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Universidade do Estado do Amazonas Escola Superior de Ciências da Saúde Curso de Bacharelado em Saúde Coletiva Professoras: Ivone Andreatta Menegolla Juliana Dourado Patzer Manaus 2014 2 SUMÁRIO UNIDADE I - Vigilância epidemiológica 3 Marco legal e atribuições do município 3 Vigilância de doenças transmissíveis 7 Vigilância de doenças e agravos não transmissíveis 28 Unidade II - Vigilância Ambiental em saúde 39 Marco legal e atribuições do município 39 Riscos e Agravos Ambientais Biológicos 42 Riscos e Agravos Ambientais Não Biológicos 45 Vigilância dos Eventos Ambientais Adversos à Saúde 48 Unidade III - Vigilância da Saúde do Trabalhador 49 Marco legal/ Atribuições do município 49 Vigilância de doenças relacionadas ao trabalho 54 Unidade IV - Vigilância Sanitária 61 Marco legal/ Atribuições do município 61 Atribuições da Vigilância Sanitária 64 Vigilância Sanitária de Alimentos 66 Vigilância Sanitária de Produtos 68 Vigilância Sanitária de Serviços de Saúde 74 Unidade V – Monitoramento e avaliação 76 Sistemas Nacionais de Informação 77 Indicadores em saúde 78 3 UNIDADE I- VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA Objetivo da unidade Capacitar os alunos para entenderem a vigilância epidemiológica com foco específico na intervenção sobre a ocorrência de doenças transmissíveis e não transmissíveis, relacionando com o processo saúde doença e as medidas de controle. Marco legal A vigilância epidemiológica foi criada por meio da Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975, que dispõe sobre a organização das ações de Vigilância Epidemiológica no país, e foi regulamentada pelo decreto nº 78.231, de 12 de agosto de 1976. Neste decreto é instituído o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica e são definidas as formas de organização da vigilância e criada uma lista de doenças de notificação compulsória, sendo dever dos profissionais de saúde notificar casos suspeitos de doenças transmissíveis, entre outras. Art. 8º – É dever de todo cidadão comunicar à autoridade sanitária local a ocorrência de fato, comprovado ou presumível, de caso de doença transmissível, sendo obrigatória a médicos e outros profissionais de saúde, no exercício da profissão, bem como aos responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde e ensino, a notificação de casos suspeitos ou confirmados de doenças e agravos. Art. 9º – É obrigatório proceder a investigação epidemiológica pertinente à elucidação do diagnóstico e tomar medidas de controle cabíveis, no caso das doenças do elenco de Doenças de Notificação Compulsória (DNC). Na Lei Orgânica da Saúde, Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, a vigilância epidemiológica foi assim conceituada: § 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. O código penal brasileiro, em seu Capítulo III, Dos Crimes Contra a Saúde Pública, prevê penas de detenção e multa por não notificar doenças de notificação compulsória, causar epidemias ou impedir medidas sanitárias, entre outras. Epidemia Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos: Pena - reclusão, de dez a quinze anos. 4 § 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro. § 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos. Infração de medida sanitária preventiva Art. 268 - Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa: Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro. Omissão de notificação de doença Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Estas leis continuam vigendo no país e devem ser seguidas por todos os profissionais envolvidos na rede de saúde, pública e privada, de todos os níveis de gestão. A lista de notificação compulsória citada na legislação acima é atualizada conforme mudanças do cenário epidemiológico do país e do mundo. A última lista foi publicada na Portaria nº 104, de 25 de janeiro de 2011. Nesta portaria é definida uma nova categoria de notificação compulsória, a notificação imediata - no máximo, 24 horas a partir da suspeita inicial – e a vigilância é ampliada, incluindo eventos de potencial relevância em saúde pública: a. Alteração no padrão epidemiológico de doença conhecida, independente de consar no Anexo I desta Portaria; b. Doença de origem desconhecida; c. Exposição a contaminantes químicos; d. Exposição à água para consumo humano fora dos padrões preconizados pela SVS; e. Exposição ao ar contaminado, fora dos padrões preconizados pela Resolução do CONAMA; f. Acidentes envolvendo radiações ionizantes e não ionizantes por fontes não controladas, por fontes utilizadas nas atividades industriais ou médicas e acidentes de transporte com produtos radioativos da classe 7 da ONU. g. Desastres de origem natural ou antropogênica quando houver desalojados ou desabrigados; h. Desastres de origem natural ou antropogênica quando houver comprometimento da capacidade de funcionamento e infraestrutura das unidades de saúde locais em conseqüência evento. III - Doença, morte ou evidência de animais com agente etiológico que podem acarretar a ocorrência de doenças em humanos, destaca-se entre outras classes de animais: 5 1. Primatas não humanos 2. Eqüinos 3. Aves 4. Morcegos Raiva: Morcego morto sem causa definida ou encontrado em situação não usual, tais como: vôos diurnos, atividade alimentar diurna, incoordenação de movimentos, agressividade, contrações musculares, paralisias, encontrado durante o dia no chão ou em paredes. 5. Canídeos Raiva: canídeos domésticos ou silvestres que apresentaram doença com sintomatologia neurológica e evoluíram para morte num período de até 10 dias ou confirmado laboratorialmente para raiva. Leishmaniose visceral: primeiro registro de canídeo doméstico em área indene, confirmado por meio da identificação laboratorial da espécie Leishmania chagasi. 6. Roedores silvestres Peste: Roedores silvestres mortos em áreas de focos naturais de peste. Nessa portaria também são definidos terminologia alinhada à do último Regulamento Sanitário Internacional. I - Doença: significa uma enfermidade ou estado clínico, independentemente de origem ou fonte, que represente ou possa representar um dano significativo para os seres humanos; II - Agravo: significa qualquer dano à integridade física, mental e social dos indivíduos provocado por circunstâncias nocivas, como acidentes, intoxicações, abuso de drogas, e lesões auto ou heteroinfligidas; III - Evento: significa manifestação de doença ou uma ocorrência que apresente potencial para causar doença; IV - Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional - ESPIN: é um evento que apresente risco de propagação ou disseminação de doenças para mais de uma Unidade Federada - Estados e Distrito Federal - com priorização das doenças de notificação imediata e outros eventos de saúde pública, independentemente da natureza ou origem, depois de avaliação de risco, e que possa necessitar de resposta nacional imediata; e V - Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional - ESPII: é evento extraordinário que constitui risco para a saúde pública de outros paísespor meio da propagação internacional de doenças e que potencialmente requerem uma resposta internacional coordenada. O Sistema Nacional de Vigilância em Saúde (SNVS) foi constituído a partir da criação Secretaria de Vigilância em Saúde, em 2003. O SNVS se alinha ao SUS, sendo hierarquizado e descentralizado, conforme a portaria nº 1.378, de 9 de julho de 2013 que em seu artigo 2º define que: A Vigilância em Saúde constitui um processo contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação dedados sobre eventos relacionados à saúde, visando o planejamento e a implementação de medidas de saúde pública para a proteção da saúde da população, a prevenção e controle de riscos, agravos e doenças, bem como para a promoção da saúde. 6 Nesta portaria são definidas as competências do nível de gestão nacional, estadual e municipal. Assim, compete ao município: I - ações de vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis, a vigilância e prevenção das doenças e agravos não transmissíveis e dos seus fatores de risco, a vigilância de populações expostas a riscos ambientais em saúde, gestão de sistemas de informação de vigilância em saúde em âmbito municipal que possibilitam análises de situação de saúde, as ações de vigilância da saúde do trabalhador, ações de promoção em saúde e o controle dos riscos inerentes aos produtos e serviços de interesse a saúde; II - coordenação municipal e execução das ações de vigilância; III - participação no financiamento das ações de vigilância; IV - normalização técnica complementar ao âmbito nacional e estadual; V - coordenação e alimentação, no âmbito municipal, dos sistemas de informação de interesse da vigilância, incluindo: a) coleta, processamento, consolidação e avaliação da qualidade dos dados provenientes das unidades notificantes dos sistemas de base nacional, de interesse da vigilância, de acordo com normalização técnica; b) estabelecimento e divulgação de diretrizes, normas técnicas, rotinas e procedimentos de gerenciamento dos sistemas, no âmbito do Município, em caráter complementar à atuação das esferas federal e estadual; e c) retroalimentação dos dados para as unidades notificadoras; VI - coordenação da preparação e resposta das ações de vigilância, nas emergências de saúde pública de importância municipal; VII - coordenação, monitoramento e avaliação da estratégia de Vigilância em Saúde sentinela em âmbito hospitalar; VIII - desenvolvimento de estratégias e implementação de ações de educação, comunicação e mobilização social; IX - monitoramento e avaliação das ações de vigilância em seu território; X - realização de campanhas publicitárias de interesse da vigilância, em âmbito municipal; XI - promoção e execução da educação permanente em seu âmbito de atuação; XII - promoção e fomento à participação social nas ações de vigilância; XIII - promoção da cooperação e do intercâmbio técnicocientífico com organismos governamentais e não governamentais de âmbito municipal, intermunicipal, estadual, nacional e internacional; XIV - gestão do estoque municipal de insumos de interesse da Vigilância em Saúde, incluindo o armazenamento e o transporte desses insumos para seus locais de uso, de acordo com as normas vigentes; XV - provimento dos seguintes insumos estratégicos: a) medicamentos específicos, para agravos e doenças de interesse da Vigilância em Saúde, nos termos pactuados na CIT; b) meios de diagnóstico laboratorial para as ações de Vigilância em Saúde nos termos pactuados na CIB; c) insumos de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis, indicados pelos programas, nos termos pactuados na CIB; e 7 d) equipamentos de proteção individual - EPI - para todas as atividades de Vigilância em Saúde que assim o exigirem, em seu âmbito de atuação, incluindo vestuário, luvas e calçados; XVI - coordenação, acompanhamento e avaliação da rede de laboratórios públicos e privados que realizam análises essenciais às ações de vigilância, no âmbito municipal; XVII – realização de análises laboratoriais de interesse da vigilância, conforme organização da rede estadual de laboratórios pactuados na CIR/CIB; XVIII - coleta, armazenamento e transporte adequado de amostras laboratoriais para os laboratórios de referência; XIX - coordenação e execução das ações de vacinação integrantes do Programa Nacional de Imunizações, incluindo a vacinação de rotina com as vacinas obrigatórias, as estratégias especiais como campanhas e vacinações de bloqueio e a notificação e investigação de eventos adversos e óbitos temporalmente associados à vacinação; XX - descartes e destinação final dos frascos, seringas e agulhas utilizadas, conforme normas técnicas vigentes; XXI - participação no processo de implementação do Decreto nº 7.508/2011, no âmbito da vigilância; XXII - colaboração com a União na execução das ações sob Vigilância Sanitária de Portos, Aeroportos e Fronteiras, conforme pactuação tripartite; e XXIII - estabelecimento de incentivos que contribuam para o aperfeiçoamento e melhoria da qualidade das ações de Vigilância em Saúde. Parágrafo único. Os Municípios poderão adquirir insumos estratégicos para uso em Vigilância em Saúde, em situações específicas, mediante pactuação na CIT entre as esferas governamentais, observada a normalização técnica e, em situações excepcionais, mediante a comunicação formal com justificativa à SVS/MS ou à Secretaria Estadual de Saúde. Vigilância das Doenças Transmissíveis A expressão doença transmissível pode ser sintetizada como doença cujo agente etiológico é vivo e é transmissível. São doenças transmissíveis aquelas em que o organismo pode migrar do parasitado para o sadio, havendo ou não uma fase intermediária de desenvolvimento no ambiente. As doenças transmissíveis são causadas por agentes infecciosos vivos que possuem períodos de incubação e de transmissibilidade específico para cada agente infeccioso. Conhecer esta dinâmica permite instaurar medidas de controle oportunas e efetivas das doenças transmissíveis. Período de Incubação: É o intervalo de tempo que decorre entre a exposição a um agente infeccioso e o aparecimento de sinais ou sintomas de doença. É extremamente variável, desde algumas horas (cólera) até meses ou anos (hanseníase, AIDS). 8 Período de transmissibilidade: Período durante o qual o agente infeccioso pode ser transferido, direto ou indiretamente, de uma pessoa infectada a outra, ou de um animal infectado ao homem,ou de um homem infectado a um animal, inclusive artrópodes. O desenvolvimento do estado de doença depende de características do agente e do hospedeiro. O agente agrega características de infectividade, patogenicidade, virulência, dose infectante e poder invasivo. O hospedeiro, por sua vez, se defende com sua resistência, suscetibilidade ou imunidade. As doenças podem ter duração aguda ou crônica e podem ser causadas por agentes infecciosos ou não infecciosos. A infecção é a penetração e desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso no organismo de uma pessoa ou animal. Características da doença infecciosa As doenças infecciosas podem assumir várias formas, desde formas inaparentes até formas fulminantes, que levam ao óbito em horas. Infecção inaparente (forma subclínica ou assintomática): não apresenta sinais ou sintomas clínicos manifestos; grande importância para a epidemiologia; Forma latente: representa um período de equilíbrio durante o qual não existem sinais clínicos manifestos e o doente não constitui fonte de contágio (ex.: Tb, sífilis); Forma abortiva ou frustra: nem todos os sinais clínicos da doença emergirão acima do horizonte clínico; Modo fulminante: ocorre de forma excepcionalmente grave com um coeficiente de letalidade elevado (ex.: septicemias). A designação doença contagiosa é reservada para doenças infecciosascujos agentes etiológicos atingem os sadios pelo contato direto desses com os indivíduos infectados (ex.: sarampo, DST). Toda doença contagiosa é infecciosa. O inverso não é verdadeiro (ex.: tétano - doença infecciosa transmissível não contagiosa). Características do agente infeccioso Agentes: a definição varia segundo o modelo de entendimento da epidemiologia 9 adotado. No modelo biomédico, Agentes Etiológicos ou Fatores Etiológicos são “Os que agem na origem das doenças”. Os agentes são os causadores das doenças (ou patógenos). No modelo processual, Agentes são “fatores que perturbam o ser diretamente em suas funções vitais produzindo a doença”. No modelo sistêmico o conceito extrapola o de agente ou fator etiológico clássico, onde um agente pode ser não só um micro organismo, mas um poluente químico, um gene, e outros que possam levar a agravo à saúde. Nos dois últimos modelos, quando nos referimos a Agentes ou Fatores estamos falando em fatores ou agentes físicos (temperatura, radiação, etc), químicos (mercúrio), biológicos ou biopatogênicos (ancilostomídeos, nematódeos, bactérias, vírus, etc.), nutricionais (excesso de gorduras, ausência de proteínas), genéticos, etc. Infectividade: capacidade que têm certos organismos de penetrar e de se desenvolver ou de se multiplicar no novo hospedeiro, ocasionando infecção. Nesse caso, o agente etiológico é também chamado de agente infeccioso. Ex.: vírus da gripe (alta) X fungos (baixa). Patogenicidade: qualidade que tem o agente infeccioso de, uma vez instalado no organismo do homem e de outros animas, produzir sintomas em maior ou menor proporção dentre os hospedeiros infectados. Ex.: vírus do sarampo (alta) X vírus da poliomielite (baixa; 1% paralisia). Virulência: é a capacidade do agente de produzir efeitos graves ou fatais, relaciona-se à capacidade de produzir toxinas, de se multiplicar etc. Ex: baixa virulência do vírus da gripe e do sarampo em relação à alta virulência dos vírus da raiva e do HIV. Dose infectante: é a quantidade do agente etiológico necessário para iniciar uma infecção. Varia com a virulência do agente e com a resistência do acometido. Quanto maior o nº de parasitas inoculados no suscetível, tanto maior a probabilidade de infectá- lo.Malária: a picada de um único mosquito pode introduzir cota suficiente de parasitas para desencadear doença Filariose: necessário picada de mil mosquitos para produzir um caso clínico Poder invasivo: é a capacidade que tem o parasita de se difundir, através de tecidos, órgãos e sistemas anatomofisiológicos do hospedeiro Imunogenicidade: é a capacidade do agente de, após a infecção, induzir a imunidade no hospedeiro. Ex: alta nos vírus da rubéola, do sarampo, da caxumba que imunizam em geral por toda a vida, em relação à baixa imunogenicidade do vírus da gripe, da dengue, das shiguelas e das salmonelas que só conferem imunidade relativa e 10 temporária. Características do Hospedeiro O hospedeiro é o homem ou outro animal vivo, inclusive aves e artrópodes, que ofereça, em condições naturais, subsistência ou alojamento a um agente infeccioso. Alguns protozoários e helmintos passam fases sucessivas em hospedeiros alternados, de diferentes espécies. Hospedeiro primário ou definitivo: aquele em que o parasita atinge a maturidade ou passa sua fase sexuada Hospedeiro secundário ou intermediário: aquele em que o parasita se encontra em forma larvária ou assexuada. Sob o ponto de vista da estrutura epidemiológica, o homem poderá funcionar tanto como hospedeiro intermediário como definitivo. Por exemplo: hospedeiro definitivo da forma adulta da tênia e hospedeiro intermediário da forma larvária da tênia – a infecção produzida é chamada cisticercose. O hospedeiro pode ter resistência, ser suscetível ou imune aos agentes infecciosos. Resistência: É o sistema de defesa com o qual o organismo impede a difusão ou a multiplicação de agentes infecciosos que o invadiram, ou os efeitos nocivos dos seus produtos tóxicos. Está associada ao estado de nutrição, integridade de pele e mucosas, capacidade de reação e adaptação aos estímulos do meio, fatores genéticos, estado atual de saúde, estresse e imunidade especifica. Suscetibilidade: é medida de fragilidade, a possibilidade adoecimento por determinado agente, fator de risco ou conjunto de causas. A suscetibilidade de uma espécie ocorre quando esta está sujeita a determinada infecção ou doença. Dentro da mesma espécie, há indivíduos resistentes e suscetíveis a uma infecção; a suscetibilidade individual é, portanto, o estado de qualquer pessoa (ou animal) que não apresenta defesa ou resistência contra o agente infeccioso e por essa razão pode adoecer ao entrar em contato com este. Em se falando de doenças infecciosas a suscetibilidade é absoluta, pois o indivíduo é susceptível ou não; porém, quando tratamos das não infecciosas podemos falar em grau variável de susceptibilidade, isto é, alguns indivíduos podem ficar expostos por muito tempo a um determinado fator de risco em altas concentrações e não adoecer 11 enquanto outros em exposições com pequenas concentrações e/ou pouco tempo, adoecem. Imunidade: É o estado de resistência, geralmente associado à presença de anticorpos que possuem ação especifica sobre o microorganismo responsável por determinada doença infecciosa ou sobre suas toxinas. A imunidade pode ser ativa (celular) e passiva (humoral). O meio ambiente pode ser decisivo na transmissão, podendo ser veiculo de transporte do agente no alimento, ar, água, sangue, objetos, insetos, etc., assim favorecendo sua penetração no hospedeiro por ingestão, inalação, solução de continuidade (feridas, sexual), picadas de insetos, penetração ativa na pele (sarna). Veja a seguir alguns exemplos de doenças por veiculo de transmissão. Alimentos: amebiase, salmonelose, shigelose, hidatidose, febre tifóide Água: colera, hepatite A, Poliomielite Ar: gripe, sarampo, rubéola, caxumba, coqueluche, varicela Sangue: AIDS, sifilis, doença de chagas Objetos contaminados: infecções hospitalares (Klebsiella, Pseudomonas) Animais: malária, dengue, febre amarela, esquistossomose, raiva Reservatório de agentes infecciosos: ser humano ou animal, artrópode, planta, solo ou matéria inanimada (ou uma combinação desses), em que um agente infeccioso normalmente vive e se multiplica em condições de dependência primordial para a sobrevivência e no qual se reproduz de modo a poder ser transmitido a um hospedeiro suscetível. Entre as inúmeras doenças transmissíveis existentes, algumas são de interesse da saúde pública, e objeto de vigilância, por apresentarem importância em termos de magnitude, potencial de disseminação, transcendência, vulnerabilidade ou devido a compromissos internacionais. Trataremos aqui desse grupo de doenças, tendo em mente que o objetivo maior da vigilância é implementar medidas que minimizem o risco delas para a população humana. Para isso são definidos objetivos específicos para sua vigilância com vistas a: 12 Erradicação: cessação de toda a transmissão da infecção pela extinção artificial da espécie do agente em questão no planeta; pressupõe a ausência completa de risco de reintrodução da doença, de forma a permitir a suspensão de toda e qualquer medida de prevenção ou controle. Exemplo: varíola Eliminação: ou erradicação regional, é a suspensão da transmissão de determinada infecção em ampla região geográfica ou jurisdição geopolítica. Exemplo: Poliomielite, eliminada apenas nas Américas. Controle: quando aplicado a doenças transmissíveis e algumas não transmissíveis, implica operações ou programas desenvolvidos com o objetivo de reduzir sua incidência e/ou prevalência a níveis muito baixos. Outros conceitos muito usados na vigilância são: Endemia: é a ocorrência de determinada doença queacomete sistematicamente populações em espaços característicos e determinados, no decorrer de um longo período, (temporalmente ilimitada), e que mantém uma de incidência relativamente constante, permitindo variações cíclicas e sazonais. Epidemia: é a ocorrência em uma comunidade ou região de casos de natureza semelhante, claramente excessiva em relação ao esperado. O conceito operativo usado na epidemiologia é: uma alteração, espacial e cronologicamente delimitada, do estado de saúde-doença de uma população, caracterizada por uma elevação inesperada e descontrolada dos coeficientes de incidência de determinada doença, ultrapassando valores do limiar epidêmico preestabelecido para aquela circunstância e doença. Devemos tomar cuidado com o uso do conceito de epidemia lato-sensu que seria a ocorrência de doença em grande número de pessoas ao mesmo tempo. Pandemia: caracterizada por uma epidemia com larga distribuição geográfica, atingindo mais de um país ou de um continente. Um exemplo típico deste evento é a epidemia de AIDS que atinge todos os continentes. Surto: é a ocorrência de dois ou mais casos epidemiologicamente relacionados – Alguns autores denominam surto epidêmico, ou surto, a ocorrência de uma doença ou fenômeno restrita a um espaço extremamente delimitado: colégio, quartel, creches, grupos reunidos em uma festa, um quarteirão, uma favela, um bairro etc. Sazonalidade: é a propriedade de um fenômeno considerado periódico (cíclico) de repetir-se sempre na mesma estação (sazão) do ano. As doenças são sujeitas à 13 variação sazonal com aumentos periódicos em determinadas épocas do ano, geralmente relacionados ao seu modo de transmissão. Variação cíclica: são variações no comportamento (incidência e prevalência, mortalidade, letalidade, etc) das doenças em ciclos periódicos e regulares (que se repetem em períodos anuais, mensais, semanais ou até em certas horas do dia). Risco: é entendido pela epidemiologia como a probabilidade de ocorrência de um dano. Também é entendido pela epidemiologia como a “probabilidade de ocorrência de uma doença, agravo, óbito, ou condição relacionada à saúde (incluindo cura, recuperação ou melhora) em uma população ou grupo durante um período de tempo determinado”. Vetores: são seres vivos que veiculam o agente desde o reservatório até o hospedeiro potencial. Vetores mecânicos: são os transportadores de agentes, geralmente insetos, que os carreiam nas patas, probóscides, asas ou trato gastro- intestinal contaminados e onde não há multiplicação ou modificação do agente. Vetores biológicos: são aqueles em que os agentes desenvolvem algum ciclo vital antes de serem disseminados ou inoculados no hospedeiro. Veículos: são fontes secundárias, intermediárias entre o reservatório e o hospedeiro como objetos e materiais (alimentos, água, roupas, instrumentos cirúrgicos, etc.). Notificação - Definição de caso suspeito, confirmado e descartado A notificação de um caso suspeito não depende do diagnóstico médico. Para o propósito de vigilância há uma definição padronizada para este fim, sendo que o encerramento é definido por critérios especificados pela vigilância. Estas definições podem mudar ao longo do tempo ou se for desejável maior sensibilidade ou especificidade do sistema de vigilância. A definição de caso é importante para a uniformização do conceito, com o objetivo de possibilitar a comparação entre sua ocorrência em diferentes áreas geográficas e épocas. A definição de “caso” ideal é aquela que é sensível o suficiente para não perder qualquer ocorrência e específica o bastante para não permitir que casos falso-positivos permaneçam no sistema. 14 O caso suspeito é toda pessoa cuja história clínica e epidemiológica, sintomas e possível exposição a uma fonte de infecção/contaminação sugerem estar desenvolvendo ou em vias de desenvolver alguma doença. A suspeição do caso está condicionada ao preenchimento dos critérios estabelecidos para a sua definição, pelo sistema de vigilância. O caso é confirmado se a pessoa ou animal de quem foi isolado e identificado o agente etiológico ou de quem foram obtidas outras evidências epidemiológicas ou laboratoriais da presença do agente etiológico. A confirmação do caso está condicionada ao preenchimento dos critérios estabelecidos para a sua definição, pelo sistema de vigilância. O caso é descartado se não preenche os critérios de confirmação ou é diagnosticada outra patologia diferente da que se está investigando. Investigação de casos A investigação epidemiológica deve ser realizada para esclarecimento de casos, de óbitos, de surtos ou de epidemias e constitui atividade obrigatória do Sistema de Vigilância Epidemiológica (SVE). É um trabalho de campo realizado a partir de casos notificados, de seus contatos ou do ambiente próximo. Deve ser iniciada, imediatamente, após a notificação, sendo seus objetivos principais: Identificar fonte e modo de transmissão Identificar grupos expostos a maior risco Identificar fatores determinantes Confirmar o diagnóstico Determinar as principais características epidemiológicas Uma boa investigação epidemiológica envolve o exame do doente e de seus contatos, com detalhamento da história clínica e de dados epidemiológicos, além da coleta de amostras para laboratório (quando indicada), busca de casos adicionais, identificação do(s) agente(s) infeccioso(s) quando se tratar de doença transmissível, determinação de seu modo de transmissão ou de ação, busca de locais contaminados ou de vetores e identificação de fatores que tenham contribuído para a ocorrência dos casos. O exame cuidadoso do caso e de seus comunicantes é fundamental, pois, dependendo da enfermidade, pode ser identificado suas formas iniciais e instituído rapidamente o tratamento e isolamento dos doentes, evitando a progressão da doença na comunidade. 15 Medidas de controle Logo após a identificação das fontes de infecção, dos modos de transmissão e da população exposta a elevado risco de infecção, devem ser instituídas as medidas adequadas de controle, que devem ser implementadas imediatamente, pois esse é o objetivo primordial da maioria das investigações epidemiológicas. Essas medidas podem ser direcionadas para qualquer elo da cadeia epidemiológica – quer seja o agente, a fonte ou os reservatórios específicos, o hospedeiro visando à interrupção da cadeia de transmissão ou à redução da suscetibilidade do hospedeiro. O propósito final da vigilância é instaurar medidas de controle que evitem a ocorrência de novos casos. Vigilância de doenças de transmissão respiratória As infecções transmitidas por via respiratória são muito freqüentes e ocorrem em todos os países do mundo. A maioria destas doenças (gripe, sarampo, rubéola, coqueluche, difteria, tuberculose, varicela, doença meningocócica etc.) predomina nos grandes aglomerados humanos das áreas urbanas e representa ainda um importante problema de saúde, especialmente há condições econômicas desfavoráveis, cobertura vacinal inadequada e acesso limitado à assistência médica. São doenças com potencial de propagação de pessoa a pessoa e com alta taxa de transmissibilidade entre pessoas suscetíveis. A exposição necessária para que o hospedeiro receba uma dose infectante é variável para cada agente e o desenvolvimento da doença depende de vários fatores (ver figura a seguir). No Brasil, são de notificação compulsória as seguintes doenças de transmissão predominantemente respiratória: Coqueluche, Difteria, Doença Meningocócica, Influenza, Rubéola, Sarampo, Síndrome Respiratória Aguda Grave associada ao Coronavírus (SARS- CoV), Tuberculose, Hanseníase e Varíola. Cada uma dessas doenças tem definição de caso suspeito, confirmado e descartado padronizada pela vigilância, assim como medidas específicas de prevençãoe controle. http://www.cives.ufrj.br/informacao/gripe/gripe-iv.html http://www.cva.ufrj.br/informacao/vacinas/mmr-v.html http://www.cva.ufrj.br/informacao/vacinas/ http://www.cives.ufrj.br/informacao/tuberculose/tb-iv.html http://www.cva.ufrj.br/informacao/vacinas/var-v.html http://www.cives.ufrj.br/informacao/dm/dm-iv.html 16 A varíola foi eliminada do mundo, sendo seu último caso registrado na Somália, em 1977, graças à extensas campanhas de vacinação e vigilância ativa de casos realizados pelos países. Fonte: Royquariol MZ, 2003 O sarampo e a rubéola são doenças virais que estão em fase de eliminação das Américas. Até o final dos anos 70 o sarampo era uma das principais causas de óbito dentre as doenças infectocontagiosas, sobretudo em menores de cinco anos, em decorrência de complicações, especialmente a pneumonia. Desde a década de 80, ocorreu um declínio gradativo dos óbitos e da doença até a cessação de casos em 2000, atribuído ao aumento da cobertura vacinal e à melhoria da assistência médica ofertada às crianças com complicações pós-sarampo e à vigilância de casos suspeitos. O sucesso na eliminação desses vírus nas Américas foi ampla vacinação de crianças com a vacina tríplice viral (sarampo, rubéola, caxumba) desde a década de 80, 17 com intensificação das atividades em campanhas e na rotina na década de 90 ver figura a seguir). Os principais sintomas do sarampo e da rubéola são o exantema febril, associado a sintomas respiratórios no sarampo e presença de gânglios retro auriculares na rubéola. A rubéola é geralmente benigna em crianças, no entanto o sarampo pode evoluir com complicações severas, como pneumonia e encefalite, levando ao óbito. Por sua vez a rubéola pode ser grave se acometer gestantes no primeiro trimestre da gravidez, levando a malformações no feto, morte fetal e parto prematuro. As principais malformações são catarata, surdez, cardiopatia e lesões neurológicas que comprometem o crescimento e desenvolvimento da criança sobrevivente. Outra exemplo de doença de transmissão respiratória que ganhou importância nos últimos anos foi a influenza (ou gripe), principalmente após 2009, quando ocorreu uma pandemia causada por um novo sub tipo da influenza A, chamado de H1N1pdm(2009). Este sub tipo contem genes de vírus da influenza aviária e da suína. O vírus da Influenza pertence à família dos ortomixovírus e se apresenta em 3 tipos: A, B e C. O tipo A promove doença moderada a severa em todas as faixas etárias e pode causar epidemias, afetando até animais. O tipo B afeta somente humanos, principalmente crianças e causa epidemias leves. O tipo C não é epidêmico. Os vírus A e B são os mais comuns. Cada um dos tipos apresenta populações diversas, denominadas 18 cepas. Os vírus da Influenza podem sofrer de forma permanente, pequenas alterações na sua superfície, caracterizadas como mudanças antigênicas leves. A fabricação de vacinas especificas para os sub tipos circulantes de influenza tem auxiliado no seu controle, especialmente em relação a grupos de risco como idosos e crianças, pessoas com doenças crônicas, gestantes e puérperas. Vigilância de doenças de transmissão hídrica-alimentar Doença transmitida por alimento é um termo aplicado a uma síndrome geralmente constituída de anorexia, náuseas, vômitos e/ou diarréia atribuída à ingestão de alimentos ou água e muitas vezes não acompanhada de febre. Sintomas digestivos, no entanto, não são as únicas manifestações dessas doenças. Os agentes envolvidos com DTA são também responsáveis por afecções extra-intestinais em diferentes órgãos e sistemas como meninges, rins, fígado, sistema nervoso central, terminações nervosas periféricas e outros. A sobrevivência e multiplicação de um agente etiológico nos alimentos dependem de seus mecanismos de defesa e das condições do meio, expressas principalmente pelos níveis de oxigenação, pH, temperatura que variam de alimento para alimento. Em alimentos pouco ácidos, com pH>4,5 (como leite, carnes, pescados e alguns vegetais), observa-se o predomínio de bactérias esporuladas como clostridium, Bacillus cereus e bactérias patogênicas aeróbias e anaeróbias como salmonela, clostridium. Em alimentos ácidos com pH entre 4,0 e 4,5 ( frutas e hortaliças), predominam bactérias esporuladas, bolores e leveduras. Em alimentos muito ácidos, com pH < 4 (produtos derivados do leite, frutas, sucos de frutas e refrigerantes), predominam bactérias lácticas, bactérias acéticas, bolores e leveduras. Algumas bactérias, como o Clostridium perfringes, desenvolvem formas de resistência (esporos) e suportam às altas temperaturas, mas são inativadas pelo frio. Com relação às toxinas, sabe-se que algumas são inativadas pelo calor, como a toxina do botulismo e outras são termo-estáveis como as toxinas produzidas pelo Staphylococcus aureus e o Bacilus cereus. Parasitas intestinais, como helmintos de transmissão fecal-oral (Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e Enterobius vermicularis), podem também estar envolvidos em surtos de DTA. Em regiões onde ocorrem cepas patogênicas de Entamoeba histolytica, surtos de disenteria amebiana podem também estar relacionados com alimentos contaminados. 19 A identificação de casos suspeitos de DTA que possam caracterizar um surto obriga o profissional que os atende, mesmo em serviços de emergência, a acionar de imediato o sistema de vigilância epidemiológica para que se possa adotar as medidas de controle precocemente, evitando danos maiores à comunidade. Durante a investigação clínico-epidemiológica de um paciente com DTA é importante valorizar dados sobre: hábitos alimentares, consumo de alimentos suspeitos ou refeições incrimináveis, tempo de doença clínica, existência de outros familiares ou comensais com a mesma sintomatologia. A Vigilância das Doenças Transmitidas por Alimentos está dirigida para a ocorrência de surtos, esses são causados por inúmeros agentes etiológicos e se expressam por um grande elenco de manifestações clínicas, não havendo, portanto, definição de caso pré estabelecida. A Notificação ocorre sempre que há evidência epidemiológica de uma fonte comum de água ou alimento originando o surto. A investigação começa identificando comensais, definindo o caso e o período de incubação para elaboração de hipóteses quanto ao agente etiológico e alimento suspeito. A consolidação dos casos permite o cálculo da taxa de ataque, ou seja, o risco a que todos os comensais estão expostos. Todo surtos de DTA deve ser investigado em conjunto com a Vigilância Sanitária municipal ou estadual, em busca da presença de alguns fatores de risco, que podem ser identificados na inspeção sanitária, dentre os quais destacam-se: falhas na cadeia de refrigeração de alimentos potencialmente perigosos; conservação de alimentos mornos à temperatura ambiente (temperatura de incubação para os agentes bacterianos); alimento preparado várias horas antes de seu consumo, e cujo acondicionamento prévio ao consumo foi inadequado; falhas no processo de cocção dos alimentos; manipuladores de alimentos com práticas de higiene pessoal inadequadas ou portadores de lesões ou doenças; utilização de matérias-primas contaminadas quando de preparações alimentícias servidas cruas ou quando da ocorrência de mistura dessas com outros alimentos já cozidos; alimentos preparados com matéria-prima contaminada que possibilite a introdução de microorganismos no ambiente de preparo de alimentos, dando origem a possível ocorrência de contaminação cruzada; 20 falhas nos processos de higienização de utensílios e equipamentos utilizados no preparo de alimentos; alimentos obtidos de fontes não confiáveis; práticas inadequadas de armazenamento; uso de utensílio ou recipientes passíveis de liberação de resíduos ou quecontenham resíduos de materiais tóxicos; adição intencional ou acidental de substâncias químicas tóxicas aos alimentos; utilização de água cuja potabilidade não é controlada (fonte de abastecimento complementar); contaminação da água a partir da ocorrência de avarias na rede de abastecimento, construção ou reparo de tubulações, conexões cruzadas, inundações, efluentes de águas residuárias entre outros; contaminação de alimentos a partir de manipulador que operou, com as mãos, serviços de higienização de superfícies ou de coleta de resíduos. Na presença de algum fator de risco na procedência, conservação e preparo do alimento ou de água suspeita, amostras de alimento ou água devem ser coletadas para exame laboratorial. Além disso, devem ser investigadas todas as pessoas expostas, buscando saber sobre a ingestão/quantidade do alimento e se há desenvolvimento de sinais e sintomas. As medidas de prevenção e controle devem ser tomadas paralelamente à investigação e de acordo com a situação. Vigilância de Antropozoonoses Considerando o cenário atual de profundas alterações ambientais e os avanços nos conhecimentos sobre a domiciliação e a capacidade vetorial de artrópodes, simultaneamente com o crescimento alarmante da população humana em centros urbanos, assiste-se à reemergência de vetores e às facilidades dos meios de transportes rápidos para disseminá-los por diferentes partes do mundo (GOMES, 2002). Nas antropozoonoses, o reservatório do agente infeccioso são populações animais. Estão ai classificadas, entre outras, as arboviroses silvestres, a leishmaniose tegumentar e a brucelose. A via de transmissão pode ser por meio da água contaminda, contato sexual, transplacentaria, inalação, no entanto os vetores são a mais importante via de transmissão e podem fazer parte do ciclo de vida do parasita – como a malária. 21 Fonte: Royquariol MZ, 2003 São de notificação compulsória as seguintes antropozoonoses: acidentes por animais peçonhentos, atendimento antirrábico, Raiva Humana, dengue, Doença de Chagas Aguda, Esquistossomose, Febre Amarela, Febre do Nilo Ocidental, Febre Maculosa, Hantavirose, Leishmaniose Tegumentar Americana, Leishmaniose Visceral, Leptospirose, Malária, Peste, Tularemia. Todas elas podem ter alta magnitude em termos de incidência e possibilidade de provocar mortes. A raiva, por exemplo, apresenta letalidade de 100% - todos os que desenvolvem a doença morrem. A malária, na região amazônica, e a dengue, no litoral brasileiro, apresentam períodos epidêmicos, de alta incidência e com aumento da mortalidade. Outras antropozoonoses, como a hantavirose, acometeu humanos no Brasil nos anos 90 e primeira década do século XXI, de forma esporádica e com poucos casos a cada ano. As mudanças no habitat, com desmatamento par lavouras, por exemplo, provoca um rearranjo na dinâmica de contato homem/vetores/reservatórios, facilitando infecções por bactérias, vírus e fungos que circulam entre animais silvestres de forma pouco nociva. Um exemplo clássico disso são os surtos de malária em locais onde o Plasmodium sp não existia mas existia o vetor, o mosquito do gênero Anopheles. Quando nestes locais chegam pessoas infectadas com o protozoário, são picadas pelo mosquito, que se contaminam e ao picarem outras pessoas disseminam a doença. Cada uma das antropozoonoses contidas na lista de notificação compulsória tem uma definição de caso, exames laboratoriais específicos para confirmação da doença, devem ser investigadas e exigem medidas de controle para controle do meio de transmissão, em geral vetores. Nenhuma delas é contagiosa para outros humanos, exceto 22 via transfusão sanguínea e transplacentária, e todas exigem monitoramento de inseto, animais e outras espécies envolvidas na cadeia de transmissão. A maior dificuldade do controle dessas doenças é serem intermediadas por vetores e por alterações do meio ambiente sendo, portanto, de difícil manejo. A seguir é sintetizadam como exemplo, a vigilância de duas antropozoonoses: dengue e malária. Dengue É a mais importante arbovirose que afeta o ser humano e constitui sério problema de saúde pública no mundo. Ocorre especialmente nos países tropicais, onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do Aedes aegypti, principal mosquito vetor. A transmissão se faz pela picada dos mosquitos Aedes aegypti, no ciclo ser humano-Aedes aegypti-ser humano. Após um repasto de sangue infectado, o mosquito está apto a transmitir o vírus depois de 8 a 12 dias de incubação extrínseca. Não há transmissão por contato direto de um doente ou de suas secreções com pessoa sadia, nem por intermédio de água ou alimento. A primeira manifestação é a febre alta (39° a 40°C), de início abrupto, seguida de cefaléia, mialgia, prostração, artralgia, anorexia, astenia, dor retroor-bital, náuseas, vômitos, exantema, prurido cutâneo. A doença tem duração de 5 a 7 dias, mas o período de convalescença pode ser acompanhado de grande debilidade física, e prolongar-se por várias semanas. Tem sido observado um padrão sazonal de incidência coincidente com o verão, devido à maior ocorrência de chuvas e aumento da temperatura nessa estação. É mais comum nos núcleos urbanos, onde é maior a quantidade de criadouros naturais ou resultantes da ação do ser humano. Entretanto, a doença pode ocorrer em qualquer localidade desde que exista população humana susceptível, presença do vetor e o vírus seja introduzido. Em 1986, ocorreram epidemias no Rio de Janeiro e algumas capitais da região Nordeste. Desde então, a dengue vem ocorrendo no Brasil de forma continuada, intercalando-se com a ocorrência de epidemias, geralmente associadas com a introdução de novos sorotipos em áreas anteriormente indenes. A maior incidência da doença foi observada em 2002, quando foram registrados cerca de 790 mil casos. 23 Todo caso suspeito ou confirmado deve ser comunicado imediatamente à Vigilância Epidemiológica para que a equipe de controle vetorial local adote medidas necessárias ao combate do vetor, organizando ações de bloqueio na área provável de transmissão, visando a diminuição da população adulta de mosquitos. Além disso, medidas de proteção individual, como o uso de repelentes e telas nas portas e janelas devem ser divulgadas. Atividades de emergência devem ser tomadas em caso de surtos e epidemias. Nessas situações, as aplicações de inseticida a ultra baixo volume são utilizadas para interromper a transmissão (eliminação de fêmeas infectadas), devendo ser programadas para repetições semanais. As ações de rotina (visita casa a casa, mobilização da população, mutirões de limpeza) devem ser reavaliadas e reiniciadas imediatamente. Malária A malária é reconhecida como grave problema de saúde pública no mundo, ocorrendo em mais de 40% da população de mais de 100 países e territórios. Sua estimativa é de 300 a 500 milhões de novos casos e 1 milhão de mortes por ano. No Brasil, aproximadamente 99% dos casos de malária se concentram na região amazônica, considerada a área endêmica do país para malária. A malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários transmitidos por vetores. No Brasil, três espécies de Plasmodium causam a malária em seres humanos: vivax, falciparum e malariae. A transmissão se dá através da picada da fêmea do mosquito Anopheles, infectada por Plasmodium. Não há transmissão direta da doença de pessoa a pessoa. Pode ocorrer a transmissão induzida, por meio de transfusão de sangue contaminado ou do uso compartilhado de seringas contaminadas. Para malária causada por P. falciparum o indivíduo pode ser fonte de infecção por até 1 ano, por P. vivax, até 3 anos e P. malariae, por mais de 3 anos, desde que não seja adequadamente tratado. O quadro clínico típico é caracterizadopor febre alta, acompanhada de calafrio, sudorese profusa e cefaléia. O ataque paroxístico inicia-se com calafrio, acompanhado de tremor generalizado, com duração de 15 minutos a 1 hora. Na fase febril, a temperatura pode atingir 41º C. Se o paciente não recebe terapêutica específica, adequada e oportuna os sinais e sintomas podem evoluir para formas graves e complicadas. 24 Todo caso de malária deve ser tratado adequadamente e notificado à vigilância epidemiológica, tanto na área endêmica quanto na área não-endêmica, e coletada um esfregaço de sangue para a confirmação do diagnóstico laboratorial. É necessário identificar se o local de residência corresponde a uma área de transmissão da malária ou se o paciente esteve em área de transmissão de malária no período de 8 a 30 dias anterior à data dos primeiros sintomas. Após a identificação do local provável de infecção, faz-se a busca ativa de outros casos, delimitando a área de transmissão. Uma equipe treinada em pesquisa de vetores deve ser deslocada para esta área, para a captura dos prováveis mosquitos vetores. Os espécimes coletados devem ser enviados ao laboratório de entomologia, para identificação e verificação de infectividade. O risco de contrair a doença não é uniforme. Este risco é medido pelo índice parasitário anual (IPA), que classifica as áreas de transmissão em alto, médio e baixo risco, de acordo com o número de casos por 1 mil habitantes. Os principais métodos empregados são o controle dos mosquitos adultos e, quando viável, de larvas. Para o controle larvário, o ordenamento do meio por drenagem, aterro, modificação do fluxo da água e controle da vegetação aquática e limpeza das margens é o método mais indicado. Larvicidas químicos não são indicados devido ao impacto ambiental que podem causar. O controle biológico, com utilização de biolarvicidas, peixes larvófagos e outros, é indicado para pequenas coleções de água, em criadouros limitados em número e com baixo. Para o controle de mosquitos adultos, utiliza-se o controle químico por meio da aplicação intradomiciliar de inseticida de efeito residual e pulverização espacial de inseticida. Vigilância de doenças negligenciadas: Tuberculose, Hanseníase Tuberculose A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa, transmissível. Seu agente causador é o bacilo de Koch, um bacilo ácido-álcool resistente(BAAR) ou Micobacterium tuberculosis. A tuberculose pode atingir qualquer órgão do corpo: rim, osso, bexiga, intestino, que são chamadas de tuberculose extra pulmonar e não são transmissíveis. Apenas a tuberculose pulmonar possibilita a continuidade da transmissão da doença para outras pessoas. A transmissão ocorre de uma pessoa doente, que tenha bacilos no escarro, pela tosse, espirro, pela conversa, que elimina os bacilos no ar, que são inalados pelos que 25 estão em convívio constante e próximo. A pessoa que inalou o bacilo pode ou não ficar doente, mas estará, possivelmente, infectada. Segundo estimativas da OMS, um terço da população mundial estava infectada pelo bacilo da tuberculose em 2010. Mais de 6 milhões de doentes foram notificados pelo no mundo, sendo a maioria dos casos (82%) encontrado em apenas 22 países. Mais de um milhão de mortes por tuberculose ocorre a cada ano e há cerca de 350 mil doentes co-infectados por TB e HIV. No Brasil foram notificados 69 mil casos novos de TB em 2011 e houve quase 5 mil mortes em 2010. É o 17º país em número de casos e o 22º país em taxa de incidência, prevalência e mortalidade. A tuberculose é a 1ª causa de morte de pacientes com AIDS no país. O Brasil assumiu como um dos objetivos de Desenvolvimento do Milênio diminuir a taxa de incidência de tuberculose de 37,5 para 25,8 casos para cada 100 mil habitantes, até 2015. O doente em geral apresenta tosse com secreção por mais de três semanas, emagrecimento, inapetência (falta de apetite), febre baixa ao entardecer e suor noturno. O programa de controle da tuberculose preconiza a busca dos sintomáticos respiratórios (qualquer pessoa com tosse há mais de e semanas) na comunidade como forma de identificar os doentes que estão transmitindo o bacilo (teste de BAAR no escarro) e seu tratamento até atingir a cura como uma das formas de diminuir a incidência da doença. A outra forma é buscar doentes entre as pessoas comunicantes, que convivem constantemente com a pessoa que apresenta pesquisa de BAAR positivo no escarro. Taxa de incidência de tuberculose estimada por país, 2010 26 Um problema constante para o controle da tuberculose é o abandono do tratamento, que é prolongado, tendo duração de 6 a 12 meses, com drogas que apresentam alta taxa de efeitos colaterais. Pessoas com tuberculose pulmonar, que abandonam o tratamento, mantém a transmissão da doença na comunidade. Hanseníse (Lepra) O Brasil ocupa o 1° lugar no mundo em prevalência da hanseníase e o 2° lugar em casos novos por ano. A taxa de prevalência era de 1,56 casos por 10 mil habitantes em 2010, sendo as taxas mais elevadas encontradas em municípios localizados na borda da Amazônia brasileira. Cerca de 35 mil casos novos foram detectados no país em 2010. A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa causada pelo Mycobacterium leprae, descoberto em 1873, pelo médico Armauer Hansen, na Noruega, e em sua homenagem o bacilo também é chamado Bacilo de Hansen. Também é conhecida por LEPRA, devido ao nome cientifico. É uma doença contagiosa, que passa de uma pessoa doente, que não esteja em tratamento, para outra. Pode atingir crianças, adultos e idosos de todas as classes sociais, que tenham tido contato intenso e prolongado com o bacilo. A transmissão ocorre por meio de gotículas eliminadas no ar pela tosse, fala e espirro de alguém doente com a forma contagiosa de hanseníase. O bacilo acomete, principalmente, pele e nervos periféricos (terminações nervosas livres, SNA e troncos nervosos – sensibilidade e motricidade). Pode acometer órgãos internos nas formas disseminadas e durante os surtos reacionais. Demora, em geral, de 2 a 5 anos para aparecerem os primeiros sintomas. Pode causar incapacidades e deformidades quando não tratada ou quando tratada tardiamente. Só 10 a 15% das pessoas costumam adoecer. Entre elas, muitas desenvolvem manchas e apresentam poucos bacilos (forma paucibacilar – PB), a forma que não transmite a doença. Outras desenvolvem formas mais graves, com vários tipos de lesão e muitos bacilos na pele, nos nervos e em outros orgãos do corpo (forma multibacilar – MB). Esta é a forma que transmite a doença. O controle da hanseníase é baseado no diagnóstico precoce de casos, seu tratamento e cura, visando eliminar fontes de infecção e evitar seqüelas. Para isso é preconizado que haja detecção precoce e tratamento dos casos diagnosticados, busca ativa e divulgação de sinais e sintomas na comunidade, realização de exames dos contatos dos doentes e cura dos casos diagnosticados. 27 Toda pessoa com uma ou mais manchas esbraquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo deve ser investigada. A hanseníase apresenta áreas de pele seca e com falta de suor, com queda de pêlos, inclusive nas sombrancelhas ou caroços no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos. Outros sinais e sintomas são áreas da pele com formigamentos, ou diminuição de sensibilidade ao calor, a dor e ao tato. A pessoa se queima ou se machuca sem perceber. Pode haver dor e sensação de choques, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços, pernas, mãos e pés, inchaço nas mãos e pés. Também pode haver diminuição da força dos músculos das mãos, pés e face, devido à inflamação dos nervos, que podem estar engrossados e doloridos. Isso pode fazer com que uma pessoa não possa segurar uma panela, chutar uma bola, escrever, pentear o cabelo, por exemplo. O diagnóstico é essencialmente clinico,mas pode ser realizada baciloscopia e biopsia. As reações são freqüentes e dão a sensação de que a doença está piorando. Elas são uma resposta do sistema de defesa do organismo para matar os bacilos vivos e eliminar os mortos e o paciente apresenta muitas dores, piora das lesões já existentes, aparecimento súbito de caroços e inchaços no corpo, irritação, ardência e lacrimejamento nos olhos, febre e dor nas juntas, fisgadas e dor nos nervos dos braços e pernas. Além das reações o tratamento pode levar a efeitos colaterais como avermelhamento ou escurecimento da pele, que fica muito seca, e enjôos, levando ao abandono do tratamento. O abandono do tratamento, que pode ocorrer tanto ao tratamento prolongado quanto pela sua reação, é difícil de ser evitado. No entanto, o tratamento completo é 28 imprescindível para evitar seqüelas no doente assim como para diminuir a transmissão do bacilo e deve ser um objetivo a ser alcançado pela rede municipal de saúde. Vigilância de doenças e agravos não transmissíveis (DANT) As doenças crônicas não transmissíveis se caracterizam por ter uma etiologia incerta, múltiplos fatores de risco, longos períodos de latência, curso prolongado, origem não infecciosa e por estar associadas a deficiências e incapacidades funcionais (OPAS, 2005). A etiologia múltipla das DANT não permite que elas possuam causas claramente definidas. No entanto, as pesquisas na área identificaram diversos fatores de risco, que podem ser classificados em “não modificáveis” (sexo, idade e herança genética) e “comportamentais” (tabagismo, alimentação, inatividade física, consumo de álcool e outras drogas), que são potencializados por fatores socioeconômicos, culturais e ambientais. No entanto, a excepcional importância dos fatores comportamentais e ambientais não elimina a herança genética que predispõe o individuo a doença como, por exemplo, o Diabete nem descarta a participação de agentes vivos, como, por exemplo, o papiloma vírus humano em relação ao câncer do colo uterino. A expressão clínica das DANT ocorre após longo tempo de exposição aos fatores de risco e da convivência assintomática do indivíduo com a doença não diagnosticada, mesmo quando os fatores de risco são perceptíveis (tabagismo, obesidade, alcoolismo, sedentarismo, dieta). Nas últimas décadas no Brasil, as DANT passaram a determinar a maioria das causas de óbito e incapacidade prematura – ultrapassando as taxas de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias. O acidente vascular cerebral, infarto, hipertensão arterial, câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas constituem o problema de saúde de maior magnitude, que corresponde a cerca de 70% das causas de mortes, atingindo fortemente camadas pobres da população e grupos mais vulneráveis, como a população de baixa escolaridade e renda. Como determinantes sociais das DANT, são apontadas as desigualdades sociais, as diferenças no acesso aos bens e aos serviços, a baixa escolaridade, as desigualdades no acesso à informação, além dos fatores de risco modificáveis, como tabagismo, consumo de bebida alcoólica, inatividade física e alimentação inadequada, tornando possível sua 29 prevenção. Estes fatores estão envolvidos na epidemia de sobrepeso e obesidade, elevada prevalência de hipertensão arterial e elevada prevalência colesterol alto. A Vigilância de DANT tem como objetivo conhecer a distribuição, a magnitude e a tendência das doenças crônicas e agravos e seus fatores de risco, além de apoiar as políticas públicas de promoção à saúde. O sistema de vigilância está sendo estruturado por meio de um processo de capacitação das equipes de estados e municípios, com o estabelecimento de atividades e estratégias de prevenção, promoção e assistência e a definição de indicadores para monitoramento e de metodologias apropriadas às realidades regionais e locais. Para o enfrentamento dos fatores de risco outras ações de promoção da saúde no campo da alimentação saudável, atividade física, prevenção do uso do tabaco e álcool devem ser realizadas. Ações regulatórias de enfrentamento do tabagismo, como proibição da propaganda de cigarros e advertências sobre o risco de problemas nos maços do produto foram implantadas nos últimos anos. No campo da alimentação saudável, deve ser realizado o incentivo ao aleitamento materno e alimentação saudável, tendo o governo federal modificado a rotulagem dos alimentos e feito acordos com a indústria para a eliminação das gorduras trans e redução de sal nos alimentos. Além disso, nos últimos anos ocorreu uma importante expansão da Atenção Básica em Saúde, assistindo cerca de 60% da população brasileira, que pode ter acesso ao diagnostico e acompanhamento médico, exames complementares e distribuição gratuita de medicamentos para hipertensão e diabetes. As ações de promoção da saúde e prevenção de DANT devem iniciar durante a gravidez, com os cuidados pré-natais e a nutrição adequada, passam pelo estímulo ao aleitamento materno, pela proteção à infância e à adolescência quanto à exposição aos fatores de risco (álcool, tabaco) e quanto ao estímulo aos fatores protetores (alimentação saudável, atividade física) e persistem na fase adulta e durante todo o curso da vida. 30 Benefícios na atuação sobre fatores ambientais e comportamento saudável ao longo do ciclo de vida (DCNT=Doenças Crônicas Não Transmissíveis) O modelo de cuidado crônico tem componentes no suporte ao autogerenciamento (aconselhamento, educação e informação); ao sistema de saúde (equipes multidisciplinares); à decisão (guias baseados em evidências, capacitação dos profissionais) e ao sistema de informação clínico (informações do portador). O ponto central desse modelo é a produção de informações entre os serviços, a avaliação de portadores, o autogerenciamento, a otimização das terapias e o seguimento. O Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DANT no Brasil, 2011- 2022 tem como metas: 31 Doenças e Agravos Não Transmissíveis de importância para a saúde pública As quatro doenças crônicas de maior impacto mundial (doenças do aparelho circulatório, diabetes, câncer e doenças respiratórias crônicas) têm quatro fatores de risco em comum (tabagismo, inatividade física, alimentação não saudável e álcool). Atividade física insuficiente Estima-se que 3,2 milhões de pessoas morrem a cada ano devido à inatividade física. Pessoas que são insuficientemente ativas têm entre 20% e 30% de aumento do risco de todas as causas de mortalidade. Atividade física regular reduz o risco de doença circulatória, inclusive hipertensão, diabetes, câncer de mama e de cólon, além de depressão. Alimentação Inadequada O consumo adequado de frutas, legumes e verduras reduz os riscos de doenças do aparelho circulatório, câncer de estômago e câncer colorretal. A maioria das populações consome mais sal que o recomendado pela OMS para a prevenção de doenças. O grande consumo de sal é um importante determinante de hipertensão e risco cardiovascular. A alta ingestão de gorduras saturadas e ácidos graxos trans está ligada às doenças cardíacas. A alimentação não saudável, incluindo o consumo de gorduras, está aumentando rapidamente na população de baixa renda. Dados obtidos em quatro grandes pesquisas representativas sobre compras de alimentos pelas famílias do Brasil, entre meados da década de 1970 e meados da década de 2000, sugerem uma redução na compra de alimentos tradicionais básicos, como arroz, feijão e hortaliças, e aumentos notáveis na compra de alimentos processados, acarretando aumento no consumo de gorduras saturadas e sódio. Uso nocivo do álcool Cerca de 2,3 milhões de pessoas morrem a cada ano pelo consumo nocivo de álcool, correspondendo a 3,8% de todas as mortes do mundo. Mais da metade dessesóbitos são causados por DANT, incluindo câncer, doenças do aparelho circulatório e cirrose hepática. O consumo per capita é mais alto em países de alta renda. 32 No Brasil, o consumo de álcool também é associado às mortes por causas violentas e aos acidentes de trânsito. A mortalidade ajustada por idade causada por transtornos mentais e comportamentais por uso de álcool subiu 21% em onze anos, de 4,26 por 100 mil pessoas em 1996 para 5,17 por 100 mil pessoas em 2007. O consumo nocivo de bebidas alcoólicas (quatro ou mais doses para mulheres e cinco ou mais doses para homens em uma única ocasião, nos últimos 30 dias) foi relatado por 18% dos adultos brasileiros no VIGITEL 2010, sendo mais elevada em homens, nos jovens e em pessoas com maior escolaridade. Foi verificado aumento desse percentual de 2006 para 2010, especialmente para as mulheres. A exposição ao álcool tem início precoce: 71% dos estudantes do 9º ano relataram que já haviam experimentado álcool e 27% haviam consumido bebidas alcoólicas nos trinta dias anteriores. Quase 25% desses alunos disseram que haviam se embriagado pelo menos uma vez na vida. Tabagismo A presença de cerca de 4.720 substâncias presentes na fumaça dos derivados do tabaco, faz com que o tabagismo seja responsável por aproximadamente 50 doenças Muitos estudos desenvolvidos até o momento evidenciam que o consumo de derivados do tabaco causa quase 50 doenças diferentes. O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável em todo o mundo. A OMS estima que um terço da população mundial adulta, isto é, 1 bilhão e 200 milhões de pessoas (entre as quais 200 milhões de mulheres), sejam fumantes. Pesquisas comprovam que aproximadamente 47% de toda a população masculina e 12% da população feminina no mundo fumam. Enquanto nos países em desenvolvimento os fumantes constituem 48% da população masculina e 7% da população feminina, nos países desenvolvidos a participação das mulheres mais do que triplica: 42% dos homens e 24% das mulheres têm o comportamento de fumar. Segundo a OMS, o total de mortes devido ao uso do tabaco atingiu a cifra de 4,9 milhões de mortes anuais, o que corresponde a mais de 10 mil mortes por dia. Caso as atuais tendências de expansão do seu consumo sejam mantidas, esses números aumentarão para 10 milhões de mortes anuais por volta do ano 2030, sendo metade delas em indivíduos em idade produtiva (entre 35 e 69 anos). O tabagismo é responsável por 200 mil mortes por ano no Brasil (23 pessoas por hora); 25% das mortes causadas por doença coronariana - angina e infarto do miocárdio; 33 45% das mortes por infarto agudo do miocárdio na faixa etária abaixo de 65 anos; 85% das mortes causadas por bronquite crônica e enfisema pulmonar (doença pulmonar obstrutiva crônica); 90% dos casos de câncer no pulmão (entre os 10% restantes, 1/3 é de fumantes passivos); 25% das doenças vasculares (entre elas, derrame cerebral); 30% das mortes decorrentes de outros tipos de câncer (de boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo de útero, leucemia). No Brasil, o câncer de pulmão é o tipo de tumor mais letal e também uma das principais causas de morte no país. Nas estimativas para o ano de 2010, válidas também para o ano de 2011, são esperados 28 mil novos casos de câncer de pulmão , sendo 18mil homens e 10 mil mulheres Ao final do século XX, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de morte evitável. O consumo de tabaco é o mais importante fator de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão. Comparados com os não fumantes, os tabagistas têm cerca de 20 a 30 vezes mais risco de desenvolver câncer de pulmão (Inca/Ministério da Saúde). Outras doenças relacionadas ao tabagismo são: hipertensão arterial, aneurismas arteriais, úlcera do aparelho digestivo, infecções respiratórias, trombose vascular, osteoporose, catarata, impotência sexual no homem, infertilidade na mulher, menopausa precoce, complicações na gravidez. Porém, ao parar de fumar, o risco de ter essas doenças vai diminuindo gradativamente e o organismo do ex-fumante vai se restabelecendo (Inca/Ministério da Saúde). O tabagismo deve ser entendido como uma doença crônica, devido à dependência à droga nicotina, e, portanto, todos os fumantes devem ser orientados a deixar de fumar por profissionais de saúde. Pesquisas mostram que cerca de 80% dos fumantes desejam parar de fumar, porém apenas 3% conseguem a cada ano, sendo que desses, a maior parte (95%) consegue sem assistência de profissional de saúde. O restante necessita de apoio de um profissional de saúde para obter êxito. Câncer Para controle de câncer a detecção precoce e tratamento acessíveis são essenciais. O diagnóstico precoce, estimulado por políticas de alerta para os primeiros sinais e sintomas, pode resultar em melhora da sobrevida, para os cânceres de mama, do colo do útero, de pele, de cavidade oral, colorretal, entre outros, especialmente em regiões onde a detecção do câncer costuma ser tardia. 34 Um exemplo de detecção precoce, o rastreamento do câncer de colo do útero com base no exame de Papanicolau teve sua oferta ampliada a partir de 1998 na rede de serviços do SUS, com aumento da cobertura alcançando 78,4% em 2008 na faixa etária preconizada. Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus A Hipertensão Arterial (HA) e o Diabetes Mellitus (DM) são DANT de alta prevalência cujos fatores de risco e complicações representam hoje a maior carga de doenças em todo o mundo. São responsáveis pelas maiores taxas de morbimortalidade da população brasileira e de todo o mundo, gerando sofrimento pessoal e familiar, com alto custo financeiro e social. Dentre as doenças cardiovasculares, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e a Doença Coronariana Aguda (DCA), são responsáveis 65% dos óbitos na população adulta; 40% das aposentadorias precoces segundo o Instituto de Seguridade Social e por 14% das internações na faixa etária de 30-69 anos. Um importante fator de risco para cardiopatia e diabete é o excesso de peso. Considerando que cerca de 40% dos indivíduos adultos do País, em 2010, apresentavam excesso de peso e que não havia diferença substancial entre homens e mulheres, perspectiva de doenças crônicas, em médio prazo, é assustadora. O excesso de peso é observado em todas as regiões do Brasil, as menores prevalências são encontradas na região Nordeste e as maiores nas regiões Sul e Sudeste. A Hipertensão por sua vez é um fator de risco para doenças do aparelho circulatório assim como o excesso de peso e obesidade. Os riscos de doença cardíaca, acidente vascular encefálico e diabetes aumentam consistentemente com o aumento de peso. O Índice de Massa Corporal (IMC) elevado também aumenta os riscos de certos tipos de câncer. O colesterol elevado aumenta o risco de doença cardíaca e acidente vascular encefálico. O controle da glicemia, da pressão arterial e os cuidados com os pés são intervenções plausíveis e custo-efetivas para as pessoas com diabetes. De acordo com a OMS, ao menos três intervenções para a prevenção e gestão do diabetes demonstram reduzir custos e melhoram a saúde. 35 Controle da Violência As lesões decorrentes de acidentes (referentes ao trânsito, a envenenamento, a afogamento, a quedas, a queimaduras e outros) e violências (relacionadas a agressões, a homicídios, a suicídios ou tentativas, a abusos físicos, sexuais, psicológicos, a negligências e outras) são definidas ou classificadas como causas externas de morbidade e mortalidade. No Brasil, esses agravos representam a terceira causa de morte entre crianças de zero a 9 anos de idade, passando a ocupar a primeira posição na população de adultos jovens (10 a 39 anos), decrescendo para a sexta posição entre os idosos (60 ou mais anosde idade). As vítimas comumente são atingidas por sequelas permanentes ou não, podendo levar à incapacidade para o trabalho ou outras atividades rotineiras, absenteísmo, custos com o pagamento de pensões e de tratamentos de saúde, o que torna esses agravos um importante problema de saúde pública. Devido a isso, as causas externas se tornaram objeto de vigilância e de prevenção em saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde sob a coordenação do Ministério da Saúde. Este monitoramento tem subsidiado a elaboração de políticas públicas e de ações de saúde que estão voltadas para o enfrentamento deste problema, priorizando-se os grupos em situação de vulnerabilidade. O Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva) é constituído por dois componentes: I – Vigilância das violências sexual, doméstica e/ou outras violências interpessoais; II – Vigilância de violências e acidentes em unidades sentinelas de urgência e emergência. Essas duas modalidades de vigilância possuem sistemas de informação próprios, que permitem a entrada e a análise dos dados obtidos por meio de duas fichas distintas. A notificação no Viva é compulsória para ambos os componentes em situações de violências envolvendo crianças, adolescentes, mulheres e idosos conforme determinada pelas leis de n º 8.069/1990 (Estatuto da Criança e Adolescente), de nº 10.778/2003 (Notificação de Violência contra a Mulher) e de n º 10.741/2003 (Estatuto do Idoso). Uma análise foi realizada com dados do sistema Viva, referente aos anos de 2009, 2010 e 2011, registrados em serviços sentinelas de urgência e emergência de 11 municípios selecionados. Neste período foram registrados 18.959 atendimentos, dos quais 92,2% foram atribuídos a causas acidentais e 7,8% foram eventos resultantes de 36 violência. Os indivíduos do sexo masculino representaram a maior proporção dentre os atendimentos, variando de 62,7% para os acidentes a 68,3% para as violências. As pessoas de 20 a 39 anos foram as vítimas mais acometidas tanto por acidentes como por violências. As com pele parda e preta sofreram mais violências que as de pele branca. Esta mesma análise apontou que os eventos acidentais apresentam um primeiro pico por volta das 10h, no entanto se verifica maior ocorrência de eventos acidentais no período da tarde até por volta das 20h, predominando no período diurno. Ao contrário, os eventos violentos, apresentaram proporção de ocorrência superior aos acidentes durante a noite e a madrugada, com freqüência máxima por volta das 20h. O dia da semana de maior frequência de atendimentos foi, principalmente, o sábado e o domingo, quando as proporções decorrentes de violências superaram os atendimentos por causas acidentais, ocorrendo o inverso no período de segunda-feira a sexta-feira, quando os atendimentos por eventos acidentais foi superior ao observado para os atendimentos resultantes de violências. Outra fonte de dados para análise são os casos notificados SINAN (Sistema Nacional de Agravos de Notificação) de violência doméstica, sexual e de outras violências (como violência psicológica/moral, financeira/econômica, tortura, tráfico de pessoas, trabalho infantil, negligência/abandono e intervenção por agente legal) contra mulheres e homens em todas as idades. Análise realizada com as notificações, dos anos 2009 e 2010, utilizando dados do SINAN, encontrou 113.643 notificações de violência. Dessas, a maioria ocorreu entre 37 crianças, adolescentes e idosos, havendo predomínio da violência contra a mulher (66,6%). Com relação ao tipo de violência, predominaram os atendimentos decorrentes de agressão física (64,5%), violência psicológica/moral (25,2%) e violência sexual (18,8%). No sexo masculino, destacaram-se a agressão física (69,9 %) e a psicológica/moral (12,6%) como formas de violência com maior proporção. Entre as mulheres, além da agressão física (61,7%), foram as violências psicológica/moral (31,6%) e sexual (24,2%) que apresentaram maior ocorrência. Aproximadamente 29,0% dos pacientes informaram ter sido vítimas de violência de repetição, ou seja, o evento violento já havia sido perpetrado anteriormente. A ocorrência da violência de repetição variou de 18,9% entre os homens a 34% entre as mulheres. Os atos de violência predominaram na residência (51,0%) e na via pública (15,5%). No caso das mulheres, a violência foi cometida por um único indivíduo (68%), do sexo masculino (59,3%) e que mantinha relação próxima com a vítima, na condição de cônjuge (17,5%) ou amigo (11,3%), embora tenham surgido pessoas desconhecidas na autoria de 11%. Referência à suspeita de ingestão de bebida alcoólica por parte do agressor foi observada em 22,8% dos atendimentos, variando de 20,6% entre os homens a 24% entre as mulheres. Com relação ao tipo de violência nas crianças, predominaram os atendimentos decorrentes de negligência (35,6%), de violência sexual (35,6%) e de violência física (32,8%). No sexo masculino, destacaram-se a negligência (42,8 %) e a violência física (37,2%) como formas de violência com maior proporção. Entre as meninas, foram a violência sexual (45,5%) e a negligência (30,1%) que apresentaram maior ocorrência. Aproximadamente 25,6% dos pacientes eram vítimas de violência de repetição, ou seja, o evento violento já havia sido perpetrado anteriormente. A ocorrência da violência de repetição variou de 22,9% entre os meninos a 27,6% entre as meninas. Quanto aos dados do provável autor da agressão, em 62,5% dos atendimentos, tratava-se de apenas um agressor; e 18,5%, de dois ou mais, sendo 44,5% do sexo masculino, 23,2% do sexo feminino e 10,5% de ambos os sexos. A mãe foi a principal agressora (31,8%), seguida pelo pai (20,9%). Referência à suspeita de ingestão de bebida alcoólica por parte do agressor foi observada em 11,9% dos atendimentos. As agressões no idoso predominaram os atendimentos decorrentes de agressão física (60,1%), de negligência/abandono (27,2%) e de violência psicológica/moral (25,4%). No sexo masculino, destacaram-se a agressão física (68,3%) e a negligência/abandono (23,5%) como formas de violência com maior proporção. Entre as 38 mulheres, além da agressão física (52,9%), foram as violências psicológica/moral (34,3%) e a negligência/abandono (30,3%) que apresentaram maior ocorrência. A partir de 2009, o Viva passou a integrar o Sistema de Informação de Agravos de Notificação versão net (SinanNET), disponível para todos os municípios do País e vem ampliando progressivamente o número de municípios e unidades notificadoras. Neste sistema considera-se violência, sendo este, portanto, objeto de notificação no sistema de vigilância, como: Violência é o uso intencional de força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade que resulte ou venha resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou de privação. Todo caso suspeito de violência deve ser notificado para a vigilância municipal que daí aciona os conselhos de defesa da criança e do adolescente, da mulher e do idoso, vitimas mais freqüentes de violência. 39 UNIDADE II - VIGILÂNCIA AMBIENTAL Objetivo Conceituar e compreender a Vigilância Ambiental em Saúde como componente do SUS, destacando as peculiaridades da sua prática diária no âmbito local. Marco legal/Atribuições do município A Lei 8080/1990, em seu artigo 3º coloca que a saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. A política de saúde ambiental, mesmo estando apontada na Lei de criação do SUS, demora anos para ser construída e objeto formal de
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