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Apostila_Vigilância_em_Saude_II

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Universidade do Estado do Amazonas 
Escola Superior de Ciências da Saúde 
Curso de Bacharelado em Saúde Coletiva 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professoras: 
Ivone Andreatta Menegolla 
Juliana Dourado Patzer 
 
 
Manaus 
2014 
2 
 
 
 
SUMÁRIO 
UNIDADE I - Vigilância epidemiológica 3 
Marco legal e atribuições do município 3 
Vigilância de doenças transmissíveis 7 
Vigilância de doenças e agravos não transmissíveis 28 
 
Unidade II - Vigilância Ambiental em saúde 39 
Marco legal e atribuições do município 39 
Riscos e Agravos Ambientais Biológicos 42 
Riscos e Agravos Ambientais Não Biológicos 45 
Vigilância dos Eventos Ambientais Adversos à Saúde 48 
 
Unidade III - Vigilância da Saúde do Trabalhador 49 
Marco legal/ Atribuições do município 49 
Vigilância de doenças relacionadas ao trabalho 54 
 
Unidade IV - Vigilância Sanitária 61 
Marco legal/ Atribuições do município 61 
Atribuições da Vigilância Sanitária 64 
Vigilância Sanitária de Alimentos 66 
Vigilância Sanitária de Produtos 68 
Vigilância Sanitária de Serviços de Saúde 74 
 
Unidade V – Monitoramento e avaliação 76 
Sistemas Nacionais de Informação 77 
Indicadores em saúde 78 
3 
 
 
 
UNIDADE I- VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 
 
Objetivo da unidade 
Capacitar os alunos para entenderem a vigilância epidemiológica com foco 
específico na intervenção sobre a ocorrência de doenças transmissíveis e não 
transmissíveis, relacionando com o processo saúde doença e as medidas de controle. 
 
Marco legal 
A vigilância epidemiológica foi criada por meio da Lei nº 6.259, de 30 de outubro 
de 1975, que dispõe sobre a organização das ações de Vigilância Epidemiológica no país, 
e foi regulamentada pelo decreto nº 78.231, de 12 de agosto de 1976. Neste decreto é 
instituído o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica e são definidas as formas de 
organização da vigilância e criada uma lista de doenças de notificação compulsória, sendo 
dever dos profissionais de saúde notificar casos suspeitos de doenças transmissíveis, 
entre outras. 
Art. 8º – É dever de todo cidadão comunicar à autoridade sanitária local a 
ocorrência de fato, comprovado ou presumível, de caso de doença transmissível, 
sendo obrigatória a médicos e outros profissionais de saúde, no exercício da 
profissão, bem como aos responsáveis por organizações e estabelecimentos 
públicos e particulares de saúde e ensino, a notificação de casos suspeitos ou 
confirmados de doenças e agravos. 
Art. 9º – É obrigatório proceder a investigação epidemiológica pertinente à 
elucidação do diagnóstico e tomar medidas de controle cabíveis, no caso das 
doenças do elenco de Doenças de Notificação Compulsória (DNC). 
Na Lei Orgânica da Saúde, Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, a vigilância 
epidemiológica foi assim conceituada: 
§ 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de ações que 
proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos 
fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a 
finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das 
doenças ou agravos. 
O código penal brasileiro, em seu Capítulo III, Dos Crimes Contra a Saúde 
Pública, prevê penas de detenção e multa por não notificar doenças de notificação 
compulsória, causar epidemias ou impedir medidas sanitárias, entre outras. 
 Epidemia 
Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos: 
 Pena - reclusão, de dez a quinze anos. 
4 
 
 
 
§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro. 
§ 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois anos, ou, se resulta 
morte, de dois a quatro anos. 
 Infração de medida sanitária preventiva 
Art. 268 - Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução 
ou propagação de doença contagiosa: 
 Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da 
saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou 
enfermeiro. 
 Omissão de notificação de doença 
Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja 
notificação é compulsória: 
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
Estas leis continuam vigendo no país e devem ser seguidas por todos os 
profissionais envolvidos na rede de saúde, pública e privada, de todos os níveis de gestão. 
A lista de notificação compulsória citada na legislação acima é atualizada conforme 
mudanças do cenário epidemiológico do país e do mundo. A última lista foi publicada na 
Portaria nº 104, de 25 de janeiro de 2011. Nesta portaria é definida uma nova categoria 
de notificação compulsória, a notificação imediata - no máximo, 24 horas a partir da 
suspeita inicial – e a vigilância é ampliada, incluindo eventos de potencial relevância em 
saúde pública: 
a. Alteração no padrão epidemiológico de doença conhecida, independente de 
consar no Anexo I desta Portaria; 
b. Doença de origem desconhecida; 
c. Exposição a contaminantes químicos; 
d. Exposição à água para consumo humano fora dos padrões preconizados pela 
SVS; 
e. Exposição ao ar contaminado, fora dos padrões preconizados pela Resolução do 
CONAMA; 
f. Acidentes envolvendo radiações ionizantes e não ionizantes por fontes não 
controladas, por fontes utilizadas nas atividades industriais ou médicas e acidentes 
de transporte com produtos radioativos da classe 7 da ONU. 
g. Desastres de origem natural ou antropogênica quando houver desalojados ou 
desabrigados; 
h. Desastres de origem natural ou antropogênica quando houver 
comprometimento da capacidade de funcionamento e infraestrutura das unidades 
de saúde locais em conseqüência evento. 
III - Doença, morte ou evidência de animais com agente etiológico que podem 
acarretar a ocorrência de doenças em humanos, destaca-se entre outras classes de 
animais: 
5 
 
 
 
1. Primatas não humanos 
2. Eqüinos 
3. Aves 
4. Morcegos 
Raiva: Morcego morto sem causa definida ou encontrado em situação não usual, 
tais como: vôos diurnos, atividade alimentar diurna, incoordenação de 
movimentos, agressividade, contrações musculares, paralisias, encontrado durante 
o dia no chão ou em paredes. 
5. Canídeos 
Raiva: canídeos domésticos ou silvestres que apresentaram doença com 
sintomatologia neurológica e evoluíram para morte num período de até 10 dias ou 
confirmado laboratorialmente para raiva. Leishmaniose visceral: primeiro registro 
de canídeo doméstico em área indene, confirmado por meio da identificação 
laboratorial da espécie Leishmania chagasi. 
6. Roedores silvestres 
Peste: Roedores silvestres mortos em áreas de focos naturais de peste. 
Nessa portaria também são definidos terminologia alinhada à do último 
Regulamento Sanitário Internacional. 
I - Doença: significa uma enfermidade ou estado clínico, independentemente de 
origem ou fonte, que represente ou possa representar um dano significativo para 
os seres humanos; 
II - Agravo: significa qualquer dano à integridade física, mental e social dos 
indivíduos provocado por circunstâncias nocivas, como acidentes, intoxicações, 
abuso de drogas, e lesões auto ou heteroinfligidas; 
III - Evento: significa manifestação de doença ou uma ocorrência que apresente 
potencial para causar doença; 
IV - Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional - ESPIN: é um evento 
que apresente risco de propagação ou disseminação de doenças para mais de uma 
Unidade Federada - Estados e Distrito Federal - com priorização das doenças de 
notificação imediata e outros eventos de saúde pública, independentemente da 
natureza ou origem, depois de avaliação de risco, e que possa necessitar de 
resposta nacional imediata; e 
V - Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional - ESPII: é evento 
extraordinário que constitui risco para a saúde pública de outros paísespor meio 
da propagação internacional de doenças e que potencialmente requerem uma 
resposta internacional coordenada. 
O Sistema Nacional de Vigilância em Saúde (SNVS) foi constituído a partir da criação 
Secretaria de Vigilância em Saúde, em 2003. O SNVS se alinha ao SUS, sendo 
hierarquizado e descentralizado, conforme a portaria nº 1.378, de 9 de julho de 2013 que 
em seu artigo 2º define que: 
A Vigilância em Saúde constitui um processo contínuo e sistemático de coleta, 
consolidação, análise e disseminação dedados sobre eventos relacionados à saúde, 
visando o planejamento e a implementação de medidas de saúde pública para a 
proteção da saúde da população, a prevenção e controle de riscos, agravos e 
doenças, bem como para a promoção da saúde. 
6 
 
 
 
Nesta portaria são definidas as competências do nível de gestão nacional, estadual 
e municipal. Assim, compete ao município: 
I - ações de vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis, a 
vigilância e prevenção das doenças e agravos não transmissíveis e dos seus fatores 
de risco, a vigilância de populações expostas a riscos ambientais em saúde, gestão 
de sistemas de informação de vigilância em saúde em âmbito municipal que 
possibilitam análises de situação de saúde, as ações de vigilância da saúde do 
trabalhador, ações de promoção em saúde e o controle dos riscos inerentes aos 
produtos e serviços de interesse a saúde; 
II - coordenação municipal e execução das ações de vigilância; 
III - participação no financiamento das ações de vigilância; 
IV - normalização técnica complementar ao âmbito nacional e estadual; 
V - coordenação e alimentação, no âmbito municipal, dos sistemas de informação 
de interesse da vigilância, incluindo: 
a) coleta, processamento, consolidação e avaliação da qualidade dos dados 
provenientes das unidades notificantes dos sistemas de base nacional, de interesse 
da vigilância, de acordo com normalização técnica; 
b) estabelecimento e divulgação de diretrizes, normas técnicas, rotinas e 
procedimentos de gerenciamento dos sistemas, no âmbito do Município, em 
caráter complementar à atuação das esferas federal e estadual; e 
c) retroalimentação dos dados para as unidades notificadoras; 
VI - coordenação da preparação e resposta das ações de vigilância, nas 
emergências de saúde pública de importância municipal; 
VII - coordenação, monitoramento e avaliação da estratégia de Vigilância em 
Saúde sentinela em âmbito hospitalar; 
VIII - desenvolvimento de estratégias e implementação de ações de educação, 
comunicação e mobilização social; 
IX - monitoramento e avaliação das ações de vigilância em seu território; 
X - realização de campanhas publicitárias de interesse da vigilância, em âmbito 
municipal; 
XI - promoção e execução da educação permanente em seu âmbito de atuação; 
XII - promoção e fomento à participação social nas ações de vigilância; 
XIII - promoção da cooperação e do intercâmbio técnicocientífico com organismos 
governamentais e não governamentais de âmbito municipal, intermunicipal, 
estadual, nacional e internacional; 
XIV - gestão do estoque municipal de insumos de interesse da Vigilância em 
Saúde, incluindo o armazenamento e o transporte desses insumos para seus locais 
de uso, de acordo com as normas vigentes; 
XV - provimento dos seguintes insumos estratégicos: 
a) medicamentos específicos, para agravos e doenças de interesse da Vigilância 
em Saúde, nos termos pactuados na CIT; 
b) meios de diagnóstico laboratorial para as ações de Vigilância em Saúde nos 
termos pactuados na CIB; 
c) insumos de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças sexualmente 
transmissíveis, indicados pelos programas, nos termos pactuados na CIB; e 
7 
 
 
 
d) equipamentos de proteção individual - EPI - para todas as atividades de 
Vigilância em Saúde que assim o exigirem, em seu âmbito de atuação, incluindo 
vestuário, luvas e calçados; 
XVI - coordenação, acompanhamento e avaliação da rede de laboratórios públicos 
e privados que realizam análises essenciais às ações de vigilância, no âmbito 
municipal; 
XVII – realização de análises laboratoriais de interesse da vigilância, conforme 
organização da rede estadual de laboratórios pactuados na CIR/CIB; 
XVIII - coleta, armazenamento e transporte adequado de amostras laboratoriais 
para os laboratórios de referência; 
XIX - coordenação e execução das ações de vacinação integrantes do Programa 
Nacional de Imunizações, incluindo a vacinação 
de rotina com as vacinas obrigatórias, as estratégias especiais como campanhas e 
vacinações de bloqueio e a notificação e investigação de eventos adversos e óbitos 
temporalmente associados à vacinação; 
XX - descartes e destinação final dos frascos, seringas e agulhas utilizadas, 
conforme normas técnicas vigentes; 
XXI - participação no processo de implementação do Decreto nº 7.508/2011, no 
âmbito da vigilância; 
XXII - colaboração com a União na execução das ações sob Vigilância Sanitária de 
Portos, Aeroportos e Fronteiras, conforme pactuação tripartite; e 
XXIII - estabelecimento de incentivos que contribuam para o aperfeiçoamento e 
melhoria da qualidade das ações de Vigilância em Saúde. 
Parágrafo único. Os Municípios poderão adquirir insumos estratégicos para uso em 
Vigilância em Saúde, em situações específicas, mediante pactuação na CIT entre 
as esferas governamentais, observada a normalização técnica e, em situações 
excepcionais, mediante a comunicação formal com justificativa à SVS/MS ou à 
Secretaria Estadual de Saúde. 
 
Vigilância das Doenças Transmissíveis 
A expressão doença transmissível pode ser sintetizada como doença cujo agente 
etiológico é vivo e é transmissível. São doenças transmissíveis aquelas em que o 
organismo pode migrar do parasitado para o sadio, havendo ou não uma fase 
intermediária de desenvolvimento no ambiente. 
As doenças transmissíveis são causadas por agentes infecciosos vivos que 
possuem períodos de incubação e de transmissibilidade específico para cada agente 
infeccioso. Conhecer esta dinâmica permite instaurar medidas de controle oportunas e 
efetivas das doenças transmissíveis. 
Período de Incubação: É o intervalo de tempo que decorre entre a exposição a 
um agente infeccioso e o aparecimento de sinais ou sintomas de doença. É extremamente 
variável, desde algumas horas (cólera) até meses ou anos (hanseníase, AIDS). 
8 
 
 
 
Período de transmissibilidade: Período durante o qual o agente infeccioso 
pode ser transferido, direto ou indiretamente, de uma pessoa infectada a outra, ou de um 
animal infectado ao homem,ou de um homem infectado a um animal, inclusive 
artrópodes. 
O desenvolvimento do estado de doença depende de características do agente e 
do hospedeiro. O agente agrega características de infectividade, patogenicidade, 
virulência, dose infectante e poder invasivo. O hospedeiro, por sua vez, se defende com 
sua resistência, suscetibilidade ou imunidade. 
As doenças podem ter duração aguda ou crônica e podem ser causadas por 
agentes infecciosos ou não infecciosos. A infecção é a penetração e desenvolvimento ou 
multiplicação de um agente infeccioso no organismo de uma pessoa ou animal. 
 
Características da doença infecciosa 
As doenças infecciosas podem assumir várias formas, desde formas inaparentes 
até formas fulminantes, que levam ao óbito em horas. 
Infecção inaparente (forma subclínica ou assintomática): não apresenta sinais 
ou sintomas clínicos manifestos; grande importância para a epidemiologia; 
Forma latente: representa um período de equilíbrio durante o qual não existem 
sinais clínicos manifestos e o doente não constitui fonte de contágio (ex.: Tb, 
sífilis); 
Forma abortiva ou frustra: nem todos os sinais clínicos da doença emergirão 
acima do horizonte clínico; 
Modo fulminante: ocorre de forma excepcionalmente grave com um coeficiente 
de letalidade elevado (ex.: septicemias). 
A designação doença contagiosa é reservada para doenças infecciosascujos 
agentes etiológicos atingem os sadios pelo contato direto desses com os indivíduos 
infectados (ex.: sarampo, DST). Toda doença contagiosa é infecciosa. O inverso não é 
verdadeiro (ex.: tétano - doença infecciosa transmissível não contagiosa). 
 
Características do agente infeccioso 
Agentes: a definição varia segundo o modelo de entendimento da epidemiologia 
9 
 
 
 
adotado. No modelo biomédico, Agentes Etiológicos ou Fatores Etiológicos são “Os que 
agem na origem das doenças”. Os agentes são os causadores das doenças (ou 
patógenos). No modelo processual, Agentes são “fatores que perturbam o ser 
diretamente em suas funções vitais produzindo a doença”. No modelo sistêmico o 
conceito extrapola o de agente ou fator etiológico clássico, onde um agente pode ser não 
só um micro organismo, mas um poluente químico, um gene, e outros que possam levar a 
agravo à saúde. Nos dois últimos modelos, quando nos referimos a Agentes ou Fatores 
estamos falando em fatores ou agentes físicos (temperatura, radiação, etc), químicos 
(mercúrio), biológicos ou biopatogênicos (ancilostomídeos, nematódeos, bactérias, vírus, 
etc.), nutricionais (excesso de gorduras, ausência de proteínas), genéticos, etc. 
Infectividade: capacidade que têm certos organismos de penetrar e de se 
desenvolver ou de se multiplicar no novo hospedeiro, ocasionando infecção. Nesse caso, o 
agente etiológico é também chamado de agente infeccioso. Ex.: vírus da gripe (alta) X 
fungos (baixa). 
Patogenicidade: qualidade que tem o agente infeccioso de, uma vez instalado 
no organismo do homem e de outros animas, produzir sintomas em maior ou menor 
proporção dentre os hospedeiros infectados. Ex.: vírus do sarampo (alta) X vírus da 
poliomielite (baixa; 1% paralisia). 
Virulência: é a capacidade do agente de produzir efeitos graves ou fatais, 
relaciona-se à capacidade de produzir toxinas, de se multiplicar etc. Ex: baixa virulência 
do vírus da gripe e do sarampo em relação à alta virulência dos vírus da raiva e do HIV. 
Dose infectante: é a quantidade do agente etiológico necessário para iniciar 
uma infecção. Varia com a virulência do agente e com a resistência do acometido. Quanto 
maior o nº de parasitas inoculados no suscetível, tanto maior a probabilidade de infectá-
lo.Malária: a picada de um único mosquito pode introduzir cota suficiente de parasitas 
para desencadear doença 
Filariose: necessário picada de mil mosquitos para produzir um caso clínico 
Poder invasivo: é a capacidade que tem o parasita de se difundir, através de 
tecidos, órgãos e sistemas anatomofisiológicos do hospedeiro 
Imunogenicidade: é a capacidade do agente de, após a infecção, induzir a 
imunidade no hospedeiro. Ex: alta nos vírus da rubéola, do sarampo, da caxumba que 
imunizam em geral por toda a vida, em relação à baixa imunogenicidade do vírus da 
gripe, da dengue, das shiguelas e das salmonelas que só conferem imunidade relativa e 
10 
 
 
 
temporária. 
 
Características do Hospedeiro 
O hospedeiro é o homem ou outro animal vivo, inclusive aves e artrópodes, que 
ofereça, em condições naturais, subsistência ou alojamento a um agente infeccioso. 
Alguns protozoários e helmintos passam fases sucessivas em hospedeiros alternados, de 
diferentes espécies. 
Hospedeiro primário ou definitivo: aquele em que o parasita atinge a 
maturidade ou passa sua fase sexuada 
Hospedeiro secundário ou intermediário: aquele em que o parasita se 
encontra em forma larvária ou assexuada. 
Sob o ponto de vista da estrutura epidemiológica, o homem poderá funcionar 
tanto como hospedeiro intermediário como definitivo. Por exemplo: hospedeiro definitivo 
da forma adulta da tênia e hospedeiro intermediário da forma larvária da tênia – a 
infecção produzida é chamada cisticercose. 
O hospedeiro pode ter resistência, ser suscetível ou imune aos agentes 
infecciosos. 
Resistência: É o sistema de defesa com o qual o organismo impede a difusão ou 
a multiplicação de agentes infecciosos que o invadiram, ou os efeitos nocivos dos seus 
produtos tóxicos. Está associada ao estado de nutrição, integridade de pele e mucosas, 
capacidade de reação e adaptação aos estímulos do meio, fatores genéticos, estado atual 
de saúde, estresse e imunidade especifica. 
Suscetibilidade: é medida de fragilidade, a possibilidade adoecimento por 
determinado agente, fator de risco ou conjunto de causas. A suscetibilidade de uma 
espécie ocorre quando esta está sujeita a determinada infecção ou doença. Dentro da 
mesma espécie, há indivíduos resistentes e suscetíveis a uma infecção; a suscetibilidade 
individual é, portanto, o estado de qualquer pessoa (ou animal) que não apresenta defesa 
ou resistência contra o agente infeccioso e por essa razão pode adoecer ao entrar em 
contato com este. Em se falando de doenças infecciosas a suscetibilidade é absoluta, pois 
o indivíduo é susceptível ou não; porém, quando tratamos das não infecciosas podemos 
falar em grau variável de susceptibilidade, isto é, alguns indivíduos podem ficar expostos 
por muito tempo a um determinado fator de risco em altas concentrações e não adoecer 
11 
 
 
 
enquanto outros em exposições com pequenas concentrações e/ou pouco tempo, 
adoecem. 
 
Imunidade: É o estado de resistência, geralmente associado à presença de 
anticorpos que possuem ação especifica sobre o microorganismo responsável por 
determinada doença infecciosa ou sobre suas toxinas. A imunidade pode ser ativa 
(celular) e passiva (humoral). 
O meio ambiente pode ser decisivo na transmissão, podendo ser veiculo de 
transporte do agente no alimento, ar, água, sangue, objetos, insetos, etc., assim 
favorecendo sua penetração no hospedeiro por ingestão, inalação, solução de 
continuidade (feridas, sexual), picadas de insetos, penetração ativa na pele (sarna). 
Veja a seguir alguns exemplos de doenças por veiculo de transmissão. 
Alimentos: amebiase, salmonelose, shigelose, hidatidose, febre tifóide 
Água: colera, hepatite A, Poliomielite 
Ar: gripe, sarampo, rubéola, caxumba, coqueluche, varicela 
Sangue: AIDS, sifilis, doença de chagas 
Objetos contaminados: infecções hospitalares (Klebsiella, Pseudomonas) 
Animais: malária, dengue, febre amarela, esquistossomose, raiva 
 
Reservatório de agentes infecciosos: ser humano ou animal, artrópode, 
planta, solo ou matéria inanimada (ou uma combinação desses), em que um agente 
infeccioso normalmente vive e se multiplica em condições de dependência primordial para 
a sobrevivência e no qual se reproduz de modo a poder ser transmitido a um hospedeiro 
suscetível. 
Entre as inúmeras doenças transmissíveis existentes, algumas são de interesse da 
saúde pública, e objeto de vigilância, por apresentarem importância em termos de 
magnitude, potencial de disseminação, transcendência, vulnerabilidade ou devido a 
compromissos internacionais. Trataremos aqui desse grupo de doenças, tendo em mente 
que o objetivo maior da vigilância é implementar medidas que minimizem o risco delas 
para a população humana. Para isso são definidos objetivos específicos para sua vigilância 
com vistas a: 
12 
 
 
 
Erradicação: cessação de toda a transmissão da infecção pela extinção artificial 
da espécie do agente em questão no planeta; pressupõe a ausência completa de risco de 
reintrodução da doença, de forma a permitir a suspensão de toda e qualquer medida de 
prevenção ou controle. Exemplo: varíola 
Eliminação: ou erradicação regional, é a suspensão da transmissão de 
determinada infecção em ampla região geográfica ou jurisdição geopolítica. Exemplo: 
Poliomielite, eliminada apenas nas Américas. 
Controle: quando aplicado a doenças transmissíveis e algumas não 
transmissíveis, implica operações ou programas desenvolvidos com o objetivo de reduzir 
sua incidência e/ou prevalência a níveis muito baixos. 
Outros conceitos muito usados na vigilância são: 
Endemia: é a ocorrência de determinada doença queacomete sistematicamente 
populações em espaços característicos e determinados, no decorrer de um longo período, 
(temporalmente ilimitada), e que mantém uma de incidência relativamente constante, 
permitindo variações cíclicas e sazonais. 
Epidemia: é a ocorrência em uma comunidade ou região de casos de natureza 
semelhante, claramente excessiva em relação ao esperado. O conceito operativo usado 
na epidemiologia é: uma alteração, espacial e cronologicamente delimitada, do estado de 
saúde-doença de uma população, caracterizada por uma elevação inesperada e 
descontrolada dos coeficientes de incidência de determinada doença, ultrapassando 
valores do limiar epidêmico preestabelecido para aquela circunstância e doença. Devemos 
tomar cuidado com o uso do conceito de epidemia lato-sensu que seria a ocorrência de 
doença em grande número de pessoas ao mesmo tempo. 
Pandemia: caracterizada por uma epidemia com larga distribuição geográfica, 
atingindo mais de um país ou de um continente. Um exemplo típico deste evento é a 
epidemia de AIDS que atinge todos os continentes. 
Surto: é a ocorrência de dois ou mais casos epidemiologicamente relacionados – 
Alguns autores denominam surto epidêmico, ou surto, a ocorrência de uma doença ou 
fenômeno restrita a um espaço extremamente delimitado: colégio, quartel, creches, 
grupos reunidos em uma festa, um quarteirão, uma favela, um bairro etc. 
Sazonalidade: é a propriedade de um fenômeno considerado periódico (cíclico) 
de repetir-se sempre na mesma estação (sazão) do ano. As doenças são sujeitas à 
13 
 
 
 
variação sazonal com aumentos periódicos em determinadas épocas do ano, geralmente 
relacionados ao seu modo de transmissão. 
Variação cíclica: são variações no comportamento (incidência e prevalência, 
mortalidade, letalidade, etc) das doenças em ciclos periódicos e regulares (que se 
repetem em períodos anuais, mensais, semanais ou até em certas horas do dia). 
Risco: é entendido pela epidemiologia como a probabilidade de ocorrência de um 
dano. Também é entendido pela epidemiologia como a “probabilidade de ocorrência de 
uma doença, agravo, óbito, ou condição relacionada à saúde (incluindo cura, recuperação 
ou melhora) em uma população ou grupo durante um período de tempo determinado”. 
Vetores: são seres vivos que veiculam o agente desde o reservatório até o 
hospedeiro potencial. 
Vetores mecânicos: são os transportadores de agentes, geralmente 
insetos, que os carreiam nas patas, probóscides, asas ou trato gastro-
intestinal contaminados e onde não há multiplicação ou modificação do 
agente. 
Vetores biológicos: são aqueles em que os agentes desenvolvem algum 
ciclo vital antes de serem disseminados ou inoculados no hospedeiro. 
Veículos: são fontes secundárias, intermediárias entre o reservatório e o 
hospedeiro como objetos e materiais (alimentos, água, roupas, instrumentos cirúrgicos, 
etc.). 
 
Notificação - Definição de caso suspeito, confirmado e descartado 
A notificação de um caso suspeito não depende do diagnóstico médico. Para o 
propósito de vigilância há uma definição padronizada para este fim, sendo que o 
encerramento é definido por critérios especificados pela vigilância. Estas definições podem 
mudar ao longo do tempo ou se for desejável maior sensibilidade ou especificidade do 
sistema de vigilância. 
A definição de caso é importante para a uniformização do conceito, com o objetivo 
de possibilitar a comparação entre sua ocorrência em diferentes áreas geográficas e 
épocas. A definição de “caso” ideal é aquela que é sensível o suficiente para não perder 
qualquer ocorrência e específica o bastante para não permitir que casos falso-positivos 
permaneçam no sistema. 
14 
 
 
 
O caso suspeito é toda pessoa cuja história clínica e epidemiológica, sintomas e 
possível exposição a uma fonte de infecção/contaminação sugerem estar desenvolvendo 
ou em vias de desenvolver alguma doença. A suspeição do caso está condicionada ao 
preenchimento dos critérios estabelecidos para a sua definição, pelo sistema de vigilância. 
O caso é confirmado se a pessoa ou animal de quem foi isolado e identificado o 
agente etiológico ou de quem foram obtidas outras evidências epidemiológicas ou 
laboratoriais da presença do agente etiológico. A confirmação do caso está condicionada 
ao preenchimento dos critérios estabelecidos para a sua definição, pelo sistema de 
vigilância. 
O caso é descartado se não preenche os critérios de confirmação ou é 
diagnosticada outra patologia diferente da que se está investigando. 
 
Investigação de casos 
A investigação epidemiológica deve ser realizada para esclarecimento de casos, de 
óbitos, de surtos ou de epidemias e constitui atividade obrigatória do Sistema de 
Vigilância Epidemiológica (SVE). É um trabalho de campo realizado a partir de casos 
notificados, de seus contatos ou do ambiente próximo. Deve ser iniciada, imediatamente, 
após a notificação, sendo seus objetivos principais: 
 Identificar fonte e modo de transmissão 
 Identificar grupos expostos a maior risco 
 Identificar fatores determinantes 
 Confirmar o diagnóstico 
 Determinar as principais características epidemiológicas 
 Uma boa investigação epidemiológica envolve o exame do doente e de seus 
contatos, com detalhamento da história clínica e de dados epidemiológicos, além da 
coleta de amostras para laboratório (quando indicada), busca de casos adicionais, 
identificação do(s) agente(s) infeccioso(s) quando se tratar de doença transmissível, 
determinação de seu modo de transmissão ou de ação, busca de locais contaminados ou 
de vetores e identificação de fatores que tenham contribuído para a ocorrência dos casos. 
O exame cuidadoso do caso e de seus comunicantes é fundamental, pois, dependendo da 
enfermidade, pode ser identificado suas formas iniciais e instituído rapidamente o 
tratamento e isolamento dos doentes, evitando a progressão da doença na comunidade. 
15 
 
 
 
Medidas de controle 
Logo após a identificação das fontes de infecção, dos modos de transmissão e da 
população exposta a elevado risco de infecção, devem ser instituídas as medidas 
adequadas de controle, que devem ser implementadas imediatamente, pois esse é o 
objetivo primordial da maioria das investigações epidemiológicas. 
Essas medidas podem ser direcionadas para qualquer elo da cadeia epidemiológica 
– quer seja o agente, a fonte ou os reservatórios específicos, o hospedeiro visando à 
interrupção da cadeia de transmissão ou à redução da suscetibilidade do hospedeiro. 
 
O propósito final da vigilância é instaurar medidas de controle que 
evitem a ocorrência de novos casos. 
 
 
Vigilância de doenças de transmissão respiratória 
As infecções transmitidas por via respiratória são muito freqüentes e ocorrem em 
todos os países do mundo. A maioria destas doenças (gripe, sarampo, rubéola, 
coqueluche, difteria, tuberculose, varicela, doença meningocócica etc.) predomina nos 
grandes aglomerados humanos das áreas urbanas e representa ainda um importante 
problema de saúde, especialmente há condições econômicas desfavoráveis, cobertura 
vacinal inadequada e acesso limitado à assistência médica. 
São doenças com potencial de propagação de pessoa a pessoa e com alta taxa de 
transmissibilidade entre pessoas suscetíveis. A exposição necessária para que o 
hospedeiro receba uma dose infectante é variável para cada agente e o desenvolvimento 
da doença depende de vários fatores (ver figura a seguir). 
No Brasil, são de notificação compulsória as seguintes doenças de transmissão 
predominantemente respiratória: Coqueluche, Difteria, Doença Meningocócica, Influenza, 
Rubéola, Sarampo, Síndrome Respiratória Aguda Grave associada ao Coronavírus (SARS-
CoV), Tuberculose, Hanseníase e Varíola. Cada uma dessas doenças tem definição de 
caso suspeito, confirmado e descartado padronizada pela vigilância, assim como medidas 
específicas de prevençãoe controle. 
http://www.cives.ufrj.br/informacao/gripe/gripe-iv.html
http://www.cva.ufrj.br/informacao/vacinas/mmr-v.html
http://www.cva.ufrj.br/informacao/vacinas/
http://www.cives.ufrj.br/informacao/tuberculose/tb-iv.html
http://www.cva.ufrj.br/informacao/vacinas/var-v.html
http://www.cives.ufrj.br/informacao/dm/dm-iv.html
16 
 
 
 
A varíola foi eliminada do mundo, sendo seu último caso registrado na Somália, 
em 1977, graças à extensas campanhas de vacinação e vigilância ativa de casos 
realizados pelos países. 
 
 
Fonte: Royquariol MZ, 2003 
O sarampo e a rubéola são doenças virais que estão em fase de eliminação das 
Américas. Até o final dos anos 70 o sarampo era uma das principais causas de óbito 
dentre as doenças infectocontagiosas, sobretudo em menores de cinco anos, em 
decorrência de complicações, especialmente a pneumonia. Desde a década de 80, 
ocorreu um declínio gradativo dos óbitos e da doença até a cessação de casos em 2000, 
atribuído ao aumento da cobertura vacinal e à melhoria da assistência médica ofertada às 
crianças com complicações pós-sarampo e à vigilância de casos suspeitos. 
O sucesso na eliminação desses vírus nas Américas foi ampla vacinação de 
crianças com a vacina tríplice viral (sarampo, rubéola, caxumba) desde a década de 80, 
17 
 
 
 
com intensificação das atividades em campanhas e na rotina na década de 90 ver figura a 
seguir). 
Os principais sintomas do sarampo e da rubéola são o exantema febril, associado 
a sintomas respiratórios no sarampo e presença de gânglios retro auriculares na rubéola. 
A rubéola é geralmente benigna em crianças, no entanto o sarampo pode evoluir com 
complicações severas, como pneumonia e encefalite, levando ao óbito. Por sua vez a 
rubéola pode ser grave se acometer gestantes no primeiro trimestre da gravidez, levando 
a malformações no feto, morte fetal e parto prematuro. As principais malformações são 
catarata, surdez, cardiopatia e lesões neurológicas que comprometem o crescimento e 
desenvolvimento da criança sobrevivente. 
 
Outra exemplo de doença de transmissão respiratória que ganhou importância nos 
últimos anos foi a influenza (ou gripe), principalmente após 2009, quando ocorreu uma 
pandemia causada por um novo sub tipo da influenza A, chamado de H1N1pdm(2009). 
Este sub tipo contem genes de vírus da influenza aviária e da suína. 
O vírus da Influenza pertence à família dos ortomixovírus e se apresenta em 3 
tipos: A, B e C. O tipo A promove doença moderada a severa em todas as faixas etárias e 
pode causar epidemias, afetando até animais. O tipo B afeta somente humanos, 
principalmente crianças e causa epidemias leves. O tipo C não é epidêmico. Os vírus A e B 
são os mais comuns. Cada um dos tipos apresenta populações diversas, denominadas 
18 
 
 
 
cepas. Os vírus da Influenza podem sofrer de forma permanente, pequenas alterações na 
sua superfície, caracterizadas como mudanças antigênicas leves. 
A fabricação de vacinas especificas para os sub tipos circulantes de influenza tem 
auxiliado no seu controle, especialmente em relação a grupos de risco como idosos e 
crianças, pessoas com doenças crônicas, gestantes e puérperas. 
 
Vigilância de doenças de transmissão hídrica-alimentar 
 Doença transmitida por alimento é um termo aplicado a uma síndrome geralmente 
constituída de anorexia, náuseas, vômitos e/ou diarréia atribuída à ingestão de alimentos 
ou água e muitas vezes não acompanhada de febre. Sintomas digestivos, no entanto, não 
são as únicas manifestações dessas doenças. Os agentes envolvidos com DTA são 
também responsáveis por afecções extra-intestinais em diferentes órgãos e sistemas 
como meninges, rins, fígado, sistema nervoso central, terminações nervosas periféricas e 
outros. 
A sobrevivência e multiplicação de um agente etiológico nos alimentos dependem 
de seus mecanismos de defesa e das condições do meio, expressas principalmente pelos 
níveis de oxigenação, pH, temperatura que variam de alimento para alimento. Em 
alimentos pouco ácidos, com pH>4,5 (como leite, carnes, pescados e alguns vegetais), 
observa-se o predomínio de bactérias esporuladas como clostridium, Bacillus cereus e 
bactérias patogênicas aeróbias e anaeróbias como salmonela, clostridium. Em alimentos 
ácidos com pH entre 4,0 e 4,5 ( frutas e hortaliças), predominam bactérias esporuladas, 
bolores e leveduras. Em alimentos muito ácidos, com pH < 4 (produtos derivados do leite, 
frutas, sucos de frutas e refrigerantes), predominam bactérias lácticas, bactérias acéticas, 
bolores e leveduras. Algumas bactérias, como o Clostridium perfringes, desenvolvem 
formas de resistência (esporos) e suportam às altas temperaturas, mas são inativadas 
pelo frio. Com relação às toxinas, sabe-se que algumas são inativadas pelo calor, como a 
toxina do botulismo e outras são termo-estáveis como as toxinas produzidas pelo 
Staphylococcus aureus e o Bacilus cereus. 
Parasitas intestinais, como helmintos de transmissão fecal-oral (Ascaris 
lumbricoides, Trichuris trichiura e Enterobius vermicularis), podem também estar 
envolvidos em surtos de DTA. Em regiões onde ocorrem cepas patogênicas de Entamoeba 
histolytica, surtos de disenteria amebiana podem também estar relacionados com 
alimentos contaminados. 
19 
 
 
 
A identificação de casos suspeitos de DTA que possam caracterizar um surto 
obriga o profissional que os atende, mesmo em serviços de emergência, a acionar de 
imediato o sistema de vigilância epidemiológica para que se possa adotar as medidas de 
controle precocemente, evitando danos maiores à comunidade. 
Durante a investigação clínico-epidemiológica de um paciente com DTA é 
importante valorizar dados sobre: hábitos alimentares, consumo de alimentos suspeitos 
ou refeições incrimináveis, tempo de doença clínica, existência de outros familiares ou 
comensais com a mesma sintomatologia. 
 A Vigilância das Doenças Transmitidas por Alimentos está dirigida para a 
ocorrência de surtos, esses são causados por inúmeros agentes etiológicos e se 
expressam por um grande elenco de manifestações clínicas, não havendo, portanto, 
definição de caso pré estabelecida. A Notificação ocorre sempre que há evidência 
epidemiológica de uma fonte comum de água ou alimento originando o surto. A 
investigação começa identificando comensais, definindo o caso e o período de incubação 
para elaboração de hipóteses quanto ao agente etiológico e alimento suspeito. A 
consolidação dos casos permite o cálculo da taxa de ataque, ou seja, o risco a que todos 
os comensais estão expostos. 
Todo surtos de DTA deve ser investigado em conjunto com a Vigilância Sanitária 
municipal ou estadual, em busca da presença de alguns fatores de risco, que podem ser 
identificados na inspeção sanitária, dentre os quais destacam-se: 
 falhas na cadeia de refrigeração de alimentos potencialmente perigosos; 
 conservação de alimentos mornos à temperatura ambiente (temperatura de 
incubação para os agentes bacterianos); 
 alimento preparado várias horas antes de seu consumo, e cujo acondicionamento 
prévio ao consumo foi inadequado; 
 falhas no processo de cocção dos alimentos; 
 manipuladores de alimentos com práticas de higiene pessoal inadequadas ou 
portadores de lesões ou doenças; 
 utilização de matérias-primas contaminadas quando de preparações alimentícias 
servidas cruas ou quando da ocorrência de mistura dessas com outros alimentos 
já cozidos; 
 alimentos preparados com matéria-prima contaminada que possibilite a introdução 
de microorganismos no ambiente de preparo de alimentos, dando origem a 
possível ocorrência de contaminação cruzada; 
20 
 
 
 
 falhas nos processos de higienização de utensílios e equipamentos utilizados no 
preparo de alimentos; 
 alimentos obtidos de fontes não confiáveis; 
 práticas inadequadas de armazenamento; 
 uso de utensílio ou recipientes passíveis de liberação de resíduos ou quecontenham resíduos de materiais tóxicos; 
 adição intencional ou acidental de substâncias químicas tóxicas aos alimentos; 
 utilização de água cuja potabilidade não é controlada (fonte de abastecimento 
complementar); 
 contaminação da água a partir da ocorrência de avarias na rede de abastecimento, 
construção ou reparo de tubulações, conexões cruzadas, inundações, efluentes de 
águas residuárias entre outros; 
 contaminação de alimentos a partir de manipulador que operou, com as mãos, 
serviços de higienização de superfícies ou de coleta de resíduos. 
 
Na presença de algum fator de risco na procedência, conservação e preparo do 
alimento ou de água suspeita, amostras de alimento ou água devem ser coletadas para 
exame laboratorial. Além disso, devem ser investigadas todas as pessoas expostas, 
buscando saber sobre a ingestão/quantidade do alimento e se há desenvolvimento de 
sinais e sintomas. As medidas de prevenção e controle devem ser tomadas paralelamente 
à investigação e de acordo com a situação. 
 
Vigilância de Antropozoonoses 
Considerando o cenário atual de profundas alterações ambientais e os avanços nos 
conhecimentos sobre a domiciliação e a capacidade vetorial de artrópodes, 
simultaneamente com o crescimento alarmante da população humana em centros 
urbanos, assiste-se à reemergência de vetores e às facilidades dos meios de 
transportes rápidos para disseminá-los por diferentes partes do mundo (GOMES, 
2002). 
Nas antropozoonoses, o reservatório do agente infeccioso são populações animais. 
Estão ai classificadas, entre outras, as arboviroses silvestres, a leishmaniose tegumentar e 
a brucelose. A via de transmissão pode ser por meio da água contaminda, contato sexual, 
transplacentaria, inalação, no entanto os vetores são a mais importante via de 
transmissão e podem fazer parte do ciclo de vida do parasita – como a malária. 
21 
 
 
 
 
Fonte: Royquariol MZ, 2003 
São de notificação compulsória as seguintes antropozoonoses: acidentes por 
animais peçonhentos, atendimento antirrábico, Raiva Humana, dengue, Doença de 
Chagas Aguda, Esquistossomose, Febre Amarela, Febre do Nilo Ocidental, Febre 
Maculosa, Hantavirose, Leishmaniose Tegumentar Americana, Leishmaniose Visceral, 
Leptospirose, Malária, Peste, Tularemia. 
Todas elas podem ter alta magnitude em termos de incidência e possibilidade de 
provocar mortes. A raiva, por exemplo, apresenta letalidade de 100% - todos os que 
desenvolvem a doença morrem. A malária, na região amazônica, e a dengue, no litoral 
brasileiro, apresentam períodos epidêmicos, de alta incidência e com aumento da 
mortalidade. Outras antropozoonoses, como a hantavirose, acometeu humanos no Brasil 
nos anos 90 e primeira década do século XXI, de forma esporádica e com poucos casos a 
cada ano. 
As mudanças no habitat, com desmatamento par lavouras, por exemplo, provoca 
um rearranjo na dinâmica de contato homem/vetores/reservatórios, facilitando infecções 
por bactérias, vírus e fungos que circulam entre animais silvestres de forma pouco nociva. 
Um exemplo clássico disso são os surtos de malária em locais onde o Plasmodium sp não 
existia mas existia o vetor, o mosquito do gênero Anopheles. Quando nestes locais 
chegam pessoas infectadas com o protozoário, são picadas pelo mosquito, que se 
contaminam e ao picarem outras pessoas disseminam a doença. 
Cada uma das antropozoonoses contidas na lista de notificação compulsória tem 
uma definição de caso, exames laboratoriais específicos para confirmação da doença, 
devem ser investigadas e exigem medidas de controle para controle do meio de 
transmissão, em geral vetores. Nenhuma delas é contagiosa para outros humanos, exceto 
22 
 
 
 
via transfusão sanguínea e transplacentária, e todas exigem monitoramento de inseto, 
animais e outras espécies envolvidas na cadeia de transmissão. 
A maior dificuldade do controle dessas doenças é serem intermediadas por vetores 
e por alterações do meio ambiente sendo, portanto, de difícil manejo. A seguir é 
sintetizadam como exemplo, a vigilância de duas antropozoonoses: dengue e malária. 
 
Dengue 
É a mais importante arbovirose que afeta o ser humano e constitui sério problema 
de saúde pública no mundo. Ocorre especialmente nos países tropicais, onde as 
condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do Aedes 
aegypti, principal mosquito vetor. 
A transmissão se faz pela picada dos mosquitos Aedes aegypti, no ciclo ser 
humano-Aedes aegypti-ser humano. Após um repasto de sangue infectado, o mosquito 
está apto a transmitir o vírus depois de 8 a 12 dias de incubação extrínseca. Não há 
transmissão por contato direto de um doente ou de suas secreções com pessoa sadia, 
nem por intermédio de água ou alimento. 
A primeira manifestação é a febre alta (39° a 40°C), de início abrupto, seguida de 
cefaléia, mialgia, prostração, artralgia, anorexia, astenia, dor retroor-bital, náuseas, 
vômitos, exantema, prurido cutâneo. A doença tem duração de 5 a 7 dias, mas o período 
de convalescença pode ser acompanhado de grande debilidade física, e prolongar-se por 
várias semanas. 
Tem sido observado um padrão sazonal de incidência coincidente com o verão, 
devido à maior ocorrência de chuvas e aumento da temperatura nessa estação. É mais 
comum nos núcleos urbanos, onde é maior a quantidade de criadouros naturais ou 
resultantes da ação do ser humano. Entretanto, a doença pode ocorrer em qualquer 
localidade desde que exista população humana susceptível, presença do vetor e o vírus 
seja introduzido. 
Em 1986, ocorreram epidemias no Rio de Janeiro e algumas capitais da região 
Nordeste. Desde então, a dengue vem ocorrendo no Brasil de forma continuada, 
intercalando-se com a ocorrência de epidemias, geralmente associadas com a introdução 
de novos sorotipos em áreas anteriormente indenes. A maior incidência da doença foi 
observada em 2002, quando foram registrados cerca de 790 mil casos. 
23 
 
 
 
Todo caso suspeito ou confirmado deve ser comunicado imediatamente à 
Vigilância Epidemiológica para que a equipe de controle vetorial local adote medidas 
necessárias ao combate do vetor, organizando ações de bloqueio na área provável de 
transmissão, visando a diminuição da população adulta de mosquitos. Além disso, 
medidas de proteção individual, como o uso de repelentes e telas nas portas e janelas 
devem ser divulgadas. 
Atividades de emergência devem ser tomadas em caso de surtos e epidemias. 
Nessas situações, as aplicações de inseticida a ultra baixo volume são utilizadas para 
interromper a transmissão (eliminação de fêmeas infectadas), devendo ser programadas 
para repetições semanais. As ações de rotina (visita casa a casa, mobilização da 
população, mutirões de limpeza) devem ser reavaliadas e reiniciadas imediatamente. 
 
Malária 
A malária é reconhecida como grave problema de saúde pública no mundo, 
ocorrendo em mais de 40% da população de mais de 100 países e territórios. Sua 
estimativa é de 300 a 500 milhões de novos casos e 1 milhão de mortes por ano. No 
Brasil, aproximadamente 99% dos casos de malária se concentram na região amazônica, 
considerada a área endêmica do país para malária. 
A malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários 
transmitidos por vetores. No Brasil, três espécies de Plasmodium causam a malária em 
seres humanos: vivax, falciparum e malariae. A transmissão se dá através da picada da 
fêmea do mosquito Anopheles, infectada por Plasmodium. Não há transmissão direta da 
doença de pessoa a pessoa. Pode ocorrer a transmissão induzida, por meio de transfusão 
de sangue contaminado ou do uso compartilhado de seringas contaminadas. Para malária 
causada por P. falciparum o indivíduo pode ser fonte de infecção por até 1 ano, por P. 
vivax, até 3 anos e P. malariae, por mais de 3 anos, desde que não seja adequadamente 
tratado. 
O quadro clínico típico é caracterizadopor febre alta, acompanhada de calafrio, 
sudorese profusa e cefaléia. O ataque paroxístico inicia-se com calafrio, acompanhado de 
tremor generalizado, com duração de 15 minutos a 1 hora. Na fase febril, a temperatura 
pode atingir 41º C. Se o paciente não recebe terapêutica específica, adequada e oportuna 
os sinais e sintomas podem evoluir para formas graves e complicadas. 
24 
 
 
 
Todo caso de malária deve ser tratado adequadamente e notificado à vigilância 
epidemiológica, tanto na área endêmica quanto na área não-endêmica, e coletada um 
esfregaço de sangue para a confirmação do diagnóstico laboratorial. 
É necessário identificar se o local de residência corresponde a uma área de 
transmissão da malária ou se o paciente esteve em área de transmissão de malária no 
período de 8 a 30 dias anterior à data dos primeiros sintomas. Após a identificação do 
local provável de infecção, faz-se a busca ativa de outros casos, delimitando a área de 
transmissão. Uma equipe treinada em pesquisa de vetores deve ser deslocada para esta 
área, para a captura dos prováveis mosquitos vetores. Os espécimes coletados devem ser 
enviados ao laboratório de entomologia, para identificação e verificação de infectividade. 
O risco de contrair a doença não é uniforme. Este risco é medido pelo índice 
parasitário anual (IPA), que classifica as áreas de transmissão em alto, médio e baixo 
risco, de acordo com o número de casos por 1 mil habitantes. 
Os principais métodos empregados são o controle dos mosquitos adultos e, 
quando viável, de larvas. Para o controle larvário, o ordenamento do meio por drenagem, 
aterro, modificação do fluxo da água e controle da vegetação aquática e limpeza das 
margens é o método mais indicado. Larvicidas químicos não são indicados devido ao 
impacto ambiental que podem causar. O controle biológico, com utilização de 
biolarvicidas, peixes larvófagos e outros, é indicado para pequenas coleções de água, em 
criadouros limitados em número e com baixo. Para o controle de mosquitos adultos, 
utiliza-se o controle químico por meio da aplicação intradomiciliar de inseticida de efeito 
residual e pulverização espacial de inseticida. 
 
Vigilância de doenças negligenciadas: Tuberculose, Hanseníase 
Tuberculose 
A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa, transmissível. Seu agente causador é 
o bacilo de Koch, um bacilo ácido-álcool resistente(BAAR) ou Micobacterium tuberculosis. 
A tuberculose pode atingir qualquer órgão do corpo: rim, osso, bexiga, intestino, 
que são chamadas de tuberculose extra pulmonar e não são transmissíveis. Apenas a 
tuberculose pulmonar possibilita a continuidade da transmissão da doença para outras 
pessoas. A transmissão ocorre de uma pessoa doente, que tenha bacilos no escarro, pela 
tosse, espirro, pela conversa, que elimina os bacilos no ar, que são inalados pelos que 
25 
 
 
 
estão em convívio constante e próximo. A pessoa que inalou o bacilo pode ou não ficar 
doente, mas estará, possivelmente, infectada. 
Segundo estimativas da OMS, um terço da população mundial estava infectada 
pelo bacilo da tuberculose em 2010. Mais de 6 milhões de doentes foram notificados pelo 
no mundo, sendo a maioria dos casos (82%) encontrado em apenas 22 países. Mais de 
um milhão de mortes por tuberculose ocorre a cada ano e há cerca de 350 mil doentes 
co-infectados por TB e HIV. 
 
No Brasil foram notificados 69 mil casos novos de TB em 2011 e houve quase 5 
mil mortes em 2010. É o 17º país em número de casos e o 22º país em taxa de 
incidência, prevalência e mortalidade. A tuberculose é a 1ª causa de morte de pacientes 
com AIDS no país. O Brasil assumiu como um dos objetivos de Desenvolvimento do 
Milênio diminuir a taxa de incidência de tuberculose de 37,5 para 25,8 casos para cada 
100 mil habitantes, até 2015. 
O doente em geral apresenta tosse com secreção por mais de três semanas, 
emagrecimento, inapetência (falta de apetite), febre baixa ao entardecer e suor noturno. 
O programa de controle da tuberculose preconiza a busca dos sintomáticos 
respiratórios (qualquer pessoa com tosse há mais de e semanas) na comunidade como 
forma de identificar os doentes que estão transmitindo o bacilo (teste de BAAR no 
escarro) e seu tratamento até atingir a cura como uma das formas de diminuir a 
incidência da doença. A outra forma é buscar doentes entre as pessoas comunicantes, 
que convivem constantemente com a pessoa que apresenta pesquisa de BAAR positivo no 
escarro. 
Taxa de incidência de tuberculose estimada por país, 2010
26 
 
 
 
Um problema constante para o controle da tuberculose é o abandono do 
tratamento, que é prolongado, tendo duração de 6 a 12 meses, com drogas que 
apresentam alta taxa de efeitos colaterais. Pessoas com tuberculose pulmonar, que 
abandonam o tratamento, mantém a transmissão da doença na comunidade. 
 
Hanseníse (Lepra) 
O Brasil ocupa o 1° lugar no mundo em prevalência da hanseníase e o 2° lugar em 
casos novos por ano. A taxa de prevalência era de 1,56 casos por 10 mil habitantes em 
2010, sendo as taxas mais elevadas encontradas em municípios localizados na borda da 
Amazônia brasileira. Cerca de 35 mil casos novos foram detectados no país em 2010. 
A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa causada pelo Mycobacterium 
leprae, descoberto em 1873, pelo médico Armauer Hansen, na Noruega, e em sua 
homenagem o bacilo também é chamado Bacilo de Hansen. Também é conhecida por 
LEPRA, devido ao nome cientifico. É uma doença contagiosa, que passa de uma pessoa 
doente, que não esteja em tratamento, para outra. Pode atingir crianças, adultos e idosos 
de todas as classes sociais, que tenham tido contato intenso e prolongado com o bacilo. A 
transmissão ocorre por meio de gotículas eliminadas no ar pela tosse, fala e espirro de 
alguém doente com a forma contagiosa de hanseníase. 
O bacilo acomete, principalmente, pele e nervos periféricos (terminações nervosas 
livres, SNA e troncos nervosos – sensibilidade e motricidade). Pode acometer órgãos 
internos nas formas disseminadas e durante os surtos reacionais. Demora, em geral, de 2 
a 5 anos para aparecerem os primeiros sintomas. Pode causar incapacidades e 
deformidades quando não tratada ou quando tratada tardiamente. 
Só 10 a 15% das pessoas costumam adoecer. Entre elas, muitas desenvolvem 
manchas e apresentam poucos bacilos (forma paucibacilar – PB), a forma que não 
transmite a doença. Outras desenvolvem formas mais graves, com vários tipos de lesão e 
muitos bacilos na pele, nos nervos e em outros orgãos do corpo (forma multibacilar – 
MB). Esta é a forma que transmite a doença. 
O controle da hanseníase é baseado no diagnóstico precoce de casos, seu 
tratamento e cura, visando eliminar fontes de infecção e evitar seqüelas. Para isso é 
preconizado que haja detecção precoce e tratamento dos casos diagnosticados, busca 
ativa e divulgação de sinais e sintomas na comunidade, realização de exames dos 
contatos dos doentes e cura dos casos diagnosticados. 
27 
 
 
 
Toda pessoa com uma ou mais manchas esbraquiçadas, avermelhadas ou 
amarronzadas em qualquer parte do corpo deve ser investigada. A hanseníase 
apresenta áreas de pele seca e com falta de suor, com queda de pêlos, inclusive nas 
sombrancelhas ou caroços no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos. Outros 
sinais e sintomas são áreas da pele com formigamentos, ou diminuição de sensibilidade 
ao calor, a dor e ao tato. A pessoa se queima ou se machuca sem perceber. Pode 
haver dor e sensação de choques, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços, 
pernas, mãos e pés, inchaço nas mãos e pés. 
 
Também pode haver diminuição da força dos músculos das mãos, pés e face, 
devido à inflamação dos nervos, que podem estar engrossados e doloridos. Isso pode 
fazer com que uma pessoa não possa segurar uma panela, chutar uma bola, escrever, 
pentear o cabelo, por exemplo. O diagnóstico é essencialmente clinico,mas pode ser 
realizada baciloscopia e biopsia. 
As reações são freqüentes e dão a sensação de que a doença está piorando. Elas 
são uma resposta do sistema de defesa do organismo para matar os bacilos vivos e 
eliminar os mortos e o paciente apresenta muitas dores, piora das lesões já existentes, 
aparecimento súbito de caroços e inchaços no corpo, irritação, ardência e lacrimejamento 
nos olhos, febre e dor nas juntas, fisgadas e dor nos nervos dos braços e pernas. Além 
das reações o tratamento pode levar a efeitos colaterais como avermelhamento ou 
escurecimento da pele, que fica muito seca, e enjôos, levando ao abandono do 
tratamento. 
O abandono do tratamento, que pode ocorrer tanto ao tratamento prolongado 
quanto pela sua reação, é difícil de ser evitado. No entanto, o tratamento completo é 
28 
 
 
 
imprescindível para evitar seqüelas no doente assim como para diminuir a transmissão do 
bacilo e deve ser um objetivo a ser alcançado pela rede municipal de saúde. 
 
Vigilância de doenças e agravos não transmissíveis (DANT) 
As doenças crônicas não transmissíveis se caracterizam por ter uma etiologia 
incerta, múltiplos fatores de risco, longos períodos de latência, curso prolongado, origem 
não infecciosa e por estar associadas a deficiências e incapacidades funcionais (OPAS, 
2005). 
A etiologia múltipla das DANT não permite que elas possuam causas claramente 
definidas. No entanto, as pesquisas na área identificaram diversos fatores de risco, que 
podem ser classificados em “não modificáveis” (sexo, idade e herança genética) e 
“comportamentais” (tabagismo, alimentação, inatividade física, consumo de álcool e 
outras drogas), que são potencializados por fatores socioeconômicos, culturais e 
ambientais. No entanto, a excepcional importância dos fatores comportamentais e 
ambientais não elimina a herança genética que predispõe o individuo a doença como, por 
exemplo, o Diabete nem descarta a participação de agentes vivos, como, por exemplo, o 
papiloma vírus humano em relação ao câncer do colo uterino. 
A expressão clínica das DANT ocorre após longo tempo de exposição aos fatores 
de risco e da convivência assintomática do indivíduo com a doença não diagnosticada, 
mesmo quando os fatores de risco são perceptíveis (tabagismo, obesidade, alcoolismo, 
sedentarismo, dieta). 
Nas últimas décadas no Brasil, as DANT passaram a determinar a maioria das 
causas de óbito e incapacidade prematura – ultrapassando as taxas de mortalidade por 
doenças infecciosas e parasitárias. O acidente vascular cerebral, infarto, hipertensão 
arterial, câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas constituem o problema de 
saúde de maior magnitude, que corresponde a cerca de 70% das causas de mortes, 
atingindo fortemente camadas pobres da população e grupos mais vulneráveis, como a 
população de baixa escolaridade e renda. 
Como determinantes sociais das DANT, são apontadas as desigualdades sociais, as 
diferenças no acesso aos bens e aos serviços, a baixa escolaridade, as desigualdades no 
acesso à informação, além dos fatores de risco modificáveis, como tabagismo, consumo 
de bebida alcoólica, inatividade física e alimentação inadequada, tornando possível sua 
29 
 
 
 
prevenção. Estes fatores estão envolvidos na epidemia de sobrepeso e obesidade, elevada 
prevalência de hipertensão arterial e elevada prevalência colesterol alto. 
A Vigilância de DANT tem como objetivo conhecer a distribuição, a magnitude e a 
tendência das doenças crônicas e agravos e seus fatores de risco, além de apoiar as 
políticas públicas de promoção à saúde. O sistema de vigilância está sendo estruturado 
por meio de um processo de capacitação das equipes de estados e municípios, com o 
estabelecimento de atividades e estratégias de prevenção, promoção e assistência e a 
definição de indicadores para monitoramento e de metodologias apropriadas às realidades 
regionais e locais. 
Para o enfrentamento dos fatores de risco outras ações de promoção da saúde no 
campo da alimentação saudável, atividade física, prevenção do uso do tabaco e álcool 
devem ser realizadas. Ações regulatórias de enfrentamento do tabagismo, como proibição 
da propaganda de cigarros e advertências sobre o risco de problemas nos maços do 
produto foram implantadas nos últimos anos. No campo da alimentação saudável, deve 
ser realizado o incentivo ao aleitamento materno e alimentação saudável, tendo o 
governo federal modificado a rotulagem dos alimentos e feito acordos com a indústria 
para a eliminação das gorduras trans e redução de sal nos alimentos. 
Além disso, nos últimos anos ocorreu uma importante expansão da Atenção Básica 
em Saúde, assistindo cerca de 60% da população brasileira, que pode ter acesso ao 
diagnostico e acompanhamento médico, exames complementares e distribuição gratuita 
de medicamentos para hipertensão e diabetes. 
As ações de promoção da saúde e prevenção de DANT devem iniciar durante a 
gravidez, com os cuidados pré-natais e a nutrição adequada, passam pelo estímulo ao 
aleitamento materno, pela proteção à infância e à adolescência quanto à exposição 
aos fatores de risco (álcool, tabaco) e quanto ao estímulo aos fatores protetores 
(alimentação saudável, atividade física) e persistem na fase adulta e durante todo o curso 
da vida. 
 
 
 
 
30 
 
 
 
Benefícios na atuação sobre fatores ambientais e comportamento saudável ao 
longo do ciclo de vida (DCNT=Doenças Crônicas Não Transmissíveis) 
 
O modelo de cuidado crônico tem componentes no suporte ao autogerenciamento 
(aconselhamento, educação e informação); ao sistema de saúde (equipes 
multidisciplinares); à decisão (guias baseados em evidências, capacitação dos 
profissionais) e ao sistema de informação clínico (informações do portador). O ponto 
central desse modelo é a produção de informações entre os serviços, a avaliação de 
portadores, o autogerenciamento, a otimização das terapias e o seguimento. 
O Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DANT no Brasil, 2011-
2022 tem como metas: 
 
 
31 
 
 
 
Doenças e Agravos Não Transmissíveis de importância para a saúde pública 
As quatro doenças crônicas de maior impacto mundial (doenças do aparelho 
circulatório, diabetes, câncer e doenças respiratórias crônicas) têm quatro fatores de 
risco em comum (tabagismo, inatividade física, alimentação não saudável e álcool). 
 
Atividade física insuficiente 
Estima-se que 3,2 milhões de pessoas morrem a cada ano devido à inatividade 
física. Pessoas que são insuficientemente ativas têm entre 20% e 30% de aumento do 
risco de todas as causas de mortalidade. Atividade física regular reduz o risco de 
doença circulatória, inclusive hipertensão, diabetes, câncer de mama e de cólon, além 
de depressão. 
 
Alimentação Inadequada 
O consumo adequado de frutas, legumes e verduras reduz os riscos de doenças do 
aparelho circulatório, câncer de estômago e câncer colorretal. A maioria das populações 
consome mais sal que o recomendado pela OMS para a prevenção de doenças. O grande 
consumo de sal é um importante determinante de hipertensão e risco cardiovascular. A 
alta ingestão de gorduras saturadas e ácidos graxos trans está ligada às doenças 
cardíacas. A alimentação não saudável, incluindo o consumo de gorduras, está 
aumentando rapidamente na população de baixa renda. Dados obtidos em quatro grandes 
pesquisas representativas sobre compras de alimentos pelas famílias do Brasil, entre 
meados da década de 1970 e meados da década de 2000, sugerem uma redução na 
compra de alimentos tradicionais básicos, como arroz, feijão e hortaliças, e aumentos 
notáveis na compra de alimentos processados, acarretando aumento no consumo de 
gorduras saturadas e sódio. 
 
Uso nocivo do álcool 
Cerca de 2,3 milhões de pessoas morrem a cada ano pelo consumo nocivo de 
álcool, correspondendo a 3,8% de todas as mortes do mundo. Mais da metade dessesóbitos são causados por DANT, incluindo câncer, doenças do aparelho circulatório e 
cirrose hepática. O consumo per capita é mais alto em países de alta renda. 
32 
 
 
 
No Brasil, o consumo de álcool também é associado às mortes por causas 
violentas e aos acidentes de trânsito. A mortalidade ajustada por idade causada por 
transtornos mentais e comportamentais por uso de álcool subiu 21% em onze anos, de 
4,26 por 100 mil pessoas em 1996 para 5,17 por 100 mil pessoas em 2007. O consumo 
nocivo de bebidas alcoólicas (quatro ou mais doses para mulheres e cinco ou mais doses 
para homens em uma única ocasião, nos últimos 30 dias) foi relatado por 18% dos 
adultos brasileiros no VIGITEL 2010, sendo mais elevada em homens, nos jovens e em 
pessoas com maior escolaridade. Foi verificado aumento desse percentual de 2006 para 
2010, especialmente para as mulheres. A exposição ao álcool tem início precoce: 71% 
dos estudantes do 9º ano relataram que já haviam experimentado álcool e 27% haviam 
consumido bebidas alcoólicas nos trinta dias anteriores. Quase 25% desses alunos 
disseram que haviam se embriagado pelo menos uma vez na vida. 
 
Tabagismo 
A presença de cerca de 4.720 substâncias presentes na fumaça dos derivados do 
tabaco, faz com que o tabagismo seja responsável por aproximadamente 50 doenças 
Muitos estudos desenvolvidos até o momento evidenciam que o consumo de derivados do 
tabaco causa quase 50 doenças diferentes. 
O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal 
causa de morte evitável em todo o mundo. A OMS estima que um terço da população 
mundial adulta, isto é, 1 bilhão e 200 milhões de pessoas (entre as quais 200 milhões de 
mulheres), sejam fumantes. Pesquisas comprovam que aproximadamente 47% de toda a 
população masculina e 12% da população feminina no mundo fumam. Enquanto nos 
países em desenvolvimento os fumantes constituem 48% da população masculina e 7% 
da população feminina, nos países desenvolvidos a participação das mulheres mais do 
que triplica: 42% dos homens e 24% das mulheres têm o comportamento de fumar. 
Segundo a OMS, o total de mortes devido ao uso do tabaco atingiu a cifra de 4,9 
milhões de mortes anuais, o que corresponde a mais de 10 mil mortes por dia. Caso as 
atuais tendências de expansão do seu consumo sejam mantidas, esses números 
aumentarão para 10 milhões de mortes anuais por volta do ano 2030, sendo metade 
delas em indivíduos em idade produtiva (entre 35 e 69 anos). 
O tabagismo é responsável por 200 mil mortes por ano no Brasil (23 pessoas por 
hora); 25% das mortes causadas por doença coronariana - angina e infarto do miocárdio; 
33 
 
 
 
45% das mortes por infarto agudo do miocárdio na faixa etária abaixo de 65 anos; 85% 
das mortes causadas por bronquite crônica e enfisema pulmonar (doença pulmonar 
obstrutiva crônica); 90% dos casos de câncer no pulmão (entre os 10% restantes, 1/3 é 
de fumantes passivos); 25% das doenças vasculares (entre elas, derrame cerebral); 30% 
das mortes decorrentes de outros tipos de câncer (de boca, laringe, faringe, esôfago, 
estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo de útero, leucemia). 
No Brasil, o câncer de pulmão é o tipo de tumor mais letal e também uma das 
principais causas de morte no país. Nas estimativas para o ano de 2010, válidas também 
para o ano de 2011, são esperados 28 mil novos casos de câncer de pulmão , sendo 
18mil homens e 10 mil mulheres Ao final do século XX, o câncer de pulmão se tornou 
uma das principais causas de morte evitável. O consumo de tabaco é o mais importante 
fator de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão. Comparados com os não 
fumantes, os tabagistas têm cerca de 20 a 30 vezes mais risco de desenvolver câncer de 
pulmão (Inca/Ministério da Saúde). 
Outras doenças relacionadas ao tabagismo são: hipertensão arterial, aneurismas 
arteriais, úlcera do aparelho digestivo, infecções respiratórias, trombose vascular, 
osteoporose, catarata, impotência sexual no homem, infertilidade na mulher, menopausa 
precoce, complicações na gravidez. Porém, ao parar de fumar, o risco de ter essas 
doenças vai diminuindo gradativamente e o organismo do ex-fumante vai se 
restabelecendo (Inca/Ministério da Saúde). 
O tabagismo deve ser entendido como uma doença crônica, devido à dependência 
à droga nicotina, e, portanto, todos os fumantes devem ser orientados a deixar de fumar 
por profissionais de saúde. Pesquisas mostram que cerca de 80% dos fumantes desejam 
parar de fumar, porém apenas 3% conseguem a cada ano, sendo que desses, a maior 
parte (95%) consegue sem assistência de profissional de saúde. O restante necessita de 
apoio de um profissional de saúde para obter êxito. 
 
Câncer 
Para controle de câncer a detecção precoce e tratamento acessíveis são 
essenciais. O diagnóstico precoce, estimulado por políticas de alerta para os primeiros 
sinais e sintomas, pode resultar em melhora da sobrevida, para os cânceres de mama, do 
colo do útero, de pele, de cavidade oral, colorretal, entre outros, especialmente em 
regiões onde a detecção do câncer costuma ser tardia. 
34 
 
 
 
Um exemplo de detecção precoce, o rastreamento do câncer de colo do útero com 
base no exame de Papanicolau teve sua oferta ampliada a partir de 1998 na rede de 
serviços do SUS, com aumento da cobertura alcançando 78,4% em 2008 na faixa etária 
preconizada. 
 
Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus 
A Hipertensão Arterial (HA) e o Diabetes Mellitus (DM) são DANT de alta 
prevalência cujos fatores de risco e complicações representam hoje a maior carga de 
doenças em todo o mundo. São responsáveis pelas maiores taxas de morbimortalidade da 
população brasileira e de todo o mundo, gerando sofrimento pessoal e familiar, com alto 
custo financeiro e social. Dentre as doenças cardiovasculares, o Acidente Vascular 
Cerebral (AVC) e a Doença Coronariana Aguda (DCA), são responsáveis 65% dos óbitos 
na população adulta; 40% das aposentadorias precoces segundo o Instituto de 
Seguridade Social e por 14% das internações na faixa etária de 30-69 anos. 
Um importante fator de risco para cardiopatia e diabete é o excesso de peso. 
Considerando que cerca de 40% dos indivíduos adultos do País, em 2010, apresentavam 
excesso de peso e que não havia diferença substancial entre homens e mulheres, 
perspectiva de doenças crônicas, em médio prazo, é assustadora. O excesso de peso é 
observado em todas as regiões do Brasil, as menores prevalências são encontradas na 
região Nordeste e as maiores nas regiões Sul e Sudeste. 
A Hipertensão por sua vez é um fator de risco para doenças do aparelho 
circulatório assim como o excesso de peso e obesidade. Os riscos de doença cardíaca, 
acidente vascular encefálico e diabetes aumentam consistentemente com o aumento de 
peso. O Índice de Massa Corporal (IMC) elevado também aumenta os riscos de certos 
tipos de câncer. O colesterol elevado aumenta o risco de doença cardíaca e acidente 
vascular encefálico. 
O controle da glicemia, da pressão arterial e os cuidados com os pés são 
intervenções plausíveis e custo-efetivas para as pessoas com diabetes. De acordo com a 
OMS, ao menos três intervenções para a prevenção e gestão do diabetes demonstram 
reduzir custos e melhoram a saúde. 
 
 
35 
 
 
 
Controle da Violência 
As lesões decorrentes de acidentes (referentes ao trânsito, a envenenamento, a 
afogamento, a quedas, a queimaduras e outros) e violências (relacionadas a agressões, a 
homicídios, a suicídios ou tentativas, a abusos físicos, sexuais, psicológicos, a negligências 
e outras) são definidas ou classificadas como causas externas de morbidade e 
mortalidade. No Brasil, esses agravos representam a terceira causa de morte entre 
crianças de zero a 9 anos de idade, passando a ocupar a primeira posição na população 
de adultos jovens (10 a 39 anos), decrescendo para a sexta posição entre os idosos (60 
ou mais anosde idade). 
As vítimas comumente são atingidas por sequelas permanentes ou não, podendo 
levar à incapacidade para o trabalho ou outras atividades rotineiras, absenteísmo, custos 
com o pagamento de pensões e de tratamentos de saúde, o que torna esses agravos um 
importante problema de saúde pública. Devido a isso, as causas externas se tornaram 
objeto de vigilância e de prevenção em saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde sob 
a coordenação do Ministério da Saúde. Este monitoramento tem subsidiado a elaboração 
de políticas públicas e de ações de saúde que estão voltadas para o enfrentamento deste 
problema, priorizando-se os grupos em situação de vulnerabilidade. 
O Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva) é constituído por dois 
componentes: 
I – Vigilância das violências sexual, doméstica e/ou outras violências interpessoais; 
II – Vigilância de violências e acidentes em unidades sentinelas de urgência e 
emergência. 
 
Essas duas modalidades de vigilância possuem sistemas de informação próprios, 
que permitem a entrada e a análise dos dados obtidos por meio de duas fichas distintas. 
A notificação no Viva é compulsória para ambos os componentes em situações de 
violências envolvendo crianças, adolescentes, mulheres e idosos conforme determinada 
pelas leis de n º 8.069/1990 (Estatuto da Criança e Adolescente), de nº 10.778/2003 
(Notificação de Violência contra a Mulher) e de n º 10.741/2003 (Estatuto do Idoso). 
Uma análise foi realizada com dados do sistema Viva, referente aos anos de 2009, 
2010 e 2011, registrados em serviços sentinelas de urgência e emergência de 11 
municípios selecionados. Neste período foram registrados 18.959 atendimentos, dos quais 
92,2% foram atribuídos a causas acidentais e 7,8% foram eventos resultantes de 
36 
 
 
 
violência. Os indivíduos do sexo masculino representaram a maior proporção dentre os 
atendimentos, variando de 62,7% para os acidentes a 68,3% para as violências. As 
pessoas de 20 a 39 anos foram as vítimas mais acometidas tanto por acidentes como por 
violências. As com pele parda e preta sofreram mais violências que as de pele branca. 
 
Esta mesma análise apontou que os eventos acidentais apresentam um primeiro 
pico por volta das 10h, no entanto se verifica maior ocorrência de eventos acidentais no 
período da tarde até por volta das 20h, predominando no período diurno. Ao contrário, os 
eventos violentos, apresentaram proporção de ocorrência superior aos acidentes durante 
a noite e a madrugada, com freqüência máxima por volta das 20h. O dia da semana de 
maior frequência de atendimentos foi, principalmente, o sábado e o domingo, quando as 
proporções decorrentes de violências superaram os atendimentos por causas acidentais, 
ocorrendo o inverso no período de segunda-feira a sexta-feira, quando os atendimentos 
por eventos acidentais foi superior ao observado para os atendimentos resultantes de 
violências. 
Outra fonte de dados para análise são os casos notificados SINAN (Sistema 
Nacional de Agravos de Notificação) de violência doméstica, sexual e de outras violências 
(como violência psicológica/moral, financeira/econômica, tortura, tráfico de pessoas, 
trabalho infantil, negligência/abandono e intervenção por agente legal) contra mulheres e 
homens em todas as idades. 
Análise realizada com as notificações, dos anos 2009 e 2010, utilizando dados do 
SINAN, encontrou 113.643 notificações de violência. Dessas, a maioria ocorreu entre 
37 
 
 
 
crianças, adolescentes e idosos, havendo predomínio da violência contra a mulher 
(66,6%). Com relação ao tipo de violência, predominaram os atendimentos decorrentes 
de agressão física (64,5%), violência psicológica/moral (25,2%) e violência sexual 
(18,8%). No sexo masculino, destacaram-se a agressão física (69,9 %) e a 
psicológica/moral (12,6%) como formas de violência com maior proporção. Entre as 
mulheres, além da agressão física (61,7%), foram as violências psicológica/moral (31,6%) 
e sexual (24,2%) que apresentaram maior ocorrência. 
Aproximadamente 29,0% dos pacientes informaram ter sido vítimas de violência 
de repetição, ou seja, o evento violento já havia sido perpetrado anteriormente. A 
ocorrência da violência de repetição variou de 18,9% entre os homens a 34% entre as 
mulheres. Os atos de violência predominaram na residência (51,0%) e na via pública 
(15,5%). No caso das mulheres, a violência foi cometida por um único indivíduo (68%), 
do sexo masculino (59,3%) e que mantinha relação próxima com a vítima, na condição de 
cônjuge (17,5%) ou amigo (11,3%), embora tenham surgido pessoas desconhecidas na 
autoria de 11%. Referência à suspeita de ingestão de bebida alcoólica por parte do 
agressor foi observada em 22,8% dos atendimentos, variando de 20,6% entre os homens 
a 24% entre as mulheres. 
Com relação ao tipo de violência nas crianças, predominaram os atendimentos 
decorrentes de negligência (35,6%), de violência sexual (35,6%) e de violência física 
(32,8%). No sexo masculino, destacaram-se a negligência (42,8 %) e a violência física 
(37,2%) como formas de violência com maior proporção. Entre as meninas, foram a 
violência sexual (45,5%) e a negligência (30,1%) que apresentaram maior ocorrência. 
Aproximadamente 25,6% dos pacientes eram vítimas de violência de repetição, ou seja, o 
evento violento já havia sido perpetrado anteriormente. A ocorrência da violência de 
repetição variou de 22,9% entre os meninos a 27,6% entre as meninas. Quanto aos 
dados do provável autor da agressão, em 62,5% dos atendimentos, tratava-se de apenas 
um agressor; e 18,5%, de dois ou mais, sendo 44,5% do sexo masculino, 23,2% do sexo 
feminino e 10,5% de ambos os sexos. A mãe foi a principal agressora (31,8%), seguida 
pelo pai (20,9%). Referência à suspeita de ingestão de bebida alcoólica por parte do 
agressor foi observada em 11,9% dos atendimentos. 
As agressões no idoso predominaram os atendimentos decorrentes de agressão 
física (60,1%), de negligência/abandono (27,2%) e de violência psicológica/moral 
(25,4%). No sexo masculino, destacaram-se a agressão física (68,3%) e a 
negligência/abandono (23,5%) como formas de violência com maior proporção. Entre as 
38 
 
 
 
mulheres, além da agressão física (52,9%), foram as violências psicológica/moral (34,3%) 
e a negligência/abandono (30,3%) que apresentaram maior ocorrência. 
A partir de 2009, o Viva passou a integrar o Sistema de Informação de Agravos de 
Notificação versão net (SinanNET), disponível para todos os municípios do País e vem 
ampliando progressivamente o número de municípios e unidades notificadoras. 
Neste sistema considera-se violência, sendo este, portanto, objeto de notificação 
no sistema de vigilância, como: 
 
Violência é o uso intencional de força física ou do poder, real ou em 
ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo 
ou uma comunidade que resulte ou venha resultar em lesão, morte, 
dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou de privação. 
 
Todo caso suspeito de violência deve ser notificado para a vigilância municipal que 
daí aciona os conselhos de defesa da criança e do adolescente, da mulher e do idoso, 
vitimas mais freqüentes de violência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNIDADE II - VIGILÂNCIA AMBIENTAL 
Objetivo 
Conceituar e compreender a Vigilância Ambiental em Saúde como componente do SUS, 
destacando as peculiaridades da sua prática diária no âmbito local. 
 
Marco legal/Atribuições do município 
A Lei 8080/1990, em seu artigo 3º coloca que a saúde tem como fatores 
determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento 
básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o 
acesso aos bens e serviços essenciais. 
A política de saúde ambiental, mesmo estando apontada na Lei de criação do SUS, 
demora anos para ser construída e objeto formal de

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