizantes minerais, que constituem o maior peso no gasto dos agricultores. (FEI- DEN, 2001) aponta como vantagens dos sis- temas de lagoas de tratamento as seguintes: • Simplicidade: comparado com outros sistemas, é um processo simples e efi- ciente, que demanda pouca atenção op- eracional; • Robustez: sistema robusto, que na prática tem se mostrado capaz de su- portar variadas condições operacionais, como elevados picos de contribuição e períodos de inatividade, sem afetar sig- nificativamente sua eficiência nem entrar em colapso; • Baixo custo de energia: não requer en- ergia para seu correto funcionamento, desde que implantado em condições to- pográficas adequadas onde o fluxo de resíduos líquidos possa ser conduzido por gravidade. Como desvantagens do sistema, têm-se: • Demanda de área elevada; • Necessita de condições topográficas ad- equadas; • Possibilidade de contaminação dos lençóis freáticos: dependendo do tipo de solo, pode ocorrer percolação do ma- terial; 4 Experiências Theo-Práxis • Dezembro 2015 • Vol. I, No. 1 DQO (mg/L) DBO (mg/L) Efluente bruto Efluente tratado Efluente bruto Efluente tratado Mínimo 303,6 47,1 151,8 23,55 Médio 850,15 82,38 425,1 41,19 Máximo 1183,7 116,1 591,8 58,05 Tabela 1 – Qualidade do efluente da ETE em estudo (Fonte: Companhia de Água e Esgoto do Ceará - CAGECE) • Emissão de gases causadores do efeito estufa (gás carbônico e metano); • Necessita de clima adequado para uma operação eficiente; • Muitas indústrias estão situadas em condições que dificultam a implantação de lagoas com as características apropri- adas. Após o tratamento biológico o efluente passa por um conjunto de chincanas, seguido por uma pré-oxidação utilizando o Dicloro Iso- cianurato de sódio com 60% de cloro ativo, dosando 5 g/m3 para a vazão nominal da ETE de 10m3/h. O dicloroisocianurato de sódio (NaDCC), é um pó ou granulo branco, de peso molec- ular 256, contendo de 55 a 60% de cloro disponível. Com formula C3 CL2 N3 NaO3, solubilidade 25 g de NaDCC / 100 g de água a 25oC, sua atividade bactericida não é afe- tada na faixa de pH 6 à 10. (MACÊDO, 2001). Uma característica que é considerada van- tajosa é o pH. Uma solução a 1% NADCC, o pH varia de 6,0 a 8,0 enquanto o pH do hipoclorito de sódio varia de 11,0 a 12,5 que é caustico. (MACÊDO, 2001). Quando se prepara uma solução de NaDCC, uma grande parte do cloro disponível fica livre, o restante fica combinado sob forma de mono ou dicloroisocianurato. À medida que o cloro livre for sendo consumido por microrganis- mos, materiais orgânicos ou nitrogenados, o ácido hipocloroso é liberado, compensando a perda de cloro. (MACÊDO, 2001). Há uma perda no sistema em decorrência da demanda de cloro na entrada dos filtros de areia, o cloro residual livre encontrado varia entre 1,5 a 2,0 g/m3, sendo que a difer- ença entre o aplicado e o encontrado nos filtros é demandadapela oxidação do eflu- ente. O efluente pré-oxidado então, segue para a ETR que na entrada do sistema aplica- se uma solução de coagulante Policloreto de Alumínio (PAC). O PAC é um coagulante inorgânico catiônico prepolimerizado a base de policloreto de alumínio. O grau de polimerização não de- pende de vários fatores do processo de fab- ricação, em particular da concentração de hidroxilas na molécula. Os grupos hidroxi- las através de ligações de coordenação com os átomos de alumínio formam compostos polinucleares. (MACÊDO, 2001). A carga catiônica destas espécies polinucleares é cal- culada pela seguinte fórmula: Os compostos prepolimerizados nos quais as cadeias de polímeros estão pré-formadas, exibem uma alta concentração de carga catiônica na unidade polimérica. Como o poder coagulante aumenta exponencial- mente com o aumento da carga, os coagu- lantes prepolimerizados exibem um poder coagulante maior e a velocidade de formação de flocos é superior à dos coagulantes tradi- cionais não prepolimerizados, garantindo aos flocos maior peso. (MACÊDO, 2001). A Estação de Tratamento de Reuso (ETR), é composta de tratamento por Filtração direta descendente, em leito de quartzo, seguida de coluna de carvão ativado granular, polimento em filtros sintéticos e POA[H2O2 (peróxido de hidrogênio) + O3 (ozônio) + UV (Ultravi- oleta 254 nm) ]. Para inicio da pesquisa, foram feitos estu- dos para determinação da solução do coag- ulante que adquirisse melhor resultado no tratamento do efluente, que neste caso foi o 5 Experiências Theo-Práxis • Dezembro 2015 • Vol. I, No. 1 Policloreto de Alumínio (PAC). Esses estudos foram realizados através de testes de jarros, aparelho que consiste em simular a aplicação de determinada quantidade de coagulante em um determinado volume da amostra do efluente, assim possa ser avaliada a eficiên- cia da dosagem na formação dos flocos, ob- servando o tamanho dos flocos, rapidez na formação e sedimentação. Considerando-se as características do eflu- ente a ser tratado, com a aplicação de reagentes e controle dos parâmetros envolvi- dos no processo esses ensaios foram feitos a partir de amostras do próprio efluente. De- terminada a concentração da solução do co- agulante, a etapa seguinte da pesquisa teve como objetivo associar o tempo de contato do efluente com o leito filtrante analisando a eficiência do tratamento. Considerando que a taxa de filtração é uma medida de velocidade expressa em m3/m². dia e que o tempo de contato do efluente com o leito filtrante é uma relação entre a altura do leito filtrante pela taxa de filtração, a partir desses dados foram feitas variações da taxa de infiltração. Paralelamente coletou- se amostras de cada variação onde pode-se avaliar a eficiência de remoção de turbidez e DQO, assim, determinando o melhor tempo de contato /taxa de filtração, garantindo maior eficiência no processo. II. Estação de Tratamento de Reuso (ETR) II.1 Pré-oxidação Para a pré-oxidação do efluente em es- tudo utilizou-se pastilhas de cloro, para promover degradação de uma parcela da matéria orgânica. Após a pré-oxidação o eflu- ente é armazenado em um reservatório de onde é transportado por meio de bombas centrifugas para a estação de reuso dando sequência ao tratamento com a coagulação. O Ácido tricloroisocianúrico é um desinfe- tante forte que tem um teor de cloro livre de aproximadamente 90,0 % Cl2. Os tabletes de ácido tricloroisocianúrico são apresentados com peso de 200 gramas, e possuem uma lenta e contínua dissolução em água. O Ácido tricloroisocianúrico é fabricado na forma de tabletes e granular. O Tablete de ácido tricloroisocianúrico nada mais é que o material granular prensado e possui uma concentração de cloro disponível elevado, sendo manuseado de forma fácil e seguro. Ácido tricloroisocianúrico é produzido a par- tir da reação química de ácido cianúrico e compostos de cloro na presença de água. (MACÊDO, 2001). Figura 2 – Reação química de produção de ácido tricloroisocianúrico. Fonte: (MACÊDO, 2001) O Ácido Tricloroisocianúrico apresenta ação superior aos produtos clorados tradicionais (cloro gás, hipoclorito de sódio), pois têm preferência na atuação contra o material orgânico, maior estabilidade fotoquímica, lib- era o material oxidante (ácido hipocloroso) lenta e continuamente e produzem alguns subprodutos (tais como o cianurato de sódio ou a hidantoína) que possuem ação biocida residual, aumentando a eficiência global do composto. (MACÊDO, 2001). Os Subprodutos do tricloro são facilmente degradados pelo meio ambiente. O rompi- mento do anel cianurato por microrganismos produz produtos de degradação não tóxica de dióxido de carbono e amônia. II.2 Coagulação Primeiramente o efluente passa por uma apli- cação de solução de Policloreto de Alumínio (PAC), a coagulação do efluente utilizando o PAC ocorre com pH na faixa entre 6,0 e 9,0, todos os testes foram acompanhados por análises de pH, cloro residual e turbidez até atingir uma dosagem ótima que para o tipo de efluente. 6 Experiências Theo-Práxis • Dezembro 2015 • Vol. I, No. 1 A ação coagulante desestabiliza as partícu- las e favorece a formação de flocos consis- tentes e mais pesados, na sequência o eflu- ente passa por uma rápida sedimentação. Quando comparado o PAC com outros co- agulantes, nota-se que ele oferece maior efi- ciência na formação dos flocos e rápida sedi- mentação provoca pouca alteração no pH do efluente além de ser um produto de baixo custo. Na literatura são citados quatro mecanis- mos de coagulação: compressão da camada difusa, adsorção-neutralização de cargas, varredura e adsorção-formação de pontes. A definição do mecanismo predominante depende de fatores como pH de coagu- lação, dosagem do coagulante e caracterís- ticas químicas do efluente bruto. A escolha do tipo de coagulante deve levar em con- sideração o custo, sua eficiência na desesta- bilização das partículas presentes na água bruta, sua capacidade de atenuar flutuações na qualidade do efluente sem afetar a efi- ciência da coagulação, o volume de lodo pro- duzido e sua influência sobre a duração das carreiras de filtração, sendo desejado que o coagulante reduza a perda de carga na unidade de filtração e o risco de ocorrência de transpasse. O mecanismo da varredura é caracterizado por altas dosagens de coagulante, suficientes para a formação de precipitado de hidróx- ido de alumínio ou de ferro, quando são utilizados sais destes metais como coag- ulante, sendo adequado para ETR’s com unidades de decantação ou de flotação, pois este mecanismo possibilita a formação de flocos maiores, facilitando sua sedimen- tação ou flotação. O mecanismo de adsorção- neutralização de cargas é adequado às tec- nologias de tratamento que empregam a fil- tração direta, uma vez que neste caso não são formados flocos grandes, mas sim partículas desestabilizadas para serem retidas no filtro. Nesse mecanismo, a dosagem de coagulante geralmente é inferior à necessária quando empregada a varredura. O mecanismo de compressão da camada di- fusa é o de menor importância relativa na co- agulação realizada nas ETR, e o de adsorção- formação de pontes é observado principal- mente quando é realizada a aplicação de polímeros como auxiliares de coagulação. II.3 Mistura Rápida A dispersão do coagulante na efluente bruto é realizada nas unidades de mistura rápida. Os parâmetros de projeto dessa unidade são o tempo e o gradiente de velocidade, este último está relacionado à intensidade de agi- tação da massa líquida necessária para garan- tir a adequada dispersão dos produtos quími- cos utilizados na coagulação. Os gradientes de velocidade médios de mistura rápida po- dem variar desde 500 s–1, ou menos, a val- ores superiores a 7.000 s–1 e o tempo de mis- tura rápida observado na ETR é da ordem de 1 segundo a mais de 3 minutos. Os valores desses parâmetros, visando à otimização do desempenho da unidade de mistura rápida, dependem fundamental- mente da qualidade do efluente bruto, da tecnologia de tratamento utilizada na ETRe das condições de coagulação, como tipo e dosagem de coagulante e de polímero. Por- tanto, o tempo e o gradiente de velocidade médio de mistura rápida devem, preferen- cialmente, ser determinados com base em investigações experimentais. Valores incorre- tos desses parâmetros podem afetar negati- vamente a qualidade do efluente produzido, aumentar os custos de construção e de oper- ação, sejam estes decorrentes do maior con- sumo de produto químico, do maior volume de lodo gerado na ETR ou da redução do volume efetivo de água produzida em decor- rência das carreiras de filtração de curta du- ração. Em geral, quando a coagulação é realizada no mecanismo de varredura, há ampla faixa de valores de gradiente de velocidade de mis- tura rápida que pode ser praticada, enquanto o mecanismo da adsorção-neutralização de carga é mais restritivo, exigindo gradientes de velocidade mais altos. A formação desses flocos se dá pelo pro- cesso de neutralização de cargas. Na co- agulação são utilizados reagentes quími- cos (coagulantes e auxiliares de coagulação), 7 Experiências Theo-Práxis • Dezembro 2015 • Vol. I, No. 1 Figura 3 – Unidade mistura rápida Filtro de disco tipo Irrigação. Fonte: Alex Lobão (2013) em sua maioria sais de ferro ou alumínio e polímeros, que objetivam essencialmente a desestabilização das partículas coloidais e suspensas existentes na água a tratar (água bruta), por intermédio de uma com- binação de reações físicas e químicas, per- mitindo sua agregação (floculação) e poste- rior remoção por sedimentação e filtração (LIBÂNIO, 2008). Diversos fatores interferem no processo de coagulação do efluente, entre eles o pH (neste caso varia entre 7,0 – 7,7), a natureza e o tamanho das partículas, o tipo e a dosagem dos produtos químicos aplicados. Também podem influir a temperatura, o gradiente de velocidade e o tempo de agitação na unidade de mistura rápida (RICHTER, 2009). Com a aplicação do coagulante fica mais fácil reter as partículas dispersas no eflu- ente, pois são formados flocos suficiente- mente grandes para que sejam retidos no leito filtrante. Sendo assim um importante fator quando se trata da remoção das partícu- las dispersas no efluente. A figura 4, exibe ao fundo a casa onde foi implantada a ETR. II.4 Filtração direta descendente A filtração direta descendente é realizada em dois tipos de leitos diferentes, leito de areia, leito de carvão ativado e polipropileno. Ela possui a finalidade de reter partículas ao longo do leito. Nos leitos de areia, geral- Figura 4 – Casa da Estação de Tratamento de Reuso. Fonte: Alex Lobão (2013). mente as menores dimensões de um poro giram em torno de 500 micra, enquanto que os flocos que são formados pela coagulação possuem dimensões na ordem de 0,1 a 30 micra. Sendo assim, boa parte dos flocos fi- cam sedimentados ao fundo do filtro e uma parte fica suspensa aderindo aos grãos do leito através das forças de atração de Van der Waals, uma vez que o coagulante provoca a desestabilização das partículas minimizando as forças de repulsão (FILHO G.N.; NETO, ). Segundo (BERNARDO, 1977) a filtração é o resultado da ação de três mecanismos distintos: transporte, aderência e desprendi- mento. Os mecanismos de transporte são re- sponsáveis por conduzir as partículas sus- pensas para as proximidades da superfície dos coletores (grãos de antracito, areia ou outro material granular), as quais podem per- manecer aderidas a estes por meio de forças superficiais, que resistem às forças de cisal- hamento resultantes das características do es- coamento ao longo do meio filtrante. Quando essas forças superam as forças de aderência, tem-se o desprendimento. Se a taxa de fil- tração (vazão afluente dividida pela área do filtro em planta), ou velocidade de aproxi- mação, permanecer constante, a velocidade de escoamento nos poros, denominada ve- locidade intersticial, aumenta em decorrência das partículas retidas e causa o arrastamento das partículas para subcamadas inferiores (filtro descendente) ou superiores (filtro as- cendente) do meio filtrante e surge na água 8 Experiências Theo-Práxis • Dezembro 2015 • Vol. I, No. 1 filtrada, podendo ocasionar o fenômeno con- hecido como transpasse. A filtração rápida de efluente coagulada ou floculado deve, preferivelmente, ser realizada com ação de profundidade, pois, caso con- trário, poderá gerar carreiras de filtração cur- tas, com baixa produção efetiva de água. A eficiência da filtração está relacionada às características da suspensão (tipo, tamanho e massa específica das partículas, resistência das partículas retidas pelas forças de cisal- hamento, temperatura da água, concentração de partículas, potencial zeta, pH da água, etc.), do meio filtrante (tipo de material gran- ular, tamanho efetivo, tamanho do maior e menor grão, coeficiente de desuniformidade, massa específica do material granular e es- pessura da camada filtrante) e hidráulicas (taxa de filtração, carga hidráulica disponível, e método de controle da taxa e do nível de água nos filtros). (BERNARDO, 1977). II.5 Adsorção em carvão ativado Os processos de adsorção utilizados na re- moção de contaminantes orgânicos e in- orgânicos podem ser representados, de modo simplificado, pela reação A + B <=> AB, em que A representa a substância adsorvida (adsorvato) e B, o adsorvente. No caso da filtração direta, a adsorção em carvão ati- vado é utilizada principalmente para re- mover compostos indesejados resultantes da pré-oxidação da água, quando esta for necessária. (BERNARDO, 1977). Diversos tipos de forças químicas, como ligações de hidrogênio, interações dipolo- dipolo e forças de Van der Waals, são respon- sáveis por manter os compostos na superfí- cie do adsorvente. Se a reação for reversível, as moléculas continuarão a se acumular até que as velocidades de reação se igualem nos dois sentidos, o que indicará a existência de equilíbrio, e não ocorrerá remoção adicional. A quantidade de substâncias que pode ser retida em sua superfície é uma das princi- pais características dos adsorventes. Muitos modelos matemáticos procuram descrever essa relação, mas dependem da determi- nação experimental de coeficientes empíricos. (BERNARDO, 1977). No tratamento de efluente, os adsorventes mais utilizados são a alumina e o carvão ativado, com destaque para este último. Den- tre as duas modalidades de carvão ativado, carvão ativado em pó (CAP) e carvão ati- vado granulado (CAG), nas ETE’s brasileiras o CAP é o mais utilizado, contudo, no trata- mento de efluente por filtração direta o em- prego de CAP é mais restrito, pois o excesso de material em suspensão, ocasionado pela adição do carvão, pode causar sobrecarga de sólidos nos filtros, reduzindo a carreira de filtração. (BERNARDO, 1977). A capacidade de adsorção do carvão ativado está relacionada a diversos fatores, como temperatura, natureza do carvão e das sub- stâncias que serão removidas, pH da água e superfície específica do carvão. Dentre os parâmetros utilizados para caracterizar as propriedades de adsorção do CAG e do CAP, o mais empregado é o índice de iodo, por meio do qual se mede a quantidade de iodo que é adsorvida sob condições específicas de ensaio. (BERNARDO, 1977). A adsorção em carvão ativado tem sido empregada principalmente quando se pre- tende reduzir a concentração de compos- tos orgânicos indesejados, como os subpro- dutos da cloração. Embora a oxidação do efluente bruto que apresenta concentração elevada de compostos orgânicos possa per- mitir a redução da dosagem de coagulante necessária ao tratamento do efluente e, assim, em certas situações, viabilizar o emprego da tecnologia de filtração direta em substi- tuição ao tratamento em ciclo completo, a oxidação química de contaminantes orgâni- cos promove a formação de outros compos- tos com menor massa molecular, mas não reduz, ou reduz pouco, a concentração de carbono orgânico total (COT) do efluente, e os subprodutos gerados na oxidação po- dem ser até mais prejudiciais à saúde do ser humano do que sua forma não oxidada. Por-tanto, recomenda-se, sempre que possível, a não oxidação química do efluente bruto, mas caso seja inevitável, deve-se realizar estudos para avaliar a necessidade do emprego de técnicas de remoção dos compostos orgâni- 9 Experiências Theo-Práxis • Dezembro 2015 • Vol. I, No. 1 cos potencialmente prejudiciais à saúde hu- mana, assim como os causadores de sabor e odor, já que raramente eles são removidos de modo eficiente pelos processos e oper- ações tradicionais empregados no tratamento de água. Para atender a essa finalidade, a adsorção em CAP ou em CAG são as téc- nicas mais utilizadas atualmente. Os com- postos orgânicos indesejados podem ser de origem natural, como as substâncias húmicas responsáveis pela cor verdadeira, ou prove- nientes de atividades humanas, como os pes- ticidas utilizados na agricultura e que con- taminam as águas superficiais e subterrâneas. (BERNARDO, 1977). A Figura 5, apresenta a unidade de filtração direta descendente utilizada na ETR em es- tudo. Figura 5 – Filtros de Carvão Ativado Granu- lado - CAG Fonte: Alex Lobão (2013) No leito de carvão ativado granulado ocorre a adsorção de compostos orgânicos, precur- sores da formação de trihalometanos, resul- tantes da desinfecção por cloro, além de fazer adsorção também de substâncias que provoquem cor e odor ao efluente (FILHO G.N.; NETO, ). A filtração no elemento filtrante de polipropileno 50 micras, garante o polimento do efluente e reduz turbidez e cor. Após a etapa da filtração o efluente, já apresenta qualidade de efluente classe II em conformi- dade com CONAMA 357/2005, 410/2009 e 430/2011, que estabelecem as condições e padrões de lançamento de efluentes em cor- pos hídricos. Como indicativo de qualidade do tratamento considerou-se mais eficiente a dosagem que apresentou menor turbidez, ou seja, o que conseguiu reter uma maior quantidade de material no meio filtrante. Mas para garan- tir a remoção de alguns organismos que por ventura tenham sobrevivido as etapas ap- resentadas anteriormente e com função de reduzir ainda mais os níveis de DBO, DQO o efluente passado pela filtração direta descen- dente o efluente é submetido ao Processo Oxidativo. A figura 6, apresenta a unidade de filtração direta descendente utilizada na ETR em es- tudo. Figura 6 – Unidade de Filtração direta de- scendente da ETR em estudo. Fonte: Alex Lobão (2013). II.6 Peróxido de Hidrogênio O Peróxido de Hidrogênio H2O2 é um oxi- dante semelhante à água em aparência, fór- mula molecular e produtos de reação tenham sua utilização crescendo continuamente. Este incremento se justifica pelas vantagens que o H2O2, mais conhecido como água oxige- nada, apresenta, entre seus pontos positivos pode-se citar: Segurança: O peróxido de hidrogênio é um produto metabólico natural de muitos organ- ismos, os quais decompõem o H2O2 para produzir oxigênio e água. O H2O2 também pode ser sintetizado em corpos de água naturais pela ação fotocatalítica da luz do sol, funcionando como um mecanismo nat- ural de autodepuração do meio ambiente aquático. Consequentemente, H2O2 não tem 10 Experiências Theo-Práxis • Dezembro 2015 • Vol. I, No. 1 nenhum problema com liberações gasosas ou residuais químicos associados a outros oxidantes. Porém, vale ressaltar que, por sua característica fortemente oxidante, em con- centrações elevadas, o H2O2 exige cuidados de manuseio adequados a suas característi- cas. (FILHO G.N.; NETO, ). Poder oxidante: O H2O2 é um dos oxidantes conhecidos mais poderosos, apresentando potencial de oxidação superior a outros co- mumente utilizados como: o cloro, dióxido de cloro e permanganato de potássio. Além disso, quando sua decomposição é catal- isada, por exemplo, utilizando alguns metais como o ferro, tem-se formação da radical hidroxila (OH) que apresenta um potencial de oxidação apenas inferior ao flúor (FILHO G.N.; NETO, ). II.7 Ozônio (O3) O Ozônio, gás composto por três átomos de oxigênio, está presente na estratosfera e forma uma barreira natural à passagem dos raios ultravioletas, emitidos pelas radiações solares, barreira esta que funciona como um filtro, barrando estes indesejáveis raios re- sponsáveis por agressões à pele humana que podem levar ao câncer. Daí a importância do Ozônio na proteção da nossa atmosfera. (FILHO G.N.; NETO, ). O ozônio é um poderoso agente oxidante, muito efetivo na destruição de vírus, bac- térias, protozoários e outros parasitas, bem como na oxidação da matéria orgânica. O ozônio age nos constituintes da membrana citoplasmática, nos sistemas enzimáticos e nos ácidos nucléicos dos microrganismos. Nos vírus, o ozônio ataca tanto as proteínas da célula como os ácidos nucléicos. (FILHO G.N.; NETO, ). A desinfecção de efluentes de tratamento de esgotos sanitários com ozônio vem desper- tando interesse, devido à preocupação com a formação de organoclorados, toxicidade dos efluentes e o custo adicional da decloração. A desinfecção com ozônio destaca-se pelos seguintes aspectos: • Rapidez da ação de desinfecção; • Elevada eficiência na inativação de mi- crorganismos; • Baixa toxicidade encontrada nos eflu- entes ozonizados. O ozônio é um gás instável e de alto poder oxidante, essas características o tornam atra- tivo inclusive para a desinfecção de esgo- tos domésticos. Sua instabilidade é uma car- acterística indesejável, pois não deixa resid- ual na rede de distribuição. O alto poder oxidante é desejável porque diminui a con- centração e o tempo necessários para desin- fecção. Sendo o tempo de contato e a concen- tração reduzida, haverá economia na con- strução e na operação das instalações. O ozônio é um gás incolor, parcialmente solúvel em água, instável e que evapora à temper- atura de – 112oC, à pressão atmosférica. Pos- sui cheiro penetrante e é facilmente detec- tável em concentrações muito baixas (0,01 a 0,05 mg/L). Pode ser produzido a partir de descargas elétricas em meio gasoso. É o se- gundo oxidante mais poderoso, excedido em seu potencial de oxidação somente pelo flúor. É poderoso contra germes e vírus. (FILHO G.N.; NETO, ). A qualidade mais importante da molécula do ozônio, da qual resultam suas propriedades físicas e químicas, é a grande quantidade de energia de sua molécula. Trata-se de uma forma molecular do oxigênio, cuja estrutura foi confirmada em 1872 como um triângulo triatômico alotrópico. (FILHO G.N.; NETO, ). II.8 Ultravioleta (UV) A luz ultravioleta (UV) por meio da inter- ação com as moléculas causa, na maioria dos casos, uma ruptura nas ligações químicas po- dendo produzir a degradação de matérias orgânicas. Na desinfecção de água os micror- ganismos são inativados devido a reações fotoquímicas, ou seja, há absorção da luz a qual causa uma reação fotoquímica que al- tera os componentes moleculares essenciais da célula. (FILHO G.N.; NETO, ). Em relação aos efeitos biológicos, a luz ultra- violeta é dividida em três faixas: 11 Experiências Theo-Práxis • Dezembro 2015 • Vol. I, No. 1 • UV-A (315 a 400 nm): é a menos perigosa, devido à baixa energia. É a faixa utilizada para causar fluorescên- cia em materiais sendo muito utilizado em fototerapia e câmaras de bronzea- mento. A chamada “luz negra” encontra- se nesta faixa. • UV-B (280 a 315 nm): é a mais destrutiva forma da luz UV, porque tem energia o suficiente para gerar danos em teci- dos biológicos e em quantidade mínima para não ser completamente absorvido na atmosfera. A UV-B é conhecida como causadora do câncer de pele. • UV-C (100 a 280 nm): é a faixa aplicada como germicida. Os fótons de luz nesta faixa têm tanta energia, que a mesma é completamente absorvida no ar em poucas centenas de metros. Ao colidir com o oxigênio a troca energética causa a formação de ozônio. II.9 Processo Oxidativo Avançado Este processo não é mais do que uma co- oxidação, em que se combinam o ozônio e o peróxido de hidrogênio, sob radiação UV. Em solução aquosa, o mecanismo de um processo de oxidação química O3/H2O2, en- globa as seguintes reações em cadeia: Figura 7 – Fonte: (MACÊDO, 2001) O radical hidroxila éa espécie mais reativa deste sistema. A adição do peróxido de hidrogênio resulta num aumento da veloci- dade de oxidação devido à predominância do referido radical. Com a combinação de radiação UV, o efeito é incrementado pela ativação fotônica do ozônio e do peróxido presente. O mecanismo aceito para a fotólise do peróx- ido de hidrogênio é a clivagem da molécula por fótons produzindo dois radicais hidrox- ila (OH), como mostrado na equação: Os radicais hidroxila (OH) possuem pro- priedades adequadas para degradar todos os compostos orgânicos e reagir de 106-1012 vezes mais rápido que oxidantes alternativos como o O3 (ozônio). A tabela abaixo apre- senta os potenciais de oxidação de várias espécies, e pode-se observar que após o flúor, o radical livre OH é o oxidante que possui o maior potencial de oxidação. Espécie E0 (V, 25 0C) Flúor 3,03 Radical Hidroxila (OH) 2,80 Oxigênio Atômico 2,42 Ozônio 2,07 Peróxido de Hidrogênio 1,78 Permanganato 1,68 Dióxido de Cloro 1,57 Acido Hipocloroso 1,49 Cloro 1,36 Bromo 1,09 Iodo 0,54 Tabela 2 – Potenciais redox de alguns agentes oxidantes Fonte: Adaptado de (HUANG; DONG; TANG, 1993) Esse processo possui a finalidade de desin- fecção do efluente. É um tipo de processo destrutivo, ou seja, o contaminante não é ape- nas transferido de fase, mas sim, degradado através de uma série de reações químicas. A combinação de O3 e H2O2, sob radiação UV provoca a formação da radical hidroxila, HO• que é um poderoso oxidante, extrema- mente reativo e pouco seletivo. Com isso, 12 Experiências Theo-Práxis • Dezembro 2015 • Vol. I, No. 1 se torna possível a oxidação de DBO/DQO como mostra as reações a seguir: (POYATOS et al., 2010). A aplicação de UV causa uma ruptura nas ligações químicas, podendo produzir a degradação de matéria orgânica. Ele provoca desinfecção, uma vez ocorrem reações foto- químicas, ou seja, há a absorção da luz a qual causa uma reação fotoquímica que al- tera os componentes moleculares essenciais da célula (FILHO G.N.; NETO, ). O ozônio, O3, é um poderoso oxidante, muito efetivo na destruição de vírus, bac- térias, protozoários e outros parasitas, as- sim como também oxida matéria orgânica. Nos microrganismos o ozônio age nos con- stituintes da membrana citoplasmática, nos sistemas enzimáticos e nos ácidos nucléicos. Nos vírus ele ataca tanto as proteínas quanto os ácidos nucléicos (FILHO G.N.; NETO, ). O efluente após a ação do POA, recebe uma dosagem de 1mg/L de solução hipoclorito de cálcio, com a função de garantir cloro residual, além de oxidar qualquer matéria orgânica que por ventura resista ao trata- mento. O monitoramento é efetuado nas cinco eta- pas do tratamento: Efluente bruto do trata- mento biológico, Pré-oxidado (efluente com aplicação de Dicloro), efluente após aplicação de coagulante, pós filtração em filtro de areia e efluente final de reuso após o POA. A figura 8 apresenta a unidade de POA da ETR. III. Resultados e Discussões O plano de Monitoramento do projeto con- templou todos os parâmetros recomenda- dos pelas legislações são eles: pH, Cor, tur- bidez, DBO, DQO, Clorofila, Amônia, Ovos de helminto, Coliformes Totais e Escherichia coli coletados em 5 pontos da ETR: Figura 8 – Sistema POA (UV e Ozônio) da ETR em estudo. Fonte: Alex Lobão (2013). 1. Afluente Bruto (Efluente final do trata- mento biológico por lagoas de estabiliza- ção); 2. Pós Pré-oxidação (efluente com apli- cação de Dicloro); 3. Coagulação (efluente após aplicação de coagulante); 4. Pós filtração em filtro de areia; 5. Efluente final de reuso (após POA, Carvão Ativado e Filtro de Polimento). A tabela 3 registra importantes resultados de eficiência da ETR, a exemplo da remoção de cor e turbidez de 90,7% e 98,2% respecti- vamente, em relação ao efluente bruto. Tais resultados remetem a assertiva das taxas de filtração adotadas no projeto, uma vez que estes resultados estão associados à remoção de material particulado e em suspensão no efluente de reuso conforme apresentado na tabela 4, na sequência, que relaciona a taxa de filtração nos filtros de areia com a turbidez. Nota-se que quanto menor a taxa maior a efi- ciência de remoção das partículas. Isso ocorre devido ao maior tempo de detenção nos fil- tros, fazendo com que um maior número de impurezas fique retida ao longo do leito filtrante. Chama a atenção quando se fala da segu- rança microbiológica do processo, a ausência de ovos de helmintos e os índices de remoção de Coliformes Totais e E.Coli que situaram- se em 99,99%, ambos abaixo dos limites de controle recomendados ABNT 13.969/97. 13 Experiências Theo-Práxis • Dezembro 2015 • Vol. I, No. 1 ETR Bruto Pré-oxidado Coagulado Pós Filtro de Areia Efluente Final (POA, Carvão ativado e Filtro de Polimento) Eficiência pH 7,6 7,4 7,2 7,3 7,2 5,30% Cor 137,1 130 84,3 34,3 12,8 90,70% Turbidez 56,6 50 74,6 4,4 1 98,20% DQO 113,3 113,3 - - 46,9 58,60% DBO 28,44 - - - 6,47 77,30% Clorofila a 102,81 43,85 - - 1,84 98,20% Amônia 18,15 - - 18,22 17,34 4,50% Ovos de helminto - - - - Ausente 100,00% Cloro Residual - 1,8 - - 1 - C. Totais 1100000 2400 - - 110 99,99% E. coli 20000 1 - - 1 99,99% Tabela 3 – Resultados analíticos obtidos durante a fase do estudo e eficiência de remoção Taxa de filtração (m3/m2/dia) Turbidez 242,42 5,69UNT 193,93 3,75UNT 145,45 2,51UNT 121,21 0,79UNT Tabela 4 – Turbidez da água de reuso em relação à taxa de filtração Como o objetivo do efluente tratado para reuso era originalmente para atividade de irrigação de gramíneas, os residuais de ni- trogênio amoniacal foram considerados pos- itivos contribuintes para a fertirrigação da cultura irrigada, contudo, mantidos abaixo dos limites de lançamento estabelecidos pela norma ABNT 13.969/97 e resoluções CONAMA 357/05 e 430/11. Em conformidade com que preconiza o CONAMA 357/05 para águas de classe 3 (águas destinas a abastecimento humano, ir- rigação de culturas entre outras utilizações), o valor de referencia para DBO é de 10mg/L. Mais uma vez a eficiência do Sistema Fil- tração direta descendente + POA excede na qualidade da remoção obtendo uma redução de 77,3% tendo como DBO final de 6,47 mg/L. A ETR mais uma vez se qualifica como garantia da qualidade e proteção ambiental quando comparado ao parâmetro Clorofila a. O CONAMA 357/05 estabelece como valor máximo de 60 µg/L de Clorofila para eflu- ente de classe 3, o efluente bruto (saindo da estação de tratamento de efluente biológico), seria lançado no corpo hídrico com 102,81 µg/L, após passar pela ETR obteve-se uma redução de 98,2 % tendo como valor final 1,84 µg/L de Clorofila a. O cloro combina com amônia e com com- postos amoniacais presentes no efluente, for- mando compostos clorados ativos, como as cloraminas. O teor de cloro nessa forma é denominado cloro residual combinado. Como no processo de tratamento do eflu- ente na ETR utilizou-se de compostos oxi- dantes como Ozônio, Ultravioleta e o Dicloro 14 Experiências Theo-Práxis • Dezembro 2015 • Vol. I, No. 1 não se fez necessária a utilização de grandes dosagens de derivados clorados que esse re- duziria a quantidade de amônia presente no efluente, valor que foi reduzido em 4,46% em relação ao valor do efluente bruto. A tabela 5 relaciona os resultados obtidos na análise do efluente final (pós filtração direta descendente e POA), com algumas legislações que discorrem sobre padrões de qualidade de efluente sanitários, qualidade de efluente para reuso e padrões para lança- mento de efluentes em corpos hídricos: Como pode-se observar a tecnologia Fil- tração direta descendente aliada ao Processo Oxidativo Avançado esta em completa con- formidade com as mais restritivas normas de controle de qualidade para reuso, lança- mento de efluentes e qualidade de água para consumo humano com excelente eficiência na remoção de vários parâmetros controla- dos a nível de proteção ambiental a exemplo da DBO e Coliforme Totais. Considerando o objetivo estratégico do pro- jeto que era a irrigação de gramíneas não se buscou tecnologias alternativas para a re-moção do Nitrogênio Amoniacal uma vez que este representa uma parcela importante de nutrientes que valorizam o reuso de efluentes sanitários pela supressão de fer- tilizantes comerciais ressalta-se que a per- missividade da manutenção dos indicies de Nitrogênio amoniacal se justificou por estes estarem abaixo do limite estabelecido pelas Resoluções CONAMA expostas na Tabela 5. A figura 9 apresenta o resultado final da clari- ficação do efluente após tratamento biológico e do tratamento por filtração direta descen- dente + Processo Oxidativo Avançado. IV. Conclusão Os avanços das tecnologias alternativas para a remediação de efluentes, dentre elas os Processos Oxidativos Avançados, tem con- tribuído para o desenvolvimento do cont- role da poluição ambiental. De modo geral, o POA apresenta-se eficiente, principalmente, na descoloração, remoção de compostos re- fratários e aumento da biodegradabilidade Figura 9 – Efluente após tratamento bi- ológico (direita) e água de reuso (esquerda). Fonte: Alex Lobão (2013). de diferentes tipos de efluente, inclusive os que foram discutidos neste trabalho. Os resultados obtidos confirmam a capaci- dade da Filtração Direta Descendente + POA em produzir efluentes de excelente quali- dade físico-química e microbiológica e de todo propícios à prática da irrigação. A ele- vada remoção de DBO e DQO tendo como eficiência de remoção de 60 e 77% respectiva- mente, o acentuado decaimento de Ovos de Helmintos reduzido 100%, coliformes totais e Escherichia Coli foram reduzidos a 99,99%, resultaram em um efluente final, cuja quali- dade, permite sua aplicação na irrigação ir- restrita sem maiores preocupações de riscos potenciais à saúde e ambiental associados à qualidade da água de reuso produzida. Tanto a água de reuso quanto o efluente tratado pelas lagoas de estabilização apre- sentaram grau de restrição baixo para uso da irrigação, não apresentando riscos de al- terações estruturais do solo, mostrando, as- sim, que a qualidade do efluente tratado esta dentro dos padrões aceitáveis para essa ativi- dade, não influenciando de maneira danosa no desenvolvimento da cultura escolhida. É notável a eficiência do processo de reuso descrito gerando uma água de excelente qual- idade falando-se tanto em aspectos físico- químicos como microbiológicos. Também se aditam sugestões para estudos futuros, a fim de que este possa ser aperfeiçoado, haja vista ser o tema muito amplo e complexo, não po- dendo aqui ser abordado na totalidade de suas possibilidades de análise. 15 Experiências Theo-Práxis • Dezembro 2015 • Vol. I, No. 1 Parâmetros Efluente Tratado ETR NBR 13.969/97 Portaria MS 2914/11 CONAMA 430/11 CONAMA 357/05 E. coli (NMP/100mL) <1,0 500 Ausente - 1000 Coliformes Totais (NMP/100mL) 110 <500 Ausente - 5000 pH 7,2 - 6,0 a 9,5 5,0 a 9,0 6,0 a 9,0 DBO (mg/L) 6,47 - - >60% <10 DQO (mg/L) 46,9 - - - - Turbidez (UNT ) 1 10 5 - 100 UNT Cor 12,8 - - 15uH até 75 Pt/L Nitrogênio Amoniacal 17,34 - - 20,0 mg/L 13,3 mg/L Clorofila a 1,84 - - - <60 µ/L Cloro Residual 1 >0,5 - - - Tabela 5 – Comparação efluente tratado da ETR x Legislações Referências BASTOS, RKX et al. Subsidios a regulamentação do reúso da água no brasil-utilização de esgotos sanitários tratados para fins agrícolas, urbanos e piscicultura. Rev DAE, v. 177, p. 50–62, 2008. 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