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Administração da Produção e Operações 1 1ª e di çã o Administração da Produção e Operações Leandro Soares da Silva Administração da Produção e Operações 2 DIREÇÃO SUPERIOR Chanceler Joaquim de Oliveira Reitora Marlene Salgado de Oliveira Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva FICHA TÉCNICA Texto: Leandro Soares da Silva Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos e Victor Narciso Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos COORDENAÇÃO GERAL: Departamento de Ensino a Distância Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói S586a Silva, Leandro Soares da . Administração da produção e operações / Leandro Soares da Silva; revisão de Rafael Dias de Carvalho Moraes. – 1. ed. – Niterói, RJ: UNIVERSO: Departamento de Ensino a Distância, 2016. 192 p. : il. 1. Administração da produção. 2. Empresas - Localização. 3. Empresas - Layout. 4. Planejamento da produção. 5. Estudo do tempo. 6. Teoria das filas. 7. Ensino à distância. I. Moraes, Rafael Dias de Carvalho. II. Título. CDD 658.5 Bibliotecária: Elizabeth Franco Martins – CRB 7/4990 Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se r esponsabilizando a ASOEC pelo conteúdo do texto formulado. © Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). Administração da Produção e Operações 3 Palavra da Reitora Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSOEAD, que reúne os diferentes segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero bem-sucedidas mundialmente. São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável pela própria aprendizagem. O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo o momento, ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de nossa plataforma. Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem- sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, graduação ou pós-graduação. Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. Seja bem-vindo à UNIVERSOEAD! Professora Marlene Salgado de Oliveira Reitora Administração da Produção e Operações 4 Administração da Produção e Operações 5 Sumário Apresentação da disciplina ............................................................................................. 07 Plano da disciplina ............................................................................................................ 09 Unidade 1 – Introdução à Administração da Produção e Operações................... 13 Unidade 2 – Localização de Empresas.......................................................................... 43 Unidade 3 – Layout ........................................................................................................... 71 Unidade 4 – Sistema PCP no Chão de Fábrica ............................................................ 89 Unidade 5 – Técnicas Japonesas.................................................................................... 111 Unidade 6 – Estudo de Tempo e Métodos .................................................................. 131 Unidade 7 – Introdução à Teoria das filas .................................................................... 159 Considerações finais ......................................................................................................... 181 Conhecendo o autor ......................................................................................................... 183 Referências .......................................................................................................................... 185 Anexos.................................................................................................................................. 187 Administração da Produção e Operações 6 Administração da Produção e Operações 7 Apresentação da Disciplina O objetivo geral da disciplina Administração da Produção é proporcionar a você uma visão integrada das modernas técnicas de administração dos sistemas produtivos, de bens e de serviços, facultando embasamento teórico para subsidiá- lo no mundo do trabalho, bem como a formação de profissionais para o exercício das funções gerenciamento da produção capacitando-o a definir, aperfeiçoar e administrar essas atividades de uma empresa. Entenderá também como a administração da produção / produção é importante para a empresa afetando diretamente a sua produtividade que através de sistemas planejamento e controle da produção e estudos de tempos e métodos é possível alavanca-la gerando uma agregação de valor para a Companhia. No mundo globalizado e com o aumento da competitividade entre as empresas é fundamental que as empresas estejam atentas à otimização dos seus processos produtivos para que consigam aumentar a sua produtividade e desta forma se manterem vivas no mercado. A disciplina foi dividida em sete unidades com objetivo de facilitar a compreensão e aplicação dos conteúdos e assim apresentaremos cada unidade, enfatizando seus objetivos para que você tenha uma visão do que será estudado. Bons estudos! Administração da Produção e Operações 8 Administração da Produção e Operações 9 Plano da Disciplina Iniciaremos nossos estudos da disciplina de administração da produção a partir das ideias fundamentais do que é administração de operações, assim como os aspectos históricos e sua evolução na tentativa de demonstrar as escolhas que a organização deverá tomar no âmbito industrial para que ela consiga desenvolver o seu produto ou serviço da melhor maneira e agregando valor ao cliente. Unidade 1 – Introdução à Administraçãoda Produção e Operações Nesta unidade, iremos compreender como a área de administração da produção evoluiu ao longo dos anos assim como entender os seus objetivos e os fatores que afetam a sua estruturação atualmente e como ela afeta a produtividade da empresa. Objetivos da unidade: Fornecer a você estudante os conceitos, conhecimentos histórico de evolução da administração da produção; Fornecer uma visão geral do que é manufatura, serviços e processos; Apresentar os objetivos da administração da produção assim como os fatores que afetam a sua estruturação. Unidade 2 – Localização de Empresas Nesta unidade, iremos compreender como a estratégia adequada adotada na localização da empresa influencia diretamente na sua estruturação de custos a também quais são os fatores que impactam nesta decisão da empresa. Objetivos da unidade: Disponibilizar para o aluno os conhecimentos de quais fatores que influem na localização da empresa; Apresentar as características das diferentes opções de escolhas na localização da empresa; Fornecer uma visão das consequências e impactos gerados pela escolha da localização da empresa. Administração da Produção e Operações 10 Unidade 3 – Layout Nesta unidade, desenvolveremos um estudo profundo para conhecer as características dos diferentes tipos de layouts que uma indústria pode ter assim como seus impactos para o trabalhador e a melhor adaptabilidade ao negócio da empresa. Objetivos da unidade: Apresentar aos alunos as características dos diferentes tipo de layout existentes que a empresa poderá implementá-lo; Disponibilizar os fatores que influenciam na escolha do layout da empresa. Unidade 4 – Sistema de PCP no chão de fábrica Nesta unidade, conheceremos os diferentes tipos de sistemas de planejamento e controle da produção (PCP) que a empresa pode adotar, assim como as suas características e suas consequências na implantação e a sua melhor adaptabilidade ao negócio da empresa. Objetivos da unidade: Compreender os conceitos, classificação e fundamentos dos sistemas de PCP; Identificar os custos que estarão envolvidos na implantação de um sistema de PCP; Compreender a importância da gestão do sistema de PCP para a produtividade da empresa; Conhecer os possíveis problemas que a empresa pode enfrentar com cada um dos sistemas a serem adotados. Administração da Produção e Operações 11 Unidade 5 – Técnicas Japonesas Nesta unidade, faremos um estudo sobre as técnicas japonesas relacionadas à administração da produção. Serão conhecidas as características destas técnicas assim como a sua aplicabilidade nos dias atuais. Objetivos da unidade: Compreender as características de cada uma das técnicas japonesas; Compreender os procedimentos necessários para a sua implantação; Compreender os procedimentos de gerenciamento da implantação de cada uma das técnicas para a efetiva obtenção de resultados satisfatórios a partir da implantação; Compreender os procedimentos de escolha da técnica mais adequada à realidade e ao negócio da empresa. Unidade 6 – Estudo de Tempo e métodos Nesta unidade, você terá a oportunidade de compreender a finalidade do estudo de tempos e movimentos assim como qual a melhor metodologia e os equipamentos necessários para a realização do estudo. Entenderemos também de que maneira os processos e operações e o projetos do posto de trabalho influência nos resultados da empresa. Objetivos da unidade: Compreender a finalidade do estudo de tempos e métodos na empresa. Conhecer a metodologia para realização do tal estudo. Conhecer as características de um processo e da operação da empresa. Elaborar um projeto de posto de trabalho considerando os aspectos ergonômicos. Ficar habilitado a realizar um projeto de melhoria de processos em serviço e também na organização. Administração da Produção e Operações 12 Unidade 7 – Introdução à teoria das filas Nesta unidade, o aluno compreenderá os aspectos históricos e os conceitos básicos relacionados à teoria das filas. Será demonstrada a sua importância no dimensionamento de postos de atendimento ao cliente assim como serão apresentados os diferentes modelos a serem aplicados na organização. Objetivos da unidade: Conhecer os aspectos históricos da teoria das filas; Compreender as caraterísticas de cada um dos modelos de teoria das filas; Conhecer as diferentes variáveis que impactam no estudo da teoria das filas; O aluno irá conhecer as características dos diferentes modelos de teoria das filas assim como a sua aplicabilidade na organização. Administração da Produção e Operações 13 Introdução à administração da produção e operações 1 Administração da Produção e Operações 14 Caro aluno, Nessa unidade, vamos estudar os principais conceitos da administração da produção, abordando aspectos da sua evolução ao longo dos anos e sua importância para a organização. Objetivos da unidade: Apresentar os principais conceitos da administração da produção, abordando os aspectos da sua evolução ao longo dos anos os seus objetivos e detalhando os fatores que afetam a administração da produção e operação atualmente. Plano da unidade: Evolução histórica da Administração da Produção Visão geral de manufatura e serviços O que é um Processo? O que é Administração de Operações? Fluxos de mercadorias, serviços e capitais. Objetivos da Administração da Produção/Operações. Fatores que afetam a APO hoje. Avaliação da Produtividade. Bons estudos! Administração da Produção e Operações 15 A administração da produção e operações é a área responsável por fazer a gestão das atividades de produção de bens materiais ou de prestação de serviços. Nas indústrias, as tarefas operações da produção ficam alocadas prioritariamente na fábrica ou chamada planta industrial, a planta é o termo usado para o desenho do edifício, ou seja, onde estão localizadas as instalações da indústria que são os maquinários e equipamentos. No lado operacional, os recursos transformadores que são aqueles que atuam como responsáveis em prover condições ideais para que os insumos/matérias- primas sejam transformados em produto acabado/prestação de serviços ao cliente estão englobados. Para alcançar os objetivos organizacionais, a administração da produção busca utilizar juntamente com as funções gerenciais (Matéria-prima, equipamento e mão de obra) de uma forma eficiente e eficaz para obter produtos e serviços de qualidade que atendam aos consumidores no que diz, atender aos prazos estabelecidos, qualidade do produto, estética e durabilidade. Outro aspecto importante é o planejamento e controle da produção, ele faz com que os objetivos da organização sejam alcançados nos seus prazos, garantindo que os recursos produtivos estejam disponíveis e com suas especificações técnicas atendidas corretamente, para que o produto final saia da melhor forma e que atenda ao seu propósito. Evolução histórica da administração da produção A administração da produção e operações percorreu um grande caminho até chegar os tempos de hoje, se compararmos os tempos primórdios com os tempos atuais, encontraríamos traços iguais nas organizações modernas como, trabalhos braçais dos operários na linha de produção, manuseio dos equipamentos, estocagem de materiais com as atividades dos primórdios que são, caça, agricultura, pastoreio, entre outras. Os percursores das primeiras máquinas usadas nas indústrias seriam encontrados na idade média, com a chegada da revolução industrial, esta que prossegue até o século XIV. Administração da Produção e Operações 16 A revolução industrial é marcada pelo começo de uma nova era na civilização, pois ela marca o início da produção industrialdos séculos XVIII e XIX, durante esse tempo houve intensa utilização de máquinas, criação de fábricas, houve movimentos de trabalhadores contra as condições desumanas de trabalho, que afetava mulheres e crianças que trabalhavam 14 horas. Nessa época o mundo avançou acentuadamente no que diz, tecnologia, indústria, transporte, comércio e inovações que mudaram o padrão de vida, como o aumento do uso de roupas de algodão feitas a baixo custo, em um período de dois séculos estima-se que a renda mundial per capita tenha aumentado dez vezes. O economista prêmio Nobel Robert Lucas declarou que "Pela primeira vez na história, o padrão de vida das massas formadas por cidadãos comuns começou a apresentar um crescimento contínuo e constante. Nada remotamente parecido com este fenômeno econômico havia acontecido até então”. A Inglaterra foi considerada o berço principal dessa revolução, pois ela possuía grandes reservas de carvão e minério que seria a principal energia para movimentar máquinas e locomotivas a vapor, além disso, os ingleses possuíam reservas de minério de ferro que é a principal fonte de matéria-prima, a mão de obra também os favoreceu, pelo grande número de trabalhadores a procura de emprego. A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as fábricas, para aquisição de matéria-prima, máquinas e contratar operários. Outro aspecto que favoreceu o pioneirismo na Inglaterra é que na metade do século XVIII, o mercado mundial sofria uma grande expansão no consumo e os ingleses eram grandes exportadores de tecidos feitos artesanalmente, com a nova demanda o País desenvolveu maquinários e com isso aumentou a sua linha de produção e consequentemente diminuiu seus custos. Administração da Produção e Operações 17 Figura 1: Fábrica e trabalhadores do século XVIII Fonte: SLACK (1997) Falando em técnicas de Administração, elas nasceram e se desenvolveram nos Estados Unidos, marcando e predominando a política e a economia dos Estados Unidos, os mesmos eram responsáveis por 25% do comércio mundial de produtos manufaturados. Dos tempos modernos para os tempos atuais essas técnicas de administrar a produção se multiplicaram por vários países. Com a larga escala de produtos padronizados através das linhas de montagens que ficou conhecida como linha de montagem Ford, pois permite altas taxas de produção por trabalhadores e ao mesmo tempo disponibiliza produtos a baixos custos, essa produção em massa ficou considerada marca registrada dos Estados Unidos e em 1913 o símbolo do seu poderio industrial pode ser encontrado. Falando em linhas de produção de Ford, surgem outro filósofo que marcou a época, como Frederick Taylor, conhecido como um engenheiro a serviço da máquina produtiva americana, ele aplicava a racionalidade e métodos científicos à administração do trabalho nas fábricas. Taylor procurava uma forma de elevar o nível de produtividade fazendo com que o trabalhador produzisse mais em pouco tempo e sem elevar os custos com a produção, com esse pensamento ele conseguiu observar que os sistemas administrativos da época eram falhos, porque havia falta de padronização dos métodos de trabalho, desconhecimento da parte dos administradores e assim, trazendo também o desconhecimento e falta de treinamento dos operários, para Taylor a forma de remuneração utilizada foram uma das principais falhas. Administração da Produção e Operações 18 Figura 2: Ford e seu Modelo T (1907 – 1925) Fonte: BARROS NETO, (1998) Figura 3: Linha de montagem em 1913 Fonte: BARROS NETO, (1998) Administração da Produção e Operações 19 Veja no quadro abaixo alguns dos principais personagens desta fase e suas contribuições para a Administração da Produção: Tabela 1: Principais autores de Administração da Produção 1767 – James Hargreaves Invenção da primeira máquina de fiar. A máquina consistia em diversos fusos dispostos verticalmente e movidos por uma roda, além de um gancho que segurava diversos novelos. 1776 - Adam Smith Introdução de uma nova doutrina econômica Em sua célebre obra “A riqueza das nações” Smith advogava que o governo não precisava intervir na economia. Ele achava que, se os empresários tivessem liberdade de procurar seus próprios interesses, o mercado produziria bens na quantidade e no preço que a sociedade esperasse, levado por uma “mão invisível”, que atuaria adequadamente se não houvesse impedimento ao livre comércio. 1776 - James Watt Aperfeiçoamento do motor a vapor O aperfeiçoamento do motor a vapor de Watt permitiu o seu uso prático na indústria . Instalada, inicialmente, em fábricas de artefatos de ferro, a máquina a vapor foi o gatilho que disparou a revolução industrial, mecanizando tarefas anteriormente manuais. 1790 - Eli Whitney Criação do conceito da utilização de peças intercambiáveis O conceito de intercâmbio de peças foi originalmente aplicado à fabricação de mosquetes vendidos ao exército americano, mas acabou por permitir o processo de produção em massa, com estações de trabalho e fluxo ininterrupto de produção nas mais diversas indústrias. Whitney talvez seja mais conhecido pela invenção da Cotton gin, uma máquina revolucionária de processamento de algodão, que aumentou a produtividade da indústria têxtil, incentivando as plantações de algodão no sul dos Estados Unidos. 1822 - Charles Babbage Criação da primeira calculadora mecânica Babbage concebeu a primeira calculadora mecânica e prática do mundo. Depois disto, Babbage desenvolveu a ideia do “motor analítico”, que serviu de base para as implementações dos computadores eletrônicos, mais de um século depois, quando, finalmente, a IBM conseguiu desenvolver a tecnologia necessária para colocar em prática os conceitos do inventor inglês. Em seu livro On the economy of machinery and manufactures, lançado em 1832, Babbage fornece ideias revolucionárias de administração da produção, que também vieram a ser exploradas no século seguinte. Fonte: BUFFA, 1976 (adaptado ao Novo acordo ortográfico de 1990) Administração da Produção e Operações 20 Visão geral de manufatura e serviços Podemos afirmar que, até meados da década de 1950, a indústria de transformação era a que mais se destacava no cenário econômico mundial. As chaminés das fábricas eram símbolo de poder, pois empregavam mais pessoas e eram responsáveis pela maior parte do produto interno bruto dos países industrializados. Porém, a partir da década de 50, isso não é mais verdadeiro. O setor de serviços passou a empregar mais pessoas e gerar maior parcela do produto interno bruto na maioria das nações do mundo. Dessa forma, passou-se a dar ao fornecimento de serviços uma abordagem semelhante à dada à fabricação de bens tangíveis. Foram incorporadas praticamente todas as técnicas até então usadas pela engenharia industrial. Com isso, o conceito de Operações foi ampliado passando a contemplar não só a produção de produtos como também a prestação de serviços. De acordo com Machado (2014), a Administração da Produção, diferentemente do que o nome possa sugerir, não trata apenas das atividades relacionadas com as atividades fabris, ou seja, aquela que se preocupa na transformação física de uma determinada matéria-prima em um bem acabado, ela se preocupa também com as atividades relacionadas com a produção de serviços. As atividades relacionadas com a produção de um bem ou um serviço são muitas vezes completamente distintas em função das especificidades que caracterizam produtos e serviços. Com isso, podemos diferenciar produto e serviço da seguinte maneira: Tabela 2: Características de produtos e serviços Fonte: Slack (1997) Administração da Produção e Operações 21 Ainda de acordo com Machado (2014), normalmente chamamos de produto qualquer output de um sistema produtivo, seja ele bem ou serviço. É muito comum nos referirmos aum determinado serviço prestado por um banco, como um produto. Esta prática não está errada, a distinção feita nesta apostila serve, assim como nos livros que trato do assunto, para uma melhor compreensão das especificidades dos produtos e dos serviços. Podemos dizer então que: Produtos: é um bem físico, tangível, que dependendo da conveniência pode ser estocado e/ou padronizados. Exemplo: automóvel, um aparelho de DVD ou um navio. Serviços: sua principal característica é a intangibilidade, normalmente é necessário que o cliente ou o seu bem estejam presentes para que seja prestado o serviço. O serviço não prestado é serviço perdido, pois não existe a possibilidade de estocagem. Importante! Toda esta separação entre produtos e serviços é importante para que possamos compreender suas especificidades e, a partir daí, projetarmos o sistema produtivo mais adequado para um produto ou serviço. Estratégias de produção, objetivos, projetos, planejamento, controle e melhoria dependerão das características dos produtos ou serviços que serão entregues ao cliente. (Machado, 2014) Se tomarmos por base um restaurante fast food percebemos que o que o cliente adquire ao entrar em uma loja é um misto de produtos – lanches - e serviços – o atendimento e o local para fazer a refeição -. Desta forma podemos dizer que diferentes produtos e serviços oferecem, na verdade, um composto dos dois. A gradação deste composto pode ser representada por um contínuo entre produtos e serviços. (Machado, 2014) Administração da Produção e Operações 22 De acordo com Slack (1997), as seguintes características de serviços e produtos: Simultaneidade - Os serviços são produzidos e consumidos no mesmo momento, o que implica na impossibilidade de se formar estoques de serviços. Produtos podem ser produzidos e estocados. Participação do cliente no processo dos serviços - Muitos autores já defenderam que a presença do cliente no momento da prestação do serviço é uma característica marcante dos serviços. Porém, com o advento da internet e dos serviços prestados por telefone, esse conceito mudou e, desde então, entende-se que a presença não é necessária, mas sim a participação do cliente no processo. Intangibilidade – Assume-se que “serviços são ideias e conceitos; produtos são objetos”. Isso porque produtos são palpáveis e serviços não. Produtos são tangíveis e serviços intangíveis. Perecibilidade - Tal e qual um alimento fora de validade, os serviços são perecíveis. Não podem mais ser comercializados. Há uma única ressalva na comparação: o alimento teve um tempo de validade, nossa comparação é depois do prazo vencido, apenas. Heterogeneidade - Serviços estão atrelados a expectativas dos clientes. Pela sua própria razão de surgimento — melhoria da qualidade de vida das pessoas —, os serviços devem atender ao que o cliente espera e necessita. Transportabilidade – Produtos podem ser transportados, já serviços não. Vale ressaltar que apesar de não ser possível transportar um serviço, o mesmo pode se deslocar de um lugar para outros para que ocorra a prestação. Administração da Produção e Operações 23 O que é um processo produtivo Um processo produtivo consiste na transformação de entradas de insumos para fabricação de um determinado produto após sua solicitação e especificação do cliente e a saída desses insumos transformados no produto final. Quando falamos em transformação, nos referimos ao uso de recursos para mudar o estado ou condição de algo para produzir Outputs. A produção envolve os recursos de Inputs usados para transformar algo ou para ser transformado em Outputs de bens ou serviços. Figura 4: Processo de transformação Input e Output; Fonte: Slack (1997) Outputs: Saída do produto final ou serviço depois do seu processo de transformação. Inputs: É a entrada de insumos para transformação do produto final. Administração da Produção e Operações 24 A tabela abaixo mostra que é possível descrever uma ampla variedade de operações, mudando seus recursos de input, processo de transformação e seus Outputs, um exemplo disso é, uma fábrica de automóveis contém corte e conformação de metais e processos de montagem, enquanto o hospital contém diagnósticos, processos assistenciais e terapêuticos. A fábrica de automóveis usa seus funcionários e instalações para transformar aço, plástico, tecido, pneus entre outros materiais necessários para a fabricação. Por outro lado, os funcionários e a tecnologia, de um hospital transformam os próprios consumidores. Os pacientes fazem parte do input e do output de produção, eles que serão processados. Figura 5: Algumas operações descritas como processos de input-transformação-outputs. Fonte: DAVENPORT, 1997 Administração da Produção e Operações 25 Tipos de operações de produção Embora as operações sejam similares entre si na forma de transformar recursos de input em output de bens e serviços, apresentam diferenças em quatro aspectos: 1. Volume de output; 2. Variedade de output; 3. Variação da demanda do output; 4. Graus de visibilidade. Dimensão volume Para explicar a dimensão volume, considere um restaurante onde existe uma grande variedade de pratos em seu cardápio, mas por outro lado o volume de saídas desses pratos será consideravelmente menor. As operações de produção podem variar desde produzir volumes muito elevados de produtos ou serviços, com baixa variedade (como é o caso, por exemplo, das indústrias alimentícias ou do serviço de transportes metroviários) até volumes muito baixos com variedade elevada (como exemplo dos móveis artesanais, da alta costura ou da construção naval). Esta relação é sempre inversamente proporcional, quando volume alto, variedade baixa e vice-versa. Dimensão variedade A variedade do serviço oferecido permite atender bem às necessidades de seus consumidores; vejamos, o custo por quilômetro rodado para um taxi será mais alto do que para um transporte de ônibus, embora ambos atendam mais ou menos os mesmos consumidores, o serviço de táxi possui, teoricamente, um número infinito de rotas para oferecer a seus passageiros, enquanto o serviço de ônibus tem rotas definidas, deixando o passageiro sem muita escolha. Nos ônibus tudo é padronizado e regular, a falta de mudança e de interrupção da operação diária, resulta em custos relativamente baixos, comparados ao do taxi para o mesmo percurso. Administração da Produção e Operações 26 Dimensão variação Quando uma empresa tem diferentes tipos de produção, como por exemplo, indústrias de confecção de roupas, pode acontecer de alguns departamentos confeccionar poucas peças em determinadas épocas do ano, como no verão, a produção de calças e jaquetas são menores, enquanto a de shorts e blusas regatas são maiores, isso acontece por conta da variação das demandas. Dimensão visibilidade Visibilidade quer dizer o quanto das suas atividades são percebidas pelos clientes. Essas atividades são percebidas através do atendimento das necessidades dos clientes, como atendimento rápido, entregas no prazo, produto ou serviço com as devidas especificações conforme combinado. 4 vs da produção Todas as quatro dimensões explicadas acima, possuem implicações para o custo dos produtos ou serviços, exemplificando, alto volume, baixa variedade, baixa variação e baixa visibilidade, todos ajudam a manter os custos de processamentos baixos. De forma inversa, baixo volume, alta variedade, alta variação e alta visibilidade. O que é administração da produção As funções gerenciais de uma empresa administram o sistema de produção, e seu principal objetivo é designar planejamento e metas, assim como, de qual maneira atingir de maneira rápida essas metas. Administração da Produçãoe Operações 27 Objetivos empresariais São os objetivos que uma organização pretende alcançar, esses objetivos são guias básicos que suportam a tomada de decisão e são também os critérios de avaliação dos resultados. Alguns exemplos de objetivos são: crescer, ter lucro, fornecer produtos de qualidade, progredir tecnologicamente, prover dividendos aos acionistas, prover o bem-estar dos empregados, satisfazer as necessidades dos consumidores etc. Um fator mais importante a ser considerado com relação aos objetivos é o tempo envolvido, que são objetivos de longo prazo, aqueles que devem ser atingidos em 5 anos ou mais, objetivos de médio prazo, que são de 1 a 5 anos e por último os objetivos de curto prazo, que envolvem de algumas semanas até 1 ano. Alguns desses objetivos citados podem ocasionar de estar em conflito e para perceber esses conflitos às vezes é difícil e depende de uma análise acurada do assunto, já outros são o contrário, estão em evidencia, tornando fácil a sua percepção, como por exemplo, pagar melhores salários versus minimizar os custos da mão de obra, reduzir impostos versus aumentar os benefícios sociais, reduzir investimentos versus desenvolver novos produtos, entre outros. Importante! É importante saber que é impossível todos os objetivos da empresa serem atingidos ao mesmo tempo, deverá ser decidido quais programas serão iniciados e quais programas já existentes deverão ser melhorados ou até pausá-los. Os objetivos devem ser distribuídos na ordem, primários, ou seja, no sentido dos que são fundamentais para consecução de outros, que são classificados como secundários. A distribuição dos objetivos seguindo uma hierarquia, ajudará a colocar ênfase nos objetivos prioritários. Administração da Produção e Operações 28 As funções gerenciais A administração da produção e operações se preocupa em harmonizar os objetivos da organização, para isso, trabalha com o planejamento, organização, direção e controle. O planejamento estabelece linhas de ação para que sejam seguidas com o objetivo de satisfazer os objetivos estabelecidos. Organização tem como finalidade juntar todos os recursos produtivos, que são de mão de obra, matéria-prima, equipamentos e o próprio capital, esses recursos são importantes para as atividades que foram planejadas. Direção organiza todo o planejamento que já foi estabelecido, tira do papel e designa tarefas e responsabilidades aos empregados para que esse planejamento seja executado. O controle fica com a função de monitorar, fiscalizar as atividades e verificar se estão de acordo com os projetos que foram planejados, envolve também a avaliação de desempenho dos empregados e a consequente aplicação de medidas corretivas se necessário. O planejamento pode ser classificado em três grandes níveis, afetando fatias maiores ou menores da empresa: Nível Estratégico O planejamento estratégico envolve: políticas corporativas, escolha de linhas de produtos, localização de novas fábricas, unidades de atendimentos etc. O planejamento estratégico envolve a linha tempo de longo prazo e como consequência, altos graus de riscos e incertezas. Administração da Produção e Operações 29 Nível Tático O nível tático tem relação com a alocação e a utilização de recursos para a linha de produção. Nas indústrias, o planejamento tático ocorre no nível de fábrica, em médio prazo e com grau de risco moderado. Nível Operacional O planejamento operacional são as atividades de curto prazo, aquelas tarefas rotineiras e decorrem de um plano tático. A alta gerência é responsável pelos objetivos da organização, que são: lucro, posição de competição, etc. As decisões da alta gerência podem afetar o futuro da empresa a longo prazo. Os planos da alta gerência são reportados para a média gerência para que sejam cumpridos. O planejamento da média gerência é em tempos mais curtos e consequentemente mais tempo deve ser alocado as atividades da direção, pelo grande número de funcionários diretos sob esse nível. E por último o nível da supervisão, que atende os objetivos de curto prazo. Fluxos de mercadorias, serviços e capitais Toda e qualquer empresa tem como principal objetivo atender as necessidades e requisitos dos seus clientes/consumidores. Afinal são os consumidores que garantem a sobrevivência da empresa através da compra dos produtos/serviços oferecidos que geram receita para a empresa. Os produtos e/ou serviços produzidos por uma empresa, devem estar à disposição de seus clientes, na quantidade, no tempo, no local e com a qualidade desejada. As empresas necessitam de uma gestão da cadeia de suprimentos cada vez mais eficaz já que é o conjunto de abordagens utilizado para integrar de modo eficiente, fornecedores, fabricantes, armazéns e pontos de venda de tal forma que os produtos sejam fabricados e distribuídos nas quantidades certas para as locações adequadas e no tempo certo de forma a minimizar os custos globais1 do sistema e satisfazer os requerimentos relativos aos níveis de serviço exigido pelo cliente e com isso contribuindo fundamentalmente para administração das operações garantindo a satisfação plena dos consumidores desde a aquisição da matéria-prima até a entrega do produto ao cliente. Administração da Produção e Operações 30 Com a globalização das economias mundiais os produtos e seus insumos podem ser produzidos em qualquer lugar do mundo onde as empresas em busca de melhores condições localizam suas plantas produtivas a partir de 3 princípios: Foco no mercado, foco na família de produtos e foco no processo. Com o foco no mercado, a empresa localiza as plantas em diferentes mercados buscando sempre a maior proximidade possível ao mercado consumidor. Com foco na família de produtos, a empresa localiza as plantas em diferentes partes do mundo, orientada por economias de escala. Cada planta especializa-se em uma família específica de produtos. E o foco no processo a empresa localiza suas plantas em diferentes partes do mundo, mas cada planta especializa-se em passos específicos do processo de manufatura. No tocante aos serviços, o volume tende a ser ainda maior. Com a melhoria dos meios de comunicação, é normal encontrarmos empresas com seus departamentos de cobranças, de atendimento ao cliente, jurídico em cidades e até países diferentes. Na área de mercados de capitais, temos os fluxos de dinheiro que, como uma "nuvem”, vaga sobre o mundo à procura de locais onde possam "descer" e obter o máximo rendimento possível. Objetivos da administração da produção/operações O principal objetivo de toda e qualquer empresa e atingir o seu objetivo estratégico definido que passa pela transformação de insumos em produto acabado ou em um serviço prestado. Neste âmbito que aparece a Administração da Produção/Operações que tem como seu principal objetivo fazer com que esse processo de transformação ocorra da maneira mais eficaz e eficiente possível. Esta transformação ocorre na fábrica que atualmente vem se caracterizando pelo uso intensivo de tecnologia visando a automação e a minimização de erros humanos. Neste contexto, ferramentas como computer aided design (CAD), computer aided manufacturing (CAM), computer integrated manufacturing (CIM), manufacturing resource planning II (MRP II), enterprise resource planning (ERP), Electronic Data Interchange (EDI) são utilizadas, tudo isso alinhado com o novo perfil de trabalhador que passa a ser mais cerebral e deixa de ser braçal. Administração da Produção e Operações 31 Outro objetivo e foco da administração da produção/operações é a busca por elevados índices de produção a baixo custo, com isso a empresa elimina as atividades que não agregam valor, o retrabalho e o desperdício também é abominável, assim como a busca pela redução de custos também é incansável e um dos grandes vilões que éo estoque, este também é reduzido ao máximo buscando a implementação do modelo de just in time. Just in time é um modelo de gestão da produção, em que os insumos são fornecidos apenas no momento em que serão processados que é uma opção para substituir o modelo Just in Case, no qual grandes quantidades de materiais e produtos ficavam estocados para estarem disponíveis quando fossem necessários ao processo produtivo. Tendo como objetivo a diminuição dos estoques e a consequente redução de custos, pois, com ele, torna-se necessária menos área disponibilizada e menor capital empatado onde um produto só é fabricado quando é feito um pedido de compra por parte do cliente. É desencadeada, então, uma reação em cadeia para trás que vai até a requisição dos insumos necessários à produção junto aos fornecedores. Outro ponto que as empresas buscam em suas operações é a produção enxuta, onde a autoridade do colaborador, no que se refere à qualidade do produto, é praticamente ilimitada. Ele pode, a qualquer instante, parar a linha de produção, uma vez constatada uma não conformidade já ocorrida em vias de ocorrer. O espírito de grupo e de compromisso mútuo está presente. Todos os outros colaboradores procuram ajudar na solução de problemas para que a linha volte à normalidade o mais rápido possível. Metodologias de identificação e solução de problemas, como o diagrama de Ishikawa (causa e efeito ou espinha de peixe), são amplamente difundidas e incorporadas à cultura de todos os colaboradores. Diagrama de Ishikawa é uma ferramenta gráfica utilizada para o gerenciamento e o Controle da Qualidade em diversos processos e desenvolvida pelo engenheiro químico Kaoru Ishikawa, no ano de 1943, e foi aperfeiçoado nos anos seguintes. Administração da Produção e Operações 32 Esta ferramenta consiste em uma forma gráfica usada como metodologia de análise para representar fatores de influência (causas) sobre um determinado problema (efeito). Também é denominada de Diagrama de Ishikawa, devido ao seu criador, ou Diagrama Espinha de Peixe, devido à sua forma (MIGUEL, 2006). O diagrama de causa-efeito pode ser elaborado perante os seguintes passos: Determinar o problema a ser estudado (identificação do efeito); Relatar sobre as possíveis causas e registrá-las no diagrama; Construir o diagrama agrupando as causas em “6M” (mão-de-obra, método, matéria-prima, medida e meio-ambiente); Analisar o diagrama, a fim de identificar as causas verdadeiras; Correção do problema. Conforme demonstrado na figura abaixo: Figura 6: Diagrama de Ishikawa Fonte: Martins, 2005 Administração da Produção e Operações 33 Apesar da preocupação com a administração da produção/operação, a gestão dos processos também tem uma importância fundamental onde é feita a utilização de indicadores de desempenho amplamente discutidos e aceitos por todos os colaboradores que estiverem intimamente ligados aos objetivos estratégicos e táticos da empresa. A atenção aos objetivos dos clientes guia o projeto, e a utilização de técnicas como o desdobramento da função qualidade (Quality Function Deployment - QFD) conhecido também como a casa da qualidade e a análise de falhas (Jailure Mode and Effect Analysis - FMEA) asseguram maior qualidade e confiabilidade aos produtos. O QFD foi desenvolvida pelos japonês Yoji Akao na década de 60 e tem como objetivo auxiliar a equipe que está trabalhando no desenvolvimento de produtos, pois com essa ferramenta é possível incorporar as necessidades do cliente. Com a ferramenta QFD é possível conhecer as necessidades dos clientes e com elas ordená-las de modo que a empresa possa avaliar quais e quando elas serão incorporadas ao novo produto em desenvolvimento, através das quatro matrizes conforme abaixo: Figura 7: Figura ilustrativa do QFD Fonte: Moreira, 1998 Administração da Produção e Operações 34 Outra ferramenta utilizada é o FMEA (failure mode and effect analysis) que consiste no processo de submeter determinado produto a uma série de atividades no intuito de detectar possíveis falhas e a sua respectiva probabilidade de ocorrência. Com os resultados obtidos com o FMEA, a empresa obterá uma lista das possíveis falhas e conseguirá ordená-la ao seu critério (dano caso ocorra, maior probabilidade de ocorrência) e assim buscará eliminar tais falhas e verificar quais alterações seriam necessárias no processo produtivo e no produto. Existem quatro tipos de FMEAs que se distinguem a partir do que está sendo avaliado, os tipos são: FMEA de design: São analisadas as falhas que poderão ocorrer ao longo do projeto do produto. FMEA de processos: São analisadas as falhas que ocorrem decorrentes do planejamento e execução do processo. FMEA de sistemas: São analisadas as falhas que ocorrem decorrentes dos sistemas utilizados. FMEA de serviços: São analisadas as falhas que ocorrem decorrentes dos serviços prestados ao consumidor. Segundo BARKAI (1999), os mecanismos utilizados no FMEA são relativamente simples, a empresa precisa identificar as falhas em potencial e analisa-las e classifica-las em relação à 3 aspectos: Severidade, detectabilidade e probabilidade. Pela ponderação desses 3 índices, tem-se à disposição, os modos de falha ordenados de acordo com a sua importância. Desta maneira, obtêm-se uma tabela que auxilia na tomada de decisões de mudanças (relacionadas com o aumento de confiabilidade) no projeto. (BARKAI, 1999), As empresas buscam produtos com um menor número de componentes, pois assim fica mais fácil o gerenciamento do seu estoque. Elas buscam produtos modulados, onde a partir deste produto consegue-se obter flexibilidade e assim obter uma gama de outros produtos a partir destes componentes moduláveis. Administração da Produção e Operações 35 A comunicação visual está cada vez mais presente nas fábricas e escritórios. A informação passa a ser compartilhada entre todos os funcionários da empresa deixando de ficar apenas nas mãos dos gerentes e coordenadores. Com isso, informações da meta semanal, quantidade produzida, percentual de defeitos etc. ficam espalhadas por toda a organização. As informações são disponibilizadas em tempo real, com a utilização de painéis eletrônicos conectados a vários terminais de entrada de dados e de leitoras ópticas que, como parte integrante de sistema de código de barras, são responsáveis pelo monitoramento do processo produtivo, pelo recebimento de matéria-prima, pela expedição de produtos acabados, pelo ponto dos colaboradores etc. Dessa forma, é baixa a necessidade de papéis circulando no ambiente de trabalho - tudo está à vista de todos. A utilização das cores é explorada ao máximo, com cartões kanban, contêineres, bancadas etc., coloridos de forma a transmitir uma ou mais informações sobre o andamento dos processos; Em muitas empresas, o sistema just-in-time utiliza colaboradores que fazem a distribuição dos componentes em roller skates (desde que o peso e o volume permitam), que possibilitam maior rapidez e menor cansaço. Outra tendência é que vários funcionários são virtuais, ou seja, trabalham com laptop e se conectam cada dia em um lugar diferente - dentro ou fora da empresa. Há tomadas espalhadas por todo lugar: na lanchonete, no jardim de inverno ou no "redário". O funcionário chega e conferem na tela os locais disponíveis. Outro foco é a gestão do conhecimento, onde o conhecimento não está centralizado na figura do chefe de seção, mas compartilhado com todos os colaboradores. A prioridade não é a simples produção massificada, mas a produção em que os conhecimentos são aplicados para melhorar o desempenho. Administração da Produção e Operações 36 Fatores que afetam a administração da produção/operação hoje Diversos são os fatores que influenciam a administração daprodução/operação atualmente, dentre eles podemos destacar: Competição global – A grande competição mundial entre as empresas tem feito que elas se aperfeiçoem cada vez mais em suas atividades de administração de produção/operação, pois qualquer diferencial obtido neste processo pode gerar uma grande vantagem competitiva para a empresa. Como por exemplo, um custo inferior ou uma entrega mais ágil etc. Qualidade do serviço/produto e desafios de custo – Os consumidores têm aumentado a sua preocupação e nível de exigência em relação à qualidade do produto e do serviço que lhe é prestado, muito influenciado pela o aumento da competição global onde o consumidor passa a ter mais opções de escolhas o tornando mais exigente em relação à qualidade desejada. Desta forma, as empresas por questões mercadológicas ou judiciais estão aperfeiçoado as suas condições de qualidade fazendo com que obtenham níveis mínimos de qualidade. No que se refere aos desafios de custos, as empresas estão cada vez mais pressionadas para reduzi-los, muito motivadas pela grande competição existente, o cliente não aceita mais pagar preços altos para ter um produto/serviço de qualidade, pelo contrário, atualmente, os clientes querem qualidade com preços baixos; daí, as empresas são obrigadas a reduzir seus custos para que não impacte a sua rentabilidade. Avanços tecnológicos – Os avanços tecnológicos afetem e muito a administração da produção/operações atualmente. Esses avanços são responsáveis por muitas mudanças operacionais nas empresas. Com esses avanços as empresas conseguiram aumentar a produtividade e reduzir os custos de produção. Novos equipamentos automatizados geraram uma redução no número de funcionários e maior velocidade ao processo produtivo, gerando também um aumento no controle da qualidade reduzindo os erros produtivos ocorridos. Administração da Produção e Operações 37 Questões de sustentabilidade – A sustentabilidade que podemos entender como sendo a perfeita harmonização dos aspectos econômicos, social e ambiental tem impactado demasiadamente a administração da produção/operações hoje em dia. As empresas se veem obrigadas a cumprir/atender a esses 3 aspectos o que culmina na alterações dos processos produtivos. No Âmbito ambiental, produtos ou processos produtos que gerem resíduos danos ao meio ambiente não são mais bem aceitos pelos consumidores fazendo com que a empresa modifique sua produção. No aspecto social, o funcionário passa a ser respeitado e valorizado não sendo mais admissível a utilização de uma mão de obra sem ser lhe dada as devidas condições de saúde e segurança para exercício de sua atividade. E no âmbito financeiro cada vez mais as empresas tem se preocupado, pois estão pressionadas pelos seus acionistas a dar lucro ao investimento feito. Sendo assim, a sustentabilidade influencia e ainda influenciará por muito tempo a administração da produção/operação das empresas. Avaliação da produtividade A produtividade e os indicadores de produtividade vêm sendo utilizados ao longo do tempo por pessoas, organizações e nações para medir e acompanhar o próprio desempenho. Porém, em muitos casos, tais indicadores de produtividade são subutilizados, ou seja, por não serem trabalhados de forma sistêmica acabam por não fornecer uma visão integral das atividades. (King et al, 2011). O conceito produtividade foi introduzido e desenvolvido nas organizações com o intuito de avaliar e melhorar o desempenho delas. Inicialmente, a produtividade era calculada pela razão entre o resultado da produção e o número de empregados. Por um longo período, esta fórmula representou a produtividade da organização. Com ela almejava-se o aumento da produção por empregado utilizado. Outras formas de medir a produtividade surgiram ao longo do tempo, relacionando o resultado da produção com a utilização de outros recursos como, por exemplo, energia, matéria-prima, insumos, entre outros. (King et al, 2011) Administração da Produção e Operações 38 Até assumir o presente conceito econômico da razão entre entradas e saídas, a produtividade veio sendo definida de diferentes maneiras por diferentes pessoas no decorrer dos séculos. Entradas correspondem aos recursos empregados no processo produtivo como matéria-prima, equipamentos, trabalho e outros fatores de produção, enquanto que saídas correspondem aos resultados do processo produtivo, obtidos por intermédio da utilização desses recursos. Em outras palavras, produtividade corresponde a uma medida para se verificar quão bem os recursos para se produzir um determinado resultado são empregados (SHIMIZU; WAINAI; AVEDILLO-CRUZ, 1997). Na próxima unidade aprenderemos tudo sobre a localização de empresas. Perguntas do tipo, onde, como, quais fatores levar em consideração, serão respondidos. É hora de se avaliar Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Administração da Produção e Operações 39 Exercícios – Unidade 1 1.Contribuíram significativa para a evolução da administração da produção, Exceto: a) James Hargreaves. b) Adam Smith. c) James Watt. d) Eli Whitney. e) Thomas Edson. 2.São características de produtos e serviços respectivamente: a) Estoque é comum; estoque impossível. b) Padronização dos insumos é difícil; Padronização dos insumos é comum. c) Influência da mão de obra é alta em ambos. d) Padronização do produto final é comum em ambos. e) Produto final é intangível em ambos. 3.O que é Input: a) Saída do produto final. b) Um tipo de produto. c) É a entrada de insumos para transformação do produto final. d) Nome de um importante personagem para a evolução da administração da produção. e) Nenhuma das alternativas anteriores. Administração da Produção e Operações 40 4.Os 4 Vs da produção são: a) Volume, variedade, variação e velocidade. b) Variedade, variação, velocidade e visibilidade. c) Volume, variedade, velocidade de visibilidade. d) Volume, variedade, variação e visibilidade. e) Volume, variedade, variação e validade. 5.Quais são os três níveis de planejamento: a) Alto, médio e baixo. b) Estratégico, tático e operacional. c) Diretoria, Gerencial e operacional. d) Estratégico, Gerencial e operacional. e) Estratégico, tático e execução. 6.O desenvolvedor do diagrama de causa e efeito foi: a) Kaoru Ishikawa. b) Yoji Akao. c) James Hargreaves. d) Adam Smith. e) James Watt. 7.O Quality Function Deployment (QFD) também é conhecido como: a) Casa da Irmandade. b) Casa da Qualidade. c) Asa da Qualidade. d) Matriz da Qualidade. e) Casa da Não Qualidade. Administração da Produção e Operações 41 8.São 4 tipos de failure mode and effect analysis (FMEA): a) Design, processo, produto e sistema. b) Processo, produto, sistema e serviço. c) Design, produto, sistema e serviço. d) Design, processo, produto e serviço. e) Design, sistema, serviço, operação. 9.Defina Just in time: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 10.Defina Processo produtivo ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________ Administração da Produção e Operações 42 Administração da Produção e Operações 43 Localização de empresas 2 Administração da Produção e Operações 44 Caro aluno, Nesta unidade, vamos estudar sobre a localização de empresas e ao final dela seremos capazes de entender todo o processo de escolha da localização de uma planta produtiva. Objetivos da unidade: Temos como objetivos desta unidade apresentar os principais aspectos que influenciam e impactam na decisão das empresas em qual localidade deverão se instalar. Plano da unidade: O fator globalização da economia O cenário da localização Fatores que influem na localização Localização de empresa industrial Localização de lojas Modelos adicionais Bons estudos! Administração da Produção e Operações 45 No quesito localização, podemos dizer que são decisões estratégicas e que fazem parte do processo de planejamento, localizar significa determinar o local onde será a base de operações, que será onde serão fabricados os produtos ou prestação de serviços. Alguns critérios na hora de escolher a localização são primordiais para a tomada de decisão correta, como por exemplo, algumas empresas consideram mais importante ficarem próximas aos clientes (como no caso de um supermercado, uma delegacia, ou um hospital), outras empresas optam em estar localizadas próximas das matérias-primas e/ou dos componentes (como uma fábrica de materiais de construção), existem ainda aquelas que preferem estar localizadas nas proximidades onde a mão de obra seja abundante. A localização parece aplicar-se somente para novas empresas no mercado, na maioria das vezes sim, mas isso também acontece para empresas antigas no mercado, isso acontece quando, por exemplo, os insumos básicos à operação da empresa se esgotam, tornando-se insuficientes ou muito caros sua aquisição. Às vezes, o crescimento da demanda não pode ser satisfeito com a mera expansão da capacidade da localização existente, tornando necessária a busca de um novo local de operações. Para a tomada de decisão sobre a melhor estratégia a ser tomada para melhor localizar uma empresa não é fácil, requer grandes esforços de projetos e implantação, que podem durar vários anos. Quanto à questão de opções de localizações, existem muitas opções, será necessário selecioná-las em um número limitado entre as opções. Essa pré-seleção deve levar a escolhas potencialmente aceitáveis, sem o que não haverá o problema de localização. Em alguns casos, o estudo da localização pode envolver, ainda, a determinação de um local distinto para a sede administrativa, ou da área comercial da empresa, que não necessariamente precisa estar junto à base operacional. Este estudo leva em consideração, basicamente, os seguintes fatores: Disponibilidade de recursos e facilidade de obtenção de matéria-prima; Disponibilidade de mão de obra; Infraestrutura do local; Localização dos mercados consumidores. Administração da Produção e Operações 46 O fator globalização da economia De acordo com Deluiz (2016), os anos 90 têm presenciado a intensificação e o aprofundamento de mudanças substantivas na dinâmica do capitalismo internacional gestadas nas duas décadas anteriores. A mundialização dos mercados, sua crescente integração, a deslocalização da produção para outros mercados, a multiplicidade e multiplicação de produtos e de serviços, a tendência à conglomeração das empresas, a mudança nas formas de concorrência e a cooperação interindustrial alicerçada em alianças estratégicas entre empresas e em amplas redes de subcontratação, a busca de estratégias de elevação da competitividade industrial, através da intensificação do uso das tecnologias informacionais e de novas formas de gestão do trabalho, são alguns dos elementos de sinalização das transformações estruturais que configuram a globalização econômica. O avanço deste processo - que transcende os fenômenos meramente econômicos, invadindo as dimensões políticas, sociais e culturais traz como consequências, mudanças no tamanho e nas atribuições do Estado, a desregulamentação das economias nacionais, a reestruturação do mercado de trabalho, novas formas de organização do trabalho, a flexibilização do trabalho, o crescimento dos empregos precários, o desemprego cíclico e estrutural, e a exclusão de contingentes de trabalhadores do mercado formal. A forte segmentação da força de trabalho ocorre num quadro de desmobilização de movimentos reivindicatórios e de dificuldades de organização e sindicalização dos trabalhadores. À globalização econômica corresponde, pois, a globalização do mundo do trabalho e da questão social. Conforme Lastres et al, (1998) a ideia predominante subjacente ao termo globalização econômica é que se caminharia para um mundo sem fronteiras, com a predominância de um sistema internacional autônomo e socialmente sem raízes, onde os mercados de bens e serviços se tornam crescentemente globais. Nessa perspectiva, sustenta-se que a economia mundial é dominada por “forças de mercado incontroláveis”, cujos principais atores econômicos são grandes corporações transnacionais que não devem lealdade a nenhum Estado-nação e que se estabelecem em qualquer parte do planeta, exclusivamente, em função de vantagens oferecidas pelos diferentes mercados. Assim, apregoa-se que a única Administração da Produção e Operações 47 forma de evitar se tornar um perdedor - seja como nação, empresa ou indivíduo - é ser o mais articulado e competitivo possível no cenário global. Neste quadro, o papel dos Estados nacionais, particularmente da periferia menos desenvolvida, é descrito como extremamente diminuído senão anulado, só lhes restando a aceitação incondicional e o azeitamento do crescente processo de desenvolvimento das forças econômicas em escala global. Paralelamente, a ideologia da globalização tem servido aos governos como bode expiatório, ao se transferir a responsabilidade pelas vicissitudes econômicas e sociais nacionais para o âmbito das forças supranacionais, fora de seu controle. O cenário da localização A análise da posição geográfica de uma planta produtiva ou de um armazém de uma organização leva em consideração diversos aspectos, dentre eles, pode-se destacar: Disponibilidade de matéria-prima; Facilidade de obtenção de matéria-prima; Disponibilidade de mão de obra; Infraestrutura do local; e Localização dos mercados consumidores. De acordo com Peinado & Graeml (2011) a escolha da localização da empresa, trata-se de uma decisão de longo prazo, pois requer planejamento e implantação do mesmo - as decisões de localização, principalmente no caso de grandes plantas industriais ou comerciais, levam a um compromisso de longo prazo com o novo local escolhido. Não é possível mudar uma empresa de local com frequência. Tampouco é possível “testar” as alternativas de instalação, previamente. Convém ressaltar que, em alguns casos, particularmente no Brasil, a negociação entre a empresa, interessada em benefícios fiscais e a administração pública local, interessada na geração de empregos e atração de outros empreendimentos para a região, pode durar meses, alimentando um verdadeiro jogo de interesses políticos entre as administrações públicas dos locais pré-selecionados como alternativas de Administração da Produção e Operações 48 localização. Envolve elevado investimento, investimento esses com custo de um projeto adequado individualmente para cada necessidade: via de regra, os custos de compra do terreno, construção, reformas, montagem de equipamentos, contratação de pessoal e com aspectos burocráticos são consideráveis, fazendo com que a decisão precise ser tomada com o necessáriocuidado além do mais, o processo de desmanche também é igualmente difícil e custoso. Tem impacto direto nos custos da operação - uma decisão de localização de caráter emocional ou sem critério pode levar a custos desnecessários de transporte, deficiência de mão de obra na comunidade local, problemas com os órgãos de proteção ambiental, falta de infraestrutura adequada, além de inúmeros outros problemas que podem acarretar sérios transtornos posteriores à instalação da operação no local escolhido. Desta forma, segue abaixo, a figura que ilustra as abordagens gerais para se tomar decisões sobre localização: Figura 8: Abordagens gerais nas decisões sobre localização Fonte: LEVY, M. B. Administração de Varejo. São Paulo: Editora Atlas, 2000. Administração da Produção e Operações 49 Fatores que influem na localização Existe uma lista de fatores que podem influenciar nas decisões sobre a localização da empresa, nem todos são igualmente importantes, pois a localização é um problema específico para cada empresa. Segundo Slack (1997) e Peinado & Graeml (2011) destacam-se como os principais fatores que impactam na escolha da localização das empresas: 1 - Localização das matérias-primas Um dos motivos para a empresa optar em estar localizada próximo à obtenção de sua matéria-prima é para diminuir os custos com transporte desses materiais, se demandarem condições muito especiais e custosas para esse transporte, isso poderá atrair a empresa para perto do depósito, fonte de sua matéria-prima. Matérias-primas perecíveis são geralmente utilizadas em empresas do ramo de alimentos, como cooperativas agrícolas, indústrias pesqueiras, processadoras de alimentos frescos como frutas, legumes e verduras. Para evitar que ocorra deterioração no transporte, empresas que utilizam matéria-prima perecível também optam por localizar-se próximo à sua fonte de abastecimento. O mesmo acontece com empresas que utilizam animais vivos como matéria-prima, os quais geralmente requerem cuidados especiais de transporte. É conveniente localizar abatedouros e frigoríficos nas adjacências das regiões produtoras de gado. Importante! Existem empresas que possuem mais de um fornecedor, desta forma fica impossível à empresa estar locada próximo de todos eles ou até mesmo dos mais importantes, pois em um processo produtivo cada fornecedor tem seu peso e sua importância para a produção de um produto. Administração da Produção e Operações 50 2 - Mão de obra As principais considerações sobre mão de obra dizem respeito ao salário médio praticado na região à disponibilidade de profissionais qualificados e ao poder dos sindicatos com quem a empresa precisará negociar. Empresas que dispõem de processos intensivos em mão de obra provavelmente estarão mais preocupadas com seu custo. Existem diferenças salariais não somente entre as diversas regiões brasileiras como também entre capitais e pequenas cidades do interior e também entre países. Via de regra, o poder dos sindicatos da região que determina o valor do piso salarial, de modo que a atuação do sindicato e o seu “poder de barganha” também devem ser levados em consideração. Naturalmente, a qualidade, a produtividade e habilidades desta mão de obra também são fatores importantes a serem considerados. Algumas empresas não desejam se onerar com altos custos de treinamento de pessoal. Outro fator mais subjetivo, mas não menos importante diz respeito à cultura da mão de obra regional. Questões como absenteísmo, rotatividade, hábitos de higiene pessoal e saúde física podem estar fortemente ligados à cultura da região e têm impacto na produtividade. Convém lembrar que mesmo uma excelente escolha do local, do ponto de vista da qualidade da mão de obra local não elimina a necessidade de um bom trabalho de seleção, treinamento e ambientação, orientado pela área de recursos humanos da empresa. Um ponto a ser considerado diz respeito à relativa dominação que a empresa exercerá sobre a comunidade. Quanto maior a dominação, ou seja, quanto mais a cidade depender da empresa em questão de emprego, mais dificuldades serão criadas para a redução da produção e demissão de empregados, podendo gerar alguns problemas sociais que qualquer empresa gostaria de evitar. Quando ocorrer da mudança de localização da empresa, ela precisará pensar nas transferências de seus funcionários, em termos de pagamento extra, devido à legislação vigente no Brasil, isso gerará um custo, muitos funcionários se recusam a transferência, por valorizar o local onde moram e o estilo de vida que levam. Administração da Produção e Operações 51 3 - Energia elétrica A oferta de energia elétrica e a garantia de sua disponibilidade para ampliações é um fator que se tornou mais relevante para as empresas que dependem muito deste insumo. O colapso do fornecimento de energia elétrica no Brasil, em 2001, conhecido como “apagão”, que obrigou a imposição de quotas de utilização de energia, prejudicou as empresas brasileiras. A garantia de disponibilidade de energia elétrica a preços competitivos pode representar fator decisivo para as indústrias que exigem grande quantidade de energia elétrica em seu processo produtivo, como é o caso, por exemplo, da extração eletrolítica do alumínio. 4 - Água Muitas indústrias precisam de grande quantidade de água, tanto como matéria-prima de seus produtos, como para o funcionamento de seus processos. Fábricas de papel e celulose, refinarias de açúcar e álcool, indústrias de alimentos, indústrias de perfumaria, bebidas e refrigerantes representam alguns exemplos de empresas que necessitam de grandes quantidades de água. A água também é bastante utilizada em processos de vulcanização da borracha, para o resfriamento dos moldes de injetoras plásticas e resfriamento de prensas hidráulicas de estampagem. Em muitos casos, as empresas lançam mão de poços artesianos para captação da água necessária aos seus processos ou desviam água de rios ou riachos. Em qualquer destas situações, é necessário um estudo de impactos ambientais e a negociação com órgãos oficiais e ONGs que podem levar meses ou até anos! O Brasil, a exemplo de outros países, tem rigorosas leis ambientais para o uso e devolução de águas utilizadas pelas empresas. O custo da implantação das instalações de tratamento das águas utilizadas nos processos industriais, em função de características locais, também deve ser levado em consideração por ocasião da decisão de localização. Administração da Produção e Operações 52 5 - Facilidade e Incentivos Fiscais No Brasil, estados e municípios empreendem verdadeiras batalhas entre si de modo a atrair para si a instalação de novas empresas potenciais geradoras de emprego e futuras receitas fiscais na região. Por isso, é fundamental levantar o interesse da administração local. Não são raros os casos em que prefeituras doam terrenos, realizam obras de pavimentação nos arredores ou providenciam outras benfeitorias, e/ou proporcionam isenção de impostos municipais por determinado período, pois a presença da empresa é vista como desejável, pela geração de empregos, pelos impostos que serão arrecadados e pelos efeitos em cadeia no sentido da pujança econômica da comunidade. De outro lado, existem comunidades que colocam restrições à entrada de novas empresas, principalmente se estiverem associadas à poluição ambiental, e a questão de tráfego de veículos que podem levar a região a um congestionamento no trânsito. 6 - Qualidade de vida e serviços essenciais É importante levar em consideração a qualidade de vida existente no local candidato às novas instalações. A qualidade da rede de ensino público e a oportunidade de acesso a ela têm representado um grande desafio para o país. A existência de universidades, faculdades e escolas técnicas deve serlevada em conta, porque elas representam a origem de recursos humanos para atuação nas empresas. Condições relacionadas ao idioma falado no local em que a planta produtiva será instalada e questões relacionada à violência do local o que pode impactar diretamente na administração da produção/operação da empresa comprometendo a segurança da circulação de cargas e pessoas. Devem ser levantados em conta, também, a qualidade dos serviços de transporte urbano, a infraestrutura de comunicações, creches, postos de saúde, hospitais, pronto-socorro, corpo de bombeiros e policiamento, assim como os índices de criminalidade, assaltos e furtos. Determinados locais impossibilitam a realização de um segundo turno de trabalho por falta de transporte ou de segurança em horários noturnos, por exemplo. Os custos adicionais com vigilância e o risco ao patrimônio da empresa e a integridade física dos seus funcionários não devem deixar de ser considerados. Administração da Produção e Operações 53 7 - Localização dos mercados consumidores Os custos operacionais de transporte estão ligados à localização das fontes de suprimentos e à localização dos mercados consumidores, em relação à localização do próprio empreendimento. A melhor condição para minimizar os custos de captação de matéria-prima e distribuição de produtos acabados é uma localização próxima aos fornecedores e aos clientes. Infelizmente, isto nem sempre é possível devido ao elevado número de fornecedores e clientes e à grande extensão territorial do Brasil, quando nos referimos apenas ao mercado interno. Na avaliação deste quesito, é importante considerar os custos logísticos do transporte e do armazenamento, mas também a tolerância com relação ao tempo de entrega. Algumas instituições governamentais, sem fins lucrativos, normalmente são orientadas pelas necessidades dos clientes tais como: hospitais, postos de correio, delegacias, agências para atendimento de cidadãos. 8 - Custos do terreno O custo de aquisição do terreno ou o seu aluguel deve ser também levado em consideração no momento da escolha. Esses custos variam entre países, estados e cidades. A maior atenção deve ser dada em uma operação do varejo onde se opte por atingir ao público de alta classe, o valor da compra/aluguel do terreno acaba tendo ainda uma maior relevância. Localização de empresa industrial A localização de um parque industrial é afetada por todos os fatores/variáveis abordados no tópico anterior. Como já mencionado, a relevância de cada variável será definida pela empresa levando em consideração o negócio que atua e o produto que fabrica. De acordo com Peinado & Graeml (2011) além da consideração das variáveis, a decisão deverá ser tomada em três níveis, são eles: Administração da Produção e Operações 54 1 - Escolha da região ou pais A globalização e o avanço das tecnologias de informação possibilitaram as empresas a se instalarem em qualquer lugar do mundo. As empresas não precisam mais ficar limitadas as suas áreas de atuação na escolha do local a instalar a sua planta produtiva, elas agora podem escolher qualquer lugar do mundo que julgue conveniente como uma mão de obra mais barata ou mais qualificada. Empresas como a Nike, Accenture, McDonald´s são empresas mundiais com franquias em diversos lugares do mundo que fazem valer todos esses benefícios ao seu favor. 2 - Escolha da área dentro de um país ou região Após a definição/escolha da região/ país a empresa precisa definir qual área deste país irá se instalar. Muitos fatores são levados em consideração nesta fase, dentre eles: Custo do terreno; Custo e qualificação da mão de obra; Condições de infraestrutura da região; Fatores da comunidade local. 3 - Escolha de um local A escolha de um local em uma área é diferente de decisões tomadas nos níveis anteriores, normalmente o número de alternativas é muito menor. Os fatores usados para aceitar ou rejeitar um local em geral dizem respeito à: Aparência do local; Composição do solo (pode limitar a natureza dos edifícios construídos no local); Facilidade do acesso ao local através de rodovias e ferrovias; Espaço para expansão; Disponibilidade de mão de obra. Administração da Produção e Operações 55 Localização de lojas A localização de lojas comerciais e serviços levam em consideração todas as variáveis já citadas anteriormente, porém com uma especificidade diferente de uma empresa industrial já que a natureza do negócio é distinta. Os fatores mais influentes para tomada de decisão com respeito à localização de instalações comerciais, lojas ou prestadoras de serviço, segundo Slack (1997) são: 1 - Proximidade com o mercado consumidor No caso de empresas comerciais ou prestadoras de serviço, em que o cliente/consumidor interage intensamente com a organização e, em alguns casos, faz parte do próprio produto é fundamental que as decisões de localização sejam convenientes aos clientes. Deve-se pensar na distância, facilidade de acesso pelo público-alvo, disponibilidade de estacionamento etc. Lojas sofisticadas precisam estar localizadas em regiões com população de maior poder aquisitivo ou shopping centers mais luxuosos. Lojas de produtos populares, com preços convidativos à maior parte da população precisam se localizar em regiões de grande tráfego de pessoas, bem servidas de transporte público, facilitando o acesso da população de faixa de renda inferior. Por exemplo, os supermercados que levam a marca “Zona Sul”, que são lojas mais sofisticadas, direcionadas a atender às necessidades de segmentos mais exigentes, se localizam, normalmente, em bairros de maior poder aquisitivo, com predomínio de população de classe média ou alta. Já as que levam a marca “Guanabara”, e têm um posicionamento mais popular, encontram melhor localização em regiões residenciais de classe média baixa. Administração da Produção e Operações 56 2 - Localização dos concorrentes De maneira geral, as empresas comerciais ou prestadoras de serviço são mais suscetíveis à proximidade de empresas concorrentes, se comparadas às empresas do tipo industrial. Isto acontece em função do menor raio de atuação destas empresas. O mercado pode se tornar saturado rapidamente, se duas ou três panificadoras decidirem se instalar na mesma rua, por exemplo. Modelos adicionais Para auxiliar na decisão da escolha da melhor opção para implantação de uma planta produtiva ou uma loja comercial, muitos modelos têm sidos desenvolvidos. Alguns dos modelos consideram como problema de localização de uma só unidade, enquanto outros trabalham com diversas unidades ao mesmo tempo. Os dados necessários variam de acordo com o modelo em questão, indo desde os que usam apenas informações qualitativas até os que partem para apurações numéricas rigorosas. Os métodos que iremos estudar são: Ponderação qualitativa; Comparação de custos fixos e variáveis; Análise dimensional; Método do centro de gravidade; Método da mediana. Ponderação qualitativa A ponderação qualitativa pode ser usada quando não se consegue apropriar uma estrutura de custos a cada localidade considerada. Este modelo determina uma série de fatores julgados relevantes para a decisão, nos quais cada opção de localidade recebe um julgamento e este é convertido numa nota, através de um escala numérica arbitrária. A cada fator, segundo sua importância relativa, é então atribuído um peso. A soma ponderada das notas pelos pesos dos fatores dará a pontuação final para cada localidade, sendo escolhida a opção que ostentar a maior pontuação final. Administração da Produção e Operações 57 Sejam k fatores, indicados por Fij, onde i refere-se à localidade e j ao particular fator. Assim, F23 indica o valor do fator 3 para a localidade 2. Chamando de pj ao
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